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1 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Encéfalo 4M3 – O CRÂNIO E O ENCÉFALO • Anatomia • Ossos e suturas • Meninges • Parênquima • Territórios vasculares • Lesões vasculares ESTRUTURA ÓSSEA DO CRÂNIO – TOMOGRAFIA CEREBRAL – (JANELAS ÓSSEAS) Observe a aparência das suturas do crânio que são irregulares - não deve ser confundido com fraturas que são tipicamente retas Os ossos do crânio se formam separadamente e depois se juntam em suturas – articulação entre os ossos. São feitas para serem rígidas/fixas. Suturas As principais suturas do crânio são as suturas coronal, sagital, lambdoide e escamosa. • A sutura metópica (ou sutura frontal) está presente de forma variável em adultos. • Sutura coronal - une o osso frontal com os ossos parietais sutura sagital - une os 2 ossos parietais na linha média • Sutura lambdoide - une os ossos parietais com o osso occipital • Sutura escamosa - une as escamosas porção do osso temporal com os ossos parietais • Sutura metópica - (se presente) une os 2 ossos fontais FOSSAS CRANIANAS – TC (JANELAS ÓSSEAS) • Fossa craniana anterior - acomoda a parte anterior dos lobos frontais • Fossa craniana média - acomoda os lobos temporais • Fossa craniana posterior - acomoda o cerebelo e o tronco encefálico • Fossa pituitária (pf) - acomoda a glândula pituitária SEIOS NASAIS - TC (JANELAS ÓSSEAS) O seio esfenoidal e as células aéreas etmoidais são contínuos com as vias aéreas nasais as células aéreas da mastóide são contínuas com o ouvido médio Alguns ossos são aerados – temporal nas mastoides, esfenoide, etmoide, seios frontais. Importância: processos inflamatórios. São estruturas que devem estar pretas – cheias de ar, mas se tiver inflamação vai ficar cinza – espessamento mucoso ou acúmulo de líquido dentro dos seios. Os seios frontais são altamente variáveis na aparência. Muitas pessoas não têm seios frontais (imagem inferior). 2 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Seios nasais – TC (janelas ósseas): O espessamento da mucosa é um achado incidental muito comum. Este paciente – que apresentava sintomas de coriza – teve uma TC normal após traumatismo craniano. MENINGES – TC (JANELA PARÊNQUIMA): Pontos chave: o conhecimento da anatomia das meninges é essencial para entender as aparências tomográficas do sangramento intracraniano. As meninges são finas camadas de tecido encontradas entre o cérebro e a tábua interna do crânio. As meninges compreendem: • a dura-máter (camada externa e camada interna) • a aracnóide e • a pia-máter. A dura-máter e a aracnóide são uma unidade anatômica, separadas apenas por processos patológicos. A foice do cérebro e a tenda do cerebelo são dobras espessas das meninges visíveis na tc. Em outros lugares, as camadas meníngeas não são visíveis na tc, pois estão aplicadas de perto na tábua interna do crânio. Meninges: - TC (janela parênquima): • Dura-máter = camada externa resistente, aplicada de perto à mesa interna do crânio Está logo acima do periósteo, tábua interna do crânio. Reveste todo sistema nervoso – desde cérebro até medula sacral. • Aracnóide = camada fina aplicada intimamente à dura-máter • Espaço subaracnóideo = espaço entre a aracnóide e a pia-máter que contém delicado tecido conjuntivo trabeculado e LCR • Pia mater = camada muito fina aplicada na superfície do cérebro Biconvexa – em cima, colado à dura – limão – epidural. Subdural – entre as duras – forma de foice. Subaracnoide – vai se entremeando. Meninges – TC (janela parênquima): • A tenda do cerebelo - uma dobra interna da dura-máter - forma uma folha semelhante a uma tenda que separa o cérebro (cérebro) do cerebelo • O tentório é ancorado pelos ossos petrosos. • Em imagens de tc de corte axial do cérebro, o tentório é levemente visível passando sobre o cerebelo. • No contexto de hemorragia subaracnóidea ou hematoma subdural, a tenda pode tornar-se mais densa devido à camada de sangue. Meninges – TC (janela parênquima): 3 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P • A foice é uma dobra interna das meninges que fica na linha média e separa os hemisférios cerebrais esquerdo e direito. • Processos patológicos podem causar 'efeito de massa' com desvio da foice para um lado. • Imagens de tc de corte coronal mostram que a tenda do cerebelo é contínua com a foice do cérebro. • Meningiomas são tumores intracranianos benignos que podem surgir de qualquer parte das meninges, incluindo a foice ou tentório. ESPAÇOS LIQUÓRICOS – TC (JANELA PARÊNQUIMA): O cérebro é cercado por líquido cefalorraquidiano (lcr) dentro dos sulcos, fissuras e cisternas basais. O lcr também é encontrado centralmente nos ventrículos. Os sulcos, fissuras, cisternas basais e ventrículos juntos formam os 'espaços do lcr', também conhecidos como 'espaços extra-axiais'. O lcr é de menor densidade do que a substância cinzenta ou branca do cérebro e, portanto, aparece mais escuro nas imagens de tc. Uma apreciação das aparências normais dos espaços do lcr é necessária para permitir a avaliação do volume cerebral. A superfície do cérebro é formada por dobras do córtex cerebral conhecidas como giros. Entre esses giros existem sulcos, conhecidos como sulcos, que contêm lcr. As fissuras são grandes fendas cheias de lcr que separam as estruturas do cérebro. Os ventrículos são espaços localizados no fundo do cérebro que contêm lcr. Tudo que está entre a pia mater e a aracnoide está preenchido por líquor – amortece o cérebro e limpeza. Líquor é produzido no plexo coroide – pode haver produção excessiva que faz dilatação de ventrículos – hidrocefalia. Espaços liquóricos – TC (janela parênquima): Gyrus = uma dobra da superfície do cérebro (plural = giros). Sulcus = sulco entre os giros que contém lcr (plural = sulcos). A fissura interhemisférica separa os hemisférios cerebrais - as duas metades do cérebro as fissuras silvianas separam os lobos frontal e temporal. Espaços liquóricos – TC (janela parênquima): Os ventrículos laterais emparelhados estão localizados em ambos os lados do cérebro. Os ventrículos laterais contêm o plexo coróide que produz lcr. Nota: o plexo coróide é quase sempre calcificado em adultos. O terceiro ventrículo está localizado centralmente. Os ventrículos laterais se comunicam com o terceiro ventrículo através de pequenos orifícios (forames de monro). O quarto ventrículo está localizado na fossa posterior entre o tronco encefálico e o cerebelo. Ele se comunica com o terceiro ventrículo acima através de um canal muito estreito, o aqueduto de sylvius (não mostrado). O lcr nas cisternas basais envolve as estruturas do tronco cerebral. PARÊNQUIMA CEREBRAL – TC (JANELA PARÊNQUIMA): O cérebro consiste em estruturas de substância cinzenta e branca que são diferenciadas na tc por diferenças de densidade. A substância branca tem um alto conteúdo de axônios mielinizados. A substância cinzenta contém relativamente poucos axônios e um número maior de corpos celulares. Como a mielina é uma substância gordurosa, ela é de densidade relativamente baixa em comparação com a massa cinzenta celular. A matéria branca, portanto, parece mais negra do que a substância cinzenta. O cérebro tem áreas anatômicas bilaterais emparelhadas ou 'lóbulos'. Estes não se correlacionam exatamente com os ossos sobrepostos dos mesmos nomes. A tc não mostra claramente as bordas anatômicas dos lobos do cérebro. Por esta razão, os radiologistas frequentemente se referem a 'regiões', como a 'região parietal' ou 'região temporal', em vez de lobos. Região' ou 'região parieto-occipital' Parênquima Cerebral – TC (janela parênquima): A substância branca está localizada centralmente e parece mais negra do que a substância cinzenta 4 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P devidoà sua densidade relativamente baixa. Processos patológicos podem aumentar ou diminuir a diferenciação em densidade entre substância cinzenta e branca Substancia branca – preta. Substancia cinzenta – mais branca, mais densa. Parênquima Cerebral – TC (janela parênquima): Em ambos os lados, os lobos frontais são separados dos lobos parietais pelo sulco central (setas) nota: os lobos frontais são grandes e os lobos parietal e occipital são relativamente pequenos. As partes mais anteriores dos lobos frontais ocupam as fossas cranianas anteriores. Os lobos temporais ocupam as fossas cranianas médias. O cerebelo e o tronco cerebral ocupam a fossa posterior. O lobo parietal não é claramente delineado da região temporal ou occipital. Parênquima Cerebral – TC (janela parênquima): A substância cinzenta do córtex cerebral é formada em dobras chamadas giros. Observe que o córtex parece mais branco (mais denso) do que a substância branca subjacente. A ínsula forma uma superfície interna do córtex cerebral encontrada profundamente à fissura silviana. A perda de definição do córtex insular pode ser um sinal precoce de infarto agudo envolvendo o território da artéria cerebral média. O tálamo e os gânglios da base são facilmente identificáveis com a tc. Gânglios da base = núcleo lentiforme + núcleo caudado. Insultos aos gânglios da base podem resultar em distúrbios do movimento. Insultos ao tálamo podem resultar em síndrome de dor talâmica. Quando tem isquemia, morre célula: há rotura da parede celular, extravasamento do líquido da célula e isso causa reação inflamatória. Isso puxa água para aquele meio causando edema daquela região. Se tem edema na TC, fica mais preto – perde a diferenciação entre substância branca e cinzenta. Parênquima Cerebral – TC (janela parênquima): A matéria branca do cérebro encontra-se profundamente à matéria cinzenta cortical. As cápsulas internas são estreitos tratos de substância branca que contêm um grande número de axônios conectando a corona radiata e a substância branca do hemisfério cerebral superiormente ao tronco cerebral inferiormente. Cada cápsula interna tem um ramo anterior e um ramo posterior conectados no 'genu' (asteriscos). As cápsulas internas são supridas por ramos perfurantes das artérias cerebrais médias. Como esses vasos são pequenos, eles são suscetíveis a infartos lacunares. Mesmo um pequeno insulto à cápsula interna pode ter um efeito profundo na função motora e sensorial. Parênquima Cerebral – TC (janela parênquima): Imagens sagitais de tc mostram o corpo caloso como uma estrutura da linha média arqueando de anterior para posterior. Superiormente à cápsula interna, a substância branca se expande para a corona radiata e depois para a substância branca dos hemisférios cerebrais. A corona radiata de cada lado é interconectada através do corpo caloso. A parte anterior do corpo caloso é chamada de joelho e a parte posterior é chamada de esplênio. As lesões malignas do cérebro podem crescer de um hemisfério cerebral para o outro através do corpo caloso. Em outros lugares, a foice atua como uma barreira relativa à invasão direta. 5 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Fossa posterior – TC (janela parênquima): O tronco encefálico e o cerebelo ocupam a fossa posterior. O software de imagem permite a visualização das estruturas do cérebro em diferentes planos. O plano sagital pode ser útil para mostrar a anatomia do tronco cerebral. Observação: a ressonância magnética pode ser necessária se houver preocupação específica em relação à patologia do tronco cerebral. Tronco: Pode ter hemorragia e causar parada cardiorrespiratóira TERRITÓRIOS VASCULARES - TC (JANELA PARÊNQUIMA): Diferentes áreas do cérebro são supridas pelas artérias cerebrais anterior, média e posterior em uma distribuição previsível. As estruturas da fossa posterior são supridas pelas artérias vertebrobasilares. As artérias do cérebro não são bem visualizadas na tc convencional, mas o conhecimento das áreas do cérebro que elas suprem é útil para determinar a origem de um insulto vascular. As artérias cerebral e vertebrobasilar suprem regiões do cérebro em uma distribuição previsível. As artérias cerebrais anteriores suprem uma faixa estreita dos hemisférios cerebrais adjacentes à linha média. A artéria cerebral média supre a maior área do cérebro. Múltiplos pequenos ramos perfurantes da artéria cerebral média suprem a região dos gânglios da base e da ínsula. As artérias vertebrobasilares suprem o cerebelo e o tronco encefálico. Territórios vasculares - TC (janela parênquima): ACA: lobo frontal, e um pouco do parietal. ACM: irriga a maior parte do encéfalo, núcleos da base. ACP: tálamos, parietais e occipitais. Artéria cerebelar posterior inferior (PICA em azul) O território da PICA está na superfície occipital inferior do cerebelo e está em equilíbrio com o território da AICA em roxo, que está na face lateral. Quanto maior o território do pica, menor o aica e vice-versa. AICA: pct ouve zumbido – relacionado com o nervo vestibulococlear Artéria cerebelar superior (sca em cinza) O território sca está na superfície superior e tentorial do cerebelo. Ramos da artéria vertebral e basilar esses ramos suprem a medula oblonga (em azul) e a ponte (em verde). Artéria coróide anterior (acha em azul) o território da acha faz parte do hipocampo, o ramo posterior da cápsula interna e se estende para cima até uma área lateral à parte posterior da célula média. Artérias lentículo-estriadas 6 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P As lsa's laterais (em laranja) são artérias de penetração profunda da artéria cerebral média (acm). Seu território inclui a maior parte dos gânglios da base. Os lsa mediais (indicados em vermelho escuro) surgem da artéria cerebral anterior (geralmente o segmento a1). A artéria de heubner é a maior das artérias lenticuloestriadas mediais e supre a parte anteromedial da cabeça do caudado e a cápsula interna anteroinferior. Artéria cerebral anterior (aca em vermelho) O aca supre a parte medial do lobo frontal e parietal e a porção anterior do corpo caloso, gânglios da base e cápsula interna. Os núcleos da base são as áreas que mais fazem hemorragias. Artéria cerebral média (mca em amarelo) Os ramos corticais da acm suprem a superfície lateral do hemisfério, exceto a parte medial do lobo frontal e parietal (artéria cerebral anterior) e a parte inferior do lobo temporal (artéria cerebral posterior). As ramificações lsa de penetração profunda são discutidas acima. Artéria cerebral posterior (pca em verde) P1 se estende desde a origem do pca até a artéria comunicante posterior, contribuindo para o polígono de willis. As artérias talamoperfurantes posteriores ramificam-se do segmento p1 e fornecem sangue ao mesencéfalo e ao tálamo. Ramos corticais do pca suprem a parte inferomedial do lobo temporal, pólo occipital, córtex visual e esplênio do corpo caloso. Pica - imagens de tc de um infarto arterial cerebelar inferoposterior do lado esquerdo. Observe a extensão posterior. O infarto foi resultado de uma dissecção (seta azul). Morte celular que provoca edema – rompeu a célula espalhou líquido – reação inflamatória. Líquido é preto. T2 – brilha. Imagens de rm de um infarto pica do lado esquerdo. Nos infartos unilaterais há sempre um delineamento nítido na linha média porque os ramos vermianos superiores não cruzam a linha média, mas têm um curso sagital. Esse delineamento nítido pode não ser evidente até a fase tardia do infarto. Na fase inicial, o edema pode cruzar a linha média e criar dificuldades diagnósticas. Os infartos no nível pontino são geralmente paramedianos e nitidamente definidos porque os ramos da artéria basilar têm um curso sagital e não cruzam a linha 7 Laís Flauzino| DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P média. Infartos bilaterais raramente são observados porque esses pacientes não sobrevivem o suficiente para serem estudados, mas às vezes pequenos infartos bilaterais podem ser observados. Sca - imagem de rm de um infarto cerebelar na região da artéria cerebelar superior e também no tronco cerebral no território do pca. Observe a limitação da linha média Aca - artéria cerebral anterior: segmento a1: da origem à artéria comunicante anterior e dá origem às artérias lentículoestriadas mediais (partes inferiores da cabeça do caudado e ramo anterior da cápsula interna). Segmento a2: da artéria comunicante anterior até a bifurcação das artérias pericalosa e calossomarginal. Segmento a3: ramos maiores (porções mediais dos lobos frontais, parte superior medial dos lobos parietais, parte anterior do corpo caloso). Artéria coróide anterior A artéria coróide anterior origina-se da artéria carótida interna. Raramente origina-se da artéria cerebral média. O território da artéria coróide anterior abrange parte do hipocampo, o ramo posterior da cápsula interna e se estende para cima até uma área lateral à parte posterior da célula média. Toda a área raramente está envolvida em infartos de acha. O ramo posterior da cápsula interna também recebe sangue das artérias lenticuloestriadas laterais. Infarto incomum na região do hipocampo. Parte do território da artéria coróide anterior e o pca estão envolvidos. Liquor preto, edema líquido dentro do parenquima brilhando. ARTÉRIA CEREBRAL MÉDIA A acm possui ramos corticais e ramos penetrantes profundos, chamados de artérias lentículo-estriadas laterais. O território das artérias perfurantes lentículo- estriadas laterais da acm é indicado com uma cor diferente do restante do território da acm por ser uma área bem definida suprida por ramos penetrantes, que podem estar envolvidos ou poupados em infartos separadamente do território cortical principal do mca. Imagem t2w de um paciente com infarto no território da artéria cerebral média (acm). Observe que as artérias perfurantes lentículo-estriadas laterais da acm também estão envolvidas (seta laranja). Imagens de infarto hemorrágico na área dos ramos lenticuloestriados perfurantes profundos da ACM. 8 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P O infarto na TC tem que estar preto – baixa densidade, edemaciado, acúmulo de líquido. As vezes podemos ver imagem onde a densidade não está tão preta como deveria estar – infarto de núcleo da base como na figura tinha que estar preto homogêneo, mas na imagem está branco, com densidade se aproximando muito da densidade do córtex. Se a densidade está mais alta do que o edema que devia estar pode ser calcificação ou sangue – por isso faz sequencia de densidade de prótons. Tem halo de edema envolta da hemorragia – está cicatrizando. Imagens de tc aprimoradas de um paciente com infarto no território da artéria cerebral média (acm). Há extenso realce giral (perfusão de luxo). Às vezes, essa perfusão de luxo pode levar à confusão com realce tumoral. Foi injetado contraste – tudo o que é denso é contraste. Há perfusão luxuriante – as veias corticais captam o contraste contornando o espaço subaracnóide. Essa perfusão de luxo não irriga nada do parênquima que já morreu. Tudo preto que é território da ACM já infartou – foi infarto do tronco da ACM. A artéria cerebral média esquerda (mca) é muito densa devido a um trombo - compare com a densidade da mca direita normal. Um sinal de artéria densa pode ser visto antes de qualquer alteração na substância cinzenta e branca infartada. A baixa densidade já é visível na área infartada. Informações clínicas: hemiparesia direita de início agudo A perda de definição da faixa insular é outro sinal de infarto agudo. A faixa insular esquerda não é claramente vista nesta imagem. O paciente apresentou uma hemiparesia direita densa. Informações clínicas: hemiparesia direita de início agudo Sinal da fita insular. Um lado consegue ver o contorno da ínsula – diferença entre substância cinzenta e branca. Do outro lado perdeu o contorno. Vários meses após um evento isquêmico agudo, as células cerebrais na área infartada morreram, deixando uma área de baixa densidade. Esta imagem mostra a aparência típica de um infarto antigo - neste caso, o território direito da mca. Liquefação do parênquima - O parênquima cerebral é reabsorvido – vira líquor. ARTÉRIA CEREBRAL POSTERIOR (PCA) Os avcs profundos ou proximais causam isquemia no tálamo e/ou mesencéfalo, bem como no córtex. Os infartos superficiais ou distais do pca envolvem apenas estruturas corticais (4). Um paciente com perda aguda de visão na metade direita do campo visual. A tc demonstra um infarto no córtex visual contralateral, ou seja, no lobo occipital esquerdo 9 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Apenas cerca de 5% dos acidentes vasculares cerebrais isquêmicos envolvem o pca ou seus ramos (3). Imagens de tc de um paciente com infarto de pca. Observe a perda de diferenciação da substância cinzenta/branca na região do lobo occipital esquerdo Os infartos divisores de águas ocorrem nas zonas limítrofes entre os principais territórios arteriais cerebrais como resultado da hipoperfusão. Existem dois padrões de infartos na zona limítrofe: • infartos da zona limítrofe cortical - infartos do córtex e da substância branca subcortical adjacente localizados na zona limítrofe de aca/mca e mca/pca • infartos da zona limítrofe interna - infartos da substância branca profunda do centrum semioval e corona radiata na zona limítrofe entre as perfurantes lentículo-estriadas e os ramos corticais penetrantes profundos da acm ou na zona limítrofe dos ramos da substância branca profunda da mca e da aca. Infartos lacunares – acontece só de um laco. Avaliar carótida – ocluídas com trombo geralmente. Três imagens consecutivas de tc de um paciente com oclusão da artéria carótida interna direita. A hipoperfusão no hemisfério direito resultou em múltiplos infartos da zona limítrofe interna. Esse padrão de infarto divisor de águas profundo é bastante comum e deve incentivá-lo a examinar as carótidas. Imagens de um paciente com pequenos infartos no hemisfério direito na zona limítrofe profunda (setas azuis) e também na zona limítrofe cortical entre os territórios mca e pca (setas amarelas). Há sinal anormal na carótida direita (seta vermelha) como resultado da oclusão. Em pacientes com anormalidades que possam indicar infartos na zona limítrofe, sempre estude as imagens da artéria carótida para procurar sinais anormais. Infartos grandes na seta amarela e infarto pequeno na seta azul. Seta vermelha mostrando que a artéria está branca e devia estar preta. Outro exemplo de pequenos infartos na zona limítrofe profunda e na zona limítrofe cortical entre os territórios mca e pca no hemisfério esquerdo. 10 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Um exemplo de infartos na zona limítrofe profunda e na zona limítrofe cortical entre os territórios aca e mca. A intensidade de sinal anormal na carótida direita é o resultado de uma oclusão. Essa combinação de descobertas é tão comum que, depois de conhecer o padrão, você o verá muitas vezes. Demência vascular Os infartos lacunares são pequenos infartos nas partes mais profundas do cérebro (gânglios da base, tálamo, substância branca) e no tronco cerebral. Os infartos lacunares são causados pela oclusão de uma única artéria penetrante profunda. Os infartos lacunares representam 25% de todos os acidentes vasculares cerebrais isquêmicos. Aterosclerose é a causa mais comum de infartos lacunares, seguida de êmbolos. 25% dos pacientes com lacunas definidas clínica e radiologicamente tinham uma causa cardíaca potencial para seus acidentes vasculares cerebrais. As lacunas podemser confundidas com outros espaços vazios, como os espaços perivasculares de virchow-robin (vrs) aumentados. Os vrs são extensões do espaço subaracnóideo que acompanham os vasos que entram no parênquima cerebral. O alargamento do vrs geralmente ocorre primeiro ao redor das artérias penetrantes na substância perfurada e pode ser visto em cortes transversais de rm ao redor da comissura anterior, mesmo em indivíduos jovens (5). Imagens de tc e rm ao nível da comissura anterior (setas azuis). Na tc há uma área hipodensa no hemisfério direito, que segue a intensidade do sinal do lcr nas imagens t2w e flair, o que é típico de vrs ampliado. Os infartos lacunares agudos geralmente são invisíveis na tc e só se tornam visíveis dias ou semanas depois. Embora pequenos, os infartos lacunares podem ter consequências clínicas devastadoras. Esta imagem mostra infartos lacunares antigos nos gânglios da base esquerdos e áreas da cápsula interna. Vários episódios anteriores de sintomas neurológicos com início súbito. Nem tudo que brilha em T2 e FLAIR é infarto. Doenças desmielinizantes, tumores, doenças inflamatórias. Sequência de difusão – o liquor dentro do parênquima é difuso – circula no meio do parênquima. Quando há infarto, há restrição – ele acumula, provoca edema. Quando faz sequencia de difusão e o liquor brilha é pq ele está restrito. Nesse caso não é infarto é doença desmielinizante temporária. Pres é a abreviação de síndrome de encefalopatia reversível posterior. Também é conhecida como síndrome de leucoencefalopatia posterior reversível [slpr]. Classicamente consiste em edema vasogênico potencialmente reversível nos territórios da circulação posterior, mas estruturas da circulação anterior também podem estar envolvidas (6). Muitas causas 11 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P foram descritas, incluindo hipertensão, eclâmpsia e pré-eclâmpsia, medicamentos imunossupressores como a ciclosporina. O mecanismo não é totalmente compreendido, mas acredita-se que esteja relacionado a um estado de hiperperfusão, com rompimento da barreira hematoencefálica, extravasamento de fluido potencialmente contendo sangue ou macromoléculas e edema cortical ou subcortical resultante. Os achados de imagem típicos da pres são mais aparentes como hiperintensidade nas imagens flair na substância branca subcortical e cortical frontal parietooccipital e posterior; menos comumente, o tronco encefálico, os gânglios da base e o cerebelo estão envolvidos. São imagens de um paciente com sintomas neurológicos reversíveis. As anormalidades são vistas tanto na circulação posterior quanto nos gânglios da base. Continuar. Há grande variação nos territórios de drenagem venosa. As imagens devem ser consideradas como um guia aproximado Territórios venosos não seguem as artérias. Ausência de fluxo = vaso visível. Trombose venosa cerebral A trombose venosa cerebral resulta da oclusão de um seio venoso e/ou veia cortical e geralmente é causada por um trombo parcial ou uma compressão extrínseca que subsequentemente progride para a oclusão completa (7). Desidratação, gravidez, estado de hipercoagulabilidade e infecção adjacente (por exemplo, mastoidite) são fatores predisponentes. A trombose venosa cerebral é um diagnóstico difícil devido à sua apresentação inespecífica. Frequentemente se apresenta com infarto hemorrágico em áreas atípicas para distribuição vascular arterial. A imagem desempenha um papel fundamental no diagnóstico. Imagem de ressonância magnética com não visualização do seio transverso esquerdo. Como a anatomia venosa é variável, isso pode ser devido à ausência do seio transverso ou trombose. A imagem t1w à direita demonstra claramente que há um seio transverso à esquerda, portanto os achados da arm são decorrentes de trombose. Continue com as próximas imagens. A tc demonstra bem o denso seio transverso trombosado (seta amarela). A imagem flair demonstra o infarto venoso no lobo temporal. Trombose das veias cerebrais profundas 12 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P TROMBOSE DAS VEIAS CEREBRAIS PROFUNDAS A apresentação clínica da trombose do sistema venoso cerebral profundo é a disfunção grave do diencéfalo, refletida por coma e distúrbios dos movimentos oculares e reflexos pupilares. Normalmente, isso resulta em um resultado ruim. No entanto, existem síndromes parciais sem diminuição do nível de consciência ou sinais do tronco encefálico, o que pode levar a erros de diagnóstico iniciais. A trombose do sistema venoso cerebral profundo é uma condição subdiagnosticada quando os sintomas são leves e deve ser suspeitada se a paciente for uma mulher jovem, se as lesões estiverem nos gânglios da base ou no tálamo e principalmente se forem bilaterais. Imagens de um paciente com trombose venosa cerebral profunda. Observe os infartos bilaterais nos gânglios da base. Continuar Há ausência de fluxo vazio nas veias cerebrais internas, seio reto e seio transverso direito (setas azuis). Na angiorm o seio transverso direito não é visualizado