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Unidade 2 Livro Didático Digital Leonardo Teixeira de Freitas Ribeiro Vilhagra Linguística Básica Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autor LEONARDO TEIXEIRA DE FREITAS RIBEIRO VILHAGRA O AUTOR Leonardo Teixeira de Freitas Ribeiro Vilhagra Olá. Meu nome é Leonardo Teixeira de Freitas Ribeiro Vilhagra. Sou formado em Letras Português pela Universidade Federal do Espírito Santo, tenho mestrado em Estudos Linguísticos pelo Programa de Pós- Graduação em Estudos Linguísticos pela mesma instituição e também MBA em Gestão de Projetos e Equipes E-Learning pela UNIFCV (em formação). Possuo experiência técnico-profissional na área de ensino de Língua Portuguesa a mais de dez anos. Passei por escolas de ensino fundamental e médio, como a rede Salesiano, o Centro Missionário Agostiniano, o Centro de Ensino União dos Professores, COC, de pré- vestibular, como o PUPT (Programa Universidade Para Todos), e no ensino superior, como a UFES e, atualmente, na Universidade Vila Velha no Espírito Santo. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Fui convidado, por causa disso, pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo, tá bem? Desde já, eu desejo bons estudos a todos! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO As dicotomias saussureanas .................................................................. 12 Signo linguístico, significante e significado ..................................... 15 Língua e fala .................................................................................................. 25 Diacronia e sincronia ................................................................................32 9 UNIDADE 02 Linguística Básica 10 INTRODUÇÃO Como toda a ciência, sempre houve um início, um marco que não só viria a inaugurá-la, mas também que influenciaria novos estudos futuros. Com a linguística, isso não foi diferente. De acordo com o que estudamos anteriormente, a ciência da linguagem, para se constituir como tal, necessitou de um objeto de estudo e um conjunto teórico-metodológico que permitisse pesquisa-lo. Em relação a isso, Ferdinand de Saussure, em seu Curso de Linguística Geral, cunhou as famosas dicotomias saussurianas, as quais não só deram um direcionamento teórico e que pudesse ser aplicado, como também permitiu que as teorias linguísticas modernas fossem criadas. Desta forma, nesta unidade, você verá três delas, o significante e o significado, a língua e a fala e, por fim, a sincronia e a diacronia. Então, ficou animado com esta unidade? Que bom, pois ela será extremamente importante para compreender ainda mais esse fascinante universo que é a linguística! Linguística Básica 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Apresentar as dicotomias saussureanas; 2. Conceituar o signo linguístico, o significante e o significado; 3. Conceituar a Língua e a Fala; 4. Conceituar a Sincronia e a Diacronia. E aí, ficou curioso com a unidade 2? Então, vamos começar! Bons estudos e bom aproveitamento do conteúdo! Linguística Básica 12 As dicotomias saussureanas OBJETIVO: Neste tópico, vamos esmiuçar sobre as chamadas dicotomias, um dos principais conceitos do Estruturalismo fundado postumamente por Saussure no início do séc. XX. Antes disso, devemos nos recordar o que foi visto na unidade passada sobre a definição e o objeto da linguística. Na visão do mestre genebrino, que ele “[...] separa uma parte do todo linguagem, a língua – um objeto unificado e suscetível de classificação”, elegendo-a como objeto de estudo da linguística. Assim, existem vários tipos de linguagem, a musical, a da pintura etc. Dentre dessas, há a linguagem verbal humana, a qual deve ser estudada pelos linguistas. Para fazer isso, o mestre genebrino estabeleceu “[...] uma nomenclatura que pudesse melhor descrever os fatos da língua. Surgem, então, as dicotomias saussureanas” ( SILVA, 2011, p. 44). Nesse viés, Chama-se dicotomia um par de termos – pertencentes em geral ao nível epistemológico da metalinguagem – que se propõem simultaneamente, insistindo na relação de oposição que permite reuni-los. O exemplo clássico é o das dicotomias saussurianas [...]. Tal procedimento é característico da atitude estrutural que prefere propor as diferenças – consideradas como mais esclarecedoras –, antes de passar ao exame e à definição dos conceitos (GREIMAS; COURTÉS, 2008, p. 139). Linguística Básica 13 EXPLICANDO MELHOR: De uma outra maneira diferente do que Greimas e Courtés (2008), pode-se dizer que as dicotomias [...] são uma espécie de duplicidade semântica que alicerça os estudos do estudioso genebrino. A visão dicotômica sobre a língua oferece ao estruturalismo uma ideia de causa e consequência (PEREIRA, SILVA, 2016, p. 13). Figura - Dicotomias como duas partes diferentes que se complementam Fonte Freepik Linguística Básica 14 IMPORTANTE: É interessante ressaltar que as dicotomias impactaram diretamente os estudos linguísticos posteriores, influenciando “[...] várias vertentes dos estudos contemporâneos da linguagem, que se ramificou em várias correntes de pesquisas no século XX e XXI” (PEREIRA, SILVA, 2016, p. 11). Portanto, sabendo disso, vamos apresentar e nos aprofundar mais em relação às dicotomias a seguir. Linguística Básica 15 Signo linguístico, significante e significado Em primeiro lugar, antes de conceituar a primeira dicotomia, significante e o significado, é fundamental discutirmos sobre o signo linguístico saussureano. Conforme vimos anteriormente, a comunicação humana pode ocorrer a partir de vários tipos de linguagem, ou seja, por meio da pintura, escultura, da música etc. Figura - A música, exemplo de um tipo de linguagem. Fonte: Freepik Apesar de cada uma delas possuírem características próprias, existe um ponto em comum: todas se manifestam por meio de um signo. Se você não entendeu, há um exemplo bem bacana que podemos utilizar, a fim de que você entenda sobre isso. O exemplo em questão é a placa de trânsito. Linguística Básica 16 Figura - Placa de trânsito. Fonte: Freepik Note que apenas um círculo, uma faixa na diagonal vermelha, junto com uma seta apontada para a direita possui o sentido de “proibido virar à direita”. Aliás, isso também se aplica a outros idiomas, como “do not turn right” (inglês), ou “ne tourne pas à droite” (francês).Desta forma, pode-se dizer que essa placa simboliza o sentido de proibido virar à direita, ou seja, é um sinal. Para Bechara (2005, p. 28, grifos do autor), Entende-se por signo ou sinal a unidade, concreta ou abstrata, real ou imaginária, que, uma vez conhecida, leva ao conhecimento de algo diferente dele mesmo: as nuvens negras e densas no céu manifestam ou são o sinal de chuva iminente: o -s final em livros é o signo ou sinal de pluralizador. Essa é a lógica básica do funcionamento de um signo. Linguística Básica 17 IMPORTANTE: Ele leva ao entendimento de outra coisa, se não ele próprio. Contudo, dentre as várias formas de a linguagem se manifestar, existe uma língua natural, como o português, o alemão, o tupi etc. Em relação a isso, Saussure (2012, p. 27) afirma que : [...] a língua existe na coletividade sob a forma duma soma de sinais depositados em cada cérebro, mais ou menos como um dicionário cujos exemplares, todos idênticos, fossem repartidos entre os indivíduos. Trata-se, pois, de algo que está em cada um deles, embora seja comum a todos e independa da vontade dos depositários. Vale destacar que o sinal o qual o mestre genebrino conceitua é o signo linguístico. Em virtude disso, ele chega à seguinte conclusão: “A língua é um sistema de signos que exprimem ideias” (SAUSSURE, 2012, p. 24). Figura - Signo enquanto unidade de um sistema da língua. Fonte: Freepik Linguística Básica 18 Assim, por causa dessa conclusão, cabe aos linguistas (no caso, vinculados à teoria estruturalista) analisarem e descreverem o conjunto de signos que formam o sistema de uma língua. No entanto, para se fazer isso, o pai da linguística moderna desenvolveu a primeira dicotomia que fundamenta a análise: o significante e o significado. Para ele, O signo linguístico une não uma coisa e uma palavra, mas um conceito a uma imagem acústica. Esta não é o som material, coisa puramente física, mas a impressão (empreinte) psíquica desse som, a representação que dele nos dá o testemunho de nossos sentidos; tal imagem é sensorial e, se chegamos a chamá-la material, é somente neste sentido, e por oposição ao outro termo da associação, o conceito, geralmente mais abstrato (SAUSSURE, 2012, p. 80). Inclusive, é relevante citar os comentários que Ferigolo (2009, p. 76) desenvolveu acerca do signo linguístico saussureano. Ele é uma unidade linguística e, por isso, psíquica, que comporta a relação significante/significado e não qualquer ligação com os objetos e coisas do mundo real. Tudo o que compõe a realidade objetiva que nos rodeia é externo ao signo linguístico. Ele “representa” os fatos e as coisas que estão a nossa volta, porém, não pode ser tomado como parte desta realidade. Logo, sabendo disso, vamos aprofundar agora nessa dicotomia. A primeira parte dela é o significante. Conforme foi exposto anteriormente, o significante é uma imagem acústica, ou seja, uma Linguística Básica 19 percepção mental de uma massa fônica e gráfica feita pelos falantes de uma língua. Pode parecer um pouco abstrato agora, mas utilizaremos um exemplo, a fim de ficar mais palpável. Observe o signo linguístico “gato”. Ele pode ser percebido de maneira visual e/ou sonora: Figura - Significante do signo linguístico “gato”. Fonte: do autor. Logo, no momento em que nós entramos em contato com as manifestações visuais e sonoras por meio de nosso sistema auditivo e visual, formamos em nossas mentes o significante desse signo linguístico. Contudo, na visão de Saussure (2012), existe o outro elemento que compõe essa dicotomia: o significado. Para o mestre genebrino, simultaneamente ao ouvirmos/vermos as manifestações sonoras e visuais, é associado a essas manifestações uma representação mental de algo presente na realidade, isto é, um conceito dele. A fim de evidenciar ainda mais isso, empregaremos de novo o signo linguístico “gato”. Quando nos deparamos com esse signo linguístico, vem à nossa mente o seguinte conceito: Linguística Básica 20 Figura - Significado do signo linguístico “gato”. Fonte: Pixabay Nesse viés, o significado gerado em nossa mente se associa a um animal mamífero da família Felidae e do gênero Felis e da espécie Felis catus, e não, por exemplo, a de um peixe-boi. A partir da definição dessa dicotomia, pode-se chegar um quadro com o resumo delas: DICOTOMIA SIGNIFICANTE X SIGNIFICADO SIGNIFICANTE SIGNIFICADO IMAGEM ACÚSTICA IMPRESSÃO MENTAL DE UMA UNIDADE VISUAL/SONORA CONCEITO REPRESENTAÇÃO MENTAL DE ALGO AMBOS FORMAM UM SIGNO LINGUÍSTICO Linguística Básica 21 Assim, a dicotomia “significante/significado geram uma unidade, o signo linguístico. Figura - Signo linguístico “Gato” ASPECTO VISUAL Letras escritas: G, A, T, O Sílabas escritas: GA - TO Palavra escrita: GATO ASPECTO SONORO Fonemas emitidos: [ ga.to ] Significante (imagem acústica) Significado (conceito) Fonte: do autor. | Freepik (gato) IMPORTANTE: Como uma língua é o conjunto definido de vários signos linguístico, esse último é a unidade que compõe o sistema da língua. E, conforme abordamos anteriormente, o linguista (da teoria estruturalista) tem o dever de analisar e descrevê-los. Inclusive, no esteio dessa discussão, é importante ressaltar a questão do conceito de valor do signo linguístico, o qual é fruto dessa dicotomia. De acordo com a perspectiva teórica de saussure, o signo linguístico (união do significante e do significado) é uma unidade a qual forma o sistema como um todo. Tal sistema não é um conjunto aleatório de signos, mas sim possui uma organização própria que é fundamentada pela oposição deles. Linguística Básica 22 EXPLICANDO MELHOR: Ficou um pouco confuso? Então observe quando dois signos linguísticos interagem em um enunciado: “um gato”. O signo linguístico “um” possui um significante e um significado próprio distinto de “gato”. Desta forma, esse último [...] “tem valor porque é o que o outro signo não é” (FERIGOLO, 2009, p. 77), daí a ideia de valor por oposição. Tal fato é tão evidente, que, ao trocarmos o signo “um” por “dois”, teremos aí um outro valor, pois ambos não podem ter a mesma aplicação no mesmo enunciado. Por conseguinte, o valor do signo linguístico, o qual é constituído pelo significante e pelo significado, auxilia na compreensão e na descrição do sistema linguístico de uma língua. Outro aspecto que é suscitado nessa dicotomia é o conceito de arbitrariedade do signo. Para o mestre genebrino, a união entre o significante e o significado não é uma ocorrência natural, mas sim convencionada. No que tange a isso, ele afirma que A palavra arbitrário requer também uma observação. Não deve dar a ideia de que o significado dependa da livre escolha do que fala [...]; queremos dizer que o significante é imotivado, isto é, arbitrário em relação ao significado, com o qual não tem nenhum laço natural na realidade. Um exemplo simples que podemos evocar é aquilo que a vaca produz após parir os bezerros: Linguística Básica 23 Figura - Exemplo de arbitrariedade do signo Fonte: Freepik Na língua portuguesa, isso é chamado de “leite”. Mas, se considerarmos a língua sueca, isso é denominado de “mjölk”. Logo, observamos que o mesmo objeto representado mentalmente está associado à signos linguísticos distintos. Inclusive, caso a relação entre significado e significante fosse natural, possivelmente, não existiriam inúmeras línguas, como ocorre atualmente. Mesmo que Saussure (2012) tenha desenvolvido tal conceito, ainda existem pessoas que o questionam. Para tal, evocam o caso das onomatopeias. No que diz respeito a elas, por mais que possa parecer que sejam consideradas a representação fidedigna da realidade, logo, supostamente “natural”, isso não procede, uma vez que cada língua tem uma representação específica disso. No caso da língua portuguesa, existe a onomatopeia “ai!” que está ligadaa representação de um grito de dor. Porém, na língua inglesa, tal fato é representado pela onomatopeia “ouch”. Linguística Básica 24 Figura - Onomatopeias Fonte: Freepik Outro questionamento levantado diz respeito à postura do indivíduo frente ao signo linguístico. Como esse é arbitrário, logo, um falante de uma língua pode simplesmente inventar discriminadamente novas convenções. Todavia, é importante destacar que a arbitrariedade do signo não está diretamente ligada aos caprichos individuais do falante. Na visão de Agustini e Leite (2012, p. 118), pensar assim é errôneo. Para isso, eles nos explica: Ao contrário, a delimitação e estabilização de um signo linguístico sofre fortemente a pressão de uso por determinado grupo linguístico. Por um lado, o princípio de ordenação do sistema seria imutável, implicando uma impossibilidade estrutural de se fazer qualquer operação com a língua. Por outro, no curso do tempo, os signos linguísticos podem sofrer alteração em termos da relação entre conceito e imagem acústica, sem necessariamente pôr em xeque o alcance e a eficácia do princípio de ordenação. Linguística Básica 25 Língua e fala A segunda dicotomia que estudaremos é a Fala e a Língua, ou também como são conhecidas, respectivamente, Langue e Parole. Conforme vimos anteriormente, o objeto de estudo da linguística (no caso, de viés estruturalista), é a língua, a qual é uma parte da linguagem humana. Desta forma, ela: [...] existe na coletividade sob a forma duma soma de sinais depositados em cada cérebro, mais ou menos como um dicionário cujos exemplares, todos idênticos, fossem repartidos entre os indivíduos. Trata-se, pois, de algo que está em cada um deles embora seja comum a todos e independente da vontade dos depositários (SAUSSURE, 2012, p. 27). Um exemplo disso são as diversas línguas naturais que existem no mundo, como o português, o italiano, o tupi, o krenak etc. Figura – A dicotomia Língua Fonte: Freepik Linguística Básica 26 Nesse viés, a Língua (Langue) é coletiva, sendo um tesouro depositado em cada mente humana. Devido ao ser caráter coletivo, ela é um fenômeno compartilhado por todos os usuários do idioma. Portanto, se ela tem essa singularidade, os elementos que a compõe se comportam de maneira sistemática e homogênea. Dialogando com Saussure (2012), Silva (2011, p. 39) afirma que [...] a língua faz a unidade da linguagem, ficando no âmbito da homogeneidade e do abstrato, sem considerar a exterioridade. O objeto da linguística é uma língua na qual se possam examinar as relações sistêmicas, abstraindo-se totalmente o uso. É interessante também pontuar as características de sistematicidade, homogeneidade e coletividade que a língua tem em sobreposição ao falante que a usa. Para Costa (2012, p. 116), a existência da língua [...] decorre de uma espécie de contrato implícito que é estabelecido entre os membros dessa comunidade. Daí seu caráter social. Para Saussure, o indivíduo, sozinho, não pode criar nem modificar a língua. Desta forma, um falante apenas não consegue alterar o sistema de uma língua, fato muito similar a questão da arbitrariedade do signo, conforme foi estudado no tópico passado. Esse fato, inclusive, é muito recorrente com algumas crianças, quando estão aprendendo a desenvolver uma língua. Em alguns momentos, elas inventam palavras próprias, contudo, isso não se sustenta frente à unidade do idioma o qual elas estão aprendendo. Linguística Básica 27 REFLITA: Sobre isso, você já se deparou, ou conhece alguém que teve essa experiência? Agora, veremos o outro lado da Língua, que é a Fala (parole). Essa nada mais é do que a realização individual da sua outra metade, ou seja, a execução da língua “[...] jamais é feita pela massa; é sempre individual e dela o indivíduo é sempre senhor, nós a chamaremos fala (parole)” (SAUSSURE, 2012, p. 21). Figura – A dicotomia Fala. Fonte: Freepik Indo ao encontro do mestre genebrino, Costa (2012, p. 116) nos diz que a Fala Linguística Básica 28 Trata-se, portanto, da utilização prática e concreta de um código de língua por um determinado falante num momento preciso de comunicação. Em outras palavras, é a maneira pessoal de utilizar esse código. Daí o seu caráter individual. De acordo com Saussure, a língua é a condição da fala, uma vez que, quando falamos, estamos submetidos ao sistema estabelecido de regras que corresponde à língua. Um caso que pode ilustra isso é a palavra “você” na Língua Portuguesa. No Português, para se referir a outra pessoa com quem se fala, utilizamos “você”. Em qualquer situação na qual essa unidade linguística se manifesta junto, por exemplo, a um verbo, isso representa que alguém que não é quem está falando está praticando uma ação, conforme você pode observar a seguir: (1) “Você saiu” = alguém que não está falando fez a ação de sair. Agora, imagine que a palavra “você” pode ser dita de várias na língua portuguesa, como se vê abaixo: (2) “Você” / “ocê” / “cê” Então, (1) é representa a língua (langue), ao passo que (2) é a fala (parole). No primeiro caso, essa palavra é um exemplo de unidade que compõe a estrutura da Língua Portuguesa, logo, é uma característica homogênea. Já o segundo caso contém manifestações individuais da unidade anterior, por sua vez, é uma característica heterogênea. A partir desse exemplo, somos levamos a uma consequência teórica que muito marcou o estruturalismo saussureano. Como a fala é Linguística Básica 29 aplicada individualmente e de modo heterogêneo, é inviável estabelecer uma unidade, muito menos sistematizá-la, diferentemente, da língua, a qual é possível formar uma estrutura. IMPORTANTE: Por isso que o mestre genebrino elegeu a língua enquanto objeto de estudo da linguística, porque: Em sua concepção, a língua faz a unidade da linguagem, ficando no âmbito da homogeneidade e do abstrato, sem considerar a exterioridade. O objeto da linguística é uma língua na qual se possam examinar as relações sistêmicas, abstraindo-se totalmente o uso (SILVA, 2011, p. 39). A língua e a fala coexistem no dia a dia comunicativo dos falantes, todavia, para Saussure (2012) o estudo da linguística deve privilegiar a primeira em detrimento da segunda. Aliás, por essa opção teórico-metodológica, “[...] excluía[-se] a subjetividade na linguagem, as unidades transfrásticas, as variedades linguísticas, o texto, as condições de produção, a história” (SILVA, 2011, p. 39). De igual maneira, segundo Ferigolo (2009, p. 74), também foi desconsiderado o sujeito enquanto falante, pois, Nesse sistema, não há lugar para o estudo do sujeito, já que ele é apenas o usuário da língua, cujo funcionamento não depende dele – a língua já está dada e não cabe a ele alterá- la ou criticá-la, mas das relações criadas e mantidas entre os signos linguísticos que a constituem. Linguística Básica 30 Essa postura teórica gerou, futuramente, questionamentos e contestações de outras vertentes da ciência da linguagem, a exemplo da Pragmática. Na visão de Halliday (1978 apud SILVA, 2011, p. 45-56), o elemento “sujeito” cumpre um papel fundamental na comunicação, pois [...] os interlocutores desempenham funções nas diversas situações comunicativas em que estão envolvidos. Essas funções acabam influenciando o próprio sistema da língua, pois a comunicação, inserida em contextos diversos, requer do falante a utilização de expressões que sejam adequadas a cada situação Assim, a partir do que foi exposto, podemos fazer um quadro que resume essa dicotomia saussuriana: DICOTOMIA LÍNGUA X FALA FALA (LANGUE) FALA (PAROLE) SISTEMÁTICA ABSTRATA HOMOGÊNEA PASSÍVEL DE OBSERVAÇÃO COLETIVA OBJETO DE ESTUDO DA LINGUÍSTICA (ESTRUTURALISTA) ASSISTEMÁTICA CONCRETA HETEROGÊNEA INVIÁVEL DE OBSERVAÇÃO INDIVIDUAL DESCONSIDERADA COMO OBJETO DE ESTUDO DA LINGUÍSTICA (ESTRUTURALISTA)Todavia, um fato precisa ser frisado, uma vez que muitas pessoas acabam fazendo uma pequena confusão no que tange à concepção de Saussure da sobreposição da língua em detrimento da fala. A fim de solucionar isso, Costa (2012, p. 116) afirma que Linguística Básica 31 Isso não significa que se possa estudar a língua independentemente da fala, uma vez que, entre os dois objetos, existe uma estreita ligação: a língua é necessária para que a fala seja compreensível e para que o falante, consequentemente, possa vir a atingir os seus propósitos comunicativos: por outro lado, a língua só se estabelece a partir das manifestações concretas de cada ato linguístico efetivo. Assim, a língua é, ao mesmo tempo, o instrumento e o produto da fala. Linguística Básica 32 Diacronia e sincronia A terceira dicotomia que estudaremos diz respeito à diacronia e à sincronia. Porém, antes de as conceituarmos, é interessante relembrarmos uma parte da na unidade anterior, a qual focou na trajetória linguística. Na época em que Ferdinand de Saussure iniciava suas pesquisas em meados do séc. XIX, dois ramos de estudos sobre a linguagem imperavam no continente europeu: os comparativistas-históricos e os neogramáticos. Na perspectiva dos comparativistas-históricos, As investigações passaram a ter como um de seus principais objetivos o agrupamento dessas línguas em famílias [...]. Entre essas famílias, temos a indo-europeia, que reúne, entre outras, a maior parte das línguas europeias, assim como as línguas do chamado grupo indo-irânico, como o persa e o sânscrito, língua sagrada utilizada pelos hindus nos cerimoniais religiosas há cerca de 1.220/800 a.C. (COSTA, 2012, p. 117). Ou seja, esse tipo de estudo da linguagem pré-saussuriano objetivava identificar semelhanças entre línguas, a fim de estipular o grau de parentesco ao longo do tempo sob uma ótica histórica, além de buscar a “língua mãe” denominada indo-europeu. Ademais, é nesse período que surge a ideia de tronco linguístico, ou seja, existe uma língua base, tronco, a partir da qual partem as ramificações, as diversas línguas derivadas. Linguística Básica 33 Figura – O tronco linguístico do Comparativismo-histórico. Fonte: Freepik Todavia, no final da déc. de 90 do século XIX, surgiu outra vertente de estudos da linguagem, os neogramáticos. Diferentemente dos comparativistas-históricos, os neogramáticos possuíam uma perspectiva mais estática de se olhar as línguas, principalmente, na medida em que almejavam [...] mostrar que a mudança das línguas possui uma regularidade, segue uma necessidade própria, não dependendo da vontade dos homens (COSTA, 2012, p. 117), assim, privilegiava-se um período específico da língua, e não a evolução dela no decorrer do tempo. EXPLICANDO MELHOR: Caso não tenha entendido a explicação anterior, imagine um calendário. Linguística Básica 34 Figura – Metáfora do calendário Fonte: Freepik Estudar uma língua desde o início do mês até o final desse era uma prática dos comparativistas-históricos. Agora, estudar uma língua em apenas um dia era uma prática dos neogramáticos. Compreender esta metáfora é muito importante, uma vez que essa lógica será a base da dicotomia sincronia e diacronia. Pois bem. No começo da carreira acadêmica de Saussure, ele teve contato com os comparativistas-históricos e com os neogramáticos, os quais acabaram influenciando as pesquisas iniciais do mestre genebrino. Depois de se aprofundar em seus estudos, o pesquisador desenvolveu as premissas básicas do estruturalismo, dentre eles, a de que a linguística objetiva descrever a língua enquanto sistema. A fim de compreender a sua organização interna, Saussure (2012) percebeu que um elemento deveria ser considerado: o tempo. Consoante a isso, Silva (2013, p. 6) atesta que: Linguística Básica 35 [...] na relação com o tempo, as ciências não devem ser igualmente tratadas. O tempo provoca diferentes efeitos sobre elas. Tudo depende da natureza do objeto de estudo de cada campo do conhecimento, posto que a condição de existência das coisas define-se sobre dois eixos de tempo: o da simultaneidade e o da sucessão. Diferentemente das ciências que não operam com valores, as que operam precisam percorrer dois caminhos. A Linguística se insere nesse segundo caso. Esses dois caminhos, o da simultaneidade e o da sucessão, nada mais são do que analisar a língua em um estado específico (simultaneidade), ou na linha evolutiva (sucessão). Em função disso, Saussure (2012, p. 96) estabelece duas linhas de investigação da língua: É sincrônico tudo quanto se relacione com o aspecto estático da nossa ciência, diacrônico tudo que diz respeito às evoluções. Do mesmo modo, sincronia e diacronia designarão respectivamente um estado de língua e uma fase de evolução. Assim, a diacronia e a sincronia formam a terceira dicotomia saussuriana. De posse disso, vamos esmiuçá-las agora. A diacronia é oriunda de duas palavras gregas: dia (“δδδ” , através), mais chrónia (“δδδ δ δ δ”, tempo), ou seja, através do tempo. Por causa disso, analisar a língua diacronicamente diz respeito a examiná-la a partir do tempo. Linguística Básica 36 Figura – Driacronia, evolução através do tempo. Fonte: Freepik Um caso que ilustra uma análise diacrônica da língua é a palavra “coisa”. Na língua portuguesa, durante o século XIX, essa palavra era tanto falada, quanto grafada como “cousa”. Isso pode ser provado no conto “A causa secreta” de Machado de Assis. No início da história, há o seguinte trecho: Tinham falado também de outra cousa, além daquelas três, cousa tão feia e grave, que não lhes deixou muito gosto para tratar do dia, do bairro e da casa de saúde (ASSIS, 1994, p. 2). Logo, esse exemplo pode ser esquematizado da seguinte maneira: Linguística Básica 37 Figura: Análise sincrônica da língua Fonte: Do autor. Já o contraponto da diacronia é a sincronia. Essa é fruto de outras duas palavras gregas: sin (“δδδ”, junto) e chrónia (“δδδ δ δ δ”, tempo), isto é, junto com o tempo. Em virtude disso, analisar a língua sincronicamente é examiná-la a partir de um recorte temporal. NOTA: Lembra-se daquela metáfora do calendário? Então, ela pode ser reaplicada aqui. Analisar a língua no início até o final do mês faz parte da diacronia, ao passo que analisar um dia específico (recorte temporal), faz parte da sincronia. Figura – Sincronia, um período específico do tempo. Fonte: Freepik Linguística Básica 38 Um caso que pode ilustrar a sincronia é o uso dos verbos “ter” e “haver” no português contemporâneo, como nos lembra Costa (2012). Antigamente, ambos os verbos tinham aplicações distintas, o verbo “ter” se limitava ao sentido de possuir. Já o verbo “haver” estava ligado ao de existência. Todavia, ao considerar o português atual falado no Brasil, é possível encontrar as duas ocorrências abaixo na mesma situação: (1) Tem muita gente lá. (2) Há muita gente lá. Hoje, a sentença (1) pode ser utilizada em situações que solicitam o sentido de existir, como ocorre na sentença (2). Em relação ao que foi exposto, podemos elaborar um quadro resumitivo dessa dicotomia: DICOTOMIA SINCRONIA X DIACRONIA DIACRONIA SINCRONIA ATRAVÉS DO TEMPO EVOLUÇÃO TEMPORAL DA LÍNGUA SUCESSÃO DE FATOS LINGUÍSTICOS “COMO A LÍNGUA CHEGOU ATÉ DETERMINADO PERÍODO” JUNTO DO TEMPO ESTADO TEMPORAL DA LÍNGUA SIMULTANEIDADE DE FATOS LINGUÍSTICOS “COMO A LÍNGUA ESTÁ EM UM PERÍODO” Após descrever essa dicotomia, é importante frisar a maneira pela qual Saussure a aplicava no Estruturalismo. Para ele, o estudo da língua deve ser feito sincronicamente e não diacronicamente, porque é na sincronia em que o caráter sistêmico e homogêneo da língua é perceptível (SAUSSURE, 2012). Linguística Básica 39 Para detalhar mais esse posicionamento, Costa (2012, p. 118) fala que [...] o linguista deve estudar principalmenteo sistema da língua, observando como se configuram as relações internas entre seus elementos em um determinado momento do tempo. Esse tipo de estudo é possível porque os falantes não têm informações acerca da história de sua língua e não precisam ter informações etimológicas a respeito dos termos que utilizam no dia a dia: para os falantes, a realidade da língua é o seu estado sincrônico. Ademais, é importante esmiuçar a famosa metáfora do xadrez, a qual Saussure desenvolveu, para justificar a sua escolha teórica-metodológica em relação à língua e não à fala. EXPLICANDO MELHOR: Imagine um tabuleiro de xadrez: Figura - Jogo de xadrez Fonte: Freepik Linguística Básica 40 Suponha que o xadrez como um todo é uma língua natural. Já cada peça é um signo linguístico diferente. Logo, a união desses forma um sistema ordenado, uma estrutura. Nesse contexto, o valor das peças está influenciado pela posição delas em um dado momento do jogo. Por exemplo, o peão no início do jogo é o menos importante. Mas, ao decorrer da partida, se ele ficar em uma casa ao lado do rei, isto é, uma situação de xeque, o peão ganha uma importância diferenciada em relação ao começo. Figura - Jogo de xadrez Fonte: Freepik Essa mesma analogia pode ser vista na língua. No português do início do século XIX, era muito comum os verbos no futuro do presente serem conjugados de maneira composta, conforme você pode ver a seguir: Linguística Básica 41 (3) Eu hei de fazer a carta / Início do séc. XIX Em (3), o futuro do presente era estruturado com o verbo “haver” flexionado de acordo com o sujeito (no caso anterior, na primeira pessoa do presente do indicativo “hei”), mais a preposição “de” e, por fim, o verbo principal ( no caso, o “fazer”). Porém, atualmente, esse tempo verbal é feito de outra forma: (4) Eu vou fazer o e-mail / Atualmente Em (4), o futuro do presente é expresso, na maioria das vezes, com o verbo “ir” flexionado de acordo com o sujeito (no caso anterior, na primeira pessoa do presente do indicativo “vou”), mais o verbo principal (no caso, o “fazer”). No início do século XIX, o “haver” na situação de conjugação com outros verbos no futuro do presente tinha um valor específico. Todavia, hoje, ele na mesma situação teve um valor alterado, diferente do que era no passado. Portanto, é por isso que o mestre genebrino privilegiou a sincronia frente à diacronia. Para se descrever o sistema de uma língua de uma maneira mais homogênea e estrutural, deve-se estipular um recorte de tempo específico, ou seja, uma análise sincrônica. Inclusive, conforme Saussure (2012), é muito difícil saber com exatidão qual peça será mexida no jogo, mas, ao fazer isso, essa alteração influencia a partida no geral. De igual forma, é complicado estabelecer quais serão as mudanças que uma língua sofrerá, no entanto, quando isso ocorre, o sistema linguístico inteiro é afetado. Ainda no contexto da metáfora do xadrez, outro detalhe relevante que podemos te mostrar, relacionando isso com a dicotomia da Fala e da Língua, é a questão da heterogeneidade. Linguística Básica 42 Dentro do xadrez, existem várias peças. Vamos selecionar a do cavalo. Ela pode ser feita de vários materiais. Ou seja, ela pode ser de acrílico: Figura - Peça do xadrez “cavalo” feita de acrílico. Fonte: Freepik Mas também ela pode ser feito de marfim: Figura - Peça do xadrez “cavalo” feita de marfim. Fonte: Freepik Linguística Básica 43 Todavia, não importa como é a forma da peça, mas sim a função que ela desempenha no jogo. Outra vez podemos utilizar essa metáfora, com o intuito de conceituar a heterogeneidade. Na visão de Saussure (2012), prevalece o estudo da Língua em detrimento da Fala, uma vez que a língua que contém a unidade, a homogeneidade do sistema, e não fala. Não tem importância se o signo linguístico “portão” é pronunciado com o fonema [δ], o fricativo glotal (o “errê” vibrado na glote), ou se ele é feito com o fonema [δ], o retroflexo (o “errê” do interior de São Paulo). O fundamental é que esse signo representa uma porta grande, sendo utilizado como um substantivo nos enunciados do português brasileiro. Por conseguinte, fica evidente que essa a postura teórico- metodológica privilegiou a homogeneidade, o caráter sistêmico das línguas, enquanto que a heterogeneidade foi deixada de lado. Figura - Homogeneidade da língua, em vez da heterogeneidade da fala. Fonte: Freepik Linguística Básica 44 Essa postura teórica gerou, futuramente, questionamentos e contestações de outras vertentes da ciência da linguagem, a exemplo da Sociolinguística. Em sua gênese, uma das grandes objeções feitas por Labov era justamente a não inclusão das diferentes ocorrências de uma mesma unidade linguística, ou seja, as variações, nas análises linguísticas. SAIBA MAIS: Caso queira se aprofundar mais nesse assunto, nós te sugerimos a leitura do artigo “Uma reflexão crítica sobre a teoria sociolinguística, de Roberto Camacho, cujo link é: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0102-44502010000100006. Todavia, devemos ressaltar que Saussure (2012) não simplesmente ignorou o conhecimento histórico das línguas. Na verdade, consoante à Silva (2013, p. 7) Seu anti-historicismo dirige-se ao predomínio de uma perspectiva epistemológica, e não à relevância da investigação da história das línguas. Para ele, a visão puramente diacrônica é limitadora, pois não é capaz de dar conta da língua em sua totalidade. Uma vez que as relações de valor do sistema linguístico só são possíveis pela coexistência dos elementos, o confronto de diferentes estados da língua permite apenas que se diga o que aconteceu com uma porção dela, mas nunca que se diga como ela é. Portanto, nesta unidade, estudamos três dicotomias saussureanas, significante x significado, língua x fala e sincronia e diacronia, bem como outros conceitos correlatos. Linguística Básica http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-44502010000100006 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-44502010000100006 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-44502010000100006 45 A partir delas, surgiu um conjunto de elementos teórico- metodológicos os quais orientaram o Estruturalismo do mestre genebrino no início do século XX. Somado a isso, é importante frisar que tais dicotomias também impactaram as teorias linguísticas futuras. Conforme aponta Silva (2011, p. 52-53), Os estudos linguísticos no século XX tomaram vários caminhos, definindo diversas correntes e tendências teóricas. Não há dúvidas de que, direta ou indiretamente, todas nascem a partir dos ensinamentos de Saussure, criador e precursor da linguística estrutural. Logo, a alcunha de “pai da linguística” direcionada a Ferdinand de Saussure não só é justa, mas também é uma forma de homenageá-lo. Figura - Saussure, o “pai da linguística”. Fonte: Wikimedia Commons | Opencooper | Public Domain Linguística Básica 46 REFERÊNCIAS AGUSTINI, C.; LEITE, João de Deus. Benveniste e a teoria saussuriana do signo linguístico: o binômio contingência-necessidade. Língua e Instrumentos Linguísticos, v. 1, p. 113-129, 2012. ASSIS, Machado de. Obra Completa. Rio de Janeiro : Nova Aguilar 1994. v. II. BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009. COSTA, Marcos Antonio. Estruturalismo. In: MARTELOTTA, Mário Eduardo (Org.). Manual de Linguística. 1ª.ed., São Paulo: Contexto, 2009, p.113-126. FERIGOLO, Juciane. A língua enquanto sistema e a língua enquanto produção de sentidos para o sujeito. Raído, Dourados, MS, v. 3, n. 6, p. 73- 84 , jul./dez. 2009. GREIMAS, Algirdas Julien; COURTÉS, Joseph. Dicionário de Semiótica. 9. ed. São Paulo: Cultrix, 2008. PEREIRA, Bruno Gomes; SILVA, Jennifer Silva e. Saussure e suas dicotomias: da concepção de língua à abertura para novasperspectivas de análise contemporânes. In: Cadernos do CNLF, vol. XX, nº 13 – A Herança de Ferdinand de Saussure. SAUSSURE, Ferdinand. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 2012. SILVA, Fernando Moreno da. As dicotomias saussureanas e suas implicações sobre os estudos linguísticos. REVELLI – Revista de Educação, Linguagem e Literatura da UEG-Inhumas ISSN 1984-6576–v. 3,n.2–outubro de 2011 – p. 38-55. Linguística Básica Leonardo Teixeira de Freitas Ribeiro Vilhagra Linguística Básica As dicotomias saussureanas Signo linguístico, significante e significado Língua e fala Diacronia e sincronia
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