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Gustavo Moreno 19 Aula 13: Asfixia: Segundo o dicionário Houaiss 1789 (grego) significa “ausência de pulso” Asphýksia – a (privação, ausência) + sphýksis (batimento do pulso) É o impedimento mecânico da penetração do ar nas vias respiratórias de forma violenta e de origem externa. Como ocorre? (tipos) -Enforcamento; -Aspiração – de partícula sólida ou conteúdo gástrico (vômito); -Afogamento – aspiração de conteúdo líquido; -Sufocação – por matéria gasosa, fumaça, gás – ocupa o lugar do O2. -Confinamento – espaço restrito, sem ocupação do espaço do O2; -Esganadura; -Estrangulamento; -Soterramento. Classificação (Peixoto): -Constrição do pescoço: *Enforcamento; *Estrangulamento; *Esganadura. -Sufocação: *Direta – obstrução direta da via aérea superior. *Indireta – contenção da expansão torácica, constrição da caixa torácica – impede a mobilização da mesma. Crucificação (Jesus) – impede o movimento de inspiração. -Afogamento; -Soterramento; -Confinamento. Sinais externos de asfixia: Cianose: -Decorrente do sangue escurecido, azulado, pouco oxigenado → hipóxia por hipercapnia (excesso de CO2). -↑CO2 ↓O2 ⇒ cianose azulada ⇒ parada da hematose -Periférica e em polpas digitais – arroxeadas. Cogumelo de espuma: -No nariz, boca, hemático -Formação no pulmão -Pode ter sangue -Pode não estar presente; -Mais comum em afogamentos, mas pode ser em qualquer tipo de asfixia Hipóstases escuras: -Livor de hipóstase escurecida por decorrência da cianose. Sinais internos de asfixia: Manchas de Paltauf: -Equimoses subpleurais -Sinal de asfixia Manchas de Tardieu: -Equimoses subepicárdicas -Sinal de asfixia Asfixia por constrição do pescoço: 3 mecanismo → A morte ocorre por: Asfixia mecânica: -Obstrução da passagem do ae -Exp: compressão da traqueia Obstrução circulatória: -Compressão das carótidas (hipofluxo cerebral – anoxia – perturbações cerebrais) -Enforcamentos azuis ou verdadeiro *Face com cianose -Enforcamentos brancos *Face fica branco e o livida forte compressão do laço que obstrui totalmente as artérias (sangue não sai e nem chega na cabeça) *Afogamentos *N. vago Inibição nervosa (efeito vasovagal): -Glomus → reflexo vagal (bradicardia) -Nervo vago → bradicardia → parada cardíaca (por inibição vagal) -Morte devido a compressão dos elementos nervosos do pescoço Energia físico-químico: -Impedem a passagem do ar pelas vias respiratórias. -Alteram a bioquímica do sangue e bloqueiam a hematose: Morte por acidose respiratória → alcalose metabólica compensatória → hipóxia + hipercapnia -Estruturas nobres do pescoço: Estruturas acometidas na asfixia mecânica: Traqueia; Laringe; Carótidas; Veias jugulares; Osso hióide Obs: Osso hióide → estrangulamento / enforcamento → fratura Fratura → Sinal de lesão de pescoço / asfixia (ação sobre o pescoço) Enforcamento: -Conceito: *Modalidade de asfixia mecânica determinada pela constrição do pescoço por um laço fixo, agindo o próprio peso da vítima como força ativa constritiva -Causa jurídica da morte: *Suicida (grande maioria / principal) *Homicida (difícil ocorrer) *Acidental *Suplício (não Br / não se aplica) -Enforcamento típico: *O nó está localizado na parte posterior do pescoço *Mais em casos de suicídios *Sulco equimótico oblíquo ascendente, de baixo para cima e de frente para trás, com formato do instrumento causador (corda, fio paralelo, etc.); *Sulco geralmente é único, oblíquo, sendo que a parte mais alta corresponde à localização do nó – local onde há uma interrupção do sulco. *Sulco com bordas desiguais *O leito é pálido e apegaminhado. Retrata, pelas suas características, o instrumento empregado. -Enforcamento Atípico: *O nó não está na parte posterior do pescoço (anterior ou lateral) -Obs: o indivíduo não precisa estar pendurado para entrar em óbito apenas desajeitado -A cabeça inclina-se para o lado contrário ao nó. -O livor detém-se na cabeça, acima do nó, e nos MMII. -Pode ter projeção da língua (com cianose) e cogumelo de espuma. -Nó das profissões: *Antigamente cada profissão tinha seu próprio nó *Ajudava na suspeita de suicidio -Enforcamento completo: *Corpo suspenso pelo nó, completamente sem apoio. -Enforcamento incompleto: *Tem ponto de apoio – pé, joelho, sentado, deitado. *Também pode culminar na morte -Outras lesões anatomopatológicas: Aspecto do cadáver: *cabeça inclinada para o lado contrário do nó. *A face branca ou arroxeada. *Boca e narina com espuma *Os olhos protusos. *Congestão vascular cerebral: petéquias no encéfalo e cérebro edemaciado, congesto. *Língua cianótica; *Fratura de osso hióide -Lesões externas: Sulco Cervical: Principal Oblíquo ascendente (de baixo para cima e de diante para trás), interrompido ao nível do nó, com bordos desiguais (superior é saliente). Sinais: *Sinal De Ponsold → oblíquo ascendente (de baixo para cima e de diante para trás), interrompido ao nível do nó, com bordos desiguais (superior é saliente). *Sinal De Thoinot → zona violácea ao nível das bordas do sulco *Sinal De Azevedo-Neves → livores puntiformes por cima e por baixo das bordas do sulco *Sinal De Neyding → infiltrações hemorrágicas puntiformes no fundo do sulco *Sinal De Bonnet → marcas da trama do laço *Sinal De Ambroise Paré → pele enrugada e escoriada no fundo do sulco *Sinal De Lesser → vesículas sanguinolentas no fundo do sulco *Sinal De Schulz → borda superior do sulco saliente e violácea Livores hipostáticos → situam-se nos MMII, abaixo do umbigo -Lesões internas: *Sinais loccus / locais – sulco equimótico interno. *Sinais à distância. -Mecanismo de morte – Hoffmann *3 princípios: 1. Asfixia 2. Obstrução circulatória (carótidas) 3. Inibição / compressão dos elementos nervosos (nervo vago) Estrangulamento: -Conceito: *É a asfixia mecânica por constrição do pescoço, utilizando-se um laço tracionado por qualquer força, que não seja o peso da vítima -Sinais externos *Sulco equimótico-escoriativo horizontal, contínuo, abaixo da tireoide *Sulco secundário: pode haver múltiplos sulcos *Hiperemia e tumefação da face *Sufusões conjuntivais (aumento da pressão da cabeça) *Sinais de luta (escoriações, observar a unha da vítima se tem DNA do agressor) -Sinais internos: *Infiltrações hemorrágicas das partes moles *Lesões do plexo vásculo-nervoso cervical: ⇒Sinal de Amussat – separação da carótida entre a camada média e adventícia ⇒Sinal de Friedberg – separação da carótida entre a camada íntima com a média *Fraturas e luxações da laringe -Causa jurídica da morte: Sulco equimótico Enforcamento Estrangulamento Continuidade Descontínuo Contínuo Sentido Oblíquo ascendente Horizontal Profundidade Irregular Regular Relação a tireoide Acima da tireoide Abaixo da tireoide Numero de sulcos Único Múltiplos Afogamento: -Comum -Normalmente ocorre de forma acidental -Concito: *Tipo de asfixia mecânica produzida por penetração de meio líquido ou semilíquido nas vias respiratórias, impedindo passagem de ar até os pulmões. -Etiologia: I. Acidental: *Mais comum de ocorrer *Água de grande profundidade *Convulsão *Luxação *Mal estar *TCE II.Homicida: *Raro/difícil *Ocorre quando a vítima é menor que o agressor ou inferior às forças do agressor III. Suicida: *Quase impossível porque o indivíduo vai tentar se defender ou tem medo da água. *Comumente o que se verifica é o suicídio-acidente -Morte por afogamento ⇒ 3 fases: 1. Fase de Defesa: * Período de inspiração (voluntária), surpresa e de dispneia 2. Fase de Resistência: *Parada dos movimentos respiratórios como mecanismo de defesa *Apneia voluntária 3. Fase de Exaustão: *Inspiração involuntária *Começa com respiração profunda *Processo de asfixia com perda de consciência *Insensibilidade *Convulsões *Morte Luta → Apneia voluntária → inspiração involuntária → convulsões e coma asfixia → morte Obs: produz muita acidose I. Inspiração voluntária II. Apneia voluntária III. Inspiração involuntária IV. Convulsões V. Morte –Água nos pulmões e no estômago, sugere que o indivíduo engoliu água Diferença entre as águas (salgadae doce): Água Salgada: -Hipertônica (3,5% de sais estão dissolvidos na água) -(9g/L de sal // sangue 4,5g/L) ⇒ Rim → 1L de água para excretar 4,5g sal ⇒ Rim trabalha em dobro para excretar a água salgada -Hiperosmolar em relação ao sangue!! -Funciona como uma esponja, atraindo fluidos e proteínas para dentro dos alvéolos, impedindo a ventilação e diminuindo a capacidade residual funcional sem alterar sua perfusão, o que aumenta o shunt pulmonar -Apesar da diminuição de surfactante, não ocorre alteração na integridade da barreira alvéolo-capilar, o que mantém sua função preservada -Presença de água nos pulmões (fica desidratado) -Hemodinamicamente, tem um estado hipovolêmico com concentração dos eletrólitos extra-celulares -Conduta: ressuscitação cardiopulmonar e hidratação vigorosa com SF (repor eletrólitos) -“Mais fácil para ressuscitação" → (retirada da água nos pulmões) -Afeta menos a membrana -Menor mortalidade em relação com afogamento de água doce Água Doce: -É hipotônica (Densidade: 1 litro de água doce tem 4,5 g de sal) -Hipoosmolar em relação ao sangue -Leva a uma rápida absorção de fluidos dos alvéolos para a circulação, o que desestrutura os constituintes do surfactante pulmonar, ocorrendo aumento da tensão superficial alveolar e colapso das unidades alveolares -Destruição dos surfactante pulmonar → colapso dos alvéolos -Perfusão preservada, aumento do shunt pulmonar e hipoxemia em graus mais acentuados que na aspiração por água salgada -Pulmão fica seco (a água vai para o espaço intravascular) -Devido a hipervolemia, ocorre hemodiluição com hemólise e, consequentemente, hiperpotassemia, que pode predispor a arritmias ventriculares graves e piorar a acidose metabólica presente na maioria das vítimas -Ocorre choque cardiogênico (água nos pulmões → circulação → sobrecarrega o coração → hemodiluição) -Conduta: diurético -Pode usar coloide para restabelecer a osmolaridade -Indivíduo mais difícil de reanimação -Maior mortalidade -Morte por falência cardíaca -Alterações metabólicas: *Hemodiluição *Hemólise *Acidose metabólica *Hipercalemia ⇒ arritmia –Método de Carrara: prova das densidades. Coleta sangue do VE e do VD e coloca em tubos de ensaio. Avalia-se as densidades (hemodiluição) e determina se o paciente foi afogado em água doce ou salgado –Prova de Windler: Coleta material do pulmão e verifica a presença de líquido espumoso, aquoso e resíduo sólido, que indica afogamento Afogados Branco de Parrot: -Casos em que o indivíduo, ao tocar na água, morre por inibição vagal e parada cardíaca (pode ser desencadeado pelo choque térmico)* -Necessita-se para isso de uma predisposição constitucional (doença de base) ou lesões cardiovasculares prévias que são agravadas pela ação térmica -Não se encontra nenhum sinal de asfixia -Não fica em cianose → fica branco (inibição vagal) -"Está na água, mas não morreu por afogamento” Afogamento Verdadeiro: Forma rápida: -Indivíduo submerge rapidamente, permanecendo todo o tempo no interior da água, sucedendo-se as fases de asfixia num período de 5 minutos, aproximadamente Forma lenta: -A vítima luta, reage, vai ao fundo, retorna a superfície várias vezes, morrendo depois de grande resistência -Morre depois de grande resistência Sinais externos: -Pele anserina – (arrepiado); -Erosão dos pelos; -Resíduos minerais e vegetais no corpo; -Desenluvamento – permite identificação por digitais; -Corpo estranho sob as unhas; -Maceração epidérmica – palma das mãos e plantas dos pés rugosas; -Lesões de pele por arrastamento no fundo; -Lesões pós-mortais produzidas por peixes e crustáceos; -Cogumelo de espuma – (boca/nariz). Sinais internos: -Líquidos nas vias respiratórias; -Corpo estranho no líquido da via respiratória; -Manchas de Paltauf nos pulmões e manchas de -Tardieu no coração; -Diluição sanguínea; -Líquido no estômago Putrefação e flutuação dos afogados: *1º Fase ⇒ primeira imersão – como a densidade do corpo é maior que a da água, há tendência de ir para o fundo *2º Fase ⇒ primeira flutuação – com o aparecimento dos gases da putrefação, o cadáver flutuará 24h após a morte ou até 5 dias *3º Fase ⇒ segunda imersão – com a rotura dos tecidos moles e o esvaziamento dos gases, a densidade do corpo volta a prevalecer sobre a da água e verifica-se a segunda imersão. *4º Fase ⇒ segunda flutuação – muito mais adiantada, com a evolução para a adipocera, diminuindo o peso, ocorrerá a segunda flutuação Avaliação dos Diatomáceas: -Feita nos EUA -Cada rio tem a sua flora de diatomáceas Esganadura: -Conceito: constrição do pescoço realizada pelas mãos do agressor. -Causa jurídica: geralmente é homicídio -Lesões externas: *Cianose e equimose puntiforme na face; *Otorragia por rotura timpânica; *Hiperemia conjuntival; *Projeção da língua; *Narinas com espuma sanguinolenta; *Escoriações ungueais pericervicais; *Pode ter fratura do osso hióide, é capaz de fraturar o hióide e matar por bloqueio da circulação, da respiração e do nervo vago. -Lesões internas: *Infiltração hemorrágica em partes moles – focais; *Lesão de plexo vásculo-nervoso cervical Sinal de Amussat (ruptura transversa da túnica interna da carótida) Sinal de Friedberg (infiltração sanguínea na túnica externa dos vasos do pescoço) Sinal de Dotto. -Sinais de luta e reação *Vítima tentou reagir – coleta de material subungueal -Agressor pode estar arranhado Sufocação: -Conceito: modalidade de asfixia mecânica pelo impedimento da passagem do ar respirável por meio direto ou indireto de obstrução. -Exp: Asfixia por fumaça -Direta: -Obstrução devida ao impedimento de entrada de ar pela boca e/ou narinas e/ou vias aéreas superiores (glote). -Exp: aspiração de feijão, pão, corpo estranho, terra nas vias aéreas, edema de glote e incêndios -Indireta: -Consiste no bloqueio a expansão torácica extrinsecamente (movimentos respiratórios). *Observa-se nesses casos a denominada máscara equimótica de Morestin ou sinal de Morestin ⇒ a face fica avermelhada** *O mecanismo de morte por crucificação é por asfixia indireta *Pode haver fratura de arcos costais ou rotura dos pulmoes -Obs: -Sinal de Morestin ou Máscara equimótica de Morestin: *Pode ser direto ou indireto *Cor violácea intensa (cianose) da face, pescoço e parte superior do tórax. *Exp: Crucificação (indireto); *Boca, nariz e olhos brancos (tampa o rosto) → asfixia por travesseiro) -Grandes queimados: -Fuligem → via respiratória -Sinal do boxeador – por contratura. Soterramento: -Conceito: ocorre quando o meio gasoso (ar) foi substituído por meio pulverulento (terra, areia, farinha ou outros). -Natureza jurídica da morte: é na maioria dos casos acidental (desabamento, desmoronamento), podendo ser criminosa -Sinais externos: *Lesões contusas pelo impacto do material do soterramento *Resíduos do meio na boca e nariz (terra, areia, farinha …) -Sinais internos: *Sinais gerais de asfixia (Paltauf, tardieu …) *Presença de substâncias pulverulentas nas vias aéreas (partículas sólidas aderidas às mucosas das vias respiratórias). Confinamento: -Conceito: é a asfixia do indivíduo enclausurado em: *Espaço restrito ou fechado *Sem renovação de ar atmosférico *Por esgotamento de oxigênio *Aumento gradativo de gás carbônico -Obs: Espaço muito fechado -Obs: saco plástico na cabeça Asfixia por Monóxido de Carbono – CO: -Tipo de asfixia -Carros regulados expelem CO2, os carros desregulados expelem CO. -O CO liga-se fortemente à Hb, formando carboxi-hemoglobina Essa ligação é muito mais forte do que do O2-Hb → não é desfeita!! -O indivíduo fica muito vermelho (coloração carmim típica) -Para saber se está intoxicado, pode-se dosar os níveis de carboxi-Hb** -Antídoto para reverter a ligação CO-Hb: injetar azul de metileno ** Lesões especiais no pescoço: 1. Decapitação: -Separação da cabeça do restante do corpo - Exp: moto e cerol 2. Esgorjamento: -Ferimento que atinge a pele e as estruturas profundas do pescoço como músculos e vasos, sem separar a cabeça do resto do corpo 3. Degola: -Lesão superficial no pescoço, causando comprometimento das estruturassuperficiais como vasos … -Tirar a gola
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