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Indaial – 2022 Demonstrações Contábeis Prof.a Sheila Jeane Schulz Persike Prof. Valdecir Knuth 2a Edição análise Das Elaboração: Prof.a Sheila Jeane Schulz Persike Prof. Valdecir Knuth Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: P466a Persike, Sheila Jeane Schulz Análise das demonstrações contábeis. / Sheila Jeane Schulz Persike; Valdecir Knuth. – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 250 p.; il. ISBN 978-85-515-0492-5 1. Contabilidade. – Brasil. I. Knuth, Valdecir. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 657 Caro acadêmico, bem-vindo ao livro didático de Análise das Demonstrações Contábeis. Albert Einstein dizia: tenha em mente que tudo que você aprende na escola é trabalho de muitas gerações. Receba essa herança, honre-a, acrescente a ela e, um dia, fielmente, deposite-a nas mãos de seus filhos. Assim, vamos acrescentar para o seu conhecimento os temas abordados na disciplina de Análise das Demonstrações Contábeis. No campo de valorização profissional você estará à frente no mercado, no momento em que se prepara para uma das profissões mais valorizadas nos tempos atuais. A Análise das Demonstrações Contábeis irá lhe proporcionar os conhecimentos voltados à mensuração e evidenciação dos atos administrativos que culminam na análise dos indicadores econômicos e financeiros da empresa. Não é para menos, pois todas e quaisquer decisões tomadas pelos gestores de empresas devem ser baseadas em resultados que a Contabilidade pode fornecer com a aplicação desses indicadores. Assim, é importante avaliar se os recursos financeiros são direcionados para a melhoria dos resultados operacionais da empresa, isso quer dizer, aplicar recursos nas operações da empresa, com o objetivo de alavancar a rentabilidade do capital próprio da empresa. Outrossim, é importante lembrar que o custo de captação dos recursos de terceiros e do capital próprio não devem ser superiores à expectativa dos sócios e investidores, pois ao longo do tempo o indicador de Kanitz irá proporcionar a análise de solvência de acordo com o endividamento da empresa. O retorno econômico para a empresa deverá estar vinculado no fortalecimento da sua marca no mercado. O conteúdo desta disciplina se divide em três unidades de ensino. Assim, iniciaremos a Unidade 1 com o estudo sobre os elementos que compõem as Demonstrações Financeiras/Contábeis, que são a base para o entendimento de como a contabilidade funciona. Isso porque os analistas podem ser os mais variados, não somente os gestores da entidade, mas também investidores em bolsa de valores, governo, clientes, fornecedores, funcionários, dentre outros. Após percorrer os aspectos gerais, se apresentará a estrutura das várias Demonstrações Contábeis, como o Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultados. No decorrer da Unidade 2, estudaremos os elementos que compõem a metodologia e os resultados da análise dos indicadores da análise horizontal para verificar o crescimento dos recursos em cada grupo de contas contábeis e a análise vertical para verificar o comportamento de cada conta em função do total de cada grupo. Nos estudos da geração do caixa da empresa, iremos estudar a liquidez imediata, os efeitos da liquidez corrente na identificação dos recursos financeiros de curto prazo da empresa, assim como a relação dos estoques para apurar o indicador da liquidez seca. Por sua vez, a contribuição da solvência geral de Kanitz nos permitirá identificar se a empresa está em vias de falência ou não. APRESENTAÇÃO GIO Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. Para finalizar, na Unidade 3 abordaremos sobre a definição e utilidade dos indicadores de rentabilidade como forma de avaliar a capacidade do retorno dos investimentos dos sócios à longo prazo, assim como a sua alavancagem para verificar se os gastos operacionais fixos proporcionam o retorno desejado dos acionistas. Os indicadores de rotatividade irão proporcionar a avaliação do tempo necessário para a realização do caixa da empresa em função das contas a receber dos clientes, do tempo necessário para quitar os compromissos financeiros assumidos com os fornecedores e principalmente o giro dos estoques. O giro dos estoques é que irá determinar se a empresa está conseguindo alavancar as vendas independentemente da margem de lucro dos produtos. Iremos estudar o que é o Custo Médio Ponderado de Capital, assim como o significado de capital de giro. Por fim, apresenta-se um passo a passo com as etapas necessárias para se realizar uma análise real, com intenção de impulsionar você a percorrer uma mini análise e se aventurar por essa jornada rumo ao conhecimento prático. Bons estudos! Prof.a Sheila Jeane Schulz Persike Prof. Valdecir Knuth Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementara sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! QR CODE SUMÁRIO UNIDADE 1 - DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E FINANCEIRAS .......................................... 1 TÓPICO 1 - ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES ...............3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 O QUE É A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES ....................................................................3 2.1 USUÁRIOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .......................................................................... 5 2.2 PADRONIZAÇÃO DOS REGISTROS CONTÁBEIS E DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 8 2.3 FLUXOS DOS PROCESSOS DE ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES ............................................. 11 3 ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ..........................................................11 3.1 ATIVO .......................................................................................................................................................12 3.2 PASSIVO ................................................................................................................................................ 13 3.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO ........................................................................................................................ 13 3.3.1 Equação fundamental .............................................................................................................. 14 3.4 RECEITAS E DESPESAS .................................................................................................................... 15 4 RECONHECIMENTO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .............. 16 4.1 CRITÉRIOS DE RECONHECIMENTO ................................................................................................. 18 4.2 MENSURAÇÃO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ............................... 19 5 CONCEITOS DE CAPITAL E MANUTENÇÃO DE CAPITAL ................................................ 21 6 CONVERSÃO PARA A MOEDA DE APRESENTAÇÃO ........................................................ 21 7 APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS CONSOLIDADAS .................... 23 8 APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SEPARADAS .......................... 25 9 APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS COMBINADAS ........................ 26 RESUMO DO TÓPICO 1 .........................................................................................................27 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 28 TÓPICO 2 - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS – PARTE 1 ................... 31 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 31 2 BALANÇO PATRIMONIAL ................................................................................................. 33 2.1 GRUPOS CONSTANTES NO BALANÇO PATRIMONIAL ................................................................35 3 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO (DRE) ........................................................................37 3.1 ITENS CONSTANTES NA ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO .....................38 4 DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS ABRANGENTES (DRA) ....................................... 39 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 42 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 43 TÓPICO 3 - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS – PARTE 2 ..................47 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................47 2 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO – DMPL .........................47 3 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO – DVA ......................................................... 49 4 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA ...................................................................... 51 4.1 MÉTODO DIRETO E MÉTODO INDIRETO .........................................................................................52 5 NOTAS EXPLICATIVAS ..................................................................................................... 56 6 RELATÓRIO DA AUDITORIA, DA ADMINISTRAÇÃO, DO CONSELHO FISCAL, ENTRE OUTROS ....................................................................................................................59 6.1 RELATÓRIO DA AUDITORIA................................................................................................................59 6.2 RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO ....................................................................................................61 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 63 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 66 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................67 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 69 UNIDADE 2 — INDICADORES PARA GESTÃO EMPRESARIAL ............................................73 TÓPICO 1 — TEORIA DOS CONTRATOS ...............................................................................75 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................75 2 OBSERVAÇÕES NO PROCESSO DE ANÁLISE ..................................................................75 3 A RECLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS CONTÁBEIS ........................................................... 77 4 TIPOS DE ANÁLISE ...........................................................................................................79 4.1 ANÁLISE HORIZONTAL DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .................................................. 80 4.2 ANÁLISE DA ESTRUTURA OU ANÁLISE VERTICAL ....................................................................87 RESUMO DO TÓPICO 1 .........................................................................................................95 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................96 TÓPICO 2 - ANÁLISE DOS INDICADORES DE LIQUIDEZ ....................................................99 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................99 2 LIQUIDEZ IMEDIATA ........................................................................................................100 3 LIQUIDEZ CORRENTE .....................................................................................................103 4 LIQUIDEZ SECA ...............................................................................................................105 5 LIQUIDEZ GERAL.............................................................................................................108 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 112 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 113 TÓPICO 3 - INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO E FATOR DE INSOLVÊNCIA ................ 115 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 115 2 COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO ............................................................................. 116 2.1 COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO DE CURTO PRAZO ...........................................................1192.2 GRAU DE IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ............................................................... 122 2.3 GRAU DE IMOBILIZAÇÃO DE RECURSOS NÃO CORRENTES ................................................ 124 3 ANÁLISE DISCRIMINANTE ............................................................................................. 127 4 FATOR DE INSOLVÊNCIA DE KANITZ .............................................................................129 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................133 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................... 137 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................138 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 141 UNIDADE 3 —INDICADORES DE GESTÃO E ETAPAS DE ANÁLISE ..................................143 TÓPICO 1 — INDICADORES DE RENTABILIDADE E ALAVANCAGEM ...............................145 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................145 2 GIRO DO ATIVO ................................................................................................................145 3 GIRO DO ATIVO OPERACIONAL ......................................................................................149 4 MARGEM BRUTA ............................................................................................................152 5 MARGEM OPERACIONAL ................................................................................................154 6 MARGEM LÍQUIDA DO EXERCÍCIO .................................................................................156 7 RENTABILIDADE DO ATIVO ............................................................................................159 8 RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO .................................................................162 9 PAYBACK .........................................................................................................................165 9.1 MÉTODO PAYBACK DESCONTADO (PBD)......................................................................................167 10 ALAVANCAGEM DA EMPRESA......................................................................................170 10.1 ALAVANCAGEM FINANCEIRA......................................................................................................... 171 10.2 ALAVANCAGEM OPERACIONAL .................................................................................................. 173 10.3 CUSTOS FIXOS E ALAVANCAGEM OPERACIONAL .................................................................. 174 10.4 GRAU DE ALAVANCAGEM COMBINADA .....................................................................................176 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 179 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................180 TÓPICO 2 - INDICADORES DE ROTATIVIDADE, CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL E CAPITAL DE GIRO ............................................................................................183 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................183 2 ANÁLISE DA ROTATIVIDADE (GIRO) ..............................................................................183 2.1 PRAZO MÉDIO DE ROTAÇÃO DOS ESTOQUES ............................................................................184 2.2 PRAZO MÉDIO DE ROTAÇÃO DE CLIENTES ................................................................................ 187 2.3 PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO DE FORNECEDORES .............................................................190 3 VALOR ECONÔMICO AGREGADO – EVA ........................................................................194 3.1 PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO ................................................................... 194 3.2 PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE LONGO PRAZO .................................................................. 195 3.3 CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO E CUSTO DO CAPITAL DE TERCEIROS ................................ 197 3.4 CÁLCULO DO CMPC – CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL ........................................ 199 4 CAPITAL DE GIRO............................................................................................................201 4.1 NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO ...........................................................................................201 RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................... 205 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 206 TÓPICO 3 - ETAPAS DA ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES ............................................... 209 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 209 2 PASSO A PASSO: ETAPAS PARA UMA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES .................. 209 2.1 PRIMEIRA ETAPA – OBTER AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DA ENTIDADE ............ 209 2.2 SEGUNDA ETAPA – AVERIGUAR A QUALIDADE DAS DEMONSTRAÇÕES ...........................210 2.3 TERCEIRA ETAPA – PREPARAR AS DEMONSTRAÇÕES PARA A ANÁLISE .........................211 2.4 QUARTA ETAPA – SELECIONAR QUAIS INDICADORES SERÃO UTILIZADOS ..................... 212 2.5 QUINTA ETAPA – COMPARAR OS RESULTADOS COM OS DE OUTRAS EMPRESAS CONCORRENTES DENTRO DO SEGMENTO DA EMPRESA....................................................... 213 2.6 SEXTA ETAPA – PROCURAR IDENTIFICAR PADRÕES E EXCEÇÕES ....................................214 2.7 SÉTIMA ETAPA – ELABORAR O RELATÓRIO DE ANÁLISE ....................................................... 215 2.8 OITAVA ETAPA – TOMADA DE DECISÕES COM BASE NA ANÁLISE REALIZADA ............... 217 3 ESTUDO DE CASO – REALIZANDO UMA ANÁLISE EM DEMONSTRAÇÃO PUBLICADA .......218 3.1 ANÁLISE INICIAL – ETAPAS 1, 2 E 3 ..............................................................................................218 3.2 CÁLCULO DOS INDICADORES PARA A ETAPA 4 ....................................................................... 221 3.2.1 Calculando análise vertical e horizontal ............................................................................ 221 3.2.2 Calculando indicadores de liquidez .................................................................................. 225 3.3 ANÁLISE INTERMEDIÁRIA – ETAPAS 5 E 6 ............................................................................... 229 3.4 ANÁLISE FINAL – ETAPAS 7 E 8 .................................................................................................. 233 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................. 235 RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................... 242 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 243 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 246 1 UNIDADE 1 - DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E FINANCEIRAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • reconhecer os elementos das demonstrações contábeis, assim como o seu reconhecimento e mensuração; • diferenciar a apresentação de demonstrações contábeis individuais, consolidadas, separadas e combinadas; • compreender a estrutura das demonstraçõescontábeis, balanço patrimonial e demonstração de resultado; • reconhecer a importância das demais demonstrações para a realização de uma análise conjunta; • entender a função das notas explicativas; • compreender o objetivo dos demais relatórios, como o Relatório de Administração e do Conselho Fiscal. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES TÓPICO 2 – ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS – PARTE 1 TÓPICO 3 – ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS – PARTE 2 Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 1 - UNIDADE 1 Olá, acadêmico. Estamos iniciando a disciplina de Análise das Demonstrações Contábeis. Esta disciplina é fundamental para se analisar a situação patrimonial, financeira e econômica de uma entidade. Qualquer tipo de tomada de decisão que seja realizada quanto a uma empresa precisa se embasar em uma Análise das Demonstrações Contábeis coerente. Mas como saber por onde iniciar? Aqui, no Tópico 1, vamos começar a compreender os aspectos conceituais e introdutórios, para seguir posteriormente para a prática. Vamos realizar muitos cálculos de indicadores e análise de demonstrações, porém, caso os princípios não estejam bem compreendidos, tudo será em vão. Por isso, vamos aproveitar bem este primeiro momento de estudos! CHAMADA Preparado para esta jornada rumo ao conhecimento? Procure um ambiente que ajude na concentração. Desta forma será mais fácil fixar o conteúdo estudado. 2 O QUE É A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES As demonstrações financeiras (também chamadas de demonstrações contábeis) são relatórios contábeis estruturados que fornecem informações sobre a situação patrimonial, financeira e econômica da empresa. Estas informações permitem aos seus usuários realizar tomada de decisões, assim como notar tendências futuras. Isto porque a finalidade da contabilidade é exatamente essa: fornecer informações para a tomada de decisão. A obrigatoriedade de se manter registros contábeis e elaborar demonstrações está presente no Código Civil (Lei nº 10.406/02), no artigo 1.179 (entre outros), que atinge todas as empresas e legisla o seguinte: 4 Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico (BRASIL, 2002). Também consta na Lei nº 6.404/1976, conhecida como Legislação das Sociedades por Ações (ou seja, voltada às empresas que possuem acionistas), demais especificações sobre as demonstrações. Em seu artigo 176, é expresso que: Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: I- balanço patrimonial; II- demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III- demonstração do resultado do exercício; IV- demonstração das origens e aplicações de recursos. IV- demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação dada pela Lei nº 11.638, de 2007) V- se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007) § 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior. § 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser agrupadas; os pequenos saldos poderão ser agregados, desde que indicada a sua natureza e não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respectivo grupo de contas; mas é vedada a utilização de designações genéricas, como "diversas contas" ou "contas-correntes". § 3º As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros segundo a proposta dos órgãos da administração, no pressuposto de sua aprovação pela assembleia-geral. § 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessárias para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício (BRASIL, 1976). Além do § 5º, que trata das exigências nas Notas Explicativas, que veremos de forma mais aprofundada na Unidade 3. Além das Leis citadas, há outros decretos, normas, resoluções, deliberações etc., que tratam das exigências para a elaboração das demonstrações, como o artigo 286 do Decreto nº 9.580/2018 (RIR – Regulamento do Imposto de Renda) e o Pronunciamento Contábil CPC 26, que foi aprovado em resoluções/normas específicas para cada órgão competente relacionado. Veremos mais adiante o assunto em detalhes. Então, é realizada a elaboração e divulgação das demonstrações, e fica a questão: como utilizá-las? É só uma obrigatoriedade legal? Vamos descobrir agora. 5 A Análise das Demonstrações Contábeis é a coleta de dados existentes nas Demonstrações Financeiras “com vistas à apuração de indicadores que permitem avaliar a capacidade de solvência (situação financeira), conhecer a estrutura patrimonial (situação patrimonial) e descobrir a potencialidade da entidade em gerar bons resultados (situação econômica)” (SILVA, 2019, p. 4). Dá para descobrir com tal análise se a empresa está sendo bem administrada, se está tendo boa rentabilidade, se consegue quitar suas dívidas, a forma como os saldos das contas contábeis vem evoluindo etc. NOTA Resumidamente, a Análise das Demonstrações é uma forma de transformar os dados extraídos das Demonstrações Financeiras em informações úteis para a tomada de decisões. Para Padoveze e Benedicto (2010), se aplica sobre os valores dos elementos patrimoniais um raciocínio analítico dedutivo, a fim de se avaliar a situação econômico- financeira da entidade e sua capacidade de continuidade operacional e financeira. Fica claro que a utilização da Análise de Demonstrações é importantíssima para auxiliar nas decisões tomadas. Mas quem utiliza essas informações? É bem comum automaticamente pensarmos: os administradores das empresas. 2.1 USUÁRIOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Mas não são somente os gestores das entidades, que as administram, que se beneficiam das análises das Demonstrações para tomar decisões sobre o processo de gestão. Os usuários das informações contábeis são os mais variados, por exemplo: • Investidores: analisam as demonstrações financeiras das empresas para que tenham confiança em adquirir ações emitidas por elas, pois sua intenção é receber alguma remuneração sobre esses investimentos alocados. • Bancos: antes de conceder crédito às entidades, os bancos analisam a sua situação financeira, econômica e patrimonial, a fim de verificar se a empresa tem capacidade de pagamento. Só então decidem se concedem ou não o crédito. Ninguém vai emprestar dinheiro a alguém se achar que não irá receber o valor de volta. • Fornecedores: imagine se a maior parte da produção de um fornecedor é vendida para uma única empresa? Caso não fique atualizado quanto à capacidade de continuidade que ela possui, pode ser que seja pego desprevenido com uma falência e acabe quebrando junto. 6 • Funcionários: podem verificar se a empresa tem condições de continuar arcando com sua remuneração, ou até mesmo se podem contar com uma estabilidade empregatícia. Sobre a visão dos usuários das demonstrações financeiras no mundo, Hendriksen e Van Breda (2018) nos apresentam o seguinte cenário: A pergunta “Para quem?” é tradicionalmente respondida, nos Estados Unidos, com a afirmação de que os relatórios financeiros se destinam aos acionistas,a outros investidores e a credores. É reconhecido que se deve divulgar informação a funcionários, clientes, órgãos do governo e ao público em geral, mas esses grupos são encarados apenas como destinatários secundários dos relatórios anuais e de outras formas de divulgação. Em parte, o motivo dessa falta de ênfase em outros usuários, que não investidores, é devida a ausência de conhecimento a respeito de suas decisões. As decisões a serem tomadas por investidores e credores são relativamente simples e bem definidas: os investidores basicamente tomam decisões de compra, manutenção e venda, e as decisões dos credores estão fundamentalmente associadas à concessão de crédito à empresa. Acionistas, e, às vezes, credores, também tomam decisões a respeito da contratação, dispensa e remuneração de administradores e da aprovação ou não de mudanças importantes das políticas de uma empresa. Portanto, os objetivos de divulgação financeira, no que diz respeito a esses usuários, podem ser razoavelmente claros. Os objetivos de apresentação de informação a funcionários, clientes e ao público em geral, por outro lado, não têm sido tão bem formulados. Na ausência de conhecimento mais específico, a premissa geral é a de que informação útil a investidores e credores será útil para outros grupos. [...] Outras partes do mundo, particularmente a Europa, tendem a dar uma resposta mais ampla à pergunta “Para quem?” Em particular, tendem a colocar os interesses de funcionários e do estado no mesmo nível dos interesses dos acionistas. FONTE: Hendriksen e Van Breda (2018, p. 511). Interessante refletir sobre como o processo pode ser diferente dependendo da realidade e da cultura do país que analisamos! Mas voltando à multiplicidade de usuários possíveis, o CPC 00 (R2) (2019, s. p.) corrobora com a questão, afirmando que uma demonstração “reporta como um todo e não do ponto de vista de qualquer grupo específico de investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes ou potenciais, da entidade”. Mesmas demonstrações sendo utilizadas para infinitas possibilidades de análise, dependendo só de nossa proatividade e interesse, é realmente uma ideia espetacular. Agora, pense: dois usuários diferentes demandam os mesmos tipos de informações? E se forem ambos, por exemplo, Investidores? 7 A resposta é: cada usuário tem um objetivo diferente ao analisar as informações contábeis. Mesmo dois investidores podem focar em aspectos diferentes; um pode ter uma visão voltada ao curto prazo e busca analisar o retorno que a empresa vem proporcionando, enquanto o outro investidor vislumbra o longo prazo, mais preocupado em analisar os riscos envolvidos nesse investimento. Para Iudícibus (2017, p. 14), Consideramos que a análise de balanços é uma arte, pois, embora existam alguns cálculos razoavelmente formalizados, não existe forma científica ou metodologicamente comprovada de relacionar os índices de maneira a obter um diagnóstico preciso. Ou, melhor dizendo, cada analista poderia, com o mesmo conjunto de informações e de quocientes, chegar a conclusões ligeiras ou até completamente diferenciadas. É provável, todavia, que dois experientes analistas, conhecendo igualmente bem o ramo de atividade da empresa, cheguem a conclusões bastante parecidas (mas nunca idênticas) sobre a situação atual da empresa, embora quase sempre apontariam tendências diferentes, pelo menos em grau, para o empreendimento. “O analista financeiro extrairá elementos e fará julgamentos sobre o futuro da entidade objeto de análise. Portanto, é parte conclusiva da análise de balanço o julgamento do avaliador sobre a situação da empresa e suas possibilidades futuras” (PADOVEZE; BENEDICTO, 2010, p. 3). Por isso, é muito importante que o analista conheça bem tanto a empresa quanto o segmento em que essa empresa atua. E que não se utilize somente de uma demonstração financeira específica – o que impede uma visão clara da situação empresarial; o ideal é analisar as demonstrações financeiras em conjunto, assim como demais informações qualitativas e quantitativas às quais tiver acesso. NOTA Antes de seguirmos, é importante ressaltar que os autores utilizados nas citações constantes no Tópico 1 são verdadeiros gênios da Contabilidade e análise de balanços! A descrição completa dos materiais pode ser encontrada nas Referências, ao final de cada unidade. É muito importante conhecermos os grandes nomes da nossa área, por isso são ótimas sugestões de leitura caso desejem complementar seus estudos. 8 2.2 PADRONIZAÇÃO DOS REGISTROS CONTÁBEIS E DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Para que se consiga tomar decisões com base na análise das informações contábeis, precisa haver certa padronização, uma vez que analisar envolve uma comparação entre a) dados históricos; b) padrões existentes em outros períodos da empresa; e/ou c) indicadores de seus concorrentes (ALMEIDA, 2019). Dizemos ‘certa’ padronização porque mesmo os pronunciamentos técnicos e as normativas permitem alternativas diferentes de escolha, podendo o contador definir qual critério mais se aplica à situação de sua empresa. Martins, Miranda e Diniz (2020, p. 2) complementam que: Como se vê, não é uma tarefa fácil cumprir os objetivos da Contabilidade. Isto é, desejar que um modelo retrate a realidade econômico-financeira de uma entidade para vários usuários, os quais têm objetivos díspares em termos de informações. Além disso, por ser um modelo, as informações geradas pelos profissionais da contabilidade nem sempre são idênticas, posto que por mais normatizados que sejam os procedimentos utilizados na elaboração das demonstrações contábeis, sempre vai existir a possibilidade de escolhas diferentes, e, por consequência, a simplificação da realidade econômico-financeira pode ser apresentada de formas distintas. Para tentar padronizar internacionalmente as contabilizações e tratamento de eventos contábeis, existem normativas que visam guiar uma estrutura que possa ser base para análise das demonstrações e, assim, evitar distorções na comparação entre empresas. Há algumas específicas para elaboração das Demonstrações Financeiras, constantes nos Pronunciamentos Técnicos do CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Podem-se citar alguns deles: • CPC 00 (R2), que trata da Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro; • CPC 02 (R2), que trata dos Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis; • CPC 26 (R1), que trata da Apresentação das Demonstrações Contábeis; • CPC 35 (R2), que trata das Demonstrações Separadas; • CPC 36 (R3), que trata das Demonstrações Consolidadas; e • CPC 44, que trata das Demonstrações Combinadas. 9 FIGURA 1 – COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS FONTE: Adaptado de <http://www.cpc.org.br/CPC>. Acesso em: 24 mar. 2022. Mas o que é o Comitê de Pronunciamentos Contábeis? Ele foi criado no Brasil para auxiliar na convergência internacional das normas contábeis, facilitando a centralização da emissão das normas contábeis no Brasil e buscando um processo democrático, no qual os profissionais da área consigam participar das audiências públicas sobre as matérias abordadas nos pronunciamentos. Afinal, com a padronização, diminui-se o risco de os contadores registrarem eventos iguais de formas extremamente diferentes, o que dá mais segurança e comparabilidade ao processo. Fazem parte do Comitê de Pronunciamentos Contábeis 2 membros de cada uma das 7 entidades a seguir: 1) Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca). 2) Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec Nacional). 3) B3 Brasil Bolsa Balcão. 4) Conselho Federal de Contabilidade (CFC). 5) Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon). 6) Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi). 7) Entidades representativas de investidores do mercado de capitais. Além destes membros, sempre são convidados a participarrepresentantes dos órgãos a seguir: • Banco Central do Brasil (BACEN). • Comissão de Valores Mobiliários (CVM). • Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) • Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). • Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN). • Confederação Nacional da Indústria (CNI). • Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC). Como vemos, é um procedimento muito bem estruturado, que conta com representantes e membros de diversos setores, que juntos buscam um alinhamento quanto às normatizações em elaboração. O que torna o processo rico, pois cada órgão traz sua perspectiva única para debate. Além de os profissionais contábeis terem voz no processo e conseguirem participar nas audiências públicas antes de uma aprovação de um pronunciamento contábil. 10 Esse processo iniciou-se com a harmonização mundial das práticas contábeis, com a hoje chamada IASB – International Accounting Standards Board –, que emite e revisa as normas internacionais de Contabilidade (IFRS – International Financial Reporting Standards) (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015). Consultando o site do IFRS, é possível ver que uma das razões de sua existência é o lema ‘Padrões globais para mercados globais’, pois “economias modernas dependem de transações além de suas fronteiras e do livre fluxo de capital internacional. Mais de um terço das transações financeiras ocorrem além das fronteiras, e é esperado que esse número cresça” (tradução livre) (IFRS, 2022, s. p.). Além disso, complementam que “investidores buscam diversificação e oportunidades de investimento ao redor do mundo, enquanto companhias aumentam seu capital, realizam transações ou tem operações e subsidiárias internacionais em múltiplos países” (tradução livre) (IFRS, 2022, s. p.). Pensando na globalização, mais de 140 países aderiram às normas internacionais de contabilidade, e esse processo de revisão e estudo das normas internacionais de Contabilidade é constante. Iudícibus (2017, p. 21) explica que: Deve-se entender, portanto, que certos conceitos que regem a Contabilidade são mutáveis, parcial ou totalmente, no tempo e no espaço, adaptando-se às peculiaridades econômicas, institucionais, políticas e sociais de cada época e, às vezes, observando peculiaridades de cada país. É claro que outros são imutáveis, como o princípio da dualidade, cuja evidenciação contábil resume- se no método das partidas dobradas. Ainda assim, a forma de consubstanciar as partidas dobradas, por exemplo, pode alterar-se. Além disso, o autor nos relembra que o analista externo à empresa utiliza os relatórios gerados pela entidade e, “embora admitindo certa liberdade de manobra no âmbito dos princípios contábeis, os relatórios [...] não poderão deixar de se basear em tais princípios; ou, então, a gama de exceções e de desvios deve ser perfeitamente enumerável e controlável” (IUDÍCIBUS, 2017, p. 19). No entanto, o analista interno, com foco na análise de balanços para auxiliar o próprio administrador da empresa, tem acesso a mais informações inseridas nos sistemas de informação gerencial do que o analista externo e, por isso, pode considerá-las, devendo o analista interno “estar perfeitamente a par dos conceitos de lucro admitidos e das mensurações necessárias, a fim de adequar suas análises aos novos conceitos introduzidos no sistema” (IUDÍCIBUS, 2017, p. 19). IMPORTANTE Ser um bom analista das Demonstrações Financeiras exige conhecimentos aprofundados. Afinal, escolhas precisarão ser feitas a fim de atingir a melhor interpretação possível, e o analista deve estar ciente disso. Quão melhor preparado estiver, mais fácil será atingir o objetivo esperado. 11 2.3 FLUXOS DOS PROCESSOS DE ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES Que tal esquematizarmos o processo para fixar melhor o conteúdo? FIGURA 2 – CORRELAÇÃO ENTRE A CONTABILIDADE E A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (DCS) FONTE: Almeida (2019, p. 3) Conforme a Figura 2, o processo se inicia com a ocorrência dos fatos e eventos econômicos e financeiros (entradas), que são registrados e lançados pela contabilidade (processamento), gerando as informações e demonstrações contábeis (saída). Os usuários então utilizam técnicas de análise das demonstrações contábeis, calculando indicadores. Só aí, essas informações são avaliadas, elaborando-se um diagnóstico ou conclusão, e sendo finalmente utilizadas para a tomada de decisões. ESTUDOS FUTUROS Neste primeiro tópico, vamos compreender os conceitos iniciais relacionados às Demonstrações Financeiras, mas não para por aqui: as principais demonstrações existentes serão explicadas mais detalhadamente adiante. Será uma incrível caminhada! 3 ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS É importante relembrar que os registros contábeis e, consequentemente, as demonstrações financeiras, seguem o Regime de Competência, no qual “os efeitos das transações e outros eventos são reconhecidos quando ocorrem (e não quando caixa ou outros recursos financeiros são recebidos ou pagos) e são lançados nos registros contábeis e reportados nas demonstrações contábeis dos períodos a que se referem” (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020, p. 11). 12 FIGURA 3 – EVENTO ECONÔMICO E ACUMULAÇÃO CONTÁBIL FONTE: Padoveze e Benedicto (2010, p. 8) Assim que ocorrem os eventos econômicos, há o seu lançamento (contabilização) na respectiva conta contábil. Essas contas contábeis são agrupadas de acordo com sua natureza e aceitam diversos registros, acumulando os valores de transações diferentes, de forma a facilitar o gerenciamento contábil e financeiro. E, posteriormente, as informações retiradas desses grupos são estruturadas e evidenciadas nas Demonstrações Contábeis (PADOVEZE; BENEDICTO, 2010). Os elementos das Demonstrações Contábeis, conforme CPC 00 (R2) (2019) são: a- ativos; b- passivos; c- patrimônio líquido; d- receitas; e e- despesas (CPC 00 (R2) 2019). Vamos relembrar cada um deles? Afinal, eles já foram vistos em outras disciplinas do curso anteriormente. 3.1 ATIVO Sua definição conforme o CPC 00 (R2) é: “Recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado de eventos passados, que tenha potencial de produzir benefícios econômicos futuros” (CPC, 2019, s. p.). É composto por bens e direitos da entidade. As contas do Ativo são divididas em dois grandes grupos: o Ativo Circulante (curto prazo) e o Ativo Não Circulante (longo prazo) (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020). Alguns exemplos de ativos são: caixa, bancos, duplicatas a receber, estoques, máquinas e equipamentos, terrenos. 13 3.2 PASSIVO O CPC 00 (R2) define o Passivo como uma “obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como resultado de eventos passados”. Ou seja, são as obrigações da entidade. O Passivo é dividido em dois grandes grupos: o Passivo Circulante (curto prazo) e o Passivo Não Circulante (longo prazo). Exemplos de passivos são: empréstimos a pagar, fornecedores a pagar, impostos a pagar, salários a pagar, juros a pagar, duplicatas a pagar. 3.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Para o CPC 00 (R2), “patrimônio líquido é a participação residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os seus passivos”. Ou seja, é um valor residual da diferença entre o Ativo e o Passivo, que evidencia o capital próprio da entidade (IUDÍCIBUS, 2017). Basicamente, Patrimônio Líquido é o valor residual que fica se a entidade pegar todos os seus Ativos e deduzir deles todos os seus Passivos. São três situações possíveis para o PL: QUADRO 1 – SITUAÇÕES POSSÍVEIS PARA O PATRIMÔNIO LÍQUIDO FONTE: Perez Junior e Begalli (2015, p. 11) O Patrimônio Líquido, então, “representa a riqueza real de uma entidade e é formado pelo valor que os proprietários têm aplicado no negócio mais os resultados gerados pelo desenvolvimento das atividades” (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015, p. 10). Exemplos de patrimônio líquido são: capital social, reservas de capital, reservas de lucros, lucros ou prejuízos acumulados. 14 3.3.1 Equação fundamental Ribeiro (2020,p. 25) afirma que “o Passivo mostra a origem dos capitais que estão à disposição da empresa e que o Ativo mostra em que esses capitais foram aplicados”. Há também o diferencial entre capital próprio e capital de terceiros: FIGURA 4 – CAPITAL DE TERCEIROS E CAPITAL PRÓPRIO Capital de terceiros: são as contas de Passivo, pois são recursos obtidos de terceiros que estão financiando o ativo (exemplo: dívidas com Fornecedores derivada da compra de Estoque). Capital próprio: são as contas de Patrimônio Líquido, pois são recursos obtidos juntos aos sócios provenientes de integralização de capital ou os valores retidos de lucros apurados pela entidade. FONTE: Adaptado de Almeida (2019, p. 25) Com todas as explicações sobre Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido, conclui-se que a equação fundamental da contabilidade é: ATIVO = PASSIVO – PATRIMÔNIO LÍQUIDO Para ilustrar melhor e compreender como é o funcionamento do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido e da equação fundamental da contabilidade, segue uma imagem com a estrutura de uma demonstração chamada de Balanço Patrimonial: FIGUIRA 5 – QUADRO-RESUMO DO BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: Iudícibus et al. (2019, p. 106). 15 Podemos ver que do lado esquerdo temos as contas do Ativo, enquanto do lado direito temos as contas do Passivo + Patrimônio Líquido. O equilíbrio encontrado na equação fundamental da contabilidade é que o valor total do Ativo sempre será igual ao valor do Passivo + Patrimônio Líquido. Para entender melhor, veja a seguir o exemplo de um Balanço Patrimonial fictício: QUADRO 2 – EXEMPLO DE BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: Carvalho, Guimarães e Cruz (2019, p. 44) Pode-se notar que o valor total do Ativo é R$58.000, exatamente o mesmo valor total do Passivo + Patrimônio Líquido. Sempre será assim, por causa do Método das Partidas Dobradas, no qual basicamente “o registro de qualquer operação implica que a um débito em uma ou mais contas deve corresponder um crédito equivalente em uma ou mais contas, de forma que a soma dos valores debitados seja sempre igual à soma dos valores creditados” (IUDÍCIBUS et al., 2019, p. 33). Exemplificando: se para registrar um evento, realizo um ou mais lançamentos a débito que totalizam R$150, vou obrigatoriamente ter como contrapartida um ou mais lançamentos a crédito totalizando os mesmos R$150. 3.4 RECEITAS E DESPESAS O CPC 00 (R2) define que Receitas e Despesas são os elementos relacionados ao desempenho financeiro da entidade, e conceitua-as como: QUADRO 3 – CONCEITO DE RECEITAS E DESPESAS Receitas São aumentos nos ativos, ou reduções nos passivos, que resultam em aumentos no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a contribuições de detentores de direitos sobre o patrimônio. Despesas São reduções nos ativos, ou aumentos nos passivos, que resultam em reduções no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a distribuições aos detentores de direitos sobre o patrimônio. FONTE: CPC 00 (R2) (2019, s. p.) 16 Iudícibus et al. (2019, p. 45) explicam o que são Receitas e Despesas de uma forma bem didática: Receita representa a entrada de elementos para o Ativo, sob a forma de dinheiro ou direitos a receber, correspondentes, normalmente, à venda de mercadorias, de produtos ou à prestação de serviços. Uma receita também pode derivar de juros sobre depósitos bancários ou títulos, de aluguéis e outras origens. Às vezes, a receita ocorre em função da redução de um passivo. A obtenção de uma receita resulta em um aumento de Patrimônio Líquido. Despesa representa o consumo de bens ou serviços, que, direta ou indiretamente, ajuda a produzir uma receita. Diminuindo o Ativo ou aumentando o Passivo, uma despesa é realizada com a finalidade de se obter receita. Às vezes, o vínculo entre uma despesa e uma receita é direta; às vezes, não há o vínculo direto, mas verifica-se que a despesa está sendo incorrida para ajudar na produção das receitas em geral. FIGURA 5 – RESULTADO FONTE: Iudícibus et al. (2019, p. 45) Do confronto entre Receitas e Despesas se chega ao Resultado da empresa. Ou seja, se a empresa teve mais Receitas que Despesas, ela obteve Lucro. Se ela teve mais despesas que Receitas, ela incorreu em Prejuízo. 4 RECONHECIMENTO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS O capítulo 5 do CPC 00 (R2) (2019, s. p.) trata do reconhecimento e desreconhecimento dos elementos das Demonstrações Contábeis, e afirma que “reconhecimento é o processo de captação para inclusão [...] de item que atenda à definição de um dos elementos das demonstrações contábeis – ativo, passivo, patrimônio líquido, receita ou despesa”. 17 Além disso, pelo reconhecimento se vinculam os elementos, o balanço patrimonial e a demonstração do resultado e a demonstração do resultado abrangente (CPC, 2019, s. p.): “As demonstrações estão vinculadas porque o reconhecimento de item (ou mudança em seu valor contábil) exige o reconhecimento ou desreconhecimento de um ou mais outros itens (ou mudanças no valor contábil de um ou mais outros itens)”. Para melhor compreensão, vamos a um exemplo: se existir o reconhecimento de uma despesa, ao mesmo tempo obrigatoriamente há: “(i) o reconhecimento inicial do passivo, ou aumento no valor contábil do passivo; ou (ii) o desreconhecimento do ativo, ou diminuição no valor contábil do ativo” (CPC, 2019, s. p.). QUADRO 4 – COMO O RECONHECIMENTO VINCULA OS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS FONTE: CPC 00 (R2) (2019, s. p.) Pela imagem, apresenta-se uma relação entre as demonstrações contábeis (partes cinzas) e os elementos das demonstrações (partes brancas). Ou seja, parto de um Balanço Patrimonial inicial, composto de Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. Há o resultado do exercício e resultado abrangente que, somados ao resultado do confronto das contribuições de detentores e das contribuições aos detentores, é transferido e transforma-se no Balanço Patrimonial no final do período. 18 4.1 CRITÉRIOS DE RECONHECIMENTO O CPC 00 (R2) – no qual o R2 significa que é a segunda revisão da Estrutura Conceitual – estipula que os critérios de reconhecimento são relacionados com as características qualitativas de informações financeiras úteis, que seriam 1) Relevância e 2) Representação Fidedigna. É importante se atentar a isso, pois antes da revisão R2, os critérios de reconhecimento eram que “a entidade deveria reconhecer um item que atendesse à definição de um elemento se fosse provável que benefícios econômicos fluiriam para a entidade e se o item tivesse um custo ou valor que pudesse ser determinado com segurança” (RIOS; MARION, 2020, p. 39). A explicação do CPC 00 (R2) (2019, s. p.) para essa definição atual encontra-se no capítulo 5: Somente itens que atendem à definição de ativo, passivo ou patrimônio líquido devem ser reconhecidos no balanço patrimonial. Similarmente, somente itens que atendem à definição de receitas ou despesas devem ser reconhecidos na demonstração do resultado e na demonstração do resultado abrangente. Contudo, nem todos os itens que atendem à definição de um desses elementos devem ser reconhecidos. Não reconhecer um item que atenda à definição de um dos elementos torna o balanço patrimonial, a demonstração do resultado e a demonstração do resultado abrangente menos completos e pode excluir informações úteis das demonstrações contábeis. Por outro lado, em algumas circunstâncias, reconhecer alguns itens que atendem à definição de um dos elementos não forneceria informações úteis. O ativo ou passivo é reconhecido somente se o reconhecimento desse ativo ou passivo e de quaisquer receitas, despesas ou mutações do patrimônio líquido resultantes fornece aos usuários das demonstrações contábeis informações que são úteis. Então, as duas características qualitativas são a Relevância e a Representação Fidedigna: A Relevância quer dizer que um item até pode se enquadrar nas definições de ativo, passivo, patrimônio líquido, receita e despesa, porém nem sempre ele é útil para o usuário dasdemonstrações contábeis. Algumas razões para isso são, conforme CPC 00 (R2): (a) é incerto se existe ativo ou passivo (ver item 5.14); ou (b) existe ativo ou passivo, mas a probabilidade de entrada ou saída de benefícios econômicos é baixa. “Mesmo no caso de baixa probabilidade de entrada ou saída de benefícios econômicos, o reconhecimento do ativo ou do passivo pode fornecer informações relevantes e isso pode depender de uma série de fatores” (RIOS; MARION, 2020, p. 40). 19 Já a Representação Fidedigna está relacionada com a incerteza na mensuração, pois, muitas vezes, essa mensuração é estimada, e o uso de estimativas razoáveis faz parte da elaboração das demonstrações e “não prejudica a utilidade das informações se as estimativas são descritas e explicadas de forma clara e precisa. Mesmo o elevado nível de incerteza na mensuração não impede, necessariamente, essa estimativa de fornecer informações úteis” (CPC, 2019, s. p.). Há casos em que o nível de incerteza chega a um ponto tão alto que nem mesmo a explicação das incertezas e a descrição de como foi realizada a estimativa forneceriam informações úteis: Em circunstâncias limitadas, todas as mensurações relevantes de ativo ou passivo que estão disponíveis (ou podem ser obtidas) podem estar sujeitas a essa alta incerteza na mensuração de que ninguém forneceria informações úteis sobre o ativo ou passivo (e quaisquer receitas, despesas ou mutações do patrimônio líquido resultantes), mesmo se a mensuração estivesse acompanhada de uma descrição das estimativas feitas ao realizá-la e uma explicação das incertezas que afetam essas estimativas. Nessas circunstâncias limitadas, o ativo ou passivo não deve ser reconhecido (CPC, 2019, s. p.). Em contrapartida, pode ocorrer o Desreconhecimento, que seria a retirada de parte ou da totalidade de um ativo ou passivo reconhecido no balanço, que normalmente ocorre nos casos em que o item não se enquadre mais na definição de ativo ou passivo (CPC, 2019). O CPC 00 (R2) também explica as situações mais comuns em que ocorrem: (a) para o ativo, o desreconhecimento normalmente ocorre quando a entidade perde o controle da totalidade ou de parte do ativo reconhecido; e (b) para o passivo, o desreconhecimento normalmente ocorre quando a entidade não possui mais uma obrigação presente pela totalidade ou parte do passivo reconhecido. Ou seja, considerar as características qualitativas de Relevância e Representação Fidedigna como critério permite reconhecimentos mais coerentes dos elementos das demonstrações contábeis. 4.2 MENSURAÇÃO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Como os elementos são quantificados em termos monetários, há a necessidade de uma base de mensuração, sendo que o CPC 00 (R2) cita as formas de mensuração descritas no Quadro 5. 20 QUADRO 5 – FORMAS DE MENSURAÇÃO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Custo histórico Fornece informações monetárias sobre ativos, passivos e respectivas receitas e despesas, utilizando informações derivadas, pelo menos em parte, do preço da transação ou outro evento que deu origem a eles. Diferentemente do valor atual, o custo histórico não reflete as mudanças nos valores, exceto na medida em que essas mudanças se referirem à redução ao valor recuperável de ativo ou passivo que se torna onerosa. Valor atual Fornecem informações monetárias sobre ativos, passivos e respectivas receitas e despesas, utilizando informações atualizadas para refletir condições na data de mensuração. Devido à atualização, os valores atuais de ativos e passivos refletem as mudanças, desde a data de mensuração anterior, em estimativas de fluxos de caixa e outros fatores refletidos nesses valores atuais. Diferentemente do custo histórico, o valor atual de ativo ou passivo não resulta, mesmo em parte, do preço da transação ou outro evento que deu origem ao ativo ou passivo. Valor justo É o preço que seria recebido pela venda de ativo ou que seria pago pela transferência de passivo em transação ordenada entre participantes do mercado na data de mensuração. Valor em uso e valor de cumprimento É o valor presente dos fluxos de caixa, ou outros benefícios econômicos, que a entidade espera obter do uso de ativo e de sua alienação final. Valor de cumprimento é o valor presente do caixa, ou de outros recursos econômicos, que a entidade espera ser obrigada a transferir para cumprir a obrigação. Esses valores de caixa ou outros recursos econômicos incluem não somente os valores a serem transferidos à contraparte do passivo, mas também os valores que a entidade espera ser obrigada a transferir a outras partes de modo a permitir que ela cumpra a obrigação. Custo corrente É o custo de ativo equivalente na data de mensuração, compreendendo a contraprestação que seria paga na data de mensuração mais os custos de transação que seriam incorridos nessa data. O custo corrente de passivo é a contraprestação que seria recebida pelo passivo equivalente na data de mensuração menos os custos de transação que seriam incorridos nessa data. Custo corrente, como custo histórico, é o valor de entrada: reflete preços no mercado em que a entidade adquiriria o ativo ou incorreria no passivo. Assim, é diferente do valor justo, valor em uso e valor de cumprimento, que são valores de saída. Contudo, diferentemente de custo histórico, custo corrente reflete condições na data de mensuração. FONTE: CPC 00 (R2) (2019, s. p.). Há regras para a utilização de cada um desses tipos de mensuração, dependendo do tipo de movimentação, do grupo considerado, do evento, dentre outros. No entanto, destrinchar essas especificações não cabe ao intuito deste livro. 21 5 CONCEITOS DE CAPITAL E MANUTENÇÃO DE CAPITAL Quando se trata de Capital, pode-se pensar em dois tipos: Capital financeiro = ativos líquidos ou patrimônio líquido. É a visão mais comum dos usuários na análise das demonstrações, se estão “principalmente preocupados com a manutenção de capital nominal investido ou com o poder de compra do capital investido” (CPC, 2019, s. p.). Capital físico = refere-se à capacidade operacional, ou seja, “a capacidade produtiva da entidade com base, por exemplo, nas unidades de produção diária” (CPC, 2019, s. p.). Logo, para cada um deles há diferença na manutenção de capital: Manutenção do capital financeiro = o lucro é auferido somente se o montante financeiro (ou dinheiro) dos ativos líquidos no final do período exceder o montante financeiro (ou dinheiro) dos ativos líquidos no início do período, após excluir quaisquer distribuições para, e contribuições de sócios durante o período. [...] Manutenção do capital físico = o lucro é auferido somente se a capacidade produtiva física (ou capacidade operacional) da entidade (ou os recursos ou fundos necessários para alcançar essa capacidade) no final do período exceder a capacidade produtiva física no início do período, após excluir quaisquer distribuições para, e contribuições de, sócios durante o período (CPC, 2019, s. p.). Outra especificidade é que o capital físico exige a adoção do custo corrente como base de mensuração, enquanto o capital financeiro não tem exigências de mensuração específica. 6 CONVERSÃO PARA A MOEDA DE APRESENTAÇÃO O Pronunciamento Técnico que trata sobre o assunto é o CPC 02 (R2) – Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis (2010), cujo foco é “orientar acerca de como incluir transações em moeda estrangeira e operações no exterior nas demonstrações contábeis da entidade e como converter demonstrações contábeis para moeda de apresentação” (CPC, 2010, s. p.). NOTA É importante inicialmente compreender que se chama ‘moeda funcional’ aquela moeda do ambiente econômico principal no qual a entidade opera, porém, a entidade pode apresentar suas demonstrações em quaisquer moedas que desejar; nesse caso, sua posição financeira e seus resultados devem ser convertidos para a moeda de apresentação (CPC, 2010). 22 Vamos a umexemplo: um mesmo grupo econômico pode ser composto por entidades individuais com diferentes moedas funcionais, porém para que possam ser apresentadas as demonstrações contábeis consolidadas, há a necessidade de que sejam expressas numa mesma moeda comum. Nas situações em que a moeda funcional não seja de uma economia hiperinflacionária, os procedimentos de conversão são os seguintes: (a) ativos e passivos para cada balanço patrimonial apresentado (incluindo os balanços comparativos) devem ser convertidos, utilizando-se a taxa de câmbio de fechamento na data do respectivo balanço; (b) receitas e despesas para cada demonstração do resultado abrangente ou demonstração do resultado apresentada (incluindo as demonstrações comparativas) devem ser convertidas pelas taxas de câmbio vigentes nas datas de ocorrência das transações; e (c) todas as variações cambiais resultantes devem ser reconhecidas em outros resultados abrangentes (CPC, 2010, s. p.). IMPORTANTE Hiperinflação é o nome dado ao fenômeno inflacionário que ultrapassa os níveis considerados como adequados. De forma mais objetiva, situações onde os índices de inflação atingem mais de 50% ao mês podem ser considerados como hiperinflação. Muitos sabem que essa é, normalmente, uma condição rara de se encontrar, no entanto ela ocorreu algumas vezes em países como China, Brasil, Rússia, Argentina, Hungria, entre outros. Os efeitos nocivos de uma inflação extremamente alta são bastante concentrados na corrosão do poder de compra da classe baixa e média de um país. Desse modo, uma inflação muito elevada pode causar uma recessão econômica afetando de forma generalizada a economia de um país. Normalmente, uma hiperinflação acontece quando há um aumento significativo na oferta monetária não suportada pelo crescimento do produto interno bruto. Esse fenômeno acontece todas as vezes que há um desequilíbrio na oferta e na demanda pelo dinheiro. Quando vem em conjunto com guerras, essa elevação da inflação ocorre devido à perda de confiança na capacidade da moeda em manter o seu valor no mercado. Desse modo, os negociadores de moeda normalmente exigem um prêmio de risco para que possam aceitar a moeda a ser transacionada, aumentando assim os preços cobrados. Outro propulsor da inflação alta é a liberação de crédito de forma intensa e indiscriminada, irrigando assim a economia com dinheiro “fácil”. Essa política foi muito vista através da concessão de empréstimos subsidiados realizada pelo BNDES. Além disso, uma inflação extremamente elevada pode ser acentuada, pela prática de acumular mercadorias por parte da população de modo que haja escassez de itens básicos nas prateleiras, criando assim uma espiral ascendente de inflação. FONTE: <https://www.suno.com.br/artigos/hiperinflacao/>. Acesso em: 24 fev. 2022. 23 Já nos casos em que a moeda funcional seja de uma economia hiperinflacionária, inicialmente a entidade precisa reelaborar suas demonstrações nos moldes do CPC 42 (2018, s. p.) – Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária e, após, os procedimentos para a conversão são: (a) todos os montantes (isto é, ativos, passivos, itens do patrimônio líquido, receitas e despesas, incluindo saldos comparativos) devem ser convertidos pela taxa de câmbio de fechamento da data do balanço patrimonial mais recente, exceto que, (b) quando os montantes forem convertidos para a moeda de economia não hiperinflacionária, os montantes comparativos devem ser aqueles que seriam apresentados como montantes do ano corrente nas demonstrações contábeis do ano anterior (isto é, não ajustados para mudanças subsequentes no nível de preços ou mudanças subsequentes nas taxas de câmbio). 7 APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS CONSOLIDADAS O CPC 36 (R3) (2012) trata sobre as Demonstrações Contábeis Consolidadas (quando a entidade controla uma ou mais entidades). Almeida (2020, p. 37) explica que “a consolidação tem por objetivo apresentar demonstrações contábeis de duas ou mais sociedades, representadas pela controladora e pelas suas controladas, como se fossem uma única entidade”. O autor deixa claro que a consolidação ocorre apenas extracontabilmente, pois as sociedades consolidadas continuam existindo juridicamente. Da mesma forma, não há efeitos fiscais ou legais. Imagine, no exemplo dado por Rios e Marion (2020), um grupo de entidades que tenha em seu quadro uma empresa com resultados operacionais e financeiros espetaculares, porém que só consegue alcançar tal patamar por outra empresa dentro do mesmo grupo operar com prejuízo para fornecer operações à primeira. A consolidação existe, pois, para os acionistas e administradores, o que vale é a situação do conjunto dessas empresas, não a de cada uma individualmente (caso em que algumas empresas do grupo poderiam parecer em situação especialmente ruim). Com a consolidação, as operações entre essas companhias são eliminadas, pois passam a ser consideradas operações internas de uma única empresa. Os autores resumem da seguinte forma: Consolidar significa reunir todos os dados das demonstrações financeiras de todas as empresas integrantes de um grupo econômico, eliminar os dados referentes às operações comerciais ou financeiras realizadas entre as mesmas e apresentar a situação patrimonial e o resultado das operações como se fosse uma única empresa (RIOS; MARION, 2020, p. 132). Mas como saber se uma empresa tem controle sobre outra? O CPC 36 (R3) aponta que o investidor controla a investida se, e somente se, o investidor possuir todos os atributos seguintes: 24 (a) poder sobre a investida: possui direitos que lhe permitam dirigir as atividades relevantes da investida. (b) exposição a, ou direitos sobre, retornos variáveis decorrentes de seu envolvimento com a investida: retornos resultantes do envolvimento com a investida variam conforme o resultado de desempenho da investida. (c) a capacidade de utilizar seu poder sobre a investida para afetar o valor de seus retornos: consegue usar seu poder para afetar seus retornos. Outro detalhe fundamental é que a controladora precisa apresentar as participações de não controladores separadamente do patrimônio líquido dos proprietários da controladora. Sempre que a controladora não possuir 100% da controlada, existe a figura do não controlador, que seria a participação minoritária, a parte do patrimônio líquido que não é possuída pela controlada, nem direta nem indiretamente. FIGURA 6 – ESTRUTURA SOCIETÁRIA – CONTROLADORA E CONTROLADAS FONTE: Adaptado de <https://www.blbbrasil.com.br/blog/cpc-44-cpc-36-demonstracoes- combinadas-consolidadas/>. Acesso em: 24 mar. 2022. Na imagem, a Alfa seria a Controladora (holding), que possui 100% de participação societária nas controladas Beta e Gama. Agora que compreendemos a parte teórica das Demonstrações Consolidadas, vamos ver um exemplo real de uma Demonstração de Resultados, da empresa Metisa S.A. 25 TABELA 1 – DEMONSTRAÇÃO CONSOLIDADA DA METISA S.A. FONTE: <https://www.metisa.com.br/wp-content/uploads/2021/03/31-12-2020_RB_Balanco- METISA-2020.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2022. Está marcado em vermelho o local em que se apresentam as informações consolidadas. No outro lado, constam os valores da Controladora, que seria considerada a Demonstração Individual. 8 APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SEPARADAS Pode ocorrer de algum investidor ou credor solicitar à investidora as Demonstrações Contábeis Separadas, ou seja, pedir que apresente suas demonstrações separadamente do grupo. É para tratar dessas questões que foi criado o CPC 35 (R2) (2012). Um detalhe importante é que “as demonstrações contábeis em que a entidade não possui investimentos em controlada, em coligada ou em empreendimento controlado em conjunto não são consideradas demonstrações separadas” (CPC, 2012, s. p.). Mas não é muito comum a solicitação dessas Demonstrações Separadas, em geral, a situação apresentada nas Demonstrações Consolidadas acaba sendomais condizente com a realidade da controladora, ou seja, mais coerente com o objetivo de análise dos usuários. 26 9 APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS COMBINADAS As Demonstrações Combinadas não advêm de normas do IFRS, mas pela necessidade da realidade das práticas brasileira, culminando na criação do CPC 44 (2011). Também não há previsão legal na lei societária brasileira, por isso, não há obrigatoriedade de elaboração dessas demonstrações. No CPC 44 (2011, s. p.), é explicado de forma bem didática o que seriam as Demonstrações Combinadas: A entidade que controle uma ou mais entidades e elabore relatórios contábeis-financeiros, deve apresentar demonstrações contábeis consolidadas. No entanto, nem todas as entidades controladoras elaboram relatórios financeiros. Por exemplo, a entidade controladora pode ser um indivíduo ou grupo de indivíduos, tais como uma família. Se este for o caso, demonstrações contábeis combinadas podem fornecer informação importante sobre entidades sob controle comum, como um grupo. Ou seja, no caso das Demonstrações Combinadas, não existe a figura de uma controladora, mas de um grupo de entidades sob controle comum. Imagine uma pessoa física que tenha controle de entidades; pois bem, não existe previsão para elaboração de Demonstrações Financeiras de uma pessoa física, correto? Logo, pode-se criar as Demonstrações Combinadas, que fornecem as informações necessárias para a análise pelos usuários. FIGURA 7 – ACIONISTA COMO ENTIDADE CONTROLADORA FONTE: <https://www.blbbrasil.com.br/blog/cpc-44-cpc-36-demonstracoes-combinadas- consolidadas/>. Acesso em: 25 mar. 2022. Na imagem, temos o acionista como entidade controladora. No caso, o Sr. Oliveira, como pessoa física, detém 100% da participação societária das empresas Alfa Oliveira, Beta Oliveira e Gama Oliveira. Deu para compreender os aspectos iniciais de uma Análise das Demonstrações Contábeis? Já aprendemos tanta coisa até agora... e ainda tem muitos conhecimentos sensacionais pela frente. Vamos lá? 27 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A análise das Demonstrações Financeiras acontece com a extração dos dados das Demonstrações Financeiras, seguida do cálculo dos indicadores e interpretação de informações quantitativas e qualitativas, e sua posterior utilização para a tomada de decisões. • Há vários usuários das Demonstrações Financeiras, entre eles os administradores das empresas, investidores, fornecedores, bancos, entre outros. Cada usuário possui um objetivo diferente e demanda informações diferentes para realizar sua análise. • Para garantir uma análise mais assertiva, há a padronização dos registros contábeis e das demonstrações financeiras, a fim de deixar o mais claro possível a realidade econômico-financeira da empresa. • Os elementos das Demonstrações Contábeis são: ativo, passivo, patrimônio líquido, receitas e despesas. Os critérios de reconhecimento são a Relevância e a Representação Fidedigna. • Além das Demonstrações Financeiras individuais das entidades, há casos em que se apresentam Demonstrações Consolidadas, Demonstrações Separadas e Demonstrações Combinadas. RESUMO DO TÓPICO 1 28 1 Os registros contábeis evidenciam os eventos ocorridos na entidade, mas não são um fim em si mesmos. Tais registros agrupados fornecem saldos constantes nas Demonstrações Contábeis/Financeiras. Qual é a importância da análise dessas Demonstrações Contábeis? Justifique. 2 É sabido que muitos são os usuários das Demonstrações Contábeis, cada um deles possuindo objetivos diferentes durante uma análise. Refletindo sobre o que estudamos até aqui, você como estudante também pode se considerar um usuário das Demonstrações? Qual seria a finalidade de utilização das Demonstrações para um acadêmico em sua formação profissional? 3 No caso em que dois usuários das Demonstrações (externos à empresa) decidem analisar a mesma entidade, partindo do pressuposto de que as informações a que tenham acesso são as mesmas: os resultados de ambos serão iguais? Explique sua resposta. 4 Um dos tipos de usuários das Demonstrações é o Cliente. Partindo das informações expostas até o momento, qual das sentenças a seguir apresenta o risco corrido por uma empresa que concentra a maior parte de suas vendas em um único Cliente? a) ( ) Foco em um mesmo cliente dá maior liberdade a ele para cobrança de ajustes na administração da empresa. b) ( ) Diminuição da rentabilidade da empresa, pois as opções de venda são reduzidas e, consequentemente, o seu alcance diminui. c) ( ) Caso o cliente tenha problemas de capacidade de pagamento ou de continuidade das operações, a empresa será afetada também pois depende muito do cliente. d) ( ) Seu processo de modernização precisa ser constante, para manter o cliente afastado dos concorrentes. 5 Os elementos das Demonstrações são o Ativo, o Passivo, o Patrimônio Líquido, as Receitas e as Despesas, e o conhecimento sobre eles é necessário e básico para a compreensão da contabilidade. Sobre os elementos das Demonstrações Financeiras, associe os itens, utilizando o código a seguir: I- Ativo II- Passivo III- Patrimônio Líquido IV- Receitas V- Despesas AUTOATIVIDADE 29 ( ) São reduções nos ativos, ou aumentos nos passivos, que resultam em reduções no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a contribuições de detentores de direitos sobre o patrimônio. ( ) Participação residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os seus passivos. ( ) Obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como resultado de eventos passados. ( ) São aumentos nos ativos, ou reduções nos passivos, que resultam em aumentos no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a contribuições de detentores de direitos sobre o patrimônio. ( ) Recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado de eventos passados. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) IV – I – V – III – II. b) ( ) II – III – IV – I – V. c) ( ) I – V – III – II – IV. d) ( ) V – III – II – IV – I. 6 Há um longo caminho que precisa ser percorrido até que as Demonstrações estejam prontas para serem utilizadas. Sobre os processos de análise das Demonstrações, ordene os itens a seguir: I- Elaboração das Demonstrações Contábeis e informações. II- Utilização dos dados para tomada de decisões. III- Ocorrência dos fatos e eventos econômicos e financeiros. IV- Realização do processo contábil. V- Implementação da técnica de análise das Demonstrações Contábeis. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: a) ( ) III – V – I – II – IV. b) ( ) I – IV – V – III – II. c) ( ) II – III – I – IV – V. d) ( ) V – II – III – I – IV. 30 31 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS – PARTE 1 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 1 TÓPICO 2 - Neste tópico, vamos iniciar a compreensão de como é a Estrutura das Demonstrações Financeiras, que são as seguintes: • Balanço Patrimonial (BP). • Demonstração do Resultado (DRE). • Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL). • Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA) – pode estar constante dentro da DMPL. • Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). • Demonstração dos Resultados Abrangentes (DRA). • Demonstração do Valor Adicionado (DVA). • Notas Explicativas. Algumas são obrigatórias para todas as empresas, como o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado. Já outras são facultativas dependendo do tipo de empresa. As Notas Explicativas são consideradas elemento integrante do conjunto obrigatório, e são necessárias para complementar as Demonstrações Financeiras. Ainda há outros elementos que são publicados pelas empresas de capital aberto, como Relatório da Administração, Relatório do Auditor Independente, Parecer do Conselho Fiscal, entre outros. DICA Caso deseja verificar uma empresa que possui relatórios e informações complementares em maior complexidade, sugerimos a do Bradesco S.A. parao ano de 2020. Conseguem-se retirar informações importantes de cada uma das demonstrações individualmente, porém, é em uma análise conjunta de todas as demonstrações disponíveis que se alcança um resultado mais acurado. Isso porque muitas informações constantes em uma demonstração podem ser destrinchadas de forma mais complexa e detalhada em outra. Por exemplo, a imagem a seguir demonstra que uma das 32 informações trazidas pelo Balanço Patrimonial é a variação da conta Disponibilidades, mas só saber quanto a conta variou de um ano para o outro em si pode não ser suficiente. Para compreender o que levou ao aumento, diminuição ou estagnação do saldo da conta, é importante consultar a Demonstração dos Fluxos de Caixa, que vai detalhar os eventos que levaram à essa variação. FIGURA 8 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS COMO EXPLICAÇÃO PARA O BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: Marion (2019, p. 8). 33 Agora, vamos entender mais sobre cada uma das Demonstrações Financeiras? 2 BALANÇO PATRIMONIAL O Balanço Patrimonial demonstra a situação patrimonial de uma empresa em um determinado momento. É muito utilizada a comparação com uma fotografia, pois apresenta um momento estático da empresa. O Ativo (bens e direitos) da Entidade é apresentado no lado esquerdo do BP, enquanto o Passivo (obrigações) e o Patrimônio Líquido (diferença entre o Ativo e o Passivo) são apresentados do lado direito do BP. ATENÇÃO Caso deseja relembrar o que são esses elementos, aprendemos sobre eles no Tópico 1 desta Unidade 1, em ‘Elementos das Demonstrações Contábeis’, é só retomar as páginas e relê-las. De acordo com Iudícibus et al. (2019, p. 105): O Balanço Patrimonial é importante pois apresenta as aplicações de recursos feitas pela empresa (Ativos) e as origens desses recursos, que podem ser de terceiros (Passivos) ou próprios (Patrimônio Líquido). [...] Para a Análise de Balanços ser mais bem-feita, o ideal é que o BP apresente seus dados em dois períodos: o período do último exercício encerrado e o do exercício anterior a este. A visão de dois balanços consecutivos mostra facilmente a movimentação ocorrida no período e como a estrutura patrimonial e financeira da empresa se modificou. Para ilustrar melhor essa explicação sobre Origens e Aplicação de recursos, que tal visualizar uma representação do Balanço Patrimonial? FIGURA 9 – QUADRO-RESUMO DO BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: Iudícibus et al. (2019, p. 106). 34 Agora, vamos ver um Balanço Patrimonial real, divulgado pela empresa Metisa S.A., que é listada na bolsa de valores: TABELA 2 – BALANÇO PATRIMONIAL DA METISA S.A. FONTE: Metisa S.A. (2022, s.p.). 35 O nome é Balanço Patrimonial para demonstrar o equilíbrio entre os dois lados: o total do Ativo (lado esquerdo do balanço) sempre é igual ao total do Passivo + Patrimônio Líquido (lado direito do balanço). Fica claro na marcação inserida na imagem do BP da Metisa. Na primeira coluna de valores, referentes a 2020 da Controladora, o valor tanto do Ativo quanto do Passivo é R$356.254.072. É importante notar que as contas do Ativo são apresentadas por ordem decrescente de grau de liquidez (que é sua capacidade de gerar caixa). Parte-se então da conta com maior liquidez, que é Caixa e Equivalentes de Caixa (que já é dinheiro propriamente dito) seguindo até os Ativos que não têm finalidade de comercialização, logo, que a empresa não pretende transformar em dinheiro. Já as contas do Passivo são apresentadas por ordem decrescente de exigibilidade, ou seja, as obrigações que precisam ser pagas antes aparecem primeiro, seguindo até as obrigações de longo prazo, com vencimento mais distante. 2.1 GRUPOS CONSTANTES NO BALANÇO PATRIMONIAL Já aprendemos na Unidade 1 – Tópico 1 deste livro didático, em ‘Elementos das Demonstrações Contábeis’, sobre o que são Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. Caso necessário, é só retomar esse tópico para relembrar. Eles são divididos em subgrupos: FIGURA 10 – GRUPOS E SUBGRUPOS DO BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: Iudícibus et al. (2019, p. 106). Sobre a divisão, basicamente, é composto por: Ativo Circulante – segundo o CPC 26 (2011, s. p.), é considerado circulante quando satisfazer qualquer dos critérios a seguir: (a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade; (b) está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado; (c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; ou 36 (d) é caixa ou equivalente de caixa, a menos que sua troca ou uso para liquidação de passivo se encontre vedada durante pelo menos doze meses após a data do balanço. Ativo Não Circulante – Todos os demais ativos que não se enquadrem como circulante, precisam ser classificados como não circulante. Realizável a longo prazo – Itens semelhantes aos circulantes, mas que possuem menor liquidez, logo, serão realizáveis no longo prazo (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020). Investimento – Não relacionados à atividade da empresa nem se destinam a negociações: entram as participações em outras sociedades, imóveis alugados a terceiros (com objetivo de obter renda), obras de arte etc. (IUDÍCIBUS, 2017). Imobilizado – Bens corpóreos (físicos), que se destinam à manutenção da atividade da entidade, e que “é mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou para fins administrativos; e (b) se espera utilizar por mais de um período” (CPC 27, 2009, s. p.). Intangível – “Bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade. São exemplos: direitos autorais, patentes, marcas, [...] gastos com desenvolvimento de novos produtos etc.” (MARTINS, MIRANDA, DINIZ, 2020). Passivo Circulante – segundo o CPC 26 (2011, s. p.), é considerado passivo circulante quando satisfazer qualquer dos critérios a seguir: (a) espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade; (b) está mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado; (c) deve ser liquidado no período de até doze meses após a data do balanço; ou (d) a entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço. Passivo Não Circulante – Todos os demais passivos que não se enquadrem como circulante, precisam ser classificados como não circulante. É o chamado Exigível a Longo Prazo. No Patrimônio Líquido “são contabilizados principalmente os recursos investidos pelos sócios no negócio e os lucros retidos na forma de reservas” (ALMEIDA, 2019, p. 57). É importante ressaltar que: A conta lucros ou prejuízos acumulados é utilizada para receber o resultado do período obtido pela entidade. No entanto, as sociedades anônimas que tiverem resultados positivos terão que destiná-los totalmente às diversas reservas e à distribuição na forma de dividendos. No Balanço Patrimonial das sociedades por ações essa conta somente deverá aparecer quando houver resultados negativos, ou seja, Prejuízos Acumulados (MARTINS, MIRANDA, DINIZ, 2020, p. 27). 37 3 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO (DRE) A Demonstração do Resultado (DRE) mostra o resultado líquido do período (Lucro ou Prejuízo), através do confronto entre as receitas e despesas. “Em linhas gerais, o resultado é apurado deduzindo-se das receitas todas as despesas (inclusive os custos, que nesse momento se transformam em despesas) que a empresa incorreu no referido período” (MARTINS, MIRANDA, DINIZ, 2020, p. 32). Por isso, é apresentado como forma dedutiva, pois deduz-se das Receitas as Despesas. ATENÇÃO Caso deseja relembrar o que são esses elementos, aprendemos sobre eles na Unidade 1 – Tópico 1 deste livro, em ‘Elementos das Demonstrações Contábeis’, é só retomar as páginas e relê-las. Você se lembra quando o Balanço Patrimonial foi comparado a uma foto estática? A Demonstração do Resultado (DRE), ao contrário, é comparada a um vídeo, pois demonstra o que ocorreu durante um determinadoperíodo. É interessante que “com os dois relatórios, qualquer pessoa interessada nos negócios da empresa tem condições de obter informações, fazer análises, estimar variações, tirar conclusões de ordem patrimonial e econômico-financeira, traçar novos rumos para futuras transações” (IUDÍCIBUS et al., 2019, p. 118). No entanto, de acordo com os autores, isso não tira a importância da análise das demais demonstrações, que serão explicadas no próximo tópico, pois em conjunto se consegue realizar um aprofundamento na situação patrimonial e financeira de uma entidade. A estrutura de uma Demonstração do Resultado básica pode ser apresentada conforme esquema a seguir: 38 QUADRO 6 – EXEMPLO DE DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO (DRE) DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO (em reais) 20x2 20x1 RECEITA LÍQUIDA 450.530 356.890 (-) Custo das Mercadorias Vendidas ou Serviços Prestados (160.125) (126.560) (=) LUCRO BRUTO 290.405 230.330 (-) DESPESAS OPERACIONAIS (38.200) (26.450) (-) Despesas de Vendas (25.300) (16.600) (-) Despesas Administrativas (12.900) (9.850) LUCRO OPERACIONAL ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO 252.205 203.880 (+) Receitas Financeiras 2.600 1.550 (-) Despesas Financeiras (3.000) (2.000) (=) RESULTADO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL 251.805 203.430 (-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social (61.614) (48.823) (=) LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 190.191 154.607 FONTE: A autora 3.1 ITENS CONSTANTES NA ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO Receita líquida: “Nas publicações deve-se começar a Demonstração com a Receita Líquida, ficando a conciliação entre esse valor e a Receita Bruta evidenciada apenas em nota explicativa” (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020, p. 34). Receita Bruta seria o total bruto vendido no período, e para chegar à Receita Líquida são realizadas as Deduções, que basicamente incorporam as Devoluções (cancelamentos de venda), Abatimentos (descontos incondicionais concedidos) e Impostos sobre as vendas (que na realidade pertencem ao governo, não à empresa, que é simplesmente uma intermediária, responsável por cobrar do adquirente e repassar o valor ao governo) (IUDÍCIBUS, 2017). Da Receita Líquida se deduz o Custo das Mercadorias Vendidas ou Custo dos Serviços Prestados, chegando no Lucro Bruto. São listados então as Despesas Operacionais, ou seja, aquelas relacionadas com a atividade-fim da empresa, como as Despesas de Venda e as Despesas Administrativas. Chega-se, então, ao Lucro Operacional antes do Resultado Financeiro. O Resultado Financeiro é obtido pelo confronto entre Receitas Financeiras e Despesas Financeiras. Somando-se ou subtraindo-se o resultado (dependendo se for positivo ou negativo), chega-se ao Resultado antes do Imposto de Renda e Contribuição Social. Deduzindo a provisão do Imposto de Renda e Contribuição Social, chega-se, por fim, ao Lucro Líquido do Exercício. 39 Cada entidade estrutura a DRE da forma que apresentar melhor sua realidade, desde que apresente os itens obrigatórios constantes nas normas contábeis. Como são realizadas comparações entre períodos diferentes, é importante, apesar disso, que a entidade mantenha um padrão para suas demonstrações, a fim de permitir a comparabilidade. Vamos consultar uma DRE real da Metisa, publicada por ser empresa aberta na Bolsa: TABELA 3 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DA METISA S.A. FONTE: Metisa S.A. (2022, s.p.) 4 DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS ABRANGENTES (DRA) Aprendemos que a Demonstração do Resultado demonstra o confronto entre as receitas realizadas e as despesas incorridas no período. Então, o que é abrangido na Demonstração dos Resultados Abrangentes – DRA? As mutações que ocorreram no Patrimônio Líquido e que não passaram pelo Resultado, desde que não decorram de transações com os proprietários. Para Martins, Miranda e Diniz (2020, p. 39): 40 A adoção dos padrões internacionais de contabilidade no Brasil trouxe a obrigatoriedade da divulgação da Demonstração do Resultado Abrangente. Sem dúvida nenhuma, foi um avanço o reconhecimento de variações patrimoniais que ainda não transitaram pelo resultado. No entanto, do ponto de vista da tomada de decisões, ainda é preciso amadurecer o uso da referida demonstração. Não está consolidado na literatura, por exemplo, o efeito dos resultados abrangentes nos índices de rentabilidade, embora esteja claro que os valores nela reconhecidos são uma prévia de resultados futuros. A DRA inicia pelo Resultado Líquido do Exercício, retirado do final da DRE, podendo ser lucro ou prejuízo. O CPC 26 (R1) (2011) estipula que os resultados abrangentes incluem, entre outros, variações na reserva de reavaliação quando permitidas legalmente, ganhos e perdas atuariais em planos de pensão e ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior. Vamos ver o exemplo de DRA da empresa Gerdau S.A., listada na bolsa: TABELA 4 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE 2020, DA GERDAU S.A. FONTE: Gerdau S.A. (2022, s.p.). Apesar de, neste livro, não nos aprofundarmos nos temas contábeis avançados como os descritos na DRA, é importante verificar como a demonstração pode ser utilizada para conhecer as especificidades da empresa, trazendo informações que podem ser relevantes para a decisão do analista das demonstrações financeiras. Ressalta-se que existem casos em que a empresa não possui eventos a relacionar em resultados abrangentes ou os eventos são em pequena quantidade, então, se durante seu estudo você consultar DRAs de empresas listadas na bolsa e a DRA não apresentar itens, não há problemas. 41 DICA Caso deseja estudar mais sobre o assunto, compreendendo melhor os aspectos básicos da contabilidade, sugerimos a leitura do livro “Contabilidade Introdutória”, coordenado pelo prof. Sérgio de Iudícibus, que possui livro-texto e livro de exercícios. FONTE: <encurtador.com.br/xJ789>. Acesso em: 24 fev. 2022. 42 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • Algumas demonstrações financeiras são obrigatórias (ou para todas as empresas ou para algumas delas). Já outras são facultativas, dependendo do tipo de empresa. • Individualmente, se consegue obter informações necessárias para os usuários das Demonstrações, mas é analisando-as em conjunto que um melhor resultado é encontrado. Isso ocorre principalmente porque uma demonstração acaba detalhando e destrinchando as informações de outra, complementando a visão geral da empresa. • O Balanço Patrimonial demonstra a situação patrimonial de uma empresa em determinado momento, e é composto pelos Ativos (bens e direitos), Passivos (obrigações) e Patrimônio Líquido (diferença entre o Ativo e o Passivo). • A Demonstração de Resultado informa o resultado líquido do período, quer seja lucro ou prejuízo, resultante do confronto entre as Receitas e Despesas. • A Demonstração dos Resultados Abrangentes apresenta as mutações do patrimônio líquido que não passaram pelo resultado, desde que não decorram de transações com os proprietários. 43 1 Quando abordamos a expressão “Demonstrações Financeiras”, trata-se não somente de demonstrações obrigatórias. Dependendo da empresa, pode existir obrigatoriedade na publicação de uma determinada Demonstração, enquanto para outra, sua divulgação é facultativa. Na sua visão, quais são as vantagens de se elaborar uma demonstração, mesmo que não seja uma obrigatoriedade para a empresa? Justifique. 2 O Balanço Patrimonial é provavelmente a demonstração mais conhecida de todas. Sua utilização é ampla tanto entre os usuários internos quanto entre os usuários externos das Demonstrações Financeiras. Sobre o Balanço Patrimonial, analise as sentenças a seguir: I- Demonstra o que acorreu com a posição financeira de uma empresa em um determinado período, como se fosse um vídeo. II- É dividido em Ativo (bens e direitos), Passivo (obrigações) e Patrimônio Líquido (diferença entre o Ativo e o Passivo). III- As origens de recursosque entram em uma empresa são registradas no Ativo, enquanto as aplicações de recursos (ou seja, em que contas essas origens foram alocadas) são registradas no Passivo. IV- O nome Balanço Patrimonial representa o equilíbrio entre os dois lados, ou seja, o total do Ativo (registrado no lado esquerdo do balanço) sempre é igual ao total do Passivo + Patrimônio Líquido (registrados no lado direito do balanço). Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a sentença III está correta. b) ( ) As sentenças II e IV estão corretas. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença I está correta. 3 A Demonstração do Resultado é uma demonstração fundamental para se compreender se as operações da empresa estão gerando lucro ou prejuízo e, por isso, é imprescindível sua compreensão para uma análise das Demonstrações acuradas. Sobre o exposto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) A Demonstração do Resultado é elaborado de forma dedutiva pois das Receitas se deduz as Despesas. ( ) Nas Demonstrações do Resultado publicadas, deve iniciar-se pela Receita Bruta, que é o total bruto vendido no período, para depois serem deduzidos os Impostos s/ Vendas, Abatimentos e Devoluções, chegando então na Receita Líquida. AUTOATIVIDADE 44 ( ) O Resultado Financeiro é obtido após a dedução do Imposto de Renda e da Contribuição Social. ( ) As Despesas Operacionais são aquelas relacionadas com a atividade-fim da empresa. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) F – F – V – V. b) ( ) V – V – F – V. c) ( ) F – V – V – F. d) ( ) V – F – F – V. 4 Os lançamentos contábeis são registrados em contas agrupadas de acordo com a natureza dos eventos a que se referem. O Balanço Patrimonial demonstra agrupamentos específicos, como divididos em Circulante e Não Circulante. Sobre os grupos do Balanço Patrimonial, associe os itens, utilizando o código a seguir: I- Ativo Circulante. II- Realizável a Longo Prazo. III- Imobilizado. IV- Passivo Não Circulante. V- Patrimônio Líquido. ( ) Estoque de mercadorias em elaboração. ( ) Empréstimo de longo prazo. ( ) Capital Social. ( ) Contas a Receber de longo prazo. ( ) Móveis e Utensílios. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: a) ( ) I – IV – V – II – III. b) ( ) III – II – IV – V – I. c) ( ) IV – III – V – I – II. d) ( ) V – I – III – IV – II. 5 (EXAME DE SUFICIÊNCIA CFC, 2021) Considere as seguintes informações extraídas dos registros contábeis da Cia. Avitar em 31/12/2020 45 Com base nas informações anteriores e após a estruturação correta do Balanço de Pagamentos da Cia. Avitar, pode-se afirmar que o Ativo Circulante, o Passivo não Circulante e o Patrimônio Líquido da empresa apresentam os respectivos valores: FONTE: <https://cfc.org.br/exame-de-suficiencia-anteriores/1o-exame-de-suficiencia-de-2021/>. Acesso em: 25 mar. 2022. A) ( ) R$ 33.000,00; R$ 7.500,00; e, R$ 45.000,00. B) ( ) R$ 25.500,00; R$ 21.000,00; e, R$ 18.000,00. C) ( ) R$ 45.000,00; R$ 6.000,00; e, R$ 21.000,00. D) ( ) R$ 43.500,00; R$ 25.500,00; e, R$ 21.000,00. 46 47 TÓPICO 3 - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS – PARTE 2 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 1 Aprendemos no tópico anterior sobre o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado, as mais conhecidas demonstrações financeiras. No entanto, há outras demonstrações, e é sobre elas que vamos tratar agora. Como já conversamos, é importante uma análise em conjunto de todas as demonstrações elaboradas pelas empresas, pois cada uma esclarece pontos específicos, que ficariam pendentes se fossem por acaso ignorados no processo. As especificidades de cada uma das demonstrações são úteis para os usuários das informações contábeis, pois os auxiliam em suas tomadas de decisão. Analistas que sabem aproveitar dados extras conseguem obviamente resultados mais satisfatórios dos que realizam os cálculos padrões de indicadores, que são em geral mais amplamente conhecidos. Preparados para iniciar mais esta etapa? 2 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO – DMPL Como o próprio nome já deixa claro, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL apresenta as mutações que ocorreram em todas as contas do Patrimônio Líquido. Com ela, consegue-se verificar o que aconteceu com a riqueza da empresa, ou seja, de que forma houve alterações no seu capital próprio. “Sua estrutura é bastante simples: nas colunas, são indicadas as contas do PL (com uma coluna final para apresentar o total das contas); e nas linhas, são apresentadas as operações que provocaram alterações das contas do PL durante o período de apresentação” (SALOTTI et al., 2019, p. 112). A seguir, vemos o exemplo da DMPL do Banco Bradesco: 48 TABELA 5 – DMPL 2020, DO BRADESCO S.A. FONTE: Bradesco (2022, s.p.). Um detalhe importante a relembrar é que só a conta de Prejuízos Acumulados pode constar no Patrimônio Líquido. Quando uma empresa apresenta Lucro Líquido, ela deve destinar esse valor, não pode deixar uma conta de Lucros Acumulados no PL. Como podemos ver no exemplo do Bradesco, houve destinação dos lucros para: aumento de Reserva Legal e Estatutária, pagamento de Juros sobre Capital Próprio ou distribuição de Dividendos. A interpretação é simples: quando aparece um número entre parênteses em uma coluna, é porque esse valor saiu daquela conta específica; e quando aparece um número sem parênteses, é porque aquela conta foi aumentada com aquele valor. Por exemplo, na primeira linha do período de 2019, a primeira coluna explica qual foi a mutação ocorrida, no caso, Aumento de Capital Social com Reservas. A linha apresenta um valor de (8.000.000) na coluna Reserva de Lucros Estatutária, e um valor de 8.000.000 na coluna de Capital Social. Então, podemos concluir que o aumento do Capital Social ocorreu totalmente com valores que já estavam registrados como Reserva de Lucros Estatutária. Simples de compreender! Com isso, analisar a DMPL auxilia o analista das demonstrações, e “sua importância se torna acentuada em face dos novos critérios da lei, pois a demonstração indicará claramente a formação e a utilização de todas as reservas” (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015, p. 224). O autor também aponta que, além disso, auxilia na verificação do cálculo realizado para definir os dividendos obrigatórios, informação relevante para quem investe em uma determinada empresa. 49 3 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO – DVA A Demonstração do Valor Adicionado tem como objetivo demonstrar quanto de riqueza foi produzida pela empresa e distribuída aos seus funcionários, ao governo, aos proprietários e aos fornecedores de capital (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020). Os autores também explicam que “a DVA tem suas raízes nos movimentos europeus que impulsionaram a responsabilidade social no final do século XX. Seu objetivo é levar à sociedade mais ampla os valores agregados pela entidade no desenvolvimento de suas atividades” (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020, p. 57). Logo, consegue-se visualizar na DVA a riqueza que foi efetivamente gerada pela empresa e de que forma ela foi distribuída em prol da sociedade. Conforme Salotti et al. (2019), é chamado ‘adicionado’ porque informa quanto valor é agregado à cadeia produtiva por cada uma das partes. Vamos imaginar que uma empresa adquire um produto por R$15.000, realiza seu processamento e passa a vendê- lo por R$20.000. Nesse caso, a empresa agregou R$5.000 de valor à cadeia produtiva. Essa geração de riqueza tem bastante relação com questões conhecidas da Economia: O conceito de valor adicionado está relacionado com o conceito de riqueza produzida. Em macroeconomia, normalmente essa riqueza é medida em termos agregados, e denominada de Produto Interno Bruno (PIB), com o objetivo de medir a atividade econômica de um país, região, estado etc. Mas aqui, estamos interessados em medir a riqueza produzida por uma entidade, no caso aquela que está reportando suasdemonstrações contábeis, incluindo a DVA. Assim, podemos dizer que o valor adicionado apresentado na DVA seria, guardadas as devidas proporções, uma espécie de PIB microeconômico, ou seja, esse valor adicionado seria equivalente, conceitualmente, ao pedaço do PIB agregado com que aquela entidade contribuiu na economia (SALOTTI et al., 2019, p. 380). NOTA Que legal é a relação da DVA com a Economia nacional! “Do ponto de vista macroeconômico, se consolidássemos as DVAs de todas as entidades de uma nação, teríamos outra metodologia, baseada em princípios e normas contábeis, para o cálculo do PIB” (SALOTTI et al., 2019, p. 382). Tal demonstração é gerada a partir das mesmas informações constantes na DRE, porém com outra apresentação, pois seu foco é diferente. É dividida em duas partes: a primeira apresenta o cálculo do valor adicionado pela empresa, ou seja, a riqueza gerada por ela. A segunda parte apresenta a distribuição do valor adicionado, ou seja, de que forma a riqueza gerada foi distribuída. 50 Segundo o CPC 09 (2008, s. p.), as informações mínimas que devem ser inclusas na DVA são: “(a) pessoal e encargos; (b) impostos, taxas e contribuições; (c) juros e aluguéis; (d) juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos; e (e) lucros retidos/prejuízos do exercício”. Que tal analisarmos uma DVA publicada pela empresa Schulz S.A.? TABELA 6 – DVA 2020, DA SCHULZ S.A. FONTE: Schulz S.A. (2020, s.p.) 51 Inicia-se com a geração de riqueza própria, composta pelas vendas deduzidas dos insumos adquiridos de terceiros, ou seja, essa diferença é o que a entidade efetivamente agregou de valor à cadeia produtiva. Entram a depreciação, amortização e exaustão, pois podem ser considerados insumos de terceiros também, mas consumidos no longo prazo. Ainda há o valor adicionado recebido em transferência, que é advindo de outras empresas, por meio de equivalência patrimonial e receitas financeiras (conforme apresentado na DVA da Schulz S.A.). Com isso, encontrou-se o Valor Adicionado a Distribuir, que foi distribuído para Pessoal; Impostos, taxas e contribuições; Remuneração de Capitais de Terceiros; e Remuneração de Capitais Próprios. E pensar que uma Demonstração pode apresentar de forma tão estruturada o quanto uma empresa fez em prol da sociedade! 4 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA A Demonstração dos Fluxos de Caixa busca apresentar o efeito das operações ocorridas no caixa da empresa. Isso porque a Contabilidade mantém o registro dos eventos pelo regime de competência, ou seja, não necessariamente há alteração no caixa; por exemplo, no caso de uma venda à prazo, a contabilização não envolve movimentação de recebimento em dinheiro, e sim de um direito a receber posteriormente. Com isso, “os usuários das demonstrações contábeis podem avaliar a capacidade de gerar fluxos futuros de caixa da entidade, a capacidade de saldar obrigações e pagar dividendos, a flexibilidade financeira da empresa e a taxa de conversão do lucro em caixa entre outros aspectos” (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020, p. 47). A Demonstração dos Fluxos de Caixa vai conseguir demonstrar a movimentação ocorrida entre os saldos inicial e final do grupo Disponibilidades (caixa e equivalentes de caixa). Na construção da Demonstração dos Fluxos de Caixa, são três os grupos nos quais são distribuídos os eventos que afetam o caixa: QUADRO 7 – GRUPOS DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA Atividades Operacionais São as principais atividades geradoras de receita da entidade e outras atividades que não são de investimento e tampouco de financiamento. Exemplos: Recebimentos de caixa pela venda de mercadorias e pela prestação de serviços. Pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços. Atividades de Investimento São as referentes à aquisição e à venda de ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa. Exemplos: Pagamentos em caixa para aquisição de ativo imobilizado. Recebimentos de caixa pela liquidação de adiantamentos ou amortização de empréstimos concedidos a terceiros. 52 Atividades de Financimento São aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e no capital de terceiros da entidade. Exemplos: Caixa recebido pela emissão de ações ou outros instrumentos patrimoniais. Pagamentos em caixa a investidores para adquirir ou resgatar ações da entidade. FONTE: Adaptado de CPC 03 (R2) (2010) 4.1 MÉTODO DIRETO E MÉTODO INDIRETO A Demonstração dos Fluxos de Caixa pode ser estruturada de duas formas diferentes: pelo Método Direto ou pelo Método Indireto. No Método Direto, apresentam- se as principais classes de pagamentos e recebimentos divididos entre os três grupos de atividades (operacionais, de investimento e de financiamento). Já no Método Indireto, inicia-se pelo Lucro Líquido do Exercício, conciliando-o com as transações que não afetaram diretamente o caixa e equivalentes de caixa. Apesar de o Método Direto ser o mais fácil de compreender pelos usuários, em geral as empresas costumam publicar pelo Método Indireto. “Em outros países que já adotaram a exigência legal do DFC, o método mais utilizado tem sido o indireto, pois possibilita a conferência dos valores por meio das demonstrações contábeis publicadas” (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015, p. 243). O próprio CPC 03 (R2), que trata da DFC, trouxe um exemplo de cada um dos Métodos. O primeiro é o Método Direto: 53 TABELA 7 – EXEMPLO DE DFC PELO MÉTODO DIRETO FONTE: CPC 03 (R2) (2010, s. p.) Dá para notar de forma clara as classes de pagamentos e recebimentos, por exemplo, Recebimento de clientes no valor de R$30.150. No entanto, muitas informações precisam ser retiradas dos registros contábeis da empresa ou de demais informações gerenciais, o que não há como ser conferido em outras demonstrações pelos analistas. Já o Método Indireto, apesar de ser um pouco mais complexo para compreensão de analistas não tão familiriazados com aspectos contábeis, pode ser confrontado com as informações das outras Demonstrações publicadas: 54 TABELA 8 – EXEMPLO DE DFC PELO MÉTODO INDIRETO FONTE: CPC 03 (R2) (2010). Por exemplo, o Método Indireto exibido traz a informação Aumento nas contas a receber de clientes e outros, o que pode ser conferido no Balanço Patrimonial. Por isso, acaba sendo o mais utilizado nas publicações de Demonstrações Financeiras. Agora, vamos conferir uma Demonstração dos Fluxos de Caixa real, publicada pela empresa Marcopolo S.A.: 55 TABELA 9 – DFC 2020, DA MARCOPOLO S.A. FONTE: Marcopolo (2020, s.p.) Conforme DFC da Marcopolo, verificamos que utilizaram o Método Indireto, iniciando pelo Lucro Líquido do Exercício, seguido das transações relacionadas às atividades operacionais, de investimentos e de financiamentos. Se olhares na linha Redução Líquida de Caixa e Equivalentes de Caixa, verás que o valor é de (17.811), que fecha com a diferença entre o Caixa e equivalentes de caixa no início e no fim do exercício, apresentado logo abaixo da Redução Líquida. A seguir, confira a conta Caixa e equivalentes de caixa no Balanço Patrimonial: 56 TABELA 10 – RECORTE DA CONTA CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA DO BALANÇO PATRIMONIAL 2020, DA MARCOPOLO S.A. FONTE: Marcopolo (2020, s.p.) Ou seja, realmente a Redução Líquida apresentada na DFC fecha com a variação ocorrida no caixa e equivalentes de caixa no período analisado. Não é escopo deste livro didático detalhar aspectos contábeis avançados, mas em caso de dúvidas sobre os itens inclusos na DFC, é interessante reler os assuntos contábeis tratados em disciplinas anteriores, ou até mesmo entrar no site RI das empresas para ler todas as demonstrações, relatórios da administração e da auditoria, assim como as Notas explicativas. Aliás, trataremos das Notas explicativas agora, vamos lá? 5 NOTAS EXPLICATIVAS As Demonstrações Financeiras apresentam saldos contábeis de forma estruturada, mas só olhando os valores constantes nos saldos é difícil ter informaçõessuficientes para uma tomada de decisão. É aí que entram as Notas Explicativas, que apresentam a descrição sobre qual a base utilizada para a elaboração das demonstrações financeiras, descrevem as práticas e estimativas contábeis escolhidas pela empresa, trazem informações adicionais sobre a composição daquele saldo etc. Com a adoção das normas internacionais pelo Brasil, o número de notas explicativas aumentou substancialmente. Isso ocorre porque a contabilidade brasileira passou ser baseada em princípios, em que a essência se sobrepõe à forma, e porque deixou de ficar atrelada às regras fiscais. Com isso, a responsabilidade do contador foi substancialmente ampliada, suas atitudes e julgamentos podem ser questionados e, portanto, devem ser claros para os usuários das informações contábeis. O espaço mais adequado para explicação das diversas circunstâncias relevantes que afetam cada conta das demonstrações contábeis é exatamente as notas explicativas (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020, p. 65). Vamos juntos verificar algumas notas explicativas constante no Balanço Anual das Lojas Renner S.A., a fim de compreender algumas informações que podem ser detalhadas, facilitando as decisões do analista das demonstrações. Suas Notas Explicativas iniciam com a base de elaboração e apresentação das Demonstrações Financeiras, como Declaração de Conformidade às Normas Internacionais de Contabilidade, descrição de como foram as bases de mensuração, políticas contábeis, dentre outras informações. 57 TABELA 11 – NOTA EXPLICATIVA SOBRE JULGAMENTOS, ESTIMATIVAS E PREMISSAS CONTÁBEIS CRÍTICAS FONTE: Renner (2020, s.p.) Outros tópicos importantes, como o Gerenciamento de Riscos, especificam com detalhes os vários tipos de riscos aos quais a empresa está sujeita, trazendo tanto dados internos quanto dados externos para corroborar a gestão de riscos realizada. Durante a análise das demonstrações, é interessante que o analista verifique a forma como as empresas se preocupam com os riscos inerentes ao negócio, pois consegue-se com isso identificar possíveis situações com as quais o analista não esteja confortável na hora de tomar a decisão de, por exemplo, investir nessas entidades. FIGURA 11 – NOTA EXPLICATIVA SOBRE GERENCIAMENTO DE RISCOS FONTE: Renner (2020, s.p.) Às vezes, a função da Nota Explicativa é simplesmente destrinchar os valores que compõem o saldo presente nas Demonstrações, de forma que o analista consiga visualizar do que realmente é composto aquele valor. Para exemplificar, vamos ver as Obrigações Fiscais constantes no Passivo do Balanço Patrimonial da Renner S.A., marcado na tabela a seguir: 58 TABELA 12 – Passivo Circulante da empresa Renner S.A. FONTE: Renner (2020, s. p.) Podemos ver na coluna NOTA, que a Nota Explicativa que trata do assunto é a 21, que simplesmente faz a decomposição do saldo total, especificando todas as obrigações fiscais da entidade, conforme tabela a seguir. TABELA 13 – NOTA EXPLICATIVA SOBRE OBRIGAÇÕES FISCAIS DA EMPRESA RENNER S.A. FONTE: Renner (2020, s.p.) Ou seja, para 2020, o saldo no BP da controladora é R$366.320, que é na verdade composto de: IR e CS – R$91.895; ICMS a Recolher – R$198.906; PIS e COFINS – R$57.772; outros tributos – R$17.747. Só olhando o saldo, não teríamos como saber que mais de 50% das Obrigações Fiscais é referente ao ICMS recolher. Outras vezes, as Notas Explicativas descrevem exatamente o cálculo feito para que se chegue ao valor definido. Vamos tomar, como exemplo, o cálculo para distribuição de juros sobre Capital Próprio e Dividendos. Em diversos momentos do Balanço Anual, foi explicada a razão dos Dividendos serem de 25%, por exemplo, na nota a seguir: 59 TABELA 14 – NOTAS EXPLICATIVAS SOBRE DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS DA EMPRESA RENNER S.A. FONTE: Renner (2020, s. p.) Quando chegamos à Nota Explicativa 28, encontramos a Base de Cálculo ajustada. O Lucro Líquido do Exercício ajustado de 2020 é de R$976.183, que se multiplicarmos pelos 25% estipulados para distribuição no ano, chega exatamente a R$244.046, valor constante na linha de Total distribuído aos acionistas, líquido do imposto de renda. Todo o relatório anual está interligado, é só estudá-lo com atenção, mas ainda há outros relatórios importantes que podem estar contidos no relatório anual, como os Relatórios da Auditoria, da Administração e do Conselho Fiscal. 6 RELATÓRIO DA AUDITORIA, DA ADMINISTRAÇÃO, DO CONSELHO FISCAL, ENTRE OUTROS Tais relatórios trazem perspectivas de profissionais específicos, que podem fazer toda a diferença na análise das Demonstarações Financeiras. 6.1 RELATÓRIO DA AUDITORIA O Relatório da Auditoria, que é obrigatório às sociedades anônimas de capital aberto, sociedades fechadas de grande porte e alguns outros tipos de entidade (como as instituições financeiras, por exemplo), é realizado pela Auditoria Independente, ou seja, alheia à empresa, não submisso à gestão da empresa. 60 O principal objetivo da auditoria é a emissão de um parecer acerca das demonstrações contábeis face aos princípios contábeis geralmente aceitos, normas brasileiras de contabilidade, demais legislações aplicáveis e práticas adotadas no Brasil. Ou seja, o auditor irá analisar e verificar se as demonstrações contábeis estão de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2020, p. 276). O parecer dos auditores pode ser, de acordo com Almeida (2019): a) Parecer sem ressalvas – o auditor concorda que as informações auditadas seguem as normas vigentes; b) Parecer com ressalvas - o auditor encontrou alguns procedimentos que divergem do seu entendimento sobre a questão de forma relevante, mas não generalizada; c) Parecer adverso – o auditor encontrou divergências que conclui serem relevantes e generalizadas; e d) Parecer com abstenção de opinião – o auditor não consegue obter evidências suficiente para emitir uma opinião. FIGURA 12 – RELATÓRIO DO AUDITOR INDEPENDENTE 2020, PARA AS DEMONSTRAÇÕES DA RENNER S.A. FONTE: Renner (2020, s. p.) No relatório anual da Renner S.A., temos um Relatório do Auditor Independente com parecer sem ressalvas, ou seja, depois do processo de auditoria, os auditores independentes chegaram à conclusão de que, em todos os aspectos relevantes, foram seguidas as práticas contábeis brasileiras e as normas internacionais (IFRS), conforme a imagem. O parecer continua além do que consta na imagem, explicando os procedimentos realizados para os principais assuntos de auditoria, mas o recorte é suficiente para compreender como verificar o tipo de parecer do auditor independente. 61 6.2 RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO O Relatório da Administração apresenta uma visão única da entidade e suas operações, pois é nele que os administradores conversam com os usuários das informações contábeis, tentando repassar de forma clara e objetiva informações e conhecimentos que só eles possuem, por gerirem a empresa e conhecerem profundamente suas especificidades, operações e processos. Por exemplo, é no Relatório da Administração que os gestores descrevem como aspectos da conjuntura econômica influenciaram a entidade no período; como a gestão lidou com sua atividade operacional (por exemplo, decisões de produção e logística); detalham informações sobre a companhia, seus valores e políticas internas; apresentam questões sociais e ambientais, e como lidam com sua força de trabalho interna; especificam de que forma é estruturada a Governança Corporativa; apontam questões que consideram importantes sobre o desempenho econômico-financeiro; dentre outros inúmeros temas que consideram fundamentais para o analista das Demonstrações Financeiras. Muitas vezes é essa visão interna e detalhada que fornece informações que suportam o entendimento das Demonstrações e Notas Explicativas em si. Entender por que os gestores optaram por certas decisões, ou definiram certas práticas em detrimentos de outras (visto que há várias práticas legais que podemser optativas aos tomadores de decisão), é fundamental para criar uma base de critérios de análise para os usuários da contabilidade. Vamos ver dois extratos pequenos do Relatório da Administração da Renner S.A. FIGURA 13 – RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO 2020 – OPERAÇÃO NO EXTERIOR, DA RENNER S.A. FONTE: Renner (2020, s. p.). É uma experiência ótima ler um pouco sobre como pensam os administradores e gestores de grandes empresas, sua interpretação dos resultados alcançados, quais seus objetivos e como pretendem alcançá-los. Assim como sua visão dos fatos econômicos nacionais e internacionais, como afetam a empresa e as perspectivas 62 dos administradores quanto ao futuro. Muitas vezes, nos focamos somente na teoria e prática específica de nossos cursos, esquecendo de olhar para o mundo ao nosso redor, que impacta diretamente nas nossas empresas. Essa visão geral é o faz a diferença no sucesso de um empreendimento e, porque não dizer, no sucesso profissional de cada um de nós. 63 COMO NÃO SE DEIXAR ENGANAR PELO SEU PRÓPRIO CÉREBRO? Na maioria das vezes, nosso maior inimigo na hora de investir somos nós mesmos Aline Tavares Desde que entrei na faculdade de Economia todas as matérias que abordavam algum modelo econômico sempre vinham acompanhados da seguinte frase: “A premissa do modelo é de que os investidores são racionais”. Os modelos neoclássicos estudados pregavam, por exemplo, que os investidores eram sempre avessos ao risco, escolhiam as opções mais seguras e detinham todas as informações disponíveis no mercado. Eu sempre achei aquela frase meio óbvia, já que nós, seres humanos, somos racionais, ainda mais quando se trata de dinheiro, economia e afins. Mas descobri logo depois que não era bem assim. O óbvio só durou até eu me deparar com as matérias de finanças e investimentos e conhecer um assunto extremamente interessante, que me fez repensar e reavaliar todos os paradigmas estudados até então: finanças comportamentais. No fim da década de 1970, os psicólogos Daniel Kahneman e Amos Tversky desenvolveram em conjunto de importantes estudos relacionados à tomada de decisão dos investidores — que renderam a Kahneman o Prêmio Nobel de Economia em 2002. Esses estudos surgiram quando os pesquisadores começaram a perceber que as explicações racionais não bastavam para justificar o comportamento humano na área de finanças. Por meio de testes e análises dos resultados obtidos, os dois especialistas concluíram que os investidores até aceitavam correr um pouco mais de risco, desde que fosse para evitar que perdessem dinheiro. Eles perceberam que as emoções ligadas ao medo da perda afetavam, e muito, a forma que os investidores entrevistados tomavam suas decisões. Posteriormente, foram desenvolvidos outros artigos acadêmicos unindo psicologia e economia para ajudar a compreender a parte humana da tomada de decisão, como os desenvolvidos por Richard Thaler e Herb Simon, que também ganharam um prêmio Nobel por causa do assunto. A ideia central de todos eles é trazer a crítica sobre os mercados eficientes e tentar humanizar as escolhas e os caminhos dos investidores. LEITURA COMPLEMENTAR 64 O fato é que todos nós somos munidos de sentimentos e instintos, e, comprovadamente, não somos capazes de manter a racionalidade o tempo todo. Tomamos decisões e fazemos escolhas a partir daquilo que é importante em determinado momento. Naturalmente, para cada escolha que fazemos, renunciamos a algo. Não temos e jamais teremos a quantidade total de informações completas do mercado para avaliar todos os riscos que podemos correr. Então, por meio dos estudos sobre o tema, foram identificados alguns vieses comportamentais mais comuns nos quais nós, investidores, incorremos na hora de investir. Vou tentar te ajudar a identificá-los e mostrar como não se deixar levar por eles. Viés da confirmação É um ato inconsciente em que tentamos buscar referências, informações e fatos que reafirmem nosso ponto de vista, ignorando ou desconsiderando opiniões contrárias. No mundo dos investimentos, esse viés é bem perigoso porque, ao pesquisar oportunidades, o indivíduo só se baseia naquilo que apoia suas crenças, ficando com uma visão parcial da situação. Como se prevenir? Tente sempre buscar o máximo de informações possível, de diferentes fontes, ouvir opiniões distintas da sua e, principalmente, lembrar-se de manter a humildade e entender que está tudo bem em mudar de opinião sobre algo. Excesso de autoconfiança É quando superestimamos ou exageramos nossa percepção na capacidade de execução de alguma tarefa. Em geral, a pessoa sente euforia, tem a sensação de invencibilidade e faz uma exposição exagerada aos riscos. No momento de investir, o excesso de confiança pode prejudicar sua capacidade de escolha, pois pode te levar a subestimar os riscos associados àqueles investimentos, além de poder acabar te levando à não diversificação da sua carteira. Como se prevenir? Reconheça suas limitações como investidor ou investidora, tenha humildade para reconhecer e assumir os erros, converse com outras pessoas sobre a sua estratégia, defina seus limites de riscos e procure sempre diversificar. Ancoragem É a tendência que temos em nos basear em uma informação do passado e considerá-la fortemente na tomada de decisão ou na formulação de estimativas, independentemente de sua relevância para o que é decidido ou estimado. É muito comum que as pessoas influenciadas por esse viés se “ancorem” nos valores de compra de uma ação para tomar a decisão de manter o investimento ou de se desfazer dele. O efeito resultante pode ser a manutenção de uma posição perdedora à espera de uma recuperação até o preço original, mesmo que as perspectivas futuras não indiquem tal possibilidade. 65 Como se prevenir? Procure não associar suas análises a preços ou cotações históricas; busque pensar nos fundamentos e perspectivas do ativo; questione suas premissas, certificando-se de que sejam realmente relevantes para a tomada de decisão e de que não sejam utilizadas apenas para suprir uma possível lacuna de informação. Efeito manada É a tendência de as pessoas fazerem algo porque outras estão fazendo, não importando as razões ou evidências. Alguns motivos justificam esse comportamento, como (i) o desejo natural de ser aceito pelo grupo; (ii) a impressão de que o movimento da maioria não pode estar errado; (iii) pânico de um estresse de mercado, por não suportar a dor da perda; e (iv) o medo de estar de fora do movimento, o famoso FOMO (“Fear Of Missing Out”). Como se prevenir? Trace seu objetivo em relação ao investimento; entenda os fundamentos; aprenda a realizar suas próprias análises ao tomar suas decisões; utilize mais a razão do que a emoção; e mantenha seu horizonte de investimento de longo prazo, dado que as desvalorizações eventuais no curto prazo são compensadas com os fundamentos ao longo dos anos. Vale ressaltar que existem outros vieses de comportamento além dos que foram apresentados aqui. No entanto, acredita-se esses sejam os mais comuns e aqueles que nos fazem cair com mais facilidade em algumas tomadas de decisões pouco favoráveis aos nossos investimentos. Muitas vezes pode ser difícil não se deixar levar pelos vieses, mas lembrar que eles existem já é o primeiro passo para começar a mudar sua mentalidade em relação aos investimentos e tomadas de decisão. Sempre questione todas as suas escolhas, busque diversas fontes de informações, foque no longo prazo e diversifique seus investimentos. Sabemos hoje que investir não se resume totalmente à utilização da racionalidade, mas entender os caminhos e as “peças” que seu cérebro pode te pregar é fundamental para se aprimorar e tomar melhores decisões de investimentos. FONTE: <https://www.infomoney.com.br/colunistas/spiti-analise/como-nao-se-deixar-enganar- pelo-seu-proprio-cerebro/>. Acesso em: 3 mar. 2022. 66 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • ADemonstração das Mutações do Patrimônio Líquido apresenta as mutações ocorridas nas contas do Patrimônio Líquido, ou seja, apresenta se houve alteração do capital próprio e a destinação da riqueza da empresa. • A Demonstração do Valor Adicionado informa quanto de riqueza foi gerada e distribuída aos seus funcionários, aos proprietários, ao governo e aos fornecedores de capital. • A Demonstração dos Fluxos de Caixa esclarece o efeito das operações ocorridas no caixa da empresa, podendo o usuário das demonstrações avaliar capacidade de fluxo de caixa, de pagamento de obrigações, dentre outros aspectos. • As Notas Explicativas servem para detalhar informações extras sobre determinadas contas, políticas contábeis adotadas, composição do saldo etc. • Os demais Relatórios, como Relatório da Auditoria, da Administração, do Conselho Fiscal, entre outros, existem para complementar a análise partindo da visão de profissionais específicos, que repassam informações de suas áreas e suas perspectivas próprias, ampliando o senso crítico em nossas análises. 67 1 A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido apresenta todas as mutações que tenham ocorrido no Patrimônio Líquido de uma entidade. Sobre o exposto, qual alternativa apresenta um fato que não afeta o patrimônio total da empresa? a) ( ) Aumento de capital por meio de integralização de capital. b) ( ) Registro de ajustes de avaliação patrimonial. c) ( ) Aumento de capital utilizando-se reservas. d) ( ) Gastos na emissão de ações. 2 A empresa Apolo S.A. registrou os eventos a seguir em seu Patrimônio Líquido durante o ano de 2022: Lucro Líquido do Período R$ 9.000 Aumento de capital mediante recebimento de um automóvel R$ 25.000 Distribuição de dividendos mediante destinação do lucro R$ 5.000 Aumento de capital em reservas R$ 3.000 Aumento da reserva de lucros mediante destinação do lucro R$ 4.000 Aumento de capital mediante integralização em dinheiro R$ 8.000 Com isso, assinale a alternativa CORRETA, que apresenta o valor da variação líquida evidenciada na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido: a) ( ) R$ 25.000. b) ( ) R$ 12.000. c) ( ) R$ 29.000. d) ( ) R$ 37.000. 3 A Demonstração dos Fluxos de Caixa apresenta as operações ocorridas no caixa da empresa. Para a elaboração da DFC, sua estrutura deve estar dividida em três grupos: Atividades Operacionais, Atividades de Investimento e Atividades de Financiamento. Sobre o exposto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Nas Atividade de Financiamento são classificadas as que se referem à aquisição e venda de ativos de longo prazo. ( ) As atividades que geram receita para a entidade são classificadas como Atividades Operacionais. ( ) Atividades de Investimento são as que geram mudanças no tamanho e composição do capital próprio e de terceiros. ( ) O tipo mais utilizado é o Método Indireto, apesar de o Método Direto ser o mais fácil de compreender para quem está analisando as demonstrações. AUTOATIVIDADE 68 Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) F – V – F – V. b) ( ) V – F – F – V. c) ( ) F – F – V – V. e) ( ) V – V – F – V. 4 As Notas Explicativas são extremamente importantes para a compreensão das Demonstrações Financeiras. Apesar disso, é comum o usuário realizar somente os cálculos dos indicadores, chegar ao valor resultante e não se preocupar em consultar as Notas Explicativas que tratam sobre tal assunto. Na sua visão, por qual motivo essa atitude pode trazer danos e perdas ao processo de análise das demonstrações? E quais as vantagens de se consultar as Notas Explicativas divulgadas pela empresa? 5 Cada uma das demonstrações financeiras divulga informações específicas, por isso, ao se realizar uma análise, é importante considerá-las em conjunto. Como é chamada a Demonstração que apresenta a geração de riqueza de uma entidade e a forma como essa riqueza é distribuída? a) ( ) Demonstração de Resultado. b) ( ) Demonstração do Valor Adicionado. c) ( ) Demonstração do Fluxo de Caixa. d) ( ) Balanço Patrimonial. 69 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. Contabilidade avançada em IFRS e CPC. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2020. ALMEIDA, M. C. Análise das demonstrações contábeis em IFRS e CPC: facilitada e sistematizada. São Paulo: Atlas, 2019. BLB. 2020. CPC 44 x CPC 36: conceitos de Demonstrações Combinadas e Demonstrações Consolidadas. s. d. Disponível em: https://www.blbbrasil.com.br/blog/ cpc-44-cpc-36-demonstracoes-combinadas-consolidadas/. Acesso em: 15 fev. 2022. BRADESCO. Demonstrações financeiras. 2020. Disponível em: https://api.mziq. com/mzfilemanager/v2/d/80f2e993-0a30-421a-9470-a4d5c8ad5e9f/efa3a2c7- 6f00-d814-714d-4bf83151c7ef?origin=1. Acesso em: 15 fev. 2022. BRASIL. Decreto nº 9.508/18. Regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza. Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/ Kujrw0TZC2Mb/content/id/51525535/do1-2018-11-23-decreto-n-9-580-de-22-de- novembro-de-2018-51525026. Acesso em: 15 fev. 2022. BRASIL. Lei 6.404/76. Dispõe sobre as sociedades por ações. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm. Acesso em: 15 fev. 2022. BRASIL. Lei 10.406/02. Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 15 fev. 2022. CARVALHO, M. S.; GUIMARÃES, G. O. M.; CRUZ, C. F. Contabilidade geral: uma abordagem interativa. São Paulo: Atlas, 2019. CPC. CPC 00 (R2) Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro. 2019. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/ Pronunciamento?Id=80. Acesso em: 15 fev. 2022. CPC. CPC 42 Contabilidade em economia hiperinflacionária. 2018. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/ Pronunciamento?Id=73. Acesso em: 15 fev. 2022. CPC. CPC 35 (R2) demonstrações separadas. 2012. Disponível em: http://www.cpc. org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=66. Acesso em: 15 fev. 2022. 70 CPC. CPC 36 (R3) demonstrações consolidadas. 2012. Disponível em: http://www. cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=67. Acesso em: 15 fev. 2022. CPC. CPC 26 (R1) Apresentação das demonstrações contábeis. 2011. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/ Pronunciamento?Id=57. Acesso em: 15 fev. 2022. CPC. CPC 44 – Demonstrações combinadas. 2011. Disponível em: http://www.cpc. org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=76. Acesso em: 15 fev. 2022. CPC. CPC 02 (R2) Efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações contábeis. 2010. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/ Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=9. Acesso em: 15 fev. 2022. CPC. CPC 03 (R2) Demonstração dos fluxos de caixa. 2010. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/ Pronunciamento?Id=34. Acesso em: 15 fev. 2022. CPC. CPC 09 Demonstração do valor adicionado. 2008. Disponível em: http://www. cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=40. Acesso em: 15 fev. 2022. GERDAU. 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Acesso em: 15 fev. 2022. 72 73 INDICADORES PARA GESTÃO EMPRESARIAL UNIDADE 2 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender a metodologia e reflexos na análise dos indicadores aplicando os conceitos da análise horizontal e análise vertical; • identificar a contribuição para a gestão da empresa, utilizando indicadores como a liquidez imediata; • analisar os efeitos da liquidez corrente na identificação dos recursos financeiros de curto prazo da empresa; • compreender qual é a relação dos estoques para apurar o indicador da liquidez seca; • identificar a capacidade na geração de recursos financeiros com a aplicação do índice de liquidez geral; • entender qual é a contribuição da solvência geral de Kanitz na identificação da falência ou não das empresas; • identificar o impacto do grau do imobilizado com relação ao patrimônio líquido como fonte de recursos da empresa. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – ANÁLISE HORIZONTAL E ANÁLISE VERTICAL TÓPICO 2 – ANÁLISE DOS INDICADORES DE LIQUIDEZ TÓPICO 3 – INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO E FATOR DE INSOLVÊNCIA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 74 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 2! Acesse o QR Code abaixo: 75 TÓPICO 1 — TEORIA DOS CONTRATOS UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO O trabalho da análise das demonstrações contábeis é bastante técnico e necessita do analista e de conhecimentos prévios da Contabilidade, para compreender a elaboração dos diversos indicadores, assim como analisá-los. Há vários tipos de indicadores que podem contribuir para a análise dos resultados econômicos e financeiros da empresa. Buscou-se na obra de Silva (2019, p. 110), que além da análise horizontal e vertical, “faz-se necessária apuração de quocientes ou índices que forneçam uma ampla visão da situação econômica, financeira e patrimonial da empresa”. É importante avaliar que a elaboração e a análise devem seguir um padrão na construção da série histórica desses índices, e esses devem ser apurados com a extração dos dados entre contas ou grupos de contas que constam nas demonstrações contábeis da empresa. Deve-se observar que o teor da análise dos resultados, ou seja, o seu aproveitamento como fonte de informação pode não atender na integridade às necessidades do analista, e isso significa que o profissional precisa ser profundo conhecedor do ramo da atividade da empresa e assim usufruir da riqueza dessas informações. Por esse motivo, o analista deve ter cuidado ao filtrar as informações, pois terá que analisar muitos índices em conjunto. 2 OBSERVAÇÕES NO PROCESSO DE ANÁLISE O analista, ao realizar o trabalho da análise das demonstrações contábeis, precisa atentar para quatro situações que podem evitar eventuais erros de interpretação e assim garantir maior zelo na análise e interpretação sem distorcer as informações geradas. 76 DICA Para garantir a credibilidade na análise das informações contábeis e avaliar essas informações com qualidade, sugere-se os seguintes cuidados: 1- O ideal a- Utilizar as Demonstrações Contábeis publicadas por meios físicos ou eletrônicos e que estejam de acordo com a Lei das S/A e demais legislações fiscais, tributárias, dentre outras. b- Que as informações contábeis estejam validadas com a assinatura de um contador responsável por elaborar essas Demonstrações Contábeis, além de assegurar a existência do relatório da Diretoria e as Notas Explicativas na íntegra. c- Verificar se consta o relatório de opinião do auditor independente, pois esse relatório de opinião é o que torna válidas as informações contidas nos Demonstrativos Contábeis. 2- Situações que requerem cuidados do analista a- Atente e evite os Relatórios da Diretoria que são muito resumidos, ou que não contenham todas as informações nas Notas Explicativas, deixando-as incompletas ou insuficientes sem oferecer condições de contribuir para a realização de uma análise correta. b- As Demonstrações Contábeis que não contenham o parecer da auditoria de forma consistente também devem ser evitadas. c- Não utilizar as Demonstrações Contábeis que não estejam de acordo com todos os requisitos legais em território brasileiro. 3- Situações em que não há suporte de informações suficientes para análise: a- As empresas que estão enquadradas no regime tributário do Lucro Presumido muitas vezes não possuem todos os eventos contábeis reconhecidos na Contabilidade, o que pode distorcer determinadas análises. b- Outro detalhe importante é analisar se a conta de Custos dos Produtos Vendidos contenha determinados exageros como valores reduzidos ou extremamente elevados com relação às receitas das vendas, o que torna essa conta desproporcional para a análise. c- Quando existirem evidências da falta de compromisso dos gestores da empresa com relação à elaboração das informações contábeis. É o típico “balancete para os bancos” e isso denota descompromisso com a seriedade na gestão dos negócios da empresa. Na análise das demonstrações financeiras, Padoveze (2010, p. 197) diz que “a análise de balanço constitui-se num processo de meditação sobre os demonstrativos contábeis, objetivando uma avaliação da situação da empresa, em seus aspectos operacionais, econômicos, patrimoniais e financeiros”. Garrison e Noreen (2001, p. 581) também elencam cuidados para serem observados na análise das demonstrações contábeis: A análise das demonstrações financeiras envolve a seleção cuidadosa dos dados nelas apresentados, com o objetivo primordial de prever a saúde financeira da empresa. Isso se consegue através do exame das tendências dos principais dados financeiros, dacomparação destes com os dados de outras companhias e da análise dos seus índices financeiros básicos. 77 3 A RECLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS CONTÁBEIS Um dos principais procedimentos que o analista das informações contábeis deve providenciar é o de executar uma nova classificação das contas contábeis no balanço patrimonial. São realizados alguns ajustes (readequações) os quais não comprometem a veracidade na legalidade das demonstrações contábeis, para facilitar a interpretação da análise dessas informações. Com o agrupamento das contas contábeis nos demonstrativos, é possível identificar melhorias na análise dos índices conforme a condição econômico-financeira da empresa avaliada. Um exemplo típico é se os gestores decidirem em determinado período do exercício social vender algum imóvel. O imóvel está classificado no grupo do Ativo Não Circulante, porém, ao classificar esse valor do imóvel para o Ativo Circulante, o analista terá melhores evidências para projetar a geração do caixa da empresa no exercício social corrente. O contador deve ser imparcial para realizar os ajustes necessários. Por exemplo, ao agrupar as contas das receitas e despesas financeiras nas contas do resultado operacional, o contador deve elaborar outro demonstrativo contábil para o analista, isso porque estas contas são legalmente consideradas com valores a serem registrados nas respectivas contas contábeis das atividades operacionais da empresa. Esses valores constantes das receitas e despesas financeiras devem ser classificados como resultado não operacional. Por quê? Porque as empresas devem gerar resultados a partir das suas atividades operacionais e não pela captação de recursos financeiros de terceiros. A reclassificação das contas contábeis (receitas e despesas financeiras) para o resultado não operacional permite ao gestor apurar a verdadeira taxa de rentabilidade da empresa. Vamos para o exemplo de uma empresa cujas atividades em decorrência do seu Contrato Social ou Estatuto Social não se encontram envolvidas com atividades financeiras, como é o caso de empresas do ramo comercial. As atividades operacionais de uma empresa do ramo comercial são comprar e vender mercadorias e não exercer atividades de intermediação financeira, nesse caso as receitas e despesas financeiras deverão ser registradas como resultado não operacional. Com relação à finalidade da análise das demonstrações contábeis para a empresa, Padoveze (2010, p. 198) afirma que “a avaliação sobre a empresa tem por finalidade detectar os pontos fortes e os pontos fracos do processo operacional e financeiro da companhia, objetivando propor alternativas de curso futuro a serem tomadas e seguidas pelos gestores da empresa”. A atividade da reclassificação das contas para análise é de extrema importância para identificar os pontos fortes e fracos na interpretação das informações contábeis. Vejamos um outro exemplo de reclassificação das contas contábeis: 78 A conta de Duplicatas Descontadas, que está classificada subtraindo o grupo das contas de Duplicatas a Receber no Ativo Circulante, deverá ser reclassificada no Passivo Circulante, pois, pelas características e peculiaridades da operação pode existir o risco de a empresa desembolsar o dinheiro obtido junto com a instituição financeira, caso o seu cliente não liquidar a dívida (quitar a duplicata que foi descontada). Com essa reclassificação, fica evidente que existirá o compromisso da empresa junto ao banco que efetuou a operação de desconto e não o cliente da empresa que irá quitar o título. Isso demonstra a característica dessa operação onde a empresa passa a ser fiadora do cliente. Outro bom motivo para realizar as reclassificações das contas contábeis está em padronizar os critérios no tratamento das informações para todas as empresas, facilitando assim o trabalho do analista. Isso quer dizer que, se uma empresa A opera com Duplicatas Descontadas e a empresa B opera com regime de Empréstimos Bancários, ambas terão classificadas no grupo do Passivo Circulante um compromisso financeiro com terceiros, pois as duplicatas descontadas representam uma coobrigação dessa dívida junto com a instituição financeira. Vejamos o caso das duas empresas fictícias, A e B. Ambas possuem registrado na sua Contabilidade um Ativo Circulante no valor de R$ 2.000.000,00 e um Passivo Circulante no valor de R$ 1.000.000,00. Isso significa que para cada R$ 1,00 de dívidas a empresa possui R$ 2,00 de valores do Ativo Circulante para a efetivação das liquidações dos seus compromissos financeiros. Caso as duas empresas recorressem ao mercado financeiro para buscar um reforço de Caixa no valor de R$ 200.000,00, observe como ficaria a situação da liquidez corrente delas. Observe a seguinte simulação: 79 Vejamos: → Na empresa A, a relação será de R$ 2,00 para R$ 1,00 R$ 2.000.000,00 / R$ 1.000.000,00 = R$ 2,00. → Na empresa B, a relação será de R$ 1,83 para R$ 1,00 R$ 2.200.000,00 / R$ 1.200.000,00 = R$ 1,83. Assim fica evidente que a Empresa B atingiria menor capacidade de pagamento e maior endividamento em relação à Empresa A. Isso não justifica realizar um tratamento diferenciado para estas idênticas condições financeiras das empresas A e B. Consequentemente, a solução está em reclassificar as duplicatas para que a empresa A fique em igualdade de condição de análise com a empresa B. Desta forma, também todas as empresas que operam com empréstimos ficam em condições de igualdade de análise com as empresas que operam com descontos. Padoveze (2010, p. 198) contribui sobre essas operações matemáticas da seguinte forma: Buscando auxiliar o processo de avaliação patrimonial e do desempenho da companhia, o analista vale-se de uma série de cálculos matemáticos, traduzindo os demonstrativos contábeis em indicadores de análise de balanço. Esses indicadores buscam também evidenciar as características das principais integrações existentes entre a situação patrimonial apresentada pelo balanço e a dinâmica da empresa representada pela demonstração de resultados. Com isso, os relatórios contábeis estarão evidenciados em igualdade de condições para análise. Vamos, a seguir, estudar as ferramentas de análise horizontal e vertical das demonstrações contábeis. 4 TIPOS DE ANÁLISE Ao analisar um Balanço Patrimonial com apenas um exercício social, existirá um determinado limite para a análise, podendo apenas aplicar a análise dos indicadores, sem avaliar a evolução e redução dos saldos (análise horizontal) ou participação das contas contábeis em cada grupo de contas (análise vertical). Apenas haverá a análise de alguns indicadores isolados. Poderá se tornar rica essa análise dos indicadores de apenas um exercício social, quando puderem ser comparados com os resultados dos indicadores das empresas concorrentes. Deve-se observar que o montante de apenas uma conta contábil ou de um grupo patrimonial específico quando tratado isoladamente não retrata adequadamente a relevância do valor apresentado e muito menos seu comportamento ao longo prazo. 80 Este é o caso dos custos da produção da empresa em que essa informação de forma isolada representa pouca relevância para o analista, porém, ao se comparar esses recursos com o montante das vendas realizadas ou com o valor desses custos apurados em outros exercícios sociais da empresa, este refletirá com maior clareza e precisão a sua informação. Isso significa que a comparação dos valores entre si, bem como com outros valores de diferentes períodos, irá oferecer um aspecto mais dinâmico quanto à posição estática das demonstrações contábeis. Este processo de comparação torna- se indispensável ao conhecimento da situação de uma empresa, e é representado pela análise horizontal e pela análise vertical. A análise horizontal e vertical, segundo Silva (2019, p. 132), “evidencia as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, estruturando a informaçãoem três fluxos de atividades: atividades operacionais, atividades de investimento e atividades de financiamento”. Para Bazzi (2020, p. 41), “a análise comparativa pode ser horizontal (performance temporal) ou vertical (performance das atividades)”. 4.1 ANÁLISE HORIZONTAL DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS A análise horizontal é um importante instrumento para identificar a variação percentual que ocorreu de um período para outro, e desta forma evidenciar se ocorreu algum acréscimo ou decréscimo das contas contábeis analisadas. É importante lembrar que este tipo de análise somente é possível realizar quando a empresa possui no mínimo dois exercícios sociais para análise. A análise horizontal permite a comparação relativa de vários itens das Demonstrações Contábeis, onde o resultado pode estar expresso em valores absolutos ou percentuais, e isso fica a critério do usuário final dessas informações (que podem ser os gerentes, proprietários, dentre outros), pois cada usuário possui necessidades de informações diferentes para decisão. Com essa análise, é possível compreender o comportamento dos itens das Demonstrações Contábeis. A análise das demonstrações contábeis envolve atividades com a aplicação de métodos de cálculos e interpretações dos índices financeiros para avaliar e acompanhar o desempenho das atividades na gestão da empresa e sua eficiência operacional. Praticamente os demonstrativos básicos para a análise dos índices são os seguintes: → Demonstração de Resultado. → Balanço Patrimonial. 81 Com o uso da ferramenta de análise horizontal, o analista pode avaliar o crescimento ao longo do tempo dos componentes patrimoniais e os que contribuíram na geração do caixa, assim como dos desembolsos dos recursos que a empresa realizou, sejam eles por consequência da atividade financeira, operacional ou de investimento. As duas características da análise horizontal das demonstrações contábeis de uma empresa são a comparação dos valores obtidos em determinado período com àqueles apurados em períodos anteriores e o relacionamento destes valores com outros fins. Podemos afirmar, desta forma, que o critério básico que norteia a análise das demonstrações contábeis é a comparação. Para que isso possa ser realizado, é necessário atentar para alguns detalhes, como manter com esmero os registros contábeis da empresa. Ainda que o Departamento de Contabilidade da empresa mantenha os registros contábeis de forma correta, os relatórios financeiros também devem ser auditados por auditor independente ou que ao menos tenha uma minuciosa revisão por parte da auditoria interna. Alguns cuidados são necessários para a utilização de valores extraídos dos balanços iniciais e finais, principalmente ao que se refere com contas a receber e estoques, isso porque, tais contas, nas datas do balanço, não são representativas com relação às médias reais do período, pois geralmente ao final do exercício social os empresários buscam implementar ações para reduzir o volume de recursos em duplicatas a receber e transformá-los em caixa, assim como a redução dos inventários dos estoques da empresa com o mesmo objetivo da geração do caixa. Com relação à análise horizontal, Bazzi (2020, p. 42) aborda que “a análise horizontal tem a finalidade de evidenciar a evolução dos itens das demonstrações contábeis ao longo do tempo”. Segundo Silva (2019, p. 121): A Análise Horizontal permite analisar a evolução de uma conta ou de um grupo de contas ao longo de períodos sucessivos. Trabalha fundamentalmente com efeitos e dificilmente revela as causas das mudanças. Pode ser evolutiva ou retrospectiva. Esta análise é muito importante para a construção de uma série histórica, o que é fundamental para ajudar no estudo da tendência. Conforme Souza (2015, p. 117), “a análise horizontal é uma técnica utilizada para examinar a evolução histórica dos valores que compõem o patrimônio da empresa e para evidenciar a relação de cada conta das demonstrações contábeis entre os períodos”. A seguir, demonstraremos um exemplo de Análise Horizontal. 82 QUADRO 1 – BALANÇO PATRIMONIAL – ANÁLISE HORIZONTAL FONTE: O autor A análise horizontal permite avaliar as tendências e o comportamento do desempenho da empresa ao longo do período avaliado. Ao avaliar o crescimento dos saldos em determinadas contas contábeis, isso pode representar um bom desempenho dos gestores. No entanto, deve-se atentar para situações, como: a- Aumento no saldo de Duplicatas a Receber somente é bom se não houver muitos clientes inadimplentes, caso contrário é importante reclassificar os valores dos clientes inadimplentes para a conta de resultados do período, pois esses ativos poderão não se realizar em caixa (seriam perdas). d- Aumento no saldo da conta de Estoques somente é interessante se nas notas explicativas constarem informações referente a necessidade dessa aquisição para atender uma nova demanda da produção e vendas. Caso contrário, essa aquisição não se torna interessante. 83 c- Aumento no saldo de Empréstimos e Financiamentos torna-se interessante apenas no caso de a empresa ter realizado investimentos em Ativo Imobilizado para incrementar a sua participação no mercado. Percebeu como é importante realizar esse tipo de análise? Pois, além de apurar os indicadores, é necessário conhecer o planejamento dos gestores da empresa para evitar interpretações equivocadas. De acordo com o Quadro 1, vamos analisar o total de alguns grupos de contas contábeis e algumas contas isoladamente. O total do Ativo em X1 era de R$ 26.965.000,00 e em X2 está no valor de R$ 33.974.000,00. Portanto, houve um acréscimo na sua avaliação horizontal de 25,99%. O analista irá questionar se isso é bom ou ruim. Para responder a esse questionamento, teremos de verificar se este crescimento teve relação com o aumento dos Passivos da empresa ou do Patrimônio Líquido. Desta forma, deve-se analisar a evolução do Patrimônio Líquido. O valor do Patrimônio Líquido da empresa passou de R$ 14.198.000,00 para R$ 15.692.000,00, ou seja, evoluiu 10,52% durante esse período. Logo, se observarmos que o Patrimônio Líquido não teve o mesmo aumento de 25,99% ocorrido nas contas do Ativo, mas apenas 10,52%, isso significa que a empresa buscou mais recursos juntamente com terceiros, isto é, realizou mais investimentos contraindo obrigações com empréstimos e financiamentos. No entanto, para definirmos se essa situação é boa ou ruim, devemos avaliar o retorno do investimento; se o investimento realizado consegue ser pago de forma rápida e de preferência com recursos próprios. Em contrapartida, o analista deve observar a evolução de algumas contas contábeis compostas no Ativo e, de acordo com o Quadro 1, percebemos que houve um maior impacto do crescimento das contas do ativo no grupo do Ativo Circulante correspondente a 37,01%, pois o saldo era de R$ 6.566.000,00 em X1 e em X2 o saldo passou para R$ 8.996.000,00. A conta contábil que mais apresentou recursos foi a de estoques de mercadorias que passou de R$ 2.535.000,00 para o valor de R$ 5.055.000,00, gerando um acréscimo de 99,41% durante o período analisado. Com uma calculadora financeira (HP), podemos utilizar a função ∆% para descobrirmos estes percentuais de uma maneira mais rápida. 84 FIGURA 1 – CALCULADORA FINANCEIRA HP 12 C FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/contabilidade-adi%c3%a7%c3%a3o-preto-4900674/>. Acesso em: 15 dez. 2021. Como fazer a operação da variação na HP 12c? Vamos pegar a conta DEBÊNTURES: → X1 = R$ 84.000 ENTER → X2 = R$ 35.000 ∆% → VARIAÇÃO = ( 58,33% ) Percebeu como é fácil? IMPORTANTE Observa-se que a variação horizontal serve para auxiliar a identificação da variação (evolução ou retrocesso) da empresa em determinadas contas contábeis que tiveram determinadas oscilações cada período avaliado. Essa variação deve ser apurada durante vários exercícios sociais da empresa e comparar todos os índices em relação a sua participação no mercado.85 Há também a atividade da análise horizontal da DRE – Demonstração do Resultado – que segue a mesma linha de trabalho da análise horizontal do Balanço Patrimonial, porém é importante destacar que neste demonstrativo constam os valores que são gastos para manter as atividades operacionais da empresa, contas contábeis das despesas e contas contábeis dos custos, que permitem gerar as receitas de vendas da empresa. Vejamos algumas contas do resultado. QUADRO 2 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO – ANÁLISE HORIZONTAL FONTE: O autor Na demonstração do resultado (DRE) também é necessário que o analista realize a apuração das variações, ou seja, a evolução ou redução dos valores das contas desse grupo comparando-os de um exercício social para o outro. No grupo de contas das Receitas Líquidas de Vendas, foi apurado um acréscimo em 29,06%, isto é, o valor passou de R$ 15.374.000,00 para R$ 19.841.000,00. O procedimento para apurar esse valor é o seguinte: → Receita Líquida de Vendas = X2 R$ 19.841.000,00 / X1 R$ 15.374.000,00 = 1,2906 – 1,00 = 0,2906 x 100 = 29,06%. 86 No entanto, ao observar a conta Lucro Líquido, pode-se identificar uma redução significativa de 53,00% de um período para outro. O procedimento para apurar essa variação é: → Lucro Líquido do Exercício = X2 R$ 1.425.000,00 / X1 R$ 3.032.000,00 = 0,4700 – 1,00 = ( - 0,5300 ) x 100 = ( - 53,00 %). É muito importante o analista buscar evidências para compreender o que gerou a redução drástica do resultado líquido apurado na DRE – Demonstração do Resultado – da empresa de um período para outro. É necessário verificar as variações que ocorreram em cada conta das receitas, despesas ou custos que constam nesta demonstração. De acordo com as contas contábeis verificadas, é possível identificar que a conta de maior impacto foi a do Resultado Financeiro. Durante o período de X1, a conta do Resultado Financeiro apresenta receitas (ganhos) no valor de R$ 923.000,00 e X2 apresenta despesas (perdas) no valor de ( - R$ 553.000,00 ). Desta forma, essa conta teve um impacto de ( - 159,91 % ) durante o exercício social analisado. A apuração do valor é realizada da seguinte forma: → Resultado Financeiro = X2 ( - R$ 553.000,00 ) / X1 R$ 923.000,00 = ( - 0,5991 ) – 1,00 = ( - 1,5991 ) x 100 = ( - 159,91 %). Observe como é importante estudar a metodologia para apurar essa variação. Com esses procedimentos é possível verificar quais foram as contas contábeis que tiveram maior ou menor impacto nas receitas ou despesas apuradas durante o exercício social. No entanto, há situações que não estão sob o controle dos gestores da empresa e seus impactos são oriundos de fatores externos a ela, que muitas vezes podem ser determinadas pelo governo, pelo mercado nacional ou pelo mercado internacional, que é o caso da inflação e as variações cambiais. A inflação tem um peso significativo na análise das variações das contas contábeis, tanto no Balanço Patrimonial quanto na DRE – Demonstração do Resultado –, pois a inflação poderá influenciar na avaliação da capacidade de gestão das pessoas envolvidas no controle da empresa. Embora na prática não seja comum ocorrer à influência proporcional da inflação aos grupos de contas das Demonstrações Contábeis, é possível afirmar que a comparação de um índice, apurado em vários exercícios sociais não prejudica a análise horizontal a ponto de se desprezar esta sistemática. Muito pelo contrário, é um componente indispensável na análise contábil. Entretanto, existem casos em que se deve levar em conta a inflação para análise horizontal. 87 A inflação é a categoria predominante de variações do valor da moeda. Trata- se de um fenômeno universal, comum a praticamente todos os países. Corresponde a uma alta generalizada dos preços dos bens e serviços, expressos pelo padrão monetário corrente. A alta da inflação, que varia de intensidade conforme cada país e em determinadas épocas do ano, implica na desvalorização da moeda em relação aos demais ativos. Na economia, há também a desinflação, que é a volta da estabilidade dos preços. Os índices de variação dos preços, em cada período, recuam seguidamente, de patamares mais elevados para patamares mais reduzidos, promovendo a estabilização e fortalecimento do valor da moeda. Os movimentos da desinflação geralmente são induzidos pelo próprio mercado. Há pressão pela necessidade de buscar consumidores (que estão “segurando” os seus recursos financeiros) para aumentar as vendas quando não há consumo, e nesse caso, quando há larga oferta de produtos, o preço em tese deve reduzir. Também é decorrente de programas de estabilização monetária a partir do governo, de forma gradual (com a implantação de algum plano de governo) ou de choque (com aumento das alíquotas de impostos, ou criação de novos tributos) para reduzir o consumo das pessoas no mercado. Dependendo da consistência macroeconômica desses programas governamentais, os processos de desinflação são firmes e duradouros. Quando decorrem de soluções como congelamento de preços ou de prefixações em altas nos preços, geralmente deságuam em processos inflacionários recorrentes (ROSSETTI, 2016). 4.2 ANÁLISE DA ESTRUTURA OU ANÁLISE VERTICAL A Análise Vertical do Balanço Patrimonial, assim como também da DRE – Demonstração do Resultado –, permite identificar e distinguir qual é a participação da aplicação dos recursos na empresa durante o período analisado, pois é de fundamental importância que o analista identifique qual é o montante dos recursos financeiros alocados para cada conta contábil em comparação ao valor total do seu grupo. Isso significa dizer que o gestor poderá tomar decisões baseadas na análise vertical das demonstrações contábeis e identificar a necessidade de alocar recursos financeiros de algum grupo de conta contábil para outro grupo de conta contábil, e assim contribuir para a geração da riqueza da empresa. Com relação à análise vertical, Bazzi (2020, p. 45) diz que: Diferente da análise horizontal, a vertical verifica as demonstrações ajustadas em virtude de seu tamanho, mostrando a participação percentual de cada conta ou de cada grupo de contas da demonstração em relação ao total que integra em um período específico. Trata-se de uma comparação da representatividade em percentual de cada conta com o grupo de contas a que pertence. 88 A análise vertical facilita a avaliação das estruturas do ativo e do passivo, além da participação de cada item da demonstração do resultado na formação do lucro ou prejuízo. Essa análise também permite identificar quais foram as variações ocorridas dentro do fluxo de caixa ao longo dos períodos analisados. A Análise Vertical, também denominada de análise da estrutura, envolve a relação entre um elemento e o grupo que ele faz parte. Essa análise relaciona a parte identificada com o todo. Este tipo de análise permite identificar o valor de cada conta contábil que representa o valor total investido. A análise vertical envolve elementos homogêneos, mas relativos a um mesmo exercício social, ao contrário da análise horizontal, que é relativa necessariamente a exercícios distintos. IMPORTANTE Objetivo: medir percentualmente cada componente com relação ao todo do qual faz parte e fazer as comparações caso existam dois ou mais períodos. Silva (2019, p. 110) trata que: A Análise Vertical pode ser entendida como a análise da estrutura das demonstrações, pois permite a identificação da real importância de uma conta do conjunto de contas ao qual pertence no Balanço Patrimonial ou na estrutura da Demonstração do Resultado. De acordo com Padoveze (2010), no balanço patrimonial, a análise vertical procura evidenciar a participação (representatividade) de cada elemento patrimonial do ativo e passivo em relação ao ativo total. Dessa forma, o critério de cálculo básico para a análise vertical é a atribuição do parâmetro 100% para o total do ativo. Todos os valores serão traduzidos emrelações percentuais sobre o total do ativo. Vamos a um exemplo de Análise Vertical. 89 QUADRO 3 – BALANÇO PATRIMONIAL – ANÁLISE VERTICAL FONTE: O autor Neste tipo de análise identifica-se quanto a empresa mantém investido em cada conta contábil com relação ao total de investimentos. A seguir, vamos fazer algumas análises. A Conta de Patrimônio Líquido dos Sócios teve um saldo de R$ 14.198.000 em X1 e representava 52,65% do total investido de R$ 26.965.000 e, para X2, este percentual reduziu para 46,19% (Total de R$ 15.692.000 / R$ 33.974.000). 90 O cálculo é realizado da seguinte forma: → X1 = Patrimônio Líquido = R$ 14.198.000,00 / R$ 26.965.000,00 = 0,5265 x 100 = 52,65%. → X2 = Patrimônio Líquido = R$ 15.692.000,00 / R$ 33.974.000,00 = 0,4619 x 100 = 46,19%. Contudo, podemos aprofundar a análise. Se o valor do Patrimônio Líquido dos Sócios teve uma redução no total de investimentos, o que gerou alta em outro grupo de contas? Vamos verificar o Passivo Não Circulante. O Passivo Não Circulante teve em X1 uma participação de 33,17% do total de investimentos. Para X2 passou para 39,10%, portanto, houve um aumento de dívidas o que gerou uma redução dos investimentos dos sócios. Logo, o cálculo é o seguinte: → X1 = Passivo Não Circulante = R$ 8.945.000,00 / R$ 26.965.000,00 = 0,3317 x 100 = 33,17%. → X2 = Passivo Não Circulante = R$ 13.283.000,00 / R$ 33.974.000,00 = 0,3910 x 100 = 39,10%. Isso é comum acontecer? É certo que sim! Todavia, temos de verificar se esse “endividamento” não irá comprometer de forma significativa o Fluxo de Caixa da empresa. Agora vamos analisar algumas contas do grupo do Ativo. O Ativo Circulante teve um investimento em X1 correspondente a 24,35% e X2 aumentou para 26,48%. O que isso pode significar? É bem possível que parte do endividamento tenha sido alocado para a conta caixa e bancos (com liquidez imediata). E como se calcula isso? → X1 = Ativo Circulante = R$ 6.566.000,00 / R$ 26.965.000,00 = 0,2435 x 100 = 24,35%. → X2 = Ativo Circulante = R$ 8.996.000,00 / R$ 33.974.000,00 = 0,2648 x 100 = 26,48%. 91 Outra conta contábil que teve variação significativa foi a conta contábil de Investimentos. Essa conta teve em X1 uma participação de 6,46% no total de investimentos e em X2 a participação do total de investimentos foi para 10,66%. Logo, o cálculo é o seguinte: → X1 = Realizável a Longo Prazo = R$ 1.741.000,00 / R$ 26.965.000,00 = 0,0646 x 100 = 6,46%. → X2 = Realizável a Longo Prazo = R$ 3.620.000,00 / R$ 33.974.000,00 = 0,1066 x 100 = 10,66%. A conta contábil “Outros” também teve um incremento passando de 3,80% do total de investimentos para 5,19%. O seu cálculo é o seguinte: → X1 = Outros = R$ 1.026.000,00 / R$ 26.965.000,00 = 0,038 x 100 = 3,80%. → X2 = Outros = R$ 1.763.000,00 / R$ 33.974.000,00 = 0,0519 x 100 = 5,19%. Observa-se que não é difícil apurar os resultados para a análise vertical de um balanço. A maior preocupação que o administrador ou analista deve ter é saber se o valor investido contribui para a melhoria dos resultados da empresa. Um exemplo é identificar se na conta contábil de Estoques houve um aumento dos valores investidos em relação ao seu total e compará-lo com o grupo do CMV (Custo das Mercadorias Vendidas). O valor do Custo das Mercadorias Vendidas irá gerar informações suficientes sobre o Giro de Estoques. Prosseguindo (SILVA, 2019, p. 122): A Análise Vertical espelha os efeitos e, em algumas demonstrações, é também possível descobrir algumas das causas primárias. Uma vez efetuado o levantamento dos percentuais, o analista focará sua análise nestes percentuais, deixando para trás os valores monetários absolutos, sendo possível verificar as tendências de forma mais objetiva. Uma análise limitada a expressões monetárias, sejam elas expressas em valores históricos ou corrigidos, não permitiria uma visualização dos impactos de cada conta patrimonial ou de resultados no conjunto das respectivas demonstrações. A análise vertical da DRE segue a mesma linha de raciocínio do Balanço Patrimonial. 92 Souza (2015, p. 122) contribui que: Análise vertical é a posição relativa de uma conta, contida nas demonstrações contábeis, mensurada como um percentual em relação a um valor de base igual a 100%. Seu objetivo é verificar a evolução, ao longo do tempo, da composição percentual das contas do balanço patrimonial e da demonstração do resultado do exercício. Vejamos algumas contas do resultado. QUADRO 4 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO – ANÁLISE VERTICAL FONTE: O autor Na DRE – Demonstração de Resultado – também conseguiremos fazer a análise da participação de cada conta contábil sobre o total gerado. Padoveze (2010, p. 200) vai um pouco mais além com relação à análise vertical: É a análise da estrutura da demonstração de resultados e do balanço patrimonial, buscando evidenciar as participações dos elementos patrimoniais e de resultados dentro do total. Como todos os instrumentos de análise de balanço, a análise vertical deve ser interpretada com muito cuidado. Os percentuais obtidos por essa análise devem sempre ser analisados em conjunto com os dados da análise horizontal e os indicadores básicos. 93 Vejamos um exemplo: Uma conta contábil que teve variação significativa foi a conta contábil de Custos das Vendas (C.M.V. – Custo das Mercadorias Vendidas). Essa conta teve em X1 a participação de 65,69% no total das Vendas realizadas (pois parte-se do pressuposto que as Vendas representam 100% do total gerado no grupo da Demonstração de Resultado), e para X2 essa participação do total de custos foi para 71,51%. O cálculo para apurar esse valor é o seguinte: → X1 = Custo das Vendas / Receita Líquida das Vendas = R$ 10.099.000,00 / R$ 15.374.000,00 = 0,6569 x 100 = 65,69%. → X2 = Custo das Vendas / Receita Líquida das Vendas = R$ 14.188.000,00 / R$ 19.841.000,00 = 0,7151 x 100 = 71,50%. E a conta de Lucro Líquido do Exercício? Quanto à conta contábil Lucro Líquido do Exercício, esta teve uma redução no resultado do exercício de 19,72% do total das receitas de vendas para 7,18%. Logo, → X1 = Lucro Líquido do Exercício / Receita Líquida de Vendas = R$ 3.032.000,00 / R$ 15.374.000,00 = 0,1972 x 100 = 19,72%. → X2 = Lucro Líquido do Exercício / Receita Líquida de Vendas = R$ 1.425.000,00 / R$ 19.841.000,00 = 0,0718 x 100 = 7,18%. A maior preocupação que o administrador ou analista deve ter na hora de analisar a participação de cada conta contábil no total das receitas de vendas é se alguma despesa está muito alta, devendo-se verificar as suas razões, e assim contribuir para a melhoria dos resultados da empresa. Quanto a isso, corrobora Padoveze (2010, p. 206) sobre alguns fatores que podem enviesar a comparação da análise vertical, conforme segue: Alguns valores podem prejudicar a comparabilidade da análise vertical entre os períodos analisados. Valores significativos que são incorporados ao ativo e ao passivo respectivamente, ou eventos anormais de resultados alteram as relações estruturais entre os itens. Exemplos disso podem ser: a- reavaliações espontâneas de ativos imobilizados; b- reestruturações de passivo financeiro; c- baixas de ativos de valor significativo; d- novas integrações de capital de valor significativo; e- realização ou resgate mútuos; f- resultados não operacionais expressivos; g- ajustes de exercícios anteriores etc. 94 Desta forma, teremos oportunidade de verificar quais contas contábeis tiveram maior ou menor impacto de receitas ou despesas no último exercício social. 95 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • Um dos procedimentos que o analista das informações contábeis deve providenciar é a nova classificação das contas contábeis no balanço patrimonial. • A análise horizontal e vertical com relação à demonstração dos fluxos de caixa evidencia as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, estruturando a informaçãoem três fluxos de atividades: atividades operacionais, atividades de investimento e atividades de financiamento. • As duas características da análise horizontal das demonstrações contábeis de uma empresa são a comparação dos valores obtidos em determinado período com àqueles apurados em períodos anteriores e o relacionamento destes valores com outros afins. • A análise vertical do balanço patrimonial, assim como também da DRE – Demonstração do Resultado –, permite identificar e distinguir qual é a participação da aplicação dos recursos na empresa durante o período analisado, pois é de fundamental importância que o analista identifique qual é o montante dos recursos financeiros alocados para cada conta contábil em comparação ao valor total do seu grupo. • Análise vertical é a posição relativa de uma conta, contida nas demonstrações contábeis, mensurada como um percentual em relação a um valor de base igual a 100%. Seu objetivo é verificar a evolução, ao longo do tempo, da composição percentual das contas do balanço patrimonial e da demonstração do resultado. 96 1 A análise das Demonstrações Contábeis é de fundamental importância para contribuir na identificação de indicadores para encaminhar ações para a gestão das empresas. Desta forma, o que é necessário para garantir a credibilidade na análise das informações contábeis e avaliar essas informações com qualidade com relação ao “Ideal”? a) ( ) Utilizar as Demonstrações Contábeis publicadas por meios físicos ou eletrônicos e que estejam de acordo com a Lei nº 4.320/64. b) ( ) Que as informações contábeis estejam validadas com a assinatura de um contador responsável por elaborar essas Demonstrações Contábeis, além de assegurar a existência do relatório da Diretoria e as Notas Explicativas na íntegra. c) ( ) Verificar se consta o relatório dos administradores da empresa, pois esse relatório é o que torna válidas as informações contidas nos Demonstrativos Contábeis. d) ( ) As Demonstrações Contábeis que não contenham o parecer das normas de contabilidade de forma consistente também devem ser evitadas. e) ( ) Não utilizar as Demonstrações Contábeis que não estejam de acordo com todos os requisitos administrativos da governança corporativa. 2 Um dos procedimentos que o analista das informações contábeis deve providenciar é a nova classificação das contas contábeis no balanço patrimonial. Qual é a finalidade da reclassificação contábil da conta de Duplicatas Descontadas? 3 A análise horizontal é um importante instrumentos para identificar a variação percentual que ocorreu de um período para outro e desta forma evidenciar se ocorreu algum acréscimo ou decréscimo das contas contábeis analisadas. De acordo com esses aspectos, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) É possível para o analista observar e avaliar o crescimento ao longo do tempo dos componentes que contribuíram na geração da produção da empresa. b) ( ) O critério básico que norteia a análise das demonstrações contábeis é a separação dos grupos e subgrupos das variações dos resultados logísticos da empresa. c) ( ) Essa ferramenta permite avaliar todo o desempenho empresarial durante os períodos avaliados, desta forma, é possível comparar o desempenho futuro com o desempenho passado. d) ( ) A Análise Horizontal permite analisar a evolução de uma conta ou de um grupo de contas ao longo de períodos sucessivos. e) ( ) Observa-se que a variação horizontal serve para auxiliar a identificação das distorções da variação da classificação dos produtos da empresa. AUTOATIVIDADE 97 4 Ao analisar um Balanço Patrimonial com apenas um exercício social, existirá um determinado limite para a análise, podendo apenas aplicar a análise dos indicadores, sem avaliar a evolução e redução dos saldos (análise horizontal) ou participação das contas contábeis em cada grupo de contas (análise vertical). Apenas haverá a análise de alguns indicadores isolados. Desta forma, o que retrata o montante de apenas uma conta contábil ou de um grupo patrimonial específico quando tratado isoladamente? 5 A maior preocupação que o administrador ou analista deve ter na hora de analisar a participação de cada conta contábil no total das receitas de vendas é se alguma despesa está muito alta, devendo-se verificar as suas razões e assim contribuir para a melhoria dos resultados da empresa. Com relação a esses aspectos, quais fatores podem enviesar a comparação da análise vertical? a) ( ) Reestruturações das operações da produção. b) ( ) Realização ou resgate mútuos. c) ( ) Baixas de ativos de valor irrelevante. d) ( ) Novas aquisições aos bens da produção. e) ( ) Resultados operacionais expressivos. 98 99 ANÁLISE DOS INDICADORES DE LIQUIDEZ 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 2 TÓPICO 2 - A análise das Demonstrações Contábeis encontra sua relevância quando são apurados os indicadores, principalmente ao comparar itens e grupos do Balanço e da DRE – Demonstração do Resultado. A técnica da apuração dos índices econômico-financeiros com base nas demonstrações contábeis elaboradas nas empresas é o que mais se utiliza na gestão dos resultados. A análise dos índices financeiros demonstra a relação heterogênea dentro de um mesmo exercício, pois indica quantas vezes o divisor está contido no dividendo, como uma simples operação matemática. A questão é identificar a participação de cada grupo de contas contábeis que permite liquidar os compromissos financeiros da empresa. Os indicadores financeiros apurados na relação estabelecida nessa análise podem ser classificados em estáticos ou patrimoniais, quando são apurados entre a relação dos elementos patrimoniais, como na relação entre o ativo circulante e o passivo circulante na análise de liquidez corrente. Também podem ser classificados como dinâmicos ou operacionais quando estes indicadores são obtidos com a apuração da relação entre elementos formadores do resultado e na relação entre o lucro líquido e as vendas líquidas no cálculo da margem líquida. Existem indicadores de velocidade que são os resultados obtidos com a apuração dos índices na relação entre um elemento patrimonial e um elemento do resultado, como na relação entre o CMV e o Estoque Final ou Médio no cálculo do número de renovações dos estoques de mercadorias. Esses índices de velocidades podem ser denominados de Giro. IMPORTANTE Como foi estudado em análise horizontal e análise vertical, será aplicado um Balanço Patrimonial e uma DRE – Demonstração de Resultado, onde serão utilizados os mesmos dados para a solução dos índices no material de estudos. 100 No próximo item serão apresentadas as fórmulas para o cálculo dos índices e o resultado que cada um revela. O procedimento do cálculo é bastante simples, principalmente para aqueles que já conhecem as demonstrações contábeis. O importante agora é saber interpretá- los para fazer uma boa análise dessas demonstrações. A técnica de análise financeira dos indicadores é uma das mais importantes ferramentas da Contabilidade, pois é muito mais indicado comparar, digamos, o ativo corrente com o passivo corrente do que simplesmente analisar cada um dos elementos de forma individual. A periodicidade da análise depende dos objetivos que se pretende alcançar. Tratando-se da análise para finalidades externas, basicamente um cálculo anual ou semestral é suficiente. Para a análise gerencial interna, alguns índices merecerão destaque com acompanhamento mensal, outros podem ser com intervalos mais curtos, dependendo de quão crítico seja o índice como um dos sinais de alarme a partir do sistema de informação contábil-financeiro que a empresa possui. Os indicadores de liquidez visam determinar a habilidade que uma empresa tem em cumprir corretamente as obrigações passivas assumidas, ou seja, mede a capacidade de pagamento (folga financeira) de uma empresa. A liquidez estática dos indicadores não reflete a magnitude e a época em que ocorreram as diversas entradase saídas circulantes (apenas com a aplicação dos indicadores com base no orçamento da empresa, pois os resultados do passado não são seguros para projetar os indicadores futuros). Os indicadores tradicionais de liquidez revelam uma posição financeira em dado momento de tempo, e os valores examinados são incessantemente alterados em função da dinamicidade natural dos negócios da empresa. 2 LIQUIDEZ IMEDIATA Este índice informa a porcentagem das dívidas (obrigações) de curto prazo, caso a empresa disponha de caixa, a dívida pode ser saldada imediatamente. Quanto maior este índice se apresentar, maiores são os recursos que a empresa dispõe. Indicador de Liquidez Imediata = Disponibilidades Passivo Circulante IMPORTANTE Uma breve explicação sobre as diferenças entre os termos utilizados para: Disponibilidades x Caixa e equivalentes de caixa. 101 A Lei das Sociedades por Ações estabelece que no Ativo as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez e, dentro desse conceito, as contas de Disponibilidades são as primeiras a serem apresentadas no Balanço, dentro do Ativo Circulante. A intitulação Disponibilidade, dada pela lei, é usada para designar dinheiro em caixa e bancos, bem como valores equivalentes, como cheques em mãos e em trânsito que representam recursos com livre movimentação para aplicação nas operações da empresa e que não haja restrições de uso imediato. As normas internacionais trabalham mais com o conceito de Caixa e Equivalentes de Caixa, o que engloba, além das disponibilidades propriamente ditas, valores que possam ser convertidos em dinheiro, no curto prazo, sem riscos. Os equivalentes de caixa são mantidos com a finalidade de atender compromissos de curto prazo e devem ter conversibilidade imediata em um montante conhecido de caixa. Este indicador representa o valor de quanto a empresa dispõe imediatamente para saldar as dívidas de curto prazo. Considera-se que a composição etária do numerador e denominador é completamente distinta. No numerador temos fundos imediatamente disponíveis. No denominador, dívidas que, embora de curto prazo, vencerão em 30, 60, 90, 180 e até 365 dias após o final do exercício social atual. Corrobora Voglino (2020) que o índice de liquidez imediata é a comparação entre o valor disponível e o valor que consta em passivo circulante, indicando a porcentagem dos compromissos que a empresa pode liquidar imediatamente. Também é considerado o índice financeiro que varia de acordo com as circunstâncias do mercado financeiro e da situação econômica do país. Este indicador considera como componente do ativo circulante a conta Caixa e equivalentes de caixa, e pode ser utilizado como o indicador mais conservador para medir a capacidade da companhia em honrar seus compromissos mais urgentes. Para a análise desse indicador, é necessário buscar nos relatórios contábeis a seguir, o valor das disponibilidades de X2 em R$ 922.000,00 e dividir pelo valor do Passivo Circulante de X2 em R$ 4.999.000,00. 102 QUADRO 5 – BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: O autor E qual é o resultado apurado para a empresa? 103 Liquidez Imediata LI = Disponibilidades Passivo Circulante LI = 922.000 4.999.000 LI = 0,1844 IMPORTANTE Quanto maior, melhor! Apurou-se que para cada R$ 1,00 em dívidas de curto prazo, a empresa possui R$ 0,18 para pagar os compromissos com o caixa disponível. 3 LIQUIDEZ CORRENTE O índice da liquidez corrente utiliza como base para apuração o valor que consta no Ativo Circulante em comparação com o Passivo Circulante. Em outras palavras, significa dizer quanto a empresa possui de recursos em até um ano para quitar todos os seus compromissos para o mesmo período apurado Indicador de Liquidez Corrente = Ativo Circulante Passivo Circulante Ou seja, este indicador relaciona quanto em recursos a empresa dispõem, imediatamente disponíveis e conversíveis em curto prazo em dinheiro, com relação às dívidas de curto prazo. É um índice muito divulgado e frequentemente considerado como o melhor indicador da situação de liquidez da empresa. Corrobora Bazzi (2020, p. 49): A liquidez corrente indica a solidez do embasamento financeiro da empresa quanto aos seus compromissos de curto prazo, mostrando quantas vezes os ativos circulantes cobrem os passivos circulantes. Por isso, é importante que o índice seja 1 ou mais. A maneira correta de saber se o índice está adequado é comparar com outras empresas do mesmo ramo. 104 É preciso considerar que no numerador estão incluídos itens tão diversos como: disponibilidades, valores a receber a curto prazo, estoques e certas despesas pagas antecipadamente. No denominador, estão incluídas as dívidas e obrigações vencíveis a curto prazo. E qual é o resultado apurado para a empresa? Para a análise desse indicador, é necessário buscar nos relatórios contábeis do quadro a seguir o valor do Ativo Circulante de X2 em R$ 8.996.000,00 e dividir pelo valor do Passivo Circulante de X2 em R$ 4.999.000,00. QUADRO 6 – BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: O autor 105 Liquidez Imediata LC = Ativo Circulante Passivo Circulante LC = 8.996.000 4.999.000 LC = 1,7996 É a relação existente entre o ativo circulante e o passivo circulante, melhor dizendo, a cada $ 1,00 aplicado em direitos e haveres circulantes (clientes a receber, de estoques, dinheiro em caixa e bancos) comparado a quanto a empresa tem de obrigações a curto prazo a pagar (dividendos, duplicatas a pagar, empréstimos a curto prazo, impostos e contribuições sociais, entre outras contas). De acordo com o resultado apurado, para cada R$ 1,00 em dívidas de curto prazo, a empresa dispõe de R$ 1,79 para quitar os seus compromissos de curto prazo, ou seja, um ano. Se a liquidez corrente for igual a 1, pressupõe sua inexistência, se for superior a 1, indica a existência de um capital circulante líquido positivo, e se for inferior a 1, a existência de um capital de giro negativo. 4 LIQUIDEZ SECA O indicador da liquidez seca é um interessante resultado para ser analisado, pois ele descarta da sua base de cálculo o valor dos estoques e o valor das despesas antecipadas em função das seguintes características: a) os estoques possuem um maior tempo para o giro, podendo não ser utilizados para liquidar os compromissos financeiros da empresa de maneira rápida; b) as despesas antecipadas também devem ser eliminadas da base de cálculo desse indicador. É importante ressaltar que as despesas antecipadas poderão ser reclassificadas para as contas do resultado, pois estas despesas serão classificadas para o grupo das despesas ou custo ao longo do exercício social. Indicador de Liquidez Seca = Ativo Circulante ( – ) Estoques Passivo Circulante Este é um indicador muito adequado para se avaliar conservadoramente a situação de liquidez da empresa. Eliminando-se os estoques do numerador, estamos eliminando uma fonte de incerteza (pois os estoques podem demorar para serem vendidos pela empresa). Em outras condições, pode-se traduzir em um indicador 106 bastante conservador em função da alta rotatividade dos estoques. Este indicador apresenta uma posição bem conservadora da liquidez da empresa em determinado momento, sendo preferido pelas instituições financeiras. Corrobora Voglino (2020) que o índice de liquidez seca indica quanto uma empresa poderá dispor de recursos circulantes, sem levar em conta seus estoques, para realizar o pagamento de suas obrigações de curto prazo. Este índice de liquidez é considerado mais rigoroso, pois, além de calcular a capacidade de pagamento da empresa no longo prazo, o Índice de Liquidez Seca não leva em consideração os estoques. É importante avaliar que: a) o passivo circulante é sempre líquido; b) as contas de caixa e bancos não devem ser itens expressivos; c) as aplicações financeiras de curto prazo podem ser representadas por títulos; d) as duplicatas a receber líquidas apresentam o risco de crédito representado pela carteirade clientes da empresa. O índice de liquidez seca foi criado para a extração da análise de curto prazo da empresa, a baixa liquidez dos estoques e das despesas antecipadas e é obtido por meio do relacionamento dos ativos circulantes de maior liquidez com o total do passivo circulante total. E qual é o resultado apurado para a empresa? Para a análise desse indicador, é necessário buscar nos relatórios contábeis a seguir, o valor do Ativo Circulante de X2 em R$ 8.996.000,00 e subtrair o valor dos Estoques de X2 em R$ 5.055.000,00. Em seguida, o resultado dessa operação que está em R$ 3.941.000,00 se deve dividir pelo valor do Passivo Circulante de X2 em R$ 4.999.000,00. 107 QUADRO 7 – BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: O autor Liquidez Seca LS = Ativo Circulante ( - ) Estoque Passivo Circulante LS = 3.941.000 4.999.000 LS = 0,7884 108 A apuração do resultado indica que do resultado do Ativo Circulante ( - ) Estoque e dividindo-se pelo valor do Passivo Circulante, obtêm-se o resultado de que para cada R$ 1,00 em dívidas de curto prazo, a empresa dispõe de R$ 0,78 para pagar os seus compromissos de curto prazo. É um interessante resultado, pois além de eliminar os estoques da sua base de cálculo, a empresa ainda apresenta 78,84% de recursos para saldar as suas dívidas. IMPORTANTE O ideal deste indicador é estar acima de 0,80 visto que exclui os estoques da base de cálculo. Isso porque a realização dos estoques, na maioria das vezes, é mais demorada e difícil de acontecer (giro dos estoques) do que os demais elementos. Apesar de serem classificados como itens circulantes (curto prazo), não apresentam, na maioria das vezes, liquidez compatível com o grupo patrimonial. As despesas pagas antecipadamente representam serviços, utilidades e benefícios a receber e não valores monetários a receber. Dessa maneira, são eliminadas desse cálculo. 5 LIQUIDEZ GERAL Este indicador expõe a longo prazo a saúde financeira da empresa. Caso os prazos dos ativos e passivos, em seu cálculo, forem muito diferentes, a análise da folga financeira pode ser prejudicada. Indicador de Liquidez Geral = Este indicador serve para detectar a saúde financeira (no que se refere à liquidez) de longo prazo do empreendimento. Mais uma vez, o problema dos prazos empobrece o sentido e a utilidade deste indicador, a não ser que seja explicitamente levado em sua devida análise. Os prazos de liquidação do passivo e de recebimento do ativo podem ser os mais diferenciados possíveis, ainda mais se considerarmos que a empresa possui passivo e ativo em longo prazo. Desta forma, Bazzi (2020, p. 48) afirma: Ativo Circulante + Ativo Não Circulante Passivo Circulante + Passivo Não Circulante 109 O índice de liquidez geral mostra a solidez do embasamento financeiro da empresa em longo prazo, considerando tudo o que ela converterá em dinheiro em curto e longo prazo e relacionando com tudo o que a empresa já assumiu como dívida, também em curto e longo prazos. Como em qualquer índice, a liquidez geral não deve ser vista isoladamente. E qual é o resultado apurado para a empresa? Para a análise desse indicador, é necessário buscar o valor do Ativo Circulante de X2 em R$ 8.996.000,00 e adicionar o valor do Ativo Não Circulante de X2 em R$ 24.978.000,00. Em seguida, se deve dividir o resultado dessa operação que está em R$ 33.974.000,00 pelo valor do Passivo Circulante de X2 em R$ 4.999.000,00 acrescido o valor do Passivo Não Circulante de X2 em R$ 13.283.000,00, o que perfaz um total de R$ 18.282.000,00. 110 QUADRO 8 – BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: O autor Liquidez Geral LS = Ativo Circulante + Ativo Não Circulante Passivo Circulante + Passivo Não Circulante LS = 33.974.000 18.282.000 LS = 1,8583 111 Com esse indicador, é possível identificar que para cada R$ 1,00 em dívidas totais, a empresa dispõe de R$ 1,8583 de recursos do Ativo Circulante e Ativo Não Circulante para pagar todos os seus compromissos do Passivo Circulante e Passivo Não Circulante. 112 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A análise das Demonstrações Contábeis encontra sua relevância quando são apurados os indicadores, principalmente, ao comparar itens e grupos do Balanço e da Demonstração do Resultado. • A liquidez imediata é um índice que transmite a porcentagem das dívidas (obrigações) de curto prazo e caso a empresa disponha de caixa, a dívida pode ser saldada imediatamente. • A liquidez seca é um interessante indicador, pois evidencia a capacidade da geração do caixa da empresa, sem considerar a composição dos estoques, o que garante solidez dos seus pagamentos sem comprometer os seus ativos operacionais (nesse caso, os estoques). • A liquidez corrente relaciona quanto dinheiro a empresa dispõe, imediatamente disponíveis e conversíveis em curto prazo em dinheiro, com relação às dívidas de curto prazo. É um índice muito divulgado e frequentemente considerado como o melhor indicador da situação de liquidez da empresa. • A liquidez geral serve para detectar a saúde financeira (no que se refere à liquidez) de longo prazo do empreendimento. 113 1 A análise dos índices financeiros demonstra a relação heterogênea dentro de um mesmo exercício, pois indica quantas vezes o divisor está contido no dividendo, como uma simples operação matemática. O que permite identificar esses indicadores? a) ( ) A questão é identificar a participação de cada grupo de contas contábeis que permite liquidar os compromissos financeiros da empresa. b) ( ) A análise das Demonstrações Contábeis encontra sua relevância quando são apurados os resultados das vendas da empresa em comparação à geração do caixa. c) ( ) A técnica da apuração dos índices econômico-financeiros com base nos relatórios dos custos da produção é o que mais se utiliza na gestão dos resultados da empresa. d) ( ) Os indicadores financeiros apurados na relação estabelecida na análise por indicadores podem ser classificados em operacionais e financeiros. e) ( ) Os indicadores financeiros são apurados entre a relação dos elementos patrimoniais, como na relação entre a produção e os custos dos produtos vendidos. 2 A técnica de análise financeira dos indicadores é um dos mais importantes desenvolvimentos da Contabilidade, pois é muito mais indicado comparar, digamos, o ativo corrente com o passivo corrente do que simplesmente analisar cada um dos elementos individualmente. Com relação a esses aspectos, qual é a finalidade do indicador de Liquidez Imediata? 3 A análise horizontal é um importante instrumento para identificar a variação percentual que ocorreu de um período para outro, e desta forma evidenciar se ocorreu algum acréscimo ou decréscimo das contas contábeis analisadas. De acordo com esses aspectos, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) O índice da liquidez corrente utiliza como base para apuração o valor que consta no Ativo Permanente em comparação com o Passivo Circulante. Em outras palavras, significa dizer quanto que a empresa possui de recursos em até um ano para quitar todos os seus compromissos para o mesmo período apurado. b) ( ) O índice da liquidez corrente utiliza como base para apuração o valor que consta no Ativo Circulante em comparação com o Passivo Circulante. Em outras palavras, significa dizer quanto que a empresa possui de custo de produção em até um ano para quitar todos os seus compromissos para o mesmo período apurado. c) ( ) O índice da liquidez corrente utiliza como base para apuração o valor que consta no Ativo Circulante em comparação com o Passivo Não Circulante. Em outras palavras, significa dizer quanto que a empresa possui de recursos em até um ano para quitar todos os seus compromissos para o mesmo período apurado. AUTOATIVIDADE 114 d) ( ) O índice da liquidez corrente utiliza como base para apuração o valor que consta no Ativo Circulante em comparação com o Passivo Circulante. Em outras palavras, significadizer quanto que a empresa possui de recursos em até um ano para quitar todos os seus compromissos para o mesmo período apurado. e) ( ) O índice da liquidez corrente utiliza como base para apuração o valor que consta no Ativo Circulante em comparação com o Patrimônio Líquido. Em outras palavras, significa dizer quanto que a empresa possui de recursos em até um ano para quitar todos os seus compromissos para o mesmo período apurado. 4 A periodicidade da análise depende dos objetivos que se pretende alcançar. Tratando-se de análise para finalidades externas, basicamente um cálculo anual ou semestral é suficiente. Para a análise gerencial interna, alguns índices merecerão acompanhamento mensal, outros até de intervalos mais curtos, dependendo de quão crítico seja o índice como um dos sinais de alarme do sistema de informação contábil-financeiro. Com relação ao indicador de liquidez, o que ele visa demonstrar? a) ( ) Os indicadores tradicionais de liquidez revelam uma posição de investimentos em dado momento de tempo, e os valores examinados são incessantemente alterados em função da dinamicidade natural dos negócios da empresa. b) ( ) Os indicadores de liquidez são os indicadores de velocidade, que são os indicadores obtidos com a apuração dos índices na relação das vendas de um elemento patrimonial e um elemento de resultado, como na relação entre o CMV e o Estoque Final ou Médio no cálculo do número de renovações dos estoques de mercadorias. c) ( ) Os indicadores de liquidez visam determinar a habilidade que uma empresa tem em cumprir corretamente as obrigações passivas assumidas, ou seja, mede a capacidade de cobrança (folga de pagamento) de uma empresa. A liquidez dinâmica dos indicadores não reflete a magnitude e a época em que ocorrerão as diversas entradas e saídas circulantes. d) ( ) Os indicadores tradicionais de liquidez revelam uma posição financeira em dado momento de tempo, e os valores examinados são inalterados em função da dinamicidade natural dos negócios da empresa. e) ( ) Os indicadores de liquidez visam determinar a habilidade que uma empresa tem em cumprir corretamente as obrigações passivas assumidas, ou seja, mede a capacidade de pagamento (folga financeira) de uma empresa. A liquidez estática dos indicadores não reflete a magnitude e a época em que ocorreram as diversas entradas e saídas circulantes. 5 Os indicadores de liquidez visam determinar a habilidade que uma empresa tem em cumprir corretamente as obrigações passivas assumidas, ou seja, mede a capacidade de pagamento (folga financeira) de uma empresa. Com relação à liquidez estática, o que esse indicador reflete? 115 TÓPICO 3 - INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO E FATOR DE INSOLVÊNCIA 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 2 A principal característica para a análise das demonstrações contábeis de uma empresa está em comparar os indicadores apurados de um determinado período com os demais apurados em exercícios sociais anteriores, e correlacionar esses resultados com as metas de gestão da empresa. Por exemplo, giro dos estoques para identificar necessidades de novas compras de mercadorias, rentabilidade da empresa para identificar o tempo do retorno dos investimentos, e assim por diante. Para que os indicadores possam ser utilizados de forma correta é necessário que os registros contábeis da empresa sejam realizados com o maior esmero possível, que todos os registros contábeis atendam fielmente a legislação. Além do Departamento de Contabilidade da empresa realizar todos os registros contábeis com a maior qualidade possível, também é necessário que os demonstrativos contábeis sejam auditados por empresa de auditoria independente, podendo, com isso, validar a segurança dos controles internos da empresa. Um cuidado que o analista deve ter é observar se os valores extraídos dos demonstrativos contábeis iniciais e finais, principalmente as contas contábeis de clientes em cobrança e estoques, estão de acordo com as médias reais do período. Algumas vezes isso não ocorre, o que pode colocar em risco a avaliação desses indicadores. Para o melhor aproveitamento da análise dos indicadores apurados na empresa, é importante comparar os resultados com mais períodos, o que torna a eficácia desses resultados muito mais reveladora no sentido de avaliar se o modelo de gestão da empresa está de acordo com a realidade do negócio no mercado. Para obter sucesso nesse trabalho, é importante comparar os indicadores com os do concorrente, juntamente com os indicadores padrões estabelecidos pelos administradores. O resultado encontrado de um indicador na avaliação de uma conta ou de um grupo de contas patrimoniais de forma isolada não retrata fielmente a relevância desse resultado e muito menos seu comportamento ao longo do período avaliado. 116 Como exemplo, ao apurar o valor do custo da produção isoladamente, este valor não possui relevância, mas ao comparar com o valor total das vendas realizadas, ou seja, participação dos custos da produção na geração das receitas de vendas da empresa é possível extrair uma importante informação. Desta maneira, o dinamismo na análise dos resultados está em comparar cada conta ou grupo de contas e extrair os indicadores necessários. 2 COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO A avaliação do endividamento da empresa é de fundamental importância para identificar se ela se encontra dependente de recursos de terceiros ou consegue desenvolver as suas atividades com o capital próprio ao longo do tempo. As decisões financeiras passam por esse indicador, pois os custos de captação dos recursos da empresa possuem forte impacto no fluxo de caixa, o capital de terceiros precisa ser remunerado com os juros que a empresa paga para as instituições financeiras e o capital próprio deve ser remunerado pelos dividendos pagos aos sócios. Esse tema é estudado no Tópico 2 da Unidade 3, Seção 3.4 – Cálculo do CMPC – Custo Médio Ponderado de Capital deste Material de Estudos. Esse indicador apresenta grandes linhas de decisões financeiras em termos da obtenção e aplicação de recursos para a empresa. Fórmula: IE = ET ET + PL Neste indicador, temos: ET = Exigível Total (passivo circulante + exigível a longo prazo). PL = Patrimônio Líquido. Com este índice, é possível relacionar o total dos recursos no exigível total (capitais de terceiros) com os recursos aplicados pela captação das instituições financeiras e pelos sócios providos (capitais próprios e capitais de terceiros). Contribui Iudícibus (2017, p. 109): Este quociente (também conhecido por “Debt Ratio”), de grande relevância, relaciona o Exigível Total (capitais de terceiros) com os Fundos Totais Providos (por capitais próprios e capitais de terceiros). Expressa a porcentagem que o endividamento representa sobre os fundos totais. Também significa qual a porcentagem do ativo total é financiada com recursos de terceiros. 117 No longo prazo, a porcentagem de capitais de terceiros sobre os fundos totais não poderia ser muito grande, pois isto iria progressivamente aumentando as despesas financeiras, deteriorando a posição de rentabilidade da empresa. Entretanto, muito irá depender da taxa de retorno ganha pelo giro no ativo dos recursos tomados por empréstimo, quando comparada com a taxa de despesas financeiras sobre o endividamento. Se a taxa de despesas financeiras sobre o endividamento médio se mantiver menor que a taxa de retorno obtida pelo uso, no giro operacional, dos fundos obtidos por empréstimo, a participação de capitais de terceiros será benéfica para a empresa, desde que isto não determine situação de liquidez insustentável em determinados dias, semanas ou meses do ano”. IMPORTANTE Quanto maior o resultado apresentado, pior para a empresa porque isso significa um elevado grau de endividamento da empresa. Vejamos o quadro a seguir, que apresenta o Balanço Patrimonial com as informações do Passivo Circulante, Passivo Não Circulante e Patrimônio Líquido parao cálculo da composição do endividamento. 118 QUADRO 9 – BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: O autor O valor Passivo Circulante de R$ 4.999.000,00 do exercício social de X2, somado ao valor do Passivo Não Circulante do exercício social de X2 em R$ 13.283.000,00, perfaz um total de R$ 18.282.000,00. O valor de R$ 18.282.000,00 deve ser dividido por R$ 33.974.000,00 que é a somatória de R$ 18.282.000,00 do Passivo Circulante e Passivo Não Circulante com o valor do Patrimônio Líquido de R$ 15.692.000,00. O resultado é 0,5381, conforme o cálculo a seguir: 119 IE = ET ET + PL IE = 18.282.000 33.974.000 IE = 0,5381 De acordo com este resultado, o indicador apresenta praticamente 53,81% do nível de endividamento total, ou seja, o valor do exigível total ((passivo circulante + passivo não circulante) / (exigível total + patrimônio líquido)). Isso quer dizer que, com relação aos valores totais investidos, a empresa possui um comprometimento um pouco acima de 50%. O importante é esse resultado ser cada vez menor, porém, não significa necessariamente que a empresa está com problemas financeiros. Também é importante avaliar que no longo prazo a porcentagem dos capitais de terceiros não pode se elevar, pois com certeza as despesas financeiras também acabariam aumentando proporcionalmente, e isso coloca em risco a rentabilidade da empresa em geral. 2.1 COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO DE CURTO PRAZO O indicador referente à composição do endividamento do curto prazo relaciona qual é a participação dos empréstimos e financiamentos que a empresa possui no passivo circulante, ou seja, no curto prazo em relação ao volume do endividamento total. É sabido que no mundo empresarial toda e qualquer empresa, durante o seu período de expansão, busca recursos junto ao mercado financeiro (empréstimos e financiamentos), algumas vezes com prazos em períodos alongados (passivo não circulante), com o objetivo de colocar a empresa em funcionamento e garantir a geração do caixa. Conforme Iudícibus (2017, p. 110): Representa a composição do Endividamento Total ou qual a parcela que se vence a Curto Prazo, no Endividamento Total. A empresa em franca expansão deve procurar financiamento, em grande parte, com endividamento de longo prazo, de forma que, à medida que ela ganhe capacidade operacional adicional com a entrada em funcionamento dos novos equipamentos e outros recursos de produção, tenha condições de começar a amortizar suas dívidas. Por isto é que se deve evitar financiar expansão com empréstimos de curto prazo, a não ser que o período de Payback dos ativos seja curtíssimo, fato que raramente ocorre. 120 O gestor da empresa precisa cuidar para que o prazo da amortização ou os pagamentos das dívidas de empréstimos e financiamentos de longo prazo ocorram dentro do período do exercício social corrente (período circulante). A empresa precisa ter capacidade financeira suficiente para honrar os compromissos junto aos bancos e instituições financeiras, caso contrário, ela estará atrelada a um volume de endividamento cada vez maior, o que com certeza não é saudável para o seu desenvolvimento. Vejamos o quadro a seguir que apresenta o Balanço Patrimonial com as informações do Passivo Circulante e Passivo Não Circulante para o cálculo da composição do endividamento de curto prazo. QUADRO 10 – BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: O autor 121 O valor do Passivo Circulante em R$ 4.999.000,00 deve ser dividido pela somatória do valor do Passivo Circulante de R$ 4.999.000,00 do exercício social de X2 com o valor do Passivo Não Circulante do exercício social de X2 em R$ 13.283.000,00, que perfaz um total de R$ 18.282.000,00. ECP = PC PC + PNC ECP = 4.999.000 18.282.000 ECP = 0,2734 De acordo com o resultado, que é de 27,34%, a empresa possui menos de 1/3 das suas dívidas atreladas no passivo circulante. Comparado com o total da captação de recursos do mercado financeiro, é um bom sinal, pois não acarretará maior esforço para pagamento das dívidas da empresa. Isso significa que o Passivo Circulante envolve, além das contas de empréstimos e financiamentos, as contas de salários a pagar, fornecedores e impostos a recolher. IMPORTANTE Quanto menor o resultado apresentado, melhor para a empresa, porque representa menor volume de dívidas para serem pagas no curto prazo, se comparado ao total das dívidas da empresa (curto prazo e longo prazo). É importante atentar que em alguns segmentos do mercado a empresa poderá ter maior necessidade de captação de recursos de empréstimos e financiamentos do que nas outras contas contábeis do grupo do Passivo. Algumas incorporadoras de imóveis buscam mais recursos de empréstimos e financiamentos para encaminhar a construção dos imóveis e quitam esses compromissos financeiros à medida que forem vendendo os imóveis. 122 2.2 GRAU DE IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Outro indicador para análise na gestão das empresas está relacionado com a apuração do índice do grau de Imobilização do Patrimônio Líquido. A Imobilização do Patrimônio Líquido requer uma especial atenção porque parte do valor captado dos sócios deveria, em tese, estar investido em estoques ou disponibilidades da empresa. No entanto, ao iniciar as atividades operacionais de qualquer negócio, é fato que um significativo volume dos recursos dos sócios (Capital Social) está investido em Imobilizado. Isso não é um mau sinal, muito pelo contrário, porque a aquisição do imobilizado não estaria vinculada diretamente com a captação dos recursos de terceiros, portanto, não haveria endividamento em função da compra do imobilizado. No entanto, em linhas gerais, é importante avaliar se é mais interessante alienar o imobilizado com empréstimos e financiamentos, e deixá-lo como garantia a longo prazo, do que buscar empréstimos e financiamentos para alavancar as atividades operacionais da empresa com a compra de estoques, ou financiar as vendas a prazo, pois quando a empresa vende a prazo, ela não gera o fluxo de caixa imediatamente e isso obriga os empresários buscarem recursos de empréstimos e financiamentos. Isso quer dizer que é melhor para empresa colocar os bens do imobilizado como garantia de empréstimos e financiamentos e o valor do Patrimônio Líquido dos sócios aplicar na compra de estoques e manutenção do caixa da empresa. Observe que é um importante indicador para a gestão, pois, com esse resultado, é possível avaliar as condições de investimento de recursos em outros ativos (além do imobilizado da empresa). IPL = (AP) IMOBILIZADO / PL IPL = Imobilização do Patrimônio Líquido AP = Ativo Permanente IMOBILIZADO = Recursos do Ativo Permanente PL = Patrimônio Líquido Segundo Padoveze e Benedicto (2010), quanto maior for a aplicação de recursos no Imobilizado, existirá maior probabilidade de os custos fixos da empresa aumentarem, pois irão gerar mais volumes de recursos em depreciação, seguros do mobilizado, gastos com a manutenção dessas máquinas e equipamentos. Isso pode gerar um determinado desequilíbrio nas condições da geração do fluxo de caixa da empresa, pois quanto maior volume de recursos investidos em imobilizado, maiores gastos serão necessários para mantê-los. 123 Isso é fato, pois quanto maior o volume de recursos investidos no imobilizado, menores serão os volumes de recursos que a empresa poderá investir em ativos circulantes, por consequência existirá uma maior dependência de capitais de terceiros para financiar o ativo circulante para aquisição de estoques e financiar os clientes a prazo. Vejamos o quadro a seguir que apresenta o Balanço Patrimonial com as informações do Ativo Permanente e Patrimônio Líquido para o cálculo do grau de imobilização do patrimônio líquido. QUADRO 11 – BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: O autor 124 O valor do Ativo Permanente (Imobilizado) em R$ 21.358.000,00 deve ser dividido pelo valor do Patrimônio Líquido de R$ 15.692.000,00 do exercício social de X2. O resultado será 1,3611.IPL = (AP) IMOBILIZADO PL IPL = 21.358.000 15.692.000 IPL = 1,3611 De acordo com o resultado apresentado, a empresa investiu muito mais recursos no Imobilizado do que em outros Ativos Operacionais, pois 100% dos recursos investidos no Imobilizado são advindos do Patrimônio Líquido e o restante, 36,11% são advindos de recursos de terceiros. É interessante que esse resultado permaneça abaixo de um, ou melhor, menor que 100%. IMPORTANTE Quanto menor o resultado apresentado, melhor é para a empresa, pois o excedente do Patrimônio Líquido que não está aplicado no imobilizado deve estar aplicado em outras contas do Ativo Circulante. 2.3 GRAU DE IMOBILIZAÇÃO DE RECURSOS NÃO CORRENTES O grau de Imobilização dos recursos não correntes significa o valor que a empresa está investindo no imobilizado, nos investimentos em outras empresas, nos recursos dos ativos intangíveis, a partir dos recursos do patrimônio líquido (Capital Social dos sócios) e também dos recursos de empréstimos e financiamentos de longo prazo (Passivo Não Circulante). A fórmula é a seguinte: 125 IMOBILIZAÇÃO DE RECURSOS NÃO CORRENTES = (IMOB + Inv. + Int.) / (PL + PNC) IMOB = Imobilizado Inv. = Investimentos Int. = Intangível PL = Patrimônio Líquido PNC = Passivo Não Circulante Buscou-se em Matarazzo (2010) que esse indicador identifica o montante de imobilização de recursos não correntes aplicado no Imobilizado. Em regra geral, este indicador não poderá ser superior a 100%, se não, dessa forma a empresa estará cada vez mais dependente de recursos de terceiros para investir no seu imobilizado, o que em tese não é interessante, pois faltariam recursos para investir em suas atividades operacionais. Vejamos o quadro a seguir, que apresenta o Balanço Patrimonial com as informações do Ativo Não Circulante, Passivo Não Circulante e Patrimônio Líquido para o cálculo do grau de imobilização de recursos não correntes. 126 QUADRO 12 – BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: O autor O valor do Ativo Imobilizado somado ao valor dos Investimentos e dos Intangíveis (se houver) totaliza no Balanço Patrimonial o valor de R$ 24.978.000,00 e este deve ser dividido pelo valor do Patrimônio Líquido de R$ 15.692.000,00 e somado ao valor do Passivo Não Circulante no valor de R$ 13.283.000,00, o que totaliza no exercício social de X2 o valor de R$ 28.975.000,00. O resultado desse indicador é 0,8621. Logo, a fórmula está assim definida: 127 IRNC = IRNC = 24.978.000 28.975.000 IRNC = 0,8621 Observe que os gestores da empresa destinaram aproximadamente 86,21% dos recursos do Patrimônio Líquido para o grupo de contas do Imobilizado e Investimentos, e a diferença está aplicada em recursos do CCL – Capital Circulante Líquido. Ressalta-se que o percentual é elevado, pois o interessante é que esteja próximo de 50%. Matarazzo (2010) esclarece que, mesmo a empresa não tendo necessidade de recursos em Ativo Circulante, sempre deve existir um pequeno volume de recursos em contas não circulantes. A parcela de recursos das contas do não circulante destinada ao Ativo Circulante é denominada Capital Circulante Líquido (CCL). Imobilizado + Investimentos + Intangíveis PL + PNC IMPORTANTE Com relação a esse indicador, a interpretação é quanto menor for o resultado apresentado, melhor para a empresa. É importante esclarecer que com relação a esse indicador os recursos que estão no Capital Circulante Líquido devem advir exclusivamente do Capital Social e do Passivo Não Circulante, pois, se os recursos estiverem sendo financiados pelo Passivo Circulante, a empresa encontrará dificuldades na sua capacidade de pagamentos e o seu fluxo de caixa estará comprometido. 3 ANÁLISE DISCRIMINANTE Análise de desempenho nas empresas está pautada em indicadores econômico- financeiros, com uso bastante generalizado, porém há a necessidade de realizar associações desses indicadores com aplicação de diagramas de índices, pois muitas vezes o analista se depara com conclusões distintas sobre a performance dos gestores que administram as empresas. 128 Basicamente, os principais indicadores econômico-financeiros são utilizados para a análise da liquidez imediata, liquidez corrente, liquidez geral e os indicadores de lucratividade, os indicadores do giro dos ativos da empresa e também da estrutura de capital. A estrutura de capital envolve a captação dos recursos de capital de terceiros e capital próprio que devem ser suficientes para alavancar o resultado operacional da empresa. Com base em Silva (2019), as dimensões na análise das demonstrações contábeis que envolve o Balanço Patrimonial e a DRE – Demonstração do Resultado – estão agrupadas basicamente em 4 eixos, que são: análise horizontal e análise vertical, análise dos indicadores de liquidez, endividamento e lucratividade. Desta forma, esses indicadores de cunho econômico-financeiros são voltados exclusivamente para a condição de avaliar a situação financeira das organizações e o seu retorno econômico (lucratividade). A técnica da análise discriminante envolve aplicação de ferramentas estatísticas para identificar possíveis imprevistos na situação de insolvência da empresa. IMPORTANTE A prática da Análise Discriminante envolve ferramentas estatísticas que são estudadas na disciplina de Estatística, conforme as seguintes etapas: 1– Classificação das empresas pelo quartil e pontuação. 2– Aplicar o grau de eficiência na assertividade da classificação das empresas. 3– Aplicar as Médias dos Centros (centroides). 4– Aplicar a medição da Correlação Canônica. Seu objetivo está em identificar se uma empresa se enquadra na categoria solvente ou não solvente, com a aplicação de determinados resultados alcançados. A análise discriminante constitui-se na aplicação de um processo estatístico que afasta as principais observações típicas observadas em determinados grupos de empresas. Conforme apuradas essas observações, a empresa passa a ser analisada dentro de um conjunto de características apresentadas em um grupo de maior afinidade de comportamento e, conforme forem sendo observados o seu desempenho junto ao grupo de empresas, é possível avaliar a sua condição. Um caso típico dessa análise é o acompanhamento de determinado grupo de empresas que estão apresentando diversos indicadores, inclusive apresentando forte tendência de insolvência. Conclui-se então que pela probabilidade estatística a empresa avaliada em questão terá fortemente resultados associados com a insolvência, pois, de acordo com o seu modelo de gestão, seguirá o mesmo caminho. 129 A análise discriminante pode servir como uma forte ferramenta de controle interno. De acordo com os resultados apresentados, a análise discriminante pode ser utilizada como uma ferramenta para antecipação de determinadas ocorrências que podem aparecer com o tempo, e ainda há a possibilidade de corrigir possíveis desvios. Atualmente, é mais aplicada no processo de concessão de crédito para prever falências (insolvências). Para Assaf Neto (2021, p. 126), “os modelos de análise discriminante admitem implicitamente que um estado de insolvência pode ser perfeitamente identificado nas demonstrações contábeis, conforme publicadas pelas empresas. A análise estatística efetuada nessas demonstrações permite que se identifiquem, claramente, as principais características de um estado de insolvência ou de solvência”. 4 FATOR DE INSOLVÊNCIA DE KANITZ A Solvência Geral de Kanitz leva em consideração a análise discriminante com obtenção dos pesos e ao fornecimento de uma nota final que, comparada a uma escala de avaliação, irá classificar o grau de risco da empresa. A insolvência de uma empresa é resultado da sua incapacidade de quitar as obrigações, ou seja, pela falta de dinheiro no momento de vencimento de uma dívida. A falta crônica de dinheiro e a perspectiva a longo prazo de agravamento da insuficiência de entradas em caixa caracteriza a insolvência, cujas soluçõespodem ser a concordata ou a falência. O indicador de Kanitz pode ajudar a prever a falência da empresa, principalmente pela falta de dinheiro em caixa. A falta de dinheiro a curto prazo deve-se a alguns motivos, como sendo: a) desempenho de vendas aquém do esperado; b) falta de controle das despesas; c) prejuízos; d) má administração do Ativo e Passivo Circulantes; e) excesso de investimentos em Ativos (Investimento, Imobilizado e Intangível). Toda empresa tem um fluxo de caixa (movimento de entrada e saída de caixa) em que as entradas naturalmente se equilibram com as saídas. Essa harmonia é quebrada quase sempre por um desses cinco motivos e só será corrigida se a empresa for capaz de obter os empréstimos adicionais necessários. 130 IMPORTANTE O objetivo não é somente prever falências, mas dar uma nota média geral para a empresa que concatene diversos índices. O Termômetro de Insolvência de Kanitz se dá pela seguinte régua de resultados: O fator de insolvência indica a faixa de risco em que se encontra a empresa, podendo levá-la a uma situação com muita dificuldade financeira, se os gestores não adotarem medidas para correção do seu desequilíbrio financeiro. As cinco variáveis do fator de insolvência de Kanitz são as seguintes, conforme Silva (2019): rentabilidade sobre patrimônio líquido, liquidez geral, liquidez seca, liquidez corrente e participação de capital de terceiros. Para o cálculo, tem-se a seguinte fórmula: FATOR DE INSSOLVÊNCIA DE KANITZ = (RSPL x 0,05) + (LG x 1,65) + (LS x 3,55) – (LC X 1,06) – (PCT x 0,33) Onde: RSPL = Rentabilidade sobre Patrimônio Líquido LG = Liquidez Geral LS = Liquidez Seca LC = Liquidez Corrente PCT = Participação de Capital de Terceiros Vamos apurar um resultado e identificar em qual estágio a empresa se encontra. Vejamos o quadro a seguir que apresenta o Balanço Patrimonial com as informações do Ativo, Ativo Circulante, Estoques, Ativo Não Circulante, Passivo, Passivo Circulante, Passivo Não Circulante e Patrimônio Líquido para o cálculo do fator de insolvência de KANITZ. 131 QUADRO 13 – BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: O autor Observação: a) O Lucro Líquido é apurado pela diferença entre o valor do Patrimônio Líquido de X2 em R$ 15.692.000,00 ( - ) R$ 14.198.000,00 que é o valor do Patrimônio Líquido de X1, o que perfaz o valor de R$ 1.494.000,00. b) O Passivo Total é representado pela soma dos recursos do Passivo Circulante de X2 no valor de R$ 4.999.000,00 e do Passivo Não Circulante de X2 no valor de R$ 13.283.000,00, o que perfaz o valor total de R$ 18.282.000,00. 132 c) O Patrimônio Líquido (PL) de X2 é de R$ 15.692.000,00. d) O Ativo Circulante (AC) menos Estoques, assim, deve ser utilizado o valor de X2 de R$ 8.996.000,00 do Ativo Circulante e descontar o valor que consta nos Estoques em X2 com R$ 5.055.000,00, o que perfaz um saldo de R$ 3.941.000,00. e) O Passivo Circulante (PC) de X2 é de R$ 4.999.000,00. O coeficiente de Kanitz é determinado com a aplicação da seguinte fórmula: → X1 + X2 + X3 – X4 – X5 (O “X” não é o exercício social, mas é o resultado do 1º coeficiente em X1, adicionado ao 2º coeficiente em X2 e assim por diante). ANO X2 X1 = Lucro Líquido x 0,05 = 1.494.000 x 0,05 = 0,0048 PL 15.692.000 X2 = Ativo Total x 1,65 = 33.974.000 x 1,65 = 3,0662 Passivo Total 18.282.000 X3 AC - Estoques x 3,55 = 3.941.000 x 3,55 = 2,7987 PC 4.999.000 X4 AC x 1,06 = 8.996.000 x 1,06 = 1,9075 PC 4.999.000 X5 Passivo Total x 0,33 = 18.282.000 x 0,33 = 0,3845 PL 15.692.000 Fórmula Geral: X1 + X2 + X3 - X4 - X5 Se: entre 0 e 7 Solvência Se: entre -3 e 0 Penumbra Se: entre -7 e -3 Insolvência Resultado: 3,5777 Solvência Com esse modelo de cálculo, é possível identificar se determinadas empresas podem correr o risco de falência ou não. O valor apurado no exemplo identifica o resultado de 3,5777, o que coloca a empresa em uma situação muito confortável. Esse indicador também permite descobrir se as empresas possuem clientes prioritários para negociação e geração do caixa (objetivando acelerar as previsões para a entrada dos valores de contas a receber). 133 CONTABILIDADE ASSERTIVA Celso Masson Depois de converter em agentes de negócios cerca de 600 escritórios contábeis de 125 cidades brasileiras, a fintech Contbank é escolhida pela iniciativa SP Global para integrar programa de internacionalização. LEITURA COMPLEMENTAR FONTE: <https://www.istoedinheiro.com.br/contabilidade-assertiva/>. Acesso em: 2 mar. 2022. Poucos executivos do mercado financeiro têm um carinho tão grande por contadores quanto o CEO e fundador da startup Contbank, Paulo Castro. “O contador é como um médico de família: é ele quem leva a empresa para a ‘maternidade’ e a acompanha por toda a vida”, afirmou à DINHEIRO. Para Castro, por acompanhar de perto a saúde financeira e fiscal dos clientes, os contadores reúnem os requisitos necessários para atuarem também como agentes de negócios, especialmente para micro e pequenas empresas. Foi com essa visão que ele criou a fintech Contbank. “Nossa proposta de valor é levar serviços financeiros a esse segmento por meio dos contadores, que neste caso atuam como os assessores de investimento da XP”, disse. “A estratégia é que o contador seja o protagonista dos negócios dessas empresas”. Criado em 2019, o Contbank passou a cadastrar agentes em abril deste ano e já tem como parceiros 600 escritórios de contabilidade. Juntos, eles atendem cerca de 200 mil clientes em 125 cidades de todos os estados brasileiros. A estratégia é converter toda essa carteira em correntistas 134 Contbank, que hoje somam 5 mil – entre pessoas físicas e jurídicas. E, claro, seguir ampliando a base de agentes de negócios: dos atuais 600 para 2,5 mil até o final de 2022, e assim progressivamente até chegar aos 80 mil escritórios contábeis em atividade no País. Isso representa uma carteira potencial de 8 milhões de clientes. “O Contbank é uma startup que oferece solução única para empresas que encontram dificuldades na hora de contratar serviços financeiros” – Gustavo Junqueira Presidente da Investsp. Para entender o apelo da fintech junto a esse público-alvo é preciso entender o que ela faz. “A gente não atua no negócio de contabilidade e sim sobre os dados das empresas, com big data e inteligência artificial, para ajudá-las a encontrar as melhores oportunidades de negócio”, disse Castro. Ele trabalhou por duas décadas no portal de internet Terra, dos quais dez anos na posição de CEO. Agora como banqueiro, disse reunir o melhor de dois mundos: a tecnologia, que se assemelha à de outros bancos digitais, incluindo cartão de crédito, seguros e investimentos, aliada ao fator humano, que é o contador. O agente de negócios Contbank é remunerado no ciclo de vida da relação que mantém com o cliente. “É praticamente uma sociedade. Nós dividimos com eles o que ganhamos em cada operação, descontados os nossos custos e uma reserva legal exigida pelo Banco Central”, disse Castro. 135 8 milhões de micro, pequenas e médias empresas, atendidas por... 80 mil escritórios de contabilidade em todo o Brasil 600 agentes de negócios estão cadastrados no Contbank 20 mil empresas é o total de clientes que eles atendem hoje, em... 125 cidades das cinco regiões do País 2,5 mil escritórios cadastrados é a meta do banco para 2022 5 mil correntistas é a carteira com que o Contbank encerra 2021 MERCADO PROMISSOR O Brasil tem cerca de 18.2 milhões de CNPJs, dos quais 200 mil se referem a grandes empresas e cerca de 10 milhões a MEIs - que, por lei, não precisam de contador. Sobram, portanto... FONTE: <https://www.istoedinheiro.com.br/contabilidade-assertiva/>. Acesso em: 2 mar. 2022. 136 RESUMO DO TÓPICO 3Segundo ele, a familiaridade do contador com a empresa pode aliviar uma dor constante de muitos negócios, que é a obtenção de crédito. “Queremos aproximar o mercado financeiro da economia real. As micros e pequenas empregam mais de 50%da população economicamente ativa, geram 30% do PIB e não acessam o mercado financeiro de forma adequada”, afirmou. Como mudar isso? Aproveitando o conhecimento que os contadores reúnem sobre os clientes para construir um “score” de crédito. “O que ajuda a reduzir os riscos para quem pode fornecer empréstimos é conhecer a saúde financeira, a eficiência da empresa em termos contábeis, se ela tem recebíveis”, dados aos quais o contador tem acesso. Isso não se limita ao Brasil. “A dificuldade de acesso ao crédito é semelhante em muitos países”, disse Castro, já que a contabilidade é uma linguagem universal. Pelos seus cálculos, é possível triplicar a escala do Contbank atuando nos principais mercados da América Latina e alguns países da Europa. É aí que entra o SP Global, o Programa de Aceleração para Internacionalização de Startups Paulistas. Na iniciativa da InvestSP e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado de São Paulo para preparar startups de forma a atuar no mercado internacional, dez empresas foram selecionadas, entre elas o Contbank. “Com o SP Global, a InvestSP busca identificar e apoiar startups que ofereçam soluções que podem ser escaladas no mercado internacional”, disse o presidente da InvestSP, Gustavo Junqueira. “O Contbank é uma startup que oferece solução única para empresas que encontram dificuldades na hora de contratar serviços financeiros”. Segundo ele, a fintech se destacou em critérios como o potencial para o mercado europeu, grau de inovação e capacidade de planejamento. O programa, gratuito, está estruturado em três fases: capacitação, imersão e “scaling-out”, que coloca o plano em prática com suporte contínuo da InvestSP para garantir que o negócio cresça de forma estruturada. “É um processo de longo prazo, mas ter sido selecionado entre as dez comprova que o modelo faz sentido globalmente”, disse Castro. FONTE: <https://www.istoedinheiro.com.br/contabilidade-assertiva/>. Acesso em: 2 mar. 2022. 137 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • O indicador de endividamento da empresa é de fundamental importância para identificar se ela é dependente de recursos de terceiros ou consegue desenvolver as suas atividades com o capital próprio. • O indicador de endividamento também expressa a porcentagem do endividamento que a empresa possui e, juntamente com os terceiros, representa o valor total investido na empresa. Esse valor total está representado pela captação dos recursos de empréstimos e financiamentos e os recursos captados pelos sócios ou investidores. • O indicador referente à composição do endividamento do curto prazo relaciona a participação dos empréstimos e financiamentos que a empresa possui no passivo circulante, ou seja, no curto prazo com o volume do endividamento total dela. • A Imobilização do Patrimônio Líquido requer uma especial atenção porque parte do valor captado dos sócios deve, em tese, estar investido em estoques ou disponibilidades da empresa. No entanto, ao iniciar as atividades operacionais de qualquer empreendimento, é fato que um significativo volume dos recursos dos sócios (Capital Social) está investido em Imobilizado. • Quanto maior for a aplicação de recursos no Imobilizado, existirá maior probabilidade de os custos fixos da empresa aumentarem, pois irão gerar maiores volumes de depreciação, seguros do imobilizado, gastos com a manutenção das máquinas e equipamentos. • O grau de Imobilização dos recursos não correntes significa quanto a empresa está investindo dos recursos no ativo imobilizado, investimentos em outras empresas e recursos dos intangíveis que são captados dos recursos do patrimônio líquido (Capital Social dos sócios e do Passivo Não Circulante). • A análise discriminante constitui-se na aplicação de um processo estatístico que afasta as principais observações típicas observadas em determinados grupos de empresas. • A Solvência Geral de Kanitz leva em consideração a análise discriminante com obtenção dos pesos e ao fornecimento de uma nota final que, comparada a uma escala de avaliação, dará a classificação de risco da empresa. • A insolvência de uma empresa ocorre pela incapacidade de solver suas obrigações, ou seja, pela falta de dinheiro no momento de vencimento de uma dívida. 138 1 O indicador de endividamento da empresa é de fundamental importância para identificar se a empresa está dependente de recursos de terceiros ou consegue desenvolver as suas atividades com o capital próprio. Com relação a esses aspectos, por que as decisões financeiras passam por esse indicador? Justifique. 2 O indicador referente à composição do endividamento do curto prazo relaciona a participação dos empréstimos e financiamentos que a empresa possui no passivo circulante, ou seja, no curto prazo com o volume do endividamento total dela. Com relação a esses aspectos, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) O gestor da empresa deve cuidar para que, durante o prazo da cobrança ou dos pagamentos das dívidas de empréstimos e financiamentos de longo prazo, a empresa tenha capacidade financeira suficiente para honrar os compromissos junto aos bancos e instituições financeiras em geral. Caso contrário, ela estará atrelada ao volume de endividamento cada vez maior que com certeza não é saudável para o desenvolvimento da empresa. b) ( ) O gestor da empresa deve cuidar para que, durante o prazo da amortização ou dos pagamentos das dívidas de empréstimos e financiamentos de longo prazo, a empresa tenha capacidade financeira suficiente para honrar os compromissos junto aos bancos e instituições financeiras em geral. Caso contrário, ela estará atrelada ao volume de endividamento cada vez maior que com certeza é saudável para o desenvolvimento da empresa. c) ( ) O gestor da empresa deve cuidar para que, durante o prazo da amortização ou dos recebimentos das dívidas de empréstimos e financiamentos dos clientes, a empresa tenha capacidade financeira suficiente para honrar os compromissos junto aos bancos e instituições financeiras em geral. Caso contrário, ela estará atrelada ao volume de endividamento cada vez maior que com certeza não é saudável para o desenvolvimento da empresa. d) ( ) O gestor da empresa deve cuidar para que, durante o exercício social vigente, a empresa tenha capacidade financeira suficiente para honrar os compromissos junto aos bancos e instituições financeiras em geral. Caso contrário, ela estará atrelada ao volume de endividamento cada vez maior que com certeza não é saudável para o desenvolvimento da empresa. e) ( ) O gestor da empresa deve cuidar para que, durante o prazo da amortização ou dos pagamentos das dívidas de empréstimos e financiamentos de longo prazo, a empresa tenha capacidade financeira suficiente para honrar os compromissos junto aos bancos e instituições financeiras em geral. Caso contrário, ela estará atrelada ao volume de endividamento cada vez maior que com certeza não é saudável para o desenvolvimento da empresa. AUTOATIVIDADE 139 3 A Imobilização do Patrimônio Líquido requer uma especial atenção porque parte do valor captado dos sócios deve, em tese, estar investido em estoques ou disponibilidades da empresa. Para esse indicador, o que é importante avaliar? a) ( ) É importante avaliar se é mais interessante alienar o imobilizado com empréstimos e financiamentos e deixá-lo como garantia a longo prazo, visto que a maior parte do imobilizado deprecia em 10 anos, do que muitas vezes buscar empréstimos e financiamentos para alavancar as atividades financeiras da empresa com a compra de estoques ou financiar as vendas a prazo. b) ( ) É importante avaliar se é mais interessante alienar o imobilizado com empréstimos e financiamentos e deixá-lo como garantia a longo prazo, visto que a maior parte do imobilizado deprecia em 10 anos, do que muitas vezes buscar empréstimos e financiamentos para alavancar as atividades operacionais da empresa com a comprade estoques ou financiar as vendas a prazo. c) ( ) É importante avaliar se é mais interessante alienar o caixa com empréstimos e financiamentos e deixá-lo como garantia a longo prazo, visto que a maior parte do imobilizado deprecia em 10 anos, do que muitas vezes buscar empréstimos e financiamentos para alavancar as atividades operacionais da empresa com a venda de estoques ou financiar as vendas a prazo. d) ( ) É importante avaliar se é mais interessante alienar o imobilizado com empréstimos e financiamentos e deixá-lo como garantia a longo prazo, visto que a maior parte do imobilizado deprecia em 10 anos, do que muitas vezes buscar empréstimos e financiamentos para alavancar as atividades operacionais da empresa com a compra de novas máquinas e equipamentos. e) ( ) É importante avaliar se é mais interessante conceder a garantia das duplicatas a receber dos clientes e deixá-lo como garantia a longo prazo, visto que a maior parte do imobilizado deprecia em 10 anos, do que muitas vezes buscar empréstimos e financiamentos para alavancar as atividades operacionais da empresa com a compra de estoques ou financiar as vendas a prazo. 4 O grau de Imobilização dos recursos não correntes significa quanto a empresa está investindo dos recursos do imobilizado, mais investimentos em outras empresas, mais os recursos dos intangíveis que são captados pelos recursos do patrimônio líquido (Capital Social dos sócios e do Passivo Não Circulante). Como esse indicador deve se apresentar? Justifique. 140 5 A Solvência Geral de Kanitz leva em consideração a análise discriminante com obtenção dos pesos e ao fornecimento de uma nota final que, comparada a uma escala de avaliação, dará a classificação de risco da empresa. A insolvência de uma empresa ocorre pela incapacidade de solver suas obrigações, ou seja, pela falta de dinheiro no momento de vencimento de uma dívida. Com relação a esses aspectos, quais fatores são motivadores da falta de dinheiro? a) ( ) Desempenho das vendas além do esperado. b) ( ) Má administração do Ativo Circulante e Passivo Circulante. c) ( ) Controle excessivo das despesas. d) ( ) Prejuízos nas aplicações financeiras. e) ( ) Falta de investimentos em Ativos (Investimento, Imobilizado e Intangível). 141 REFERÊNCIAS ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2021. BAZZI, S. Análise das demonstrações contábeis. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2020. GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W. Contabilidade gerencial. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC- Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2001. IUDÍCIBUS, S. de. Análise de balanços. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2017. MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços: abordagem gerencial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. PADOVEZE, C. L.; BENEDICTO, G. C. de. Análise das demonstrações financeiras. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010. ROSSETTI, J. P. Introdução à economia. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2016. SILVA, A. A. da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2019. SOUZA, A. F. de. Análise financeira das demonstrações na prática. São Paulo: Trevisan Editora, 2015. VOGLINO, E. O que são indicadores de liquidez e como interpretar. The Capital Advisor. 6 abr. 2020. Disponível em: https://comoinvestir.thecap.com.br/o-que-sao- indicadores-liquidez. Acesso em: 31 jan. 2022. 142 143 INDICADORES DE GESTÃO E ETAPAS DE ANÁLISE UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender a utilização dos indicadores de rentabilidade e alavancagem, bem como a utilização dos indicadores de rotatividade; • entender o que é o Custo Médio Ponderado de Capital, assim como o significado de capital de giro; • conhecer as etapas para a realização prática de uma análise de Demonstrações; • identificar a estrutura de um Relatório de Análise produzido pelos analistas. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – INDICADORES DE RENTABILIDADE E ALAVANCAGEM TÓPICO 2 – INDICADORES DE ROTATIVIDADE, CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL E CAPITAL DE GIRO TÓPICO 3 – ETAPAS DA ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 144 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 3! Acesse o QR Code abaixo: 145 TÓPICO 1 — INDICADORES DE RENTABILIDADE E ALAVANCAGEM UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO O trabalho de análise das demonstrações contábeis da empresa possui cunho extremamente técnico e obriga que o analista tenha domínio das técnicas da contabilidade, pois assim poderá com certa facilidade elaborar todos os indicadores necessários e analisá-los. Há diversos tipos de indicadores que podem contribuir para a análise do desempenho da empresa, e alguns deles estão voltados para a análise da rentabilidade, giro e alavancagem. Para Silva (2019, p. 110), se faz “[...] necessária a apuração de quocientes ou índices que forneçam uma ampla visão da situação econômica, financeira e patrimonial da empresa”. É importante seguir um determinado padrão e histórico na construção dos indicadores para que os dados extraídos tenham certa consistência e comparabilidade, e isso contribui para que o analista possa filtrar as informações da melhor maneira possível e elaborar os relatórios necessários para os gestores tomarem as decisões necessárias com base nestes resultados. 2 GIRO DO ATIVO Todas as empresas, sejam elas atuantes no mercado nacional ou Internacional e que estejam envolvidas em atividades de indústria, comércio ou de serviços, estarão sempre enfrentando o peso da concorrência como forças competitivas. As forças competitivas estão subdivididas em cinco, a saber: a) novos concorrentes; b) produtos substitutos que podem tomar facilmente o mercado; c) as forças e ameaças na negociação juntamente com os fornecedores; d) a capacidade, a técnica e a habilidade para negociação dos compradores; e) a potencial rivalidade existente entre os concorrentes no mercado. Todas as forças competitivas irão possibilitar o aperfeiçoamento na habilidade dos gestores das empresas em negociar melhores taxas de retorno dos investimentos para que essas sempre sejam superiores ao custo do capital investido. 146 É bom ressaltar que essas características variam do mercado de atuação de cada empresa, assim como a capacidade de gestão dos seus administradores, uma empresa pode evoluir mais rápido que a outra, pois muitos fatores externos são determinantes para alavancar os resultados das empresas, ou não. Um exemplo são as variações das taxas cambiais que têm forte influência nos custos de aquisição das matérias-primas importadas. O desembaraço aduaneiro das matérias-primas importadas do dia em que a taxa cambial estiver elevada aumentará o custo de aquisição dos valores das matérias- primas no estoque em moeda nacional. Em períodos de sazonalidade, como o inverno e o verão, determinadas empresas têm essas cinco forças competitivas como sendo favoráveis e que trarão retornos maiores, pois haverá maior busca por produtos da moda, como no caso do vestuário. Outros exemplos de empresas com retornos favoráveis podem ser do ramo farmacêutico, de refrigerantes, dentre outros. Algumas empresas podem alcançar menor retorno, por exemplo, empresas siderúrgicas que trabalham com o processamento primário da matéria-prima e empresas que produzem videogames, pois os consumidores sempre buscam por novidades e os produtos possuem curto tempo de vida no mercado. A rentabilidade da indústria não é uma questão de aparência ou estilo de produto e sim da própria estrutura industrial existente no mercado, poisa cadeia de suprimentos deve atender de maneira eficaz a todo o ciclo, desde a extração da matéria- prima, transformação primária, industrialização, comercialização e atendimento pós- venda. Dessa forma, as cinco forças competitivas acabam impactando diretamente na empresa, com influência nos preços, nos custos e no montante dos investimentos. Com isso, os gestores devem sempre acompanhar as tendências do mercado e avaliar quais são os tipos de influência externa que os produtos da empresa podem sofrer, como novas tecnologias, novas tendências de moda, dentre outros. O giro do ativo é um indicador da atividade da empresa que avalia quantas vezes os ativos da empresa giraram em função das vendas. Para uma análise mais rápida, podemos calcular o giro do ativo utilizando a fórmula seguinte: GAT = RLV AT GAT = Giro Ativo Total RLV = Receita Líquida de Vendas AT = Ativo Total Vamos apurar o resultado conforme os dados do Balanço Patrimonial. Vejamos o quadro a seguir, que apresenta o Balanço Patrimonial com as informações do Ativo, para o cálculo do giro do Ativo. No Ativo Total em X2, a empresa apresenta o valor de R$ 33.974.000,00. 147 QUADRO 1 – BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: O autor Para identificar o valor da Receita Líquida de Vendas, é necessário buscar a DRE – Demonstração do Resultado – em X2 no valor de R$ 19.841.000,00. 148 QUADRO 2 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO FONTE: O autor Para apurar o índice do Giro do Ativo da empresa, é necessário dividir o valor da Receita Líquida de Vendas em R$ 19.841.000,00 por R$ 33.974.000,00. Giro Ativo = Receita Líquida de Vendas Ativo Total Giro Ativo = 19.841.000 33.974.000 Giro Ativo = 0,5840 De acordo com os dados apresentados, o giro do ativo da empresa está em 0,58. Em outras palavras, significa que os ativos foram gerados um pouco acima de 50% em relação às receitas líquidas de vendas. 149 IMPORTANTE Quanto maior o resultado, melhor para a empresa, pois os ativos da empresa deverão gerar mais Receitas de Vendas. O resultado ideal é que estivesse próximo de 1,00 ou acima de 1,00. Isso significa que de acordo com os dados apurados, a empresa não conseguiu apurar um giro completo de todos os ativos dispostos para as suas atividades operacionais. 3 GIRO DO ATIVO OPERACIONAL O giro do ativo operacional é outro interessante indicador para os gestores da empresa avaliarem e acompanharem os resultados da empresa. É utilizado para avaliar quantas vezes ocorreu o giro dos ativos aplicados às atividades operacionais da empresa, comparado ao valor das receitas líquidas de vendas geradas, entre outras palavras, o imobilizado. Zdanowicz (1998) contribui dizendo que o giro sobre o ativo operacional líquido (GAOL) é calculado, considerando as receitas operacionais líquidas (ROL) e todo o ativo operacional líquido (AOL) necessário para gerar aquela receita, deduzindo-se todos os elementos patrimoniais estranhos à atividade-fim da empresa (inclusive as depreciações). Para o cálculo do Giro do Ativo Operacional (GAO), aplica-se seguinte fórmula: Fórmula: GAO = RLV / AO Onde: GAO = Giro Ativo Operacional RLV = Receita Líquida de Vendas AO = Ativo Operacional (Ativo Permanente ou Imobilizado) Vamos apurar o resultado conforme os dados do Balanço Patrimonial. Vejamos o quadro a seguir, que apresenta o Balanço Patrimonial com as informações do Ativo Permanente, para o cálculo do giro do Ativo Operacional. O valor do Ativo Operacional (Ativo Permanente ou Imobilizado) da empresa em X2 corresponde a R$ 21.358.000,00. 150 QUADRO 3 – BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: O autor Para identificar o valor da Receita Líquida de Vendas, é necessário buscar a DRE – Demonstração do Resultado – em X2 no valor de R$ 19.841.000,00. 151 QUADRO 4 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO FONTE: O autor Para apurar o índice do Giro do Ativo da empresa, é necessário dividir o valor da Receita Líquida de Vendas de R$ 19.841.000,00 por R$ 21.358.000,00. GAO = RLV AO GAO = 19.841.000 21.358.000 GAO = 0,9290 De acordo com os dados apresentados, o resultado do giro do ativo operacional está em 0,92 ou 92%. O ideal é que o ativo operacional (imobilizado) possa contribuir para gerar um volume maior que uma vez o seu valor com as receitas líquidas de vendas. 152 IMPORTANTE O melhor para a empresa é que este indicador esteja sempre acima de 1,00. 4 MARGEM BRUTA De acordo com Zdanowicz (1998), a margem bruta é obtida pela apuração do resultado entre o lucro bruto (LB) e a receita líquida de vendas (RLV). O lucro bruto é obtido a partir da apuração da diferença entre a receita líquida de vendas e o custo dos produtos vendidos (custo das vendas, custo dos serviços prestados pela empresa). A receita líquida de vendas é a diferença entre a receita bruta de vendas e as deduções das vendas como sendo os impostos, as devoluções das vendas e os abatimentos das vendas. Para identificar o valor da Receita Líquida de Vendas, é necessário buscar a DRE –Demonstração do Resultado – em X2 no valor de R$ 19.841.000,00 e o Lucro Bruto no mesmo período de R$ 5.653.000,00. 153 QUADRO 5 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO FONTE: O autor Para apurar o índice da Margem Bruta, é necessário dividir o valor do Lucro Bruto de R$ 5.653.000,00 pelo valor da Receita Líquida de Vendas em R$ 19.841.000,00. Fórmula: MB = LB / RLV Onde: MB = Margem Bruta LB = Lucro Bruto RLV = Receita Líquida de Vendas MB = LB RLV MB = 5.653.000 19.841.000 MB = 0,2849 154 De acordo com os dados apresentados, o resultado da margem bruta está em 0,28 ou 28,49%. IMPORTANTE Isso apenas demonstra que o custo das mercadorias vendidas está em um valor extremamente elevado para a empresa, pois a margem bruta em 28,49% deve cobrir todos os demais gastos operacionais e financeiros da empresa. 5 MARGEM OPERACIONAL Quando for apurado o lucro bruto, este deve ser o suficiente para cobrir as despesas operacionais (despesas administrativas, comerciais, financeiras, tributárias, dentre outras). Para esse indicador, é necessário apurar o lucro operacional (LO) que é calculado com o uso do valor do lucro operacional líquido (LOL) e a receita operacional líquida (ROL), conforme Zdanowicz (1998). Para identificar o valor da Receita Líquida de Vendas, é necessário buscar a DRE – Demonstração do Resultado – em X2 no valor de R$ 19.841.000,00 e o Lucro Operacional no mesmo período em R$ 2.565.000,00. 155 QUADRO 6 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO FONTE: O autor Para apurar o índice da Margem Bruta, é necessário dividir o valor do Lucro Operacional de R$ 2.565.000,00 pelo valor da Receita Líquida de Vendas em R$ 19.841.000,00. Fórmula: MO = LO / RLV Onde: MO = Margem Operacional LO = Lucro Operacional RLV = Receita Líquida de Vendas MO = LO RLV MO = 2.565.000 19.841.000 MO = 0,1293 156 De acordo com os dados apresentados, o resultado da margem operacional está em 0,12 ou 12,93%. IMPORTANTE Isso confirma que além do valor do custo das mercadorias vendidas (custo das vendas) estar em um valor extremamente elevado para a empresa, também as despesas operacionais se apresentam elevadas, o que reduz a margem operacional para esse resultado. 6 MARGEM LÍQUIDA DO EXERCÍCIO A margem líquida do exercício é um excelente indicador de análise, pois apresenta o retorno gerado em todas as operações realizadas pela empresa durante o período, comparada às vendas líquidas dela. É um percentual que identifica se a empresa gerou o retorno sobre as vendas que foram estipuladas na estrutura dos custos dos produtos. É o mesmo que dizer que na formação do preço de vendas dos produtos existe um percentual mínimo para gerar o lucro do negócio, e se esse lucro apurado na DRE – Demonstração do Resultado – corresponde ao resultado desse indicador apurado. Com isso, é possível averiguar se a margem líquida do exercício correspondeà média da margem estipulada na precificação dos produtos da empresa. IMPORTANTE No entanto, esse é um assunto que é tratado exclusivamente na área de custos. Neste Material de Estudos, nós vamos avaliar apenas como apurar o percentual respectivo dessa margem líquida do exercício. O gestor deve confrontar esse resultado com o que foi definido na área de custos da empresa para a precificação dos produtos. 157 Zdanowicz (1998) explica que a margem líquida do exercício (MLE) pode ser calculada após descontar a provisão para imposto de renda (PIR) do lucro antes dos impostos (LAI) sobre a receita líquida de vendas (RLV). Para identificar o valor da Receita Líquida de Vendas, é necessário buscar a DRE –Demonstração do Resultado – em X2 no valor de R$ 19.841.000,00. O valor do Lucro Operacional no mesmo período em R$ 2.565.000,00 e também o valor da Provisão do IRPJ – Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido em R$ 928.000,00. QUADRO 7 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO FONTE: O autor Para apurar o índice da Margem Bruta, é necessário dividir o resultado do valor do Lucro Operacional de R$ 2.565.000,00 subtraído do valor da Provisão IRPJ e CSLL em R$ 928.000,00, que perfaz o resultado de R$ 1.637.000,00 divididos pelo valor da Receita Líquida de Vendas em R$ 19.841.000,00. 158 Portanto, o valor é de R$ 1.637.000,00 divididos por R$ 19.841.000,00. A fórmula é: MLE = (LO – PIR) / RLV Onde: MLE = Margem Líquida do Exercício LO = Lucro Operacional PIR = Provisão para o Imposto de Renda RLV = Receita Líquida de Vendas MLE = LO (-) PIR RLV MLE = 1.637.000 19.841.000 MLE = 0,0825 De acordo com os dados apresentados, o resultado da margem líquida do exercício está em 0,0825 ou 8,25%. É um percentual interessante, visto que também deve corresponder à expectativa da lucratividade na formação dos preços de vendas dos produtos da empresa. IMPORTANTE Quanto maior a Margem Líquida do Exercício, melhor. Isso porque apresenta maior retorno para a empresa, e deve apresentar o resultado próximo ao estipulado pela área de Custos no momento da precificação dos produtos. Significa que na prática esse resultado foi atingido, do contrário, toda estimativa da precificação dos produtos ao serem comparados com a margem líquida do exercício, precisa ser revista periodicamente. 159 7 RENTABILIDADE DO ATIVO A rentabilidade do ativo também pode ser caracterizada como a taxa do retorno dos investimentos realizados pelos gestores na empresa, podendo comparar com a TIR que é a taxa interna de retorno. A Taxa de Retorno sobre Investimentos (TRI) é um índice que apresenta quanto a empresa obteve de lucro líquido em relação ao valor aplicado. De acordo com Iudícibus et al. (2010, p. 4), Por meio da DRE - demonstração do resultado do exercício -, é possível conceituar o lucro líquido do exercício, estabelecendo os critérios de classificação de certas despesas. O lucro líquido apurado na DRE é o que se pode chamar de lucro dos acionistas, porque, além dos itens normais, já se deduzem como despesas o imposto de renda e as participações sobre os lucros a outros que não os acionistas, de forma que o lucro líquido demonstrado é o valor final a ser adicionado ao patrimônio líquido da empresa que, em última análise, pertence aos acionistas, ou é distribuído como dividendo. Pode-se dizer que é uma medida para avaliar a capacidade da empresa em gerar o lucro líquido em função dos investimentos por ela realizados (MARION, 2019). A fórmula aplicada é: RENTABILIDADE DO ATIVO = LLE / ATM Onde: LLE = Lucro Líquido do Exercício ATM = Ativo Total Médio ((Ativo Total de X1 + Ativo Total de X2) / 2) Vamos apurar o resultado conforme os dados do Balanço Patrimonial. Vejamos o quadro a seguir, que apresenta o Balanço Patrimonial com as informações do Ativo, para o cálculo da rentabilidade do Ativo. O valor do Ativo Total de X1 é de R$ 26.965.000,00 que, somados ao valor do Ativo Total de X2 em R$ 33.974.000,00, resulta em R$ 60.939.000,00, que divididos por 2 para apurar a média, resulta no valor de R$ 30.469.500,00. 160 QUADRO 8 – BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: O autor O valor do LLE – Lucro Líquido do Exercício – de X2 na DRE – Demonstração do Resultado – é de R$ 1.425.000,00. 161 QUADRO 9 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO FONTE: O autor Portanto, para apurar o índice da Rentabilidade do Ativo da empresa, é necessário dividir o valor do LLE – Lucro Líquido do Exercício – pelo valor do Ativo Total Médio em R$ 30.369.500,00. RA = LLE Ativo Total Médio RA = 1.425.000 30.469.500 RA = 0,0468 De acordo com os dados apresentados, o resultado da margem líquida do exercício está em 0,0468 ou 4,68%. Dessa forma, podemos utilizar esse percentual para identificar o tempo aproximado do retorno de todos os investimentos realizados na empresa, utilizando coeficientes em 100% e dividindo por esse percentual apurado. → Tempo aproximado do retorno de investimento = 100 % / 4,68%. → Tempo aproximado do retorno de investimento = 21 anos. 162 IMPORTANTE O retorno do investimento aproximadamente em 21 anos é em razão do Ativo Total envolver os recursos de Capital de Terceiros (independentemente de ser motivado por empréstimos ou financiamentos, salários a pagar, fornecedores a pagar, impostos, dentre outras contas contábeis) e o Capital Próprio (recursos investidos pelos sócios da empresa). Como são duas fontes de recursos investidos, o resultado do tempo de retorno é maior. IMPORTANTE Quanto maior o índice do RA – Retorno do Ativo –, melhor para a empresa, pois o tempo do retorno dos investimentos reduz. Esse percentual a cada ano pode alterar visto que novos investimentos serão realizados na empresa, novas vendas serão realizadas, novos resultados serão apurados e dessa forma esse resultado poderá alterar constantemente. 8 RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Diferente do indicador da rentabilidade do ativo, o indicador da rentabilidade do patrimônio líquido apura apenas o retorno do investimento realizado pelos sócios e investidores na empresa. Para esse cálculo, não serão contemplados todos os investimentos realizados na empresa, apenas os que estão registrados no grupo do Patrimônio Líquido. A fórmula aplicada é: RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO = LLE / PL Onde: LLE = Lucro Líquido do Exercício PL = Patrimônio Líquido 163 Vejamos o quadro a seguir que apresenta o Balanço Patrimonial com as informações do Patrimônio Líquido, para o cálculo da rentabilidade do Patrimônio Líquido. O valor do Patrimônio Líquido de X2 é de R$ 15.692.000,00 conforme o Balanço Patrimonial. QUADRO 10 – BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: O autor O valor do LLE – Lucro Líquido do Exercício – de X2 na DRE – Demonstração do Resultado – é de R$ 1.425.000,00. 164 QUADRO 11 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO FONTE: O autor Para apurar o índice da Rentabilidade do Patrimônio Líquido da empresa, é necessário dividir o valor do LLE – Lucro Líquido do Exercício – pelo valor do Patrimônio Líquido de X2. RPL = LLE PL RPL= 1.425.000 15.692.000 RPL= 0,0908 De acordo com os dados apresentados, o resultado da margem líquida do exercício está em 0,0908 ou 9,08%. Com esse resultado, é possível apurar o tempo aproximado do retorno do patrimônio líquido realizado pelos sócios da empresa. 165 → Tempo aproximado do retorno de investimento = 100 % / 9,08%. → Tempo aproximado do retorno de investimento = 11 anos. É um interessante retorno, mas vale lembrar que esse percentual pode alterar a cada ano. IMPORTANTE A rentabilidade do Patrimônio Líquido é de aproximadamente 11 anos. Nesse indicador, se utiliza apenas o valor do Lucro Líquido do exercício em X2 em comparação apenas com o valor do Capital Próprio (recursos investidos pelos sócios da empresa). IMPORTANTE Quanto maior o índice da Rentabilidade do Patrimônio Líquido, melhor para a empresa, pois o tempodo retorno dos investimentos dos sócios reduz. 9 PAYBACK Payback é uma interessante ferramenta para a análise de investimentos. Sua função é apurar o tempo do retorno dos investimentos realizados pela empresa, adotando perspectivas de retorno desses investimentos com taxa de atratividade ao custo do capital investido. As taxas não podem estar muito além ou aquém das taxas praticadas pelos órgãos oficiais, como o Banco Central. Não existe acordo algum entre os investidores que entendem que um investimento somente é viável se a taxa de risco e retorno for inferior ou superior a 6% ao ano, ou 8% ao ano, dentre outros aspectos. O que é necessário avaliar é que a taxa de retorno deve ser compatível com o percentual de investimento a risco zero, no caso do Brasil é a taxa SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia. 166 A avaliação do retomo do investimento deve sempre estar relacionada com a área de atuação da empresa. Alguns segmentos de mercado exigem altos volumes de investimentos enquanto outros nem tanto, por exemplo, a área da tecnologia necessita de enormes volumes de recursos investidos para que as empresas deste segmento estejam sempre atualizadas. Caso um investidor/empreendedor queira ganhar, por exemplo, 11% ao ano, líquido de impostos, aplicando seus recursos em uma empresa, poderá realizar a seguinte operação: QUADRO 12 – REMUNERAÇÃO COMPARATIVA DO INVESTIMENTO FONTE: O autor Uma atividade comercial (loja ou supermercado), geralmente, exige menor investimento que o requerido para uma indústria. Na atividade comercial, o giro do resultado tende a ser mais rápido se comparado com o que ocorre na atividade industrial. Em uma indústria têxtil, o processo produtivo pode se iniciar com a conversão do algodão em fio e na sequência em tecido, tecido estampado, tecido cortado e finalmente lençol. Em um supermercado, os produtos entram e são vendidos em curto espaço de tempo, sem demanda de processamentos adicionais. O faturamento de um supermercado, comparando-se ao de uma indústria que recebeu idêntico montante de investimento, deverá ser significativamente maior em razão do giro das vendas. Segmentos diferenciados podem gerar retornos de investimentos mais rápidos ou não. Para atingir o mesmo ganho anual, via atividade empresarial, faz-se necessário comparar o investimento com a receita estimada/orçada, para o período avaliado. Será encontrado o percentual (%) de lucro líquido a ser praticado, calculado com base no faturamento. 167 Quando o assunto é lucro líquido, entende-se como lucro final, ou seja, aquele encontrado depois de deduzidos os tributos devidos. Recomenda-se discutir este assunto com o seu contador. O lucro tem relação com os preços de venda, e este, no contexto das organizações, vem sofrendo mudanças significativas, pois a política de preços sempre estará adequada ao mercado. A condução dos negócios mudou completamente no mundo, resultante do progresso nas comunicações e informática. Esse avanço permite a transmissão, em tempo real, de várias informações simultâneas, e os gestores devem estar atentos à essa dinâmica. Com o avanço da tecnologia, o potencial fornecedor que antes, por necessidade de comunicação com o cliente, tinha que estar próximo, a partir destes avanços, pode estar fisicamente em qualquer local geográfico do planeta. Sem dúvidas, com os progressos significativos e as reduções nos custos de utilização destes recursos de comunicação, as organizações passaram a poder transmitir dados, independentemente de seu porte. Todas essas organizações puderam realizar negócios de forma mais dinâmica. A dinâmica nas negociações atuais é diferente daquelas praticadas no passado, caracterizando, entre outros aspectos, que: → os preços de venda são valores finitos. Não se conseguem praticar valores superiores aos aceitos pelo mercado globalizado; → o lucro, antes dependente, tornou-se dominante e faz “guerra” para garantir o seu espaço, conforme determinado pelo investidor, e → os custos e despesas, que se não bem controlados, tornam-se infinitos, passaram a exigir atenção maior daquela que até então se praticou. 9.1 MÉTODO PAYBACK DESCONTADO (PBD) Como os recursos alocados no investimento possuem determinado custo de captação, é necessário incluir esses custos de captação na análise do projeto de investimento. Há duas maneiras de incluí-los: - Acumulação do Valor Presente em cada ano do projeto. - Apurar o saldo do projeto com o carregamento anual dos juros. Vamos nos ater apenas ao primeiro método que consiste em incluir o custo de capital ao longo do prazo de análise do projeto de investimento. Na prática, significa trazer todas as entradas do fluxo de caixa para a data t = 0, ou, trazê-las para um valor presente. 168 Para demonstrar esse resultado, é necessário apurar o payback descontado considerando que determinada empresa realizou um investimento na ordem de R$ 600.000,00 com o custo de captação em 12% a.a., e o prazo máximo aceito para retorno do investimento é de 4 anos: QUADRO 13 – CAPITAIS DESCONTADOS À TAXA DE 12% A.A. FONTE: O autor Fórmula matemática para calcular o valor presente: Cálculo pela HP 12: Tecle ON: para ligar a calculadora. F CLx Pressionar F depois CLx para limpeza de memórias. 120.000 CHS FV 12 i 1 n PV? 107.143 Para calcular os demais valores basta inserir o novo valor em PV e o novo período em “n”. A taxa permanece a mesma. Pergunta-se o novo PV. 169 Exemplo: continuando o exercício, para saber o valor presente de R$ 150.000,00 do ano 2. Cálculo pela HP 12: Tecle ON: para ligar a calculadora. F CLx Pressionar F depois CLx para limpeza de memórias. 150.000 ENTER CHS FV 2 n PV? 119.579 Para apurar o PBD, devemos utilizar o último ano do fluxo de caixa negativo e somar ao resultado da divisão entre o valor desse fluxo de caixa negativo (transformá-lo em saldo positivo) pela próxima entrada do fluxo de caixa a valor presente que está no ano 6. PBD = 5 + 5.994 = 5 + 0,7 = 5,07 anos (0,07 de 12 meses = 0,84 de 1 mês, 91.194 0.84 x 30 = 25 dias. Significa que o investimento irá se pagar em 5 anos e 25 dias. Para avaliar se o investimento é interessante ou não, é necessário adotar o método de apuração do Payback Descontado, onde se deve estabelecer um prazo para avaliar a recuperação do capital investido. Nesse caso, se o prazo do retorno do investimento for estipulado em até três anos, o retorno deve ser igual ou inferior a três anos. • Payback Descontado do projeto < Payback Descontado máximo, deve-se aceitar o projeto. • Payback Descontado do projeto = Payback Descontado máximo, deve-se aceitar o projeto. • Payback Descontado do projeto > Payback Descontado máximo, deve-se rejeitar o projeto. Com a análise do método PBD para os investimentos, é necessário levar em conta o custo do dinheiro no tempo, com a aplicação do custo de capital da empresa (taxa de juros ou a taxa da inflação, ou os dois conjugados). Esse resultado pode apresentar as seguintes ponderações: • O valor do PBD pode ser interpretado como o prazo de recuperação do investimento remunerado no valor da taxa de juros correspondente ao custo de capital. • O método do PBD apresenta desvantagens por não considerar todos os capitais do fluxo de caixa, e por definir de forma subjetiva o prazo máximo tolerado para avaliação e, ainda, muitas empresas tendem a continuar com a tendência de aceitar projetos de curta maturação e baixa rentabilidade e rejeitar projetos de maior maturação e alta rentabilidade. 170 10 ALAVANCAGEM DA EMPRESA A alavancagem operacional é possível de ser efetivada em função da presença de custos e despesas fixos na estrutura de resultados de uma empresa, explica Assaf Neto (2020). Os custos (despesas) não sofrem variação diante de mudanças no volume de atividade, mantendo-se constantes (fixos) ao longo do tempo. Exemplo: a depreciaçãode uma máquina ocorre independentemente de o volume de atividade ter assumido acréscimos ou reduções. O mesmo acontece com o valor de aluguel, salários, despesas de juros de empréstimos e financiamento, dentre outros. Demonstração do Resultado: Receita Operacional (-) Custo dos Produtos Vendidos Lucro bruto → ALAVANCAGEM OPERACIONAL (-) Custos/despesas operacionais variáveis (-) Custos/despesas operacionais fixas Lucro Operacional (LAJIR) (-) juros Lucro líquido antes do IR → ALAVANCAGEM FINANCEIRA (-) Imposto de Renda Lucro Líquido A alavancagem é o uso de ativos operacionais ou de recursos financeiros, com custos e despesas fixas, que visam aumentar o retorno dos acionistas. Os custos e despesas fixas não dependem do volume das vendas, esses valores advêm de dispositivos contratuais, como o aluguel, por exemplo. A alavancagem é um instrumento de gestão financeira que pode trazer efeitos positivos ou negativos. Em situações de crescimento das receitas e dos lucros, é favorável a existência de custos fixos. Em situação de queda, é desfavorável. Há três tipos de alavancagem: operacional, financeira e combinada. • Alavancagem operacional: preocupa-se com a relação entre as vendas da empresa e seus lucros antes dos juros e do imposto de renda (LAJIR). • Alavancagem financeira: preocupa-se com o relacionamento entre o LAJIR da empresa e o Lucro Líquido. • Alavancagem combinada: preocupa-se com o relacionamento entre as receitas de vendas da empresa e o Lucro Líquido. 171 10.1 ALAVANCAGEM FINANCEIRA A Alavancagem Financeira pode ser definida como a capacidade da empresa em utilizar os encargos financeiros fixos para aumentar os efeitos de variações no LAJIR – Lucro Antes dos Juros e Imposto de Renda –, sobre o lucro líquido final. A alavancagem financeira resulta da participação dos recursos de terceiros na estrutura de capital da empresa. Estes recursos têm a capacidade de elevar os resultados líquidos dos proprietários porque são mais baratos em relação ao retorno que produzem os ativos. O volume de empréstimos e financiamentos e as taxas de juros e encargos contratadas determinam o valor das despesas financeiras apropriadas em cada período. Assim, as despesas financeiras constituem custos fixos, porque dependem da composição das fontes de financiamento e não do nível de produção e vendas. A alavancagem financeira ocorre quando a empresa utiliza em sua estrutura de capital fontes de financiamento de capitais de terceiros, como exemplo, emissão de debêntures, empréstimos do BNDES etc. Quando isso ocorre, a empresa poderá se beneficiar de um crescimento mais que proporcional no lucro líquido, dado um crescimento no LAJIR. A alavancagem financeira ocorre nos dois sentidos, crescimento ou queda do LAJIR, e seu efeito é o mesmo para mais ou para menos. Determinada empresa de Alimentos S. A. espera obter lucro antes de juros e imposto de renda (LAJIR) de R$ 1.000.000,00 este ano, tem um custo de dívida de longo prazo de R$ 400.000,00 por ano, seu imposto de renda é de 25% e tem 2.400 ações ordinárias. Vamos avaliar o impacto sobre os lucros da empresa, considerando as seguintes hipóteses: 1) uma queda de 20% no LAJIR 2) um aumento de 20% no LAJIR, como mostramos no cálculo a seguir: ALAVANCAGEM FINANCEIRA VARIAÇÃO PERCENTUAL NO LAJIR - 20% SITUAÇÃO INICIAL + 20% LAJIR 800.000 1.000.000 1.200.000 (-) JUROS 400.000 400.000 400.000 LAIR 400.000 600.000 800.000 (-) IMPOSTO DE RENDA 100.000 150.000 200.000 LUCRO LÍQUIDO 300.000 450.000 600.000 VARIAÇÃO PERCENTUAL NO LUCRO LÍQUIDO - 33,33% + 33,33% 172 O efeito da alavancagem financeira faz com que uma variação de 20% no LAJIR provoque uma variação no Lucro Líquido de 33,33% para mais ou para menos. Percentual de variação no Lucro Líquido = R$600.000 - R$450.000 = 33,33%. R$450.000 Grau de alavancagem financeira: é a medida do impacto da alavancagem financeira da empresa no lucro líquido. Grau de alavancagem financeira (GAF) = Variação percentual no Lucro Líquido Variação percentual no LAJIR GAF = 33,33% = 1,67 % 20,0% Neste caso, o aumento (ou diminuição) em 1% no LAJIR implicará num aumento (ou diminuição) de 1,67% no Lucro Líquido. Contribui Iudícibus (2017, p. 128), “quando a alavancagem ou o grau de alavancagem é maior do que 1, o endividamento tem um efeito de alavanca sobre o lucro que é levado para o acionista. Puxa para cima a taxa de retorno dos acionistas”. Sempre que a variação percentual no Lucro Líquido, que é o resultado de uma dada variação no LAJIR, for maior do que a variação percentual no LAJIR, verifica-se a existência de alavancagem financeira. Para o exemplo anterior, observa-se então um aumento de 20% no LAJIR que resulta em um aumento de 33,33% no Lucro Líquido, ou como visto na apuração do cálculo, um aumento de 1% no LAJIR resulta num aumento de 1,67% no Lucro Líquido. A alavancagem financeira e a alavancagem operacional atuam em ambas as direções, aumentando os efeitos dos acréscimos e decréscimos no LAJIR da empresa. Maiores níveis de risco estão associados a maiores graus de alavancagem. Portanto, elevados custos fixos financeiros aumentam a alavancagem financeira da empresa e seu risco financeiro. Risco financeiro é o risco que se corre de não se conseguir cobrir custos financeiros. O GAF – Grau de Alavancagem Financeira – está relacionado com o Risco Financeiro, isto é, o risco de não se cobrir os custos financeiros (LAJIR/Despesas com juros). Cálculo do GAF para diversos níveis de LAJIR: GAF = LAJIR LAJIR – JUROS 173 Quando se altera o valor do LAJIR (por exemplo, +20%, +30%, +50%...), o grau de alavancagem permanece o mesmo. O que altera é o resultado, porque a cada unidade monetária de aumento haverá “tanto a mais” de resultado final. 10.2 ALAVANCAGEM OPERACIONAL Pode ser definida como o uso potencial de custos fixos operacionais para aumentar os efeitos de mudança das vendas sobre o lucro da empresa antes dos juros e do imposto de renda - LAJIR (corresponde ao lucro operacional), ou seja, a alavancagem operacional revela como uma alteração no volume de atividade influi sobre o lucro operacional da empresa. No exemplo a seguir, pode-se ver que a alavancagem operacional funciona em ambas as direções. Quando uma empresa tem custos operacionais fixos, a alavancagem operacional está presente. Um aumento nas vendas resulta em um aumento mais-do- que-proporcional nos lucros antes de juros e imposto de renda (LAJIR). Uma diminuição nas vendas resulta em uma diminuição mais-do-que-proporcional nos lucros antes de juros e imposto de renda (LAJIR). Se determinada empresa apurou receita operacional no valor de R$ 1.000.000,00, o valor dos custos variáveis em R$ 400.000,00 e custos fixos em R$ 320.000,00, a empresa está projetando um crescimento no valor das receitas para o próximo ano em 20%. O aumento do lucro antes de juros e imposto de renda (LAJIR) será obtido da seguinte forma: ALAVANCAGEM OPERACIONAL VARIAÇÃO PERCENTUAL DA RECEITA OPERACIONAL - 20% SITUAÇÃO INICIAL + 20% RECEITA OPERACIONAL 800.000 1.000.000 1.200.000 (-) CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS VARIÁVEIS 320.000 400.000 480.000 (-) CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS FIXAS 320.000 320.000 320.000 (=) LUCRO ANTES DE JUROS E IMPOSTO DE RENDA-LAJIR 160.000 280.000 400.000 VARIAÇÃO PERCENTUAL DO LAJIR - 42,9% - + 42,9% % de variação no LAJIR = $160.000 - 280.000 = - 42,9% 400.000 - $ 280.000 = 42,9% 280.000 $ 280.000 174 IMPORTANTE Grau de alavancagem operacional é a medida do impacto da alavancagem operacional da empresa nos seus lucros operacionais – LAJIR. Grau de alavancagem operacional = Variação percentual no LAJIR = 42,9% = 2,15 vezes Variação percentual nas receitas20,0% Sempre que determinada variação percentual no LAJIR (Lucro Operacional) gerar um resultado em uma determinada variação percentual nas vendas e este resultado for maior do que a variação percentual nas vendas, a alavancagem operacional existe. No exemplo verificado, tem-se então que um aumento de 20% nas receitas de vendas da empresa resulta em um aumento de 42,0% no LAJIR, ou seja de 2,15 vezes. No cálculo do GAO para diversos níveis de receitas, devemos utilizar a seguinte fórmula: GAO = RV - CDV (RV - CDV) - CDF Onde: RV: Receitas de vendas CDV: Custos e despesas variáveis CDF: Custos e despesas fixas A fórmula mostrada tem o mesmo significado que: Margem de Contribuição LAJIR 10.3 CUSTOS FIXOS E ALAVANCAGEM OPERACIONAL Todas as variações ocorridas nos custos operacionais fixos afetam diretamente a alavancagem operacional da empresa. Para evidenciar este fato, vamos considerar que determinada empresa reduziu os seus custos operacionais variáveis de R$ 400.000,00 para R$ 300.000,00, enquanto os custos operacionais fixos sofreram um acréscimo de R$ 320.000,00 para R$ 420.000,00: 175 Todas as variações ocorridas nos custos operacionais fixos afetam diretamente a alavancagem operacional da empresa. Para evidenciar este fato, vamos considerar que determinada empresa reduziu os seus custos operacionais variáveis de R$ 400.000,00 para R$ 300.000,00, enquanto os custos operacionais fixos sofreram um acréscimo de R$ 320.000,00 para R$ 420.000,00: ALAVANCAGEM OPERACIONAL VARIAÇÃO PERCENTUAL DA RECEITA OPERACIONAL - 20% SITUAÇÃO INICIAL + 20% RECEITA OPERACIONAL 800.000 1.000.000 1.200.000 (-) CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS VARIÁVEIS 240.000↓ 300.000 360.000↓ (-) CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS FIXAS 420.000↑ 420.000↑ 420.000↑ (=) LUCRO ANTES DE JUROS E IMPOSTO DE RENDA-LAJIR 140.000↓ 280.000 420.000↑ VARIAÇÃO PERCENTUAL DO LAJIR - 50% - + 50% Observa-se que o LAJIR da “situação inicial” não sofreu tipo de alteração algum, pois o acréscimo de R$ 100.000,00 nos custos fixos foi compensado pela redução nos custos variáveis de também no valor de R$ 100.000,00. Quando ocorre o aumento dos custos operacionais fixos também aumenta o grau de alavancagem operacional da empresa conforme pode ser visto a seguir: 176 IMPORTANTE Grau de alavancagem operacional = Variação percentual no LAJIR = 50% = 2,5 Variação percentual nas receitas 20,0% Ao se comparar o valor apurado do GAO de 2,5 com o GAO de 2,15 antes da alteração para maiores custos fixos, observa-se que quanto maior forem os custos operacionais fixos incorridos em relação aos custos operacionais variáveis, maior será o grau de alavancagem operacional. Portanto, elevados custos/despesas fixos operacionais em relação aos custos/despesas totais aumentam a alavancagem operacional da empresa e seu risco de negócio ou risco empresarial. IMPORTANTE O GAO está relacionado com o Risco do Negócio ou Risco Empresarial, isto é, o risco de não se cobrir os custos operacionais (lucro operacional/ receitas líquidas). 10.4 GRAU DE ALAVANCAGEM COMBINADA O GAC – Grau de Alavancagem Combinada – é a capacidade que a empresa possui para utilizar os custos fixos (tanto operacionais quanto financeiros) para aumentar o efeito das variações nas vendas sobre o lucro líquido. IMPORTANTE GAC = Variação percentual do Lucro Líquido ou GAO x GAF Variação % Receitas∗ 177 Esse tipo de indicador somente é válido quando o valor base das receitas de vendas da empresa utilizado para calcular e comparar esses valores for o mesmo. Isso significa que o valor das receitas de vendas deve ser mantido constante para ser possível comparar a alavancagem total relacionada com os diferentes níveis dos custos fixos existentes. IMPORTANTE Sempre que a variação percentual no Lucro Líquido resultante de uma variação percentual nas vendas for maior do que a percentagem de variação nas vendas, haverá alavancagem total. A alavancagem combinada ou total reflete o impacto combinado da alavancagem financeira e da alavancagem operacional na empresa. Se ocorrer uma alta alavancagem operacional e uma alta alavancagem financeira, isso irá desencadear uma alavancagem total alta. Por sua vez, o oposto também será verdadeiro. IMPORTANTE O GAC representa o risco total da empresa (risco de negócio + risco financeiro). Determinada empresa A possui como receita operacional o valor de R$ 2.000.000,00, os seus custos operacionais variáveis estão na ordem de R$ 800.000,00 e os seus custos operacionais fixos estão no valor de R$ 500.000,00. Esta empresa também possui compromissos financeiros fixos no Passivo Não Circulante (longo prazo) no valor de R$ 350.000,00. A alíquota do IRPJ – Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – é de 25%. A empresa possui 15.000 ações. Os gestores projetaram para o próximo exercício social um crescimento nas receitas de vendas na ordem de 15%. O resultado do grau de alavancagem combinada é o seguinte: 178 ALAVANCAGEM COMBINADA VARIAÇÃO PERCENTUAL DA RECEITA OPERACIOANAL SITUAÇÃO INICIAL + 15% RECEITA OPERACIONAL 2.000.000 2.300.000 (-) CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS VARIÁVEIS 800.000 920.000 (-) CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS FIXAS 500.000 500.000 (=) LUCRO ANTES DE JUROS E IMPOSTO DE RENDA-LAJIR 700.000 880.000 (-) JUROS 350.000 350.000 (=) LAIR 350.000 530.000 (-) Imposto de Renda – IR 87.500 132.500 (=) Lucro Líquido 262.500 397.500 Variação percentual no Lucro Líquido - 51,43% Lucro por ação – LPA 17,50 26,50 Onde: Variação % LAJIR: 880.000 – 700.000 = 25,71% 700.000 GAO = Variação % LAJIR = 25,71% = 1,71 Variação % Receitas 15% Variação % no Lucro Líquido: 397.500 – 262.500 = 51,43% 262.500 GAF = Variação % no Lucro Líquido = 51,43% = 2,0 Variação % LAJIR 25,71% GAC = Variação % no Lucro Líquido = 51,43% = 3,42 Variação % Receitas 15% Ou: GAC = GAO x GAF = 1,71% x 2,0% = 3,42 Neste caso, o aumento (ou diminuição) em 1% nas receitas implicará um aumento (ou diminuição) de 3,42% no Lucro Líquido. 179 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • O giro do ativo é um dos principais indicadores da atividade da empresa. • O giro do ativo operacional é utilizado para avaliar, conforme as receitas líquidas de vendas geradas, quantas vezes ocorreu o giro dos ativos aplicados às atividades operacionais da empresa. • A margem bruta é obtida pela apuração do índice entre o lucro bruto (LB) e a receita líquida de vendas (RLV). • A margem líquida do exercício é um excelente indicador de análise porque apresenta o retorno gerado em todas as operações realizadas pela empresa durante determinado período, comparada às suas vendas líquidas. • A rentabilidade do ativo também pode ser caracterizada como a taxa do retorno dos investimentos realizados pelos gestores na empresa, podendo comparar com a TIR que é a taxa interna de retorno. • O indicador da rentabilidade do patrimônio líquido apura apenas o retorno do investimento realizado pelos sócios e investidores na empresa. Nesse indicador não são contemplados todos os investimentos realizados na empresa, apenas o que estão registrados no grupo do patrimônio líquido. • Payback é uma interessante ferramenta para a análise de investimentos porque apura o tempo do retorno dos investimentos, adotando perspectivas de retorno de investimentos com taxa de atratividade ao custo do capital investido e não pode estar muito além ou aquém das taxas praticadas pelos órgãos oficiais, como o Banco Central. • A alavancagem operacionalé possível de ser realizada pela presença de custos e despesas fixos na estrutura de resultados de uma empresa. 180 1 Todas as empresas, sejam atuantes no mercado nacional ou Internacional e que estejam envolvidas em atividades de indústria, comércio ou de serviços, estarão sempre enfrentando o peso da concorrência como forças competitivas. Quais são as forças competitivas? a) ( ) Novos concorrentes; b) produtos substitutos que podem tomar facilmente o mercado; c) as forças e ameaças na negociação juntamente com os fornecedores; d) a capacidade, a técnica e a habilidade para negociação dos compradores; e) a potencial rivalidade existente entre os concorrentes no mercado. b) ( ) Novos concorrentes; b) produtos reciclados que podem tomar facilmente o mercado; c) as forças e ameaças na negociação juntamente com os fornecedores; d) a capacidade, a técnica e a habilidade para negociação dos vendedores; e) a potencial rivalidade existente entre os concorrentes no mercado. c) ( ) Novos concorrentes; b) produtos substitutos que podem tomar facilmente o mercado; c) as forças e ameaças na negociação juntamente com os fornecedores; d) a capacidade, a técnica e a habilidade para negociação dos compradores; e) a potencial rivalidade existente entre governo e fisco. d) ( ) Novos concorrentes; b) produtos substitutos que podem tomar facilmente o mercado; c) as forças e ameaças na negociação juntamente com os fornecedores; d) a capacidade para produção e a habilidade para negociação dos compradores; e) a potencial rivalidade existente entre os concorrentes no mercado. e) ( ) Novos clientes; b) produtos substitutos que podem tomar facilmente o mercado; c) as forças e ameaças na negociação juntamente com os fornecedores; d) a capacidade, a técnica e a habilidade para negociação dos compradores; e) a potencial rivalidade existente entre os concorrentes no mercado. 2 O giro do ativo operacional é outro indicador muito interessante para os gestores da empresa avaliar e acompanhar os resultados da empresa. Qual é a finalidade de sua utilização? a) ( ) É utilizado para avaliar, conforme os custos das vendas são gerados, quantas vezes ocorreu o giro dos ativos aplicados às atividades operacionais da empresa entre outras palavras, o imobilizado. b) ( ) É utilizado para avaliar, conforme as receitas líquidas de vendas geradas, quantas vezes ocorreu o giro dos estoques aplicados às atividades operacionais da empresa entre outras palavras, o imobilizado. c) ( ) É utilizado para avaliar, conforme as receitas líquidas de vendas geradas, quantas vezes ocorreu o giro dos ativos aplicados às atividades financeiras da empresa entre outras palavras, o imobilizado. AUTOATIVIDADE 181 d) ( ) É utilizado para avaliar, conforme as receitas líquidas de vendas geradas, quantas vezes ocorreu o giro dos ativos aplicados às atividades operacionais da empresa entre outras palavras, o imobilizado. e) ( ) É utilizado para avaliar, conforme as receitas líquidas de vendas geradas, quantas vezes ocorreu o giro dos ativos aplicados às atividades operacionais da empresa entre outras palavras, o estoque. 3 A margem líquida do exercício é um excelente indicador de análise porque apresenta o retorno gerado em todas as operações realizadas pela empresa durante determinado período, comparada às suas vendas líquidas. De acordo com esses aspectos, o que esse indicador permite descobrir? Justifique. 4 Payback é uma interessante ferramenta para a análise de investimentos porque apura o tempo do retorno dos investimentos, adotando perspectivas de retorno de investimentos com taxa de atratividade ao custo do capital investido e não pode estar muito além ou aquém das taxas praticadas pelos órgãos oficiais. Desta forma, quais são as desvantagens do Payback? a) ( ) O método do PBD continua tendo as vantagens de não considerar todos os capitais do fluxo de caixa, de ter que definir de forma subjetiva o prazo máximo tolerado e, ainda, a empresa continuará com a tendência de aceitar projetos de curta maturação e baixa rentabilidade e rejeitar projetos de maior maturação e alta rentabilidade. b) ( ) O método do PBD continua tendo as desvantagens de considerar todos os capitais do fluxo de caixa, de ter que definir de forma subjetiva o prazo máximo tolerado e, ainda, a empresa continuará com a tendência de aceitar projetos de curta maturação e baixa rentabilidade e rejeitar projetos de maior maturação e alta rentabilidade. c) ( ) O método do PBD continua tendo as desvantagens de não considerar todos os capitais do fluxo da produção, de ter que definir de forma subjetiva o prazo máximo tolerado e, ainda, a empresa continuará com a tendência de aceitar projetos de curta maturação e baixa rentabilidade e rejeitar projetos de maior maturação e alta rentabilidade. d) ( ) O método do PBD continua tendo as desvantagens de não considerar todos os capitais do fluxo de caixa, de ter que definir de forma subjetiva o prazo máximo tolerado e, ainda, a empresa continuará com a tendência de aceitar projetos de curta maturação e baixa rentabilidade e rejeitar projetos de maior maturação e alta rentabilidade. e) ( ) O método do PBD continua tendo as desvantagens de não considerar todos os capitais do fluxo de caixa, de ter que definir de forma objetiva o prazo máximo tolerado e, ainda, a empresa continuará com a tendência de aceitar projetos de curta maturação e baixa rentabilidade e rejeitar projetos de maior maturação e alta rentabilidade. 5 A alavancagem operacional é possível de ser realizada pela presença de custos e despesas fixos na estrutura de resultados de uma empresa. O que envolve a alavancagem? Justifique. 182 183 INDICADORES DE ROTATIVIDADE, CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL E CAPITAL DE GIRO 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 3 TÓPICO 2 - A análise das Demonstrações Contábeis encontra sua relevância quando são apurados os indicadores, principalmente ao comparar itens e grupos do Balanço e da DRE – Demonstração do Resultado. A análise dos índices financeiros demonstra a relação heterogênea dentro de um mesmo exercício, pois indica quantas vezes o divisor está contido no dividendo, como uma simples operação matemática. A questão é identificar a participação de cada grupo de contas contábeis que permite liquidar os compromissos financeiros da empresa. Os indicadores do giro indicam a velocidade que os recursos das contas contábeis de Contas a Receber, Fornecedores e Estoques estão contribuindo para a geração do caixa da empresa. Esses indicadores também são conhecidos como indicadores de velocidade, que são os indicadores obtidos com a apuração dos índices na relação entre um elemento patrimonial e um elemento de resultado, como na relação entre o CMV e o Estoque Final ou Médio no cálculo do número de renovações dos estoques de mercadorias. Portanto, esses índices de velocidades podem ser denominados de Giro. 2 ANÁLISE DA ROTATIVIDADE (GIRO) Estes indicadores representam a velocidade com que elementos patrimoniais se renovam durante determinado período. Por asua natureza, eles têm seus resultados normalmente apresentados em dias, meses ou períodos maiores. A importância de tais índices consiste em expressar relacionamentos dinâmicos – daí a denominação de indicadores de atividade (rotatividade) – que acabam, direta ou indiretamente, influindo bastante na posição de liquidez e rentabilidade. Normalmente, tais indicadores envolvem itens do demonstrativo de posição (balanço) e do demonstrativo de resultados, simultaneamente. 184 Os prazos de rotação constituem-se em categoria de elevada importância para o analista. O balanço da empresa representa sua situação patrimonial em determinado momento, isto é, como se fosse uma fotografia que mostra algo de forma estática, sem refletir sua mobilidade, seu dinamismo. A empresa, em suas operações, compra, produz, estoca, vende e recebe num processo dinâmico e contínuo. Dessa maneira,podemos apurar as seguintes informações com a apuração do giro: a) Rotatividade do Estoque de Produtos Acabados. b) Prazo Médio de Recebimento de Contas a Receber (clientes). c) Prazo Médio de Pagamento de Contas a Pagar (fornecedores). 2.1 PRAZO MÉDIO DE ROTAÇÃO DOS ESTOQUES Este índice, muito divulgado, procura (mensurado pelo custo das vendas) representar quantas vezes se “renovou” o estoque por causa das vendas. A fórmula a ser aplicada é: PMRE = CMV / Estoque Médio Onde: PMRE = Prazo Médio de Renovação de Estoques CMV = Custo de Mercadorias Vendidas Estoque Médio = ( Saldo Estoque ano 1 + Saldo Estoque ano 2 ) / 2 Em seguida é necessário apurar o giro em dias que se realizou o estoque, que, nesse caso, se divide 360 dias do ano comercial pelo giro dos estoques. IMPORTANTE Não é regra, mas como na prática da gestão empresarial existe a adoção do mês comercial de 30 dias, para o ano comercial muitas empresas adotam o período de 360 dias (30 dias do mês multiplicado por 12 meses), mas há a possibilidade de aplicar o período para a análise do giro em 365 dias sem nenhum problema. 185 Conforme os dados do Balanço Patrimonial e DRE – Demonstração do Resultado –apresentados a seguir, aplica-se a fórmula para identificar o prazo médio de rotação dos estoques. Para apurar o valor do Estoque Médio, é necessário buscar o valor do Estoque no Balanço Patrimonial em X1 em R$ 2.535.000,00, adicionar ao valor do Estoque no Balanço Patrimonial em X2 em R$ 5.055.000,00 e dividir por 2 para encontrar o valor médio. QUADRO 14 – BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: O autor Para identificar o valor do CMV – Custo da Mercadoria Vendida (Custo das Vendas), é necessário buscar a DRE – Demonstração do Resultado em X2 no valor de R$ 14.198.000,00. 186 QUADRO 15 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO FONTE: O autor Para apurar o índice do PMRE – Prazo Médio de Renovação de Estoques – da empresa, é necessário dividir o valor do CMV – Custo da Mercadoria Vendida (Custo das Vendas) – de R$ 14.198.000,00 por R$ 3.795.000,00. PMRE = CMV Estoque Médio PMRE = 1.198.000 3.795.000 PMRE = 3,7412 De acordo com o resultado apurado, o estoque girou 3,74 vezes durante o ano. Quanto maior este indicador, melhor é para a geração do fluxo de caixa da empresa. Com o prazo de renovação do estoque apurado, vamos identificar em quantos dias o estoque girou por completo na empresa. 187 Prazo = Período PMRE Prazo = 360 3,7412 Prazo = 96,2248 Os estoques giraram na empresa em torno de 96 dias por completo durante o ano, o que é um bom resultado pois esta e uma média aproximada de três meses. IMPORTANTE Quanto maior o índice do PMRE – Prazo Médio de Renovação dos Estoques –, melhor é para a empresa, pois o tempo do giro dos estoques reduz. 2.2 PRAZO MÉDIO DE ROTAÇÃO DE CLIENTES O prazo médio de rotação de clientes permite identificar o prazo médio de cobrança dos clientes da empresa. Conforme Iudícibus (2017, p. 114): Este quociente indica quantos dias, semanas ou meses a empresa deverá esperar, em média, antes de receber suas vendas a prazo. Contas a Receber Médio deveria ser obtido a partir do maior número possível de saldos. Deveria representar a média do maior número possível de saldos da conta “Contas a Receber” (ou equivalente) durante o período observado. As vendas médias (somente a parcela a prazo) são calculadas dividindo-se as vendas a prazo por 360 ou 12, conforme desejamos identificar o resultado expresso em dias, meses etc. A fórmula a ser aplicada é: PMCR = (( SI Clientes + Vendas) – SF Clientes) / Média Valores Clientes à Receber 188 Onde: PMCRRE = Prazo Médio de Contas a Receber SI Clientes = Saldo Inicial Clientes Vendas = Receita de Vendas da Empresa SF Clientes = Saldo Final Clientes Média Valores a Receber = (Saldo Clientes X1 + Saldo Clientes X2 ) / 2 Conforme os dados do Balanço Patrimonial e DRE – Demonstração do Resultado –apresentados a seguir, aplica-se a fórmula para identificar o prazo médio de rotação dos estoques. Para apurar o valor do Prazo Médio Renovação de Clientes, é necessário buscar o valor da conta de Clientes em X1 de R$ 1.575.000,00 e adicionar ao valor da conta de Clientes no Balanço Patrimonial em X2 de R$ 1.256.000,00 e dividir por 2 para encontrar o valor médio. QUADRO 16 – BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: O autor 189 Para identificar o valor da Receita de Vendas da empresa, é necessário buscar na DRE – Demonstração do Resultado – em X2 o valor de R$ 19.841.000,00. QUADRO 17 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO FONTE: O autor Para apurar o índice do PMCR – Prazo Médio de Contas a Receber – da empresa, é necessário dividir o valor do Saldo Inicial de Clientes em X1 no valor de R$ 1.575.000,00, adicionar ao valor das Vendas do período X2 no valor de R$ 19.841.000,00 e subtrair o valor do Saldo Final de Clientes no período X2 no valor de R$ 1.256.000,00. Isso perfaz um valor total de R$ 20.160.000,00 para, em seguida, dividir pela média dos valores a receber de Clientes nos períodos entre X1 e X2. O valor da média dos saldos na conta contábil a receber de Clientes está em: → (R$ 1.575.000,00 + R$ 1.256.000,00) / 2 → R$ 2.831.000,00 / 2 → R$ 1.415.500,00 190 PMCR = (SI Clientes + Vendas) - (SF Clientes) Média Valores Clientes à Receber PMCR = 20.160.000 1.415.500 PMCR = 14,2423 Conforme o resultado apresentado, a conta de duplicatas a receber (clientes) girou 14,24 vezes durante o ano. Com o prazo de renovação de duplicatas a receber (clientes) apurado, vamos identificar em quantos dias o estoque girou por completo na empresa. Prazo = Período PMCR Prazo = 360 14.2423 Prazo = 25,2768 Os valores de clientes a receber pela empresa se realizam a cada 25 dias por completo durante o ano, o que é um excelente resultado. IMPORTANTE Quanto maior este indicador, melhor para a geração do fluxo de caixa da empresa. 2.3 PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO DE FORNECEDORES Este é um importante indicador, pois apresenta o prazo médio para pagamentos aos fornecedores e assim é possível comparar esse resultado com o prazo médio de contas a receber e avaliar a capacidade para a geração do caixa da empresa. O PMPF – Prazo Médio de Pagamentos a Fornecedores – indica quantos dias, em média, a empresa utiliza ou planeja pagar os seus fornecedores. A fórmula é a seguinte: 191 PMPF = Compras / Média de Fornecedores Onde: PMPF = Prazo Médio de Pagamentos a Fornecedores Compras = ( CMV Custo das Mercadorias Vendidas = EI Estoque Inicial + Compras – EF Estoque Final ) Média de Fornecedores = ( Fornecedores X1 + Fornecedores X2 ) / 2 Conforme os dados do Balanço Patrimonial e DRE – Demonstração do Resultado –apresentados a seguir, aplica-se a fórmula para identificar o prazo médio de rotação dos estoques. Para apurar o valor do Prazo Médio de Pagamentos a Fornecedores é necessário buscar o valor da conta de Estoques em X1 no valor de R$ 2.535.000,00 e o valor da conta de Estoques em X2 no valor de R$ 5.055.000,00. QUADRO 18 – BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: O autor 192 Outra informação que deve ser tomada para a realização desse cálculo é o valor do Custo das Vendas em X2, que consta na DRE – Demonstração do Resultado – em X2, no valor de R$ 14.188.000,00. QUADRO 19 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO FONTE: O autor Para apurar o valor das compras do período é necessário aplicar a seguinte fórmula: CMV = EI + Compras – EF O valor das Compras realizadas durante o período X2 é de R$ 16.718.000,00. 193 Em seguida, é possível apurar o coeficiente do Prazo Médio de Pagamentos a Fornecedores. PMPF = Compras Média Fornecedores PMPF = 16.718.000 2.099.000 PMPF = 7,9647 Conforme o resultado apresentado, a conta de fornecedores a pagar girou 7,96 vezes durante o ano. Com o prazo de renovação da conta de fornecedores apurado, vamos identificar quantos dias a empresa terá de prazo para pagar. Prazo = Período PMPF Prazo = 360 7,9647 Prazo= 45,1992 Os valores que constam em fornecedores a pagar estão sendo pagos em um prazo médio de 45 dias. Quanto maior o prazo, sem incidência de juros, melhor para a empresa. IMPORTANTE Quanto menor for esse índice, melhor para a geração do fluxo de caixa da empresa, pois terá maior prazo para pagar seus fornecedores. 194 3 VALOR ECONÔMICO AGREGADO – EVA Um dos papéis mais importantes para o gestor financeiro nas empresas é o de estar atento ao planejamento financeiro, principalmente quando deve avaliar os prazos do ciclo operacional, em função dos recursos financeiros no caixa ocorrerem apenas conforme os prazos negociados da cobrança dos clientes, bem como da negociação dos prazos do pagamento dos fornecedores. Esse ciclo financeiro não pode afetar o capital de giro, desta forma, os gestores precisam estar atentos para não tomarem decisões que prejudiquem o fluxo financeiro da empresa e tenham necessidade de captar recursos no mercado financeiro. Quando a empresa não alcança êxito na geração dos recursos financeiros com as suas atividades operacionais, algumas vezes provado devido à forte necessidade de investimentos, estas optam por operar na Bolsa de Valores e vender as suas ações, que é uma maneira de captar recursos financeiros. É importante para os gestores da empresa obterem as informações referente ao retorno sobre o capital da empresa pela aplicação do Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC). Este é um indicador que permite apurar o resultado operacional mínimo para a empresa pagar as captações de recursos de financiamentos. 3.1 PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO O planejamento financeiro nas empresas deverá permitir alcançar os melhores resultados financeiros para estas, porém, muitas incertezas podem ocorrer. Devemos considerar todas as hipóteses possíveis para serem analisadas antes de qualquer tomada de decisão. Um bom planejamento financeiro poderá permitir estabelecer um caminho com objetivos financeiros a serem alcançados. As empresas determinarão o planejamento do fluxo de caixa de acordo com o seu porte. Como o mercado oscila bastante, empresas menores tendem a avaliar os resultados financeiro em espaços de tempo menores (dia, semana, mês), enquanto empresas maiores tendem a analisar os resultados financeiros em espaços de tempo maiores. Frezatti (1997) orienta que é necessário realizar o planejamento financeiro em até três meses (e transformar as análises em períodos menores, como exemplo: semana ou mês). Isso que o método de avaliação por dia permite avaliar as entradas e saídas do caixa em cada dia e assim permite identificar as necessidades de caixa imediatos. O plano do fluxo de caixa de longo prazo também é utilizado, mas este não necessita de muitos detalhes, apenas é necessária a análise por saldos gerais das contas. 195 Isso geralmente ocorre quando se está realizando um plano de investimento, não necessitando de detalhes, apenas a avaliação dos recursos em saldos agrupados. Neste tipo de mercado financeiro, o tomador de recursos não mantém contato direto com o poupador. Conforme Oliveira Junior e Pacheco (2017, p. 20), “[...] nesse processo, não existe contato direto entre o agente superavitário e deficitário”. Prosseguem Oliveira Junior e Pacheco (2017, p. 20, grifo dos autores): Note-se que o relacionamento, tanto do agente superavitário quanto do agente deficitário, sempre ocorre com a instituição financeira. Esta, por sua vez, adquire papel fundamental no processo, pois assume todo o risco de o tomador do empréstimo não honrar seu pagamento, ou seja, o risco de inadimplência. Entretanto, ainda que o tomador não honre o pagamento do empréstimo, a instituição financeira deve honrar o depósito ou CDB do poupador. A intermediação financeira indireta difere da intermediação financeira direta, o tomador de recursos financeiros tem contato direto com o poupador. Conforme Oliveira Junior e Pacheco (2017, p. 21), “[...] nesse processo, a instituição financeira apenas presta ao agente deficitário o serviço de estruturar e distribuir operações de captação de recursos, mediante a emissão de um título de dívida que pode ser representado por debêntures, notas promissórias ou via emissão de ações”. Os autores afirmam que “[...] neste caso, a instituição financeira não assume o risco de crédito do agente deficitário, que é assumido integralmente pelo agente superavitário” (OLIVEIRA JUNIOR; PACHECO, 2017, p. 21). Vale salientar que o processo para o planejamento financeiro envolve o planejamento do fluxo de caixa. Devemos observar que a maximização do lucro da empresa deve estar em conformidade com o nível de recursos financeiros que permite constituir as reservas necessárias, incluindo também a necessidade de atingir a maior liquidez nas aplicações financeiras que os gestores financeiros realizam e determinar qual é o valor do caixa necessário sem comprometer os pagamentos. 3.2 PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE LONGO PRAZO O orçamento de capital permite selecionar os investimentos de longo prazo que a empresa necessita realizar, e isto somente é possível com uma análise detalhada do fluxo de caixa estimado. O orçamento de capital permite identificar quais são os recursos necessários para viabilizar o investimento, analisando as opções de forma adequada. 196 Para Kuhnen e Bauer (1994, p. 387), “o conceito de Análise de Investimentos pode hoje ser um conjunto de técnicas que permitem a comparação entre os resultados de tomada de decisões referentes a alternativas diferentes de uma maneira científica”. Os investimentos geralmente ocorrem no ativo imobilizado da empresa, como imóveis, instalações, máquinas e equipamentos e, geralmente exigem valores significativos gerando um elevado impacto nos resultados financeiros, mas isso não deixa de ser relevante como análise, pois os recursos financeiros investidos na produção, devem gerar o retorno em função do valor agregado aos seus produtos. Para agregar valor ao produto, a empresa deverá ser hábil suficiente para que os clientes possam perceber o valor do produto pela qualidade que este oferece. Segundo Schuler e Toni (2015, p. 47), é o modo como o consumidor avalia o preço: A operação mental que o consumidor realiza para avaliar o preço passa por três áreas principais, que se relacionam, para gerar a fórmula de cálculo da adequação de um preço a determinado produto e situação. Essas áreas são (1) o valor percebido no produto (benefício), (2) o sacrifício exigido para sua obtenção, (3) os riscos associados a um erro de estimativa quer do valor do produto, quer do sacrifício possível de ser praticado por ele. Muitas vezes, a empresa precisa investir determinadas somas de recursos financeiros em conceitos de embalagem, cor, textura, odor, entre outros; para cativar a atenção do cliente. Por isso, os investimentos devem ser bem planejados, com qualidade, sem gerar perdas. Essas perdas somente são evitadas se o cliente perceber o valor agregado ao produto, ou seja, além de ser útil e necessário, o produto deve atrair a curiosidade e desejo de compra. Os gestores financeiros questionam se este tipo de investimento é viável, e para encontrar a resposta correta, é necessário avaliar o fluxo de caixa futuro a valor presente de acordo com o custo de capital negociado, do contrário, não haveria possibilidade em avaliar de forma correta esses tipos de gastos e o possível retorno gerado. De acordo com Kuhnen e Bauer (1994, p. 387), “[...] neste sentido é que muitos autores consideram que a Engenharia Econômica é, em boa parte, uma aplicação das técnicas de Matemática Financeira nos problemas de tomada de decisões, envolvendo análise de investimentos, substituição de equipamentos e mesmo o estudo da depreciação”. No sentido de viabilizar os projetos de investimentos de longo prazo, é necessário avaliar seu retorno financeiro, a capacidade da geração do fluxo de caixa e a capacidade de manter as atividades operacionais da empresano seu ambiente. 197 3.3 CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO E CUSTO DO CAPITAL DE TERCEIROS Ao se constituir uma empresa, esta necessita primeiramente dos recursos financeiros dos sócios, para que se possa estruturar as primeiras atividades operacionais. No entanto, em caso de maior necessidade de caixa, há a possibilidade de buscar recursos de terceiros (recursos das instituições financeiras. Desta forma, para manter a necessidade de captação dos recursos financeiros sem afetar o ciclo da produção da empresa, o gestor financeiro deve utilizar de ferramentas da Engenharia Econômica e avaliar a média ponderada do custo de captação de recursos para a empresa, e muitas vezes essa média ponderada se torna um complicador para a decisão nas captações, pois o VPL – Valor Presente Líquido – gerado pelo projeto de investimentos deverá gerar atratividade para os investidores. O cálculo da média ponderada se dará em função da apuração das taxas remuneratórias do Capital de Terceiros e do Capital Próprio. Se as captações forem elevadas e comprometerem as atividades da empresa e se tornar inviável, poderá levar a empresa à falência, e para evitar isso devemos analisar alguns fatores referentes as decisões da captação dos recursos financeiros, conforme o Quadro a seguir: QUADRO 20 – FATORES NA DECISÃO DE ESTRUTURA DE CAPITAL Preocupação Fator Descrição Risco Econômico Estabilidade de receitas Empresas com receitas estáveis e previstas podem adotar com maior segurança estruturas de capitais altamente alavancadas, ao contrário das com receitas de vendas voláteis. Empresas com vendas crescentes tendem a se beneficiar com o uso do capital de terceiros adicional, permitindo benefícios positivos da alavancagem financeira, a qual amplia o efeito do aumento das vendas. Fluxo de caixa Numa nova estrutura de capital, a empresa deve concentrar sua atenção na sua capacidade de gerar os fluxos de caixa necessários para cobrir suas obrigações. Os fluxos de caixa projetados devem se mostrar capazes de fazer o serviço das dívidas, para que apoiem qualquer alteração da estrutura de capital. 198 Custos de agency Obrigações contratuais Empresas podem estar contratualmente limitadas quanto ao tipo de fundo que podem captar. Exemplo: pode estar proibida de obter capital de terceiros adicional, a não ser que os direitos dos fornecedores dos novos recursos fiquem subordinados aos dos titulares das dívidas já existentes. Também podem existir restrições contratuais à venda de novas ações, bem como à capacidade de pagamento de dividendos aos acionistas. Preferência dos administradores Ocasionalmente, a empresa imporá alguma restrição interna sobre o uso de capital de terceiros, para limitar sua exposição a risco a um nível considerado aceitável pela administração. Por força de aversão a risco, a administração limita a estrutura de capital a um nível considerado o verdadeiro ótimo ou não. Controle Em geral, somente em empresas fechadas ou ameaçadas por tentativas de aquisição o controle chega a ser uma questão importante na decisão a respeito da estrutura de capital. Informação assimétrica Avaliação externa de risco A capacidade de obter fundos rapidamente e a taxas favoráveis depende das avaliações externas de risco por fornecedores de recursos e por agências de classificação de risco. Consequentemente, a empresa deve considerar o impacto das decisões relativas à estrutura de capital sobre o valor da ação e sobre demonstrações financeiras publicadas, com as quais os fornecedores de recursos e as agências de classificação avaliam o risco. Oportunidade Às vezes, quando o nível geral de taxas de juros é baixo, o financiamento com capital de terceiros pode ser mais atraente. Em algumas ocasiões, tanto capital de terceiros como capital próprio tornam-se indisponíveis em condições que seriam consideradas razoáveis. As condições econômicas gerais – em especial as do mercado de capitais – podem assim afetar significativamente as decisões relativas à estrutura de capital. FONTE: Adaptado de Gitman (2010, p. 499) IMPORTANTE Em nenhum mercado financeiro ou empresa existe uma fórmula mágica que defina uma estrutura ideal de capital. Neste caso, deve-se apurar o Custo Médio Ponderado de Capital e identificar o Resultado Operacional mínimo que a empresa deve atingir para cobrir os seus gastos com custos de captação de capital, que são os seguintes: 1- Juros de Capital de Terceiros. 2- Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). 3- Dividendos dos acionistas. 199 3.4 CÁLCULO DO CMPC – CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL Ao ser projetado o resultado operacional de uma empresa, deve se utilizar a média ponderada da taxa de juros em relação ao capital de terceiros e a taxa de dividendos em relação ao capital próprio que a empresa irá investir. Essa remuneração se chama custo médio ponderado de capital (CMPC) e servirá para identificar o resultado operacional mínimo necessário para a empresa pagar os custos de captação e o efeito tributário do imposto de renda da pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido. Para identificar o custo médio ponderado de capital, iremos utilizar exemplos hipotéticos de informações financeiras de uma empresa fictícia. Então, vejamos o que a empresa A possui em sua Estrutura Patrimonial nos períodos de X1, X2 e X3. QUADRO 21 – BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: O autor. 200 - Custo dos Capitais de Terceiros (bruto): 25% a.a. - Custo dos Capitais Próprios (bruto): 15% a.a. - Alíquota do IRPJ/CSLL: 34%. Fórmulas: CMPC (Bruto) = ((CP x Taxa CP) + (CT x Taxa CT)) / (CP + CT) CMPC (Líquido) = ((CP x Taxa CP) + ((CT x Taxa CT) x (1-IR))) / (CP + CT) Dados: Capital Próprio X1 = R$ 16.723.208 Capital de Terceiros X1 = R$ 2.500.985 (Curto Prazo) + R$ 2.965.380 (Longo Prazo) = R$ 5.466.265 Devemos apurar a taxa do CMPC Bruto e Líquido da empresa: CMPF (B) = (16.723.208 x 0,15) + (5.466.265 x 0,25) 22.189.573 CMPF (B) = 0,17463371 CMPF (B) = 17,4634% Neste caso, a taxa do CMPC Bruto está na ordem de 17,4634% como custo de capital para manter a empresa A. Isso quer dizer que, se o gestor necessitar identificar o Resultado Operacional mínimo necessário que a empresa deve atingir para quitar o valor dos juros de capital de terceiros, o Imposto de Renda Pessoa Jurídica e a Contribuição Social sobre Lucro Líquido e, por final, os Dividendos ao acionista, devemos tomar o valor de R$ 16.723.208 + R$ 5.466.265 = R$ 22.189.743 e multiplicar por 17.4634% para apurar o Resultado Operacional mínimo de R$ 3.875.084. O CMPC Líquido do IRPJ/CSLL comportou-se da seguinte forma: CMPF (B) = (16.723.208 x 0,15) + ((5.466.265 x 0,25) x (1-0,34)) 22.189.573 CMPF (B) = 0,15369448 CMPF (B) = 15,3694% No exemplo apurado o percentual do CMPC Líquido do IRPJ/CSLL está em 15,3694% para manter a empresa A estruturada com a necessidade de captação de recursos. 201 O percentual de 15,3694% é líquido do efeito tributário do IRPJ – Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – e do CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido –, pois na captação de recursos de terceiros há o benefício tributário de 34% sobre o valor dos juros que a empresa deixará de pagar imposto de renda, para as empresas enquadradas no Lucro Real. 4 CAPITAL DE GIRO Administração do capital de giro envolve avaliação do capital circulante líquido que é a somatória dos recursos que constam no ativo circulante descontado o passivo circulante. Desta forma, o capital circulante líquido somente é vantajoso se a somatória dos ativos circulantes for maior que a somatória dos passivos circulantes. Isso significa que o saldo positivo dessa operação apresenta que a empresa não necessita de maior volume de recursos de terceiros para o investimento nos seus ativos operacionais. A fórmula do CDG Capital de Giro é: IMPORTANTECapital de giro (CDG) ou Capital Circulante Líquido (CCL) = Ativo Circulante – Passivo Circulante. 4.1 NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO Antes de apurarmos a necessidade do capital de giro, vejamos como ele é definido. Na visão de Coelho, Botini e Waehneldt (1996, p. 37), “[...] entende-se por capital de giro o valor monetário relativo à aquisição de bens destinados à revenda ou à produção de outros bens que constituam o objeto do negócio da empresa”. Ao separar o valor do ativo circulante maior que o passivo circulante isso significa que o capital de giro líquido da empresa está positivo. É importante destacar que os valores do ativo circulante que não são provenientes do passivo circulante são financiados ou pelo passivo não circulante ou pelo patrimônio líquido da empresa, o que garante determinada solidez financeira pois não caracteriza elevado grau de endividamento: 202 QUADRO 22 – EMPRESA COM CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO (C.C.L.) POSITIVO FONTE: O autor C.C.L = A.C. R$ 25,00 - R$ 15,00 = R$ 10,00, ou: C.C.L = (P.L. R$ 60,00 + P.N.C. R$ 25,00) – A.P. R$ 75,00 = R$ 10,00. Podemos perceber que no grupo do ativo circulante existem R$ 25,00 aplicados e no passivo circulante encontra-se o valor de R$ 15,00, gerando um capital circulante líquido positivo de R$ 10,00. Isso é importante porque reduz o nível de endividamento da empresa e os recursos excedentes do ativo circulante em relação ao passivo circulante foram oriundos provavelmente do passivo não circulante ou do patrimônio líquido da empresa. Quando a empresa estiver com o ativo circulante menor que o passivo circulante significa que o capital de giro líquido está negativo, conforme apresenta o quadro a seguir. QUADRO 23 – EMPRESA COM CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO NEGATIVO FONTE: O autor 203 No quadro anterior, o valor da sobra financeira é negativo porque as dívidas de curto prazo da empresa (passivo circulante) estão financiando as aplicações com valores maiores no ativo permanente (Imobilizado). O valor do CCL (Capital Circulante Líquido) de R$ 50,00 indica que dos R$ 135,00 aplicados em ativo permanente R$ 50,00 são financiados por dívidas de curto prazo. Nesse exemplo, podemos avaliar que o valor do capital circulante líquido negativo em R$ 50,00 acabou sendo investido no ativo não circulante, ou seja, existe a grande possibilidade desses recursos terem sido investidos no ativo imobilizado, não que isso seja ruim, mas apenas demonstra maior grau do endividamento da empresa no passivo circulante. O interessante seria manter o maior volume de recursos no ativo circulante, valores em caixa e bancos, e isso garante maior liquidez mantendo assim a estrutura financeira da empresa sólida. No entanto, se a empresa mantiver recursos em grupos de contas com o giro mais lento, por exemplo, estoques ou duplicatas a receber, o risco de liquidez será maior uma vez que haverá necessidade de maior tempo de giro para transformar esses recursos em dinheiro. Existe a grande probabilidade de os gestores da empresa optarem em buscar recursos de terceiros e assim comprometendo novamente o seu grau de liquidez. Uma sugestão muito importante para os gestores financeiros das empresas é feita por Brigham e Houston (1999, p. 603): O ciclo operacional de caixa pode ser encurtado (1) reduzindo-se o prazo médio de estocagem pelo processamento e venda mais rápidos de mercadorias; (2) pela redução do prazo médio de recebimento por meio de aceleração das cobranças; ou (3) alongando o prazo médio de pagamento, tornando mais lentos os pagamentos da própria empresa. Se essas medidas puderem ser tomadas sem aumentar os custos ou reduzir as vendas, elas devem ser tomadas. Nas empresas industriais, espera-se que os ativos fixos possam realizar a produção e gerar as vendas com lucros. IMPORTANTE Caso os investimentos forem direcionados para o ativo permanente, maior será o retorno alcançado pela empresa, porém maior será o risco envolvido. 204 No que se refere à gestão da liquidez dos recursos financeiros da empresa, esta permanece vinculada a uma escolha entre risco e lucratividade. Sempre há expectativas de que essa relação do ativo circulante com o ativo total seja elevada (AC/AT)↑, assim sendo, a lucratividade e o risco do negócio são menores. No entanto, se essa situação for ao contrário, ativo circulante em relação ao ativo total for menor (AC/AT)↓, a lucratividade da empresa e o risco existente serão maiores. Por sua vez, o capital de giro permanente, que é o volume mínimo de ativo circulante que a empresa precisa para manter as atividades em funcionamento, está relacionado com o capital de giro variável, que indica que podem ocorrer necessidades adicionais de recursos financeiros, muitas vezes motivados por compras antecipadas de estoques, entre outros exemplos. O que tem levado as empresas multinacionais ao sucesso financeiro e manutenção da sua rentabilidade no mercado é a facilidade na obtenção de recursos financeiros. Segundo Eiteman, Stonehill e Moffett (2013, p. 530), “as EMNs podem financiar as necessidades de capital de giro através de bancos internos, bancos internacionais e bancos locais, onde estão localizadas as subsidiárias”. 205 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • O prazo médio de rotação dos estoques procura (mensurado pelo custo das vendas) representar quantas vezes se “renovou” o estoque por causa das vendas. • O prazo médio de rotação de clientes indica quantos dias, semanas ou meses a empresa deverá esperar, em média, antes de receber suas vendas a prazo. • O prazo médio de rotação de fornecedores indica quantos dias, em média, a empresa demora para pagar seus fornecedores. • O ciclo financeiro não pode afetar o capital de giro, desta forma, os gestores precisam estar atentos para não tomarem decisões que prejudiquem o fluxo financeiro da empresa e tenham necessidade de captar recursos no mercado financeiro. • O orçamento de capital permite selecionar os investimentos de longo prazo que a empresa necessita realizar, e isto somente é possível com uma análise detalhada do fluxo de caixa estimado. • O cálculo da média ponderada se dará em função da apuração das taxas remuneratórias do Capital de Terceiros e do Capital Próprio. • Administração do capital de giro envolve avaliação do capital circulante líquido que é a somatória dos recursos que constam no ativo circulante descontados os recursos circulantes. Desta forma, o capital circulante líquido somente é vantajoso se a somatória dos ativos circulantes for maior que a somatória dos passivos circulantes. 206 1 O gestor financeiro precisa estar atento ao planejamento das finanças da empresa, principalmente quando deve considerar os prazos do ciclo operacional, em função dos recursos financeiros ocorrerem conforme os prazos negociados da cobrança dos clientes, além dos prazos do pagamento dos fornecedores. Desta forma, o que é o ciclo financeiro da empresa? a) ( ) O ciclo financeiro não pode afetar o capital de giro, desta forma, os gestores precisam estar atentos para não tomarem decisões que prejudiquem o fluxo financeiro da empresa e tenham necessidade de captar recursos no mercado financeiro. b) ( ) O ciclo financeiro pode afetar o capital de giro, desta forma, os gestores precisam estar atentos para não tomarem decisões que prejudiquem o fluxo financeiro da empresa e tenham necessidade de captar recursos no mercado financeiro. c) ( ) O ciclo financeiro não pode afetar o capital de terceiros, desta forma, os gestores precisam estar atentos para não tomarem decisões que prejudiquem o fluxo financeiro da empresa e tenham necessidade de captar recursos no mercado financeiro. d) ( ) O ciclo financeiro não pode afetar o capital de giro, desta forma, os gestores precisam estar atentos para tomarem decisões que prejudiquem o fluxo financeiro da empresa e tenham necessidade de captar recursos no mercado financeiro. e) ( ) O ciclo financeironão pode afetar o capital de giro, desta forma, os gestores precisam estar atentos para não tomarem decisões que prejudiquem o fluxo financeiro da empresa e tenham necessidade de expandir os seus negócios. 2 Muitas vezes quando a empresa não consegue gerar recursos financeiros com as suas atividades operacionais, devido à forte necessidade de investimentos, estas optam por atuar na Bolsa de Valores e vender as suas ações, que é uma maneira de captar recursos financeiros. Com relação ao retorno do capital da empresa, o que é necessário apurar? AUTOATIVIDADE 207 3 O orçamento de capital permite selecionar os investimentos de longo prazo que a empresa necessita realizar e isto somente é possível com uma análise detalhada do fluxo de caixa estimado. De acordo com esses aspectos, o que o orçamento de capital permite identificar? a) ( ) O orçamento de vendas permite identificar quais são os recursos necessários para viabilizar o investimento, analisando as opções de forma adequada. b) ( ) O orçamento de capital permite identificar quais são os recursos necessários para viabilizar o investimento, analisando as origens dessa necessidade. c) ( ) O orçamento de capital permite identificar quais são os bens e direitos necessários para viabilizar o investimento, analisando as opções de forma adequada. d) ( ) O orçamento de capital permite identificar quais são os recursos necessários para viabilizar o processo produtivo, analisando as opções de forma adequada. e) ( ) O orçamento de capital permite identificar quais são os recursos necessários para viabilizar o investimento, analisando as opções de forma adequada. 4 No sentido de viabilizar os projetos de investimentos de longo prazo, é necessário avaliar seu retorno financeiro, a capacidade da geração do fluxo de caixa e a capacidade de manter as atividades operacionais da empresa no seu ambiente. Neste sentido, qual é o papel do Fluxo de Caixa? 5 Ao ser projetado o resultado operacional de uma empresa, deve se utilizar a média ponderada da taxa de juros em relação ao capital de terceiros e a taxa de dividendos em relação ao capital próprio que a empresa irá investir. Essa remuneração se chama custo médio ponderado de capital (CMPC). Assim, qual é a finalidade do CMPC? a) ( ) O CMPC tem por finalidade identificar qual é o resultado financeiro mínimo necessário para a empresa pagar os custos de captação e o efeito tributário do imposto de renda da pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido. b) ( ) O CMPC tem por finalidade identificar qual é o resultado operacional mínimo necessário para a empresa pagar os custos de captação e o efeito tributário do imposto de renda da pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido. c) ( ) O CMPC tem por finalidade identificar qual é o resultado operacional mínimo necessário para a empresa pagar os custos da produção e o efeito tributário do imposto de renda da pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido. d) ( ) O CMPC tem por finalidade identificar qual é o resultado operacional mínimo necessário para a empresa pagar os custos de captação e o efeito tributário do imposto de renda da pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro operacional. e) ( ) O CMPC tem por finalidade identificar qual é o resultado operacional máximo necessário para a empresa pagar os custos de captação e o efeito tributário do imposto de renda da pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido. 208 209 TÓPICO 3 - ETAPAS DA ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 3 Olá, acadêmico! Chegamos ao último tópico do livro. Foi uma incrível jornada até aqui, que nos levou a aprender sobre as Demonstrações Contábeis/Financeiras, nos ensinou como calcular indicadores e nos acompanhou durante a análise para a tomada de decisão. No entanto, quando chega a nossa vez de realizar um processo de análise das Demonstrações Financeiras sozinhos, fica a dúvida: por onde começar? Este tópico tem o objetivo de apresentar alguns itens imprescindíveis para se atentar durante seu trabalho de analista e um passo a passo para a realização das etapas de análise. Tudo isso finalizando em um mini estudo de caso, no qual, de forma simplificada, conseguiremos ter uma noção de como proceder em cada uma das etapas descritas. É importante para verificar se houve fixação do conteúdo estudado. Só calcular os indicadores e verificar seus resultados não é garantia de uma tomada de decisões assertiva. Para obter sucesso, é preciso ir mais além. Um processo bem estruturado auxilia em manter o foco no que realmente é relevante, sem deixar de realizar etapas importantes. É hora de nos aventurarmos na prática. 2 PASSO A PASSO: ETAPAS PARA UMA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES Há vários aspectos imprescindíveis ao se realizar um processo de análise das Demonstrações Financeiras. Durante o conteúdo do livro, vimos diversas dicas essenciais para facilitar e dar segurança à nossa atividade de analista. Que tal agora criarmos um Passo a Passo para nos orientar durante o processo? Ele é composto por oito etapas. 2.1 PRIMEIRA ETAPA – OBTER AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DA ENTIDADE Para se tirar um maior proveito dos indicadores, é preciso comparar os resultados com a base histórica da própria entidade, ou seja, comparar o resultado obtido em anos diferentes (20x1, 20x2, 20x3 etc.), a fim de verificar padrões desenvolvidos pela entidade (ALMEIDA, 2019). 210 DICA É fácil chegar à conclusão de que a primeira coisa a se realizar a partir do momento em que se coloca as mãos nas Demonstrações é sair calculando os índices. Mas não é assim. Inicialmente, deve-se olhar as demonstrações atentamente, procurar se familiarizar com ela, procurar aspectos que chamem a nossa atenção, tentar realizar algumas análises só tendo como base o que nos é apresentado. Esse é um começo extremamente eficiente para um trabalho de excelência. Sente-se confortavelmente e a leia atentamente. Nenhuma informação foi descrita ali para ser dispensável ou supérflua. Para isso, a primeira etapa seria “averiguar se estamos de posse de todas as Demonstrações Contábeis (inclusive Notas Explicativas). Também seria desejável ter em mãos as Demonstrações Contábeis de três períodos” (MARION, 2019, p. 7). O autor relembra que cada publicação possui colunas comparativas, logo, em uma única publicação há informações sobre dois períodos: o exercício atual e o exercício anterior. 2.2 SEGUNDA ETAPA – AVERIGUAR A QUALIDADE DAS DEMONSTRAÇÕES O simples fato de existir uma Demonstração publicada pela entidade não significa que sua qualidade está garantida. Uma das formas de se identificar a credibilidade desse relatório é averiguar se ele foi analisado por uma auditoria independente. Para isso, consegue-se verificar se existe o Parecer da Auditoria, na qual constam também qual foi a empresa que realizou o parecer, facilitando a verificação de informações sobre ela. “Todavia, não havendo parecer da auditoria, deverão ser tomados alguns cuidados, recomendando-se ao analista uma dose maior de conservadorismo. Infelizmente, nem sempre as DC refletem a realidade, principalmente nas pequenas empresas” (MARION, 2019, p. 7). Isso porque a empresa não passou por nenhum processo que auditasse seus controles internos e adequação dos registros às normas contábeis, o que daria uma segurança maior na utilização de tais informações. O que não quer dizer que só demonstrações que passaram por um processo de auditoria sejam confiáveis. Nem mesmo que não há risco algum só porque uma empresa é auditada. Alguns dos grandes escândalos contábeis ocorreram em entidades auditadas por empresas globais. Enquanto algumas empresas pequenas se preocupam o suficiente em utilizar as informações contábeis para tomada de decisões a ponto de terem dados extremamente confiáveis. 211 2.3 TERCEIRA ETAPA – PREPARAR AS DEMONSTRAÇÕES PARA A ANÁLISE Apesar de a Leidas Sociedades por Ações e da convergência às normas internacionais de Contabilidade terem gerado uma maior padronização das Demonstrações para todos os tipos societários, há de se verificar se realmente a empresa classificou suas contabilizações de forma a permitir uma análise sem realizarmos a Reclassificação de Itens. Marion (2019) exemplifica o fato com um registro que demonstra certa ‘esperteza’ da empresa para melhorar sua situação econômico-financeira: suponha que ela tinha um imóvel contabilizado em seu Ativo Imobilizado e, a fim de melhorar seus indicadores de liquidez, passa a contabilizá-lo no Ativo Circulante, justificando que passou a dispor desse imóvel para venda. Nesse caso, o analista terá de reclassificar esse valor de volta para o Ativo Imobilizado no momento de preparar sua análise, pois se mantiver como Ativo Circulante, suas conclusões sobre a capacidade de pagamento da empresa serão corrompidas. O autor também apresenta que: Outras vezes, mesmo sendo o contador imparcial no agrupamento das contas, há necessidade de interferência do analista. É o caso de Receita Financeira, que legalmente é operacional, mas na realidade deveria estar no grupo Não Operacional. Se quisermos apurar a verdadeira taxa de rentabilidade obtida pela atividade operacional, devemos reclassificar tanto as Despesas Financeiras como as Receitas Financeiras no grupo Não Operacional (MARION, 2019, p. 24). Vamos pensar em outros dois aspectos que requerem cuidados de Reclassificação, que são: a) Duplicadas Descontadas, que devem ser classificadas como Passivo Circulante, mas ainda se encontram certas demonstrações nas quais constam como dedução da conta Duplicatas a Receber no Ativo Circulante; e b) Leasing (arrendamento mercantil), que é um financiamento disfarçado de aluguel e deve ser classificado como Ativo para fins contábeis, mas como possui contrato legal de aluguel (e, portanto, para fins fiscais é considerado aluguel), é importante o analista verificar se a empresa está realmente contabilizando-o como Ativo. Para verificar se há Reclassificações a serem realizadas, é fundamental que o analista tenha um bom conhecimento em Contabilidade, conheça as especificidades da empresa analisada, assim como do setor/segmento no qual ela atua. 212 2.4 QUARTA ETAPA – SELECIONAR QUAIS INDICADORES SERÃO UTILIZADOS A quarta etapa é selecionar os indicadores úteis para a tomada de decisão. Aprendemos diversos indicadores nos tópicos anteriores, e ainda há outros tantos existentes, mais avançados e/ou que demandam informações internas, que não foram escopo deste livro. No entanto, calcular todos os existentes de forma mecânica e sem critério não é interessante, o ideal é verificar quais são os mais apropriados para o objetivo do analista. Afinal, cada analista tem um objetivo diferente com relação à tomada de decisão. Durante a própria análise dos indicadores, alguns cuidados precisam ser tomados. Marion (2019) exemplifica com o caso a seguir: Ressaltamos, entretanto, que o analista deverá tomar uma série de precauções quanto à interpretação dos índices. Muitas vezes, podem dar falsa imagem de uma situação. Vamos admitir que o AC da Cia. Imaginativa seja de 100 e seu PC de 50. Se dividirmos o AC pelo PC, obteremos um índice igual a 2,00. Se, porém, a empresa resolvesse pagar 49 de sua dívida, a situação seria a seguinte: Observe que diminuímos 49 no PC, uma vez que houve pagamentos das obrigações e consequente redução da dívida. Para esse pagamento utilizamos 49 de dinheiro do AC e, assim, reduzimos o caixa da empresa. Na verdade, não houve mudança na situação financeira da empresa. Somente uma redução de 49 do AC no PC (a capacidade de pagamento da empresa é a mesma). Se dividirmos o AC pelo PC, obteremos um índice de $ 51,00, o que não significa que houve melhora na capacidade de pagamento da empresa de 25 vezes, pois a situação é a mesma. Nesse caso, houve uma manipulação, não sendo considerada má-fé. FONTE: Marion (2019, p. 22). Ser criterioso na análise é extremamente importante para que a tomada de decisões alcance o melhor resultado. Isso só é possível se houver um estudo constante sobre o assunto. 213 2.5 QUINTA ETAPA – COMPARAR OS RESULTADOS COM OS DE OUTRAS EMPRESAS CONCORRENTES DENTRO DO SEGMENTO DA EMPRESA Só analisar os resultados da empresa não é o suficiente. Precisa-se comparar os resultados externamente com outras empresas concorrentes que sejam do mesmo segmento de negócio da entidade, a fim de entender se realmente aqueles resultados podem ser considerados bons/ruins ou não (se eu não tiver fator de comparação, considerando apenas a própria empresa, não há parâmetros suficientes para que uma conclusão efetiva seja tomada). Ou seja, a quinta etapa exige que se tenha posse das Demonstrações de concorrentes do mesmo setor, ou até mesmo que se obtenha os resultados dos indicadores via ferramenta de dados, como a Economatica. DICA Economatica A Economatica é uma plataforma de dados do mercado financeiro, ações e fundos, que fornece indicadores já calculados de entidades no Brasil, América Latina e EUA. É de utilização bem simples e intuitiva, em que o analista consegue selecionar os indicadores desejados de um grupo de empresas e exportar até em planilhas de excel, prontas para uma análise individual ou para serem imputadas em um sistema de análise de dados. Tais dados são confiáveis por serem primários e duplamente checados, direto das fontes oficiais, e possuem uma perspectiva de utilização longa, pois foram extraídos de balanços e cotações desde o ano de 1986 (caso disponíveis). INTERFACE DA ECONOMATICA – EXCEL FONTE: Economatica (2022, s.p.) 214 Há mais ferramentas disponíveis para auxiliar no processo de Análise de Demonstrações, e muitas outras surgirão, pois a tecnologia está evoluindo muito em aspectos como Business Intelligence, Data Mining, Big Data, Data Lake, entre outros. É fundamental que nos mantenhamos atualizados sobre métodos que possam aprimorar e expandir nosso trabalho, para não ficar para trás na evolução tecnológica. No entanto, o mais importante continua sendo ter uma base teórica e prática profunda, pois sem ela, nem mesmo a melhor tecnologia conseguirá por si só nos levar a uma tomada de decisões acurada. FONTE: https://economatica.com/excel-gallery/?lang=portugues-br. 2.6 SEXTA ETAPA – PROCURAR IDENTIFICAR PADRÕES E EXCEÇÕES É nessa etapa em que o analista, já em posse do resultado dos indicadores, tendo-os comparado internamente (dentro de um período, geralmente três exercícios da própria empresa) e externamente (com resultados de outras empresas do mesmo segmento), busca identificar padrões nos indicadores e ocorrência de exceções. Por exemplo, se a Liquidez Geral da empresa se manteve constante em dois períodos anteriores, porém no último exercício ocorreu uma diminuição significativa no indicador, o analista deve entender o que motivou tal variação. Da mesma forma, se comparou a Liquidez Geral entre várias empresas do setor e notou um padrão nesse indicador de aproximadamente 2,5, caso a empresa analisada tenha obtido um resultado muito discrepante dessa média (tanto a maior quanto a menor), também acaba sendo um ponto de investigação para o analista, procurando entender qual exceção faz a empresa ter um resultado tão diferente das demais pertencentes ao mesmo ramo de negócios. Para isso, pode-se contar com as Notas Explicativas, Relatório da Administração, Relatório do Conselho Fiscal, Atas de Assembleias, ou basicamente qualquer relatório (confiável, é bom ressaltar) que seja fornecido pela empresa e que consiga dar uma visão dos motivos para os fatos e eventos terem ocorrido daquela forma e terem sido registrados como foram. Aqui, continua valendo a máxima do analista como autor do processo, tendo que utilizar seus conhecimentos do negócio da empresa para que não seja influenciado somente pelos resultados obtidos pelos indicadores. Martins, Mirandae Diniz (2020) dão a seguinte explicação: 215 Num exemplo exageradamente simples: imagine o balanço de uma instituição financeira que capta depósitos de poupança e aplica a maior parte desses recursos em operações de empréstimos a longo prazo, financiando atividade imobiliária; que tipo de “índice de liquidez corrente” apresenta, classificando esses valores todos captados como depósitos de poupança no Passivo Circulante, como é a normatização brasileira, e classificando suas operações de crédito no Ativo Realizável a Longo Prazo? Ativo Circulante pequeno e Passivo Circulante enorme. Se não tem ideia de quão estável (quase “permanente” em certas instituições estatais) é esse Passivo Circulante, poderá concluir que essa instituição já quebrou e só não fechou suas portas porque ninguém a avisou... (por aí se vê por que, em tantos países, não se classificam em circulante e não circulante os ativos e passivos das instituições financeiras e seguradoras). Portanto, se você não sabe como funcionam os negócios numa empresa e/ou quais as regras contábeis aplicáveis, procure conhecê-los. Não se coloque a analisar suas demonstrações se não estiver devidamente habilitado! FONTE: Martins, Miranda e Diniz (2020) DICA É essa preparação que você está tendo ao ler e estudar com afinco este livro de Análise das Demonstrações, e que vai perdurar durante toda a sua vida profissional: procurar sempre aumentar sua capacidade e preparo para enfrentar os desafios necessários para suas tomadas de decisão! 2.7 SÉTIMA ETAPA – ELABORAR O RELATÓRIO DE ANÁLISE É no Relatório de Análise que o analista descreverá seu diagnóstico com base nas conclusões obtidas. “O produto final da análise econômico-financeira das DCs são relatórios com os índices e as respectivas explicações para flutuações relevantes e para tendências fora dos parâmetros” (ALMEIDA, 2019, p. 4). “O momento mais esperado de todo analista é reunir todas as informações coletadas no decorrer do processo de análise e, depois das devidas ponderações, redigir o seu relatório ou parecer opinativo quanto à situação econômica, financeira e patrimonial da empresa objeto da análise” (SILVA, 2019, p. 99). Silva (2019, p. 207) ainda afirma que “o analista deve proceder a sua análise pautando-se por uma metodologia e raciocínio científico, já que o resultado da análise deve ser a elaboração de um relatório que reflita a real situação da empresa”. 216 O texto deve ser objetivo e direto, podendo utilizar linguagem técnica, mas focando principalmente em uma escrita simples, para que seja efetivamente compreendido pelos leitores. Pode-se utilizar gráficos, quadros e imagens de forma a sintetizar as informações que se quer repassar. Construir uma estrutura de apresentação coerente faz toda a diferença, pois apresentar dados e informações em uma sequência lógica auxilia na correta interpretação pelo leitor, pois este é o objetivo: repassar seu diagnóstico e conclusão de forma que seja captado de forma correta e compreensível. De nada vale ter realizado uma análise sensacional, se o leitor não conseguir entendê-la. Segue um modelo fictício de tal relatório. FIGURA 1 – EXEMPLO DE RELATÓRIO DE ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS RELATÓRIO DE ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (Destinatário) Após a análise e interpretação dos quocientes econômicos e financeiros calculados com base no Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado do Exercício da Comercial Seul S/A, levantados em 31 de dezembro de X1, apresentamos as seguintes informações: 1. Situação financeira Endividamento: a empresa apresenta grau de endividamento satisfatório, uma vez que os Quocientes de Estrutura de Capitais se encontram abaixo do Quociente Mediano de seus concorrentes. Isso pode ser comprovado pela preponderancia dos capitais próprios sobre os capitais de terceiros, pela boa margem existente entre as obrigações de longo prazo e as obrigações de curto prazo e pela não imobilização total dos capitais próprios, revelando a existência de liberdade financeira para tomadas de decisão sem a necessidade de se sujeitar a regras impostas por credores. Liquidez: com relação à solvência, a empresa encontra-se muito bem estruturada, apresentando solidez financeira que garante o cumprimento de seus compromissos de curto e de longo prazo. Operando com quocientes acima da mediana do ramo, apresenta garantia que pode ser oferecida a terceiros quando fatos inesperados colocarem a empresa em situação de insolvência momentânea. 2. Situação econômica Rentabilidade: a empresa apresenta situação econômica satisfatória em decorrência da boa rentabilidade, que permite girar em 5,26 anos o capital total investido. 217 3. Situação econômica e financeira A Comercial Seul S/A encontra-se muito bem estruturada sob os pontos de vista económico e financeiro, em razão do baixo grau de endividamento, do alto grau de liquidez e do grau de rentabilidade que permite o retorno do capital proprio investido em apenas 2,63 anos, constituindo negócio altamente positivo para aqueles que confiaram na empresa. (Local, data, assinatura e identificação do analista) IMPORTANTE Esse é só um modelo simples com fins de exemplificação. As informações que serão incluídas no Relatório devem ser decididas pelo analista. Pode-se incluir análise do cenário, discorrendo sobre a empresa, sobre o segmento do qual faz parte e possíveis políticas governamentais que o afetem, eventos subsequentes à data da demonstração que possam afetar a situação da empresa positiva ou negativamente, entre outros (SILVA, 2019). O principal fator a se atentar é que no Relatório não se incluem apenas os resultados dos indicadores, por exemplo, o dado de que a Liquidez Corrente foi igual a X. O analista precisa dar sua interpretação, diagnóstico e conclusão sobre o resultado apurado. 2.8 OITAVA ETAPA – TOMADA DE DECISÕES COM BASE NA ANÁLISE REALIZADA Por fim, vamos à etapa mais esperada, que representa o principal objetivo de se realizar uma análise de Demonstrações Contábeis/Financeiras: a tomada de decisão. O analista estudou, se preparou, passou por todas as etapas citadas anteriormente, para que pudesse realizar uma tomada de decisões. Se for um investidor, pode agora ter conclusões suficientes para decidir se comprará ações de uma empresa. Um banco dará o resultado positivo ou negativo quanto à cessão de crédito a um cliente seu. Um funcionário verifica se sua empregadora demonstra ter capacidade de continuar em funcionamento pelos próximos anos, e consegue decidir se considera estável continuar trabalhando para ela ou conjectura mudar de emprego. São infinitos os usuários das Demonstrações que conseguem tomar melhores decisões com base na situação financeira, econômica e patrimonial apresentada pelas entidades. Vai muito além: pense que o conjunto de decisões podem mudar o futuro da economia regional, nacional e mundial. A amplitude da análise de Demonstrações já se expande se refletirmos nela dessa forma, não é mesmo? 218 3 ESTUDO DE CASO – REALIZANDO UMA ANÁLISE EM DEMONSTRAÇÃO PUBLICADA Que tal realizarmos uma minianálise simplificada em uma demonstração publicada? Simplificada porque, como vimos durante todo o livro, uma análise completa depende de muita análise, estudo, preparação, conhecimento da empresa etc., mas é útil ao menos conhecer como proceder para realizar o passo a passo de uma análise na prática. Vamos lá? 3.1 ANÁLISE INICIAL – ETAPAS 1, 2 E 3 Vamos utilizar no nosso exemplo a empresa Metisa S. A. A primeira etapa é obter as Demonstrações Financeiras da entidade. Para isso, podemos acessar o site de Relações com os Investidores (RI) da empresa. É fácil: pode-se abrir um site de busca como o Google e digitar “Metisa RI”. No caso desta empresa, o menu que é apresentado chama-se Investidores, no qual pode-se selecionar o tipo de documento [Demonstrações Contábeis] para o ano desejado [aqui, trabalhamos com o exercício de 2020]. FIGURA 2 – SITERELAÇÕES COM OS INVESTIDORES DA METISA S.A. FONTE: Adaptado de <https://www.metisa.com.br/investidores/>. Acesso em: 2 mar. 2022. É importante ressaltar que cada empresa possui diferentes nomenclaturas em seus sites. O mais comum é encontrar um menu chamado Central de Resultados, como utilizado pela empresa Schulz S. A. 219 FIGURA 3 – SITE RELAÇÕES COM OS INVESTIDORES DA SCHULZ S.A. FONTE: <https://ri.schulzsa.com/>. Acesso em: 2 mar. 2022. ATENÇÃO É só aguçar a curiosidade e consultar todos os menus, ler os documentos, se familiarizar com as nomenclaturas e documentos publicados. Obter conhecimento de forma prática e autodidata pode ser extremamente divertido! Uma vez em posse das Demonstrações Financeiras da Metisa S.A. (obtidos através de download do arquivo em PDF), o analista deve dar uma conferida geral nas informações trazidas, procurar se existe algo que chame sua atenção em uma averiguação inicial, verificar a estrutura das demonstrações etc. INTERESSANTE Caso durante esse processo de verificação você note algo interessante ou curioso a ressaltar, para pesquisar posteriormente ou utilizar em seu Relatório de Análise, é interessante anotar as informações. Aspectos notados durante a verificação inicial das DFs 220 Após, pode-se avançar para a Segunda Etapa – Averiguar a qualidade das Demonstrações. Se olharmos bem no finalzinho do arquivo das Demonstrações, verificamos que há Parecer da Auditoria, o que já dá uma garantia maior da qualidade e credibilidade do controle interno e das informações publicadas pela empresa. Como constam os dados de quem elaborou o parecer, dá para pesquisar mais sobre a própria empresa de auditoria, caso assim deseja. FIGURA 4 – PARTE DO PARECER DA AUDITORIA, EXTRATO DO ARQUIVO FONTE: <https://www.metisa.com.br/wp-content/uploads/2021/03/31-12-2020_RB_Balanco- METISA-2020.pdf>. Acesso em: 2 mar. 2022. A terceira etapa se constitui em Preparar as Demonstrações para a análise. Para fins educacionais, vamos consultar somente os exemplos dados na explicação sobre essa Etapa: consulta de Duplicatas Descontadas e Leasing. Consultando o Balanço Patrimonial e lendo as Notas Explicativas, não foram encontradas informações sobre nenhuma das duas situações. Logo, a análise continuará sem Reclassificações de Itens. 221 3.2 CÁLCULO DOS INDICADORES PARA A ETAPA 4 A quarta etapa é selecionar quais indicadores serão apurados. Para fins educacionais, vamos escolher apenas alguns: a Análise Vertical (importância de cada conta em relação ao valor total) e a Análise Horizontal (variação do saldo da conta dentro do período analisado) dos grupos do Ativo, assim como os indicadores de Liquidez. DICA Caso queira retomar a explicação sobre o que é Análise Horizontal e Vertical e Indicadores de Liquidez, o conteúdo está disposto na Unidade 2. É só voltar lá e relembrar o conteúdo. Aqui vamos somente realizá-lo na prática. 3.2.1 Calculando análise vertical e horizontal Que tal fazermos juntos? Vamos inicialmente deixar o quadro com os espaços da AV e AH em branco, para que você possa realizar os cálculos, preenchendo sozinho. Esse processo é importante, pois é através dos cálculos que se tem certeza de ter fixado o conteúdo estudado. Vamos lá! FIGURA 5 – ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL DO GRUPO ATIVO DA METISA S. A. FONTE: Adaptado de Metisa S. A. (2021, s.p.). 222 Agora que os cálculos estão feitos, segue o gabarito para conferir a resposta correta. Lembre-se de que só os cálculos não são o suficiente; precisa principalmente saber interpretar tais resultados. Por isso, após o gabarito, há exemplos de interpretações importantes a considerar, levando em conta os resultados obtidos. Não deixe de ler! FIGURA 6 – ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL DO GRUPO ATIVO DA METISA S. A. FONTE: Adaptado de Metisa S. A. (2021, s.p.). Com os resultados obtidos, podem-se realizar algumas análises. Por exemplo, quanto à Análise Vertical de 2020, nota-se que a maior parte do Ativo é composto pelo Ativo Circulante, representando 74% do total do Ativo. A conta com maior representatividade é Caixa e Equivalentes de Caixa, atingindo 25% do total do Ativo, que é um montante significativo e que se encontra disponível para ser utilizado para quitar dívidas caso necessário. Também dá para comparar os dois anos e verificar que não há variação maior que 4% das contas em relação ao Ativo Total, o que demonstra que a estrutura do ativo se manteve parelha. Já na Análise Horizontal, verifica-se que, com exceção de ‘Títulos e valores mobiliários’ e do ‘Intangível’, que decresceram -6,25 (explicação: de R$12.187.117 em 2019 para R$11.425.634 em 2020) e – 9,32%, respectivamente, as demais contas tiveram um aumento, tendo o maior aumento ocorrido na conta Tributos a Recuperar (+191,94%). Ao todo, o Ativo entre 2019 e 2020 aumentou 15,36%, passando de R$356.264.039 para R$308.829.927. É importante notar que nos cálculos de percentual não aparecem todas as casas depois da vírgula, o que faz diferença se fores realizar a prova real, caso utilize menos casas. 223 É bem melhor analisar em percentual do que considerando os valores reais, não é? E assim, dependendo do que cada analista tem como objetivo, dá para verificar diversas informações com base na Análise Vertical e Horizontal. Essa mesma análise pode ser realizada em outras demonstrações, utilizamos somente um exemplo para compreender o seu funcionamento em uma demonstração publicada. Decifrando as variações ocorridas É importante o analista ler as notas explicativas, observar o comportamento da economia, dos concorrentes, do segmento e quaisquer influências que possam ter ocorrido, para tentar explicar tais variações. Por exemplo, o que pode ter ocorrido para que aumentasse o valor de Contas a Receber de um ano para o outro (+31,1%)? Se olharmos na Demonstração de Resultado, houve um aumento na Receita Líquida de R$78.901.280 (passando de R$288.796.864 em 2019 para R$367.698.144 em 2020, o que representa um aumento de 27,32%, arredondando). Ou seja, se houve mais vendas no último exercício, pode-se esperar um aumento do Contas a Receber. Até o percentual de variação ocorrida foi aproximadamente o mesmo. FIGURA 7 – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DA METISA S. A. FONTE: Adaptado de Metisa S.A. (2021, s.p.). Já se olharmos a Nota Explicativa 5, que trata do detalhamento do Contas a Receber, veremos que tanto aumentou o valor a receber do Mercado Interno e Externo, quanto diminuiu muito o valor contabilizado em Perda estimada para créditos de liquidação duvidosa (-R$1.798.127). 224 FIGURA 8 – NOTA EXPLICATIVA 5, DA METISA S. A. FONTE: Adaptado de Metisa S.A. (2021) Buscando entender essa diminuição significativa da PCLD, de -49,3%, dá para tentar somar na Nota Explicativa 25 os valores vencidos há mais tempo. Somando os ‘vencidos de 181 a 360 dias’ com os ‘vencidos a mais de 360 dias’, se chega ao valor de R$1.847.170, aproximadamente a composição de valores que consta como saldo na Nota Explicativa 5. FIGURA 9 – NOTA EXPLICATIVA 25, DA METISA S.A. FONTE: Adaptado de Metisa S.A. (2021, s.p.) No entanto, no caso da Metisa, nem é preciso tentar realizar o cálculo aproximado dos dias a vencer, pois a própria empresa explica em sua Nota Explicativa como é sua política de tratamento da conta de PCLD: 225 FIGURA 10 – NOTA EXPLICATIVA 5, DA METISA S.A. FONTE: Adaptado de Metisa S.A. (2021, s.p.) Além disso, pode-se pensar em aspectos econômicos que justifiquem as variações. Como em 2020, houve a situação da pandemia mundial, pode ter aumentado o número de clientes preferindo um prazo maior de pagamento, pois a diluição em parcelas maiores facilitaria a manutenção de suas atividades. Como não fazemos parte da administração da empresa, não há como efetivamente saber se isso ocorreu ou não, mas faz parte do processo crítico do analista buscar explicações para as ocorrências. IMPORTANTE Dá para notar a complexidade de influências que atingem os negócios de umaempresa, afetando consequentemente seus resultados financeiros, econômicos e patrimoniais. Por isso, é essencial não considerar somente os dados de âmbito contábil. Quanto mais antenados estivermos ao que acontece ao redor do mundo, melhor nossas análises ficarão. 3.2.2 Calculando indicadores de liquidez Para calcular os Indicadores de Liquidez na prática, vamos utilizar o Balanço Patrimonial da empresa Metisa S.A. Basicamente, os indicadores de liquidez procuram apresentar a capacidade de liquidação de dívidas de uma empresa. 226 FIGURA 11 – BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA METISA S. A. FONTE: Adaptado de Metisa S.A. (2021, s.p.) Inicialmente é importante realizar o cálculo para treinar seu conhecimento sobre o assunto. É só preencher os espaços nas fórmulas a seguir tomando como base os valores encontrados no Balanço Patrimonial da Metisa S. A. (imagem anterior). Como o BP possui o valor de dois anos, para fins de exercício, serão considerados os valores do ano de 2020. Liquidez Corrente (LC) = AC (Ativo Circulante) PC (Passivo Circulante) Liquidez Imediata (LI) = D (Disponibilidades) PC (Passivo Circulante) Liquidez Seca (LS) = AC (Ativo Circulante) - Estoques PC (Passivo Circulante) Liquidez Seca (LS) = AC (Ativo Circulante) + RLP (Realizável a Longo Prazo) PC (Passivo Circulante) + ELP (Exigível a Longo Prazo) Agora, vamos ao gabarito e as análises de cada um dos indicadores. 227 Liquidez Corrente (LC) = AC = 264.802.416 = 4,09 PC 64.759.076 Interpretação: quanto maior, melhor. Então, na Liquidez Corrente, se busca o valor do Ativo Circulante para o ano de 2020 no Balanço Patrimonial (que é R$264.802.416) e divide-se pelo valor do Passivo Circulante (R$64.759.076). Pela interpretação dos índices de liquidez, quanto maior o índice, melhor. Uma Liquidez Corrente de 4,09 significa que para cada R$1,00 de dívidas de curto prazo que a empresa tem, ela possui R$4,09 de recursos do ativo curto prazo para pagar essa dívida. Ou seja, a empresa conseguiria liquidar suas dívidas e ainda sobraria. É como se eu estivesse devendo R$1,00 para você, e tivesse R$4,09 para lhe pagar. Ou seja, conseguiria pagar a dívida toda contigo e ainda sobraria R$3,09. Como podemos verificar, a empresa tem uma quantidade boa de recursos de curto prazo para pagar suas dívidas de curto prazo. Já a Liquidez Imediata é mais complexa, pois ela considera só os recursos imediatos que a empresa possui, que seriam as Disponibilidades (ou seja, as contas de Caixa e Equivalentes de Caixa). Ou seja, não são todas as empresas que têm recursos imediatos que consigam cobrir suas dívidas de curto prazo. Muitas empresas mantém um caixa reduzido, nem sempre por não gerarem recursos imediatos, mas, por exemplo, por procurarem investir os recursos que possuem. Liquidez Imediata (LI) = D = 89.375.187 = 1,38 PC 64.759.076 Interpretação: quanto maior, melhor Como podemos ver, a Metisa S.A. possui um índice de Liquidez Imediata de 1,38. A interpretação do índice continua sendo quanto maior, melhor. O que esse valor significa? Que para cada R$1,00 de dívida de curto prazo, a empresa possui R$1,38 para quitá-la. Ou seja, a empresa tem em Caixa e Equivalentes de Caixa o suficiente para pagar as suas dívidas de curto prazo. É um resultado bem importante, pois não é necessariamente um padrão de ocorrência. Liquidez Seca (LS) = AC - Estoques = 264.802.416 – 67.337.467 = 197.464.949 = 3,05 PC 64.759.076 64.759.076 Interpretação: quanto maior, melhor 228 Esse índice de Liquidez Seca segue a mesma lógica da Liquidez Corrente, porém excluindo-se os estoques. Isso porque: 1) ainda há um processo para o estoque se converter em dinheiro; e 2) estoques muito facilmente se tornam obsoletos ou inexistentes. Ou seja, subtraímos do valor do Ativo Circulante (R$264.802.416) o valor dos Estoques (que é de R$67.337.467). Após essa subtração, divido o resultado pelo valor do Passivo Circulante (R$64.759.076). O resultado dá 3,05. Segue-se o mesmo padrão dos anteriores: a interpretação é quanto maior, melhor. Significa que mesmo sem considerar os estoques, só o restante do Ativo Circulante, a empresa ainda teria capacidade de pagamento de suas dívidas de curto prazo. Para cada R$1,00 de dívidas de curto prazo, a empresa possui R$3,05 de recursos de curto prazo para liquidá-la, sem contar o valor dos estoques. Lembra que a Liquidez Corrente (que considera o estoque) deu resultado de 4,09? Ou seja, a exclusão do estoque impactou em uma diminuição de 1,04 no índice de Liquidez Seca. Liquidez Geral (LG) = AC + RLP = 264.802.416 + 4.382.741 = 269.185.157 = 3,48 PC + ELP 64.759.076 + 12.538.420 77.297.496 Interpretação: quanto maior, melhor. O índice de Liquidez Geral mostra a capacidade de pagamento da empresa a Longo Prazo, considerando tanto os recursos de curto quanto de longo prazo. Na fórmula, é considerado o Realizável a Longo Prazo (grupo do Ativo) e Exigível a Longo Prazo (grupo do Passivo), e não Ativo Não Circulante e Passivo Não Circulante, porque se formos olhar o grupo de Ativo Não Circulante no Balanço Patrimonial da Metisa, veremos que o ANC é composto por mais grupos (como imobilizado). Logo, se incluir esses valores, influenciará em uma análise incorreta. O correto seria só considerar os valores do Realizável a Longo Prazo. Então, soma-se o valor do Ativo Circulante (R$264.802.416) com o do Realizável a Longo Prazo (R$4.382.741), totalizando R$269.185.157, que será o numerador. Já para o denominador, soma-se o valor do Passivo Circulante (R$64.759.076) com o do Exigível a Longo Prazo (que, no caso, é o total do Passivo Não Circulante, de R$12.538.420), totalizando R$77.297.496. Dividindo um valor pelo outro, chega-se ao índice de 3,48. Ou seja, mesmo a longo prazo, a capacidade de pagamento se mantém. 229 FIGURA 12 – NOTA EXPLICATIVA SOBRE RISCO DE LIQUIDEZ, DA EMPRESA METISA S.A. FONTE: Metisa S.A. (2021, s.p.) risco de liquidez Outro ponto importante constante nas Notas Explicativas das demonstrações financeiras da Metisa S.A. é a sua descrição sobre o Risco de Liquidez. Ou seja, após calcular e analisar os índices, é muito interessante ver como a empresa entende seu Risco de Liquidez e as medidas que toma para tentar mitigá-lo. 3.3 ANÁLISE INTERMEDIÁRIA – ETAPAS 5 E 6 A quinta etapa é comparar os resultados com os de outras empresas concorrentes dentro do mesmo segmento da empresa. Podemos encontrar outras empresas do mesmo segmento diretamente pelo site da B3, que é a bolsa de valores oficial do Brasil (B3 faz referência à Brasil, Bolsa, Balcão), pelo site http://b3.com.br. Há um menu ‘Acesso Rápido’ com a opção ‘Empresas Listadas’. FIGURA 13 – SITE DA B3 FONTE: Adaptado de <www.b3.com.br>. Acesso em: 2 mar. 2022. 230 Se pesquisar pela Metisa S.A., veremos que sua classificação setorial é a seguinte: FIGURA 14 – CLASSIFICAÇÃO SETORIAL DA METISA S.A. FONTE: Adaptado de <https://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda- variavel/empresas-listadas.htm>. Acesso em: 2 mar. 2022. Pesquisando no menu ‘Busca por Setor de Atuação’ no site da B3, encontram- se as demais empresas listadas do mesmo segmento. Para isso, selecionamos primeiro o setor “Bens industriais”, seguido do subsetor de “Máquinas e Equipamentos” e finalizamos clicando no segmento de “Máq. e Equip. Construção e Agrícolas”. 231 FIGURA 15 – BUSCA POR SETOR DE ATUAÇÃO: MÁQ. E EQUIP. CONSTRUÇÃO E AGRÍCOLAS FONTE: Adaptado de <https://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda- variavel/empresas-listadas.htm>. Acesso em: 2 mar. 2022. Foram encontradas duas empresas listadas nesse segmento: a própria Metisa S.A. e a Stara S.A. FIGURA 16 – BUSCA POR SETOR DE ATUAÇÃO: MÁQ. E EQUIP. CONSTRUÇÃO E AGRÍCOLAS FONTE: Adaptado de <https://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda- variavel/empresas-listadas.htm>. Acesso em: 2mar. 2022. Com isso, pode-se calcular, por exemplo, os indicadores de Liquidez da Stara S.A. e compará-las. Claro que há segmentos em que a quantidade de empresas listadas é maior, tornando o aspecto comparativo mais amplo, podendo trazer análises mais complexas. Vamos realizar o cálculo comparativo do indicador de Liquidez Corrente para o ano de 2020, só a fins de exemplificação. 232 FIGURA 17 – EXTRATO DO ATIVO CIRCULANTE E PASSIVO CIRCULANTE DA STARA S.A. FONTE: Adaptado de <https://stara.com.br/ri-arquivo/dfp-2020/>. Acesso em: 23 mar. 2022. Liquidez Corrente (LC) = AC (Ativo Circulante) = PC (Passivo Circulante) A fórmula da Liquidez Corrente é Ativo Circulante dividido pelo Passivo Circulante. O resultado do indicador para a Stara S. A. no ano de 2020 é 3,16 (R$834.886 / R$264.454). Lembra que a Liquidez Corrente da Metisa S. A. para 2020, que calculamos juntos, foi de 4,09? Logo, podemos verificar que a Metisa consta com um indicador maior de Liquidez Corrente, ou seja, a cada R$1 de dívidas de curto prazo, a Metisa tem capacidade de pagamento de R$0,93 a mais que a Stara. No entanto, é importante frisar que só esse resultado não apresenta muita relevância individualmente, é preciso realizar uma comparação completa entre ambas as empresas para se chegar a uma conclusão assertiva. Fazendo isso, cumpre-se a Etapa 6, de procurar identificar padrões e exceções, a fim de compreender de que forma tais informações podem ser relevantes em nossa análise. 233 3.4 ANÁLISE FINAL – ETAPAS 7 E 8 A etapa 7 é a tão esperada elaboração do Relatório de Análise. Levando em conta todas as informações obtidas durante nosso mini estudo de caso, é um bom momento para treinar o preenchimento de algumas informações em um relatório. Os espaços para preenchimento nesse exemplo foram somente a Análise de Cenário e a Situação Financeira de Liquidez (que foi a única que realizamos o cálculo juntos nesse tópico para a Metisa S.A.). RELATÓRIO DE ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Após a análise e interpretação dos indicadores calculados com base nas Demonstrações Financeiras da empresa __________________, levantados em 31 de dezembro de ________, apresentamos as seguintes informações: 1. Análise do Cenário ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ 2. Situação Financeira Liquidez: ___________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ _____________________ 4. CONCLUSÃO ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ A etapa 8 trata sobre a tomada de decisões com base na análise realizada e acaba sendo individual para cada usuário das Demonstrações Contábeis, pois possuem interesses diversos uns dos outros. No caso de um investidor, que busca chegar à definição de comprar ou não ações de uma empresa listada na bolsa, certas especificidades serão priorizadas, como verificar se há indicação de retorno futuro para esse investimento. Concluindo, após todas as oito etapas, o investidor finalmente está apto a realizar sua tomada de decisão. 234 DICA Finalizaremos o livro com uma Leitura Complementar sobre fraudes nas Demonstrações. Isso porque em casos de manipulações, como os dados não são confiáveis, uma análise ficaria prejudicada. Infelizmente é uma realidade possível de ocorrer. Nos últimos anos, escândalos em grandes corporações foram destaque na mídia e causaram inúmeros prejuízos, como os das empresas Enron, Arthur Andersen, WorldCom e Lehman Brothers. As histórias são facilmente encontradas na internet, porém, vamos deixar a indicação de um documentário sobre o caso Enron, chamado: Enron – Os Mais Espertos da Sala, disponível no Youtube: FONTE: Adaptado de <https://www.youtube.com/ watch?v=5DKwOJKHgJM&t=2854s>. Acesso em: 2 mar. 2022. 235 COMBATE A FRAUDES E CRIMES ECONÔMICOS: UMA BATALHA SEM FIM Leonardo Lopes – Sócio da PwC Brasil Sintonize qualquer canal de notícias ou folheie um jornal e provavelmente você encontrará uma reportagem sobre crimes econômicos ou fraudes. • Suspeita de suborno em queda de edifício. • Hacker viola prontuários médicos e dados financeiros de milhões de pessoas. • Má conduta corporativa causou falha de produto. • Preço de ações cai em meio a denúncias de fraude contábil. Os índices de fraudes e crimes econômicos permanecem em níveis recordes, afetando cada vez mais empresas e de formas ainda mais variadas. Nesse cenário, é importante se perguntar: Você está avaliando bem as ameaças ou brechas que o deixam vulnerável? As tecnologias de combate à fraude que você adotou estão gerando o resultado esperado? Quando ocorre algum incidente, você toma as medidas adequadas? Essas são algumas das provocações que estão no centro das conclusões da Pesquisa Global sobre Fraudes e Crimes Econômicos deste ano. A fraude atingiu seu maior nível de ameaça em todos os tempos – causando também níveis inéditos de prejuízos. Nesse cenário, é fundamental que você avalie seu grau de preparação para enfrentá-la, adote medidas eficazes de combate e aja rapidamente quando for atingido. Por mais de 20 anos, a Pesquisa Global sobre Fraudes e Crimes Econômicos da PwC analisa vários crimes registrados no ambiente corporativo, como: LEITURA COMPLEMENTAR 236 Em números – Casos de fraude: um problema persistente Quase metade dos participantes da nossa pesquisa no Brasil e no mundo relataram ter sido vítimas de uma fraude nos últimos 24 meses. Esse resultado elevado demonstra a importância de conhecer os tipos de fraude mais recorrentes, quem está cometendo esses crimes e quais são os diferenciais das empresas que têm obtido mais sucesso na tentativa de coibir tais práticas. Os tipos de crime mais comuns: suborno e corrupção, fraude contábil e fraude cometida pelo consumidor estão no topo da lista no Brasil. Má-conduta empresarial Fraude nas demonstrações contábeis/financeiras Fraude fiscal Violação da lei de concorrência/antitruste Fraude em compras Roubo de ativos Lavagem de dinheiro Suborno e corrupção Roubo de propriedade intelectual Fraude do cliente Insider trading (uso de informação privilegiada) Crime cibernético Fraude em recursos humanos 237 20% 17% 17% 11% 9% 14% 11% 16% 13% 16% Fraude contábil Suborno e corrupção Fraude cometida pelo consumidor Roubo de ativos Crime cibernético Brasil Global Global Brasil Suborno e corrupção Fraude contábil Fraude cometidapelo consumidor Roubo de ativos Crime cibernético Má-conduta empresarial Fraude de Recursos Humanos Concorrência desleal/ violação de lei antitruste Fraude fiscal Lavagem de dinheiro Roubo de propriedade intelectual Fraude em compras Insider trading Outras 2018 2020 238 Os fraudadores: quem são eles A fraude atinge as empresas por todos os ângulos – os fraudadores podem ser internos, externos ou, em muitos casos, pode haver conluio. No Brasil, o autor do crime está dentro da organização grande parte das vezes, sendo que as equipes operacionais e gerência média oferecem mais riscos que a alta administração. Terceiros As empresas terceirizam cada vez mais competências não essenciais para reduzir custos. Esses parceiros de negócios podem representar uma fonte de riscos, que muitas organizações não avaliam de forma estruturada. • 14% dos participantes brasileiros e 19% dos globais citam os fornecedores como autores da fraude mais grave sofrida cometida por um agente externo. • Metade ainda não tem um programa formal para gerenciar o risco de terceiros – e 24% (21% no mundo) não possuem um programa de monitoramento ou due diligence de terceiros. Fraudes cometidas pelo consumidor Esse tipo de fraude está no topo não apenas da lista das principais fraudes cometidas por um agente externo no Brasil e no mundo (36% ante 26%), como também da lista de todos os crimes sofridos pelas participantes globais – com 35%, em alta desde 2018. No Brasil, essa opção aparece em terceiro lugar na lista geral de fraudes sofridas, embora o percentual registrado seja o mesmo que o global e esteja crescendo. 239 Alta administração Esses crimes geralmente estão entre os piores por causa da capacidade que os altos executivos têm de anular (ou conspirar para anular) os controles internos – seja pelo nível de autoridade delegada, conhecimento do sistema ou influência. Quase metade das fraudes relatadas no mundo que resultaram em prejuízo acima de US$ 100 milhões foram cometidas por pessoas de dentro da empresa. Acusados Pela primeira vez este ano, perguntamos aos entrevistados se suas organizações haviam sido acusadas de cometer uma fraude. Globalmente, entre os que relataram ter sido vítimas de um evento desse tipo, quase 30% também foram acusados de cometer alguma fraude. • Concorrentes e empregados são os principais denunciantes no Brasil (40% e 33% respectivamente). No mundo, concorrentes, reguladores, empregados e consumidores ocupam o topo da lista, com resultados semelhantes. • Um foco regulatório maior e, em alguns países, incentivos à delação dos crimes podem contribuir para essa tendência. Impacto: o custo da fraude A análise dos prejuízos é complexa. É possível quantificar alguns custos, como perdas financeiras diretas ou gastos com multas, sanções e ações de resposta ou remediação, mas outros prejuízos não são facilmente quantificáveis – como danos à marca, perda de posição no mercado ou de engajamento dos funcionários e perda de oportunidades futuras não aproveitadas. Algumas fraudes – como as causadas por agentes externos – geralmente ocorrem fora da empresa, são de natureza transacional e podem ser objeto de um monitoramento ativo, além de causar impacto financeiro potencialmente mais limitado. Com relação a outros crimes, como suborno e corrupção ou aqueles cometidos internamente, o trabalho é de gerenciamento e mitigação de riscos. Esses crimes tendem a ser mais difíceis de prever e monitorar, resultam em multas mais altas e têm repercussões indiretas, como perda de negócios ou danos à marca. Insights: prepare-se, responda e saia da crise ainda mais forte Ação: Prepare-se O que você está fazendo para prevenir e identificar fraudes? Quais programas, métodos e tecnologias estão funcionando – e quais não estão? Que falhas de percepção ainda existem – e que oportunidades de melhoria podem ser aproveitadas? Combater a fraude compensa…, mas o que você faz é suficiente? Embora 56% das empresas brasileiras (64% das globais) tenham políticas e procedimentos em vigor e a maioria (6 em 10) inclua treinamento e monitoramento, menos de metade das organizações dedica recursos à avaliação de riscos, investigações e gerenciamento de terceiros. 240 Quais ações seriam mais eficazes? 1. Identifique, classifique e enfrente seus riscos. As empresas podem realizar avaliações de risco robustas, reunindo informações internas de stakeholders de toda a organização e em diferentes regiões geográficas, para identificar riscos e avaliar fatores mitigadores. Essas avaliações também devem incorporar fatores externos. Uma vasta quantidade de informações está disponível em domínio público, e ignorá-la pode resultar em uma falha grave. Os riscos devem ser avaliados com regularidade (não de forma pontual). 2. Suporte seus recursos de tecnologia com governança, experiência e monitoramento adequados. É importante reconhecer que uma única ferramenta não é capaz de lidar com todas as fraudes – e a tecnologia sozinha não mantém sua empresa protegida. A eficácia da tecnologia geralmente está associada ao uso de recursos especializados e do monitoramento regular dedicado a ela. 3. Fique atento. A capacidade de reagir a uma fraude assim que ela é identificada é um elemento importante de um programa eficaz de fraude. Mobilizar rapidamente a combinação certa de pessoas, processos e tecnologia pode limitar o dano potencial. Em alguns casos, uma fraude pode ser uma oportunidade – ou um ponto de inflexão estratégico – para desencadear uma transformação organizacional mais ampla para a proteção da marca. Ação: Faça a coisa certa. Sua resposta a uma fraude pode fazer toda a diferença para a continuidade da empresa. Os reguladores – e a opinião pública – estão cada vez mais exigentes. Reagir de forma muito lenta pode não apenas causar danos imediatos, como também ampliar a crise. Globalmente, quais foram as principais medidas adotadas pelas organizações que saíram mais fortes de uma fraude? • Conduzir uma investigação (71%) • Reforçar controles internos, políticas e procedimentos (58%) • Aplicar medidas disciplinares aos infratores (44%) • Divulgar o incidente às autoridades (37%) • Realizar treinamentos (32%) O mais importante em todo esse cenário talvez seja que os reguladores estão prestando mais atenção aos programas de compliance e esperam que as empresas apresentem evidências de que eles são realmente eficazes. Também há consenso que nenhum programa é capaz de identificar toda e qualquer atividade irregular. Não existe uma abordagem de compliance padrão: um programa de uma grande empresa de telecomunicações certamente deve ser diferente de outro de um pequeno varejista. No entanto, ambos devem ser adequados para lidar com os riscos específicos que cada organização enfrenta. 241 Da mesma forma, não há um método prescrito para avaliar a eficácia das ações. Muitos artigos acadêmicos sobre como avaliar a eficácia do treinamento fornecem informações úteis. No entanto, não há muitos recursos disponíveis sobre a avaliação da eficácia de um programa de gerenciamento de terceiros, por exemplo. Isso cria uma oportunidade para as empresas definirem seu próprio sistema de avaliação, que pode incluir aspectos como: estatísticas de racionalização de fornecedores, estatísticas de rejeição de fornecedores, participação de fornecedores em programas de treinamento, certificações de fornecedores ou menor número de pontos de atenção levantados pela auditoria de terceiros. A chave é adotar uma métrica defensável, capaz de demonstrar que a área do programa foi testada e como ela impediria ou detectaria problemas de conduta no futuro. FONTE: Adaptado de <https://www.pwc.com.br/pt/publicacoes/servicos/assets/consultoria- negocios/2020/pesquisa_sobre-fraudes-e-crimes-economicos-2020-pwc-brasil.pdf>. Acesso em: 2 mar. 2022. 242 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • O importante para fixação do conteúdo estudadoé verificar na prática, e por isso é imprescindível para aprender Análise das Demonstrações treinar com algumas demonstrações publicadas de empresas listadas na bolsa. • A Análise Vertical apresenta a importância de cada conta com relação ao valor total do grupo, enquanto a Análise Horizontal informa a variação do saldo da conta dentro do período analisado. • Os indicadores de liquidez apresentam a capacidade de liquidação de dívida de uma empresa. • Os indicadores de endividamento apresentam as decisões de financiamento tomadas pela empresa e seu comportamento de endividamento. • Há outros indicadores utilizados, alguns inclusive com grande grau de complexidade. Por vezes, demandam informações gerenciais internas da empresa, não acessíveis aos usuários externos das demonstrações. • As entidades podem cometer ou sofrer fraudes. É importante ter a noção de quais tipos de riscos envolvem as empresas, pois caso uma fraude ocorra, por melhor que tenha sido o processo de análise das demonstrações, ainda assim tais dados não serão confiáveis. 243 1 A empresa Arboral S. A. apresentou o seguinte Balanço Patrimonial em 31/12/2022: AUTOATIVIDADE Balanço Patrimonial (em Reais) Em 31 de dezembro de 2022 e 2021 (em Reais) 31/12/2022 31/12/2021 31/12/2022 31/12/2021 ATIVO 74.900 70.800 PASSIVO 74.900 70.800 Disponibilidades 3.200 2.500 Fornecedores 3.500 4.800 Contas a Receber 8.300 11.000 Empréstimos 2.600 1.300 Estoques 7.000 4.800 Salários a pagar 3.800 2.900 Total do ativo circulante 18.500 18.300 Obrigações Tributárias 2.100 1.800 Realizável a Longo Prazo 1.400 2.500 Total do passivo circulante 12.000 10.800 Imobilizado 55.000 50.000 Financiamentos 1.500 0 Total do ativo não circulante 56.400 52.500 Total do passivo não circulante 1.500 0 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 61.400 60.000 Capital social 58.200 58.200 Reserva de lucros 3.200 1.800 Com base na demonstração apresentada, calcule os indicadores a seguir: 1- Liquidez Corrente: 2- Liquidez Imediata: 3- Liquidez Seca: 4- Liquidez Geral. 2 Verifique o Ativo apresentado no Balanço Patrimonial da Arboral S.A. e realize o cálculo da Análise Vertical e Horizontal: 244 Balanço Patrimonial (em Reais) Em 31 de dezembro de 2022 e 2021 (em Reais) 31/12/2022 AV 2022 (%) 31/12/2021 AV 2021 (%) AH (%) ATIVO 74.900 70.800 Disponibilidades 3.200 2.500 Contas a Receber 8.300 11.000 Estoques 7.000 4.800 Total do ativo circulante 18.500 18.300 Realizável a Longo Prazo 1.400 2.500 Imobilizado 55.000 50.000 Total do ativo não circulante 56.400 52.500 3 A empresa Raio de Sol adquiriu mercadorias para revender em sua loja de decorações, a prazo, no valor de R$ 25.300, com vencimento para 90 dias. Sobre o momento da contabilização desse evento isolado, analise as sentenças a seguir: I- Haverá alteração no indicador de Liquidez Seca. II- Haverá alteração no indicador do Giro do Ativo. III- Haverá alteração no indicador de Margem Bruta. IV- Haverá alteração no indicador de Composição do Endividamento. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e III estão corretas. b) ( ) As sentenças III e IV estão corretas. c) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas. d) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas. 4 As análises de indicadores são de interesse de diversos usuários, um deles são os investidores da empresa. Para os investidores que desejam verificar o retorno que terão em seus investimentos, relacionados ao poder de ganho do proprietário, o foco deve ser em qual indicador? a) ( ) Giro do ativo. b) ( ) Liquidez seca. c) ( ) Composição do Endividamento. d) ( ) Rentabilidade do patrimônio líquido. 245 5 (ENADE, 2018) Com base na Análise vertical e horizontal e na Análise dos indicadores de liquidez do Balanço Patrimonial apresentado, avalie as afirmações a seguir acerca do que se verifica em X9. I- A conta de Empréstimos diminuiu 30%. II- O total das Origens de Recursos aumentou 16,67%. III- O CCL – Capital Circulante Líquido – é de R$ 1 500,00. IV- O ILS – Índice de Liquidez Seca – é de 0,50. V- O ILC – Índice de Liquidez Corrente – é de 1,23. VI- O ILG – Índice de Liquidez Geral – é de 0,55. FONTE: <https://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2018/ciencias_ contabeis.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2022. É CORRETO apenas o que se afirma em: a) ( ) I, II e VI. b) ( ) I, III e IV. c) ( ) II, V e VI. d) ( ) I, III, IV e V. e) ( ) II, III, IV, V e VI. 246 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. Análise das demonstrações contábeis em IFRS e CPC: facilitada e sistematizada. São Paulo: Atlas, 2019. ALMEIDA, M. C. Contabilidade avançada em IFRS e CPC. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2020. ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico- financeiro. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2020. ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2021. BAZZI, S. Análise das demonstrações contábeis. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2020. BLB. 2020. CPC 44 x CPC 36: conceitos de Demonstrações Combinadas e Demonstrações Consolidadas. s. d. Disponível em: https://www.blbbrasil.com.br/blog/ cpc-44-cpc-36-demonstracoes-combinadas-consolidadas/. Acesso em: 15 fev. 2022. BRADESCO. Demonstrações financeiras. 2020. 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