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SIMULADO1 Literatura para Analista Educacional (SEE MG) 2023

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Prévia do material em texto

201) 
Literatura para Analista Educacional (SEE MG) 2023
https://www.tecconcursos.com.br/s/Q2lMbF
Ordenação: Por Matéria
www.tecconcursos.com.br/questoes/1921916
FUVEST - Vest (USP)/USP/2021
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
LEIA OS SEGUINTES TEXTOS DE MACHADO DE ASSIS PARA RESPONDER À QUESTÃO.
 
I.
 
Suave mari magno*
 
Lembra-me que, em certo dia,
Na rua, ao sol de verão,
Envenenado morria
Um pobre cão.
 
Arfava, espumava e ria,
De um riso espúrio e bufão,
Ventre e pernas sacudia
Na convulsão.
 
Nenhum, nenhum curioso
Passava, sem se deter,
Silencioso,
 
Junto ao cão que ia morrer,
Como se lhe desse gozo
Ver padecer.
 
Machado de Assis. Ocidentais.
 
*Expressão latina, retirada de Lucrécio (Da natureza das coisas), a qual aparece no seguinte trecho: Suave, mari
magno, turbantibus aequora ventis/ E terra magnum alterius spectare laborem. (“É agradável, enquanto no mar
revoltoso os ventos levantam as águas, observar da terra os grandes esforços de um outro.”).
 
II.
 
Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e que o melhor modo de apreciar o chicote é
ter-lhe o cabo na mão.
 
Machado de Assis. Quincas Borba, cap. XVIII.
 
III.
 
Sofia soltou um grito de horror e acordou. Tinha ao pé do leito o marido:
 
– Que foi? perguntou ele.
 
– Ah! respirou Sofia. Gritei, não gritei?
 
https://www.tecconcursos.com.br/s/Q2lMbF
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1921916
202) 
203) 
(...)
 
– Sonhei que estavam matando você.
 
Palha ficou enternecido. Havê-la feito padecer por ele, ainda que em sonhos, encheu-o de piedade, mas
de uma piedade gostosa, um sentimento particular, íntimo, profundo, – que o faria desejar outros
pesadelos, para que o assassinassem aos olhos dela, e para que ela gritasse angustiada, convulsa, cheia
de dor e de pavor.
 
Machado de Assis. Quincas Borba, cap. CLXI.
 
No texto III, ao analisar a interioridade de Palha, o narrador descobre, no pensamento oculto do
negociante,
a) a ternura que lhe inspira a mulher, capaz de toda abnegação.
b) a piedade que lhe causa a mulher, a quem só guarda desprezo.
c) a vaidade que beira o sadismo, ao ver a mulher sofrer por ele.
d) o gozo vingativo, visto que a mulher o trai com Carlos Maria.
e) o remorso do infiel, pois ele trai a mulher com Maria Benedita.
www.tecconcursos.com.br/questoes/1924127
VUNESP - Vest (UNESP)/UNESP/2021
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Tal movimento deriva quase todos os seus critérios de probabilidade do empirismo das ciências
naturais. Baseia seu conceito de verdade psicológica no princípio de causalidade, o desenvolvimento
apropriado da trama na eliminação do acaso e dos milagres, sua descrição do ambiente na ideia de que
todo e qualquer fenômeno natural tem lugar numa interminável cadeia de condições e motivos, sua
utilização de detalhes característicos no método de observação científica – que não despreza
circunstância alguma, por mais insignificante e trivial que seja.
 
(Arnold Hauser. História social da arte e da literatura, 1994. Adaptado.)
 
O texto refere-se ao movimento
a) árcade.
b) simbolista.
c) realista.
d) romântico.
e) modernista.
www.tecconcursos.com.br/questoes/2196111
COMVEST UNICAMP - Vest (UNICAMP)/UNICAMP/Vestibular Unicamp (VU)/2021
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
No conto “O espelho”, de Machado de Assis, uma personagem assume a palavra e narra uma
história. Assinale a alternativa que explicita sua interlocução com os cavalheiros presentes.
a) “Lembra-me de alguns rapazes que se davam comigo, e passaram a olhar-me de revés, durante
algum tempo.”
b) “Ah! pérfidos! Mal podia eu suspeitar a intenção secreta dos malvados.”
c) “Imaginai um homem que, pouco a pouco, emerge de um letargo, abre os olhos sem ver, depois
começa a ver.”
d) “O espelho estava naturalmente muito velho; mas viase- lhe ainda o ouro, comido em parte pelo
tempo.” (Machado de Assis, O espelho. Campinas: Editora da Unicamp, 2019.)
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1924127
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2196111
204) 
205) 
206) 
www.tecconcursos.com.br/questoes/2196115
COMVEST UNICAMP - Vest (UNICAMP)/UNICAMP/Vestibular Unicamp (VU)/2021
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
“Era Noca, que vinha toda alterada.
─ Nossa Senhora! Quebrou-se o espelho grande do salão!
─ Quem foi que o quebrou? Perguntou Nina, para dizer alguma coisa.
─ Ninguém sabe. Veja só, que desgraça estará para acontecer! Espelho quebrado: morte ou ruína.
─ Morte! Se fosse a minha...”
 
(Júlia Lopes de Almeida, A Falência. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 257.)
 
O diálogo apresenta a reação das personagens femininas ao incidente doméstico com o objeto de
decoração no palacete de Botafogo. Assinale a alternativa que justifica a fala final de Nina.
a) A destruição do espelho a leva a desejar a morte, pois sugere o alívio para a frustração amorosa.
b) A quebra do espelho lhe provoca o temor da morte, uma vez que antecipa a ruína financeira.
c) A destruição do espelho traz a certeza da morte, pois sinaliza o suicídio do ser amado.
d) A quebra do espelho a faz desejar a morte, pois sugere a catástrofe amorosa do casamento.
www.tecconcursos.com.br/questoes/2209956
COMVEST UNICAMP - Vest (UNICAMP)/UNICAMP/Vestibular Unicamp (VU)/2021
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
O conto “O espelho”, de Machado de Assis, apresenta o esboço de uma teoria sobre a alma
humana. A tese apresentada defende a existência de duas almas (interior e exterior), que completam o
homem. Contudo, o narrador faz uma distinção entre as almas que mudam de natureza e estado e
aquelas que são enérgicas. Escolha a alternativa que ilustra, no conto, a mutabilidade da alma exterior.
a) A liderança é a força sem a qual o poder político de Oliver Cromwell se extingue.
b) A patente é a marca de distinção, sem a qual Jacobina se extingue.
c) Os versos de Luís de Camões são uma declaração de amor à pátria, pela qual o poeta se dispõe a
morrer.
d) As moedas de ouro são o valor visível sem o qual Shylock prefere morrer.
www.tecconcursos.com.br/questoes/2209959
COMVEST UNICAMP - Vest (UNICAMP)/UNICAMP/Vestibular Unicamp (VU)/2021
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
“─ Reputação! Ora, mamãe, e é a senhora quem me fala nisso! Camila estacou, sem atinar com a
resposta, compreendendo o alcance das palavras do filho. A surpresa paralisou-lhe a língua; o sangue
arrefeceu-selhe nas veias; mas, de repente, a reação sacudiu-a e então, num desatino, ferida no
coração, ela achou para o Mário admoestações mais ásperas. Percebeu que a língua mais dizia que a sua
vontade; mas não poderia contê-la. A dor atirava-a para diante, contra aquele filho, até então poupado.”
 
(Júlia Lopes de Almeida, A falência. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 123.)
 
A passagem apresenta a reação de Camila às palavras de seu filho. Assinale a alternativa que explica
corretamente o comentário de Mário.
a) Mário contrapõe-se à censura materna com sentimento de compaixão.
b) Mário rejeita as reservas maternas com censura moral.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2196115
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2209956
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2209959
207) 
208) 
209) 
c) Mário contrapõe-se à censura materna com desdém pela família.
d) Mário rejeita as reservas maternas com vergonha pelas dívidas acumuladas.
www.tecconcursos.com.br/questoes/1374748
ADM&TEC - Prof (Mata Grande)/Pref Mata Grande/Língua Portuguesa/2020
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Leia as afirmativas a seguir:
I.Usam-se os pronomes este, estes, esta, estas e isto para indicar o tempo presente ou futuro bem
distante em relação ao momento do discurso. Pode ser a hora, o dia, o mês ou mesmo o ano e a
estação em que ocorre o discurso. Por exemplo: "Este ano passou muito rápido".
II. A obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é uma das mais importantes
obras da literatura nacional. Nela, o autor dá voz a um narrador defunto que zomba do caráter das
pessoas com quem conviveu.
Marque a alternativa CORRETA:
a) As duas afirmativas são verdadeiras.
b) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
c) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.
d) As duas afirmativas são falsas.
www.tecconcursos.com.br/questoes/1476116
ITA - Vest (ITA)/ITA/2020
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Embora declare que “qualquer que seja a profissão da tua escolha, o meu desejo é que te faças
grande e ilustre, ou pelo menos notável, que te levantes acima da obscuridade comum”, o pai de Janjão
também ordena ao filho: “proíbo-te que chegues a outras conclusões que não sejam as já achadas por
outros.” Por que o pai não considera essas orientações como mutuamente contraditórias? Assinale a
alternativa correta.
a) porque, para um medalhão, o homem que se vende sempre vale menos do que recebe.
b) porque, para um medalhão, a mediocridade é a medida do sucesso.
c) porque, para um medalhão, mais vale a honradez do que a fama.
d) porque, para um medalhão, a verdade jamais pode ser negociada.
e) porque, para um medalhão, ter princípios é mais importante do que a conveniência.
www.tecconcursos.com.br/questoes/1476121
ITA - Vest (ITA)/ITA/2020
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Em “Teoria do medalhão”, por que o pai recomenda ao filho que use a chalaça e despreze a ironia?
Assinale a alternativa correta.
a) porque a ironia exige reflexão e originalidade.
b) porque a chalaça é mais filosófica e inventiva do que a ironia.
c) porque a ironia garante uma publicidade constante, barata e fácil.
d) porque a ironia faz descansar o cérebro, restituindo-lhe as forças e a atividade perdida.
e) porque a chalaça exercita o cérebro.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1374748
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1476116
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1476121
210) 
211) 
212) 
www.tecconcursos.com.br/questoes/1476133
ITA - Vest (ITA)/ITA/2020
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Leia o trecho destacado de “Teoria do medalhão”: “Melhor do que tudo isso, porém, que afinal não
passa de mero adorno, são as frases feitas, as locuções convencionais, as fórmulas consagradas pelos
anos, incrustadas na memória individual e pública. Essas fórmulas têm a vantagem de não obrigar a
outros a um esforço inútil.”
 
Assinale a alternativa que explicita corretamente o significado de “esforço inútil” no contexto.
a) decorar frases feitas.
b) pensar.
c) estudar retórica.
d) estudar gramática.
e) saber outras línguas.
www.tecconcursos.com.br/questoes/1584929
FAUEL - AFis (Pref Cent Sul)/Pref Centenário Sul/2020
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Machado de Assis é considerado ainda hoje por muitos estudiosos o maior nome da cultura literária
brasileira. Marque a alternativa que NÃO indica uma de suas obras.
a) Dom Casmurro
b) Esaú e Jacó
c) Memórias Póstumas de Brás Cubas
d) Os Lusíadas
www.tecconcursos.com.br/questoes/793156
Instituto Excelência - PEB (Pref Tremembé)/Pref Tremembé/Ensino Fundamental
6º ao 9º ano/Língua Portuguesa/2019
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Leia o texto e responda a questão.
Óbito do autor
 
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em
primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento,
duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente
um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito
ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito,
mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela
chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de
trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1476133
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1584929
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/793156
213) 
houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia — peneirava — uma chuvinha miúda, triste e constante,
tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa idéia
no discurso que proferiu à beira de minha cova: "Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis
dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres
que têm honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que
cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais
íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado."
Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei. E foi assim que cheguei à
cláusula dos meus dias; foi assim que me encaminhei para o undiscovered country de Hamlet, sem as
ânsias nem as dúvidas do moço príncipe, mas pausado e trôpego como quem se retira tarde do
espetáculo. Tarde e aborrecido. Viram-me ir umas nove ou dez pessoas, entre elas três senhoras, minha
irmã Sabina, casada com o Cotrim, a filha, — um lírio do vale, — e... Tenham paciência! Daqui a pouco
lhes direi quem era a terceira senhora. Contentem-se de saber que essa anônima, ainda que não
parenta, padeceu mais do que as parentas. É verdade, padeceu mais. Não digo que se carpisse, não digo
que se deixasse rolar pelo chão, convulsa. Nem o meu óbito era coisa altamente dramática... Um
solteirão que expira aos sessenta e quatro anos, não parece que reúna em si todos os elementos de uma
tragédia. E, dado que sim, o que menos convinha a essa anônima era aparentá-lo. De pé, à cabeceira da
cama, com os olhos estúpidos, a boca entreaberta, a triste senhora mal podia crer na minha extinção.
— Morto! Morto! dizia consigo.
E a imaginação dela, como as cegonhas que um ilustre viajante viu desferirem o vôo desde o Ilisso às
ribas africanas, sem embargo das ruínas e dos tempos, a imaginação dessa senhora também voou por
sobre os destroços presentes até às ribas de uma África juvenil... Deixá-la ir; lá iremos mais tarde; lá
iremos quando eu me restituir aos primeiros anos. Agora, quero morrer tranqüilamente, metodicamente,
ouvindo os soluços das damas, as falas baixas dos homens, a chuva que tamborila nas folhas de tinhorão
da chácara, e o som estrídulo de uma navalha que um amolador está afiando lá fora, à porta de um
correeiro. Juro-lhes que essa orquestra da morte foi muito menos triste do que podia parecer. De certo
ponto em diante chegou a ser deliciosa. A vida estrebuchava-me no peito, com uns ímpetos de vaga
marinha, esvaía-se-me a consciência, eu descia à imobilidade física e moral, e o corpo fazia-se-me
planta, e pedra, e lodo, e coisa nenhuma.
Morri de uma pneumonia; mas, se lhe disser que foi menos a pneumonia, do que uma idéia grandiosa e
útil, a causa da minha morte, é possível que o leitor me não creia, e todavia é verdade. Vou expor-lhe
sumariamente o caso. Julgue-o por si mesmo.
(ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: EditoraModerna, 1994)
Leia o trecho abaixo e complete a lacuna:
O texto trata-se do primeiro capítulo do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de
Assis. A obra é bastante conhecida por ser um dos romances que inaugurou o _____ no Brasil.
a) Modernismo
b) Realismo
c) Romantismo
d) Simbolismo
www.tecconcursos.com.br/questoes/793277
Instituto Excelência - PEB (Pref Tremembé)/Pref Tremembé/Ensino Fundamental
6º ao 9º ano/Língua Portuguesa/2019
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Leia o texto e responda a questão.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/793277
Óbito do autor
 
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em
primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento,
duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente
um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito
ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito,
mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela
chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de
trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não
houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia — peneirava — uma chuvinha miúda, triste e constante,
tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa idéia
no discurso que proferiu à beira de minha cova: "Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis
dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres
que têm honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que
cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais
íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado."
Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei. E foi assim que cheguei à
cláusula dos meus dias; foi assim que me encaminhei para o undiscovered country de Hamlet, sem as
ânsias nem as dúvidas do moço príncipe, mas pausado e trôpego como quem se retira tarde do
espetáculo. Tarde e aborrecido. Viram-me ir umas nove ou dez pessoas, entre elas três senhoras, minha
irmã Sabina, casada com o Cotrim, a filha, — um lírio do vale, — e... Tenham paciência! Daqui a pouco
lhes direi quem era a terceira senhora. Contentem-se de saber que essa anônima, ainda que não
parenta, padeceu mais do que as parentas. É verdade, padeceu mais. Não digo que se carpisse, não digo
que se deixasse rolar pelo chão, convulsa. Nem o meu óbito era coisa altamente dramática... Um
solteirão que expira aos sessenta e quatro anos, não parece que reúna em si todos os elementos de uma
tragédia. E, dado que sim, o que menos convinha a essa anônima era aparentá-lo. De pé, à cabeceira da
cama, com os olhos estúpidos, a boca entreaberta, a triste senhora mal podia crer na minha extinção.
— Morto! Morto! dizia consigo.
E a imaginação dela, como as cegonhas que um ilustre viajante viu desferirem o vôo desde o Ilisso às
ribas africanas, sem embargo das ruínas e dos tempos, a imaginação dessa senhora também voou por
sobre os destroços presentes até às ribas de uma África juvenil... Deixá-la ir; lá iremos mais tarde; lá
iremos quando eu me restituir aos primeiros anos. Agora, quero morrer tranqüilamente, metodicamente,
ouvindo os soluços das damas, as falas baixas dos homens, a chuva que tamborila nas folhas de tinhorão
da chácara, e o som estrídulo de uma navalha que um amolador está afiando lá fora, à porta de um
correeiro. Juro-lhes que essa orquestra da morte foi muito menos triste do que podia parecer. De certo
ponto em diante chegou a ser deliciosa. A vida estrebuchava-me no peito, com uns ímpetos de vaga
marinha, esvaía-se-me a consciência, eu descia à imobilidade física e moral, e o corpo fazia-se-me
planta, e pedra, e lodo, e coisa nenhuma.
Morri de uma pneumonia; mas, se lhe disser que foi menos a pneumonia, do que uma idéia grandiosa e
útil, a causa da minha morte, é possível que o leitor me não creia, e todavia é verdade. Vou expor-lhe
sumariamente o caso. Julgue-o por si mesmo.
(ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Editora Moderna, 1994)
 
Marque a opção que apresenta uma das características do movimento literário presente no texto.
a) Propõe uma representação mais objetiva e fiel da vida humana.
b) Maior liberdade na criação da ficção.
c) Utiliza elementos inverossímeis para enriquecer a obra.
d) Maior subjetividade e valorização da imaginação.
214) 
215) 
www.tecconcursos.com.br/questoes/1103376
CEBRASPE (CESPE) - Prof (São Cristóvão)/Pref São
Cristóvão/Português/Educação Básica/2019
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
O primeiro grande pomo de discórdia entre a classe artística brasileira no início da ditadura militar
foi o “nacionalismo”. Em discussão, o movimento tropicalista e seu aproveitamento do rock, da cultura de
massa, da guitarra elétrica, acompanhado de uma recusa dos projetos e das utopias de poder da
esquerda tradicional brasileira. Um conservadorismo estético e comportamental, portanto, bifronte: ora
de esquerda, ora de direita. E, com relação a esta querela nacionalista e às críticas contra a guitarra, a
linguagem do espetáculo, a estratégia pop da Tropicália, contra Caetano cantando em inglês, é
interessante lembrar o comentário de Roberto Schwarz: “Caetano sempre quis cantar nessa língua, que
ouvia no rádio desde pequeno. E é claro que cantando em inglês com pronúncia nordestina registra um
momento substancial de nossa história e imaginação”.
Flora Süssekind. Literatura e vida literária:
polêmicas, diários e retratos. Belo Horizonte: UFMG, 2004, p. 48-9 (com adaptações).
Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões
Meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro um monumento no planalto central
Do país
Caetano Veloso. Tropicália. 1968.
A partir dos textos apresentados, julgue o item, a respeito do Modernismo brasileiro e do Tropicalismo.
 
O nacionalismo, com o qual o Tropicalismo assumiu uma nova e conflituosa relação, surgiu pela primeira
vez como tema na literatura brasileira a partir do final do século XIX, com a leitura crítica que Machado
de Assis fez da sociedade brasileira em obras como Memórias póstumas de Brás Cubas.
Certo
Errado
www.tecconcursos.com.br/questoes/1103383
CEBRASPE (CESPE) - Prof (São Cristóvão)/Pref São
Cristóvão/Português/Educação Básica/2019
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
No Realismo ficcional, a mente cientificista também é responsável pelo esvaziar-se do êxtase que a
paisagem suscitava nos escritores românticos. O que se entende pela preferência dada agora aos
ambientes urbanos e, em nível mais profundo, pela não identificação do escritor realista com aquela vida
e aquela natureza transformadas pelo positivismo em complexos de normas e fatos indiferentes à alma
humana.
O determinismo reflete-se na perspectiva em que se movem os narradores ao trabalhar as suas
personagens. A pretensa neutralidade não chega ao ponto de ocultar o fato de que o autor carrega
sempre de tons sombrios o destino das suas criaturas. Atente-se, nos romances desse período, para a
galeria de seres distorcidos ou acachapados pelo Fatum.
Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2004, p. 172-3 (com adaptações).
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https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1103383
216)Considerando o fragmento de texto precedente e as disposições da BNCC do ensino fundamental para a
disciplina de língua portuguesa, julgue o item a seguir, a respeito do Realismo e do Naturalismo na
literatura brasileira.
 
Em O Cortiço, de Aluísio Azevedo, a abordagem estética pela retórica da ciência imprime ao narrador
uma voz objetiva, destituída de juízos de valor, como no trecho a seguir, em que descreve uma das
personagens do romance: “A filha tinha quinze anos, a pele de um moreno quente, beiços sensuais,
bonitos dentes, olhos luxuriosos de macaca. Toda ela estava a pedir homem”.
Certo
Errado
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Instituto Consulplan - Vest (FIMCA)/FIMCA/Medicina/2019
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Capítulo XXXVIII: Que Susto, Meu Deus!
Quando Pádua, vindo pelo interior, entrou na sala de visitas, Capitu, em pé, de costas para mim,
inclinada sobre a costura, como a recolhê-la, perguntava em voz alta:
— Mas, Bentinho, que é protonotário apostólico?
— Ora, vivam! exclamou o pai.
— Que susto, meu Deus!
Agora é que o lance é o mesmo; mas se conto aqui, tais quais, ou dois lances de há quarenta anos, é
para mostrar que Capitu não se dominava só em presença da mãe; o pai não lhe meteu mais medo. No
meio de uma situação que me atava a língua, usava da palavra com a maior ingenuidade deste mundo. A
minha persuasão é que o coração não lhe batia mais nem menos. Alegou susto, e deu à cara um ar meio
enfiado; mas eu, que sabia tudo, vi que era mentira e fiquei com inveja. Foi logo falar ao pai, que
apertou a minha mão, e quis saber por que a filha falava em protonotário apostólico. Capitu repetiu-lhe o
que ouvira de mim, e opinou logo que o pai devia ir cumprimentar o padre em casa dele; ela iria à
minha. E coligindo os petrechos da costura, enfiou pelo corredor, bradando infantilmente:
— Mamãe, jantar, papai chegou!
(Machado de Assis – Dom Casmurro.)
O romance realista machadiano alcançou grande destaque na literatura, sendo Machado de Assis
reconhecido como o autor que marcou o início do Realismo no Brasil, em 1881. De acordo com o trecho,
é possível reconhecer em sua obra:
a) A caracterização do artista do “eu”, a fuga para a tristeza, para dentro de si mesmo, elegendo o
amor como centro da existência.
b) A evidência maniqueísta por meio da caracterização dos personagens apresentados de uma
sociedade constantemente em crise.
c) Submissão ao modelo europeu caracterizado pelo modelo patriarcal demonstrando uma menor
idealização da figura feminina assim como sua segregação.
d) Aprofundamento e questionamento na focalização das relações humanas o que o levou a ser
reconhecido como introdutor do realismo interior ou psicológico.
e) A vassalagem ocorrendo de forma metafórica no relacionamento amoroso entre os personagens
preservando uma herança do estilo romântico.
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217) 
218) 
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CSEP IFPI - PEBTT (IF PI)/IF PI/Português/2019
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Texto para a questão.
 
"Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe
funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói a natureza as mais íntimas entranhas".
 
(ASSIS, M. de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São
Paulo: Ediouro, 1997, Capítulo 1, p. 103).
 
Memórias Póstumas de Brás Cubas é apenas uma de tantas obras que consagraram o escritor como o
maior da literatura brasileira, reconhecido internacionalmente por sua originalidade e estratégias de
escrita em prosa e poesia. Considerando as características da obra machadiana e, em especial, acerca
do personagem Brás Cubas, é correto afirmar sobre esta obra, exceto:
a) Há apresentação de um personagem pobre, que não gosta de política e não sabe escrever. Brás
Cubas era um homem de poucos amigos, tendo ficado imortalizado como o anti-herói da literatura
brasileira;
b) Revela um defunto que narra a história de sua vida, "com a pena da galhofa e a tinta da
melancolia";
c) Apresenta como protagonista um garoto rico mimado, Brás Cubas, um mocinho displicente,
privado de compaixão e de generosidade, além de miseravelmente condescendente consigo próprio;
d) Tem como personagem principal Brás Cubas, que nos transmite uma dimensão inusitada da
solidão humana;
e) Traz muitas surpresas e momentos hilariantes que são reservados por Brás Cubas, apresentado
como um dos personagens mais marcantes de Machado de Assis, sendo esta obra considerada
por muitos o marco da maioridade da nossa literatura.
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INEP (ENEM) - Part (ENEM)/ENEM/Regular/2019
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Inverno! inverno! inverno!
 
Tristes nevoeiros, frios negrumes da longa treva boreal, descampados de gelo cujo limite escapa-nos
sempre, desesperadamente, para lá do horizonte, perpétua solidão inóspita, onde apenas se ouve a voz
do vento que passa uivando como uma legião de lobos, através da cidade de catedrais e túmulos de
cristal na planície, fantasmas que a miragem povoam e animam, tudo isto: decepções, obscuridade,
solidão, desespero e a hora invisível que passa como o vento, tudo isto é o frio inverno da vida.
 
Há no espírito o luto profundo daquele céu de bruma dos lugares onde a natureza dorme por meses, à
espera do sol avaro que não vem.
 
POMPEIA, R. Canções sem metro. Campinas: Unicamp, 2013.
 
Reconhecido pela linguagem impressionista, Raul Pompeia desenvolveu-a na prosa poética, em que se
observa a
a) imprecisão no sentido dos vocábulos.
b) dramaticidade como elemento expressivo.
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219) 
220) 
221) 
c) subjetividade em oposição à verossimilhança.
d) valorização da imagem com efeito persuasivo.
e) plasticidade verbal vinculada à cadência melódica.
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FCC - Vest (UNIPAR)/UNIPAR/Medicina/2019
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Ao afirmar que suas extravagantes memórias foram escritas com a pena da galhofa e a tinta da
melancolia, Brás Cubas, o mais inventivo narrador machadiano,
a) faz justiça ao predomínio absoluto do humor brincalhão sobre os falsos dramas humanos.
b) expõe uma combinação paradoxal de humores, que se sustenta como base estilística do romance.
c) confessa a base histórica e documental em que se apoiou para construir sua narrativa.
d) demonstra uma predileção pelo gênero das histórias a que não faltam o macabro e o sobrenatural.
e) encobre o intento real de seu romance, que é promover uma revolução política no país recém-
emancipado.
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ITA - Vest (ITA)/ITA/2019
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Os protagonistas de "O alienista", S. Bernardo e "A hora e vez de Augusto Matraga" têm em
comum as seguintes características:
a) dissimulação e vileza.
b) benevolência e autocrítica.
c) religiosidade e obstinação.
d) excessiva ganância e vaidade.
e) obstinação e capacidade de ação.
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AOCP - Prof (F. de Santana)/Pref Fei. de Santana/Língua Portuguesa/2018
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Na segunda metade do século XIX, a literatura romântica entrou em declínio, juntos com seus
ideais. Os escritores e poetas realistas começam a falar da realidade social e dos principais problemas e
conflitos do ser humano. Considerando o exposto, assinale a alternativa que apresenta características do
realismo.
a) Linguagem rebuscada, vocabulário culto, temas mitológicos e descrições detalhadas. Os autoresdiziam que faziam a arte pela arte. Graças a essa postura, foram chamados de criadores de uma
literatura alienada.
b) Linguagem complexa, trocada por uma linguagem mais fácil. Os ideais de vida no campo são
retomados (fugere urbem = fuga das cidades) e a vida bucólica passa a ser valorizada, assim como a
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222) 
223) 
idealização da natureza e da mulher amada.
c) Individualismo, nacionalismo, retomada dos fatos históricos importantes, idealização da mulher,
espírito criativo e sonhador, valorização da liberdade e uso de metáforas.
d) Objetivismo, linguagem popular, trama psicológica, valorização de personagens inspirados na
realidade, uso de cenas cotidianas, crítica social, visão irônica da realidade.
e) Linguagem abstrata e sugestiva, enchendo suas obras de misticismo e religiosidade. Valorizavam-
se muito os mistérios da morte e dos sonhos, carregando os textos de subjetivismo.
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FUNDEP - Of BM (CBM MG)/CBM MG/2018
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Assinale a alternativa em que a comparação entre as características do Realismo e as do
Romantismo está incorreta.
a) No Realismo, destacam-se o universalismo e a linguagem culta e direta; no Romantismo,
destacam-se o individualismo e a linguagem culta, em estilo metafórico e poético.
b) As descrições no Realismo apresentam adjetivação objetiva, voltadas a captar o real como ele é;
no Romantismo, a adjetivação é voltada a elevar o objeto descrito.
c) A narrativa no Realismo é de ação e de aventura com personagens planas e previsíveis; no
Romantismo, a narrativa é lenta, acompanhando o tempo psicológico das personagens.
d) No Realismo, o herói é problemático, repleto de fraquezas e incertezas – predomina o objetivismo;
no Romantismo, o herói é íntegro, de caráter irrepreensível – predomina o subjetivismo.
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NC UFPR (FUNPAR) - Cad (PM PR)/PM PR/2018
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Leitor e admirador de Basílio da Gama, e escritor já consagrado pela publicação de Memórias
póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba, Machado de Assis lança Várias histórias (1895). O livro reúne
16 contos, publicados anteriormente no jornal Gazeta de Notícias entre 1884 e 1891. Sobre Machado de
Assis, leia o seguinte texto:
 
Um século depois de sua morte, Milton Hatoum afirma que os leitores atuais “nas narrativas breves do
Bruxo vão encontrar os temas dos grandes romances: a loucura, o adultério, o jogo de sedução e poder,
os carreiristas e alpinistas sociais, e a combinação de falta de escrúpulos e crueldade nas atitudes de
determinada elite brasileira do século XIX. Um século depois da morte de Machado, alguns desses temas
perduram, porque fazem parte constitutiva da natureza humana. Quanto à crueldade de uma elite que
cultiva privilégios... até nisso Machado acertou em cheio, e com um pessimismo e uma ironia que nos
deixam sem fôlego”.
 
(Terra magazine. Publicado em 22/09/2008. Disponível em:
<http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,OI3198423-EI6619,00-Machado+
de+Assis+um+seculo+depois.html>.)
 
Com base na leitura integral dos contos de Várias histórias e no trecho citado de Milton Hatoum, assinale
a alternativa que propõe a associação correta entre tema central e conto.
a) O conto “Trio em lá menor” tem como tema central “a combinação de falta de escrúpulos e
crueldade nas atitudes de determinada elite brasileira do século XIX”.
b) O conto “A causa secreta” tem como tema central a descrição de personagens “carreiristas e
alpinistas sociais”.
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224) 
225) 
226) 
c) O conto “Mariana” tem como tema central “a loucura”.
d) O conto “Adão e Eva” tem como tema central a suposição ou concretização do “adultério”.
e) O conto “O diplomático” tem como tema central “o jogo de sedução”.
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ITA - Vest (ITA)/ITA/2018
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
No Realismo, o adultério subverte o ideal romântico de casamento. Machado de Assis, porém,
costuma tratá-lo de modo ambíguo, valendo-se, por exemplo, do ciúme masculino ou da dubiedade
feminina. Com isso, em seus romances, a traição nem sempre é comprovada, ou, mesmo que desejada
pela mulher, não se consuma. Constatamos tal ambiguidade em Quincas Borba, quando
a) Palha se enraivece com os olhares de desejo que os homens dirigem a Sofia nos eventos sociais.
b) Sofia decide não contar ao marido que Rubião a assediou certa noite, no jardim da casa deles.
c) Palha, mesmo interessado na riqueza de Rubião, decide confrontá-lo ao perceber o assédio dele a
........Sofia.
d) Sofia tenta esconder do marido o interesse que tem por Carlos Maria, que a seduziu em um baile.
e) Sofia, mesmo interessada em Carlos Maria, faz de tudo para que Maria Benedita se case com ele.
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VUNESP - Alun Of (PM SP)/PM SP/2018
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Leia o trecho de Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder à questão.
A imagem de Capitu ia comigo, e a minha imaginação, assim como lhe atribuíra lágrimas, há pouco,
assim lhe encheu a boca de riso agora: vi-a escrever no muro, falar-me, andar à volta, com os braços no
ar; ouvi distintamente o meu nome, de uma doçura que me embriagou, e a voz era dela.
(Obra completa. Vol. 1. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1992, p. 840)
 
Dom Casmurro é um romance em que
a) a voz do narrador se diferencia da voz das demais personagens como recurso para asseverar a
veracidade dos fatos narrados.
b) o relato factual predomina sobre as impressões pessoais, em virtude do viés historiográfico da
narrativa.
c) a memória e a imaginação se confundem à medida que o narrador busca dar sentido à sua
história.
d) as personagens femininas são tão voluntariosas que seu ponto de vista se sobrepõe ao do próprio
narrador.
e) a trama se desenvolve predominantemente no tempo presente da narração, e raramente o
passado é evocado
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VUNESP - Alun Of (PM SP)/PM SP/2018
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Leia o trecho de Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder à questão.
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227) 
A imagem de Capitu ia comigo, e a minha imaginação, assim como lhe atribuíra lágrimas, há pouco,
assim lhe encheu a boca de riso agora: vi-a escrever no muro, falar-me, andar à volta, com os braços no
ar; ouvi distintamente o meu nome, de uma doçura que me embriagou, e a voz era dela.
(Obra completa. Vol. 1. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1992, p. 840)
 
Em Dom Casmurro, assim como em grande parte da prosa de Machado de Assis, observa-se a ênfase
a) no resgate de um passado mítico e grandioso da história do Brasil.
b) na descrição de comportamentos instintivos de pobres marginalizados.
c) na caracterização social e psicológica de personagens tipicamente urbanas.
d) na produção de um discurso regionalista que retratasse o interior do Brasil.
e) na criação de enredos cheios de aventura e ação, com vistas ao entretenimento.
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FUVEST - Vest (USP)/USP/2018
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
I. Cinquenta anos! Não era preciso confessá‐lo. Já se vai sentindo que o meu estilo não é tão
lesto* como nos primeiros dias. Naquela ocasião, cessadoo diálogo com o oficial da marinha, que enfiou
a capa e saiu, confesso que fiquei um pouco triste. Voltei à sala, lembrou‐me dançar uma polca,
embriagar-me das luzes, das flores, dos cristais, dos olhos bonitos, e do burburinho surdo e ligeiro das
conversas particulares. E não me arrependo; remocei. Mas, meia hora depois, quando me retirei do baile,
às quatro da manhã, o que é que fui achar no fundo do carro? Os meus cinquenta anos.
 
*ágil
 
II. Meu caro crítico, Algumas páginas atrás, dizendo eu que tinha cinquenta anos, acrescentei: “Já se vai
sentindo que o meu estilo não é tão lesto como nos primeiros dias”. Talvez aches esta frase
incompreensível, sabendo‐se o meu atual estado; mas eu chamo a tua atenção para a sutileza daquele
pensamento. O que eu quero dizer não é que esteja agora mais velho do que quando comecei o livro. A
morte não envelhece. Quero dizer, sim, que em cada fase da narração da minha vida experimento a
sensação correspondente. Valha‐me Deus! é preciso explicar tudo.
 
Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.
 
Entre os dois trechos do romance, nota‐se o movimento que vai da memória de vivências à revisão que o
defunto autor faz de um mesmo episódio. A citação, pertencente a outro capítulo do mesmo livro, que
melhor sintetiza essa duplicidade narrativa, é:
a) “A conclusão, portanto, é que há duas forças capitais: o amor, que multiplica a espécie, e o nariz,
que a subordina ao indivíduo”.
b) “Obra de finado. Escrevi‐a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil perceber
o que poderá sair desse conúbio”.
c) “Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás
ínfimo, porque o maior defeito do livro és tu, leitor”.
d) “Viver não é a mesma cousa que morrer; assim o afirmam todos os joalheiros desse mundo,
gente muito vista na gramática”.
e) “Não havia ali a atmosfera somente da águia e do beija‐flor; havia também a da lesma e do sapo”.
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228) 
229) 
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FUVEST - Vest (USP)/USP/2018
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
I. Cinquenta anos! Não era preciso confessá‐lo. Já se vai sentindo que o meu estilo não é tão
lesto* como nos primeiros dias. Naquela ocasião, cessado o diálogo com o oficial da marinha, que enfiou
a capa e saiu, confesso que fiquei um pouco triste. Voltei à sala, lembrou‐me dançar uma polca,
embriagar-me das luzes, das flores, dos cristais, dos olhos bonitos, e do burburinho surdo e ligeiro das
conversas particulares. E não me arrependo; remocei. Mas, meia hora depois, quando me retirei do baile,
às quatro da manhã, o que é que fui achar no fundo do carro? Os meus cinquenta anos.
 
*ágil
 
II. Meu caro crítico, Algumas páginas atrás, dizendo eu que tinha cinquenta anos, acrescentei: “Já se vai
sentindo que o meu estilo não é tão lesto como nos primeiros dias”. Talvez aches esta frase
incompreensível, sabendo‐se o meu atual estado; mas eu chamo a tua atenção para a sutileza daquele
pensamento. O que eu quero dizer não é que esteja agora mais velho do que quando comecei o livro. A
morte não envelhece. Quero dizer, sim, que em cada fase da narração da minha vida experimento a
sensação correspondente. Valha‐me Deus! é preciso explicar tudo.
 
Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.
 
A passagem final do texto II – “Valha‐me Deus! é preciso explicar tudo.” – denota um elemento presente
no estilo do romance, ou seja,
a) o realismo, visto no rigor explicativo dos fatos.
b) a religiosidade, que se socorre do auxílio divino.
c) o humor, capaz de relativizar as ideias.
d) a metalinguagem, que imprime linearidade à narração.
e) a ironia, própria do discurso positivo.
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FADURPE - Vest (CESMAC)/CESMAC/Tradicional/2018
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Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
O filósofo Quincas Borba é um personagem criado por Machado de Assis. Autor da teoria do
Humanitas, o personagem de Quincas Borba dá título ao sexto romance de Machado, publicado em
1891. No entanto, Quincas Borba não é apenas personagem do romance Quincas Borba, mas também de
outro romance de Machado. Qual?
a) Memorial de Aires.
b) Dom Casmurro.
c) Memórias póstumas de Brás Cubas.
d) Helena.
e) A mão e a luva.
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230) 
231) 
232) 
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FADURPE - Vest (CESMAC)/CESMAC/Tradicional/2018
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Divisor de água na obra de Machado de Assis, o romance Memórias póstumas de Brás Cubas traz
um defunto autor que, no além-túmulo, resolve fazer um balanço que perfaça toda a sua existência: indo
da infância e juventude às peripécias da maturidade, da velhice à morte. Ainda sobre esse romance é
verdadeiro afirmar:
a) Brás Cubas melhorou de vida ao casar com uma rica herdeira.
b) Brás Cubas foi uma criança de coração piedoso e cristão.
c) Marcela foi a primeira e única mulher na vida de Brás Cubas.
d) A ironia é um traço que delineia a narrativa de Memórias Póstumas.
e) Na juventude, Brás Cubas estudou para ser padre.
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INEP (ENEM) - Part (ENEM)/ENEM/PPL (Pessoa Privada de Liberdade)/2018
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Quanto às mulheres de vida alegre, detestava-as; tinha gasto muito dinheiro, precisava casar, mas
casar com uma menina ingênua e pobre, porque é nas classes pobres que se encontra mais vergonha e
menos bandalheira. Ora, Maria do Carmo parecia-lhe uma criatura simples, sem essa tendência fatal das
mulheres modernas para o adultério, uma menina que até chorava na aula simplesmente por não ter
respondido a uma pergunta do professor! Uma rapariga assim era um caso esporádico, uma verdadeira
exceção no meio de uma sociedade roída por quanto vício há no mundo. Ia concluir o curso, e, quando
voltasse ao Ceará, pensaria seriamente no caso. A Maria do Carmo estava mesmo a calhar: pobrezinha,
mas inocente...
 
CAMINHA, A. A normalista. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.
Acesso em: 16 maio 2016.
 
Alinhado às concepções do Naturalismo, o fragmento do romance de Adolfo Caminha, de 1893, identifica
e destaca nos personagens um(a)
a) compleição moral condicionada ao poder aquisitivo.
b) temperamento inconstante incompatível com a vida conjugal.
c) formação intelectual escassa relacionada a desvios de conduta.
d) laço de dependência ao projeto de reeducação de inspiração positivista.
e) sujeição a modelos representados por estratificações sociais e de gênero.
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CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEDUC AL)/SEDUC AL/Português/2018
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Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os
gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e, com certeza, as magnólias são menos inquietas do que
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233) 
eu era na minha infância. Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos
alguns lineamentos do menino.
 
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa;
fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia
quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e,
não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui
dizer à minha mãeque a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas seis anos.
Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um
cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o,
dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo — mas obedecia sem dizer
palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a boca, besta!” —
Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho das
cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de
um gênio indócil, mas devo crer que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai
tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples
formalidade: em particular dava-me beijos.
 
Não se conclua daqui que eu levasse todo o resto da minha vida a quebrar a cabeça dos outros nem a
esconder-lhes os chapéus; mas opiniático, egoísta e algo contemptor dos homens, isso fui; se não passei
o tempo a esconder-lhes os chapéus, alguma vez lhes puxei pelo rabicho das cabeleiras.
 
Outrossim, afeiçoei-me à contemplação da injustiça humana, inclinei-me a atenuá-la, a explicá-la, a
classificá-la por partes, a entendê-la, não segundo um padrão rígido, mas ao sabor das circunstâncias e
lugares. Minha mãe doutrinava-me a seu modo, fazia-me decorar alguns preceitos e orações; mas eu
sentia que, mais do que as orações, me governavam os nervos e o sangue, e a boa regra perdia o
espírito, que a faz viver, para se tomar uma vã fórmula. De manhã, antes do mingau, e de noite, antes
da cama, pedia a Deus que me perdoasse, assim como eu perdoava aos meus devedores; mas passado o
alvoroço, dava-me pancadinhas na cara, e exclamava a rir: Ah! brejeiro! ah! brejeiro!
 
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás
Cubas. Internet: <www.dominiopublico.gov.br>.
 
Julgue o próximo item, com relação ao fragmento de texto apresentado, ao contexto histórico-literário
em que foi produzido e à produção literária machadiana.
 
A obra da qual esse fragmento de texto foi extraído pertence à segunda fase da produção machadiana e
inaugura a estética realista no Brasil.
Certo
Errado
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Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os
gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e, com certeza, as magnólias são menos inquietas do que
eu era na minha infância. Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos
alguns lineamentos do menino.
 
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa;
fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia
quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e,
não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui
dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas seis anos.
Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um
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234) 
cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o,
dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo — mas obedecia sem dizer
palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a boca, besta!” —
Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho das
cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de
um gênio indócil, mas devo crer que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai
tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples
formalidade: em particular dava-me beijos.
 
Não se conclua daqui que eu levasse todo o resto da minha vida a quebrar a cabeça dos outros nem a
esconder-lhes os chapéus; mas opiniático, egoísta e algo contemptor dos homens, isso fui; se não passei
o tempo a esconder-lhes os chapéus, alguma vez lhes puxei pelo rabicho das cabeleiras.
 
Outrossim, afeiçoei-me à contemplação da injustiça humana, inclinei-me a atenuá-la, a explicá-la, a
classificá-la por partes, a entendê-la, não segundo um padrão rígido, mas ao sabor das circunstâncias e
lugares. Minha mãe doutrinava-me a seu modo, fazia-me decorar alguns preceitos e orações; mas eu
sentia que, mais do que as orações, me governavam os nervos e o sangue, e a boa regra perdia o
espírito, que a faz viver, para se tomar uma vã fórmula. De manhã, antes do mingau, e de noite, antes
da cama, pedia a Deus que me perdoasse, assim como eu perdoava aos meus devedores; mas passado o
alvoroço, dava-me pancadinhas na cara, e exclamava a rir: Ah! brejeiro! ah! brejeiro!
 
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás
Cubas. Internet: <www.dominiopublico.gov.br>.
 
Julgue o próximo item, com relação ao fragmento de texto apresentado, ao contexto histórico-literário
em que foi produzido e à produção literária machadiana.
 
A crueldade e a rebeldia que caracterizam o menino Brás Cubas se contrapõem à imagem idealizada de
infância, própria de autores românticos.
Certo
Errado
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Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os
gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e, com certeza, as magnólias são menos inquietas do que
eu era na minha infância. Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos
alguns lineamentos do menino.
 
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa;
fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia
quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e,
não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui
dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas seis anos.
Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um
cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o,
dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo — mas obedecia sem dizer
palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a boca, besta!” —
Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho das
cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de
um gênio indócil, mas devo crer que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai
tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples
formalidade: em particular dava-me beijos.
 
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235) 
Não se conclua daqui que eu levasse todo o resto da minha vida a quebrar a cabeça dos outros nem a
esconder-lhes os chapéus; mas opiniático, egoísta e algo contemptor dos homens, isso fui; se não passei
o tempo a esconder-lhes os chapéus, alguma vez lhes puxei pelo rabicho das cabeleiras.
 
Outrossim, afeiçoei-me à contemplação da injustiça humana, inclinei-me a atenuá-la, a explicá-la, a
classificá-la por partes, a entendê-la, não segundo um padrão rígido, mas ao sabor das circunstânciase
lugares. Minha mãe doutrinava-me a seu modo, fazia-me decorar alguns preceitos e orações; mas eu
sentia que, mais do que as orações, me governavam os nervos e o sangue, e a boa regra perdia o
espírito, que a faz viver, para se tomar uma vã fórmula. De manhã, antes do mingau, e de noite, antes
da cama, pedia a Deus que me perdoasse, assim como eu perdoava aos meus devedores; mas passado o
alvoroço, dava-me pancadinhas na cara, e exclamava a rir: Ah! brejeiro! ah! brejeiro!
 
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás
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Julgue o próximo item, com relação ao fragmento de texto apresentado, ao contexto histórico-literário
em que foi produzido e à produção literária machadiana.
 
A afirmação “o menino é pai do homem” é corroborada pelo narrador, que se mostra consciente dos
fatos que marcaram sua trajetória existencial.
Certo
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Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os
gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e, com certeza, as magnólias são menos inquietas do que
eu era na minha infância. Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos
alguns lineamentos do menino.
 
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa;
fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia
quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e,
não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui
dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas seis anos.
Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um
cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o,
dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo — mas obedecia sem dizer
palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a boca, besta!” —
Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho das
cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de
um gênio indócil, mas devo crer que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai
tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples
formalidade: em particular dava-me beijos.
 
Não se conclua daqui que eu levasse todo o resto da minha vida a quebrar a cabeça dos outros nem a
esconder-lhes os chapéus; mas opiniático, egoísta e algo contemptor dos homens, isso fui; se não passei
o tempo a esconder-lhes os chapéus, alguma vez lhes puxei pelo rabicho das cabeleiras.
 
Outrossim, afeiçoei-me à contemplação da injustiça humana, inclinei-me a atenuá-la, a explicá-la, a
classificá-la por partes, a entendê-la, não segundo um padrão rígido, mas ao sabor das circunstâncias e
lugares. Minha mãe doutrinava-me a seu modo, fazia-me decorar alguns preceitos e orações; mas eu
sentia que, mais do que as orações, me governavam os nervos e o sangue, e a boa regra perdia o
espírito, que a faz viver, para se tomar uma vã fórmula. De manhã, antes do mingau, e de noite, antes
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da cama, pedia a Deus que me perdoasse, assim como eu perdoava aos meus devedores; mas passado o
alvoroço, dava-me pancadinhas na cara, e exclamava a rir: Ah! brejeiro! ah! brejeiro!
 
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Julgue o próximo item, com relação ao fragmento de texto apresentado, ao contexto histórico-literário
em que foi produzido e à produção literária machadiana.
 
No fragmento apresentado, assim como em toda a obra Memórias Póstumas de Brás Cubas,
predomina a linguagem denotativa, em consonância com os princípios de racionalismo e objetividade
característicos do Realismo.
Certo
Errado
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Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os
gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e, com certeza, as magnólias são menos inquietas do que
eu era na minha infância. Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos
alguns lineamentos do menino.
 
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa;
fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia
quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e,
não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui
dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas seis anos.
Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um
cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o,
dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo — mas obedecia sem dizer
palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a boca, besta!” —
Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho das
cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de
um gênio indócil, mas devo crer que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai
tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples
formalidade: em particular dava-me beijos.
 
Não se conclua daqui que eu levasse todo o resto da minha vida a quebrar a cabeça dos outros nem a
esconder-lhes os chapéus; mas opiniático, egoísta e algo contemptor dos homens, isso fui; se não passei
o tempo a esconder-lhes os chapéus, alguma vez lhes puxei pelo rabicho das cabeleiras.
 
Outrossim, afeiçoei-me à contemplação da injustiça humana, inclinei-me a atenuá-la, a explicá-la, a
classificá-la por partes, a entendê-la, não segundo um padrão rígido, mas ao sabor das circunstâncias e
lugares. Minha mãe doutrinava-me a seu modo, fazia-me decorar alguns preceitos e orações; mas eu
sentia que, mais do que as orações, me governavam os nervos e o sangue, e a boa regra perdia o
espírito, que a faz viver, para se tomar uma vã fórmula. De manhã, antes do mingau, e de noite, antes
da cama, pedia a Deus que me perdoasse, assim como eu perdoava aos meus devedores; mas passado o
alvoroço, dava-me pancadinhas na cara, e exclamava a rir: Ah! brejeiro! ah! brejeiro!
 
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Julgue o próximo item, com relação ao fragmento de texto apresentado, ao contexto histórico-literário
em que foi produzido e à produção literária machadiana.
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237) 
 
O fragmento apresentado é predominantemente descritivo, dada a preocupação do narrador em detalhar
suas próprias características.
Certo
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Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os
gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e, com certeza, as magnólias são menos inquietas do que
eu era na minha infância. Umpoeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos
alguns lineamentos do menino.
 
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa;
fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia
quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e,
não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui
dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas seis anos.
Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um
cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o,
dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo — mas obedecia sem dizer
palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a boca, besta!” —
Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho das
cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de
um gênio indócil, mas devo crer que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai
tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples
formalidade: em particular dava-me beijos.
 
Não se conclua daqui que eu levasse todo o resto da minha vida a quebrar a cabeça dos outros nem a
esconder-lhes os chapéus; mas opiniático, egoísta e algo contemptor dos homens, isso fui; se não passei
o tempo a esconder-lhes os chapéus, alguma vez lhes puxei pelo rabicho das cabeleiras.
 
Outrossim, afeiçoei-me à contemplação da injustiça humana, inclinei-me a atenuá-la, a explicá-la, a
classificá-la por partes, a entendê-la, não segundo um padrão rígido, mas ao sabor das circunstâncias e
lugares. Minha mãe doutrinava-me a seu modo, fazia-me decorar alguns preceitos e orações; mas eu
sentia que, mais do que as orações, me governavam os nervos e o sangue, e a boa regra perdia o
espírito, que a faz viver, para se tomar uma vã fórmula. De manhã, antes do mingau, e de noite, antes
da cama, pedia a Deus que me perdoasse, assim como eu perdoava aos meus devedores; mas passado o
alvoroço, dava-me pancadinhas na cara, e exclamava a rir: Ah! brejeiro! ah! brejeiro!
 
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás
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Julgue o próximo item, com relação ao fragmento de texto apresentado, ao contexto histórico-literário
em que foi produzido e à produção literária machadiana.
 
Depreende-se do último parágrafo do texto que Brás Cubas foi criado em contexto familiar que reprovava
comportamentos prepotentes.
Certo
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238) 
239) 
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Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os
gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e, com certeza, as magnólias são menos inquietas do que
eu era na minha infância. Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos
alguns lineamentos do menino.
 
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa;
fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia
quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e,
não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui
dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas seis anos.
Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um
cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o,
dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo — mas obedecia sem dizer
palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a boca, besta!” —
Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho das
cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de
um gênio indócil, mas devo crer que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai
tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples
formalidade: em particular dava-me beijos.
 
Não se conclua daqui que eu levasse todo o resto da minha vida a quebrar a cabeça dos outros nem a
esconder-lhes os chapéus; mas opiniático, egoísta e algo contemptor dos homens, isso fui; se não passei
o tempo a esconder-lhes os chapéus, alguma vez lhes puxei pelo rabicho das cabeleiras.
 
Outrossim, afeiçoei-me à contemplação da injustiça humana, inclinei-me a atenuá-la, a explicá-la, a
classificá-la por partes, a entendê-la, não segundo um padrão rígido, mas ao sabor das circunstâncias e
lugares. Minha mãe doutrinava-me a seu modo, fazia-me decorar alguns preceitos e orações; mas eu
sentia que, mais do que as orações, me governavam os nervos e o sangue, e a boa regra perdia o
espírito, que a faz viver, para se tomar uma vã fórmula. De manhã, antes do mingau, e de noite, antes
da cama, pedia a Deus que me perdoasse, assim como eu perdoava aos meus devedores; mas passado o
alvoroço, dava-me pancadinhas na cara, e exclamava a rir: Ah! brejeiro! ah! brejeiro!
 
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás
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Julgue o próximo item, com relação ao fragmento de texto apresentado, ao contexto histórico-literário
em que foi produzido e à produção literária machadiana.
 
Para compor um panorama da sociedade carioca do século XIX, Machado de Assis elege, principalmente
nos romances da segunda fase de sua produção, protagonistas pertencentes às classes populares, como
é o caso de Bento Santiago, narrador de Dom Casmurro.
Certo
Errado
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Vidas Secas começa por uma fuga e acaba com outra.
 
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https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1609605
240) 
Decorre entre duas situações idênticas, de tal modo que o fim, encontrando o princípio, fecha a ação em
um círculo. Entre a seca e as águas, a vida do sertanejo se organiza, do berço à sepultura, a modo de
retorno perpétuo. Como os animais atrelados ao moinho, Fabiano voltará sempre sobre os passos,
sufocado pelo meio.
 
É preciso, todavia, lembrar que essa ligação com o problema geográfico e social só adquire significado
pleno, isto é, só atua sobre o leitor, graças à elevada qualidade artística do livro. Graciliano soube
transpor o ritmo mesológico para a própria estrutura da narrativa, mobilizando recursos que a fazem
parecer movida pela mesma fatalidade sem saída.
 
Euclides da Cunha tomou o sertanejo e deu ao seu drama (que foi o primeiro a exprimir
convenientemente) faíscas de epopeia. Graciliano esbateu-o no ramerrão das misérias diárias e o fez
irremediavelmente doloroso. Apegou-se a um determinismo semelhante ao d’Os sertões, tornando-o
inflexível pela representação literária do eterno retorno. E assim como José Lins do Rego produziu as
obras-primas das terras de massapé, com a planturosidade das regiões fartas, ele se tornou o escritor
por excelência da terra estorricada.
 
Romance da zona pastoril, encourado como ele na secura da fatalidade geográfica. Da consciência
mortiça do bom Fabiano podem emergir os transes periódicos em que se estorce o homem esmagado
pela paisagem e pelosoutros homens.
 
Antonio Candido. Ficção e confissão. Rio de
Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006 (com adaptações).
 
Considerando as ideias do texto precedente e a relação que ele estabelece com aspectos da
historiografia literária brasileira, julgue o item subsequente.
 
Dada a preocupação com os problemas regionais, o autor do texto considera Graciliano Ramos e Euclides
da Cunha escritores do Naturalismo, estética literária cujo expoente maior no Brasil foi Aluísio Azevedo.
Certo
Errado
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FADESP - PEBTT (IF PA)/IF PA/Letras em Habilitação em Português/2018
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Leia o texto crítico sobre o romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
 
“A formação acadêmica de Brás é uma evidente sátira aos filhos da classe dominante brasileira do XIX,
que buscam as novidades teóricas e políticas na Europa, não para adotá-las em seu país de origem, mas
para usá-las como instrumento de legitimação e preservação de poder político e prestígio pessoal.”
 
(SCARPELLI, Marli Fantini. “Pai contra mãe”
de Machado de Assis: a negativa das negativas. In: Via Atlântica. Universidade de São Paulo, n. º 6, 2003, p.122).
 
O comentário crítico pode ser ilustrado com a seguinte passagem de Machado de Assis:
a) “Outrossim, afeiçoei-me à contemplação da injustiça humana, inclinei-me a atenuá-la, a explicá-la,
a classificá-la por partes, a entendê-la, não segundo um padrão rígido, mas ao sabor das
circunstâncias e lugares. ” (ASSIS, 1978, p.31)
b) “E foi assim que desembarquei em Lisboa e segui para Coimbra. A universidade esperava-me com
as suas matérias árduas: estudei-as muito mediocremente, e nem por isso perdi o grau de bacharel. ”
(ASSIS, 1978, p. 49).
c) “–Desta vez – disse ele –vais para a Europa; vais cursar uma universidade, provavelmente
Coimbra: quero-te para homem sério e não arruador e gatuno. (...) Gatuno, sim senhor: não é outra
coisa um filho que me faz isto...” (ASSIS, 1978, p. 42-43)
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1738379
241) 
242) 
d) “Dormi, sonhei que era nababo, e acordei com a ideia de ser nababo. Eu gostava, às vezes, de
imaginar esses contrastes de região, estado e credo. Alguns dias antes tinha pensado na hipótese de
uma revolução social, religiosa e política (...)” (ASSIS, 1978, p. 168).
e) “– Meu caro Brás Cubas, não te deixes vencer desses vapores. Que diacho! É preciso ser homem!
ser forte! lutar! vencer! dominar! Cinquenta anos é a idade da ciência e do governo. ” (ASSIS, 1978,
p. 156).
www.tecconcursos.com.br/questoes/1897831
Com. Org. (IFSP) - PEBTT (IFSP)/IF SP/Letras/Português/2018
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Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em
primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento,
duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente
um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito
ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito,
mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco”.
 
(ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas / Dom Casmurro. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1995).
 
“O que julgamos inverossímil, segundo padrões da vida corrente, é, na verdade, incoerente, em face da
estrutura do livro. Se nos capacitarmos disso — graças à análise literária — veremos que, embora o
vínculo com a vida, o desejo de representar o real, seja a chave mestra da eficácia dum romance, a
condição do seu pleno funcionamento, e portanto do funcionamento das personagens, depende dum
critério estético de organização interna. Se esta funciona, aceitaremos inclusive o que é inverossímil em
face das concepções correntes”.
 
(CANDIDO, A. A personagem do romance. In: CANDIDO, A. et al. A personagem de ficção. São Paulo:
Perspectiva, 1987).
 
No excerto de abertura da obra de Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas, o
narrador apresenta-se como um defunto autor. Considerando-se as observações de Antonio Candido, o
procedimento literário de Machado:
a) constitui-se em exemplo de situação inverossímil (a escrita depois da morte) admitida pelo leitor
em função da lógica interna de organização da obra.
b) constitui-se em quebra do vínculo de coerência da obra em relação à realidade externa,
invalidando sua perspectiva crítica da sociedade brasileira.
c) constitui-se em artifício narrativo inverossímil, validado apenas pela referência ao texto bíblico,
que funciona como argumento de autoridade.
d) constitui-se em escolha narrativa do autor que compromete a organização interna do romance por
indicar a falta de desejo de representar a realidade.
www.tecconcursos.com.br/questoes/2019015
CEBRASPE (CESPE) - Vest (UnB)/UnB/Regular/2018
Literatura Brasileira e Estrangeira - Realismo/Naturalismo (Machado de Assis,
Aluísio Azevedo, R. Pompeia, etc)
Texto
 
13 de maio
Enfim, lei. Nunca fui, nem o cargo me consentia ser propagandista da abolição, mas confesso que senti
grande prazer quando soube da votação final do Senado e da sanção da regente. Estava na rua do
Ouvidor, onde a agitação era grande e a alegria geral.
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243) 
Um conhecido meu, homem de imprensa, achando-me ali, ofereceu-me lugar no seu carro, que estava
na rua Nova, e ia enfileirar no cortejo organizado para rodear o paço da cidade, e fazer ovação à
regente. Estive quase, quase a aceitar, tal era o meu atordoamento, mas os meus hábitos quietos, os
costumes diplomáticos, a própria índole e a idade me retiveram melhor que as rédeas do cocheiro aos
cavalos do carro, e recusei. Recusei com pena. Deixei-os ir, a ele e aos outros, que se juntaram e
partiram da rua Primeiro de Março. Disseram-me depois que os manifestantes erguiam-se nos carros,
que iam abertos, e faziam grandes aclamações, em frente ao paço, onde estavam também todos os
ministros. Se eu lá fosse, provavelmente faria o mesmo e ainda agora não me teria entendido... Não, não
faria nada; meteria a cara entre os joelhos.
Ainda bem que acabamos com isto. Era tempo. Embora queimemos todas as leis, decretos e avisos, não
poderemos acabar com os atos particulares, escrituras e inventários, nem apagar a instituição da
História, ou até da
Poesia. (...)
14 de maio, meia-noite
Não há alegria pública que valha uma boa alegria particular. Saí agora do Flamengo, fazendo esta
reflexão, e vim escrevê-la, e mais o que lhe deu origem.
Era a primeira reunião dos Aguiar; havia alguma gente e bastante animação. (...) A alegria dos donos da
casa era viva, a tal ponto que não a atribuí somente ao fato dos amigos juntos, mas também ao grande
acontecimento do dia. Assim o disse por esta única palavra, que me pareceu expressiva, dita a
brasileiros:
— Felicito-os.
— Já sabia? — perguntaram ambos.
Não entendi, não achei que responder. Que era que eu podia saber já, para os felicitar, se não era o fato
público? Chamei o melhor dos meus sorrisos de acordo e complacência, ele veio, espraiou-se, e esperei.
Velho e velha disseram-me então rapidamente, dividindo as frases, que a carta viera dar-lhes grande
prazer. (...)
Eis aí como, no meio do prazer geral, pode aparecer um particular, e dominá-lo. Não me enfadei com
isso; ao contrário, achei-lhes razão, e gostei de os ver sinceros. Por fim, estimei que a carta do filho
postiço viesse após anos de silêncio pagar-lhes a tristeza que cá deixou. Era devida a carta; como a
liberdade dos escravos, ainda que tardia, chegava bem.
Machado de Assis Memorial de Aires Internet: <www dominiopublico gov br>
A respeito do fragmento de texto apresentado, que compõe o romance Memorial de Aires, de Machado
de Assis, e considerando

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