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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU CURSO DE NUTRIÇÃO – 6º PERÍODO LUANNE EDUARDA DOS SANTOS MATRÍCULA 01356797 PATRÍCIA ISADORA NEVES DA SILVA MATRÍCULA 01339601 RENÉE SOUZA DA COSTA MATRÍCULA 01340630 Educação Alimentar e Nutricional Arapiraca/AL 2022 2 Luanne Eduarda dos Santos Patrícia Isadora Neves da Silva Renée Souza da Costa Educação Alimentar e Nutricional Pirâmide alimentar: usar ou não usar? Trabalho da matéria de Educação Alimentar e Nutricional, do 6º período do Curso de Nutrição do Centro Universitário Mauricio de Nassau – Uninassau, solicitado pela Professora Renata Medeiros dos Santos, como requisito de avaliação e obtenção de nota. Arapiraca/AL 01/11/2022 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................................4 1. Criação da Pirâmide Alimentar............................................................................................5 2. A Realidade do Brasil e de Outros Países Quanto ao Uso da Pirâmide Alimentar............7 3. Reformulação da Pirâmide e o Guia Alimentar................................................................11 CONCLUSÃO.........................................................................................................................15 REFERÊNCIAS......................................................................................................................16 4 INTRODUÇÃO A Pirâmide Alimentar foi criada nos Estados Unidos, em 1992, com a finalidade de representar de forma resumida as orientações oficiais de seus guias alimentares. O símbolo da pirâmide foi o escolhido por se acreditar que era a forma que melhor representava a moderação e a proporcionalidade. O modelo criado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos foi a base para a adaptação e construção da Pirâmide Alimentar brasileira, em 1999, feita por Sônia Tucunduva Philippi. Embora a pirâmide tenha sido criada com intuito de facilitar Educação Alimentar e Nutricional, devendo incentivar a alimentação saudável, pesquisas realizadas em diversas partes do mundo em que essa representação era utilizada, foi constatado que a pirâmide não era tão facilmente compreendida pela população e que a interpretação incorreta levou a população a ter péssimos hábitos alimentares, priorizando os alimentos errados e consequentemente causando prejuízos à saúde, como o aumento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis – DCNT. Diversos países utilizam representações gráficas com orientações nutricionais para a população, visando simplificar as recomendações oficiais de seus guias alimentares ou órgãos de saúde, para que a população entenda sobre grupos alimentares, porções, os alimentos que devem priorizar e quais devem consumir em menor quantidade, ingestão de água e prática de atividades físicas. No entanto, os símbolos podem resumir demais as orientações e passar a mensagem incompleta, tornando-se um instrumento ineficaz. O cenário mundial mudou e com isso, a orientação sobre consumo alimentar e hábitos saudáveis precisa ser reformulado. A pirâmide alimentar mostra que é falha em passar instruções sobre educação alimentar e nutricional. É necessário um instrumento de fácil entendimento que não foque só nos macronutrientes e na contagem de calorias, e sim na conscientização da população a melhorar a qualidade do consumo alimentar. Foi pensando nisso que diversos países, incluído o Brasil, acataram as recomendações da Organização Mundial de Saúde e desenvolveram guias alimentares como parte da responsabilidade e compromisso governamental em promover saúde e tendo como objetivo a redução de DCNT por meio da alimentação saudável. 5 1. Criação da Pirâmide Alimentar Durante a primeira metade do século XX, as autoridades de saúde estavam preocupadas com a desnutrição. Depois da Segunda Guerra Mundial, contudo, um significativo aumento de doenças cardíacas chamou a atenção nos Estados Unidos. O bioquímico Ancel Keys, da Universidade de Minnesota, foi um dos primeiros a sugerir que a gordura na dieta poderia ser a causa da doença cardíaca. A origem está relacionada a uma ideia que se transformou em um dogma: a de que a gordura faz mal para a saúde. Ademais, foram os políticos que transformaram essa ideia em um dogma e mudaram a política nutricional dos Estados Unidos e, consequentemente, do mundo ocidental. Em 1969 foi criado, sob responsabilidade do senador George MacGovern, o Select Committee on Nutrition and Human Needs (Comitê em Nutrição e Necessidades Humanas) com o objetivo de erradicar a má nutrição. Esse trabalho terminou em 1970, mas os dois membros principais do comitê, Marshall Matz e Alan Stone, advogados, decidiram se ocupar dos excessos alimentares. A partir de 1976, um membro do comitê, Nick Mottern, jornalista, recebeu a tarefa de escrever um guia com diretrizes nutricionais. Mottern, que não tinha nenhuma formação cientifica e nenhuma experiência em escrever sobre ciência, nutrição, saúde, acreditava que suas diretrizes dietéticas iriam produzir uma revolução na dieta e agricultura desse país. Ele adotou a ideia da gordura como o principal vilão da dieta, ignorando as controvérsias científicas em torno da tese. Em janeiro de 1977 foi publicado o documento Dietary Goals for the United States, que regula até hoje o que devemos comer. Neste documento, a recomendação é reduzir a ingestão de gordura para 30% do total de calorias consumidas diariamente. Mesmo com estudos inconclusivos e sem uma base científica definida, a gordura passou a ser considerada a principal causadora das doenças cardíacas e concluiu-se que diminuir o consumo de colesterol deveria diminuir as mortes por essas doenças. Na década de 80 o National Heart, Lung and Blood Institut – NHLBI promoveu uma forte campanha nos EUA em favor da redução de consumo de colesterol, afirmando em grandes veículos de comunicação que quanto menos colesterol e gordura for consumido na dieta, mais se reduz o risco de doenças cardíacas. Assim, foi firmado um consenso. Em 1992 a primeira pirâmide alimentar foi criada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O USDA criou um símbolo que resumisse as orientações oficiais publicadas em seus guias alimentares. O formato de pirâmide foi escolhido por se acreditar que 6 melhor representava a moderação e a proporcionalidade. O gráfico tinha como intuito atuar como instrumento de educação alimentar e nutricional, a fim de estimular uma boa alimentação e reduzir o risco de desenvolvimento de doenças crônicas. Daí em diante, a pirâmide se tornou a mais difundida ferramenta de representação alimentar. O modelo norte americano foi a base para a construção da primeira pirâmide alimentar brasileira. Elaborada em 1999, numa adaptação feita pela professora Sônia Tucunduva Philippi, da Faculdade de Saúde Pública da USP. O gráfico apresentava fixação de conceitos importantes como os grupos alimentares e tamanhos de porções, além de indicar opções de dietas para três valores energéticos: 1.600 kcal, 2.200 kcal e 2.800 kcal. A pirâmide determinou que se consumisse muito carboidrato, que as proteínas ficassem num nível intermediário e que se evitasse a ingestão de gorduras. Na base da pirâmide 7 encontrávamos os cereais, pão e massas. Estes seriam os alimentos mais importantes recomendado o consumo de 6 a 11 porções diárias. A seguir, vinham as frutas e hortaliças com consumo recomendado de 2 a 4 porções das primeiras e 3 a 5 porções das segundas. Quase no topo estão os laticínios e ascarnes, recomendado o consumo de 2 a 3 porções cada. Por fim, seguiam-se as gorduras, os açucares e os óleos com a simples recomendação de que deveriam ser consumidos de forma moderada. 2. A Realidade do Brasil e de Outros Países Quanto ao Uso da Pirâmide Alimentar Atualmente, as mensagens nutricionais para a população são consideradas um desafio, pois os consumidores são constantemente bombardeados pela mídia com diversas informações que se distanciam de condutas saudáveis. A pirâmide dos alimentos é uma delas e se tornou o símbolo de um paradigma alimentar que separa tudo por nutrientes e acaba não dando conta de abordar os aspectos culturais, sociais e ambientais de consumo dos alimentos. Sabemos que a pirâmide foi criada para orientar as pessoas quanto a melhoria dos hábitos alimentares, mas, devido a sua má utilização e incorreta interpretação, acabou sendo o ícone de uma ideia que demandou, com fracasso, que as pessoas se tornassem especialistas em macronutrientes e em contagem de calorias. Em vários países, inclusive no Brasil, a leitura errada da pirâmide causou várias consequências relacionadas à saúde. A representação gráfica da pirâmide não deixa claro a diferenciação de gorduras saturadas e insaturadas, carboidratos simples e complexos, ou quanto a quantidade de açúcar na alimentação, e sem a informação transmitida corretamente a população fez uma interpretação equivocada, o que ocasionou no aumento de pessoas portadoras de Doenças Crônicas Não Transmissíveis – DCNT. Ao separar os alimentos por grupos relacionados aos macronutrientes, a pirâmide coloca alimentos muito diferentes num mesmo patamar, o que de certa forma os iguala para quem faz sua leitura. O miojo e a mandioca estão incluídos no grupo dos carboidratos – base da pirâmide, mas têm composições completamente distintas, e não devem ser consumidos da mesma maneira. Existe diferença entre o iogurte natural e a versão saborizada, produzida a partir do leite em pó e cheia de açúcares e aditivos. Manteiga, margarina e azeite são gorduras, 8 mas não são todas iguais. Será que a população foi instruída corretamente quando apresentada ao conceito da pirâmide? Pesquisas realizadas ao longo dos últimos anos mostraram que a pirâmide alimentar não é tão simples assim de se entender. No Chile, um levantamento realizado em 2003 concluiu que algumas pessoas pensavam que os alimentos do topo eram os prioritários, e que os da base deveriam ser evitados. Nos Estados Unidos, entre 2002 e 2004, ao realizar um estudo sobre a eficácia da pirâmide, pesquisadores analisaram 18 grupos e observaram que 80% das pessoas erraram questões sobre os grupos alimentares, não entendiam o conceito de “porção”, e no geral chutavam quantidades maiores que as da recomendação oficial. Na Europa, em 2015, pesquisadores revisaram as orientações nutricionais oficiais. De 34 países, 22 tinham a pirâmide como ícone, mesmo sem a avaliação de sua eficácia. Os autores concluíram que o símbolo não dá conta de representar diferenças culturais e que era preciso esclarecer a distinção entre alimentos frescos e processados. Em alguns países, a pirâmide caiu em desuso, mas não a lógica de separar os alimentos por macro e micronutrientes. Japão No Japão, o guia alimentar tem a forma de um brinquedo tradicional de crianças, o pião. Na parte superior, a camada representa os alimentos que as pessoas devem comer em maior quantidade. São enfatizados pratos à base de grãos (arroz, pão, macarrão e massas), contradizendo o consenso de que frutas e legumes devem ser ingeridos em maior quantidade em uma dieta saudável. Mesmo em países com orientações falhas, como a Itália, Estados Unidos e Canadá, os vegetais estão na base da pirâmide alimentar. 9 Itália Na Itália, frutas, legumes e água e fazem parte da base da pirâmide alimentar. Mas, biscoitos, arroz e massas e carnes curadas aparecem como grupos de alimentos. Venezuela No primeiro grupo estão os grãos, cereais e tubérculos que devem ser apresentados quase diariamente no prato tradicional. O segundo grupo contém vegetais que geralmente são usados para dar sabor às preparações, além de frutas, que são a sobremesa diária dos cidadãos. Quanto às proteínas, açúcares e gorduras, são considerados de extrema importância, pois constituem grande parte do tecido muscular. Portanto, recomenda-se consumir pelo menos duas porções por prato. Por último, mas não menos importante, destaca-se o consumo abundante de água potável acompanhado de atividades físicas. 10 Bélgica Outros países tentaram remodelar a pirâmide, como é o caso da Bélgica, que de certo modo colocou os ultraprocessados na posição daquilo que deve ser evitado, e inverteu o ícone, de cabeça para baixo, de modo que fiquem no topo os alimentos que devem ser priorizados. Austrália A representação gráfica da Austrália tem por objetivo mostrar para a população os valores nutricionais dos produtos, de maneira simplificada, separando os alimentos de acordo com as porções e o seu nível de processamento, mostrando desde os alimentos in natura até os ultraprocessados, para que consigam realizar melhores escolhas alimentares. 11 Estados Unidos Os Estados Unidos deixaram de utilizar a pirâmide alimentar em 2011 e foi criado o aplicativo My Plate (www.choosenmyplate.gov) que é uma ferramenta de Educação Nutricional, com a representação gráfica de mesa posta, em que o prato e o copo apresentam os cinco grandes grupos alimentares (frutas, grãos, vegetais, proteínas e laticínios), que tem como objetivo orientar o consumidor, de maneira individual, a fazer escolhas mais saudáveis em sua alimentação. 3. Reformulação da Pirâmide e o Guia Alimentar Em 2013, a Pirâmide dos Alimentos brasileira passou por uma reformulação. Mesmo com a extinção da pirâmide original nos Estados Unidos e em outros países em 2011, a professora Sônia Tucunduva promoveu uma atualização na representação gráfica. Com o redesenho, os grupos alimentares foram mantidos, no entanto, houve alteração nas proporções e inserção de novos alimentos nos grupos, numa tentativa de adequação aos hábitos alimentares e culturais dos brasileiros. Houve também a redefinição da quantidade total de calorias ingeridas por dia, devendo ficar dentro das 2000 kcal/dia e incentivo à prática diária de atividade física. http://www.choosenmyplate.gov/ 12 No entanto, apesar de sua reformulação, a representação gráfica que a pirâmide alimentar apresenta, está obsoleta. A pirâmide foi formulada numa época em que a gordura era vista apenas como fonte de doenças e armazenamento de energia em nosso organismo. Mas, com o passar dos anos e o avanço dos estudos e pesquisas, novas descobertas foram feitas, a exemplo da leptina, que é um hormônio produzido pelo tecido adiposo, ou seja, a gordura também contrubui, dentre outras coisas, para regular o apetite. Foram descobertas também, várias proteínas sinalizadoras que são produzidas no tecido adiposo. Hoje, a gordura corporal é vista como maior órgão endócrino do corpo. A pirâmide dos alimentos faz menção aos macronutrientes e os classifica de maneira hierárquica, com carboidratos na base, proteínas no meio e gorduras no topo, indicando que o que aparece no maior espaço é o que precisa ser consumido com prioridade. Sua configuração sugere que o problema são as quantidades do que se come e não a qualidade dos alimentos de cada grupo, principalmente em relação aos níveis de processamento. O cenário mundial não é mais o mesmo dos anos 80 e 90, por isso, a maneira de orientar sobre saúde alimentar precisa mudar. A abordagem focada nos macronutrientes é ultrapassada, devendo as orientações dietéticas enfatizar a comida de verdade e de qualidade, explicando sobreos grupos alimentares e níveis de processamento dos alimentos. Com a transição nutricional da desnutrição à obesidade, onde antes havia a preocupação com a anemia, devido a escassez de alimentos e hoje a preocupação é devido ao crescimento dos casos de sobrepeso, obesidade e epidemia de Doenças Crônicas Não Transmissíveis – DCNT, associadas à má alimentação e grande aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, as mudanças nos padrões alimentares, principalmente nos países em desenvolvimento, fizeram com que a Organização Mundial de Saúde – OMS, propusesse em 2004, uma estratégia mundial de prevenção baseada na promoção de padrões alimentares saudáveis de alimentação e estilo de vida ativos. A OMS criou a Estratégia Global para a Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde com o propósito de incentivar que seus estados membros aplicassem, de acordo com suas realidades, políticas de prevenção de DCNT e promoção da saúde. A fim de educar a população e melhorar o consumo alimentar e os hábitos de vida, diversos países acataram a proposta da OMS e passaram a desenvolver guias alimentares para orientar e fazer recomendações nutricionais. Era evidente a necessidade de construção de uma ferramenta de fácil entendimento, com termos simples e claros, baseada nos alimentos e não nos nutrientes, em que favorecesse a Educação Alimentar e Nutricional, indicando as 13 modificações necessárias para melhorar a alimentação e que ensinasse as pessoas a fazer melhores escolhas, sempre respeitando os hábitos e a diversidade cultural. Em 2006, o Brasil estabeleceu o primeiro Guia Alimentar para População Brasileira, como parte da responsabilidade e compromisso governamental em promover saúde e tendo como objetivo a redução de DCNT por meio da alimentação saudável. O Guia surge como uma iniciativa inédita de um instrumento oficial, trazendo em seu conteúdo princípios e diretrizes alimentares que deveriam ser utilizados na orientação à população para fazer escolhas melhores e mais saudáveis. O Guia passou por uma reformulação em 2014, sendo essa a edição utilizada atualmente, e é parte da estratégia da Política Nacional de Alimentação e Nutrição, integrante da Política Nacional de Saúde, consolidando-se como elemento concreto para a implementação das recomendações preconizadas na Estratégia Global de Promoção da Alimentação Saudável. Apesar de ser considerada como uma ferramenta de Educação Alimentar e Nutricional desatualizada, a pirâmide dos alimentos ainda é utilizada e recomendada por profissionais com bastante frequência, sendo difundida e ensinada, na maioria das vezes de forma errada, nas faculdades de nutrição, nas escolas, salas de espera, sites especializados, nos consultórios, no momento da orientação nutricional individual ou para coletividades. É possível que a falta de uma representação gráfica que condense todas as informações do Guia Alimentar prejudique no momento de compartilhar com a população todas as suas orientações. No entanto, ao criar uma representação gráfica, existe o perigo de simplificar demais informações científicas preciosas e necessárias para a população, correndo o risco de se fazer uma nova interpretação equivocada e ocasionando padrões alimentares incorretos, levando ao desenvolvimento de mais problemas de saúde. Por se tratar de instrumento completo, estudado e elogiado em diversos países do mundo e pela OMS, o Guia Alimentar para População Brasileira deve ser a principal ferramenta de Educação Alimentar e Nutricional, tendo que ser amplamente divulgado por todos os profissionais, pois possui termos compreensíveis, respeitando os hábitos e a diversidade cultural e regional do nosso país, ensinando quais grupos de alimentos devemos priorizar e incluir em 14 nossa alimentação. O Guia foi desenvolvido para assegurar autonomia, ensinando sobre o processamento dos alimentos, combinações e mostrando que o preparo das refeições e o ato de comer são os protagonistas, fazendo com que a população entenda que alimentação vai muito além de contar calorias e realizar uma refeição que combine apenas carboidratos, proteínas e gorduras. 15 CONCLUSÃO A pirâmide alimentar foi uma criação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, sem o embasamento científico consolidado, numa época que estudos iniciais indicavam que a causa das doenças cardíacas era o consumo de gorduras e que por isso, elas precisavam ser evitadas. Essa representação, com a distribuição dos alimentos por grupos alimentares e contagem de calorias, em que indicava que os carboidratos deveriam ser preferencialmente consumidos, foi amplamente difundida mundialmente, chegando ao Brasil em 1999. Acontece que, 30 anos após a sua criação, muitas pesquisas foram realizadas e chegou- se à conclusão que pirâmide alimentar não era tão eficaz quanto se acreditava e que a gordura, ingerida em quantidades adequadas, é importante para a manutenção da saúde do corpo humano. Os estudos concluíram que as pessoas não sabiam ler a pirâmide, não entendiam das porções e não sabiam a diferenciar os carboidratos. A pirâmide alimentar apenas ensinou a cultura da separação dos alimentos por (macro) nutrientes e a contagem de calorias, indicando que quantidade é mais importante que qualidade, o que levou a epidemia de DCNT que temos atualmente. Apesar de sua ineficácia comprovada, a pirâmide alimentar passou por uma reformulação, mas não perdeu a essência de separar os alimentos por nutrientes. Ela continua bastante presente, sendo fortemente utilizada como instrumento de educação alimentar e nutricional em escolas, faculdades da área de saúde e consultórios de nutricionistas. Com a criação do Guia Alimentar para a População Brasileira como uma importante ferramenta parte da Política Nacional de Alimentação e Nutrição, objetivando orientar a população brasileira a respeito da melhoria dos hábitos alimentares, ensinando a distribuição dos alimentos pelo seu grau de processamento e a priorizar o consumo de comida in natura e minimamente processada, respeitando a cultura e a regionalidade da população, a pirâmide alimentar deve ser inutilizada e o Guia Alimentar difundido primordialmente como dispositivo de Educação Alimentar e Nutricional. 16 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Flávia Queiroga de. Pirâmide alimentar – equilíbrio alimentar. Museu Escola do IB – Universidade Estadual Paulista – UNESP. Disponível em: https://www2.ibb.unesp.br/Museu_Escola/2_qualidade_vida_humana/Museu2_qualidade_cor po_digestorio3.htm#:~:text=A%20pir%C3%A2mide%20alimentar%20ou%20a,alimentar%20 adaptada%20para%20nossa%20realidade. Acesso em: 28/10/2022. BARBOSA, Roseane Moreira Sampaio, et al. 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Após 26 anos de trabalho, pirâmide dos alimentos não quer se aposentar. O Joio e o Trigo, 2018. Disponível em: https://ojoioeotrigo.com.br/2018/08/apos-26-anos-de-trabalho- piramide-dos-alimentos-nao-quer-se-aposentar/. Acesso em: 28/10/2022. Pirámide Alimenticia. Pirámide Alimenticia de Venezuela. Pirámide Alimenticia. Disponível em: https://piramidealimenticia.org/piramide-alimenticia-de-venezuela. Acesso em: 28/10/2022. SCRINIS, Gyorgy. Nutricionismo: a ciência e a política do aconselhamento nutricional. Editora Elefante, 2021. Google Livros. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=__UvEAAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt- BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0. Acesso em: 28/10/2022. SICONE, Rodrigo. Selo de Alimentação Saudável da Austrália. Rota do Canguru, 2019. Disponível em: https://rotadocanguru.com.br/health-star-rating-selo-de-alimentacao-saudavel- na-australia/. Acesso em: 28/10/2022. SOUTO, Cíntia Vieira. Pirâmide Alimentar – a vitória da política sobre a ciência. 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