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MILLER
GUIA PARA
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A DISSECÇAO
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DOCAO
TERCEIRA EDiÇÃO
EVANS & de LAHUNTA
-
INfRODUÇAO
A anatomia é o estudo da estrutura e a fisiologia é o estudo da
função. Estrutura e função são inseparáveis como a base da ciência e a
arte da medicina. A anatomia deve conhecer primeiro determinadas
partes do corpo, para que a fisiologia possa apreciar como essas funcio-
nam. A anatomia macroscópica é o estudo das estruturas que podem
ser dissecadas e observadas a olho nu, ou com o auxílio de lupas, e cons-
titui o tema principal deste livro.
A anatomia de uma região com relação a outras regiões do corpo
é designada como anatomia topográfica. A aplicação prática do co-
nhecimento em anatomia no diagnóstico e no tratamento de condições
patológicas denomina-se anatomia aplicada. O estudo de estruturas
extremamente pequenas, que para serem vistas requerem o emprego de
microscópio, refere-se à anatomia microscópica. A observação deta-
lhada de estruturas só é possível por meio do microscópio eletrônico e
constitui a anatomia ultra-estruturaI. Quando um animal adoece ou
alguns de seus órgãos funcionam de modo impróprio, a alteração do
estado normal é estudada pela anatomia patológica. O estudo do de-
senvolvimento do indivíduo desde o oócito fertilizado até o nascimento
é realizado pela embriologia, e aquele do zigoto até a fase adulta, pela
anatomia do desenvolvimento. A teratologia representa o estudo do
desenvolvimento anormal.
ETIMOLOGIA MÉDICA E
NOMENCIATURAANATÔMICA
O estudante de anatomia confronta-se com uma variedade des-
conhecida de tern10S e nomes de estruturas anatômicas. Logo, uma in-
terpretação melhor da linguagem empregada em anatomia faz com que
o estudo seja mais compreensível e interessante. Para a publicação de
trabalhos científicos e a comunicação entre profissionais, o conhecimento
da terminologia anatômica é uma necessidade. Com o intuito de asse-
gurar o entendimento dos termos anatômicos básicos, um dicionário
médico deve estar acessível e ser consultado freqÜentemente. É muito
importante aprender a grafia, a pronúncia e o significado de todos os
termos novos encontrados. As estruturas dos vertebrados são numero-
sas e, muitas vezes, os nomes usuais não são viáveis, podem ser vagos ou
sem sentido. Uma vez que se entenda o porquê, é aconselhável ter um
glossário de termos internacionais que possa ser compreendido por cien-
tistas em todos os países. O aprendizado do vocabulário médico pode ser
auxiliado pela habilidade no emprego das raízes e afixos gregos e latinos.
Nosso vocabulário médico atual tem uma história de mais de 2.000
anos e reflete as influências de vários idiomas. Os primeiros escritos de
anatomia e medicina foram quase que totalmente redigidos em latim e,
como conseqÜência, a maioria das raízes dos termos anatômicos deriva
dessa língua clássica. Os termos latinos são comumente traduzidos para
o vernáculo do profissional que os emprega. ConseqÜentemente, o la-
tim hepar torna-se tiver em inglês,foie em francês, higado em espanhol
e leber em alemão."
Embora a terminologia anatômica procure ser o mais uniforme
possível, uma disparidade nos termos tem-se originado entre os diver-
os campos da pesquisa e entre os diferentes países. Em 1895, um grupo
composto principalmente de anatomistas germânicos sugeriu uma nova
. do T.: Fígad(, em português.
relação de termos, dos quais muitos estão em uso pelo mundo. Tal rela-
ção, conhecida como Basle Nomina Anatomica (BNA), não foi aceita
internacionalmente, porém determinou a base para a presente Nomina
Anatomica (NA), que foi aprovada pelo Congresso Internacional de Ana-
tomistas em Paris, em 1955. Dos 5.640 termos padronizados, mais de 80%
foram mantidos da BNA. A revisão mais recente da Nomina Anatomica
é a quinta edição, publicada pela Editora Williams & Wilkins em 1983.
Os preceitos de nomenclatura a serem seguidos, expressos na
Nomina Anatomica, são para não se fazerem alterações por motivos
puramente pedantes ou etimológicos; manter termos curtos e simples;
dar nomes similares a estruturas intimamente relacionadas; evitar o uso
de epônimos; empregar termos com algum·valor informativo ou descri-
tivo; utilizar adjetivos diferenciais e opostos (por exemplo: superficial
e profundo); adotar termos simples como regra geral e permitir alterna-
tivas somente como exceções; resistir a nominar estruturas insignifican-
tes, mesmo que descobertas ou descritas, e usar o latim para todos os
termos. Os anatomistas, reunidos em comissões, têm dedicado tempo e
reflexão consideráveis, objetivando o aperfeiçoamento da terminologia
anatômica. O Comitê Internacional sobre a Nomenclatura Anatômica
Veterinária, indicado pela Associação Mundial de Anatomistas Veteri-
nários, publicou a Nomina Anatomica Veterinaria dos animais domés-
ticos em 1968. Essa Nomina foi revisada em sua terceira edição, de 1983,
e serve como base para a nomenclatura utilizada neste livro.
TERMOS DE DIREÇÃO
A compreensão dos planos, posições e direções relativas ao cor-
po do animal ou de suas regiões é necessária, a fim de atender aos pro-
cedimentos das dissecções (Fig. I).
PLANO:é uma superfície, real ou imaginária, ao longo da qual doi
pontos quaisquer podem ser conectados por uma linha reta.
Plano mediano: divide longitudinalmente a cabeça, o corpo ou
os membros em metades iguais, direita e esquerda.
Plano sagital: passa através da cabeça, do corpo ou dos membroJ.
paralelamente ao plano mediano.
Plano transversal: corta transversalmente a cabeça, o corpo ou o
membros em um ângulo reto ao longo do seu eixo maior, ou transver-
salmente, através do eixo maior de um órgão ou de uma região anatô-
nuca.
Plano dorsal: passa em ângulos retos aos planos mediano e trans-
versal e, conseqÜentemente, divide o corpo, ou a cabeça, em porçõe"
dorsal e ventral.
DORSAL:na direção ou relativamente próximo ao dorso e às
perfícies correspondentes da cabeça, do pescoço e da cauda; quanto
membros, esse termo está indicado para a face superior do carpo. mer ••
carpo, tarso, metatarso e dedos (lado oposto ao dos coxins).
VENTRAL:na direção de ou relati vamente próximo ao ventre
dome) e às superfícies correspondentes da cabeça, do pescoço. do tóra't
e da cauda. Esse termo nunca deve ser empregado para os membros_
MEDlAL:na direção do ou relativamente próximo ao plano m...."<';~.
no.
LATERAL:estrutura distante ou relativamente afastada do ,ç
mediano.
CRANIAL:na direção da ou relativamente próximo à cabe'-.
membros, usa-se esse termo como proximal para o cafTV' e
Quando se refere à cabeça. o termo é substituído Dor ro·
Plano mediano
2
Plano dorsal
INTRODUÇÃO
ca!Jdal -:>
Plano transversal ----.J
Fig. 1 Termos de direção.
ROSTRAL:na direção do ou relativamente próximo ao nariz; usa-
do somente para a cabeça.
CAUDAL:na direção da ou relativamente próximo à cauda; nos
membros, aplica-se distal para o carpo e o tarso. O mesmo termo tam-
bém é usado com relação à cabeça ..
Os adjetivos para os termos de direção podem ser modificados e
utilizados como advérbios de modo, substituindo-se a terminação -al-
pela terminação -mente-, como em dorsalmente ..
Certos termos, cujos significados são mais restritos, são empre-
gados para a descrição de órgãos ou dos apêndices locomotores.
INTERNo:intimamente relacionado com, ou na direção do centro
de um órgão, da cavidade corpórea ou de uma estrutura anatômica.
EXTERNO:afastado do centro de um órgão ou de uma estrutura.
SUPERHOAL:relativamente próximo à superfície do corpo ou à
superfície de um órgão maciço (parenquirnatoso).
PROFUNDO:relativamente próximo ao centro do corpo ou ao cen-
tro de um órgão maciço.
PROXIMAL:relativamente próximo à raiz ou origem principal; uti-
lizado para a extremidade fixa dos membros e cauda unidos ao corpo.
DISTAL:afastado da raiz ou origem principal; nos membros e cau-
da, usa-se para a extremidade livre.
RADIAL:sobre o lado do antebraço em que o rádio está localiza-
do, logo medialmente nesta região.
ULNAR:sobre o lado do antebraço em que a ulna está localizada,
logo lateralmentenesta região.
TIBIALEFIBULAR:correspondendo aos lados da perna, o lado tibial
sendo medial e o fibular, lateral.
No cão e nas espécies similares, a pata é a região dos membros,
torácico ou pélvico, distal ao rádio e à ulna ou à tíbia e à fi.bula, respec-
tivamente. A mão e o pé no homem são homólogos às extremidades
distais dos membros torácico e pélvico do cão, respectivamente.
PALMAR:face da mão em que os coxins estão localizados - a face
que entra em contato com o solo quando o animal encontra-se com os
quatro membros em estação.
PLANTAR:a face do pé em que os coxins estão localizados, ou seja,
face que entra em contato com o solo quando o animal encontra-se com
os quatro membros em estação. A face oposta para mãos e pés é conhe-
cida como. face dorsal.
EDm: a linha central do corpo ou de qualquer de suas .regiões.
Ax!AL,ABAXIAL:do eixo, pertencente ou relativo ao eixo. Quando
se referir aos dedos, o eixo funcional dos membros deve passar entre o
terceiro e o quarto dedos. A face axial de cada dedo volta-se para o eixo,
enquanto a face abaxial afasta-se dele.
Os termos a seguir são aplicados a vários movimentos básicos
executados por partes do corpo.
FLEXÃo:o movimento,de tim osso com relação a outro, de tal modo
que o ângulo formado por sua articulação é reduzido. O membro está
retraído ou dobrado, e o dorso e os dedos encontram-se curvados dor-
salmente.
EXTENSÃO:o movimento de um osso sobre outro, de maneira que
o ângulo formado por sua articulação aumenta. O membro se alonga ou
estende, e os dedos e o dorso estão alongados. A extensão além de 1800
é denominada hiperextensão.
ABDUÇÃO:o movimenfo de uma porção do corpo afastando-se do
plano mediano.
ADuçÃo: o movimento em direção ao plano mediano.
C1RcuNDuçÃo:o movimento de uma porção do corpo ao descre-
ver a superfície de um cone (por exemplo: o braço estendido desenhan-
do um círculo).
ROTAÇÃO:o movimento de uma porção ao redor do seu eixo lon-
gitudinal (por exemplo: a ação do rádio no antebraço humano ao se usar
uma chave de fenda). A direção de rotação de um membro ou do seg-
mento de um membro sobre seu eixo longitudinal é designada pela di-
reção do movimento de sua face cranial ou dorsal (por exemplo: na ro-
tação medial do braço, a crista do tubérculo maior do úmero gira me-
dialmente).
SUPINAÇÃO:rotação lateral de um apêndice, de maneira que as
faces palmar ou plantar das mãos e pés voltam-se em sentido medial ou
dorsal.
INTRODUÇÃO
Fig. 2 Esqueleto do cão adulto.
PRONAÇÃO: rotação medial de um apêndice da posição supina, de
modo que as faces palmar ou plantar fiquem voltadas ventralmente.
Nas radiografias, a incidência é descrita com relação à direção
de penetração pelos raios X: desde o ponto de entrada até o ponto de
saída de uma parte do corpo. Incidências oblíquas são descritas com uma
combinação de termos (exemplo: uma incidência do carpo com o tubo
de raios X perpendicular à face dorsal e o filme na face palmar será uma
incidência dorsopalmar. Se o tubo de raios X for posicionado na dire-
ção da face dorsomedial do carpo e o filme, na face palmolateral, a in-
cidência será oblíqua dorsomediopalmolateral).
DISSECÇÃO
O cão, quando indicado como uma espécie para dissecção, deve
ser preparado de modo humanitário. É anestesiado com pentobarbital
por punção da veia cefálica, seguindo-se a exsangüinação por meio de
cânula introduzida na artéria carótida comum. Tal método permite a ação
de bombeamento do coração, com a finalidade de esvaziamento dos
vasos sanguíneos, antes da injeção com o líquido conservador, consis-
tindo em 8% de formalina e 2% de fenol em solução aquosa. O líqui
é então injetado sob cinco libras de pressão, por um período de aproxi-
madamente 30 minutos. Após esse procedimento, as artérias são injerz-
das utilizando-se uma seringa de 50 ml com látex vermelho, també~
pela artéria carótida comum. O animal preparado representa um in\'e;;-
timento considerável de material e trabalho e, por isso, deve ser man::-
seado com cuidado, pois facilitará a dissecção e o estudo durante todo
período letivo. Uma gaze com 2% de fenoxietanol, 1% de fenol ou
tro agente antifúngico e um envoltório plástico são indicados para ume-
decer e envolver as extremidades distais dos membros e a cabeça, e cob;:_
todo o cadáver entre os períodos de dissecção. A refrigeração é de gra.;;.-
de auxílio para o armazenamento, porém não é essencial.
Há certas condutas e procedimentos que geralmente são reconhe-
cidos como favoráveis ao aprendizado da anatomia. O propósito da cEs-
secção é o entendimento bem definido das estruturas normais do cof?C
e uma apreciação da variação individual.
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TERCEIRA EDIÇAO
EVANS & de LAHUNTA
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PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO
TORÁCICO
Inicialmente, faça uma incisão da linha médio-ventral, no nível
do membro torácico, até o lado medial da articulação do cotovelo direi-
to. Faça uma incisão circular na pele na junta do cotovelo. Faça inci-
sões na pele das linhas médio-ventral a médio-dorsal, no nível do umbi-
go e na parte cranial do pescoço. Rebata a pele para o plano médio-dor-
sal, deixando os músculos cutâneos e a fáscia superficial no cão.
Na dissecção seguinte de nervos e vasos, as artérias podem ser
reconhecidas pelo látex vermelho que foi injetado no sistema arterial. As
veias, às vezes, conterão coágulos sangüíneos, de coloração escura.
VASOS E NERVOS DO PESCOÇO
No cão, existem oito pares de nervos espinhais cervicais. O pri-
meiro nervo cervical passa pelo forame lateral do atlas. Os nervos res-
tantes passam através dos forames intervertebrais que se sucedem. O
oitavo nervo cervical emerge do forame intervertebral que fica entre a
étima vértebra cervical e a primeira torácica. Imediatamente após dei-
xarem os forames, os nervos se dividem em ramos ventrais grandes e
ramos dorsais pequenos. Os ramos dorsais inervam estruturas dorsais
às vértebras (ver Fig. 93) e não serão dissecados. Ao dissecar nervos, é
útil separar, delicadamente, os tecidos mediante a inserção de uma te-
oura e sua abertura posterior, para afastar os tecidos. Faixas fasciais de
tecido conjuntivo se romperão, mas os nervos em geral resistem. Outro
método para expor nervos consiste em raspar os tecidos moles, seguin-
do o caminho mais provável sobre a superfície de um músculo ou entre
músculos, com uma pinça de ponta fina. Logo que algum nervo seja
visível, siga-o em ambas as direções.
Palpe a asa do atlas e disseque a fáscia próxima à sua borda cau-
doventral, para descobrir o ramo ventral do segundo nervo cervical (Fig.
9), que se encontra ao lado ou profundamente, com relação à borda
audoventral do platisma, que é dorsal à veiajugular externa. Separe a
fáscia que encobre o nervo até encontrá-lo. Ele emerge entre os múscu-
los cleidomastóideo e omotransverso. O ramo ventral do segundo ner-
\'0 cervical divide-se em dois ramos cutâneos: (1) O grande nervo au-
ricular estende-se em direção à orelha. Ele se ramifica e inerva a pele
do pescoço, da orelha e atrás da cabeça com ramos sensoriais. Rastreie
o nervo até o ponto permitido pelas reflexões musculares e cutâneas
presentes. (2) O nervo cervical transverso ramifica-se na pele da parte
ranioventral do pescoço, e não precisa ser dissecado.
A veia jugular externa (Fig. 90), bilateralmente no pescoço, é
formada pelas veias linguofacial e maxilar. O corpo ovóide que se en-
contra na bifurcação formada por aquelas veias é a glândula salivar
mandibular (ver Fig. 13). Os linfonodos mandibulares (ver Fig. 13)
encontram-se em ambos os lados da veia linguofacial, ventralmente à
glândula salivar mandibular.
Aplique uma ligadura e seccione transversalmente a veia jugu-
lar externa aproximadamente em sua metade, rebatendo cada extremi-
dade. Em algumas espécies, as veias omobraquial e cefálica (Fig. 90)
podem ser observadas entrando na veia jugular, após cruzarem o om-
bro. Elas podem ser seccionadase rebatidas. Livre o músculo ester-
::locefálico e seccione-o a 3 cm de sua origem. Rebata o músculo cra-
niodorsalmente, até um ponto cranial ao local onde o segundo nervo cer-
ical o cruza. Seccione o braquiocefálico transversalmente, 1cm cranial-
mente à interseção clavicular. Rebata-o em direção a suas inserções
cervical e mastóidea.
Os linfonodos cervicais superficiais encontram-se em uma pe-
quena área de tecido, cranial ao ombro. Eles se localizam profundamente
às partes cervicais dos músculos braquiocefálico e omotransverso, e
recebem drenagem linfática da área cutânea da cabeça, do pescoço e do
membro torácico.
O nervo acessório ou 11." nervo craniano (Fig. 90) é um nervo
grande, encontrado profundamente às partes craniais do músculo ester-
nocefálico. À medida que ele emerge do cleidomastóideo, cruza o se-
gundo nervo cervical, corre ao longo da borda dorsal do orno transverso
e termina na parte torácica do trapézio. Disseque o espaço entre o trapé-
zio e o cleidocervical e identifique esse nervo passando caudalmente ao
trapézio. O nervo acessório é o único nervo motor do trapézio. Além
disso, ele inerva, em parte, o orno transverso e as porções mastóidea e
cervical çlo braquiocefálico e do estemocefálico.
Libere a borda ventral do omotransverso e a levante. Procure pelos
ramos ventrais dos terceiro, quarto e quinto nervos cervicais (Fig. 89),
que estão distribuídos de maneira segmentar para os músculos e a pele
do pescoço. O terceiro e o quarto nervos, após emergirem dos forames
intervertebrais, passam através da fáscia profunda e do omotransverso.
Pode ser difícil identificar cada nervo cervical, e não é necessário fazê-lo.
Seccione o estemoióideo e esternotireóideo, que estão fundidos,
a uns 2 cm de sua origem, e rebata-os até as suas inserções. Partes da
traquéia, da laringe, da glândula tireóide, do esôfago e da bainha da
carótida estão expostas. Identifique essas estruturas em seu espécime.
Note a artéria carótida comum dorsal ao estemotireóideo. Colado ao seu
lado medial, está o tronco do nervo vagossimpático. O linfonodo re-
trofaríngeo medial (ver Fig. 13) encontra-se no lado oposto à laringe,
ventrolateralmente à bainha da carótida.
TÓRAX
Vasos superficiais e nervos
da parede torácica
Antes de dissecar as veias e nervos torácicos, estude as Figs. 91
e 94, que mostram o padrão de distribuição dessas estruturas. Note que
a artéria e o nervo de cada espaço intercostal dividem-se em ramos dor-
sais e ventrais. Os ramos dorsais entram nos músculos epaxiais. Os ra-
mos ventrais descem os espaços intercostais, junto à borda caudal de cada
costela. Os ramos arteriais dorsais e ventrais derivam das artérias inter-
costais dorsais. As três primeiras artérias intercostais vêm de um ramo
do tronco costocervical, e as nove restantes vêm da aorta. As attérias e
veias intercostais dorsais têm ramos cutâneos laterais que perfuram os
músculos intercostais e adjacentes para irrigar estruturas cutâneas, in-
cluindo as glândulas mamárias torácicas. As artérias e veias intercos-
tais dorsal passam ventralmente, onde se anastomosam com os ramos
e/ou tributárias intercostais ventrais da artéria e das veias torácicas in-
ternas, respectivamente. Na superfície ventral de cada espaço intercos-
tal, ramos perfurantes dos vasos torácicos internos emergem e suprem
estruturas cutâneas e as glândulas mamárias torácicas.
68 PESCOÇO, TÓRAX E :MEMBRO TORÁCICO
(I
- - Esternocefálico
- - -Cleidomastóideo
I
I
Tronco
vagossimpáticoI
I
Omotransversal
Fig. 89 Ramos ventrais dos nervos espinhais cervicais que emergem da musculatura cervical.
Os ramos nervosos dorsais e ventrais derivam de cada nervo es-
pinhal, à medida que ele emerge do forame intervertebral. Os ramos
ventrais dos primeiros 12 nervos torácicos são nervos intercostais e têm
ramos cutâneos laterais e ventrais e ramos mediais. Estes é que vão
majoritariamente para os músculos.
Fileiras de ramos cutâneos laterais e dorsais dos nervos intercos-
tais, das artérias e veias emergem a intervalos regulares entre as costelas
e suprem o músculo cutâneo, o tecido subcutâneo e a pele. Os nervos do
lado dorsal vêm dos ramos dorsais dos nervos torácicos. Uma fileira de
ramos cutâneos ventrais emerge pela origem do músculo peitoral profun-
do, após penetrar as suas terminações ventrais nos espaços intercostais.
Esses vasos são ramos perfurantes da artéria 'e da veia torácicas internas.
Os nervos são ramos terminais dos nervos intercostais. Embora eles emer-
jam em intervalos regulares, nem todos serão vistos na dissecção.
A mama torácica cranial é suprida pelos quarto, quinto e sexto
vasos cutâneos ventrais e laterais respectivos e nervos, bem como por
ramos dos vasos torácicos laterais. Os últimos são vasos suplementa-
res, que serão dissecados mais tarde.
A mama torácica caudal é suprida de maneira semelhante à
anterior, pelos sétimo e sexto nervos e vasos cutâneos torácicos. Além
disso, ramos mamários dos vasos epigástricos superficiais craniais su-
prem essa mama.
A axila é o espaço localizado entre o membro torácico e a parede
torácica. Suas delimitações ventrais são os músculos peitorais, e dor-
salmente seu limite é a inserção do serrátil ventral na escápula. Cranial-
mente, estende-se abaixo dos músculos que vão do braço ao pescoço
Caudal mente, uma extensão semelhante é encontrada abaixo dos mú
culos grande dorsal e cutâneo do tronco.
A artéria, a veia e os nervos torácicos laterais emergem dE
axila, entre o grande dorsal e os músculos peitorais profundos. O nen',
é motor para o cutâneo do tronco e pode ser encontrado em sua bordE
ventral. Consiste em fibras dos ramos ventrais do oitavo nervo cerviez
e do primeiro nervo torácico espinhal. Os vasos suprem o músculo. E
pele e os tecidos subcutâneos, incluindo a mama torácica crania!. Even-
tualmente, se esses vasos e nervos não forem prontamente identific.a-
dos em sua dissecção, você poderá encontrá-Ios mais tarde, quando 05'
vasos auxiliares e o plexo braquial estiverem dissecados.
Seccione os músculos peitorais próximos ao estemo. Rebata-05'
em direção ao membro torácico para expor a axila.
O linfonodo axilar encontra-se dorsalmente ao músculo peitcr
ral profundo e caudalmente à grande veia axilar, que vem do braço ..~~
maioria dos vasos linfáticos da parede torácica e de estruturas pro
das do membro drena para este nodo.
Cão vivo
Palpe as estruturas no pescoço, ventrais às vértebras cervicais ....•
laringe e a traquéia são prontamente palpáveis. O esôfago é geralmen~
muito mole para ser sentido, mas deve estar à esquerda da traquéia, c::
região médio-caudal cervical. Tente palpar o pulso na artéria carótie
PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÃCICO 69
N. grande auricular (cervical li)
- - N. radial, ramo superficial
N. cervical
I transverso
I
I
V. jugular externa
- - - - - V. omobraquial
- - - - V. axilobraquial
- - - - - V. cefálica
- -- M. cleidobraql.!ial
N. acessório
A. e v. antebraquiais craniais superfiçiais
V. mediana cubital
- - -. N. cutâneo braquiallateral
cranial (Axilar) - --
- - - V. cefálica
A. e v. cervicais superficiais
I
I
I
N. cervical, ramo cutâneo medial
N. antebraquial cutâneo
caudal (Vlnar)
N. intercostal 111, -
ramo cutâneo
ventral
M. tríceps
(cabeça lateral)
A. e v. circunflexas
umerais caudais
N. torâcico li,
ramo cutâneo lateral
N. intercostobraquial - ~ ..,
V. e a. subescapular,
ramos cutâneos
V. e a. torác;cas internas,
111ramo cutâneo ventral
A. e v. cervicais profundas, -
ramos cutâneos
Fig. 90 Estruturas superficiais da escápula e do braço, face lateral.
Ela costuma seguir juntamente ao lado dorsolateral da traquéia, mas está
muito profunda para permitir que se sinta um puIso regularmente. Cranial-
mente, sinta a glândula salivar mandibular firme e ovalada e os linfono-
dos mandibulares menores e mais soltos. Os últimos podem ser sentidos
subcutaneamente, no ângulo da mandíbula. Caudalmente, no pescoço,
sinta os linfonodos cervicais superficiais, craniais ao ombro e profundos
aos músculos omotransverso e braquiocefálico.Estenda o pescoço e com-
prima os vasos que entram no tórax, pelo acesso torácico, tentando
distender a veiajugular externa, para deixá-Ia visível. Isso é mais difícil
de se observar em raças com pêlos longos, sem remover antes os pêlos.
Vasos e nervos profundos da
parede torácica
Exponha as origens lombares e costais do oblíquo abdominal
externo e desprenda-as. Rebata o músculo ventralmente ao reto abdo-
mina!. Rebata a mama, se for necessário. Libere a fixação torácica do
reto abdominal, perto do esterno, e a primeira cartilagem costa!. Rebata
o reto abdominal caudalmente, notando e cortando quaisquer nervos ou
vasos que entrem na face profunda do músculo, no nível de qualquer
um dos espaços intercostais.
A artéria epigástrica cranial é um ramo terminal da artéria to-
rácica interna, que emerge do tórax no ângulo entre o arco costal e o
esterno. Ela passa caudal mente na face profunda do reto abdominal. A
artéria epigástrica cranial dá origem à artéria epigástrica cranial su-
perficial (ver Fig. 125), que perfura o músculo reto e corre caudalmen-
te sobre a sua superfície. Essa artéria supre a pele acima do reto abdo-
minal e da mama abdominal crania!. Os vasos epigástricos craniais con-
tinuam na superfície profunda do reto abdomina!. A maioria de seus ra-
mos termina nesse músculo.
Faça incisões sagitais completas pela parede torácica, a I cm do
plano mediano ventral de cada lado. Essas incisões devem estender-se
70 PESCOÇO, TÓRAX E lVIEMBRO TORÃCICO
Ramo cutâneo lateral
Ramo cutâneo lateral -
Intercostal interno --
- - - Aorta
A.
intercostal
dorsal
Fig. 91 Transecção esquemática da parede torácica para mostrar a distribuição de uma artéria intercostal.
/
/
Aorta
Ramos intercostais ventrais
A. intercostal
Ramo cutâneo lateral
A. torácica interna
/
/."
/
/
/
/
: r Ramo cutâneo lateral
~ / Intercostal interna
Ramos dorsais
Vértebra torácica VII
Intercostal
interna
Intercostal externa
Fig. 92 Artérias intercostais vistas no interior da caixa torácica.
PESCOÇO, TÓRAX E :MEMBRO TORÂCICO 71
I
I
Ramo comunicante
para o tronco
simpático
Ramo cutâneo ventral
Ramo ventral - I;
N. intercostal --
Intercostal interno
Ramodorsal
Ramo lateral ,
Ramo cutâneo
lateral
Ramo cutâneo lateral --
Fig. 93 Esquema de um nervo espinhal torácico.
N. torácico, ramo cutâneo,
e ramos cutâneos laterais
das a. e v. intercostais Tronco cutâneo
A e v. epigástricas craniais
superficiais
N. intercostal,
ramo cutâneo lateral
Ramos perfurantes da artéria e da veia torácicas,
e n. intercostal, ramo cutâneo ventral
I
I
I
I
1
A, v. e n. torácicos laterais
- - A e v. subescapulares,
ramos cutâneos
N. intercostobraquial,
h_ 2' n. intercostal,
ramo cutâneo lateral
Fig. 94 Vasos e nervos superficiais do tórax, face lateral direita.
72 PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO
2' vértebra torácica
Es6fago
A. subclávia esquerda
Tronco braquiocefálico
Cavidade pleural
Timo
3' esternebra
M. longo do pescoço
Traquéia
Veia cava cranial
Pulmão direito, lobo cranial
Pleura pulmonar
Pleura parietal costal
Pleura parielal mediastínica
Mediastino cranial
Fig. 95 Secção transversal esquemática do tórax através do mediastino cranial, face caudal.
Aorta
Mediastino dorsal
Lobo caudal
Ligamento pulmonar esquerdo
Mediastino médio
Lobo cranial do pulmão esquerdo, parte caudal
Pleura pulmonar
Pericárdio seroso parietal
Pericárdio fibroso
Pleura pericárdica mediastínica
Cavidade pericárdica
Pericárdio visceral seroso (epicárdio)
Esterno, 5"segmento
6' vértebra torácica
V. ázigos
Esôfago
Lobo caudal
Lobo acessório
Veia cava caudal
Prega da veia cava
Pleura pulmonar
Pulmão direito, lobo médio
Pleura parietal costal
Fig. 96 Secção transversal esquemática do tórax através do coração, face caudal.
PESCOÇO, TÓRAX E JYIEMBRO TORÂCICO 73
Brônquios
Superfície diafragmática __ ~
. 1
Lobo caudal __ J
I
I
I
I
1
L __
Parte cranial do
lobo cranial
Parte caudal do
lobo cranial
L __
A. pulmonar
Vv. pulmonares
r-
I
,
S A
r- -
I
I I
, I
,o alR
Sulco aórtico - - l
I
I
I
Ligamento pulmonar __ ,
R G E 'M
m
Fig. 97 Pulmão esquerdo, face media!.
- Baço
- - Diafragma
+.- - 13' costela
- - - - Estômago
Pulmão, lobo caudal
, Lobo acessório do pulmão direito
Coração
Pulmão, parte caudal do lobo cranial
6' costela-
Pulmão, parte cranial
do lobo cranial
Tronco costocervical _
. Fig. 98 Vísceras torácicas no interior da caixa torácica, face lateral esquerda.
a partir do acesso torácico, através da oitava cartilagem costa!. O mús-
culo transverso torácico se encontra na superfície interna do esterno e
das cartilagens costais. Conecte as terminações caudais das incisões to-
rácicas sagitais direita e esquerda e libere o estemo, exceto na prega larga
e fina do mediastino, que é agora a única junção.
Na metade direita do tórax, limpe e seccione a origem do grande
dorsal e rebata-a em direção ao membro torácico. Localize e seccione a
porção caudal de origem do serrátil ventral, expondo as costelas. Co-
meçando no arco costal e utilizando cortadores de osso, corte as coste-
las próximo de suas articulações vertebrais com o tórax, sem danificar
o tronco simpático. Rebata a parede torácica sem removê-Ia. À medida
que isso é feito, corte as junções do oblíquo abdominal interno do trans-
verso abdominal e do diafragma com as costelas, junto ao arco costa!.
Rebata a parede torácica esquerda de maneira semelhante.
Na superfície interna da parede torácica, note os vasos e ner-
vos intercostais, correndo junto à borda caudal das coste!as. Ventral-
mente, os vasos se bifurcam e anastomosam com os ramos intercos-
tais da artéria torácica interna, o mesmo ocorrendo com a veia cor-
respondente. Os nervos intercostais suprem a musculatura intercos-
tal. Seus ramos sensoriais foram considerados como ramos cutâneos
lateral e ventral.
A pleura (Figs. 95, 96) é uma membrana serosa que cobre os
pulmões e delineia as paredes do tórax. As pleuras formam sacos direi-
to e esquerdo, que alojam as cavidades pleurais.
74 PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO
_ A. vertebral
~ ~ Pulmão, lobo craníal
--Impressão cardíacaIII6ª costela
I
I
I
Pulmão, lobo médio
Pulmão, lobo caudal
I
I
Fígado' I
Diafragma
I
Estômago'
Fig. 99 Vísceras torácicas no interior da caixa torácica, face lateral direita.
A pleura pulmonar reveste as superfícies dos pulmões, seguin-
do todas as suas pequenas irregularidades, bem como as fissuras que
dividem os dois lobos.
A pleura parietal é ligada à parede torácica pela fáscia endoto-
rácica e pode ser dividida em partes costal, diafragmática e mediastíni-
ca. Cada uma dessas partes é denominada de acordo com a região ou
superfície que cobre. Todas são contínuas entre si. A pleura costal co-
bre as superfícies internas das costelas e dos músculos intercostais. As
pleuras mediastínicas revestem os lados da divisão entre as duas cavi-
dades pleurais. O mediastino inclui as duas pleuras mediastínicas e o
espaço entre elas. Localizados no mediastino estão o timo, os linfono-
dos mediastínicos, o coração, a aorta, a traquéia, o esôfago, os nervos
vagos e outros nervos e vasos. A pleura mediastínica pericárdica é a
porção que cobre o pericárdio e o coração.
O mediastino pode ser dividido em uma parte cranial, encontra-
da cranialmente ao coração; uma parte média, que contém o coração; e
uma parte caudal, encontrada caudalmente ao coração. O mediastino
caudal é estreito. Ele se liga ao diafragma à esquerda do plano mediano.
Cranialmente, é contínuo com o mediastino médio.
Note a passagem do esôfago pelo mediastino e pelo hiato esofá-
gico do diafragma. No hiato esofágico, uma camada delgada de pleura
e de tecido conjuntivo prende o esôfago ao músculo do diafragma.
A prega de veia cava é uma dobra frouxa de pleura derivada da
porção mediastínica direita do saco pleural que circunda a veia caudal.
A raiz do pulmão é composta pela pleural e pelos brônquios, vasos e ner-
vos que entram ou saem do pulmão. Aqui, a pleura mediastínica parietal
é contínua com a pleura pulmonar.Caudalmente ao hilo, essa conexão
forma uma borda livre, conhecida como ligamento pulmonar (Figs. 96,
97), localizado entre o lobo caudal do pulmão e o mediastino, no nível
do esôfago. Observe esse ligamento. Em cirurgia torácica, o ligamento
tem que ser seccionado, para rebater o lobo caudal do pulmão.
O timo (Figs. 98, 99, 105) é uma estrutura bilobar e compacta,
situada no mediastino cranial. É maior no cão jovem e, geralmente, se
atrofia com a idade, até que restem apenas traços de sua estrutura. Quan-
do no pico máximo do seu desenvolvimento, a parte caudal do timo é
moldada na superfície cranial do pericárdio.
A artéria torácica interna (Figs. 100-105) deixa a artéria sub-
clávia, corre ventrocaudalmente no mediastino cranial e perde indivi-
dualidade anatômica junto à borda crania! do músculo transverso torá-
cico. Ela emite muitos ramos para estruturas adjacentes, tais como o
nervo frênico, o timo, a pleura mediastínica e os espaços intercostais.
Têm sido observados ramos perfurantes para as estruturas superficiais
do terço ventral do tórax. Anastomoses com as artérias intercostais, no
lado medial da parede torácica, foram vistas. Próximo à inserção do arco
costal com o estemo, a artéria torácica interna termina nas artérias mus-
culofrênica e epigástrica cranial maior. A última foi dissecada juntamente
com o seu ramo epigástrico cranial superficial. A artéria musculofrê·
nica corre dorsolateralmente, no ângulo formado entre o diafragma e
parede torácica lateral. Disseque a sua origem. Corte o mediastino
rebata o esterno cranialmente.
Os pulmões
O pulmão esquerdo (Figs. 97-99) é dividido em lobos cranial
caudal, por fissuras profundas. O lobo cranial é ainda subdividido elL
partes cranial e caudal. O pulmão direito (Figs. 98 e 99) é dividido elL
lobos cranial, médio, caudal e acessório. Uma parte do lobo acessó-
rio pode ser vista tanto através do medias tino caudal como junto à pre-
ga da veia cava caudal, onde se encontra no espaço entre estas duas ec-
truturas.
Examine a impressão cardíaca do pulmão direito, no quarto ~
no quinto espaços intercostais. O ápice da impressão é contínuo com _
fissura entre os lobos pulmonares cranial e médio. Uma área maior
convexidade ventral do coração é exposta no lado direito. O ventrícul
direito ocupa essa área do coração e é acessível à perfuração cardía
nesse lado.
Remova os pulmões seccionando todas as estruturas que pene-
tram o hilo. No lado direito, isso envolverá o desligamento do lobo aces-
sível sobre a veia cava caudal. Faça a secção longe o suficiente do COr2.-
ção, para que os nervos que cruzam o coração não sejam cortados, fi;
faça-a também perto o suficiente para que os lobos pulmonares não <:.~-
jam removidos individualmente.
Examine as estruturas que se inserem nos pulmões. A traqué:-
bifurca-se em brônquios principais direito e esquerdo. A carina é :.
partição entre eles, na sua origem da traquéia. Cada brônquio princi
divide-se em brônquios lobares que suprem os lobos do pulmão. Enc'H'
tre-os nos pulmões que foram removidos. Eles podem ser identifical
pelos anéis cartilaginosos em suas paredes. Observe que, geralmen;:o
há uma única veia pulmonar de cada lobo, que drena diretamente no áIr..
esquerdo do coração. (As veias pulmonares contêm látex vermelho poc-
que a peça foi preparada injetando-se látex na artéria carótida. Mo";o-'
do-se numa direção retrógrada, o látex numa volta completa preenc
a aorta, o ventrículo esquerdo, o átrio esquerdo e as veias pulmon=
Normalmente, não há látex nas artérias pulmonares, porque o látex~-
cruza os leitos capilares. Ocasionalmente, a pressão da injeção po
PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO
75
A. tireóidea caudal
direita
N. frênico
Primeira a. intercostal
A. vertebral
Tronco costocetvical
A. cetvical profunda
I
I
{
I
Tronco braquiocefáfico
I A. escapular dorsal
I
I A. vertebral torácicar---,-I I
- A. subclávia direita
Ramo broncoesofágico
J
I
I
IIiI
I
torácica interna
Ramo dorsal
'Diafragma
Esôfago "
Fig. 100 Artérias do tórax, face lateral direita.
76 PESCOÇO, TóRAX E MEMBRO TORÃCICO
Ramo dorsal
intercostal
I Ramo broncoesofágico esquerd:J
I
I
Diafragma
Veia cava
caudal
I
I
I
I
A. frênica
Ramo espinhal,
,
I
A
Carótida comum
esquerda
A. tireóidea caudal "
esquerda
Primeira a. intercostal
. Fig. 10 I Artérias do tórax, face lateral esquerda.
PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO 77
V. jugular externa direita
A. subclávia direita
V. cervical superficial
V. cefálica
V. jugular interna
Tronco braquiocefálico
V. subclávia
V. tireóidea caudal
V. braquiocefálica direita
V. torácica interna
Tronco costocervicalvertebral direito
Veia cava cranial
Vv. hepáticas
Veia cava caudal
Aa. carótidas comuns direita e esquerda
Tronco costocervlcal
I D A. cervical superficial
A. axilar
A. vertebral
A. torácica interna
Ducto torácico
V. subclávia
V. braquiocefálica esquerda
A. subclávia esquerda
Tronco costocervicalvertebral esquerdo
Arco aórtico
Ligamento arterioso
Tronco pulmonar
Aorta torácica
Fig. 102Coração e grandes vasos, face ventral.
romper o septo interatrial, ou interventricular, do coração, inundando
as câmaras direitas com o látex e, portanto, enchendo as artérias, bem
como as veias, pulmonares.)
O tronco pulmonar emite uma artéria pulmonar para cada pul-
mão. Na raiz do pulmão, a artéria pulmonar esquerda em geral se situa
cranialmente ao brônquio esquerdo. A artéria pulmonar direita é ventral
ao brônquio direito. A artéria e os brônquios estão, bilateralmente, num
nível mais dorsal que as veias pulmonares. Utilizando uma tesoura, ou
bisturi, abra alguns dos brônquios principais para observar o lúmen.
Observe os Iinfonodos traqueobrônquieos localizados na bifur-
cação da traquéia e também externamente aos brônquios.
Determine que estruturas formam os vários sulcos e impressões,
recolocando os pulmões no tórax. Observe a longa impressão aórtica
no pulmão esquerdo. As impressões mais acentuadas no pulmão direito
estão no lobo acessório. Este lobo está interposto entre a veia caudal, de
um lado, e o esôfago, de outro, e ambos deixam impressões nele. Ob-
serve as impressões vasculares nos lobos craniais dos pulmões, e as
impressões costais em cada pulmão.
Veias craniais ao coração
Cuidadosamente, exponha as grandes veias craniais ao coração.
Rebata o esterno para um dos lados para facilitar a exposição.
A veia cava eranial (Figs. 100-102) drena para o átrio direito após
sua formação pela união das veias braquiocefálicas direita e esquerda,
na entrada torácica. A veia braquioeefáliea é formada, de cada lado,
pelas veias jugular externa e subclávia. Algumas vezes, o último ramo
a entrar na veia cava cranial é a veia ázigos (Fig. 100), que pode pene-
trar diretamente no átrio direito. Ela é vista à direita, no espaço medias-
tínico, enrolando-se ventrocranialmente em volta da raiz do pulmão
direito. Origina-se dorsalmente no abdome e coleta todas as veias inter-
costais dorsais, de cada lado, até o nível do terceiro ou quarto espaço
intercostal.
O dueto torácieo é o canal principal para o retorno de linfa e dos
ductos e capilares linfáticos para o sistema venoso. Ele começa na re-
gião sublombar, entre os pilares do diafragma, como uma continuação
cranial da cisterna do quilo. A última é uma estrutura dilatada que re-
cebe a drenagem linfática das vísceras abdominais e dos membros pél-
vicos. O ducto torácico corre cranialmente à borda dorsal direita da aorta
torácica e à borda ventral da veia ázigos, no nível da sexta vértebra to-
rácica. (O ducto torácico pode não ser visível.) Ele cruza a superfície
ventral da quinta vértebra torácica e corre pelo lado esquerdo da pleura
mediastínica média. Ele se continua cranioventralmente, pelo medias-
tino cranial, em direção à veia braquiocefálica esquerda, onde costuma
terminar (Fig. 102). O ducto torácico também recebe drenagem linfáti-
78 PESCOÇO, TÓRAX E NIEMBRO TORÁCICO
Subclávia direita
Aorta ascendente
Cervical superficial
Axilar
Torácica interna
Subclávia
esquerda
Arcoaórtico
Aorta
descendente
Fig. 103Ramos do arco aórtico, face ventral.
Intercostal
Escapular dorsal
Tronco costocervical
Carólida comum direita
Subclávia
Cervical
~ superficial
Axilar
Tronco braquiocefálico
Fig. 104Ramos do tronco braquiocefálico, face lateral direita.
ca do membro torácico esquerdo e do ducto traqueal esquerdo (no lado
esquerdo do pescoço e da cabeça). A drenagem linfática do membro
torácico direito se faz pelo ducto traqueal direito (no lado direito da
cabeça e do pescoço). Ele penetra o sistema venoso nas proximidades
da veia braquiocefálica direita. Costuma haver múltiplas terminações
linfáticas de natureza complicada, que podem incluir dilatações ou anas-
tomoses. Todos os canais linfáticos são de difícil visualização, a não ser
que estejam congestos com linfa rica em gordura, ou com refluxo de
sangue. Os canais linfáticos quase sempre são duplos.
Procure o dueto torácico. Ele nem sempre é visível, mas pode ser
identificado pela cor marrom-avermelhada ou palha de seu conteúdo e
pelas numerosas constrições, observadas ao acaso em sua parede. Os
duetos traqueais podem ser encontrados em cada bainha carotídea, ou
paralelos à bainha e ao seu conteúdo.
Artérias craniais ao coração
A aorta (Figs. 100-105) é o grande vaso ímpar que emerge
ventrículo esquerdo, medialmente ao tronco pulmonar. Como ao
ascendente, ela se estende cranialmente, coberta pelo pericárdio. ~-
tão, faz uma curva acentuada dorsalmente e para a esquerda como
aórtico; depois, corre caudalmente como aorta descendente, localizz:.-
do-se ventralmente às vértebras. A parte cranial ao diafragma é a a~
torácica e a parte caudal é a aorta abdominal. Craniais ao coração e~
diversos ramos da aorta. Rebata as veias que estão dissecadas cr~
ao coração e observe essas artérias.
As artérias coronárias direita e esquerda são ramos da a
ascendente e irrigam o músculo cardíaco. Elas serão estudadas cor;::
coração.
PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO
Fig. 105 Nervos torácicos autônomos, face lateral esquerda, após remoção do pulmão.
79
1. Artéria e nervo vertebrais
2. Ramos comunicantes do gânglio cervicotorácico para ramos ventrais de
nervos cervicais e torácicos
3. Gânglio cervicotorácico esquerdo
4. Alça subc1ávia
5. Artéria subc1ávia esquerda
6. Nervo vago esquerdo
7. Nervo recorrente laríngeo esquerdo
8. Linfonodo traqueobrônquico esquerdo
9. Tronco ganglionar simpático
10. Tronco simpático
I!. Ramo comunicante
12. Aorta
13. Ramo dorsal do nervo vago
14. Esôfago
15. Tronco ventral do nervo vago
16. Lobo acessório do pulmão (pelo mediastino caudal)
17. Nervo frênico para o diafragma
l7a. Sulco interventricular paraconal
18. Tronco pulmonar
19. Artéria e veia torácicas internas
20. Tronco braquiocefálico
21. Nervos cardíacos autônomos
22. Timo
23 . Veia cava cranial
24. Gânglio cervical médio
25. Veia subclávia esquerda
26. Tronco costocervical
27. Veia jugular externa
28. Tronco vagos simpático
VD - Ventrículo direito
VE - Ventrículo esquerdo
80 PESCOÇO, TóRAX E MEMBRO TORÁCICO
o tronco braquiocefálico (Figs. 100-105), o primeiro ramo do
arco aórtico, passa obliquamente à direita, pela superfície ventral da tra-
quéia. Ele origina a artéria carótida comum esquerda e termina como
artéria carótida comum direita e artéria subclávia direita.
A artéria subclávia esquerda (Figs. 10 1-105) origina-se do arco
aórtico, abaixo do nível de origem do tronco braquiocefálico, e passa
obliquamente, à esquerda, pela superfície ventral do esMago.
Os ramos das artérias subclávias direita e esquerda são semelhan-
tes; será descrita apenas a artéria subclávia direita. Para cada artéria des-
crita há uma veia comparável, com uma área de drenagem venosa seme-
lhante à distribuição arterial. As terminações das veias,são variáveis e,
portanto, não serão dissecadas. Remova-as quando necessário, para
expor as artérias. A artéria subclávia direita tem quatro ramos que
chegam medialmente à primeira costela ou primeiro espaço intercostal.
Eles são a artéria vertebral, o tronco costocervical, a artéria cervical su-
perficial e a artéria torácica interna. Não corte os nervos ou as artérias.
A artéria vertebral (Figs. 100-105) cruza a superfície medial da
primeira costela e desaparece dorsalmente entre os músculos longo do
pescoço e escaleno. Ela passa pelos forames transversos das primeiras
seis vértebras cervicais. Ela emite ramos musculares para ambos os
músculos cervicais e também dá ramos espinhais em cada forame inter-
vertebral para a medula espinhal e suas imediações. No nível do atlas,
ela termina, entrando no canal vertebral pelo forame vertebral lateral, e
contribui para a formação das artérias basilar e espinhal ventral. Estas
serão vistas posteriormente, na dissecção do sistema nervoso.
O tronco costocervical (Figs. 100-105) fica distalmente à arté-
ria vertebral, cruza o seu lado lateral e se estende dorsalmente até a ter-
minação vertebral da primeira costela. Através de seus vários ramos, ele
supre as estruturas dos primeiro, segundo e terceiro espaços intercos-
tais, os músculos da base do pescoço e os músculos dorsais às primeiras
vértebras torácicas. Esses ramos não precisam ser dissecados.
A artéria cervical superficial (Figs. 100-104) procede da sub-
clávia, opostamente à origem de artéria torácica interna, medialmente à
primeira costela. Ela emerge da entrada torácica, vascularizando a base
do pescoço e a região escapular adjacente.
A artéria torácica interna já foi estudada.
Ramos da aorta torácica
O número e a origem das artérias brônquicas e esofágicas va-
riam. Geralmente, a pequena artéria broncoesofágica deixa a quinta
artéria intercostal direita, próximo à sua origem, e cruza a face esquer-
da do esMago, que ela irriga. Ela termina pouco depois nas artérias
brônquicas, qUI::vascularizam o pulmão.
Há nove pares de artérias intercostais dorsais que saem da aor-
ta (Figs. 91,94). Essas artérias começam como quarta ou quinta artéria
intercostal e continuam caudalmente. Há uma artéria em cada um dos
espaços intercostais restantes. Cada artéria localiza-se próximo à borda
caudal das costelas. O tronco costocervical vasculariza os primeiros três
ou quatro espaços intercostais. A artéria costoabdominal dorsal corre
ventrocaudalmente à última costela.
Os nervos frênicos (Figs. 100, 10 1, 105) inervam o diafragma.
Encontra cada nervo à medida que ele passa pela entrada torácica. O
nervo frênico é formado por ramos ventrais do quinto, do sexto e, geral-
mente, do sétimo nervos cervicais. Siga os nervos frênicos até o diafrag-
ma. Cada nervo frênico é tanto motor quanto sensorial para a metade
cOITespondente do diafragma, exceto na periferia diafragmática. Esta par-
te do músculo recebe fibras sensoriais dos nervos intercostais caudais.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA
NERVOSO AUTÔNOMO
O sistema nervoso é altamente organizado, tanto em termos ana-
tômicos quanto funcionais. É composto pelo sistema nervoso central
e pelo sistema nervoso periférico. O sistema nervoso central inclui o
cérebro e a medula espinhal. O sistema nervoso periférico compreen-
de os nervos cranianos, que conectam a base do cérebro (pedúnculo
cerebral) com estruturas da cabeça e do corpo, e os nervos espinhais,
que conectam a medula espinhal com estruturas do pescoço, do tronco.
da cauda e das extremidades livres (apêndices locomotores).
O sistema nervoso periférico pode ainda ser classificado com
bases anatômica e funcional. Os nervos periféricos contêm axônios que
conduzem impulsos para o sistema nervoso central - axônios senso-
riais, aferentes - e axônios que conduzem impulsos do sistema ner-
voso central para músculos e glândulas - axônios motores, eferentes.
A maioria dos nervos periféricos tem ambos os axônios, sensoriais e
motores. Quando se fala de um nervo motor, isto é uma indicação da
função primária da maioria dos neurônios, mas se subentende que neu-
rônios sensoriais também estão presentes. Da mesma forma, os chama-
dos neurônios sensoriais também contêm motoneurônios. Tal dualida-
de é a base de regulação do tipo retroalimentaçãoou feedback. Todo
os nervos espinhais que você dissecar são conjuntos de processos neu-
ronais, pertencentes a ambos os neurônios, sensoriais e motores.
A porção motora do sistema nervoso periférico é classificada
de acordo com o tipo de tecido que é inervado. Motoneurônios que su-
prem músculos esqueléticos, estriados ou voluntários são os neurônio
somáticos eferentes. Somático refere-se ao corpo, parede corporal ou
pescoço, tronco e membros, onde os músculos estriados esquelético
estão localizados. Aqueles neurônios que suprem músculos lisos, invo-
luntários, de vísceras'e de vasos sangüíneos, o músculo cardíaco e as
glândulas são neurônios viscerais eferentes.
Um neurônio é composto por um corpo celular e seus proces-
sos. Comumente, um motoneurônio do sistema nervoso periférico tem
o seu corpo celular localizado na substância cinzenta da medula espi-
nhal (ou pedúnculo cerebral), e seus processos longos, ou axônios, cor-
rem pelo nervo espinhal periférico (ou craniano), para terminar no mús-
culo inervado. Portanto, há apenas um neurônio cruzando a distância
do sistema nervoso central à estrutura inervada.
O sistema visceral eferente é a parte motora periférica do siste-
ma nervoso autônomo. Ele difere anatomicamente dos outros sistemas
motores periféricos, por apresentar um segundo neurônio interposto entre
o sistema nervoso central e as estruturas inervadas. Um neurônio tem o
seu corpo celular, geralmente, localizado na substância cinzenta do sis-
tema nervoso central. Seu axônio corre nos nervos periféricos apenas
uma parte do caminho a ser percorrido, em direção à estrutura a ser iner-
vada. Ao longo do trajeto do nervo periférico, há uma grande dilataçã
chamada gânglio. Este é um conjunto de corpos celulares neuronais
localizados fora do sistema nervoso central. Alguns gânglios têm um=.
função motora, outros uma função sensorial. Grupos de corpos celula-
res neuronais dentro do sistema nervoso central são os chamados nú-
cleos. Gânglios autônomos contêm os corpos celulares do segun
motoneurônio, no trajeto do sistema visceral eferente. Seus axôni~
completam o caminho para a estrutura a ser inervada. Graças à sua rela-
ção com os corpos celulares nos gânglios autônomos, o primeiro nemô-
nio com o seu corpo celular no sistema nervoso central é chamado de
neurônio pré-ganglionar. O corpo celular do segundo neurônio es;;:
no gânglio autônomo. Seu axônio é pós-ganglionar. OcoITe uma sinap~
entre os dois neurônios, quando o axônio pré-ganglionar encontra o corpo
celular do axônio pós-ganglionar.
O sistema visceral eferente é dividido em duas subdivisões, corr:.
base em características anatômicas, funcionais e farmacológicas. Ela;:
são as divisões simpática e parassimpática. (Deve-se ter em mente qllE
os nervos autônomos observados também possuam axônios visceraS
aferentes, ou sensoriais, dentro deles.)
Na divisão simpática, os corpos celulares pré-ganglionares li-
mitam-se aos segmentos da medula espinhal localizados aproximad2-
mente do primeiro segmento torácico (TI) ao quinto lombar (L5).
porção toracolombar. Os corpos celulares dos axônios pós-ganglion;
res estão localizados em gânglios, que geralmente ficam a pequena dis-
tância da medula espinhal. Na maioria das terminações nervosas pós-
ganglionares dessa porção de sistema nervoso autônomo, uma substân-
cia neurotransmjssora humoral, a noradrenalina, é liberada, o que ca
uma resposta nas estruturas inervadas. O efeito geral desse sistema e
auxiliar o organismo a resistir a condições ambientais desfavoráveis, oc
às condições de tensão ou estresse.
Na divisão parassimpática, os corpos celulares pré-gangliona-
res estão localizados em núcleos específicos do pedúnculo cerebral, as-
sociando-se aos pares de nervos cranianos m, VII, IX, X e XI, e aos
PESCOÇO, TÓRAX E :ME1VffiROTORÂCICO 81
três segmentos sacrais da medula espinhal, caracterizando a porção
craniossacral. Os corpos celulares dos axônios pós-ganglionares estão
localizados geralmente em gânglios terminais, ou na parede da estrutu-
ra que é inervada. Outros são encontrados nos gânglios próximos às es-
truturas inervadas. Nas terminações nervosas pós-ganglionares, uma
substância neurotransmissora humoral, a acetilcolina, é liberada, o que
causa uma resposta nas estruturas inervadas. Esse sistema está associa-
do com a atividade homeostática normal das funções viscerais, e com a
conservação e restauração das fontes e das reservas corporais.
A anatomia da divisão simpática do sistema nervoso autônomo
requer maiores descrições, antes de ser dissecada. Os corpos celulares
pré-ganglionares estão localizados na substância cinzenta dos segmen-
tos torácicos (TI a TI3) e cinco primeiros segmentos lombares (LI a
L5) da medula espinhal. Seus axônios deixam a medula espinhal junta-
mente com os de outros neurônios-motores, nas raízes ventrais de cada
um desses segmentos da medula espinhal. Cada raiz ventral une-se com
a raiz dorsal sensorial correspondente, no nível do forame interverte-
bral, para formar o nervo espinhal. O ramo dorsal do nervo espinhal
separa-se imediatamente. Logo após esse ponto, um ramo nervoso dei-
xa o ramo ventral do nervo espinhal, o ramo comunicante. Ele cursa
uma pequena distância ventralmente, para se unir ao tronco simpático,
que corre numa direção craniocaudal, bem lateral à coluna vertebral. Em
geral, um gânglio está localizado no tronco, no ponto onde um ramo se
une a ele. É o gânglio do tronco simpático e contém os corpos celula-
res dos axônios pós-ganglionares.
Deixando as porções torácica e lombar do tronco simpático es-
tão nervos que correm dentro da cavidade abdominal, os nervos esplânc-
nicos, que formam p1exos em volta dos principais vasos sangüíneos dos
órgãos abdominais. Gânglios simpáticos adicionais estão localizados em
associação com esses plexos e vasos sangüíneos. Os corpos celulares
de axônios pós-ganglionares simpáticos estão localizados neles. Esses
axônios seguem a ramificação terminal dos vasos sangüíneos dos ór-
gãos abdominais, para alcançar o órgão inervado. Esses plexos e gân-
glios são denominados, geralmente, de acordo com a principal artéria à
qual eles se associam. Eles serão dissecados posteriormente.
Cada axônio pré-ganglionar simpático tem que passar pelo ramo
comunicante de seu nervo espinhal para alcançar o tronco simpático. Seu
destino a partir do tronco é variável, e depende principalmente da estru-
tura a ser inervada. Alguns exemplos irão ilustrar isso.
Os músculos lisos de vasos, músculos piloeretores e glândulas
sudoríparas são inervados por axônios simpáticos pós-ganglionares de
nervos espinhais. O axônio pré-ganglionar entra no tronco simpático,
via o ramo comunicante. Ele pode fazer alguma sinapse no gânglio onde
entrou, ou passar acima ou abaixo do tronco simpático em alguns seg-
mentos e fazer sinapse no gânglio desse segmento. O axônio pós-gan-
glionar retoma então para o nervo espinhal segmentar, através do ramo
comunicante, procedendo geralmente do segmento onde ocorreu a si-
napse. O axônio pós-ganglionar cursa depois com a distribuição do ner-
vo espinhal para um músculo liso ou glândula sudorípara. POltanto, os
ramos comunicantes dos segmentos da medula espinhal de TI a L5
contêm ambos os axônios pré e pós-ganglionares.
Para os músculos lisos e glândulas da cabeça, os axônios pré-
ganglionares entram no tronco simpático na região torácica cranial.
Alguns podem fazer sinapse em gânglios, assim que entram no tronco
simpático. Muitos outros continuam como axônios pré-ganglionares
subindo o tronco simpático no pescoço, onde ele con:e na mesma bai-
nha fascial que a artéria carótida comum e o nervo vago. Na terminação
cranial desse tronco, ventralmente à base do crânio, está localizado um
gânglio nervoso: o gânglio cervical cranial. Todos os axônios pré-gan-
glionares restantes para a cabeça farão sinapse nele. Os axônios pós-
ganglionares são distribuídos com os vasos sangüíneos para as estrutu-
ras da cabeça, inervadas pelo sistema simpático.
O tronco simpático está localizado junto ao eixo maiorda coluna
vertebral bilateralmente. Nos níveis torácico, lombar e sacral, é acres-
cido a cada nervo espinhal segmentar um ramo comunicante. Apenas
aqueles nervos dos segmentos da medula espinhal de TI a L5 contêm
axônios pré-ganglionares.
Para o músculo liso e glândulas nas cavidades abdominal e pé l-
vica, o axônio pré-ganglionar alcança o tronco simpático através do ramo
comunicante. Ele pode fazer sinapse com um neurônio pós-ganglionar
em um gânglio do tronco simpático, porém, mais freqüentemente, con-
tinua pelo gânglio sem fazer sinapse e penetra num nervo esplâncnico.
O axônio pré-ganglionar (ou, ocasionalmente, pós-ganglionar) cursa pelo
nervo esplâncnico apropriado para os plexos abdominais e seus gângli-
os. Axônios pré-ganglionares fazem sinapse em um desses gânglios com
o corpo celular de um axônio pós-ganglionar. Os axônios pós-gan-
glionares seguem os ramos terminais de vasos sangüíneos abdominais,
para os órgãos inervados.
Dissecção
Porções selecionadas do sistema nervoso autônomo serão disse-
cadas à medida que forem expostas nas regiões estudadas.
Examine o aspecto dorsal do interior das cavidades pleurais (Fig.
105). Observe o tronco simpático se estendendo longitudinalmente pela
superfície ventral do colo das costelas. As pequenas dilatações nesses
troncos, em cada espaço intercostal, são gânglios do tronco simpático.
Disseque uma porção do tronco e alguns gânglios em um dos dois la-
dos. Note os finos filamentos que correm dorsalmente entre as vérte-
bras para se unir ao nervo espinhal daquele espaço - são os ramos
comunicantes do tronco simpático.
Siga a porção torácica do tronco simpático cranialmente. Obser-
ve a dilatação irregular do tronco medialmente à terminação distal do
primeiro espaço intercostal, no lado lateral do músculo longo do pesco-
ço. Ela corresponde ao gânglio cervicotorácico (gânglio estrelado),
formado por um conjunto de corpos celulares decorrentes da fusão do
gânglio cervical caudal e dos primeiros dois ou três gânglios torácicos.
Localize esse gânglio, em ambos os lados.
Muitos ramos deixam o gânglio cervicotorácico. Ramos comu-
nicantes conectam os ramos ventrais do primeiro e do segundo nervos
espinhais torácicos e os ramos ventrais do sétimo e do oitavo nervos
espinhais cervicais. Esses nervos espinhais contribuem para a forma-
ção do plexo braquial, e fornecem um caminho para que os axônios
pós-ganglionares alcancem o membro torácico. Um ramo, ou plexo, do
gânglio cervicotorácico segue a artéria vertebral pelo forame transver-
so: o nervo vertebral. Este é uma fonte de axônios pós-ganglionares
para os demais nervos espinhais cervicais emitidos como ramos, em cada
espaço intervertebral, desde o nervo vertebral até o nervo cervical cor-
respondente. Axônios pós-ganglionares podem deixar o gânglio cervi-
cotorácico e seguir diretamente para o coração.
Cranialmente ao gânglio cervicotorácico, um ramo do tronco sim-
pático, a alça subclávia, passa ventralmente à artéria subclávia. O tron-
co simpático e a alça se reúnem e se juntam no gânglio cervical médio.
Este gânglio localiza-se na junção da alça e do tronco vagossimpático,
aparecendo como uma dilatação das estruturas combinadas. Localize
essas estruturas em ambos os lados. Numerosos ramos, os nervos car-
díacos, deixam a alça e o gânglio cervical médio e prosseguem para o
coração.
O tronco vagossimpático no pescoço localiza-se na bainha ca-
rotídea. Sua porção simpática carrega axônios pré e pós-ganglionares
simpáticos, destinados cranialmente a estruturas da cabeça. O gânglio
cervical cranial está localizado em sua terminação mais cranial. Ele fica
no nível da base da orelha, caudo-medialmente à bula timpânica, e será
dissecado posteriormente. O 10.° nervo craniano, ou nervo vago, con-
tém axônios pré-ganglionares paras simpáticos que seguem caudalmen-
te para o pescoço e para os órgãos torácicos e abdominais.
No nível do gânglio cervical médio, observe o nervo vago, à
medida que ele deixa o tronco parassimpático para continuar seu trajeto
caudalmente. Nervos cardíacos deixam o nervo vago para inervar o
coração. Estude o trajeto caudal do nervo vago em cada um dos lados.
No gânglio cervical médio, ou algo caudalmente a ele, o nervo
laríngeo recorrente direito sai do vago, curva-se dorsocranialmente
ao redor da artéria subclávia direita, chega à superfície dorsolateral da
traquéia e segue cranialmente para a laringe. Ele pode ser encontrado
no ângulo entre a traquéia e o músculo longo do pescoço. No lado es-
querdo, o nervo laríngeo recorrente esquerdo sai do vago caudalmente
ao gânglio cervical médio, curva-se medialmente ao redor do arco aór-
tico e se toma relacionado com a superfície ventrolateral da traquéia e a
borda ventromedial do esMago. Nessa posição, ele segue pelo pescoço
para chegar à laringe. À medida que ascende, ele alcança a superfície
82 PESCOÇO, TÓRAX E lVffilVffiROTORÁCICO
dorsolateral da traquéia. Cada nervo recorrente manda ramos para o
coração, a traquéia e o esMago, antes de terminar nos músculos larínge-
os como nervo laríngeo caudal. Os nervos laríngeos serão dissecados
posteriormente.
Siga cada nervo vago à medida que ele passa sobre a base do
coração e emite nervos cardíacos. Ramos são fornecidos aos brônquios,
à medida que o nervo vago passa sobre as raízes dos pulmões. Entre a
veia ázigos e o brônquio direito, à direita, e na área caudal junto à base
do coração, à esquerda, cada vago se divide em ramos dorsal e ventral.
Os ramos ventrais direito e esquerdo logo se unem um ao outro para
formar o tronco vagar ventral, disposto junto ao esMago ventralmen-
te. Os ramos dorsais de cada nervo vago não se unem até mais caudal-
mente. Próximo ao diafragma, eles se unem e formam o tronco vagar
dorsal, que se localiza dorsalmente ao esMago. A terminação desses
troncos no abdome será estudada posteriormente.
CORAÇÃO E PERICÁRDIO
o pericárdio (Fig. 96) é a cobertura fibrosserosa do coração. É
uma camada delgada, consistindo em três componentes inseparáveis,
localizada na parte média do mediastino, no nível da terceira à sexta
costelas. O pericárdio fibroso é o tecido conjuntivo entre o pericárdio
parietal seroso e a pleura mediastínica pericárdica adjacente. A conti-
nuação do pericárdio fibroso para o esterno e o diafragma forma o liga-
mento frenopericárdico. O pericárdio seroso é um saco fechado que
envolve a maior parte do coração. A camada parietal adere ao pericár-
dio fibroso. Na base do coração, ela é contínua com a camada visceral,
ou epicárdio, que adere firmemente ao miocárdio do coração. Entre os
pericárdios seroso parietal e visceral está a cavidade periférica, que con-
tém uma pequena quantidade de líquido pericárdico. lncise a pleura
mediastínica pericárdica, o pericárdio fibroso e o pericárdio seroso pa-
rietal, que estão combinados, para expor o coração.
O coração (Figs. 105-107) consiste em uma base dorsal, onde os
grandes vasos se encontram presos, e um ápice que fica ventralmente,
caudalmente e, em geral, voltado para a esquerda, dependendo do for-
mato do tórax. O lado do coração voltado para a parede torácica esquer-
da é chamado superfície auricular, porque as pontas das duas aurícu-
Ias projetam-se nesse lado. O lado oposto, voltado para a parede toráci-
ca direita, é a superfície atriaI. O ventrículo direito, de parede delgada,
se insinua pela superfície cranial da superfície atrial do coração.
Rastreie o sulco coronário em volta do coração. Ele se localiza
entre os átrios e os ventrículos, e contém os vasos coronários e gordura.
Os sulcos interventriculares são as separações superficiais dos ventrí-
culos direito e esquerdo. O sulco interventricular subsinuoso é um
sulco curto que se localiza caudodorsalmente na superfície atrial e mar-
ca a posição aproximada do septo interventricular. Ele contém a parte
terminal da artéria coronária esquerda, o ramo interventricular subsinuo-
so. Obliquamente transversal à superfície auricular do coração está o
sulco interventricular paraconal. Mais longo e distinto que o sulco
subsinuoso, ele seinicia na base do tronco pulmonar, onde é coberto
pela aurícula esquerda. Ele contém o ramo interventricular paraconal da
artéria coronária esquerda.
O átrio direito recebe o sangue das veias sistêmicas e a maior
parte do sangue do próprio coração. Ele se situa dorsocranialmente ao
ventrículo direito; divide-se numa parte principal, o seio venoso, e numa
parte cranial cega, a aurícula direita.
Abre o átrio direito por meio de uma incisão longitudinal, pela
sua parede cranial, desde a veia cava cranial até a veia cava caudal.
Estenda um corte da metade da primeira incisão à ponta da aurícula.
Há quatro aberturas dentro do seio venoso do átrio direito. A veia
cava caudal entra no átrio caudalmente. Ventralmente a essa abertura,
está o seio coronário, o retorno venoso alargado para a maior parte do
sangue drenado do próprio coração. O sulco interventricular subsinuo-
so é ventral a esse seio, na superfície atrial do coração. A veia cava cra-
nial entra no átrio direito dorsal e cranialmente. Ventral e cranialmente
ao seio coronário está uma grande abertura do átrio direito para o ven-
trículo direito, o orifício atrioventricular direito. A valva será descri-
ta com o ventrículó direjto.
Examine a parede dorsomedial do seio venoso, o septo intera-
triaI. Entre as duas aberturas das veias cavas, está uma prega transver-
sal de tecido cardíaco, o tubérculo intervenoso. Ele desvia o sangue
proveniente das veias cavas em direção ao orifício atrioventricular di-
reito. Caudalmente ao tubérculo intervenoso, há uma depressão seme-
lhante a uma fenda, a fossa oval. No feto, há uma abertura local da fos-
sa, o forame oval, que permite que o sangue passe do átrio direito para
o esquerdo. ,
A aurícula direita é a bolsa cega, com formato de orelha, do átrio
direito que está voltada cranialmente. A superfície interna da parede da
aurícula direita é reforçada por bandas musculares entrelaçadas, os
músculos pectiniformes, também encontrados na parede lateral do átrio.
A superfície interna do coração é delineada em toda a sua extensão por
uma membrana fina e brilhante, o endocárdio, que se continua nos vasos
sangüíneos como túnica íntima. A crista terminal é a porção grossa da
superfície lisa do músculo cardíaco, tendo a forma de uma crista semi-
lunar localizada na entrada da aurícula direita. Bandas de músculos
pectíneos se irradiam dessa crista para dentro da aurícula.
Localize o tronco pulmonar que deixa o ventrículo direito, no
ângulo craniodorsal esquerdo do coração. Comece uma incisão na ter-
minação cortada da artéria pulmonar esquerda e a estenda pela parede
dessa artéria, até o tronco pulmonar e a parede do ventrículo direito, ao
longo do sulco interventricular paraconal. Continue esse corte ao redor
do ventrículo direito, seguindo o septo interventricular até a origem do
sulco interventricular subsinuoso. Corte através do ângulo-caudal da
valva atrioventricular direita e rebata a parede ventricular.
A maior parte da base do ventrículo direito se comunica com o
átrio direito pelo orifício atrioventricular. Essa abertura contém a valva
atrioventricular direita (Figs. 106, 108). Há duas partes principais para
a valva no cão: uma dobra larga mas curta que vem da margem parietal
do orifício, a cúspide parietal, e uma dobra da margem septal, a cúspi.
de septal, que é quase tão larga quando longa. Dobras subsidiárias são
encontradas em cada terminação da dobra septal. Os pontos das dobras
da valva são contínuos com a parede septal do ventrículo pelas cordoa-
lhas tendíneas. As cordoalhas tendíneas são presas à parede septal por
meio de projeções musculares cônicas, os músculos papilares, que se
apresentam em número de três ou quatro. As trabéculas cárneas são
as irregularidades musculares do interior das paredes ventriculares. A
trabécula septomarginal é uma faixa muscular que se estende através
do lúmen ventricular da parede septal à parede parietal. A fixação do
septo é feita geralmente no músculo papilar. O ventrículo direito passa
cruzando a superfície cranial do coração e termina com cone arterial
afunilado, que dá origem ao tronco pulmonar. O cone arterial está na·
face craniodorsal esquerda do coração. O sulco interventricular paraco-
nal é adjacente à borda caudal do cone arterial, na superfície auriculaT
do coração.
Na junção entre o ventrículo direito e o tronco pulmonar está a
valva pulmonar, consistindo em três cúspides semilunares. Um pequeno
nódulo fibroso está localizado no meio da extremidade livre de cadz
cúspide ou válvula. O tronco pulmonar bifurca-se em artérias pulmona-
res direita e esquerda, cada uma indo em direção ao pulmão respectim.
Abra o lado esquerdo do coração com um corte longitudinal pel!.
parede lateral do átrio esquerdo; a valva atrioventricular esquerda e
ventrículo esquerdo estão a meio caminho entre os sulcos interventr:-
culares subsinuosos. Estenda a incisão à aurícula esquerda.
O átrio esquerdo está situado na parede dorsocaudal esquerd:.
da base do coração, dorsalmente ao ventrículo esquerdo. Cinco ou seis
aberturas marcam a entrada das veias pulmonares no átrio esquerdo .. -'>.
superfície interna desse átrio é lisa, exceto pelos músculos pectíneCJi
confinados à aurícula esquerda. Uma aba fina de tecido está presenr=
na parte cranial da parede septal interatrial. Esta é a valva do foram
oval, um resquício da passagem de sangue entre o átrio direito e o átri
esquerdo, existente no feto.
Observe a espessura da parede ventricular esquerda, quando com-
parada à direita. A valva atrioventricular esquerda é composta de dU25
cúspides principais, a septal e a parietal, mas a divisão não é distiIl~
(Fig. 108). Cúspides secundárias estão presentes nas terminações
duas cúspides principais. Note os dois grandes músculos papilares e s~
cordoalhas tendíneas, presas às cúspides. As trabéculas cárneas não -
tão numerosas no ventrículo esquerdo, quando no ventrículo direito.
Remova a gordura, a pleura e o pericárdio da aorta. Ao fazer i<
isole o ligamento arterioso, uma conexão fibrosa existente entre o t
PESCOÇO, TÓRAX E :MEMBRO TORÁCICO 83
Arco aórtico
Veia cava cranial
Aurícula direita
Sulco coronário
Cúspides septais da valva
atrioventricular direita
Cúspides parietais da valva
atrioventricular direita
Músculos papilares
Tronco pulmonar
Aurícula esquerda
Válvula semilunar ventral
da valva pulmonar
Sulco interventricular
paraconal
Fig. 106 Interior do ventrículo direito, face ventral.
co pulmonar e aorta. No feto, ele era útil, como dueto arterioso, e ser-
via para desviar o fluxo do sangue dos pulmões, não-funcionais, para a
aorta. Observe o nervo recorrente laríngeo esquerdo, à medida que ele
se dobra ao redor da superfície caudal do ligamento arterioso. Isole as
origens do tronco pulmonar e da aorta.
Pelo ventrículo esquerdo, coloque uma tesoura dentro da válvula
aórtica, localizada abaixo da cúspide septal da valva atrioventricular
esquerda, e corte a valva aórtica e o primeiro centímetro da aorta des-
cendente. A valva aórtica, como a valva pulmonar, consiste em três
cúspides semilunares. Note os nódulos das cúspides semilunares, no meio
Qe suas bordas livres. Atrás de cada cúspide, a aorta está ligeiramente
expandida, nos seios aórticos.
A artéria coronária direita (Figs. 102, 108) sai do seio aórtico
direito. Ela circunda o lado direito do coração no sulco coronário e,
geralmente, se estende ao sulco subsinuoso. Ela manda muitos peque-
nos e um ou dois grandes ramos descendentes sobre a superfície do
ventrículo direito. Remova o epicárdio e a gordura de sua superfície e
siga a artéria até sua terminação.
A artéria coronária esquerda (Figs. 102, 108) é aproximada-
mente duas vezes mais larga do que a direita. É um tronco curto que sai
do seio coronário direito e imediatamente termina em: (I) um ramo
circunflexo, que se estende caudalmente na parte esquerda do sulco
coronário, e (2) um ramo interventricular paraconal, que cruza
obliquamente a superfície auricular do coração no sulco interventricu-
lar paraconal. Ambos os ramos enviam grandesramos sobre a superfí-
cie do ventrículo esquerdo. Exponha a artéria e seus grandes ramos re-
movendo o epicárdio e a gordura. Um ramo septal corre dentro do sep-
to interventricular, o qual vasculariza.
O seio coronário é a porção terminal dilatada de grande veia
cardíaca. A grande veia cardíaca, que se inicia no sulco interventricu-
lar paraconal, retoma o sangue distribuído ao coração pela artéria coro-
nária esquerda. Limpe a superfície da grande veia cardíaca e abra o seio
coronário. Geralmente, uma ou duas válvulas francamente desenvolvi-
das estão presentes no seio coronário.
Cão vivo
Observe o tórax e como ele se expande e contrai a cada inspira-
ção e expiração, respectivamente. Coloque o dedo médio de uma das
mãos sobre a superfície dorsal do nono ou 10.0 espaço intercostal. Dê
pancadinhas na terminação distal desse dedo, logo acima da unha, com
o dedo médio da outra mão. Ouça o som produzido por esse método de
percussão. Compare esse som com o de uma área sobre os músculos
epaxiais ou aquele sobre o abdome. Um som ressonante resultará, onde
o pulmão normal está abaixo da região percutida. Esse método de exa-
me pode ser utilizado para definir a extensão do tecido pulmonar nor-
mal no interior do tórax.
Coloque as suas mãos sobre o tórax ventralmente, e sinta o bati-
mento cardíaco. Ele deve ser mais evidente à esquerda, para onde está
direcionado o ápice do coracão.
É importante saber-s~ a relação entre as câmaras cardíacas e as
áreas das valvas para a auscultação. Uma simples regra manual pode
ser útil. Faça um punho fechado com a mão esquerda e estenda seu po-
legar na articulação interfalangiana proximal. Seu punho representa o
ventrículo esquerdo e seu polegar é a aorta saindo dele. A articulação
metacarpofalangiana do seu polegar está na posição da valva atrioven-
tricular. Deixe a sua mão direita com os dedos estendidos. Coloque a
palma de sua mão direita contra os dedos fechados do seu punho esquer-
do. Sobreponha os dedos de sua mão direita em volta da frente do seu
punho esquerdo, e curve o segundo dedo de sua mão direita em volta de
seu polegar esquerdo. Sua mão direita está na posição do ventrículo
direito (lados direito e cranial do coração). Seu segundo dedo direito
representa a valva e o tronco pulmonares na face craniodorsal esquerdo
do coração, à esquerda da valva aórtica. Seu polegar direito está na po-
84 PESCOÇO, TÓRAX E JYIEJYIBROTORÁCICO
Válvula semilunar septal
da valva aórtica
Tronco braquiocefálico\ \.~,Nódulo da válvula
semilunar
Tronco pulmonar
Válvula semilunar
direita da valva
aórtica
Gúspide septal da
valva
atrioventricular
esquerda
Trabéculas cárneas
Arco aórtico
Vv. pulmonares esquerdas
A. coronária esquerda
Aurícula esquerda
Válvula semilunar esquerda
da valva aórtica
Gúspide parietal da
valva atrioventricular
esquerda
Mm. papilares
Fig. 107 Interior do ventrículo esquerdo, face lateral esquerda.
Valva pulmonar:
Válvula semilunar direita
Válvula semilunar intermediária
Válvula semilunar esquerda
Ramo interventricular paraconal
Ramo septal
A. coronária esquerda
Ramo circunflexo
Trígono fibroso esquerdo
Valva atrioventricular esquerda
Ventrículo esquerdo
A. coronária direita
Válvula semilunar septal
da valva aórtica
Ventrículo direito
Gúsplde angular ]
Gúsplde panetal
Gúsplde septal
Trígono fibroso direito
Ramo interventricular subsinuoso
Valva
atrioventricular
direita
Fig. 108 Valvas atrioventriculares, aórtica e pulmonar, face dorsoventral.
PESCOÇO, TÓRAX E 1\1EMBRO TORÁCICO 85
Vasos primários do membro torácico
VASOS E NERVOS DO MEMBRO
TORÁCICO
sição da valva atrioventricular direita. O sulco interventricular paraco-
nal está entre as terminações de seus dedos direitos e as articulações me-
tacarpofalangeanas de seu punho esquerdo. O sulco interventricular
subsinuoso está entre a base das palmas de suas duas mãos.
A attéria principal para o membro torácico chega do tórax como
um ramo terminal da artéria braquiocefálica no lado direito, e direta-
mente da croça da aorta no lado esquerdo. Ela se divide em três partes.
A que se estende de sua origem à primeira costela é a artéria subclávia
(Fig. 105). Da primeira costela aos tendões unidos dos músculos redon-
O plexo braquial (Fig. 110) é formado pelos ramos ventrais dos
sexto, sétimo e oitavo nervos cervicais e primeiro e segundo nervos to-
rácicos. Em alguns cães, há uma pequena contribuição do ramo ventral
do quinto nervo cervical. Esses ramos passam entre as vértebras, emer-
gem junto à borda ventral do músculo escaleno e se estendem, através
do espaço axilar, para o membro torácico. Na axila, numerosos ramos
dos nervos comunicam-se entre si para formar o plexo braquial. Do plexo
saem nervos, de origens mistas, que inervam as estruturas do membro
torácico, os músculos adjacentes e a pele (Fig. 110).
" O padrão de permuta de fibras nervosas no plexo braquial é variá-
vel, mas a composição específica dos ramos espinhais dos nervos que
se continuam no membro torácico e adjacências é consistente. Tais ner-
Plexo braquial
do maior e grande dorsal, o vaso é a artéria axilar. O vaso de lá até a
attéria mediana terminal, distal ao cotovelo, denomina-se artéria bra-
quial.
A artéria cervical superficial (Figs. 98-104, 109) é emitida pela
subclávia para dentro da entrada torácica. Ela corre dorsocranialmente
entre a escápula e o pescoço. Ela supre os músculos superficiais da base
do pescoço, os linfonodos cervicais superficiais e os músculos da escá-
pula e do ombro.
Há geralmente dois linfonodos cervicais superficiais, que se
situam cranialmente ao músculo supra-espinhoso, cobertos pelos mús-
culos transverso e braquiocefálico. Esses nodos recebem os vasos lin-
fáticos aferentes da parte mais externa da superfície lateral do pescoço,
da superfície caudal da cabeça, incluindo a orelha e a faringe, e da su-
perfície lateral do membro torácico.
Braquiais
Colateral ulnar
Braquial superficial
Interóssea comum
Ulnar
Interóssea cranial
Interóssea caudal
Antebraquial profunda
Mediana
Radial
Arco palmar superficial
Subclávios
Vertebral
Costocervical
Torácico interno
Cervical superficial
Axilares
Torácica externa
Torácica lateral
Subescapular
Toracodorsal
Circunflexa umeral caudal
Circunflexa umeral cranial
V. cervical superficial
V. jugular externa
A. carótida comum
Ramos ascendentes
A. cervical superficial
M. peitoral profundo
Ramo deltóideo
Linfonodos cervicais superficiais
M. esternocefálico
M. peitoral superficial
M. omotransverso
A. supra-escapular
M. deltóideo
Ramo dista I
Ramo pré-escapular
M. trapézio
V. cefálica
Membro anterior
Ramo proximal
M. supra-espinhoso
Ramo acromial
Fig. 109 Ramos da artéria cervical superficial
86 PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO
vos incluem o supra-escapular, o subescapular, o axilar, o musculocu-
tâneo, o radial, o mediano, o ulnar toracodorsal, o torácico lateral e os
peitorais. Exponha o plexo braquial na axila.
Rebata os músculos peitorais profundos e superficiais em dire-
ção à sua inserção, para expor os vasos e nervos na superfície medial do
braço.
Artéria axilar
A artéria axilar (Figs. 110-112) é a continuação da subclávia e
estende-se da primeira costela para os tendões combinados do redondo
maior e grande dorsal. Ela tem quatro ramos: artéria torácica externa,
artéria torácica lateral, artéria subescapular e a artéria circunflexa ume-
ral cranial.
Na dissecção seguinte, poderá ser encontrada alguma variabili-
dade na origem de vasos sangüíneos e dos nervos específicos. Embora
a origem possa variar, a área ou estrutura suprida é consistente.
Para o nervo frênico
N. subescapular
N. supra-escapular
Para o m. braquiocefálico
Para o m. peitoral superficial
M. supra-espinhoso
N. musculocutâneo
Para o m. coracobraquial
A. axilar
M. coracobraquial
A. circunflexa umeral cranial
Para o m. bíceps braquial
M. tríceps, cabeça acessória
M. bíceps braquial
A. colateral ulnar
A. braquial superficial
N. radial superficial, ramo medial
M. extensor carporradial
N. cutâneo antebraquialmedial
1. A artéria torácica externa (Figs. 111, 112) sai de artéria axi-
lar proximal à sua origem. A artéria torácica externa curva-se em volta
da borda craniomedial do peitoral profundo com o nervo para os peito-
rais superficiais e se distribui quase que inteiramente para os peitorais
superficiais. Ela pode surgir de um tronco 'comum com a artéria toráci-
ca lateral, ou de um ramo deltóideo da artéria cervical superficial.
2. A artéria torácica lateral (Figs. 94, 111, 112) corre caudal-
mente sobre a superfície lateral do linfonodo axilar, junto à borda dor-
sal do peitoral profundo, ventralmente ao grande dorsal. Em geral, sur-
ge da artéria axilar distalmente à artéria torácica externa. O vaso pode-
se dispor distalmente à artéria subescapular. Ela supre partes dos mús-
culos grande dorsal, peitoral profundo e cutâneo do tronco e as mamas
torácicas.
3. A artéria subescapular (Figs. 111, 112) é maior que a conti-
nuação da artéria axilar no braço. Apenas uma pequena parte da artéria
subescapular é visível agora. Ela passa caudodorsalmente, entre os
músculos subescapular e redondo maior, e se torna subcutânea próxi-
mo ao ângulo caudal de escápula. Cada osso é suprido pelo menos por
Para o mm. peitoral profundo
M. subescapular
N. axilar
Para o m. pei/oral profundo
Para os mm. subescapular e redondo maior
toracodorsal
Nn. mediano e ulnar
Para o m. tríceps, cabeça longa e
tensor da fáscia do antebraço
M. tensor da fáscia antebraquial
N. ulnar
N. mediano
M.. ifíceps, cabeçálonga
M. tríceps, cabeça medial
N. cutâneo antebraquial
caudal
Ramo anastomótico
Ramo articular
M. flexor carporradial M. flexor digital superficial
Fig. 110 P1exo braquial, membro torácico direito, face medial.
Car'aco,---
braquial
PESCOÇO, TÓRAX E MEJVIBRO TORÁCICO
A. e n. supra-escapulares
A. e n. axilares
A. tarácica externa
A. e v. subescapulares
A. e v. taracadarsais
A. circunflexa umeral caudal
A. e v. tarácicas laterais
A. e v. circunflexas umerais craniais
A. e v. braquiais profundas
A. e v. bicipitais
A. e v. calaterais ulnares
Fig. 111 Vasos da região axilar direita, face media!.
•
87
uma artéria principal, que penetra no forame nutriente no córtex do osso.
A artéria nutriente é um ramo de uma artéria adjacente, que para a escá-
pula é a artéria subescapular. Disseque os seguintes ramos da artéria su-
bescapular:
A artéria toracodorsal (Figs. 111 e 112) deixa a superfície dor-
sal da artéria subescapular próximo de sua origem. Ela supre uma parte
dos músculos redondo maior e grande dorsal, e termina na pele. É total-
mente visível na superfície profunda do grande dorsal. Seccione o re-
dondo maior e rebata suas duas extremidades para expor a artéria su-
bescapular.
A artéria circunflexa umeral caudal (Figs. 111, 112) deixa a
artéria subescapular oposta à artéria toracodorsal e corre lateralmente
entre a cabeça do úmero e o músculo redondo maior. Puxe a artéria su-
bescapular medialmente para ver esse ramo cursando lateralmente.
Exponha a artéria circunflexa umeral caudal, do lado lateral, onde os
ramos ficam superficiais na parte dorsal da cabeça lateral do tríceps.
Seccione a inserção do músculo deltóideo e rebata proximalmente.
Observe o nervo axilar e, caudal mente, a artéria circunflexa umeral cau-
dal entrando na superfície profunda do deltóide. Note o grande ramo da
veia axilobraquial (Fig. 90) que transita com a artéria e o nervo axila-
res. O nervo circunflexo umeral caudal inerva os músculos tríceps, del-
tóide, coracobraquial e infra-espinhoso e a cápsula da articulação do
ombro. Seccione a cabeça longa do tríceps em sua origem. Rebata-a e
siga a continuação da a11éria subescapular dorsalmente, junto à superfí-
cie caudal da escápula. Numerosos ramos suprem os ossos e muscula-
turas adjacentes.
4. A artéria circunflexa umeral cranial (Figs. 111, 112) chega da
artéria axilar proximal ou distalmente à artéria subescapular. Ela con-ecranial-
mente para suprir o bíceps braquial e a cápsula da articulação do ombro.
Artéria braquial
A artéria braquial (Figs. 111-113) é a continuação da artéria axi-
lar, junto aos tendões combinados dos músculos redondo maior e gran-
de dorsal. Ela cruza a metade distal do úmero, para alcançar a superfí-
cie craniomedial do cotovelo, passa embaixo do músculo pronador re-
dondo, origina seu ramo maior, a artéria interóssea comum e seu menor
ramo, a artéria antebraquial profunda. Torna-se depois a artéria
mediana, na metade proximal do antebraço. As artérias braquial e bici-
pital profunda são ramos musculares da artéria braquial no braço. Elas
são variáveis e não precisam ser dissecadas. Disseque os seguintes ra-
mos da artéria braquial:
1. A artéria colateral ulnar (Figs. 112-114) é um ramo caudal
da artéria braquial, no terço distal do braço. Ela supre o tríceps, o nervo
ulnar e o cotovelo.
2. A artéria braquial superficial (Figs. 112, 113) faz uma volta
em torno da superfície cranial da terminação distal do músculo bíceps
braquial, profundamente à veia cefálica. Ela continua no antebraço como
artéria antebraquial cranial superficial. Um ramo medial chega da
última, e ambos correm distalmente em um dos lados da veia cefálica,
acompanhados pelos ramos medial e lateral do nervo radial superficial.
Esses vasos vascularizam o dorso da pata dianteira (ver Fig. 120).
A artéria cubital transversa supre o cotovelo e os músculos adja-
centes, e não precisa ser dissecada. A artéria braquial corre profunda ao
flexor carporradial e ao pronador redondo. Seus ramos no antebraço serão
dissecados posteriormente.
Nervos da região escapular e do braço
Todos os nove nervos descritos a seguir contêm neurônios efe-
rentes somáticos para os músculos estriados e neurônios aferentes dos
músculos. Neurônios aferentes somáticos cutâneos são encontrados
apenas nos nervos musculocutâneo, axilar, radial, mediano e ulnar.
1. Nervos peitorais craniais (Fig. 110) são derivados de ramos
ventrais dos sexto, sétimo e oitavo nervos cervicais. Eles inervam o mús-
culo peitoral superficial. Esses nervos não precisam ser dissecados.
2. O nervo supra-escapular (Fig. 110) deixa os sétimo e oitavo
nervos cervicais e corre entre os músculos supra-espinhoso e subesca-
pular próximo do colo da escápula. Ele passa junto à incisura escapular
e inerva os músculos supra-espinhoso e infra-espinhoso. Seccione o
supra-espinhoso em sua inserção e rebata a sua extremidade distal. Ras-
treie os ramos do nervo supra-escapular para esse músculo. Note a con-
tinuação do nervo para a espinha escapular, onde ele entra no músculo
infra-espinhoso.
88 PESCOÇO, TÓRAX E MEJVIBRO TORÁCICO
Cervical
superficial
Torácica externa
Subescapular
Circunflexa umeral
cranial
Bicipital
Braquial superficial
Antebraquial superficial cranial i
Ramomedial
Interóssea comum
Interóssea caudal
Mediana
Radial
Toracodorsal
Circunflexa umeral caudal
Braquial profunda
Colateral ulnar
Cubital transversa
Recorrente ulnar
Ulnar
Interóssea cranial
Antebraquial profunda
Ulnar
Arco palmar profundo
Arco palmar superficial
Fig. 112 Artérias do membro torácico direito, face media!.
PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO
\
~
89
A e v. braquiais
N. musculocutâneo
A braquial superficial
V. e a. braquiais
A antebraquial cranial superficial
V. mediana cubital
N. radial, ramo superficial, ramo medial
A antebraquial cranial superficial,
ramo medial
N. cutâneo medial antebraquial
A e v. antebraquiais profundas
V. e a. interósseas comuns
A e v. radiais
A, v. e n. medianos
N. ulnar
N. mediano
v. e a. colaterais ulnares
N. cutâneo caudal
antebraquial
M. pronador redondo
M. flexor carporradial
M. flexor digital profundo,
cabeça umeral
M. f1exor carpoulnar, cabeça ulnar
A interóssea caudal
M. f1exor digital superficial
M. f1exor digital profundo,
cabeça umeral
Tendâo do f1exor carporradial
A radial, ramo carpiano dorsal
Fig. 113 Estruturas profundas do antebraço e do cotovelo direitos, face media!.
90 PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO
M. triceps, cabeça lateral
M.. ifíceps, cabeçalonga
2º n. intercostal,
ramo cutâneo lateral
A. colateral radial
M. braquiorradial
M. ancôneo
Ramo para o espaço interósseo
Para o m. extensor carpoulnar
A. colateral ulnar
A. interóssea cranial
N. cutâneo caudal ---
antebraquial
M. f1exor carpoulnar, cabeça ulnar
M. extensor carpoulnar
N. ulnar
M. f1exor carpoulnar, cabeça umeral
Ramopalmar
Ramo dorsal
M. extensor digital lateral
M. flexor digital profundo
Ramo da a. interóssea palmar
M. deltóideo
tríceps, cabeça acessória
_ 7 N. cutâneo lateral cranial do braço
iJf " b . "1'IVI. raqUlocela ICO
M braquial
Para o m. extensor carporradial
N. cutâneo lateral antebraquial
Para o m. supinador
Para o m. extensor digital comum
Para o m. extensor digital lateral (cortado)
Para os mm. abdutor longo do polegar,
extensor longo do polegar e próprio do índice
M. abdutor longo do polegar
M extensor carporradial
M. extensor digital comum
M extensor longo do polegar e próprio do índice
Fig. 114Estruturas profundas do antebraço e do cotovelo direitos, face lateral.
3. O nervo subescapular (Fig. 110) é um ramo dos sexto e séti-
mo nervos cervicais para o músculo subescapular. Algumas vezes, dois
nervos entram no músculo.
4. O nervo musculocutâneo (Figs. 110, 113, 115) procede dos
sexto, sétimo e oitavo nervos cervicais. Através do braço, o nervo mus-
culocutâneo se situa entre o bíceps braquial cranialmente e os vasos
braquiais caudalmente. Ele inerva os músculos coracobraquial, bíceps
braquial e braquial. Um ramo comunica-se com o nervo mediano, pro-
ximalmente à superfície flexora do cotovelo. O nervo musculocutâneo
corre profundamente à inserção do bíceps. Ele inerva a extremidade distal
do braquial e dá origem ao nervo antebraquial cutâneo medial (Figs.
110, 113), que é geralmente removido com a pele. Esse nervo é senso-
rial à pele da superfície medial do antebraço.
5. O nervo axilar (Figs. 90, 110) surge como um ramo dos séti-
mo e oitavo nervos cervicais, combinados entre si. Ele penetra no espa-
ço entre o subescapular e o redondo maior, nivelado com o colo da es-
cápula. Os seguintes músculos são supridos pelo nervo axilar: o redon-
do maior, o redondo menor, o deltóide e parte do subescapular. O ner-
vo braquial cutâneo lateral cranial (Figs. 90, 114) aparece subcuta-
neamente na superfície lateral do braço. Ele supre a pele sob a 5 _
cie lateral do braço e a região escapular caudal. Há ramos antebratr=
cutâneos craniais, que inervam a pele da superfície cranial do ar:.re
ço. Os últimos sobrepõem-se com ramos antebraquiais cutâneos do
superficial do nervo radial, lateralmente, e com ramos do nervo
locutâneo, medialmente.
6. O nervo toracodorsal (Fig. 110) procede primariame;:;;=
oitavo nervo cervical. Ele inerva o músculo grande dorsal e cor:<:'_
os vasos toracodorsais na superfície medial do músculo.
7. O nervo radial (Figs. 90, 110, 113, 114, 116) procede dos
últimos nervos cervicais e dois primeiros nervos torácicos, caminh::
pequena distância, distalmente, com o tronco dos nervos medi
nar, e entra distalmente no tríceps e no redondo maior. O nervo
motor para todos os músculos extensores das articulações do co:
cárpicas e falangianas. Os músculos do braço inervados pelo fi;
dial são o tríceps, o tensor da fáscia do antebraço e o ancôneo. 0:'--
os ramos para o tríceps. O nervo radial faz uma espiral em \'
úmero, na extremidade caudal e, depois, na superfície lateral do
10 braquial. Na face lateral do terço distal do braço, o nervo 1"'.=-'
N. musculocutâneo
Nervo musculocutâneo
I. Coracobraquial
2. Bíceps braquial
3. Braquial
4. Pele medial do antebraço
Nervo mediano
5. Pronador redondo
6. Flexor carpolTadial
7. Pronador quadrado
8. Flexor digital superficial
9. Flexor digital profundo,
cabeças umeral, ulnar e radial
10. Pele caudal do antebraço e da
pata palmar
4
PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO
10
91
1. Tríceps braquial
2. Tensor da fáscia do antebraço
3. Ancôneo
4. Extensor carpolTadial
5. Supinador
6. Extensor digital comum
7. Extensor digital lateral
8. Ulnar lateral
9. Abdutor longo do polegar
10. Pele cranial e lateral do antebraço
e da pata dorsal
Fig. 115Distribuição esquemática dos nervos musculocutâneo e mediano para
o membro torácico direito, face medial.
mina como um ramo profundo e outro superficial. Seccione a cabeça
lateral do tríceps em sua origem e a rebata para expor esses ramos ter-
minais. A distribuição no antebraço será dissecada posteriormente.
8. Os nervos mediano e ulnar (Figs. 90, 110, 113-115, 117)
surgem de um tronco comum do sétimo nervo cervical e dos primeiro e
segundo nervos torácicos. O tronco comum localiza-se na cabeça me-
dial do tríceps, entre a veia braquial, caudalmente, e a artéria braquial,
cranialmente. O nervo mediano, a divisão cranial do tronco comum,
corre para o antebraço em contato com a superfície caudal da artéria
braquial. Ele recebe um ramo do nervo musculocutâneo no nível do
cotovelo. Seus ramos para vários músculos do antebraço e para a pele
do lado palmar da pata serão dissecados posteriormente.
O nervo ulnar, a divisão caudal do tronco comum, separa-se do
nervo mediano no braço distalmente e cruza o cotovelo caudal mente ao
epicôndilo medial ao úmero. Rastreie-o juntamente com a artéria cola-
teral ulnar, até a borda seccionada da pele. O nervo cutâneo antebra-
quial caudal (Figs. 90, 110, 114) sai do nervo ulnar perto da metade do
braço e corre caudodistalmente, cruzando a superfície medial do tríceps
ao olécrano. Ele inerva a pele da superfície medial-distal do braço e a
superfície caudal do antebraço.
Fig. 116 Distribuição esquemática do nervo radial para o membro torácico
direito, face lateral.
9. Nervos peitorais caudais são derivados dos ramos ventrais
do oitavo nervo cervical e dos primeiro e segundo nervos torácicos. Eles
inervam o músculo peitoral profundo e estão freqüentemente combina-
dos com o nervo torácico lateral em sua origem. Eles não precisam ser
dissecados. O nervo torácico lateral foi previamente dissecado, em sua
terminação no músculo cutâneo do tronco.
Vasos e nervos do membro torácico estão listados no Quadro 1.
Incise a pele do olécrano até a superfície palmar do terceiro dedo.
(Passe pelas almofadilhas carpiana, metacarpiana e digital terceira.)
Remova a pele do antebraço e da pata, deixando os vasos e nervos na
peça sempre que possível.
A veia cefálica (Figs. 90, 113, 118-121) começa na face palmar
da pata, a partir do arco palmar venoso superficial. Este não precisa ser
dissecado. A veia cefálica acessória junta-se à veia cefálica na superfí-
cie cranial do terço distal do antebraço. Ela surge de pequenas veias
localizadas no dorso da pata. Na superfície flexora do cotovelo, a veia
mediana cubital forma uma conexão entre as veias cefálica e braquial.
Dessa conexão, a veia cefálica continua proximalmente na superfície
craniolateral do braço, num sulco entre o braquiocefálico, cranialmen-
te, e a origem da cabeça lateral do tríceps, caudalmente. No meio do
92 PESCOÇO, TóRAX E MEMBRO TORÁCICO
braço, a veia cefálica con'e profundamente ao braquiocefálico e entra
na veia jugular externa, próximo à entrada do tórax. A veia axilobra-
quial continua proximalmente e passa profundamente à borda caudal
do deltóide, para se juntar à veia axilar. A veia omobraquial origina-se
da veia axilobraquial e continua, subcutaneamente, pela superfície cra-
nial do braço e do ombro, antes de entrar na veiajugular externa, cranial-
mente à veia cefálica.
Artérias do antebraço e da pata anterior
Faça uma incisão longitudinal através da porção medial da fás-
cia do antebraço, a meio caminho entre as suas bordas cranial e caudal.
Estenda essa incisão até o carpo. Remova a fáscia do antebraço. Seccio-
ne o pronador redondo e o flexor carporradial, próximo às suas origens,
e rebata-os para descobrir a artéria braquial.
A artéria braquial (Figs. 112, 113), no antebraço, dá origem às
artérias interósseas comuns e antebraquial profunda, e depois se conti-
nua como artéria mediana. A artéria mediana estende-se até o arco pal-
mar arterialsuperficial, na pata.
I. A artéria interóssea comum (Figs. 112 e 113) é curta e passa
para a porção proximal do espaço interósseo, entre o rádio e a ulna. Puxe
a artéria braquial medialmente para ver os ramos da artéria interóssea
comum. As artérias interósseas comum e ulnar podem chegar juntas da
artéria braquial.
A artéria ulnar corre caudalmente. Separe os músculos na face
caudomedial do antebraço, para expor o seu trajeto. Um ramo recorren-
te estende-se proximalmente, entre as cabeças umeral e ulnar do flexor
digital profundo. A artéria ulnar continua distalmente com o nervo ul-
nar, entre a cabeça umeral do flexor digital profundo e do flexor car-
poulnar. Ela supre as cabeças ulnar e umeral do flexor digital profundo
e do flexor carpoulnar.
A artéria interóssea caudal situa-se entre as superfícies acola-
das do rádio e da ulna. Na face medial do antebraço, exponha o múscu-
lo pronador quadrado entre o rádio e a ulna. Corte as fixações desse mús-
culo, entre os dois ossos, e raspe-o com o cabo do bisturi para removê-
10 do espaço interósseo. A artéria interóssea caudal situa-se profunda-
mente nesse espaço. Em seu trajeto, descendo o antebraço, a artéria for-
nece muitos ramos pequenos para estruturas adjacentes. Ela passa pela
face lateral do canal cárpico e, na região carpometacárpica, se junta com
ramos das artérias radial e mediana, para formar arcos que vasculari-
zam a superfície palmar da pata dianteira (Figs. 112, 121), que não se-
rão dissecados.
A artéria interóssea cranial passa pela parte proximal do espa-
ço interósseo, cranialmente, para vascularizar os músculos que se loca-
lizam cranialmente e lateralmente no antebraço. Essa artéria não será
dissecada.
2. A artériaantebraquial profunda (Figs. 112, 113), é um ramo
tennináícÍa artéria braquial. Siga-a profundamente ao flexor carporra-
dial e\eccione a cabeça umeral do flexor digital profundo, que cobre o
vaso. A artéria antebraquial profunda vasculariza o flexor carpOlTadial,
o flexor digital profundo, o flexor carpoulnar e o flexor digital superfi-
cial.
A artéria mediana (Figs. 112, 113, 121) é a continuação da ar-
téria braquial, após a origem da antebraquial profunda. Ela origina a ar-
téria radial, no antebraço, e se continua na pata. É a principal fonte de
sangue para a pata, e acompanhada pelo nervo mediano, junto à cabeça
umeral do flexor digital profundo. A artéria mediana passa pelo canal
carpiano, entre os tendões dos flexores digitais profundo e superficial.
Seccione o retináculo dos flexores e o tendão do flexor digital superfi-
cial. Rebata-os e siga essa artéria pelo canal cárpico, até a extremidade
proximal do metacarpo, onde ela forma o arco palmar superficial com
um ramo da artéria interóssea caudal. Esse arco dá origem às artérias
digitais palmares comuns, que correm para a superfície palmar da pata
dianteira, as quais não precisam ser dissecadas.
A artéria radial (Figs. 112, 113, 120, 121) provém da artéria
mediana, na parte média do antebraço. Ela segue a borda medial do rá-
dio. No carpa, se divide em ramos cárpicos dorsal e palmar, que forne-
cem os vasos profundos da pata dianteira, os quais não precisam ser
dissecados.
Nervos do antebraço e da pata dianteira
A pe8 do antebraço é inervada por quatro nervos. A superfície
cranial é inervada pelos nervos radial e axilar; a superfície lateral, pelo
nervo radial; a superfície caudal é inervada pelo nervo ulnar; e a super-
fície medial recebe o nervo musculocutâneo. Há uma considerável su-
perposição nas áreas cutâneas de distribuição dos nervos.
1. O nervo radial (Fig. 116) inerva os extensores das articula-
ções do cotovelo, do carpo e dos dedos, e um flexor do carpo. Rebata
a cabeça lateral do tríceps. Observe o nervo radial próximo ao coto-
velo, onde ele se divide em ramos superficial e profundo. Seccione o ex-
tensor carporradial e rebata a sua extremidade proximal. O ramo pro-
fundo do nervo radial cruza a superfície medial do extensor carpor-
radial, no seu trajeto em direção ao antebraço com o músculo braquial.
Seccione o supinador, que se localiza sobre o nervo radial. O nervo
radial inerva o extensor carporradial, o extensor digital comum, o
supinador, o extensor digital lateral, o abdutor longo do polegar e o
ulnar lateral.
Quadro 1 VASOS E NERVOS DO MEMBRO TORÁCICO
Área
Músculos Laterais da Escápula e do Ombro
Estabilizadores, flexores e extensores do ombro:
Supra-espinhoso, infra-espinhoso
Músculos Caudais da Escápula e do Ombro
Flexores do ombro:
Deltóideo, Redondo maior, Redondo menor
Músculos Craniais do Braço
Flexores do cotovelo, extensores do ombro:
Bíceps braquial (Braquial)
Músculos Caudais do Braço
Extensor do cotovelo:
Tríceps braquial
Músculos Craniais do Antebraço
Extensores carpianos
Extensores digitais
Músculos Caudais do Antebraço
Flexores carpianos
Flexores digitais
Superfície Dorsal da Pata
Superfície Palmar da PataMediana,
Suprimento Arterial
Cervical superficial
Subescapular
Cervical superficial,
Axilar, Braquial
Axilar, Braquial
Braquial: cranial
Interóssea
Braquial: interóssea
comum, Antebraquial profunda
Braquial superficial,
Rede dorsal carpiana
Mediano e Ulnar
Interóssea caudal
Suprimento Nervoso
Supra-escapular
Axilar
Musculocutâneo
Radial
Radial
Mediano e Ulnar
Radial
PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO 93
I. Flexor carpoulnar, cabeças umeral e ulnar
2. Flexor digital profundo, cabeças ulnar e umeral
3. Interósseo
4. Pele caudal do antebraço
5. Pele da pata palmar
6. Pele do quinto metacarpiano, superfície lateral do dedo
Fig. 117 Distribuição esquemática do nervo ulnar para o membro torácico direito, face medial.
o ramo superficial divide-se em um nervo antebraquial cutâ-
neo lateral e em ramos medial e lateral. O ramo medial é pequeno e
segue o ramo medial da artéria antebraquial cranial superficial, conti-
nuando-se distalmente no antebraço, junto à face medial da veia cefáli-
ca. O ramo lateral associa-se à face lateral da veia cefálica, e entra no
antebraço com a artéria antebraquial cranial superficial. Esses ramos
continuam em direção à pata, de cada lado da veia cefálica acessória.
Estes ramos medial e lateral são sensoriais para a pele da superfície la-
teral e cranial do antebraço e das superfícies dorsais do carpa, do meta-
carpa e dos dedos (Fig. 122). Eles terminam nos nervos digitais comuns
dorsais da pata (Fig. 123). Não disseque esses nervos.
2. O nervo mediano (Figs. 113,115, 121) corre distalmente em
direção ao antebraço, junto com a artéria braquial. Ele inerva os múscu-
los pronador redondo, pronador quadrado, flexor carporradial, flexor
digital superficial e a cabeça radial e partes das cabeças umeral e ulnar
do flexor digital profundo.
Rebata o flexor carporradial e a cabeça umeral do flexor digital
profundo e observe o trajeto do nervo. O nervo mediano passa pelo canal
carpiano, com a artéria mediana, e dá ramos para a inervação sensorial da
superfície palmar da pata dianteira. Note o trajeto do nervo pelo canal
carpiano, mas não disseque seus ramos terminais no metacarpo (Fig. 121).
3. O nervo ulnar (Fig. 117) diverge caudalmente do nervo me-
diano no terço distal do braço. Nesse ponto, o nervo cutâneo antebra-
quial caudal sai do ulnar. O nervo ulnar penetra nos músculos ante-
braquiais caudalmente à extremidade distal do úmero e é distribuído
para o flexor carpoulnar e partes das cabeças ulnar e umeral do flexor
digital profundo. Na metade do antebraço, o ramo dorsal do nervo
ulnar aparece e torna-se subcutâneo na superfície lateral. É distribuí-
do para a superfície lateral do metacarpo e para o quinto dedo (Fig.
120).
Seccione e rebata as cabeças ulnar e umeral do flexor carpoul-
nar. O nervo ulnar situa-se na superfície caudal do flexor digital pro-
fundo, profundamente à cabeça umeral do flexor carpoulnar.
Rastreie o ramo palmar do nervo ulnar no interior da pata dian-
teira. O nervo situa-se na superfície profunda do flexor carpoulnar, logo
acima do carpo. Ele penetra na face lateral do canal carpiano, onde se
divide em um ramo superficial eoutro profundo (Fig. 121). Rebata o
flexor carpoulnar e o retináculo flexor para expor o nervo no canal car-
piano. No metacarpo, os ramos superficial e profundo se dividem mais,
para suprir inervação sensorial à superfície palmar da pata dianteira e
inervação motora para os músculos intrínsecos da mesma (Fig. 122).
Esses ramos não serão dissecados.
94
Jugular externa
Omobraquial
Cervicalsupenicial
Cefálica
Subclávia
Axilar
Axilobraquial
Veia cava cranial
Torácica interna
Mediana
PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO
Fig. 118Veias do pescoço e dos ombros, face cranial.
Jugular interna
Omobraquial
Subescapular
Vv. tireóideas caudais
Braquiocefálica esquerda
Costocervical
Omobraquial
Cefálica
Axilobraquial
Braquial
Mediana cubital
Cefálica
Embora a distribuição cutânea dos nervos no membro torácico
seja difícil de dissecar, é importante conhecer tanto as áreas cutâneas
quanto as zonas autônomas dos nervos, para procedimentos anestésicos
locais e/ou para o diagnóstico de lesões nervosas. A área cutânea é toda
a região da pele inervada por um nervo periférico. A zona autônoma é
aquela área da pele inervada unicamente por um nervo periférico espe-
cífico, sem superposição de nervos adjacentes. A Fig. 122 mostra as
zonas autônomas para os nervos da pata dianteira e regiões adjacentes
do pescoço e do tronco.
A distribuição dos vasos e nervos para os dedos não será disse-
cada, mas deve-se entender a terminologia pertinente (Fig. 123). No
metacarpo, há ramos superficiais e profundos em ambas as faces, pal-
mar e dorsal, mas não há nervos profundos dorsalmente. Ramos super-
ficiais são chamados de nervos ou vasos digitais comuns palmares ou
dorsais e os ramos profundos são chamados de vasos e nervos meta-
cárpicos paI mares ou dorsais. Esses quatro ramos são orientados atra-
vés de um plano sagital, que passa entre os ossos metacarpianos. Na
articulação metacarpofalangiana, os ramos digital comum e metacarpia-
no se unem para formar um tronco comum nas superfícies dorsal e pal-
mar. Cada tronco comum depois se divide em ramos medial e lateral
para os dedos. Esses ramos digitais são chamados vasos ou nervos axiais
ou abaxiais dorsais ou digitais próprios, dorsal ou palmar. Axial ou
abaxial refere-se à posição, se eles estão na superfície do dedo que se
direciona para o eixo (axial) ou opostamente ao eixo (abaxial) da pata.
O eixo da pata passa entre os dedos 3 e 4. Geralmente, os maiores vasos
digitais são os digitais próprios palmares. (Ver no Quadro 2 a disposi-
ção desses vasos e nervos na pata dianteira.)
Cão vivo
Na face medial do braço, sinta os vasos e os nervos correndo dis-
talmente, entre o bíceps braquial, cranialmente, e a cabeça medial do trí-
ceps braquial, caudalmente. Palpe o pulso na artéria braquial. Injeções arte-
riais visando obter preparados anatômicos podem ser feitas nessa artéria.
Palpe o epicôndilo medial do úmero. Os vasos braquiais e o ner-
vo mediano correm cranialmente àquele e passam embaixo do músculo
pronador redondo. Eles não podem ser sentidos aqui. O nervo ulnar corre
caudalmente ao epicôndilo medial e pode ser palpado acariciando a pele
num sentido caudal para cranial, em direção ao epicôndilo media!. O
nervo ulnar será sentido quando ele escorregar sob seus dedos.
PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO
(
95
Axilar
v. omobraquial para a jugular externa
Subescapular
Circunflexa umeral cranial
V. cefálica para a
jugular externa
Bicipital
Cefálica
Mediana cubital
Interóssea comum
Mediana
Radial
Cefálica
Cefálica acessória
Axilobraquial
Circunflexa umeral caudal
Braquial
Braquial profunda
Colateral ulnar
Interóssea cranial
Antebraquial profunda
Interóssea caudal
Arco venoso palmar proximal
- Arco venoso palmar distal
Fig. 119 Veias do membro torácico direito, face media!.
96 PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO
v. celálica
A. antebraquial cranial superficial
v. celálica acessória
N. radial superficial, ramo lateral
N. ulnar, ramo dorsal
N. digital dorsal comum, 4
A. e v. digitais dorsais comuns, 4
v., a. e n. digitais dorsais
próprias axiais, 5
A. antebraquial cranial superficial, ramo medial
N. radial superficial, ramo medial
A. radial, ramo carpiano dorsal
v. celálica
N. digital dorsal comum, 1
A. digital dorsal comum, 1
A. digital palmar
própria axial, 3
Fig. 120 Artérias, nervos e veias superficiais da mão direita, face dorsal.
PESCOÇO, TóRAX E MEMBROTORÁCICO 97
v., a. e n. palmares
próprios axiais, 4
v. digital palmar comum, 4
Arco palma r superficial
N. ulnar, ramo superficial
A. e v. digitais palmares comuns, 4
N. digital palmar abaxial, 5
Arco palmar profundo
A. interóssea caudal
v. cefálica
~
A. mediana -----11 \\ \\\ I I N. mediano
A. radial, ramo carpiano palmar
N. digital palmar comum, 3
N. digital palmar próprio abaxial, 2
v., a. e n. digitais palmares axiais
Arco venoso palma r superficial
v., a. e n. para a almofadilha metacarpiana
Fig. 121 Artérias, veias e nervos superficiais da mão direita, face palmar
98 PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO
C5, ramo cutâneo
ventral
N. braquiocefálico
N, musculocutâneo
N, radial
Ramos cutâneos dorsais
T2, ramo cutâneo
lateral
N, axilar
T3, ramo cutâneo
lateral
N, ulnar
N. radial
Fig, 122 Regiões autônomas de inervação cutânea do membro torácico,
A, v, e n. digitais dorsais
próprios axiais
A, v, e n. metacarpianos dorsais
A, v, e n, digitais dorsais comuns
31111 4
A, v, e n. digitais
palmares comuns
A, v, e n. metacarpianos palmares
A, v, e n. digitais palmares próprios axiais
A, v, e n. digitais dorsais comuns
A, v, e n, metacarpianos dorsais
A, v, e n, digitais dorsais próprios axiais
Fig, 123 Esquema da vascularização e da inervação dos dedos,
PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÃCICO
Quadro 2 SUPRIJ.VIENTO SANGUÍNEO E Il\TERVAÇÃO DOS DEDOS DO J\ffiMBRO TORÁCICO
Superocie Dorsal
99
Artérias
(Superficiais)
(Profundas)
Nervos
(Apenas supelficiais)
Artérias
(Superficiais)
(Profundas)
Nervos
(Supelficiais)
(Profundos)
A. braquiaJ superficial:
Antebraquial cranial superficial
Ramo medial da antebraquial cranial
superficial
Rede carpiana dorsal:
A. radial, ramo carpiano dorsal
A. interóssea caudal
R. superficial do n. radial,
ramos medial e lateral;
N. ulnar, ramo dorsal
Superocie Pahnar
Arco pai mar superficial,
A. mediana
Ramo da a.interóssea caudal
Arco palmar profundo,
A. interóssea caudal;
A. radial, ramo carpiano palmar
N. mediano;
N. u]nar, ramo superficial
N. ulnar, ramo profundo
A. digital
comum
dorsal
A. metacarpiana
dorsal
N. digital
comum dO.QaJ
A. digital
palmar
comum
A. metacarpiana
pai mar
Nn. digitais
palmares comuns
Nn. metacarpianos
palmares
I-IV
A. digital
dorsal,
axialou
abaxial
N. digital
dorsal,
axialou
abaxial
A. digital
palmar
própria,
axialou
abaxial
N. digital
palmar
próprio,
axialou
abaxial
Na face lateral do braço distalmente, o nervo radial pode ser sen-
tido quando ele emerge de baixo da borda distal da cabeça lateral do
tríceps, junto ao músculo braquial, e divide-se em ramos superficial e
profundo. Pressione firmemente a pele sobre o músculo braquial aqui e
palpe de proximal para dista!. O ramo superficial será sentido à medida
que escorrega para fora, debaixo de seus dedos.
Coloque os seus dedos cruzando a superfície flexora do cotovelo
e comprima essa área. Isso irá distender a veia cefálica no antebraço,
que é comumente utilizada para punção venosa. Lembre-se de que uma
pequena artéria e um nervo sensorial acompanham essa veia, em ambos
os lados. Punções venosas repetidas podem injuriá-Ias e contribuir para
hemorragias subcutâneas, o que pode ser uma experiência dolorosa para
o paciente. Em algumas raças de pêlos curtos, as veias cefálica, axilo-
braquial e omobraquial podem ser visíveis no braço e na região do ombro.
Revise a localização das zonas autônomas dos nervos periféri-
cos no membro torácico do cão.
MILLER
GUIA PARA
"""
A DISSECÇAO
. """
DOCAO
TERCEIRA EDiÇÃO
EVANS & de LAHUNTA
ABDOME, PELVE E MEMBRO
PÉLVICO
A anatomia da superfície doabdome está dividida em regiões cra-
nial, média e caudal (Fig. 124). Rebata a pele da parede abdominal di-
reita, deixando as papilas mamárias na fêmea, o prepúcio no macho e
os troncos cutâneos. Estenda uma incisão perpendicular da linha medi-
ana ventral até a metade da superfície medial da coxa direita e daí à sua
borda cranial. Continue essa incisão dorsalmente ao longo da borda cra-
nial da coxa após a crista do ílio, até a linha média dorsa!. Começando
na superfície medial da coxa, rebata ou remova a pele do lado direito do
abdome.
VASOS E NERVOS DAS REGIÕES
VENTRAL E IA1ERAL DA PAREDE
ABDOMINAL
As artérias que irrigam a parte superficial da parede abdominal
ventral são ramos das artérias epigástricas superficiais (Fig. 125). A
artéria epigástrica cranial superficial origina-se da artéria epigástrica
cranial (Fig. 146).
O tecido subcutâneo da parede abdominal ventral contém as
mamas abdominais e inguinais, e os vasos e nervos que as suprem. Na
fêmea, os vasos epigástricos craniais superficiais são vistos subcutane-
amente, junto à papila mamária abdominal crania!. Através de dissec-
ção, separe a fileira direita de mamas da fáscia e volte-as lateralmente.
Disseque a artéria pudenda externa (Figs. 80, 125, 146), que
emerge do anel inguinal superficial. Sua origem do tronco
pudendoepigástrico, um ramo da artéria profunda da coxa, será vista mais
tarde. A artéria pudenda externa segue caudoventralmente à borda cra-
nial do grácil. A artéria epigástrica caudal superficial é grande e apa-
rece como um prolongamento direto da artéria pudenda externa, dorsal-
mente ao linfonodo inguinal superficial. A artéria epigástrica caudal
superficial (Fig. 125) segue cranialmente à superfície profunda da mama
inguinal e fornece os ramos mamários. A artéria prossegue, indo irrigar
a mama abdominal caudal, e faz anastomose com ramos da artéria epi-
gástrica cranial superficial. No macho, supre o prepúcio. Um pequeno
ramo da artéria pudenda externa segue caudalmente para suprir os lábi-
os pudendos na fêmea e o escroto no macho.
Exponha os linfonodos inguinais superficiais (ver Fig. 153), que
ficam adjacentes aos vasos epigástricos caudais e craniais superficiais
junto à sua origem dos vasos pudendos externos. Os linfáticos aferentes
desses linfonodos drenam as mamas, o prepúcio, o escroto e a parede
abdominal ventral, cranialmente até o nível do umbigo.
A parede abdominal recebe seu suprimento vascular principal-
mente de quatro vasos (ver Fig. 146); a artéria abdominal cranial (cra-
niodorsal), a artéria epigástrica cranial (cranioventral), a artéria epigás-
trica caudal (caudoventral) e a artéria circunflexa profunda do ilíaco
(caudodorsal) .
Rebata a fáscia superficial da parede abdominal lateral. Emergin-
do da parede abdominal dorsolateral, caudalmente à última costela,
encontram-se ramos superficiais da artéria abdominal cranial (ver Fig.
146). Esta nasce de uma origem comum com a artéria frênica caudal, a
partir da aorta, e perfura a musculatura abdominal para chegar à pele.
Os nervos cutâneos do abdome diferem um pouco daqueles do
tórax. Os ramos cutâneos laterais dos últimos cinco nervos torácicos não
acompanham a convexidade do arco costal, mas seguem numa direção
caudoventral e inervam a maioria das partes ventral e ventrolaterais da
parede abdominal (Fig. 126). Os ramos cutâneos dos três primeiros ner-
vos lombares pelfuram a parte lateral da parede abdominal e, como pe-
quenos nervos, seguem caudoventralmente. Inervam a pele da parede
abdominal lateral caudal e a coxa, na região do joelho. Não disseque es-
ses nervos cutâneos. Cranialmente à crista ilíaca cranioventral, o nervo
cutâneo lateral da coxa (Fig. 126) e a artéria e a veia circunflexas
profundas do i1íaco (ver Fig. 146) perfuram o músculo oblíquo interno
do abdome e aparecem superlicialmente. O nervo origina-se do quarto nervo
lombar e é cutâneo às superfícies cranial e lateral da coxa. A artéria origina-se
da aorta e irriga a parede abdominal caudodorsal. Disseque esses vasos e acom-
panhe o nervo, até onde permitir o rebatimento da pele aí presente.
Seccione a origem lombar do músculo oblíquo externo do abdo-
me e rebata-o ventralmente.
Seccione o músculo oblíquo interno do abdome na origem de SU2S
fibras musculares na fáscia toracolombar. Prolongue a incisão caudal-
mente até o nível dos vasos circunflexos profundos do ílio e do nervo
cutâneo lateral da coxa. Isole o músculo oblíquo interno do abdome
músculo transverso subjacente, e rebata-o ventralmente para expor 05
ramos ventrais dos últimos nervos torácicos e os quatro primeiros ne;:-
vos lombares. Esses são paralelos entre si e inervam as partes ventrais e
laterais das paredes torácica e abdominal. Os quatro primeiros nerv~
lombares formam os nervos iIioipogástrico cranial, ilioipogástri
caudal, iIioinguinal e cutâneo lateral da coxa, respectivamente. PüC=
ser difícil diferenciar os ramos ventrais de Tl3 e LI sem acompanM-
10saté os forames intervertebrais, o que não é necessário. De modo ge1"22..
o ramo ventral de T13 segue ao longo da face caudal da 13: costela.
Os nervos ilioipogástricos cranial e caudal e o ilioinguinal (Fi~
126) passam através da aponeurose de origem do músculo transve:
do abdome. Cada um deles possui um ramo medial, que desce entre
músculos transverso do abdome e oblíquo interno do abdome, até o reu:
do abdome. Os ramos mediais inervam esses músculos, o peritônio sut-
jacente e a pele da parede abdominal ventral. Os ramos laterais desses;
nervos perfuram o oblíquo interno do abdome, e descem entre os ml~"'"
culos oblíquos. Podem ser vistos na superfície profunda do músc:
oblíquo externo do abdome. Cada ramo lateral supre esses músculn-
perfura o oblíquo externo do abdome e termina subcutaneamente co
ramo cutâneo lateral para a parede abdominallatera!.
Estruturas inguinais
No macho, disseque as estruturas que passam através do
inguinal e do anel inguinal superficial (Fig. 80). Reveja as páginas 1:--
115, onde há referência a essa área.
Macho
A artéria e a veia pudendas externas deixam o anel ino
superficial caudalrnente às estruturas que suprem o testículo. Seus __
mos foram dissecados.
ABDOlVIE, PELVE E :MEMBRO PÉLVICO 101
Região
peitoral
t\ b~I z I
<;; i I I ,',
f - i -.!;~-]-Arco costa!
;;7--( II 11 I _,,I + - ',; I- - - - Reglao xtfolde
I~\l 111~~ "" .
: "':;-;;1' Região hipocondríaca esq
''G-- :(: -~ Umbigo
v' ",,'
+- _: i--Região lateral esq.
: - ~' - Região umbilical
--j"':\\~
+- : /~ - - Região inguinal esq.
,Y - - - \"'"'" ""-
~'V \'-
Fig. 124 Regiões topográficas do tórax e do abdome,
o nervo genitofemoral (Figs. 126, 166, 168, 172) origina-se dos
ramos ventrais do terceiro e do quarto nervos lombares. É ligado por
fáscia à veia pudenda externa, medialmente ao cordão espermático. 1-
nerva a pele que reveste a região inguinal e a coxa proximal, medial-
mente em ambos os sexos, e parte do prepúcio no macho,
A fáscia espermática, um prolongamento das fáscias abdomi-
nal e transversal, envolve as estruturas emergentes do anel inguinal su-
perficiaL Isto inclui o cordão espermático e o músculo cremaster (Figs.
127 e 128),
O músculo cremaster é envolto por essa fáscia espermática, à
medida que segue ao longo da parte caudal da túnica vaginal. O múscu-
lo cremaster origina-se da borda livre caudal do oblíquo interno do ab-
dome e liga-se à túnica vaginal próximo ao testículo (Fig, 80), Rebata a
fáscia espermática, para expor a túnica vaginal, que pode ser observada
estendendo-se de sua emergência, através do anel inguinal superficial,
até o testículo,
O processo vaginal (Figs, 127, 128) é um divertículo do peri-
tônio presente em ambos os sexos, No macho, envolve o testículo e
as estruturas do cordão espermático e é conhecido como túnica vagi-
naL É composto pela túnica vaginal, com suas lâminas parietal e vis-
ceraL
A lâmina parietal da túnica vaginal, a camada externa do pro-
cesso vaginal, estende-se do anel inguinal profundo à base do escroto,
Corte essa lâmina parietal ao longo da parte mais ventral do testículoe
ao longo da borda cranial da túnica vaginal até o anel inguinal superfi-
cial, para expor a lâmina visceraL A cavidade atingida é um prolonga-
mento da cavidade peritoneal.
A lâmina visceral da túnica vaginal fica firmemente unida ao
testículo e ao epidídimo, e envolve o ducto deferente e os vasos e ner-
vos que têm origem ou terminam no testículo e epidídimo. O mesór-
quio é parte da lâmina visceral da túnica vaginal e contém os vasos e
nervos do testículo. O mesodueto deferente é a parte da lâmina visce-
ral que se liga ao ducto deferente.
O cordão espermático (Figs. 127, 128) é alTastado e desce atra-
vés do canal inguinal pelo descenso dos testículos e é composto de duas
partes distintas: o ducto deferente e a artéria e a veia testiculares,
O dueto deferente transporta os espermatozóides do epidídimo
para a uretra. Origina-se da cauda do epidídimo, na extremidade caudal
do testículo e une-se ao mesórquio pelo mesoducto deferente. As pe-
quenas artéria e veia deferenciais acompanham o ducto deferente.
A artéria e veia testiculares, assim como os vasos linfáticos
testiculares e o plexo testicular de nervos autônomos, são intimamente
associados entre si. Esses vasos e nervos são revestidos por uma prega
da lâmina visceral da túnica vaginal, o mesórquio, que é contínua com
a lâmina parietal da túnica vaginaL A artéria é tortuosa e, entremeados
ao seu redor, ficam o plexo nervoso e o plexo venoso. O plexo venoso
é o plexo pampiniforme. A artéria e a veia testiculares são ramos da
aorta e da veia cava caudal, respectivamente. Entram no testículo em
sua extremidade craniaL O plexo nervoso é autônomo e contém axôni-
os simpáticos pós-ganglionares, que se originam do terceiro ao quinto
gânglios simpáticos lombares.
O testículo e o epidídimo (Figs, 80, 128) são intimamente re-
vestidos pela lâmina visceral da túnica vaginaL Na extremidade caudal
do epidídimo, o peritônio visceral deixa a cauda do epidídimo, num
ângulo agudo, e torna-se a lâmina parietaL Portanto, há uma pequena
área circunscrita no epidídimo não revesti da por peritônio. O tecido
conjuntivo que liga o epidídimo à túnica vaginal e à fáscia espermática,
neste ponto, é o ligamento da cauda do epidídimo. Rahata a pele do
escroto caudalmente para observá-Io.
O epidídimo (Figs. 80, 128) fica voltado mais para a face lateral
do testículo do que para a sua borda dorsaL Para fins descritivos, é divi-
dido numa extremidade cranial, ou cabeça, onde o epidídimo se comu-
nica com o testículo; uma parte intermediária, ou corpo; e uma extre-
midade caudal, ou cauda, que é contínua com o ducto deferente. A cau-
da epididimária é ligada ao testículo pelo ligamento próprio do testí-
culo e à túnica vaginal e à fáscia espermática pelo ligamento da cauda
102
A. e v. epigástricas _
superficiais craniais
M. obliquo _
externo do abdome
A. e v. epigástncas __
superficiais caudais
ABDOlVIE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
__ Papila abdominal
cranial
- - 13' costela
Fig. 125 Veias e 311érias superficiais do abdome. Processo vaginal esquerdo exposto.
do epidídimo. O dueto deferente passa cranialmente sobre o testículo,
medialmente ao epidídimo.
Coloque novamente a pele, previamente rebatida, sobre a região
inguinal e examine o escroto. O escroto é uma bolsa dividida por uma
rafe externa e um septo mediano interno, em duas cavidades. Cada uma
delas é ocupada por um testículo, um epidídimo e a paJ1e distal do cor-
dão espermático do mesmo lado.
Fêmea
Na fêmea, localize os vasos sanguíneos pudendos externos e o
nervo genitofemoral emergindo do anel inguinal superficial. O proces-
so vaginal (Fig. 125) é o divertículo peritoneal que acompanha o liga-
mento redondo do útero. (A origem desse ligamento do mesométrio
no interior do abdome será vista mais tarde.) Essas duas estruturas, en-
voltas em fáscia e cercadas por tecido adiposo, podem estender-se até a
vulva.
o canal inguinal
O canal inguinal (Fig. 128) é uma pequena fissura cheia de teci-
do conjuntivo entre os músculos abdominais. Estende-se entre os anéis
inguinais profundo e superficial. É limitado lateralmente pela aponeu-
rose do oblíquo externo do abdome, cranialmente pela borda caudal do
oblíquo interno do abdome, caudalmente pela borda caudal da aponeu-
rase do oblíquo externo do abdome (ligamento inguinal) e medialmen-
te, em parte, pela face superficial do reto do abdome. A túnica vaginal e
o cordão espermático no macho e o processo vaginal e o ligamento re-
dondo da fêmea passam oblíqua e caudoventralmente através do canal
Em ambos os sexos, os vasos pudendos externos e o nervo genitofemo-
ral atravessam o canal. Observe o máximo possível desses limites antes
de abrir o abdome.
Cavidades abdominal e peritoneal
A cavidade abdominal é fonnada pelos músculos da parede ab-
dominal, pelas costelas e pelo diafragma. É revestida por peritônio, que
envolve a cavidade peritoneal.
A cavidade peritoneal, como as cavidades pleural e pericárdi
é um espaço fechado. É revestida por uma membrana serosa. Membra-
nas serosas são finas camadas de tecido conjuntivo frouxo revestidas poc
uma camada de mesotélio. O peritônio é derivado das camadas somáti
e mesodénnica esplâncnica que revestem o celoma embrionário.
ABDmlE, PELVE E NlEMBRO PÉLVICO 103
o peritônio parietal é a camada que reveste a parede corpórea,
sendo incisado para abrir a cavidade peritoneal. É contínuo dorsalmente
com o peritônio visceral, que suspende e envolve os órgãos da cavidade
abdominal (Fig. 129). Não existem quaisquer órgãos na cavidade pel1to-
neal, porque todos os órgãos são revestidos por peritônio visceral.
A fáscia transversa reforça o peritônio e fixa-o aos músculos
abdominais e diafragma. Faça uma incisão sagital através da parede
abdominal de cada lado dorsal ao reto do abdome, do arco costal até o
nível do canal inguinal. Una as extremidades craniais dessas incisões e
rebata a parede abdominal ventral. Observe as seguintes estruturas:
O ligamento falciforme é uma prega de peritônio que passa do
umbigo ao diafragma. Une-se também ao fígado, entre os lobos medial
esquerdo e quadrado. Em espécimes obesos, encontra-se um grande
acúmulo de tecido adiposo nesse remanescente do mesentério ventral
embrionário. Em animais jovens, o ligamento redondo do fígado ain-
da pode ser visível na borda livre do ligamento falciforme. Caudal ao
umbigo, a prega do peritônio é o ligamento mediano da bexiga. No
feto, a veia umbilical segue cranialmente na borda livre do ligamento
falciforme para entrar no fígado, enquanto o úraco e as artéIias umbili-
cais ficam na borda livre do ligamento mediano da bexiga.
Examine a face caudoventral do interior da cavidade peritoneal
no nível do canal inguinal e observe o anel vaginal.
O anel vaginal (Fig. 128) é formado pelo peritônio parietal quan-
do deixa o abdome e entra no canal inguinal para formar o processo ou
túnica vaginal. Marca a posição do anel inguinal profundo, que é for-
mado pela reflexão da fáscia transversa para fora do anel vaginal. Em
geral, há um depósito de tecido adiposo na fáscia transversa ao redor do
anel vaginal.
No macho, o ducto deferente é ligado às paredes abdominal e
pélvica por uma prega de peritônio, o mesoducto deferente. No anel
vaginal, essa prega une-se ao mesórquio, que contém a artéria e a veia
testiculares e os plexos nervosos testiculares. O ducto deferente segue
caudalmente do anel vaginal para a uretra, além do colo da bexiga. Na
fêmea, uma prega de peritônio do mesométrio, que suspende o útero,
entra no anel vaginal. Essa prega contém o ligamento redondo do útero.
A artéria e a veia epigástricas caudais seguem cranialmente na
face profunda da parte caudal do reto do abdome. A origem da artéria
do tronco pudendoepigástrico da artéria profunda da coxa será disseca-
da mais tarde (ver Fig. 146).
VÍSCERAS ABDOMINAIS
O omento maior (Figs. 129-132) é a primeira estrutura observa-
da após rebater-se a parede abdominal. É um prolongamento caudo-
ventral das duas camadas de peritônio visceral que passam da parede
éorpórea dorsal para a curvatura maior doestômago, o mesogástrio
dorsal. À medida que o estômago se forma e gira para sua posição defi-
hitiva no embrião, esse mesogástrio cresce de maneira extensiva e forma
uma bolsa de dupla camada, que se estende caudoventralmente sob
I
I
I
,
I
I
\
\
\
\
\
\
13ª costela
Ramo dorsal de T 13
I
I
I
I
Ramo ventral de T 13
\
\
\
N. ilioipogástrico cranial (L 1)
\
"iocostallombar
Ramo cutâneo dorsal
N. ilióipogástric; caudal (L2) \
\ \
\ \
\ \
\
\
N. ilioinguinal (L3)
\
\L5
~/'-1/
V
,
I
Ramos para o reto do abdome
N. genitolemora.!.
/
Fig. 126 Vista lateral dos quatro primeiros nervos lombares.
104 ABDOME, PELVE E l\1EMBRO PÉLVICO
;\\ - - Anel inguinal superficial
Oblíquo ext. abd
Túnica vaginal - - -
Fêmea
Fig. 127 Diagrama da transecção do processo vaginal no macho e na fêmea. (As linhas pontilhadas indicam a fáscia espermática. No macho, não estão demonstrados
os conteúdos da túnica vaginal. Ver Fig. 128.)
Epidídimo
I
- Corte transversal
Anel inguinal profundo
II
Túnica par/e tal
Túnica visceral
Dueto deferente
A. e v. deferentes
Lâmina parietal da túnica vaginal" "-
"-
"- "
Fáscia abdominal superf.
e profunda - -
A. e v. testiculares
Fig. 128 Esquema da túnica vaginal no macho.
ABDOlVIE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 105
muitos dos órgãos abdominais. O espaço contido no mesogástrio pre-
gueado é a bolsa do omento. A prega adjacente à parede corpórea ven-
tral é a camada superficial. A camada profunda fica adjacente aos ór-
gãos abdominais. O omento maior tem um aspecto rendilhado, com
deposições de tecido adiposo ao longo dos vasos. O omento maior re-
veste o jejuno e o íleo, deixando o cólon descendente exposto à direita.
Rebata o omento e, com os dedos em lados opostos, separe suas pare-
des superficial e profunda para expor sua cavidade, a bolsa do omento.
Acompanhe o omento maior de sua fixação ventral na curvatura maior
do estômago até sua fixação dorsal à parede corpórea dorsal. O baço está
incluso na porção superficial do omento maior no lado esquerdo, e o lobo
esquerdo do pâncreas está incluso na camada profunda.
Três órgãos no abdome capazes de considerável variação no ta-
manho são o estômago, a bexiga e o útero. Se um ou mais deles estive-
rem dilatados, as relações dos órgãos serão alteradas.
A bexiga (Figs. 130, 132, 133), quando vazia, contrai-se e fica
no assoalho da entrada pélvica. Quando dilatada, fica no assoalho do
abdome, e seu formato adapta-se à parte caudal da cavidade abdominal,
uma vez que desloca todas as vísceras livremente móveis. Com freqüên-
cia, atinge um plano transversal através do umbigo.
O útero não-grávido (Figs. 130, 133) é notavelmente pequeno,
mesmo numa cadela que tenha tido várias ninhadas. O útero é constitu-
ído por um colo (cérvix), um corpo e dois cornos. O útero grávido fica
no assoalho do abdome durante o segundo mês ou a última metade da
prenhez. À medida que o útero aumenta, as partes intermediárias dos
cornos gravitam cranial e ventralmente e passam a ficar mediais aos arcos
costais; assim, o útero dobra-se sobre si próprio, pois as extremidades
ovárica e vaginal movem-se muito pouco durante a dilatação.
O baço (Figs. 130, 134) fica na camada superficial do omento
maior, ao longo da curvatura maior do estômago. Sua posição, formato
e grau de distensão são variáveis. Sua superfície lateral fica contra o
peritônio parietal da parede abdominal lateral esquerda e o fígado. Sua
parte caudal pode atingir um plano transversal através da região lombar
central. Seu limite cranial geralmente é marcado por um plano que pas-
sa entre a 12.' e a 13: vértebras torácicas. Pode atingir o assoalho do
abdome. A parte do omento maior que une o baço ao estômago é o liga-
mento gastroesplênico. Se seu espécime foi anestesiado com um bar-
bitúrico, o baço pode estar anormalmente dilatado.
O diafragma (Fig. 135), divisão muscular entre as cavidades
torácica e abdominal, é músculo de inspiração. Possui uma extensa pe-
riferia muscular e um pequeno centro tendíneo em forma de V. A par-
te muscular do diafragma pode ser dividida em três partes, de acordo
com suas fixações: lombar, costal e esternal. A parte lombar forma os
ramos esquerdo e direito, que se unem aos corpos da terceira e da quar-
ta vértebras lombares por fortes tendões. O ramo direito é maior do que
o esquerdo. A parte costal do diafragma origina-se das superfícies
mediais da oitava à 13: costelas. Interdigita-se com o músculo trans-
verso do abdome. A parte esternal origina-se da superfície dorsal do
esterno cranial à cartilagem xifóide. Os prolongamentos do centro ten-
díneo em forma de V seguem dorsalmente entre as partes lombar e cos-
tal de cada lado. O medias tino caudal pode ser rompido para expor a
parte tendínea do músculo.
Lobo esquerdo
do pâncreas Mesocólon transverso
Sínfise
Útero
r
I
Bexiga
Cólon descendente
I
I
I
I
I
I
I
Bolsa omental
Mesentério
I
I
I
I
r
r
I
I
I
r
I
Omento maior, camada profunda
e camada superlicial
Cólon transverso
Peritônio
parietal
Linfonodos
I
Estômago
Omento
menor
Fígado
Ligamento
coronário
Fig. 129 Diagrama das reflexões peritoneais. secção sagitaJ.
1. Fossa pararretal
2. Escavação retogenital
3. Escavação vesicogenital
4. Escavação pubovesical
106 ABDOME, PErVE E l\ffi~ffiRO PÉLVICO
Fig. 130 Vísceras do cão.
A. Vísceras do macho, vista lateral esquerda
I. Pulmão esquerdo
2. Coração
3. Fígado
4. Estômago
5. Rim esquerdo
6. Ureter
7. Bexiga
8. Uretra
9. Reto
10. Omento maior revestindo o intestino delgado
11. Baço
12. Cólon descendente
13. Dueto deferente
14. Testículo esquerdo
15. Próstata
16. Timo
B. Vísceras da fêmea, aspecto lateral direito
I. Pulmão direito
2. Coração
3. Fígado
4. Estômago
5. Rim direito
6. Ureter
7. Bexiga
8. Uretra
9. Reto
10. Omento maior revestindo o intestino delgado
11. Duodeno descendente
12. Corno uterino direito
13. Ovário direito
14. Vagina
ABDOME, PELVE E :MEMBRO PÉLVICO
107
Peritônio parietal --
I
Rim direito
Esquerda
Baço
\
Cólon descendente
Fig. 131 Mesentérios abdominais. Secção transversal esquemática no nível do baço.
Fígado --
Duodeno descendente - -
Localização do ceco - -
Reto -
A.
- Estômago
- - Baço
- - Rim esquerdo
- - Omento maior revestindo
intestino delgado
~ Ureter
e v. epigástricas profundas caudais
Fig. 132 Vísceras abdominais, face ventral no macho.
108 ABDOME, PELVE E MEl\1BRO PÉLVICO
Glândula adrenal - -
Ligamento suspensor
do ovário --
A. e v. ováricas -
Ligamento próprio - -
do ovário
Ligamento redondo do útero - - -
Como- -
Corpo --
Veia cava caudal I
I
I Aorta
- Rim esquerdo
- V.ovárica
. - Ovário dentro da bolsa
- - - - - - A. uterina
---- Bexiga
Fig. 133 Relações topográficas do rim, da glândula adrenal, do ovário e do útero não grávido, face ventral.
O hiato aórtico é um corredor dorsal entre os ramos para a aor-
ta, a veia ázigos e o ducto torácico. O hiato esofágico, localizado mais
centralmente, fica na parte muscular do ramo direito e conduz o esôfa-
go, os troncos nervosos vagais e os vasos esofágicos. O forame da veia
cava localiza-se na junção das partes tendínea e muscular do lado direi-
to do diafragma. A veia cava caudal o atravessa.
O fígado (Figs. 130, 132, 136) tem seis lobos, e sua superfície
parietal adapta-se à superfície abdominal do diafragma. A superfície
visceral do fígado relaciona-se, à esquerda, com o estômago e, às ve-
zes, com o baço; à direita, com o pâncreas, o rim direito e o duodeno;
ventralmente com o omento maior e, por meio deste, com o intestino
delgado. Sua parte mais caudal cobre a extremidade cranial do rim di-
reito e atinge um plano transversal através da 13.a vértebra torácica. O
fígado raramente salienta-se caudal ao arco costa!. Sofre leve movimento
longitudinal a cada respiração.
O lobo medial direito do fígado contém uma fossa para a vesí-
cula biliar. O lobo lateral direito, que é menor, situa-se junto ao lobo
caudado, que envolve a extremidade cranial do rim direito. O lobo qua-
drado é estreito e localiza-se entre os lobos mediais direito e esquerdo.Forma o limite esquerdo da fossa da vesícula biliar. O lobo medial es-
querdo é separado por uma fissura dos lobos medial direito e quadra-
do. A veia umbilical penetra no fígado através dessa fissura. O lobo
lateral esquerdo é separado do lobo medial esquerdo por uma fissura.
A borda livre do lobo lateral esquerdo é freqüentemente chanfrada. A
superfície visceral do lobo lateral esquerdo é côncava onde fica em con-
tato com o estômago. O lobo caudado é indistintamente separado da
massa central do fígado, que é cranial a ele. Fica de modo tranverso,
mas está principalmente à direita e dorsal à parte principal do órgão. É
contraído em seu centro, onde a veia porta entra no fígado ventral a ele
e a veia caudal cruza-o dorsalmente. Suas extremidades estão na forma
de dois processos. O processo caudado cobre a parte mais alta da ex-
tremidade cranial do rim direito e contém assim a profunda impressãl
renal. O processo papilar pode ser observado através do omento me-
nor, se o fígado for inclinado para a frente. Fica na curvatura menor
estômago.
Vias biliares
Grande parte do sistema de dueto biliar no fígado é microscóp,-
ca. A bile, que é secretada pelas células hepáticas, é coletada nos cana-
lículos, que drenam nos duetos interlobulares. Os duetos interlobula.re:s
de cada lobo se unem para formar duetos hepáticos (Fig. 137), que
emergem de cada lobo. A disposição dos duetos hepáticos é variáveL
A vesícula biliar (Fig. 137) localiza-se numa fossa entre os lo-
bos quadrado e medial direito do fígado. A vesícula biliar repleta este;:;-
de-se através do fígado e fica em contato com o diafragma (que freqüen
temente está manchada de verde em espécimes preservados). O colo ê.:.
vesícula biliar continua como o dueto cÍstico.
O principal ducto formado pela união dos ductos hepáticos e
ducto cístico da vesícula biliar é o dueto biliar (dueto colédoco). Se-
gue pela parede do duodeno descendente e termina na papila duodeC:::
maior, ao lado do ducto pancreático. Não existem quaisquer válvul2s
nos ductos biliares, e a bile pode fluir em qualquer direção. Observe -
sistema de ductos em seu espécime.
O estômago (Figs. 130, 134, 138) é dividido em partes que se
misturam imperceptivelmente entre si. A parte cardíaca é a menor pa:--=
do estômago e localiza-se mais perto do esôfago. O fundo tem foru:::.
de cúpula e fica à esquerda do cárdia e dorsal a ele. O corpo do estô~
go é a grande porção central. Estende-se do fundo à esquerda até a pa=
pilórica à direita. O corpo une-se à parte pilórica na incisura, que é -
ângulo relativamente agudo na pequena curvatura. A parte pilórica -
ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
109
Papila duodenal maior
Papila duodenal menor
Lobo dir. do pâncreas
cobrindo o rim dir.
Cólon ascendente
Linfonodos -
mesentéricos
Duodeno
Camada profunda }
Camada super!o Omento maior (cortado)
Estômago
Logo esquerdo do
pâncreas
Cólon transverso
Cólon descendente
Fig. 134 Duodeno e cólon transverso com relação à raiz do mesentério. Pâncreas in s/tu e posição dos rins indicada por linha pontilhada.
Parte esternal do diafragma
Forame da v. cava
Parte costa I
Hiato aórtico
(Aorta, v. ázigos e
dueto torácico)
1ª vértebra lombar
Ramo direito
4' vértebra lombar ·fHWL> +~
,.·y1l· .. ·:r···.:..} 713
Fig. 135 Diafragma, face abdominal.
Cartilagem xifóide
Cartilagens costais
Hiato esofágico
(Esôfago e
troncos vagais)
Ramo esquerdo
Psoas maior
110 ABDOlVIE, PELVE E lVIEMBRO PÉLVICO
terço distal do estômago, quando medido ao longo da curvatura me-
nor. A porção inicial de paredes finas é o antro pilórico, que se es-
treita num canal pilórico, antes de se unir ao duodeno no esfíncter, o
piloro.
O estômago é inclinado de tal maneira que sua curvatura maior
apresenta-se principalmente à esquerda e sua curvatura menor, prin-
cipalmente à direita; sua superfície parietal está voltada ventralmente
para o fígado, e sua superfície visceral dorsalmente faz face à massa
intestinal. Sua posição muda, dependendo de sua repleção.
O estômago vazio é completamente inacessível à palpação e à
observação, devido ao fígado e ao diafragma cranioventralmente e à
massa intestinal caudal mente. Fica à esquerda do plano mediano. O
estômago vazio é cranial ao arco distal e agudamente curvado, de tal
modo que tem mais o formato de V do que de C. A curvatura maior
apresenta-se ventralmente, caudalmente e à esquerda. Essa curvatura fica
acima e à esquerda da massa do intestino delgado. A curvatura menor é
fortemente curvada ao redor do processo papilar do fígado e apresenta-
se craniodorsalmente e à direita. O lobo esquerdo do pâncreas e o cólon
transverso são dorsocaudais a ele.
O estômago cheio fica em contato com a parede abdominal ven-
tral e projeta-se além dos arcos costais. Desloca a massa intestinal. Abra
o estômago ao longo de sua superfície parietal, remova o conteúdo e
observe as pregas longitudinais da mucosa.
O duodeno (Figs. 130, 132, 134, 138) é a parte mais fixa do in-
testino delgado. É suspenso pelo mesoduodeno, que será estudado mais
tarde. Rebata o omento maior cranialmente e o jejuno de cada lado para
expor o duodeno. O duodeno começa no piloro à direita do plano medi-
ano. Após um curto trajeto dorsocranial, volta-se como a flexura duo-
denal cranial. Continua caudalmente à direita como a parte descen-
dente, onde fica em contato com o peritônio. Mais caudalmente, o du-
odeno volta-se, formando a flexura duodenal caudal, e prossegue cra-
nialmente como a parte ascendente. A parte ascendente fica à esquer-
da da raiz do mesentério, onde forma a flexura duodenojejunal.
O jejuno forma as espirais do intestino delgado (Figs. 130, 131,
132, 134), que ocupam a parte ventrocaudal da cavidade abdominal.
Recebem sua nutrição da artéria mesentérica cranial, que fica na raiz do
mesentério. A raiz do mesentério fixa o jejuno e o íleo à parede corpó-
rea dorsal. Os linfonodos mesentéricos ficam ao longo dos vasos no
mesentério. O jejuno começa à esquerda da raiz do mesentério e é a
porção mais longa do intestino delgado. Acompanha-o a flexura duo-
denojejunal à esquerda até o seu final no íleo, no lado direito do abdo-
me. O íleo é a porção terminal do intestino delgado. É curto, passa cra-
nialmente ao lado direito da raiz do mesentério e une-se ao cólon ascen-
dente no orifício i1eocólico. Não existe qualquer demarcação nítida entre
o jejuno e o íleo, desde o ceco até o jejuno. Este aproxima-se do com-
primento do íleo (10 cm).
O ceco (Figs. 132, 134, 139), uma parte do intestino grosso, é um
tubo cego em forma de S, localizado à direita do plano mediano, najun-
ção do íleo com o cólon. É ventral à extremidade caudal do rim direito,
dorsal ao intestino delgado e medial à parte descendente do duodeno. O
ceco comunica-se com o cólon ascendente no orifício cecocólico. Abra
o ceco, o íleo terminal e o cólon ascendente adjacente e observe os ori-
fícios ileocólico e cecocólico.
O cólon (Figs. 134, 139) localiza-se dorsalmente no abdome,
suspenso por um mesocólon. Divide-se num curto cólon ascendente,
que fica à direita da raiz do mesentério; um cólon transverso, cranial à
raiz do mesentério; e um longo cólon descendente, em seu início à es-
querda da raiz do mesentério. O ângulo entre os cólons ascendente e
transverso é conhecido como a flexura cólica direita, e aquele entre os
cólons transverso e descendente é conhecido como a flexura cólica
esquerda. O cólon descendente termina num plano transversal através
da entrada pélvica. Continua-se como o reto.
O pâncreas (Figs. 134,137) é lobulado e composto de um corpo
e dois lobos. O corpo fica no pilora. O lobo direito fica dorsomedial à
parte descendente do duodeno, envolta pelo mesoduodeno. É ventral ao
rim direito. O lobo esquerdo do pâncreas fica entre as camadas perito ..
neais que formam o folheto profundo do omento maior. É caudal ao
estômago e ao fígado, e cranial ao cólon transverso. Rebata o omento
maior cranialmente e o intestino delgado caudalmente, para observar o
pâncreas.
O sistema ductal pancreático (Figs. 134, 137) é variável.A maio-
ria dos cães tem dois duetos, que se abrem separadamente no duodeno,
mas comunicam-se na glândula. O ducto pancreático é o menor dos
dois duetos e, às vezes, está ausente. Abre-se junto ao dueto biliar na
papila duodenal maior. Faça uma incisão através da borda livre da parte
descendente do duodeno. Raspe a mucosa com o cabo do bisturi e iden-
tifique a papila duodenal maior. Esta encontra-se do lado onde o meso-
duodeno se fixa. O ducto pancreático acessório, maior, abre-se no duo-
deno na papila duodenal menor, cerca de dois ou três centímetros cau-
dal à papila maior. Localize o dueto acessório por dissecção no meso-
duodeno, entre o lobo direito do pâncreas e o duodeno descendente.
As glândulas adrenais (Figs. 133,140, 143) são branco-amare-
ladas e localizam-se na face cranial de cada rim. Cada glândula é atra-
vessada pelo tronco comum das veias frênica caudal e abdominal crani-
aI, que deixa um sulco profundo em sua superfície ventral.
A glândula adrenal direita fica entre a veia cava caudal e o lobo
caudado do fígado ventralmente e os músculos sublombares dorsalmente.
Exponha a glândula por dissecção entre a veia cava caudal e o rim cra-
nial à veia renal. A glândula adrenal esquerda fica entre a aorta e o
rim esquerdo. Corte cada adrenal e observe o córtex.
Os rins (Figs. 130-133, 140, 141) são castanho-escuros. Eles são
parcialmente rodeados por tecido adiposo e cobertos por peritônio em
sua superfície ventral. A borda lateral é fortemente convexa, e a medial.
quase reta. No meio da borda medial, encontra-se uma abertura, o hilo
do rim, onde os vasos e nervos renais e o ureter comunicam-se com o
órgão.
O rim direito fica oposto às três primeiras vértebras lomba-
res. É mais cranial do que o rim esquerdo pela extensão de metade de
um rim. O rim direito tem uma relação mais extensa com o fígado do
que qualquer outro órgão. Seu terço cranial é coberto pelo processo
caudado do lobo caudado do fígado. A superfície ventral restante re-
laciona-se com o duodeno descendente, o lobo direito do pâncreas. o
ceco e o cólon ascendente. A veia cava caudal fica na borda medial do
rim direito.
O rim esquerdo fica oposto à segunda, à terceira e à quarta vér-
tebras lombares. Relaciona-se ventralmente com o cólon descendente e
o intestino delgado. O baço relaciona-se com a extremidade cranial do
rim. A borda medial fica junto à aorta.
A parte dilatada do ureter dentro do rim é a pelve renal. O ure-
ter segue caudalmente na região sublombar. Abre-se na parte dorsal do
colo da bexiga. Durante todo o trajeto, é envolto por uma prega de peri-
tônio da parede corpórea dorsal. Acompanhe o trajeto do ureter. O seio
renal é o espaço cheio de tecido adiposo que contém os vasos renais e
rodeia a pelve renal.
Libere o rim esquerdo de seu peritônio e sua fáscia de revesti-
mento. Não corte sua ligação vascular. Faça um corte longitudinal do
rim esquerdo desde sua borda lateral até o hilo, dividindo-o em meta-
des dorsal e ventral. Observe o aspecto granuloso da porção periféri
do parênquima renal. Este é o córtex renal, que contém principalmenü:
os corpúsculos renais e as porções convolutas dos túbulos. O parênqui-
ma situado mais centralmente é a medula. Possui um aspecto estriado.
devido aos numerosos duetos coletores. Os vasos aparentes na junçãl
corticomedular são os ramos arqueados dos vasos renais. A saliênci~
longitudinal que se projeta na pelve renal é a crista renal, através d.::
qual os túbulos coletores do rim excretam urina na pelve renal. Faça
segundo corte longitudinal paralelo ao primeiro e observe as pirâmi-
des renais formadas pela medula. Os recessos pélvicos da pelve ren~
projetam-se para fora entre as pirâmides renais.
Libere o rim direito de seu peritônio e sua fáscia e faça um corre
transversal através dele. Observe o córtex renal, a medula, a crista e =
pelve.
Os ovários localizam-se junto ao pólo caudal dos rins. O ovári
direito fica cranial ao ovário esquerdo e ~ dorsal ao duodeno desce
dente. O ovário esquerdo fica entre o cólon descendente e a parede ab-
dominal. Cada ovário está contido numa bolsa peritoneal de parede5
finas, a bolsa ovárica (Fig. 142), formada pelo mesovário e mesossalpir
ge. A bolsa ovárica abre-se para a cavidade peritoneal via um orifí ..
semelhante a uma fenda na superfície mediana.
A tuba uterina segue cranial e depois caudal mente pela paree=
lateral da bolsa em seu trajeto para o corno uterino. Examine a superã-
ABDOME, PELVE E lVIEMBRO PÉLVICO 111
Lig. falciforme
Veia cava caudal
Lig. coronário
Vesicufa biliar
Lig. triangular dir.
Área nua do figado
V. hepática
Processo caudado do
lobo caudado
Fig. 136a. Fígado, face diafragmática.
cie da bolsa e observe o pequeno espessamento semelhante a um cor-
dão em sua parede. Isto é a tuba uterina. Abra a bolsa por uma incisão
lateral dorsal à tuba uterina e examine o ovário e o infundíbulo. O in-
fundíbulo é a extremidade ovariana dilatada da tuba uterina. Tem uma
borda fimbriada e funciona para tragar os ovos após a ovulação. Obser-
ve que várias das fímbrias projetam-se na cavidade perioneal a partir da
abertura da bolsa ovárica. Durante a vida, essas fímbrias funcionam para
fechar a abertura para a cavidade peritoneal na época da ovulação e, dessa
maneira, evitam migração transperitoneal de ovos. A entrada do infun-
díbulo na tuba uterina é conhecida como o óstio abdominal, e é nesta
região que ocorre a fertilização. A tuba uterina é curta e fina. Abre-se
no corno uterino muito mais largo na junção tubouterina. Esta região
tem importância fisiológica, pois é aí que os espermatozóides e os ovos
ão regulados em seu trânsito.
Os ligamentos largos do útero (Fig. 142) são as pregas peritone-
ais de cada lado, que se fixam à região sublombar lateral. Suspendem
toda a genitália interna, exceto a parte caudal da vagina, que não é re-
vestida por peritônio. Cada ligamento divide-se em três partes: o
mesométrio origina-se da parede lateral da pelve e da parte lateral da
região sublombar e fixa-se à parte lateral da extremidade cranial da va-
gina, ao colo (cérvix) uterino e ao corpo uterino, bem como ao como
uterino correspondente. O mesovário, um prolongamento do
mesométrio, é a parte cranial do ligamento largo. Começa num plano
transversal através da extremidade cranial do como uterino e fixa o ovário
e os ligamentos associados com o ovário à parte lateral da região sub-
lombar. O mesossalpinge é o peritônio que fixa a tuba uterina ao meso-
vário e forma com o mesovário a parede da bolsa ovárica.
O ligamento suspensor do ovário une-se à fáscia transversa
medial à extremidade dorsal da última costela (Fig. 142). Sua função é
manter o ovário numa posição relativamente fixa. Na ovário-histerec-
tomia, esse ligamento é solto de sua união à parede corpórea, para fa-
cilitar a remoção do ovário. O ligamento próprio do ovário é curto e
fixa o ovário à extremidade crania! do como uterino. A partir desse ponto
caudolateralmente ao cana! inguinal, há uma prega da camada lateral
do mesométrio, que contém o ligamento redondo do útero em sua borda
livre (ver Fig. 168). O ligamento redondo, um homólogo do gubemácu-
10 embrionário, não tem função no adulto. Passa pelo canal inguinal e é
encoberto pelo processo vaginal e pelo tecido adiposo (Fig. 127).
Peritônio
O peritônio reveste as cavidades abdominal, pélvica e escrotal, e
reflete-se ao redor de seus órgãos incluídos. O peritônio parietal cobre
a superfície interna das paredes das cavidades abdominal, pélvica e es-
crotal; o peritônio visceral cobre os órgãos dessas cavidades.
No embrião, o mesentério comum dorsal é uma camada dupla de
peritônio, que vai da parede abdominal dorsal ao tubo digestivo. Serve
como uma rota pela qual os vasos e nervos atingem os órgãos. No cão,
o mesentério comum dorsal persiste como o omento maior,
mesoduodeno, mesentério e mesocólon.
Um omento (epíplon) fixa o estômago à parede corpórea ou a
outros órgãos:
O omento maior (ver Figs. 129, 131, 132) fixa a curvatura mai-
or do estômago à parede dorsal do corpo. Da curvaturamaior do estô-
mago, estende-se caudalmente como a camada superficial sobre o asso-
alho do abdome. Volta-se dorsalmente sobre si próprio, próximo à en-
trada da pelve, e retoma como a camada profunda dorsal ao estômago,
onde contém o lobo esquerdo do pâncreas entre suas camadas peritone-
ais. Fixa-se à parede dorsal do abdome. Caudal e à esquerda do fundo
do estômago encontra-se o baço, que fica em grande parte numa evagi-
nação da camada superficial do omento maior.
112 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
A. gástrica dir.
Veia cava caudal A. gastroduodenal
Fig. 136b. Fígado, face visceral.
O omento menor estende-se frouxamente sobre a distância en-
tre a curvatura menor do estômago e a porta do fígado. Entre o fígado e
o cárdia do estômago, fixa-se por uma curta distância ao diafragma. O
I?rocesso papilar do fígado é frouxamente envolto pelo omento menor.
A direita da borda livre do omento menor, encontra-se o ligamento
hepatoduodenal, que une o fígado ao duodeno. Contém a veia porta, a
artéria hepática e o ducto biliar.
A bolsa omental é formada pelos omentos e os órgãos adjacen-
tes. Possui um forame omental (epiplóico) que se abre na principal
cavidade peritoneal. Essa abertura fica dorsalmente à direita do plano
mediano, no nível da flexura cranial do duodeno, caudomedial ao lobo
caudado do fígado. É limitada dorsalmente pela veia cava caudal, ven-
tralmente pela veia porta, caudalmente pela artéria hepática no
mesoduodeno e cranialmente pelo fígado. Encontre esse foram e e insi-
ra um dedo através dele.
O mesoduodeno origina-se na parede dorsal do abdome e na raiz
do mesentério, estendendo-se até o duodeno. No lado direito, passa para
o duodeno descendente e envolve o lobo direito do pâncreas entre suas
camadas. Cranialmente, é contínuo com o omento maior, através da
superfície ventral da veia porta. Caudalmente, o mesoduodeno passa da
raiz do mesentério para a flexura caudal do duodeno. À esquerda, fixa-
se ao duodeno ascendente, e na flexura duodenojejunal é contínuo com
o mesentério do jejuno. O duodeno ascendente liga-se ao mesocólon do
cólon descendente pela prega duodenocólica.
O mesentério (mesojejunoíleo) fixa-se à parede abdominal oposta
à segunda vértebra lombar por um pequeno ligamento peritoneal conhe-
cido como a raiz do mesentério. Vasos e nervos passam no mesentério
para suprir os intestinos grosso e delgado. A borda periférica do mesen-
tério liga-se ao jejuno e ao íleo. Na junção ileocólica, o mesentério é
contínuo com o mesocólon ascendente.
Os mesocólons ascendente, transverso e descendente ligam os
cólons ascendente, transverso e descendente à parede corpórea dorsal.
São contínuos entre si da direita à esquerda.
Há algumas pequenas pregas peritoneais que servem mais para
manter órgãos em posição do que como canais para vasos sanguíneos.
Elas denominam-se ligamentos:
O ligamento triangular direito estende-se do pilar direito do
diafragma acima do centro tendíneo ao lobo lateral direito do fígado.
O ligamento triangular esquerdo estende-se do pilar esquerdo
do diafragma ao lobo lateral esquerdo do fígado.
O ligamento coronário é uma lâmina de peritônio que passa en-
tre o diafragma e o fígado, ao redor das veias cava caudal e hepáticas. À
direita, é contínuo com o ligamento triangular direito, e à esquerda, com
o ligamento triangular esquerdo. Ventralmente, partes direita e esquerda
do ligamento coronário convergem para formar o ligamento fa1ciforme.
O ligamento falciforme estende-se do fígado ao diafragma e da
parede ventral do abdome ao umbigo. O ligamento redondo do fígado.
que é o resquício da veia umbilical do feto, pode ser encontrado no
animal jovem como um pequeno cordão fibroso que fica na borda livre
do ligamento fa1ciforme. Entra na fissura para o ligamento redondo do
fígado entre os lobos quadrado e medial esquerdo. Em cães adultos, o
ligamento fa1ciforme está cheio de tecido adiposo e persiste apenas do
diafragma ao umbigo.
Vasos e nervos das vísceras abdominais
Nervos vagais
Os nervos vagos (Figs. 105, 143) transportam fibras eferente:
paras simpáticas pré-ganglionares e aferentes viscerais para todos o
ABDOME, PELVE E MElVIBRO PÉLVICO 113
Orifício do dueto colédoco
- Esfíncter da papila duodenal maior
Vesícula biliar
Papila duodenal menor
Dueto cístico
Dueto colédoco
} Dueto pancreático
Dueto pancreático acessório
Papila duodenal maior
Dueto pancreático
Duodeno
Dueto colédoco intramural
orifício
esfíncter
-,
\III
I
~
\
I
B
Fig. 137 Duetos biliares e pancreáticos. A, Relações topográficas, face ventral. B, Interior do duodeno com a túnica mucos a removida para mostrar o músculo
próprio com relação aos duetos e à papila duodenal maior (segundo Eichom e Boyden, [955).
Dueto colédoco
Duetos hepáticos
Porção intramural do dueto
Papila duodenal maior
Duetos pancreáticos
Papila duodenal menor
Canal pilórico
Fig. 138 Secção longitudinal do estômago e do duodeno proximal.
114 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
Cólon ascendente
Folículos linfáticos solitários
Orifício cecocólico
Orifício íleocólico e
m. esfíncter
Ceco
Fig. 139 Secção longitudinal através da junção ileocólica mostrando o orifício cecocólico.
órgãos torácicos e a maioria dos abdominais. Os nervos vagos direito e
esquerdo dividem-se caudalmente às raízes dos pulmões em ramos
dorsais e ventrais. Os ramos dorsais unem-se perto do diafragma para
formar o tronco vagal dorsal. Os ramos ventrais unem-se caudalmente
às raízes dos pulmões para formar o tronco vagal ventral. Esses troncos
ficam nas superfícies dorsal e ventral da parte terminal do esôfago. Dos
troncos, bem como dos ramos dorsais e ventrais dos vagos, originam-se
nervos para suprir o esôfago. Os troncos vagais passam pelo hiato esofá-
gico do diafragma e seguem ao longo da curvatura menor do estômago.
Seccione o pilar esquerdo do diafragma no hiato esofágico e re-
bata-o para expor os troncos vagais. Observe o tronco vagal ventral. Este
supre o fígado, a superfície parietal do estômago e o pilara. Os ramos
terminais não precisam ser dissecados.
O tronco vagal dorsal (Fig. 143) emite um ramo celíaco que passa
dorsocaudalmente e contribui para a formação dos plexos celíaco e
mesentérico cranial. Estes plexos são redes nervosas que ficam sobre,
ao redor e passam ao longo dos três vasos abdominais, em razão dos
quais são denominados. Os componentes simpáticos dos plexos têm
sinapses nos gânglios associados. Axônios parassimpáticos estão sim-
plesmente atravessando. Os ramos nesses plexos acompanham a ra-
Veia cava caudal
V. renal
Ureter
4" vértebra lombar
mificação terminal dos respectivos vasos sanguíneos para os intestino~
no mínimo tão caudal mente quanto a flexura cólica esquerda. O tronco
vagal dorsal continua ao longo da curvatura menor do estômago parz
suprir a superfície visceral do pilara. ~
Tronco simpático
Para expor as partes torácica caudal e lombar do tronco simpáti-
co do lado esquerdo, rebata as paredes abdominal e torácica caudal. tk
tal modo que o rim e os pilares do diafragma fiquem livremente acessi-
veis. Rebata o rim em direção ao plano mediano. A artéria e a veia ilí~-
cas circunflexas profundas originam-se da aorta e da veia cava cauch.
na parte caudal da região lombar, e podem ser seccionadas e desviadas
Esses vasos serão descritos posteriormente, com os ramos da aorta ar~
dominal e da veia cava caudal.
O músculo psoas menor origina-se da fáscia do músculo dorsa:_
ele, o quadrado lombar, e dos últimos corpos vertebrais torácicos e cir;-
co primeiros lombares. É ventral e medial ao músculo quadrado lom~
e ao músculo psoas maior (Figs. 143, 172). Insere-se no ílio, no tuk-
Tronco comum
A. frênica caudal
A. abdominal cranial
Glândula adrenal
A. renal
Rim esquerdo
Fig. 140 Rins e glândulas adrenais, face ventral.
ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
Pirâmide renal
A. e v. interlobares
Cápsula renal
A. e v. arqueadas
V. renal
115
Tecido adiposo no seio renal
Pelve renal
Medula
B
Medula
c
o
"].
N.
E
Recesso pé/vico
Pelve renal
--- Ureter
Fig. 141 Detalhesda estrutura do rim.
A) Seccionado em plano dorsal, distante do centro.
B) Seccionado em plano dorsal médio.
C) Secção transversa!.
D) Disposição da pelve renal, face dorsal.
E) Disposição da pelve renal, face media!.
116 ABDUME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
Lig. suspensor do ovário
Mesovário
Lig. próprio do ovário
Corno uterino esquerdo
Mesométrio
A
Abertura da bolsa ovárica
ástio abd. da tuba uterina
Ovário (rebatido medialmente)
Fímbrias do
infundíbulo
Bolsa ovárica
Tuba uterina ascendo
V Ovário
,~ --
// ~ ~ Mesossalpinge~ Tuba uterina descendo
O Ligamento largo
(mesovário)
c
Abertura da
bolsa ovárica
Fig. 142 Relações do ovário e da bolsa ovárica esquerdos.
A) Face lateral.
B) Face lateral, bolsa aberta.
C) Face medial.
D) Secção através do ovário e da bolsa.
culo do psoas menor dorsal à eminência iliopúbica. Seccione o tendão
do músculo psoas menor caudal aos vasos circunflexos profundos do
íleo. Remova o músculo de suas origens vertebrais. Examine o psoas
maior e sua união com o ilíaco para formar o músculo iliopsoas.
Nervos esplâncnicos
Identifique as partes torácica e lombar do tronco simpático ao
passar ao longo dos corpos vertebrais. Como muitos dos axônios pré-
ganglionares no tronco simpático nos níveis TIO a TI3 seguem no ner-
vo esplâncnico maior, em vez de na região lombar do tronco, há um
estreitamento distinto do tronco caudal ao nervo esplâncnico maior. O
tronco dilata-se caudalmente, à medida que componentes esplâncnicos
lombares nele penetram.
Os nervos esplâncnicos contêm neurônios simpáticos, que se-
guem entre o tronco simpático e os gânglios autônomos abdominais.
O nervo esplâncnico maior (Fig. 143) deixa o tronco simpático
no nível do 12.0 ou 13.0 gânglio simpático torácico. Passa dorsal ao pi-
lar do diafragma, entra na cavidade abdominal e segue para os gângli
e plexos adrenais e celiacomesentéricos.
Os nervos esplâncnicos menores (Fig. 143), quase sempre do'
em geral deixam os últimos gânglios simpáticos torácicos e primeir
lombares. Suprem nervos para a glândula, o gânglio e o plexo adren~-
e terminam nos gânglios e plexo celiacomesentéricos. Disseque a
gem dos nervos e seu trajeto para a glândula adrenal.
Os nervos esplâncnicos lombares (Fig. 143) originam-se j
segundo ao quinto gânglios simpáticos lombares. Em geral, distribue=-
se para os gânglios e plexos aorticorrenais, mesentéricos crania:, •
mesentéricos caudais. Observe a origem desses nervos.
Plexos e glânglios nervosos abdominais
No abdome, ramos dos nervos vagos e esplâncnicos mistur=-
se ao redor das principais artérias abdominais, para formar plexos ~-
vosos, que são denominados de acordo com o vaso onde se encontr=
Os plexos inervam a musculatura da artéria e as vísceras irrigadas
ramos dessa artéria.
ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
12
117
34 33 32 31
Fig. 143 Exposição do sistema nervoso autônomo abdominal, lado esquerdo.
1. Estômago
2. Tronco ventral do n. vago
3. Esôfago
4. Tronco dorsal do n. vago
5. Aorta
6. A. e n. intercostais
7. Ramo comunicante
8. Tronco simpático
9. A. celíaca
10. Quadrado lombar
lI. N. esplâncnico maior
12. A. mesentérica cranial
13. Gânglio simpático lombar em L2
14. N. esplâncnico menor
15. Tendão do pilar esquerdo do diafragma
16. Psoas maior
17. N. esplâncnico lombar
18. Psoas menor seccionado
19. A. circunflexa profunda do ilíaco
20. A. mesentérica caudal
21. N. hipogástrico esquerdo
22. Plexo mesentérico caudal
23. Gânglio mesentérico caudal
24. A. e v. testiculares
25. Cólon descendente
26. A. ureteral cranial
27. Jejuno
28. Veia cava caudal
29. Omento maior
30. A. e plexo renais
31. Glândula adrenal
32. Tronco comum para v. frênica caudal e abdominal cranial
33. Plexo adrenal
34. Gânglios e plexo celíacos e mesentéricos craniais
118 ABDOME, PELVE E MEJI.'IBRO PÉLVICO
1. As artérias lombares pares (Figs. 144-146) deixam a superfí-
cie dorsal da aorta. Cada uma delas estende-se dorsalmente e termina
em um ramo espinhal e um dorsal. Os ramos espinhais atravessam os
forames intervertebrais e anastomosam-se com a artéria espinhal ven-
tral, que se encontra no canal vertebral e irriga parte da medula espinal.
Os ramos dorsais irrigam os músculos e a pele acima das vértebras lom-
bares.
2. A artéria celíaca (Figs. 143-145) é curta e origina-se da aor-
ta, entre os pilares do diafragma. Possui três ramos: a artéria hepática, a
artéria gástrica esquerda e a artéria esplênica (lienal). O plexo celíaco
de nervos cobre a artéria em seu trajeto através do mesentério.
A artéria hepática (Figs. 144, 145) é o primeiro ramo a deixar a
celíaca. Encontre sua origem da celíaca. Acompanhe este vaso dorsal
ao piloro, entre a curvatura menor do estômago e o fígado. Um a cinco
ramos deixam a artéria hepática e entram no fígado. (Esses ramos são
cobertos com nervos.) A artéria cística deixa o último ramo hepático e
irriga a vesícula biliar. Não precisa ser dissecada. Após emitir ramos para
o fígado, a artéria hepática termina como as artérias gástrica direita e
gastroduodenal. Isto ocorre no omento menor.
A artéria gástrica direita é uma pequena artéria que se estende
do piloro em direção ao cárdia, para irrigar a curvatura menor no estô-
mago. Anastomosa-se com a artéria gástrica esquerda. Não precisa ser
dissecada.
A artéria gastroduodenal irriga o piloro e termina como as ar-
térias gastroepiplóica direita e pancreaticoduodenal cranial.
A artéria gastroepiplóica direita entra e segue no omento mai-
or, ao longo da curvatura maior do estômago. Irriga o estômago e o
omento maior. A artéria gastroepiplóica direita anastomosa-se com a
gastroepiplóica esquerda, um ramo da artéria esplênica (lineal).
A artéria pancreaticoduodenal cranial acompanha a bordz
mesentérica do duodeno descendente, onde irriga o duodeno e O lobo
direito adjacente do pâncreas. Anastomosa-se com a artéria
pancreaticoduodenal, que é um ramo da artéria mesentérica cranial.
A artéria gástrica esquerda (Figs. 144, 145) segue para a cur-
vatura menor do estômago, próximo ao cárdia, e irriga ambas as super-
fícies do estômago. Um ou mais ramos esofágicos passam cranialmen·
te sobre o esôfago. Estende-se em direção ao piloro, onde se anastomo-
sa com a artéria gástrica direita.
A artéria esplênica (lienal), um dos três principais ramos dz
artéria celíaca, cruza a superfície dorsal do lobo esquerdo do pâncreas e
aproxima-se do hilo do baço perto do seu meio. Emite ramos maiores
para cada extremidade do órgão e ramos menores para o pâncreas e as
porções centrais do baço. Ramos gástricos curtos vão do baço para :;:
curvatura maior do estômago no ligamento gastroesplênico (gastrolie-
nal). A artéria esplênica continua até a curvatura maior do estômago.
como artéria gastroepiplóica esquerda. Esse vaso irriga o omen
maior e segue em direção à extremidade pilórica do estômago, onde
anastomosa com a gastroepiplóica direita, um ramo da artéria hepáti
3. A artéria mesentérica cranial (Figs. 144, 145) deixa a ao
caudal à artéria celíaca. É cercada proximalmente pelo plexo mesenté-
rico cranial de nervos e, em parte, pelo gânglio mesentérico crani
Periféricos ao gânglio encontram-se os linfonodos mesentéricos e I~
mos da veia porta. Rebata-os do vaso. Observe os ramos da artéria fi::-
sentérica cranial.
As artérias média, direita e ileocólica originam-se de um tro
comum da artéria mesentérica cranial. Rebata o intestino delgado
dalmente e exponha o cólon cranial à raiz do grande mesentério. Disg-
que sua irrigação sanguínea no mesocólon.
A artéria cólica média, o primeiro ramo de troncos com
segue cranialmente no mesocólon até a borda mesentérica da fie
cólica esquerda e parte descendente do cólon. Bifurca-se junto à fJ
ra cólica esquerda. Um ramo segue distalmente no mesocólon d
dente, supre o cólon descendente e depois anastomosa-se com a ar:=
cólica esquerda, um ramo da artéria mesentérica caudal. O outro IC.::::.
segue para a direita e forma uma arcada com a artéria cólica di:r=
menor, irrigando o cólon transverso.
A artéria cólica direita segue no mesocólon direito em di:;:e-
à flexura cólica direita, emitindo ramos para a parte distal do cól
cendente e o cólon transverso adjacente. Forma arcadas com a
cólica média e o ramo cólico da artéria ileocólica.
Ramos da aorta abdominal
Aorta abdominal
Tronco comum
A. frênica caudal
A. abdominal cranial
Aa. lombares
A. celíaca
A. hepática
Ramos hepáticos
A. cística
A. gástrica direita
A. gastroduodenal
A. gastroepiplóica (gastroomental) direita
A. pancreaticoduodenal cranial
A. gástrica esquerda
Ramos esofágicos
A. esplênica (lienal)
Aa. gástricas curtas
Ramos pancreáticos
A. gastroepiplóica (gastroomental) esquerda
A. mesentérica cranial
Tronco comum
A. cólica média
A. cólica direita
A. ileocólica
Ramo cólico
Ramo ileal mesentérico
A. cecal
Ramo ileal antimesentérico
A. pancreaticoduodenal caudal
Aa. jejunais
Aa. ileais
Aa. renais
Aa. testiculares e ováricas
A. mesentérica caudal
A. cólica esquerda
A. retal cranial
Aa. circunflexas profundas dos ilíacos
Vários gânglios simpáticos localizam-se no abdome, em íntima
associação com os plexos. Tais gânglios são coleções de corpos celula-
res de axônios pós-ganglionares. Os axônios pré-ganglionares devem
fazer sinapse em um desses gânglios. Os axônios vagais pré-gangliona-
res (parassimpáticos) não fazem sinapse aí, porém passam através dos
plexos para a parede do órgão inervado, onde fazem sinapse num corpo
celular de um axônio pós-ganglionar.
Os gânglios celíacos (Fig. 143) ficam nas superfícies direita e
esquerda da artéria celíaca, perto de sua origem. Freqüentemente são
interligados, e inúmeros nervos dos gânglios acompanham os ramos
terminais da artéria celíaca como um plexo.
O gânglio mesentérico cranial (Fig. 143) situa-se caudal ao gân-
glio celíaco nos lados e na superfície caudal da artéria mesentérica cra-
nial, a qual rodeia parcialmente. Muitos de seus nervos continuam dis-
talmente na artéria mesentérica cranial, como o plexo mesentérico cra-
nial. Devido à íntima relação dos plexos e gânglios celíacos e mesenté-
ricos craniais, são designados como gânglio e plexo celiacomesen-
téricos.
O gânglio mesentérico caudal (Fig. 143) situa-se ventral à a-
orta, ao redor da artéria mesentérica caudal, que é um ramo ímpar da
aorta caudal dos rins, que supre o cólon. Nervos esplâncnicos lomba-
res entram no gânglio de cada lado. Os ramos também podem vir dos
plexos aórtico e celiacomesentérico. Alguns dos nervos que deixam
o gânglio continuam ao longo da artéria como o plexo mesentérico
caudal.
Os nervos hipogástricos direito e esquerdo deixam o gânglio e
seguem caudalmente junto aos ureteres. Seguem no mesocólon, incli-
nam-se lateralmente e entram no canal pélvico. Suas ligações com os
plexos pélvicos serão descritas mais tarde.
ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 119
A. hepática
Vv. hepáticas
A. mesentérica cran.
Tronco comum
V. abdominal cranial
V. frênica caudal
A.
V. cava caudal
V. testicular
(V. ovárica)
A. testicular
(A. ovárica)
V. circunflexa profunda do ilíaco ----
V. illaca comum
V. illaca interna
V. illaca externa
esplênica
A. cellaca
1ª vértebra lombar
e v. abdominais craniais
V. renal esq.
A. renal esq.
Aorta
A. testicular
(A. ovárica)
A. mesentérica caudal
A. circunflexa profunda do ilíaco
A. ilíaca interna
A. e v. sacrais medianas
Fig. 144 Ramos da aorta abdominal e tributárias da veia cava caudal, aspecto ventral.
A artéria ileocólica (Fig. 147) irriga o íleo, o ceco e o cólon as-
cendente. O cólon ascendente é irrigado pelo ramo cólico. A artéria
cecal atravessa a superfície da junção ileocólica e irriga o ceco e a face
antimesentérica do íleo. A artéria ileocólica continua como o ramo ileal
mesentérico, para anastomosar-se com artérias ileais da artéria mesen-
térica cranial.
A artéria pancreaticoduodenal caudal (Fig. 145) origina-se da
artéria mesentérica cranial, próximo ao tronco comum para o cólon. Se-
gue para a direita no mesoduodeno até a porção descendente do duodeno,
perto da flexura caudal. Irriga o duodeno descendente e o lobo direito do
pâncreas, e anastomosa-se com a artéria pancreaticoduodenal cranial.
As artérias jejunais originam-se da face caudal da artéria me-
sentérica cranial. Formam arcadas no mesentério, junto ao jejuno.
A artéria mesentérica cranial termina pelas artérias ileais, a úl-
tima das quais se anastomosa com um ramo da artéria ileocólica.
4. O tronco comum das altérias frênicas caudal e abdominal cra-
nial (Fig. 146) é par e origina-se da aorta entre as artérias mesentérica
cranial e renal. Este tronco comum atravessa a superfície ventral dos
músculos psoas, dorsal à glândula adrenal. A artéria frênica caudal se-
gue cranialmente para irrigar o diafragma. A artéria abdominal cranial
continua na parede abdominal e ramifica-se entre o transverso do abdo-
me e o oblíquo interno do abdome, onde foi dissecada previamente.
A glândula adrenal pode receber ramos da aorta ou da artéria frê-
nica caudal, renal ou lombar.
5. As artérias renais (Figs. 140, 144, 145) deixam a aorta em
níveis diferentes. À direita, origina-se cranial à esquerda, de acordo com
a posição mais cranial do rim direito. É mais longa do que a esquerda e
fica dorsal à veia cava caudal.
6. A artéria ovárica (Figs. 133, 144, 146) da fêmea é homóloga
à artéria testicular do macho. Este vaso par origina-se da aorta aproxi-
madamente a meia distância entre as artérias renal e ilíaca externa. A
artéria ovárica varia em tamanho, posição e tortuosidade, dependendo
do grau de desenvolvimento do útero. Cada artéria ovárica divide-se em
dois ou mais ramos no mesovário medial aos ovários. Os ramos irrigam
o ovário e sua bolsa, e a tuba e o como uterinos. O ramo para o corno
uterino anastomosa-se com a artéria uterina, que segue cranialmente no
mesométrio.
A artéria testicular (Fig. 143) deixa a aorta na região lombar
média e atravessa a superfície ventral do ureter. A artéria testicular, a
veia e o plexo nervoso ficam numa prega peritoneal, o mesórquio, que
pode ser acompanhado no nível do anel vaginal. Seu trajeto no cordão
espermático foi dissecado.
As veias testicular e ovárica direitas entram na veia cava caudal
próximo à origem da artéria oriunda da aorta. Entretanto, as veias testi-
cular e ovárica esquerdas, geralmente, entram na veia renal esquerda.
Isto é importante do ponto de vista cirúrgico.
7. A artéria mesentérica caudal (Figs. 144-146) é ímpar e origina-se
próximo ao final da aorta. Entra no mesocólon descendente e segue
120 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
Gastroduodenal
Ramo ileal -,
antimesentérico
Fig. 145 Ramos das artérias celíaca e mesentérica cranial com suas principais anastomoses.
caudoventralmente para a borda mesentérica do cólon descendente, onde ter-
mina em dois ramos de tamanho similar. A artéria cólica esquerda acompa-
nha a borda mesentérica do cólon descendente cranialmente, para se anasto-
mosar com a artéria cólica média. A artéria retal cranial desce ao longo do
reto e anastomosa-se com a artéria retal caudal oriunda da pudenda interna.
8. A artéria circunflexa profunda do ilíaco (Fig. 146) é par e
origina-se da aorta, junto à origem da artéria ilíaca externa. Atravessa
os músculos sublombares lateralmente, e na borda lateral do psoas mai-
or irriga a musculatura da porção caudodorsal da parede abdominal. A
artéria circunflexa profunda do ilíaco perfura a parede abdominal e tor-
na-se superficial ventral à tuberosidade coxal. Irriga a pele da área ab-
dominal caudal, o flanco e a coxa cranial. Esse vaso foi seccionado
quando o músculo psoas menor foi removido.
Sistema venoso porta
A veia porta (Figs. 148, 149) conduz sangue venoso para o fíga-
do, proveniente de vísceras abdominais: o estômago, o intestino delga-
do, o ceco, o cólon, o pâncreas e o baço. Isole o processo caudado do
fígado da parte descendente do duodeno e encontre a veia porta na bor-
da ventral do forame epiplóico (omental). Rebata o peritônio e o tecirl
adiposo da superfície da veia tão caudalmente possível, como até a .
do mesentério, e exponha os seus ramos.
1. A veia gastroduodenal é um pequenoramo proximal da \'
porta. Entra na veia porta pelo lado direito, próximo ao corpo do pb-
creas, e drena o pâncreas, o estômago, o duodeno e o omento maior.
2. A veia esplênica (lienal) entra na veia porta pelo lado esquero
exatamente caudal ao ramo gastroduodenal. É um ramo grande, que :;:-
cebe sangue do baço, do estômago, do pâncreas e do omento maior. Rece-
be a veia gástrica esquerda, que drena a curvatura menor do estômago.
3. As veias mesentéricas cranial e caudal são os ramos tem:::,
nais distais da veia porta. A veia mesentérica cranial ramifica-se no ID:'-
sentério e coleta sangue do jejuno, do íleo, do duodeno caudal e do Iot--
direito do pâncreas. A veia mesentérica caudal drena o ceco e o cólolI..
VÍSCERAS PÉLVICAS, VASOS E NERVO~
Para rebater o membro pélvico esquerdo, rebata primeirame~
o pênis e o escroto para a direita. Seccione a sínfise pélvica com
ABDOME, PELVE E "MEMBRO PÉLVICO 121
Torácica interna
Musculofrênica
li' a. intercostal
Tronco comum
Frênica caudal
Abdominal cranial
l'a. lombar
Renal dir.
Circunflexa profunda do ilíaco
Mesentérica caudal
Epigástrica caudal
Epigástrica superf. caud.
llíaca externa dir.
Pudenda externa
lIíaca interna dir.
Femoral profunda
Fig. 146 Parte abdominal da aorta com relação às artérias epigástricas, face lateral.
Cólon ascendente
Ceco
Ramo ileal antimesentérico
A. ileocólica
Fig. 147 Ramos terminais da artéria ileocólica.
122 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
bisturi de cartilagem, serra ou cortadores de osso. Localize a asa do íleo
esquerdo e rompa todos os músculos que se fixam em suas superfícies
medial e ventral. Aplique pressão suave, mas constante, ao osso coxal
esquerdo, abduzindo o membro, e ao mesmo tempo seccione a face cra-
nioventral da articulação sacroilíaca. Corte o ligamento do pênis ao tú-
ber isquiático. Deixe o membro imóvel. Todas as estruturas acompa-
nhadas mais facilmente pela esquerda devem ser dissecadas por esse
lado.
O músculo levantador do ânus (Figs. 150, 157, 159, 172) fica
medial ao músculo coccígeo. É um músculo delgado e amplo, que se
origina na borda medial da haste de íleo e na superfície dorsal do púbis
e na sínfise pélvica. Cobre a parte cranial do músculo obturador inter-
no. O músculo apresenta-se caudal ao coccígeo, onde se insere na ter-
ceira à sétima vértebras caudais. Seccione esse músculo do lado esquer-
do, próximo à sua origem, e rebata-o.
O músculo coccígeo (Figs. 150, 157, 159) fica lateral ao múscu-
lo levantador do ânus. É mais curto e mais espesso, origina-se da espi-
nha isquiática e insere-se nos processos transversos da segunda à quar-
ta vértebras caudais. Seccione o músculo em sua origem e remova o ramo
pélvico esquerdo. Os músculos levantador do ânus e coccígeo de cada
lado formam um diafragma pélvico, através do qual os tratos genituri-
nário e digestivo abrem-se para o exterior.
O plexo pélvico (Fig. 150) fica caudal a um plano que passa pela
entrada da pelve e dorsal à próstata. Encontra-se firmemente aderido à
superfície do reto e pode ser identificado acompanhando-se o nervo
hipogástrico esquerdo até ele. Às vezes, os gânglios são suficientemen-
te grandes para serem identificados no plexo. O plexo pélvico contém
fibras simpáticas do nervo hipogástrico e fibras parassimpáticas do ner-
vo pélvico.
O nervo pélvico (Fig. 150) é formado por axônios pré-ganglio-
nares que deixam os nervos espinhais sacrais. Encontre o nervo pélvico
esquerdo na parede lateral da porção distal do reto. Acompanhe-o pro-
ximalmente até a sua origem. Ele emite ramos para os órgãos urogeni-
tais, o reto e o cólon descendente.
A extensão da cavidade peritoneal dorsal ao reto de cada lado do
mesorreto é a fossa pararretal (Figs. 129, 154). Caudalmente, esten-
de-se até cerca do plano da segunda vértebra caudal (ver Fig. 154). A
fossa pararretal é contínua ventralmente com o espaço peritoneal comum
entre o reto e o útero ou a próstata. Esta é a escavação retogenital. Na
fêmea, a escavação retogenital comunica-se ventralmente de cada lado
do útero com a bolsa vesicogenital, entre o útero e a bexiga. A escava-
ção vesicogenital na fêmea e a retogenital no macho comunicam-se com
a pequena escavação pubovesical entre a bexiga e a parede corpórea
ventral e o púbis. É dividida pelo ligamento mediano da bexiga.
Artérias ilíacas
Artérias ilíacas
Ilíaca interna
A. umbilical
A. pudenda interna
A. vaginal
A. uterina
A. vesical caudal
A. retal média
A. prostática
Artéria do ducto deferente
A. vesical caudal
A. retal média
A. uretral
A. perineal ventral
A. retal caudal
A. escrotal ou labial dorsal
Artéria do pênis ou artéria do clitóris
Artéria do bulbo do pênis
Artéria profunda do pênis
Artéria dorsal do pênis
A. glútea caudal
As artérias ilíacas pares (Figs. 144, 146, 150) irrigam a pelve e
o membro pélvico. A ilíaca externa segue ventrocaudalmente e torna-
se a artéria femoral ao deixar o abdome através da lacuna vascular. A
ilíaca interna origina-se caudal à ilíaca externa e segue
cauda lateralmente na pelve.
A artéria ilíaca interna e a artéria sacral mediana, menor e ím-
par, terminam a aorta. Encontre a origem desses vasos. A artéria ilíaca
interna emite a artéria umbilical rudimentar e termina cranial à articula-
ção sacroilíaca, como as artérias glútea caudal e pudenda interna. A glú-
tea caudal irriga principalmente músculos na parte externa da pelve e
na coxa caudal. A pudenda interna distribui-se para as vísceras pélvicas
e genitália externa no arco isquiático. Disseque os seguintes vasos do
lado esquerdo.
No feto, a artéria umbilical é um grande vaso par, que conduz
sangue da aorta para a placenta através do umbigo. Encontre o resquí-
cio desse vaso. Origina-se próximo à origem da artéria ilíaca interna e
segue até o ápice da bexiga em seu ligamento lateral. Em alguns espé-
cimes, permanece patente até então e supre a bexiga com artérias vesi-
cais craniais. Distal à bexiga, o vaso está obliterado.
Encontre a origem da artéria pudenda interna (Figs. 150-152),
a partir da ilíaca interna e disseque seus ramos. É o ramo menor, mais
ventral, que segue caudalmente no tendão terminal do psoas menor. No
nível da articulação sacroilíaca, a pudenda interna dá origem à artéria
vaginal ou prostática.
A artéria vaginal ou prostática forma um ângulo de aproxima-
damente 45" com a pudenda interna. Passa ventralmente num arco e
termina em ramos cranial e caudal. Na fêmea, o ramo cranial é a arté·
ria uterina. A artéria uterina emite uma artéria vesical caudal para a
bexiga; esta artéria tem ramos ureteral e uretral. A artéria uterina segue
cranialmente ao longo do corpo e do corno do útero no ligamento largo
e anastomosa-se com o ramo uterino da artéria ovárica no mesométrio.
O ramo caudal da artéria vaginal é a artéria retal média, que emite
ramos para o reto e a vagina. No macho, a artéria prostática passa
caudoventralmente da pudenda interna para a glândula da próstata. Seu
ramo cranial é a artéria do dueto deferente, que emite uma artéria
vesical caudal para a bexiga, com ramos ureteral e uretral. Continua,
em seguida, ao longo do ducto deferente, o qual irriga. O ramo caudal é
a artéria retal média, que irriga o reto, a próstata e a uretra.
Rebata a pele e o tecido adiposo da fossa isquion'etal direita. A
artéria pudenda interna (Figs. 150, 153, 174) passa obliquamente atra-
vés da incisura isquiática maior. Continua ao longo da borda dorsal da
espinha isquiática, lateral ao músculo coccígeo e medial aos músculos
glúteos e ligamento sacrotuberal. Segue, então, medialmente para a fossa
isquiorretal. Termina aí como uma artéria perineal ventral, uma artéria
uretral variável e uma artéria do pênis ou c1itóris. Estes vasos podem
ser dissecados de qualquer lado.
A artéria perineal ventral pode ser vista passando caudalmen-
te. Emite uma artéria retal caudal para o reto e o ânus e termina na pele
do períneo e no escroto ou na vulva.
A artéria do pênis (Figs. 152, 153) segue caudoventralmente
termina no nível do arco isquiático, como três ramos. A artéria do bulbo
do pênisramifica-se no bulbo e continua para irrigar o corpo esponjoso
e a uretra peniana. Observe essa artéria ao entrar no bulbo. A artéria
profunda do pênis origina-se próximo à artéria do bulbo e entra no cOIJXI
cavernoso na raiz, isto é, no nível do arco isquiático lateral ao bulbo do
pênis. A artéria dorsal do pênis segue sobre a superfície dorsal até c
nível do bulbo da glande, onde se divide e emite ramos para o prepúcio
e a parte longa da glande. As artérias penianas são acompanhadas po:-
veias que têm um papel importante no mecanismo de ereção (Fig. 153
Na fêmea, a artéria do clitóris segue caudoventralmente parz
ÍlTigar o clitóris e o bulbo vestibular.
Vísceras pélvicas
A bexiga (Figs. 154-156) tem um ápice, um corpo e um colo. Trés
pregas peritoneais, ligamentos, refletem-se da bexiga sobre as pared5
pélvica e abdominal. O ligamento mediano da bexiga (Fig. 156) deix:.
a superfície ventral da bexiga e fixa-se à parede abdominal tão cr~
quanto o umbigo. No feto, contém o úraco e as artérias umbilicais.
ABD01Vrn, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 123
Pancreaticoduodenal cran.
Cólon ascendente
o
\
Gástrica esq.\
Retal cran.
Fig. 148 Tributárias da veia porta, face ventral.
ligamento lateral da bexiga segue para a parede pélvica e freqüente-
mente contém um acúmulo de tecido adiposo, junto com o ureter e a
artéria umbilical.
Observe o tipo dos feixes de músculo liso na superfície da bexi-
ga. Passam obliquamente pelo colo da bexiga e pela origem da uretra.
O músculo é inervado pelo nervo pélvico (neurônios paras simpáticos
sacrais). Não existe qualquer esfíncter anatômico na bexiga.
O músculo uretral é estriado e fica restrito à pelve, onde envol-
ve a uretra pélvica e serve como um esfíncter voluntá.1io para reter a urina.
É inervado pelo nervo pudendo (neurônios aferentes somáticos sacrais).
O músculo liso na uretra funciona como um esfíncter e é basicamente
inervado por neurônios eferentes viscerais simpáticos. Faça uma inci-
são ventral média através da parede da bexiga e da uretra. No macho,
ela deve incluir a próstata.
Examine as mucosas da bexiga e da uretra. Se a bexiga estiver
contraída, sua mucosa irá projetar-se em inúmeras pregas, ou rugas,
como conseqüência de sua inelasticidade.
Observe a entrada dos ureteres na bexiga. Ficam opostas uma a
outra próximo ao colo do órgão. O trígono da bexiga é a região trian-
gular dorsal situada dentro de linhas que ligam as aberturas uretrais na
bexiga e a saída uretral dela.
O reto (Figs. 154, 162) é a continuação do cólon descendente
através da pelve. Começa na entrada pélvica. O canal anal é um pro-
longamento do reto até o ânus. É constituído de três zonas e começa com
a zona co1unar, onde a mucos a do reto forma pregas longitudinais. As
cristas longitudinais denominam-se colunas anais, que terminam na
zona intermediária, ou linha anocutânea, onde se formam pequenas
bolsas, os seios anais, entre as colunas. Distal a essa linha fica a zona
cutânea maior do canal anal, a qual possui delicados pêlos, glândulas
circum-anais microscópicas e, de cada lado, a proeminente abertura
ventrolatera1 do saco anal (seio parana1). O canal anal é rodeado por
um músculo esfíncter interno liso e um externo estriado (Figs. 157,
158). A abertura externa do canal anal é o ânus. Seccione o esfíncter
externo à esquerda e rebata-o do saco anal. Esse músculo recebe seu
124 ABDOME, PELVE E JYIEMERO PÉLVICO
Fig. 149 Esquema do sistema venoso, face lateral direila.
1. Veia cava caudal
2. Veia cava cranial
3. Ázigos
4. Vertebral
5. Jugular interna
6. Jugular externa
7. Linguofacial
8. Facial
8a. Angular do olho
9. Maxilar
10. Temporal superficial
11. Seio sagital dorsal
12. Axilar
12a. Axilobraquial
12b.Omobraquial
13. Cefálica
l3a. Cefálica acessória
14. Braquial
15. Mediana
16. Ulnar
17. Torácica interna
18. Plexo venoso vertebral interno direito
19. Intervertebra!
20. Intercostal
21. Hepática
22. Renal
22a. Testicular ou ovárica
23. Circunflexa profunda do ilíaco
24. Ilíaca comum
25. Ilíaca interna direita
26. Sacra! mediana
27. Vaginal ou prostática
28. Caudal lateral
29. Glútea caudal
30. Pudenda interna
31. I1íaca externa direita
32. Profunda da coxa
33. Tronco pudendoepigástrico
34. Femoral
35. Safena medial
_~ 36. Tibial cranial
37. Safena lateral
38. Porta
39. Gastroduodenal
40. Esplênica
41. Mesentérica caudal
42. Mesentérica cranial
43. Jejuna!
ABDOIVIE, PELVE E ~1EMBRO PÉLVICO
Fig. 150 Nervos autônomos e vasos (artérias) da região pélvica, face lateral esquerda.
125
1. Plexo mesentérico caudal
2. Nervos hipogástricos direito e esquerdo
3. Artéria mesentérica caudal
4. Gânglio mesentérico caudal
5. Aorta
6. Psoas menor
7. Nervo cutâneo lateral da coxa
8. Músculos oblíquos abdominais
9. Artéria circunflexa profunda do ílio
10. Artéria ilíaca externa
11. Artéria ilíaca interna
12. Quadrado lombar
13. Iliopsoas
14. Nervo femoral
15. Articulação sacroilíaca
16. Artéria glútea caudal
17. Nervos lombares 6 e 7
18. Primeiro nervo sacral
19. Segundo nervo sacral
20. Terceiro nervo sacral
21. Nervo pélvico
suprimento nervoso do nervo retal caudal (pudendo) e sua irrigação
sanguínea da artéria perineal ventral.
Observe o saco anal (Figs. 157, 158), exponha o seu dueto e en-
contre a abertura da zona cutânea do canal anal. Na parede desse saco
há glândulas microscópicas, cuja secreção acumula-se na luz do saco.
A secreção é lançada através do dueto do saco anal. Abra o saco e exa-
mine seu interior.
O músculo esfíncter interno do ânus é uma dilatação do reves-
timento muscular circular liso do canal anal. Não é tão nítido quanto o
esfíncter externo.
O músculo retococcígeú (Figs. 157, 159) continua o revestimento
longitudinal do reto até a superfície ventral da cauda. Rebata os múscu-
los levantador do ânus e coccígeo do lado esquerdo do reto. Observe o
músculo retococcígeo originando-se da superfície dorsal do reto, crani-
ai aos músculos esfíncteres. Acompanhe-o caudalmente até sua inerva-
ção nas vértebras caudais.
22. Nervo cutâneo caudal da coxa
23. Nervo pudendo
24. Coccígeo
25. Levantador do ânus
26. Nervo e artéria perineais
27. Plexo pélvico
28. Artéria e nervo para o clitóris
29. Uretra
30. Vagina
31. Ramo uretral da artéria vaginal
32. Artéria vesical caudal
33. Bexiga
34. Artéria vaginal
35. Artéria vesical cranial
36. Artéria pudenda interna
37. Ureter e ramo uretral da artéria vaginal
38. Artéria umbilical
39. Artéria uterina
40. Corno uterino
41. Cólon descendente
Macho
A próstata (Figs. 154, 155) circunda completamente o colo da
bexiga e o início da uretra. Examine a superfície, a forma, o tamanho e
a localização da próstata em vários espécimes. O tamanho e o peso nor-
mais da próstata variam muito. O órgão geralmente fica na entrada pél-
vica. É maior e estende-se mais além no abdome em cães mais velhos.
A próstata é achatada dorsalmente e arredondada ventralmente e dos
lados. É fortemente encapsulada. Fibras musculares da bexiga seguem
caudalmente em sua superfície dorsal. Um septo longitudinal sai da parte
ventral da cápsula e atinge a uretra, dividindo, assim, parcialmente, a glân-
dula ventralmente em lobos direito e esquerdo. Isto é indicado na super-
fície ventral por um sulco raso, porém distinto. Observe que a uretra se-
gue através do centro da glândula. Abra a uretra e examine a sua luz.
A uretra masculina é composta de uma parte péIvica dentro da
pelve e uma parte esponjosa dentro do pênis. A crista uretraI projeta-
126 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
Glútea cran.
Ramo espinhal sacra I
Caudal ventral
Caudal mediana
Caudallal. ventral
Caudal Ia I. dorsal
Caudal Ia I.
Pudenda int.
Retal caudal
Perineal ventral
A. do bulbo do vestíbulo
A. do clitóris
Ramo uretral
Retal média
Cérvix
lIiolombar
Sacral mediana
llíaca inl. dir.
lIíaca ext. dir.
Aa. lombares
Circunflexa profunda do i/íaco
Aorta
Mesentérica caud.
Umbilicalr
-- Ureter
Cólica esquerda
Pudenda interna
Vesical cranial
Vesical caudal
Fig. 151 Artérias das vísceras pélvicas da fêmea, face lateral direita.
se na luz a partirda parede dorsal da parte prostática da uretra pélvica.
Perto do seu meio, e projetando-se na luz da uretra, há uma pequena sali-
ência, o colículo seminal. De cada lado dessa saliência, abrem-se os due-
tos deferentes. Há muitas aberturas prostáticas em ambos os lados da crista
uretral e geralmente podem ser vistas, se a glândula for comprimida.
PÊNIS
O pênis é composto de uma raiz, um corpo e uma glande (Figs.
153, 154, 160). A superfície dorsal do pênis faz face à sínfise pélvica e
à parede abdominal. No estado não ereto, a glande fica inteiramente con-
tida no prepúcio ..
O prepúcio é uma bainha tubular ou prega de tegumento, que é
contínua com a pele da parede abdominal ventral e reflete-se sobre à
glande. Tem uma camada interna lisa e uma camada exte.rna peluda, que
se encontram no orifício prepucial. Em seu recesso mais profundo, o
fórnice do prepúcio, a camada interna reflete-se sobre a glande como
a pele da glande. No estado ereto, o fórnice é eliminado, uma vez que a
camada interna do prepúcio fica firmemente aderida ao corpo do pênis.
Abra o prepúcio por uma incisão ventral média, desde o orifício até o
fórnice. Continue a incisão cutânea ventral média até o ânus, para ex-
por todo o comprimento do pênis.
A raiz do pênis é formada pelos ramos direito e esquerdo, que se
originam no túber isquiático de cada lado. A raiz termina onde os ra-
mos fundem-se um ao outro na linha média, para formar o corpo. Cada
ramo é composto de tecido cavernoso, corpo cavernoso do pênis, irri-
gado pela artéria profunda do pênis e rodeado por uma espessa túnica
fibrosa, túnica albugínea. Examine a raiz. O ramo esquerdo foi secci-
onado quando o membro foi rebatido. As trabéculas e os espaços vas-
culares podem ser vistos na superfície do corte. Observe a firme fixa-
ção do ramo direito ao túber isquiático.
O músculo isquiocavernoso (Figs. 159, 160) origina-se do tú-
ber isquiático, cobre a origem do ramo e insere-se distalmente a ele.
O músculo retrator do pênis (Figs. 159, 160) origina-se da s
perfície ventral do sacro, ou das primeiras duas vértebras caudais, une-
se com o esfíncter anal externo e estende-se distalmente na superfíciE
ventral do pênis até o nível da glande, onde se insere. Na região do (:5-
fíncter anal, há uma troca de fibras musculares entre o músculo retraI
do pênis e o esfíncter anal externo. Observe o músculo retratar no ca:--
po do pênis.
O músculo bulboesponjoso (Figs. 159,160) salienta-se entre~
músculos isquiocavernosos, ventral ao esfíncter anal externo. As fib
do bulboesponjoso são transversais proximalmente, onde cobrem (l!;
bulbos do pênis, e longitudinais distalmente, onde passam sobre o coc-
po do pênis.
Entre os ramos, fica o bulbo do pênis, que é um prolongame.
do corpo esponjoso do pênis que envolve a uretra. Essa expansão cr-=
forma o bulbo peniano localiza-se no arco isquiático. É irrigada pe.::
artéria do bulbo e coberta caudalmente pelo músculo bulboesponj
Observe o bulbo peniano e sua relação com a uretra na raiz do pênis..
O corpo do pênis estende-se da raiz, onde os ramos fundem-=
um ao outro, até a glande, que cobre o osso peniano na porção caUl
(Fig. 153). Observe que a região no começo do corpo do pênis é Cai::-
primida de um lado ao outro e envolta por uma túnica espessa. É c~
de ser inclinado sem torcer quando o macho desmonta durante o coiro =
permanece "travado" por um período variável.
O corpo cavernoso do pênis de cada ramo converge para
equivalente na face dorsal do corpo do pênis, e os dois corpos es
dem-se lado a lado por todo o corpo até o osso peniano. Um septo 0;'-
diano separa completamente os dois corpos, e cada um deles é cobe.:=
por uma cápsula branca (túnica albugínea) em toda a sua extensão. ~
dois corpos cavernosos formam um sulco ventralmente, que conté:;:. ~
uretra e o delicado corpo esponjoso circundando a uretra. Efetue y' -
secções transversais pelo corpo do pênis, para estudar essas estru
A glande do pênis é composta de duas partes, o bulbo da
de proximal e a parte longa da glande mais alongada, distal (Figs. ~
160). O bulbo da glande, rodeando a extremidade proximal do
ABDOME, PELVE E lVffiMBRO PÉLVICO 127
Caudal Ia I. dorsal
Caudallat.
Pudendaint.
Retal caudal
A. do pênis
Uretral
Perineal ventral
A. do bulbo
A. profunda do pênis
A. dorsal dir. do pênis
Glútea cran.
Ramo espinhal sacral
Prostática
lfiolombar
Dueto deferente
Vesical caudal
A. do dueto deferente
/líaca ext. dir.
Aa. lombares
Circunflexa profunda do ilíaco
Aorta
Mesentérica caudal
Umbilical
Ureter
Cólica esquerda
Pudenda interna
Fig. 152 Artérias das vísceras pélvicas do macho, face lateral direita.
peniano, é uma estrutura vascular dilatável, que é responsável, em grande
parte, pela retenção do pênis na vagina durante a cópula. A parte longa
da glande é uma estrutura de tecido cavernoso que se sobrepõe à meta-
de distal do bulbo da glande e continua até a extremidade distal do pê-
nis, circundando parcialmente o osso peniano e a uretra. A parte longa
da glande não tem nenhuma comunicação vascular com o corpo espon-
joso do pênis e fica separada do bulbo da glande por uma camada de
tecido conjuntivo. Canais venosos drenam a parte longa da glande para
o bulbo da glande através dessa camada. Faça uma incisão longitudinal
no dorso do pênis, através da glande, para observar essa estrutura.
O osso do pênis (Figs. 160,161) é um longo osso sulcado ven-
tralmente, que fica quase que inteiramente dentro da glande peniana. A
base dilatada, áspera e truncada do osso origina-se na túnica albugínea,
na extremidade distal dos corpos cavernosos. Desenvolve-se como uma
ossificação das extremidades distais fundidas dos corpos cavernosos. O
corpo do osso peniano estende-se através da glande do pênis. A base e
o corpo são sulcados ventralmente pelo sulco uretral, que rodeia a ure-
rra e o corpo esponjoso em três lados. O osso termina como uma fibro-
::artilagem longa e pontiaguda na ponta da glande, dorsal à abertura
uretral.
No nível do bulbo, em forma de colar da glande do pênis, há uma
;::omunicação entre o corpo esponjoso do pênis e o bulbo da glande.
.\ artéria dorsal do pênis segue para a glande, onde irriga o prepúcio, o
:orpo esponjoso e a parte longa da glande.
Fêmea
O colo (ou cérvix) (Figs. IS I, 162) é a porção caudal comprimi-
da do útero. O canal cervical fica numa posição quase vertical, com a
J.bertura uterina (óstio uterino interno) em posição dorsal e a abertura
"aginal (óstio uterino externo) em posição ventral.
A vagina (Fig. 162) localiza-se entre o colo (cérvix) uterino e o
vestíbulo. A parte mais cranial da vagina é o fórnice (ou fórnix), que se
estende cranial ao colo (cérvix), ao longo de sua borda ventral. O reves-
timento mucoso da parte restante da vagina projeta-se em pregas longi-
tudinais, que têm pequenas pregas transversais. São evidências de sua
capacidade para aumentar tanto no diâmetro, como no comprimento. As
pregas longitudinais terminam dorsalmente, no nível do orifício uretral,
onde a vagina une-se ao vestíbulo. Uma prega longitudinal dorsal sali-
ente na vagina cranial obscurece o óstio uterino externo e torna difícil o
cateterismo.
O vestíbulo (Fig. 162) é a cavidade que vai da vagina à vulva.
Abra o vestíbulo e a vagina por uma incisão através da parede dorsal. O
tubérculo uretral projeta-se do assoalho da parte cranial do vestíbulo.
A uretra abre-se nesse tubérculo, que fica no nível do arco isquiático.
Observe sua relação com a vulva, situada mais ventralmente.
No assoalho do vestíbulo, profundamente à mucosa, encontram-
se duas massas alongadas de tecido erétil, os bulbos vestibulares. São
homólogos aos bulbos do pênis do macho e ficam em íntima proximi-
dade com o corpo do clitóris. É difícil distingui-Ios.
O cIitóris é o homólogo feminino do pênis. É uma pequena es-
trutura localizada no assoalho do vestíbulo, perto da vulva. É composto
de dois ramos, um corpo curto e uma glande clitoriana, difíceis de iden-
tificar. A glande do clitóris é uma estrutura erétil muito pequena que fica
na fossa docIitóris. A fossa é uma depressão no assoalho do vestíbulo
e não deve ser confundida com a abertura uretral. A parede dorsal da
fossa cobre parcialmente a glande do clitóris e corresponde ao prepúcio
masculino. Identifique a fossa e a glande do clitóris. Apenas raramente
se encontra presente um osso clitoriano na glande.
O músculo retratar do clitóris (Fig. 163), um homólogo do retratar
do pênis no macho, origina-se nas duas primeiras vértebras caudais. une-
se ao esfíncter anal externo, funde-se com o constritar da vulva e conti-
nua na superfície ventral do clitóris.
128 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
Glútea caudal
A. e v. femorais
A.
A.
A. e v. retais caudais
V. dorsal com. do pênis
A. e v. perineais
Artéria do bulbo
Ramo direito do pênis
Corpo do pênis
Ramo superficial da a.
Ramo profunda da a. dorsal
Ramo prepucial da a. dorsal
Região do bulbo da glande
Região da parte longa da glande
Veia superficial da glande
Prepúcio
Fig. 153 Vasos do pênis e do prepúcio (modificado de Christensen, 1954).
Sacro
Escavação retogenital
Dueto deferente
Bexiga
ABDOME, PELVE E ~IEMBRO PÉLVICO
Fossa pararretal
Fig. 154 Secção mediana através da região pélvica do macho
Abertura do saco anal
Uretra
Raiz do pênis
129
A vulva inclui os dois lábios e o orifício urogenital que eles li-
mitam, a rima do pudendo. Os lábios fundem-se acima e abaixo da rima
do pudendo, formando as comissuras dorsal e ventral. A comissura
dorsal é ventral a um plano dorsal através da sínfise pélvica. A comissura
ventral está direcionada caudoventralmente.
Observe o trajeto da uretra feminina, introduzindo uma sonda
flexível através dela. Estende-se da bexiga caudodorsalmente sobre a
borda cranial da sínfise pél vica, até o trato genital caudal à junção
vaginovestibular. Termina no orifício uretral externo, no tubérculo ure-
traI, que é dorsal à rima do pudendo.
Cão vivo
A palpação abdominal é uma arte que requer considerável expe-
riência para ser desenvolvida. Depende do seu conhecimento da anato-
mia topográfica dos órgãos abdominais. Nem todos os órgãos são pal-
páveis, e alguns não podem ser sentidos em todos os cães. No cão em
estação, prenda delicadamente o abdome caudal com uma das mãos e
palpe a bexiga ventralmente e o cólon descendente acima dela. Na fê-
mea, O útero não grávido às vezes pode ser sentido entre eles. À medida
que o útero dilata-se com o avanço da gestação, será percebido no ab-
dome ventral. Dorsal ao cólon, podem ser sentidos linfonodos lomba-
res e ilíacos dilatados por enfermidade.
Fique sobre ou ao lado do cão em estação e palpe os dois lados
simultaneamente, começando cranialmente no arco costal e progredin-
do caudalmente. O fígado, em geral, não é sentido. Do lado esquerdo, o
estômago vazio não é palpável, mas o estômago cheio será percebido.
O baço deve ser sentido à esquerda, atrás do arco costal. O rim esquer-
do é mais profundo, mas geralmente palpável. Cranialmente, à direita,
nenhum órgão específico é palpável. Se for provocada dor, os órgãos a
serem considerados como uma fonte de irritação incluem o fígado, o
pâncreas, o piloro e o rim direito. Às vezes, o duodeno descendente pode
ser sentido à direita. O rim direito, em geral, não é sentido. Lembrar-
se de sua íntima relação com o processo caudado do lobo caudado do
fígado. O cólon descendente pode ser sentido à esquerda. Na região
abdominal média ventral, é possível sentir as alças do intestino del-
gado deslizarem entre os dedos. O íleo e o ceco geralmente não são
palpáveis. Profundamente na região abdominal média, é possível sen-
Ureter
Dueto deferente
Uretra
B
{Orifícios dosduetos deferentes
Colíeulo seminal
Fig. 155 Bexiga, próstata e estruturas associadas.
130
Í1io
Bexiga
Peritônio visceral
ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
1ª vértebra caudal
Fossa pararretal
Escavação retogenital
Ligamento largo do útero
Escavaçnao vesicogenital
Ligamento lateral da bexiga
Escavação pubovesical
Ligamento mediano da bexiga
Fig. 156 Transecção esquemática da cavidade pélvica da fêmea.
tir linfonodos mesentéricos, mas apenas se estiverem dilatados por en-
fermidade.
No macho, palpe a raiz do pênis. Sinta os músculos isquiocaver-
nosos revestindo os ramos de cada lado do músculo bulboesponjoso que
cobre o bulbo do pênis. Sinta o corpo do pênis, firme e levemente com-
primido, formado pelos dois corpos cavernosos e o sulco ventralmente,
que contém a uretra e o corpo esponjoso do pênis. Incline o corpo e ob-
serve sua flexibilidade. No cruzamento canino normal, o macho sobe na
fêmea com um membro pélvico e volta-se na direção oposta enquanto
ainda está cobrindo a fêmea. O pênis inclina-se sem torcer no nível do
corpo peniano. Palpe ajunção dos corpos cavernosos do pênis com o osso
peniano. Às vezes, esse é o local de obstrução da uretra com cálculos. Palpe
o comprimento do osso peniano e as duas partes da glande do pênis que
o cobrem. Palpe os linfonodos inguinais superficiais na prega cutânea que
suspende o pênis no nível do bulbo da glande. Normalmente, são achata-
dos e difíceis de sentir. Palpe o cordão espermático a partir do anel ingui-
nal superficial até os testículos. Palpe os testículos e o epidídirno no escroto.
Na fêmea, abra a vulva e observe a fossa do clitóris. A abertura uretral
em seu tubérculo fica dorsal a ela no nível do arco isquiático e não é visível.
Reto
Retratar do pênis, parte retal
Estenda delicadamente a cauda e observe a zona cutânea do ca-
nal ana!. Encontre as aberturas dos sacos anais de cada lado da parte
cranial dessa zona.
VASOS E NERVOS DO MEMBRO
PÉLVICO (QUADRO 3)
Artéria iliaca interna
Artéria ilíaca interna
A. umbilical
A. pudenda interna
A. glútea caudal
A. iliolombar
A. glútea cranial
A. lateral caudal
A. perineal dorsal
Esfíncter anal externo
(rebatido)
Esfíncter anal interno
Saco anal (seio paranal)
Retratar do pênis
Bulboesponjoso
Fig. 157 Músculos da região anal, face lateral esquerda.
Áreas
Músculo Cranial da Coxa
Extensor do joelho:
Quadríceps da coxa
Músculos Mediais da Coxa
Adutores do membro pélvico:
Grácil, Adutor, Pectíneo
Músculos Caudais da Coxa
Flexores e extensores do joelho:
Bíceps da coxa
Semimembranáceo
Semitendíneo
Músculos Craniais da Perna
Flexores do tarso:
Tibial cranial,
Fibular longo
Extensor dos dedos:
Extensor longo dos dedos
Músculos Caudais da Perna
Flexor do joelho:
Poplíteo
Extensor do tarso:
Gastrocnêmio
Flexores dos dedos:
Flexor superficial dos dedos
Flexores profundos dos dedos
Superfície Dorsal do Pé
Superficial
Profundo
Superfície Plamar do Pé
Superficial
Profundo
ABDONIE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
Quadro 3 VASOS E NERVOS DO MEMBRO PÉLVICO
Suprimento Arterial
Circunflexa lateral da coxa
Profunda da coxa
Caudais da coxa
Profunda da coxa
Glútea caudal
Caudais da coxa
Tibial cranial
Poplítea
Caudal distal da coxa
Safena
Dorsal do pé
Safena
Dorsal do pé
(ramo perfurante)
Suprimento Nervoso
Femoral
Obturador
Ciático
Fibular
Tibial
Fibular
Tibial
131
A artéria glútea caudal (Figs. 148, 150-153, 164, 166, 174) é o
maior dos dois ramos terminais da artéria ilíaca interna. Origina-se oposta
à articulação sacroilíaca e segue caudalmente através da incisura isqui-
ática maior e sobre a espinha isquiática lateral ao músculo coccígeo,
paralela à artéria pudenda interna. Os ramos da glútea caudal são as ar-
térias iliolombar, glútea cranial, artérias caudal lateral e perineal dorsal
(Fig. 164). As veias (Fig. 165) não serão dissecadas. Observe a origem
da artéria glútea caudal na face medial do ílio direito, na entrada pélvi-
ca. Afaste a artéria glútea caudal do ílio e observe o ramo iliolombar
seguindo cranial à asa do ílio e o ramo glúteo cranial, que segue caudal
à asa do ílio, através da incisura isquiática maior (Fig. 164).
Faça uma incisão cutânea na superfície medial da coxa direita até
o joelho. Circunde o joelho e rebata a pele lateral da pelve, quadril e
coxa.
Exponha a inserção do glúteo superficial profundamente à borda
proximal do bíceps da coxa. Seccione a inserção nesse nível.Rebata a
porção proximal do glúteo superficial até sua origem. Seccione o mús-
culo glúteo médio a 1 cm da crista do ílio. Comece na borda cranial do
osso e desprenda o músculo da superfície glútea.
A artéria e o nervo glúteo craniais (Figs. 164, 166, 167) pas-
sam pela parte cranial da incisura isquiática maior do ílio e entre os
músculos glúteos médio e profundo, os quais suprem. O nervo glúteo
cranial também continua no tensor da fáscia lata e o inerva.
A artéria iliolombar (Figs. 151, 166, 174) origina-se próximo à
origem da artéria glútea caudal ou diretamente da ilíaca interna. Segue
pela borda cranioventral do ílio e supre os músculos psoas menor, ili-
opsoas, sartório, tensor da fáscia lata e glúteo médio. Na face lateral,
observe sua distribuição terminal para a superfície profunda da extre-
midade cranial do glúteo médio.
Seccione o bíceps da coxa a meia distância entre sua origem e o
joelho. Seccione o semitendíneo I cm dista1 à secção transversal atra-
vés do bíceps. Volte ambos os músculos em direcão às suas origens. A
artéria glútea caudal fica na face ventrocranial do ligamento sacrotube-
ral e, nesse local, emite vários pequenos ramos para músculos adjacen-
tes: a artéria caudal lateral para a cauda e a artéria perineal dorsal para o
períneo, que não precisam ser dissecadas.
Acompanhe a artéria glútea caudal ao passar sobre a espinha is-
quiática com o nervo ciática ventral ao ligamento sacrotuberal (Fig. 167).
Aí, a artéria irriga os glúteos superficial e médio, os rotadores do coxa1
e o músculo adutor. Divide-se em diversos ramos, que irrigam os mús-
culos bíceps da coxa, semitendíneo e semimembranáceo. Volte o bíceps
da coxa caudalmente, para expor a artéria glútea caudal, que fica pro-
funda a ele, perto do ligamento sacrotuberal e do túber isquiático.
Artéria iliaca extema e ramos principais
A. Ilíaca externa
A. profunda da coxa
Tronco pudendoepigástrico
A. epigástrica caudal
A. pudenda externa
A. circunflexa medial da coxa
A. femoral
A. circunflexa superficial do ílio
A. circunflexa lateral da coxa
A. caudal proximal da coxa
A. safena
A. genicular descendente
A. caudal média da coxa
A. caudal distal da coxa
A. poplítea
A. tibial cranial
A. dorsal do pé
A. arqueada
Aa. metatársicas dorsais
Ramo perfurante
A. tibial caudal
A artéria ilíaca externa direita (Figs. 144, 146, 164, 166) ori-
gina-se da aorta, em nível com a sexta e a sétima vértebras lombares.
Segue caudoventra1mente e relaciona-se lateralmente, próximo à sua
origem, com a veia ilíaca comum e o músculo psoas menor. Bem mais
132 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
M. glúteo profundo
M. glúteo médio
Prostáticas cJ
Vaginais 9 A. e v.
N. isquiático
A. e v. glúteas caudais
ílio
Fáscia glútea
M. glúteo superficial
M. levantador do ânus
Esfíncter anal externo
Dueto do saco anal
Zona cutânea do ânus
Abertura do ducto do saco anal
Zona columir do ânus
Tecido adiposo na
fossa isquiorretal
Fig. 158 Secção dorsal através do ânus. (Corte lateral direito em nível inferior através do dueto do saco anal.)
distalmente, fica sobre o músculo iliopsoas. A ilíaca externa" ao passar
pela parede abdominal, torna-se a artéria femoral. A abertura por onde
passa a artéria ilíaca externa é a lacuna vascular, localizada entre o li-
gamento inguinal e a pelve.
A artéria profunda da coxa é o único ramo da artéria ilíaca
externa e origina-se no abdome, perto da lacuna vascular, seguindo cau-
dalmente. Dois vasos deixam a superfície ventral da artéria profunda da
coxa dentro do abdome, por um pequeno tronco pudendoepigástrico.
São as artérias pudenda externa e epigástrica caudal. A artéria pudenda
externa atravessa o canal inguinal e já foi dissecada.
A artéria epigástrica caudal (Fig. 168) origina-se do tronco
pudendoepigástrico e segue cranialmente na superfície dorsal do reto
do abdome. Irriga a metade caudal do reto do abdome e as partes ven-
trais dos músculos oblíquo e transverso.
Exponha a artéria e a veia femorais e o nervo safeno no trígono
femoral. Este trígono é limitado cranialmente pelo sartório, lateralmente
pelo vasto medial e pelo reto da coxa, e caudalmente pelo pectíneo e
pelo adutor da coxa.
Após emitir o tronco pudendoepigástrico, a artéria profunda da
coxa continua como a artéria circunflexa medial da coxa (Figs. 166,
168), que deixa o abdome pela lacuna vascular. Prossegue caudalmen-
te entre os músculos quadríceps da coxa e pectíneo e entra no adutor.
Seccione o pectíneo em sua origem e rebata-o. Seccione a origem do
grácil e rebata o músculo caudalmente. Seccione a origem do adutor.
Poupe os ramos da artéria circunflexa medial da coxa e o nervo obtu-
rador, que entram em sua face cranial. Remova porções do músculo
adutor, para acompanhar a distribuição da artéria circunflexa medial
da coxa.
A
M. coccígeo
M. levantador
do ânus
Túber isquiático
Fig.159 Períneo do macho. A, Músculos superficiais, face caudal. B, Corte dorsal através da cavidade pélvica. O bulbo bilobado do pênis está seccionado e a porção
proximaI, removida.
ABDOi.\'IE, PELVE E MENIBRO PÉLVICO 133
A
M. bulboesponjoso
Extremidade fibrocartilagmosa
do osso peniano
E
A
Uretra
Corpo esponjoso
Bulbo da pênis
M. bulboesponjoso
M. retrator do pênis
c~ Corpo cavernoso...• ~ Túnica albugínea
~Uretra-.t,?,--
.'-...... Corpo esponjoso
M. retratar do pênis
D
Bulbo do glande
Osso peniano
{ Anast. do bulbo da glandee corpo esponjoso
Corpo esponjoso
E E' 'I'- .•• pite 10 escamoso
Parte longa da glande
Osso peniano
Ramo do corpo cavernoso
M. isquiocavernoso
Uretra
Corpo esponjoso
M. bulboesponjoso
M. retratar do pênis
B
Fig. 160 Secções mediana e transversal do pênis (de Christensen, 1954).
À medida que a artéria circunflexa medial da coxa aproxima-se
do grande músculo adutor, emite um ramo profundo que desce distal-
mente entre os músculos adutor e vasto medial, irrigando ambos. Pe-
quenos ramos da circunflexa medial da coxa suprem os músculos obtu-
radores e a cápsula da articulação coxofemoral. O ramo transverso
passa caudalmente pelo músculo adutor, o qual irriga, e termina no
músculo semimembranáceo.
A artéria femoral (Figs. 164, 166-171) é a continuação da arté-
ria ilíaca externa além do nível da lacuna vascular. Os ramos da artéria
femoral, na ordem de origem, são: circunflexa superficial do ílio, cir-
cunflexa lateral da coxa, caudal proximal da coxa, safena, genicular
descendente e caudal média e distal da coxa.
A artéria circunflexa superficial do ílio é um pequeno ramo que
se origina da face lateral da artéria femoral, perto ou com a artéria cir-
cunflexa lateral da coxa. A artéria circunflexa superficial do ílio segue
cranialmente e irriga ambas as partes do sartório, o tensor da fáscia lata
e o reto da coxa. Toma-se superficial na espinha ilíaca ventral cranial
da tuberosidade coxa!. Seccione ambas as partes do sartório acima do
vaso e observe seus ramos.
A artéria circunflexa lateral da coxa (Figs. 164, 166) é um
grande ramo, que passa entre o reto da coxa e o vasto media!. Embora a
maior parte do vaso ramifique-se no quadríceps, irriga também o tensor
da fáscia lata, os glúteos superficial e médio e a cápsula da articulação
coxofemoral.
A artéria caudal proximal da coxa (Fig. 164) deixa a supetfície
caudal da femoral, dista! à origem da circunflexa lateral da coxa na re-
gião média da coxa. Estende-se distocauda!mente sobre os músculos pec-
tíneos e adutor, os quais irriga, e entra na superfície profunda do gráci!.
Faça uma incisão cutânea do joelho até a unha do segundo dedo.
Remova a pele tão distalmente quanto o coxim metatársico. Tente dei-
xar os vasos subcutâneos no membro.
A artéria safena (Figs. 164, 170), a veia e o nervo continuam
distalmente entre as bordas convergentes da parte caudal do sartório e o
gráci!. Observe que a artéria safena origina-se da femoral, proximal ao
joelho. A artéria safena irriga a pele na face medial do joelho e termina
num ramo cranial e num caudal.
O ramo cranial (Figs. 164, 170, 176) da artéria safena origina-
se oposto à extremidade proximalda tíbia, cuja superfície medial cruza
134 ABDONIE, PELVE E l\IEi\ffiRO PÉLVICO
Ápice
Base
 -tt"
'"
/ ,
Sulco uretral ", '+ i
Fig. 161 Osso peniano com secções transversais, face lateral esquerda,
obliquamente, e passa distalmente sobre o músculo tibial crania!. Atra-
vessa a superfície flexora do tarso com esse músculo. Na parte proxi-
mal do metatarso, termina como as artérias digitais comuns.
O ramo caudal (Figs. 164, 178) da artéria safena Oligina-se na
extremidade proximal da tíbia. Fica entre a cabeça medial do
gastrocnêmio e a tíbia. Distalmente, relaciona-se com os flexores dos
dedos e com o nervo tibial, cruza a superfície plantar medial do tarso
para entrar no metatarso. O vaso emite ramos para o tarso e as estrutu-
ras profundas da extremidade proximal do metatarso. No metatarso, ir-
riga o pé por meio de ramos profundos, que contribuem para um arco
plantar profundo, do qual se originam as artérias metatársicas planta-
res, e termina nas artérias digitais comuns plantares. Esses ramos não
precisam ser dissecados ..
Em alguns espécimes, as veias safenas (Fig. 165) podem estar
suficientemente congestionadas para serem identificadas. A veia safe-
na medial é semelhante à artéria em sua Oligem no pé e terminação na
veia femora!. A veia safena lateral não tem qualquer artéria correspon-
dente. É formada pelos ramos cranial e caudal na perna, que se origi-
nam de arcadas venosas na pata. Termina na veia femoral caudal dista!.
O ramo cranial da veia safena lateral é utilizado com freqüência para
punção venosa. Origina-se de uma anastomose com o ramo cranial da
veia safena medial na face cranial do tarso e segue proximocaudalmente
pela superfície lateral da perna.
Cólon
Colo
( ~stio uterino externoOstio uterino interno
Corpo do útero
Corno dir.
do útero
Peritônio visceral
Após a artéria safena originar-se da femaral, a última desaparece
lateral ao semimembranáceo. Seccione e vire a extremidade distal do
semimembranáceo craniomedialmente e acompanhe a artéria femara!
até o músculo gastrocnêmio.
A artéria genicular descendente (Figs. 164, 170) origina-se da
femoral, distal à origem da safena, e irriga a superfície medial do joelho.
A artéria caudal média da coxa (Figs. 164, 170) origina-se dis-
tal às artérias genicular descendente e safena, ramificando-se nas partes
distais dos músculos adutor e semimembranáceo.
A artéria caudal distal da coxa (Figs. 164, 169, 170) é um grande
vaso que se origina da superfície caudal do último centímetro da femo-
ra!. A femoral continua-se como artéria poplítea ao entrar no
gastrocnêmio. Rebata as inserções dos músculos grácil,
semimembranáceo e semitendíneo, para descobrir a cabeça medial do
gastrocnêmio. Seccione a cabeça medial do gastrocnêmio e rebata-o. Isso
irá expor a artéria caudal distal da coxa e os seus ramos, que irrigam o
bíceps da coxa, o semimembranáceo, o semitendíneo, o gastrocnêmio e
os flexores dos dedos.
A artéria poplítea (Figs. 164,169,170), um prolongamento da
femoral, passa entre as duas cabeças do músculo gastrocnêmio, cruza a
superfície medial do músculo flexor superficial dos dedos e segue sobre
a superfície flexora do joelho e pela incisura poplítea da tíbia. Inclina-se
lateralmente sob o músculo poplíteo e perfura o flexor lateral dos dedos.
Uretra
Clitóris
Fossa do clitóris
Fig. 162 Vísceras pélvicas da fêmea, secção mediana, face lateral esquerda.
ABDONlE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 135
M. sacrocaudal ventral/aI.
M. retrator do clitóris
M. esfíncter ana/ ext.
M. constritor do vestíbulo
M. constritor da vulva
I
Ramo dojtlitóris M. isquiocavernoso
M. levantador do ânus
M. uretral cobrindo a uretra
Sínfise pélvica
Fig. 163 Músculos do períneo da fêmea, face lateral direita.
para atingir o espaço interósseo. A artéria poplítea irriga o joelho, os
músculos gastrocnêmio e poplíteo, e termina como artérias tibiais crania!
e cauda!. A artéria tibial caudal é um pequeno vaso que deixa a superfície
cauda! da poplítea no espaço interósseo. Não precisa ser dissecada.
Seccione o poplíteo onde cobre a artéria poplítea e acompanhe a
artéria até o espaço interósseo.
A artéria tibial cranial (Figs. 164, 169, 170, 177) passa entre a
tíbia e a fíbula. Rebata a fáscia na face cranial do joelho e da perna, onde
serve para a inserção do bíceps da coxa. Separe os músculos tibia1 cra-
nial e extensor longo dos dedos em toda a sua extensão. Observe a arté-
ria tibial cranial entre esses dois músculos. Seccione o músculo fibular
longo em sua origem e rebata-o para expor a artéria tibial cranial emer-
gindo do espaço interósseo entre a tíbia e a fíbula. Ela irriga os múscu-
los fibular longo, extensor longo dos dedos e tibial crania!. O término
da artéria será dissecado com os nervos fibulares.
O plexo lombossacral (Fig. 172) é composto pelos ramos ven-
trais dos nervos lombares e sacrais. Dos nervos que se originam desse
plexo, os ilioipogástricos cranial e caudal, o i1ioinguinal, o cutâneo la-
teral da coxa e o genitofemoral foram dissecados. O restante será disse-
cado segundo sua acessibilidade.
1. O nervo obturador (Figs. 168, 172, 173) origina-se do quar-
o, quinto e sexto nervos lombares. É formado na porção caudomedial
do músculo iliopsoas. Deixa o músculo dorsomedia1mente, segue cau-
doventralmente ao longo do corpo do ílio, penetra na face medial do mús-
culo levantador do ânus e deixa a pelve, atravessando a parte cranial do
forame obturador. Supre os músculos adutores do membro: o obturador
externo, o pectíneo, o grácil e o adutor. Localize esse nervo na face me-
dial do ílio direito. Observe-o quando emerge ventralmente do forame
obturador e se ramifica nos músculos adutores com os ramos da artéria
::ircunflexa media! da coxa.
2. O nervo femoral (Figs. 172, 173) origina-se fundamentalmente
~o quarto, quinto e sexto nervos lombares. Encontre o nervo femoral
;::oma artéria circunflexa lateral da coxa. Observe sua emergência do
;núsculo iliopsoas, dentro do qual o nervo safeno se origina da face cra-
;:;ia!do nervo femora!. O safeno ou femoral inerva o músculo sartório.
A porção cutânea do safeno supre a pele na face medial da coxa, o joe-
:io. a perna, o tarso e o pé. Acompanhe esse nervo tão distalmente quanto
UU'so.
O nervo femoral emite ramos para o músculo iliopsoas, penetra
-- músculo quadríceps, entre o reto da coxa e o vasto media1, e supre
as as quatro cabeças do quadríceps da coxa.
Na fossa isquiorretal direita, identifique o músculo coccígeo.
Seccione as origens dos músculos glúteos superficial e médio, e rebata-
os para suas fixações, a fim de descobrir a incisura isquiática maior.
Seccione e rebata a fixação sacral do ligamento sacrotubera!. Isso ex-
põe a artéria glútea caudal e o nervo isquiático. Profundamente a eles,
ficam a artéria pudenda interna e o nervo pudendo, bem como os ramos
ventrais dos nervos sacrais. Tais ramos emergem dos dois forames sa-
crais pélvicos e do forame intervertebral sacrocauda!.
3. O nervo pudendo (Figs. 172, 174) origina-se de todos os três
nervos sacrais. Passa caudolateralmente, onde fica lateral aos músculos
levantador do ânus e coccígeo, medial ao músculo glúteo superficial, e
dorsal aos vasos pudendos internos. Aparece superficialmente na fossa
isquiorretal, após emergir da face medial do músculo glúteo superfici-
al, e segue caudomedialmente para a sínfise pélvica, no arco isquiático.
Os seguintes ramos originam-se do nervo pudendo:
a. O nervo retal caudal pode originar-se de nervos sacrais,
ou deixar o nervo pudendo na bordacaudal do músculo le-
vantador do ânus. Inerva o esfíncter anal externo. Não pre-
cisa ser dissecado.
b. Os nervos perineais originam-se da superfície dorsal do
nervo pudendo. Suprem a pele do ânus e o períneo, conti-
nuando até o escroto ou lábio. Pequenos nervos oriundos dos
nervos pudendo ou perineal suprem os músculos do pênis
ou o vestíbulo e a vulva.
c. O nervo dorsal do pênis no macho (ou do clitóris na fê-
mea) curva-se ao redor do arco isquiático e atinge a superfí-
cie dorsal do pênis, onde segue cranialmente.Prossegue atra-
vés da glande do pênis e termina na pele que cobre o ápice
da glande. Emite nervos sensoriais para a pele da glande. Na
fêmea, o nervo dorsal menor do clitóris segue ventralmente
até a comissura ventral da vulva, onde termina no clitóris.
4. O nervo cutâneo caudal da coxa (Figs. 172. 174) origina-se
do plexo sacral e fica unido ao pudendo durante a maior parte de seu
trajeto intrapélvico. O nervo cutâneo caudal da coxa acompanha a arté-
ria glútea caudal até o nível do túber isquiático, onde se torna superfici-
al junto à fixação do ligamento sacrotuberal, e termina na pele, na me-
tade caudal proximal da coxa.
Os ramos ventrais do sexto e do sétimo nervos lombares e os dois
primeiros nervos sacrais unem-se para formar um tronco lombossacral
adjacente à incisura isquiática maior. Os nervos que se originam desse
tronco são: o glúteo caudal, o glúteo cranial e o ciático.
136 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
ProstáticalVaginal
Ramo caudal da safena
Ramo
perfurante
"""""
Circunflexa med.
da coxa
Caudal proxima/ da coxa
Dorsal do pé
Safena
Femoral
Tibial cranial
Poplítea
Genicular descendente
Aorta
Circunflexa lat. da coxa
Profunda da coxa
Tronco pudendoepigástrico
llíaca int. esquerda e direita
llíaca ext. esquerda e direita
Fig. 164 Artérias do membro pélvico direito, visão esquemática da face media!.
ABDOME, PELVE E MElVillRO PÉLVICO 137
Sacral mediana
lIíaca comum
esquerda e direita
Veia cava caudal
Tronco pudendoepigástrico
Circunflexa lal. da coxa
Femoral
Genicular descendente
Tibia! cranial
Ramos craniais da
safena medo e lal.
Glútea caud.
Pudenda int.
Caudal proximal da coxa
Tibial caudal
Fibular
Ramos caudais da
safena medo e lal.
Fig. 165 Veias do membro pélvico direito, visão esquemática da face media!.
138 ABDOME, PELVE E :MEMBROPÉLVICO
Obturador
Glúteo cranial
Pélvico
Glúteo caudal
Glúteo
caud.
Femoral
Circo medo da coxa
Profunda da coxa
Circo lat. da coxa
Glútea cranial
lIeolombar
Circunf. superf. do illaco
Umbilical
IIlaca externa
llíaca interna
Circunflexa profunda do ilíaco
Glútea caud.
Pudenda interna
N. genitofemoral
N. femoral
Ciática
Obturador
Fig. 166 Nervos (à esquerda) e artérias (à direita) lombossacrais, face ventral.
ABDOME, PELVE E ]VIEMBRO PÉLV1CO 139
N. e a. glúteos caud.
Ramo de S2
N. para o obturador interno,
gêmeos e quad. da coxa
Biceps da coxa
Adutor
Semitendíneo
Semimembranáceo
Abd. caudal da coxa
N. cutâneo lal. da sura
N. cutâneo caud. da sura
N. fíbular comum
Bíceps da coxa
Glúteo superficial
Glúteo superficial
Glúteo médio
Glúteo prot.
Tensor da
táscia lata
Sat1ório
A. cran. da coxa
A. circunflexa lal. da coxa
Fig. 167 Nervos. artérias e músculos da região coxal direita, face lateral.
140
21
20
19
ABDOME, PELVE E MEl\1BRO PÉLVICO
9
~
'li
8
"'..
Fig. 168 Artéria femoral profunda, face medial, após remoção do músculo pectíneo e secção do músculo adutor.
1. Ureter esquerdo 12. Ramos profundos da a. e v. circunflexas mediais da coxa
2. Artéria ilíaca externa 13. A. e v. pudendas externas
3. A. e v. profundas da coxa 14. Anel inguinal profundo
4. Tronco pudendoepigástrico 15. Artéria epigástrica caudal
5. Lacuna femoral 16. Ligamento redondo do útero
6. Ramo transverso da a. e da v. circunflexas mediais da coxa e n. obturador 17. Nervo genitofemoral
7. Adutor 18. Intestino delgado
8. Grácil 19. Bexiga
9. Parte caudal do sartório 20. Reto
10. Parte cranial do sartório 21. Corno uterino
lI. A. e v. femorais
5. O nervo glúteo caudal (Figs. 166, 167, 172) passa sobre a
incisura isquiática, medial ao músculo glúteo médio, e entra na superfí-
cie medial do músculo glúteo supelficial. É a única inervação para o
glúteo superficial. Tem uma origem variável do sétimo nervo lombar e
dos dois primeiros sacrais.
6. O nervo glúteo cranial (Figs. 166,172) passa sobre a incisu-
ra isquiática maior, cruza a superfície lateral do ílio na origem do mús-
culo glúteo profundo e inerva os músculos glúteos médio e profundo e
o tensor da fáscia lata. Origina-se do sexto e sétimo nervos lombares e
primeiro sacral. Foi dissecado com a artéria glútea cranial.
7. O nervo ciático (Figs. 166, 167, 170, 172, 174, 175) origina-
se dos dois últimos nervos lombares e dois primeiros sacrais. Isole o
nervo ao passar sobre a incisura isquiática maior. Pequenos ramos saem
de dentro da pelve, para suprir os músculos obturador interno, gêmeos
e quadrado da coxa. Não disseque esses ramos. O nervo ciático passa
caudalmente sobre o coxal, medial ao trocânter maior, e depois distal-
mente, caudal ao fêmur na face lateral do músculo adutor da coxa. Um
ramo deixa o nervo no nível do coxal e inerva os músculos bíceps da
coxa, semitendíneo e semimembranáceo.
Existem nervos cutâneos laterais e caudais da coxa (Fig. 167),
que se originam dos componentes fibular e tibial, respectivamente, do
nervo ciático da coxa e suprem a pele nas superfícies lateral e caudal da
perna. Não precisam ser dissecados.
O nervo ciático termina na coxa, como os nervos fibular comum
e tibial. O nervo fibular comum origina-se basicamente de L6 e L7
(Figs. 169, 174, 175). É menor e passa lateralmente, profundo à parte
terminal delgada do músculo bíceps da coxa. Cruza a cabeça lateral do
músculo gastrocnêmio e a fíbula, seguindo entre o músculo flexor late-
ral da coxa caudalmente e o músculo fibular longo cranialmente, para
entrar nos músculos na face cranial da perna. Aí, o fibular comum divi-
de-se em nervos fibulares superficial e profundo, que inervam os mús-
culos flexores do tarso e extensores dos dedos, que incluem os múscu-
los tibial cranial, fibular longo e extensor longo dos dedos.
O nervo fibular superficial (Figs. 175, 176) deixa a porção do
nervo original abaixo do joelho, onde fica entre o flexor lateral dos de-
dos caudal mente e o fibular longo cranialmente. Exponha o nervo e
acompanhe-o ao se curvar distalmente, profundo à parte distal do fibu-
lar longo. No início do terço distal da perna, torna-se subcutâneo e acom-
panha o ramo cranial da artéria safena. Distal ao tarso, o nervo fibular
supetficial forma nervos digitais comuns dorsais que inervam o pé (Fig.
176) e não serão dissecados.
O nervo fibular profundo (Fig. 175) origina-se da supetfície
cranial do nervo primitivo. Entra nos músculos na parte cranial da per-
na e segue distalmente, junto com a artéria tibial cranial. Na metade
proximal do tarso, ambos ficam num sulco formado pelos tendões do
músculo extensor longo dos dedos, lateralmente, e pelo músculo tibial
cranial medialmente. Exponha-os, cortando o retináculo extensor. No
tarso, o nervo divide-se em nervos metatársicos dorsais, que prosseguem
distalmente para inervar o pé (Fig. 176). Acompanhe o nervo fibular
profundo à medida que o final da artéria tibial cranial é agora disseca-
do. Os nervos metatársicos dorsais terminais não serão dissecados.
A artéria tibial cranial continua oposta à articulação talocrural
como a artéria dorsal do pé (Figs. 176, 177). Ramos irrigam o tarso, e
a artéria dorsal do pé termina na artéria arqueada. A última segue trans-
ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
~
~- --~\
23
3
4
6
21
20
19
18
Fig. 169 Artérias e nervos da coxa e da perna direitas, face lateral.
I. A. glútea caudal 13. Fibular longo
2. A. glútea superficial 14. Tibial cranial
3. Vasto lateral 15. A. tibial cranial
4. Adutar 16. Extensor longo dos dedos
5. Semimembranáceo 17. Fibular longo
6. Semitendíneo ] 8. Extensor lateral dos dedos
7. N. tibial 19. Flexor lateral dos dedos
8. N. fibular 20. Flexor superficial dos dedos
9. A. femoral 21. Gastrocnêmio, cabeça lateral
10. A. caudal distal da coxa 22. Bíceps da coxa (rebatido)
11. A. poplítea 23. Abdutor caudal da coxa
]2. Gastrocnêmio, cabeça medial
141
142 ABDO~IE, PELVE E ~IEMBRO PÉLVICO
A. e v. femorais
N. safeno
Sartório
Reto da coxa
Vastomed.
A. genicular desc.
Semimembranáceo
Gastrocnêmio medo
Côndilo medo da tíbia
A. tibial cranial
Pectíneo
Adutor
A. safena
Grácil
Semimembranáceo
femoral caudalmédio
N. isquiático
A. caudal distal da coxa
Bíceps da coxa
N. tibial
N. cutâneo caudal da sura
Flexor superf dos dedos
A. tibial caudal
Flexor lateral dos dedos
Gastrocnêmico med.
N. e a. safenos
Fig. 170 Artérias da região poplítea direita, face media!.
versa e lateralmente através do tecido ligamentoso, na extremidade pro-
ximal do metatarso. Emite artérias metatársicas dorsais, que seguem
distalmente para irrigar o pé. Não precisam ser dissecadas.
Um ramo perfurante deixa a artéria metatársica dorsal lI, um
ramo da artéria arqueada, e segue distalmente no espaço entre o segun-
do e o terceiro ossos metatársicos. Esse ramo perfurante vai da superfí-
cie dorsal à superfície plantar do metatarso na extremidade proximal
desse espaço. Anastomosa-se com os ramos do ramo caudal da artéria
safena, para contribuir para as artérias metatársicas que irrigam o pé.
Esta é a maior fonte de sangue para os dedos do pé. Exponha a artéria
arqueada e o ramo perfurante. Remova a metade proximal do músculo
interósseo que reveste a face plantar do segundo osso metatársico, para
observar a artéria metatársica perfurante que emerge entre o segundo e
o terceiro ossos metatársicos (Fig. 178).
O nervo tibial origina-se principalmente de L7 e S 1, e é a por-
ção caudal do nervo ciático (Figs. 169, 179, 174, 175). Separa-se do nervo
fibular comum da coxa. No joelho, passa entre as duas cabeças do mús-
culo gastrocnêmio. O nervo tibial supre os músculos caudais à tfbia e à
fíbula, que incluem os extensores do tarso e flexores dos dedos, e emite
ramos para o joelho. Inerva ambas as cabeças do músculo gastrocnêmio
e os músculos flexor superficial dos dedos, poplíteo e ambos os flexo-
res dos dedos. O nervo tibial continua, além desses ramos, no músculo
flexor lateral dos dedos. Emerge da superfície profunda da cabeça me-
dial do gastrocnêmio e prossegue distalmente ao longo da face medial
da superfície caudal da tíbia. Proxima1 à articulação talocrural, o nervo
tibial divide-se em nervos plantares medial e lateral. Cruzam o tarso
medial à tuberosidade calcânea e terminam como os nervos digital co-
mum plantar e metatársico plantar, que são sensoriais para o pé.
A irrigação sanguínea e a inervação dos dedos do membro pélvi-
co estão resumidas no Quadro 4.
Cão vivo
Coloque a palma da mão sobre a parte cranial da coxa, com os
dedos na face medial, e palpe as bordas do trfgono femoral. Sinta o pulso
na artéria femora!. Este é o local mais comum para determinar a freqüên-
cia e a qualidade do pulso num exame físico. O pulso também pode ser
sentido em dois outros pontos no membro pélvico. Um fica onde o ramo
cranial da artéria safena cruza a face medial do terço médio da tíbia. Tanto
o osso como a artéria são subcutâneos nesse local. O outro é a artéria
dorsal do pé, onde cruza a superfície dorsal do tarso.
Acompanhe o trajeto do nervo isquiático e verifique onde o ner-
vo fica junto a ossos que podem fraturar e lesá-Ia. O nervo fibular co-
mum é palpável, onde cruza a extremidade proximal da fíbula. Sinta a
cabeça da fíbula e passe a mão sobre a pele em sentido proximal a dis-
tal, para deslizar o nervo sobre o osso nesse ponto. O nervo tibial pode
ser sentido proximal ao tarso, entre as camadas subcutâneas craniais ao
tendão calcâneo comum. É acompanhado aí por vasos safenos.
Estude a Fig. 179 e identifique as zonas autônomas dos nervos
no membro pélvico do cão vivo.
Circunflexa medo
da coxa
Circunflexa lal.
da coxa
Ramo profundo, circunflexa
medial da coxa
A. e V. femorais
Caudal proximal
da coxa
M. pectíneo
Caudal médio
da coxa
Genicular desc.
ABDO~IE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
Fig. 171 Estruturas profundas da coxa direita, face media!.
M. pectíneo
Ramo muscular
Ramo obturador
Ramo para músculos e para
a. nutricia do fêmur
143
144 ABDOME, PELVE E lVIElVIBROPÉLVICO
Quadro 4 IRRIGAÇÃO SANGUÍNEA E INERVAÇÃO DOS DEDOS DO MElVIBRO PÉL VICO
Superucie Dorsal
Vasos
(Superficiais)
(Profundos)
Nervos
(Superficiais)
(Profundos)
Vasos
(Superficiais)
(Profundos)
Nervos
(Superficiais)
(Profundos)
Ramo cranial da safena
Tibial cranial
Dorsal do pé - Arqueada
Fibular superficial
Fibular profunda
Ramo caudal da safena
Plantar media!
Arco plantar profundo
Ramo perfurante dorsal do
pé; plantar lateral do ramo
cauda] da safena
Tibial - Plantar media]
Tibial - Plantar lateral
Digitais comuns
dorsais
Metatársicos
dorsais
Digitais comuns
dorsais
Metatársicos
dorsais
Superfície Plantar
Digitais comuns
plantares
Metatársicos
plantares
Digitais comuns
plantares
Metatársicos
plantares
N. para m. piriforme N. pélvico
A. e v. digitais dorsais
axiais ou abaxiais
N. digital dorsal
axial ou abaxial
A. e v. digitais plantares
axiais ou
abaxiais
N. digital plantar
axialou
abaxia]
N. glúteo cranial
Ramo vent., I' n. sacral
Ramo vent., 7' n. lombar
N. obturador
Ramo para o quadríceps da coxa
Vasto medo
N. para levantador do ânus
caudal
Levantador do ânus
Ramos cutâneos
N. cutâneo caud. da coxa
Levantador do ânus
Ramo para o obturador ext.
Ramo para adutor,
pectíneo, grácil
Grácil
Pectíneo
Fig. 172 Plexo lombossacro, face medial esquerda.
Nervo obturador
5. Obturador externo
6. Adutor longo
7. Pectíneo
8. Adutor magno e curto
9. Grácil
ABDOME, PELVE E JYIEMBRO PÉLVICO
N.
Ramo cutâneo
Fig. 173 Distribuição dos nervos safeno, femoral e obturador do membro pélvico direito, esquema da face media!.
Músculos inervados por nervos numerados
Nervo femoral
1. Iliopsoas
2. Quadríceps da coxa
Nervo safeno
3. Sartório, parte cranial
4. Sartório, parte caudal
145
146 ABDOJVIE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
A.
V. e a. caudais lat.
V. e a. retais caud.
A. e n. perineais
A. do bulbo do vestíbulo
A. e V. do c/itóris
N. cutâneo caud. da coxa
N. isquiático
M. semimembranáceo
N. tibial
N. cutâneo caud. da sura
V. safena lat.
Ligamento, sacrotuberat M. glúteo superficial
A. e v. glúteas caudais
A. e v. glúteas craniais
, M. glúteo medial
N. glúteo cranial
A. e V. iliolombares
A. e v. circunflexa
lateral da coxa
M. cutâneo lat. da sura
M. quadríceps da coxa
N. fibular comum
M. gastrocnêmio
Fig. 174 Vasos e nervos da coxa e do períneo direitos, face lateral.
ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 147
N. fibular profundo
N. fibular comum
Músculos inervados por nervos niimerados
Nervo glúteo cranial
1. Glúteo médio
2. Glúteo profundo
3. Tensor dafáscia lata
Nervo glúteo caudal
4. Glúteo superficial
Nervo isquiático
5. Gêmeos, obturador im. e quadrado da coxa
6. Bíceps da coxa
7. Semimembranáceo
8. Semitendíneo
Nervo tibial
9. Gastrocnêmio
10. Flexor superficial dos dedos
lI. Poplíteo
12. Flexores profundos dos dedos
13. Músculos plantares
Nervo fibular superficial
14. Extensor lateral dos dedos
15. Fibular curto
Nervo fibular superficial
16. Fibular longo
Nervo fibular profundo
17. Tibial cranial e extenso r longo dos dedos
18. Extensor longo do dedo
19. Extensor curto dos dedos
"
Fig. 175 Distribuição dos nervos glúteos cranial e caudal e do nervo ciático do membro pélvico direito, visão esquemática da face lateral.
148 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
A. digital dorsal abaxiallll
A. digital plantar axial /lI
N. digital dorsal
abaxiall/l
Nn. metatársicos dorsais
N. digital dorsal abaxial /I
(Safeno)
N. fibular profundo
Ramo perfurante da a. metatársica dorsal /I
Aa. metatársicas dorsais
Aa. digitais comuns dorsais
N. fibular superficial
N. digital dorsal abaxial V --
Nn. digitais comuns dorsais
A. dorsal do pé
A. arqueada
A. tibial cranial
A. safena, ramo cranial
Fig. 176 Artérias e nervos do pé direito, face dorsal.
ABDOlVlE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO
Fig. 177 Artéria tibia! crania! do membro pélvico direito, face crania!.
149
Tibia
Tibial cranial
Retinácufo proximaf
de extensores
Ramo perfurante
Aa. metatársicas dorsais
A. dorsal do pé
Ext. longo dos dedos
A. tibiaf cran.
A. arqueada
Ramo superf. da -
a. tibial cran.
Ext. curto dos dedos
Tendão do fibufar longo -
Anast. com aa. digitais
comuns dorsais
Ext. longo dos dedosAnastomose com a. safena,
ramo craniaf
150
N. tibial
N. plantar medial
N. digital plantar
abaxial"
ABDOME, PELVE E lVIEl\1BRO PÉLVICO
-- N. cutâneo caudal
da sura
N. plantar lateral
Nn. metatársicos plantares
N. digital plantar
abaxiallV
Ramo profundo
Ramo perfurante,
a. metatársica
dorsal"
A. digital plantar axial "
Fig. 178 Artérias e nervos do pé direito, face plantar.
A. plantar lateral
A. plantar medial
Aa. metatársicas plantares
Aa. digitais comuns plantares
I
ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 151
Fig. 179 Zonas autônomas de inervação cutãnea do membro pélvico. Faces medial, lateral e caudal. Cutãneo caudal da coxa (CCC), genitofemoral (Gf), cutâneo
lateral da coxa (CLC), fibular (Fib), safeno (Sa), ciático (Ci), tibial (Tib). Os asteriscos indicam limites palpáveis dos ossos - côndilos tibiais medial e lateral,
trocânter maior e extremidade lateral do túber isquiático (de R. L. Kitchell). A zona autônoma do nervo ciático é para lesões proximais ao trocânter maior e inclui
as zonas para os nervos fibular e tibial. Para lesões do nervo ciático caudais ao fêmur, a zona autônoma varia, dependendo de quantos de seus ramos cutâneos
encontram-se acometidos.
MILLER
GUIA PARA
,.""
A DISSECÇAO
. ,.""
DOCAO
-
TERCEIRA EDIÇAO
EVANS & de LA.HUNTA
ACABECA
CRÂNIO
o crânio é um complexo de ossos moldados em membrana e em
cartilagem ao redor do encéfalo, dos órgãos dos sentidos e entradas para
os sistemas digestivo e respiratório. A caixa encefálica é formada por
um teto ósseo dérmico, a calvária, unido a paredes e assoalho osteo-
cartilagíneos. Articulados com a caixa encefálica encontram-se os os-
sos da face, da mandíbula e do palato, os ossículos da orelha e o apare-
lho hióide.
Diversos elementos cranianos fundem-se durante o desenvolvi-
mento ou perdem-se filogeneticamente, o que faz com que cada espécie
possua características distintas, que podem não estar presentes em ou-
Fissura pala tina
Forame infra-orbitário
Canal lacrimal
Processo zigomático
do frontal
Processo frontal do
zigomático
Processo zigomático
do temporal
Linha temporal
tras. o formato do crânio do cão varia mais entre as diferentes raças d
que o crânio de outras espécies de animais domésticos.
Superucies dorsal e lateral do crânio
(Figs.180-182)
Caixa encefálica (craniana). Os ossos pares frontal e pariera:
formam o dorso da caixa encefálica ou calvária. O osso parietal une-c~
ao osso frontal rostralmente e ao seu par, medialmente. Caudalmente.
osso parietal une-se ao osso occipital, que forma a superfície caudal d
crânio. O osso interparietal ímpar funde-se com o osso occipital no pe-
ríodo pré-natal e apresenta-se como um processo que se estende roc-
Incisivo
Lacrimal
Pala tino
Temporal
Occipital
Fig. 180 Ossos do crânio, face dorsal.
A CABEÇA 153
tralmente. A borda ventral do osso parietal une-se aos ossos temporal
escamoso e basisfenóide. Rostral ao osso parietal fica o osso frontal,
que forma a parte dorsomedial da órbita.
A crista sagital é uma crista mediana, formada pelos ossos parie-
tais e interparietal. Varia em altura e pode estar ausente.
Na maioria das raças braquicefálicas, a crista sagital é substituí-
da por um par de linhas temporais. Cada uma delas vai da protube-
rância occipital externa ao processo zigomático do osso frontal. A
crista nucal é uma crista transversal que marca a transição entre as su-
perfícies dorsal e caudal do crânio. A protuberância occipital externa
fica em posição mediana na extremidade caudal da crista sagital.
De cada lado do dorso do crânio está a fossa temporal. A fossa
é convexa. É limitada medialmente pela crista sagital ou pela linha tem-
poral, caudalmente pela crista nucal e ventralmente pelo processo zigo-
mático do osso temporal. A fossa temporal é contínua rostralmente com
a órbita. O músculo temporal origina-se dessa fossa temporal nos ossos
irontal e parietal.
Ossos da face. A parte facial da superfície dorsal do crânio é
formada por partes dos ossos frontal, nasal, maxilar e incisivo. Todos
são pares. O osso nasal une-se ao seu par na linha média, ao osso fron-
::il caudalmente e à maxila e ao osso incisivo lateralmente. A maxila
::ontém os dentes molares superiores. O osso incisivo sustenta os três
ntes incisivos e tem um longo processo nasal, que se articula com a
ila e o osso nasal. A abertura nasal é limitada pelos ossos incisivo
:: nasal. É quase circular em raças braquicefálicas e é oval nas raças
.:olicocefálicas.
uperficie lateral d? crânio
Caixa encefálica (craniana). As porções laterais dos ossos frontal
_ ?arietal formam a superfície lateral (Figs. 181, 182) da caixa encefá-
A parte caudoventral da superfície lateral do crânio é composta em
_ ::.nde parte pelo osso temporal. Este osso composto é constituído de
LeS escamosa, timpânica e petrosa.
A parte escamosa forma a porção ventral da fossa temporal e
~~enta um processo zigomático, que forma a parte caudal do arco
mático. Articula-se dorsalmente com o osso parietal, rostralmente
asa do basisfenóide e caudalmente com o osso occipital.
Rostral à parte escamosa do osso temporal, a superfície ventro-
da caixa encefálica é formada pelas asas do basisfenóide e do
·enóide. A asa do basisfenóide se articula caudalmente com a parte
osa do osso temporal, dorsalmente com os ossos frontal e parie-
'= rostralmente com a asa do pré-esfenóide.
Ossos daface. A órbita é a cavidade onde fica o olho. Uma par-
é óssea. A margem orbitária é formada pelos ossos frontal, la-
Lacrimal
Maxila
crimal e zigomático. A margem lateral da órbita é formada pelo li-
gamento orbitário, que vai do processo frontal do osso zigomático ao
processo zigomático do osso frontal. A parede medial da órbita é for-
mada pelas superfícies orbitárias dos ossos frontal, lacrimal, pré-esfenóide
e palatino.
O arco zigomático é formado pelo processo zigomático da ma-
xila, pelo osso zigomático e pelo processo zigomático do osso tempo-
ral. O arco forma o osso malar e serve de origem para o músculo
masseter, que fecha a boca.
A fossa pterigopalatina situa-se ventral à órbita. A maxila, o osso
palatino e o osso zigomático limitam a parte rostral. A parte caudal é
limitada pelos ossos palatino e pterigóide e pelas asas dos ossos esfe-
nóides. Os músculos pterigóides originam-se dessa fossa.
As três abelturas na parte caudal da órbita são, de rostral para
caudal, o canal óptico, a fissura orbitária e o forame alar rostral. O
canal óptico atravessa o pré-esfenóide e o forame alar rostral atravessa
o basisfenóide. A fissura orbitária é formada na articulação entre os ossos
basisfenóide e pré-esfenóide. O nervo óptico passa pelo canal óptico.
Atravessando a fissura orbitária, encontram-se os nervos oculomotor,
trodear, abducente e oftálmico, bem como alguns vasos. Emergindo do
forame alar rostral, estão a artéria maxilar e o nervo maxilar.
Na parte rostral da fossa pteligopalatina, existem diversos fora-
mes. O forame palatino caudal e o forame esfenopalatino são aber-
turas intimamente relacionadas, do mesmo tamarrho, localizadas na parte
rostromedial da fossa. O forame esfenopalatino fica dorsal ao palatino
caudal. A artéria palatina maior, a veia e o nervo entram no canal pala-
tino através do forame pala tino caudal e, juntos, seguem para o palato
duro. A artéria e a veia esfenopalatinas e o nervo nasal caudal entram
na cavidade nasal via o forame esfenopalatino. Rostrolateral a esses,
encontra-se o forame maxilar, a abertura caudal do canal infra-orbitá-
rio. A artéria, a veia e o nervo infra-orbitários seguem rostralmente por
esse canal. Uma pequena parte da parede rostromedial da fossa pterigo-
palatina, exatamente caudal ao forame maxilar, com freqüência apre-
senta uma abertura que normalmente é ocupada por uma fina lâmina
óssea, a qual serve como a Oligem do músculo oblíquo ventral do olho.
Caudal ao forame maxilar, há uma série de pequenas aberturas, a maio-
ria delas para os pequenos nervos e vasos que atravessam seus respec-
tivos canais alveolares até as raízes dos dois últimos dentesmolares e
a raiz caudal do último pré-molar. Acima do foram e maxilar no osso
lacrimal, encontra-se a rasa fossa para o saco lacrimal. A fossa se con-
tinua pelo canal nasolacrimal para o ducto nasolacrimal.
A parte facial da superfície lateral do crânio rostral à orbita in-
clui a superfície lateral da maxila e o osso incisivo. Dorsal ao terceiro
dente pré-molar fica o foram e infra-orbitário, a abertma rostral do canal
infra-orbitário. As raízes dos dentes molares formam elevações laterais,
os jugos alveolares.
Parietal
Temporal
Zigomático
(cortado)
Palatino
Pterigóide
Fig. 181Ossos do crânio, face lateral, após remoção do arco zigomático.
154
Mandíbula
A CABEÇA
Zigomático
Ceratoiáide
Fig. 182 Crânio, aparelho hióide e laringe, face lateral.
Cartilagem
cricáidea
Superficie ventral do crânio (Figs. 183, 184)
Caixa encefálica (craniana). O aspecto ventral da caixa encefá-
lica consiste na parte basilar do osso occipital, nas partes timpânica e
petrosa do osso temporal, no osso basisfenóide e no osso pré-esfenóide.
A parte basilar do osso occipital forma o terço caudal da base do crânio.
Articula-se lateralmente com as partes timpânicas e petrosa do osso tem-
poral e rostralmente com o corpo do basifenóide. Caudal mente, o côn-
dilo occipital articula-se com o atlas. O processo jugular, uma proje-
ção ventral do osso occipital, articula-se com a parte cauda lateral da
bolha timpânica. O músculo digástrico origina-se do processo jugular.
A p~rte timpânica do osso temporal tem uma dilatação bulbo-
sa, a bolha timpânica, que circunda a cavidade da orelha média (Fig.
185). Na face lateral da bolha, fica o meato acústico externo. Em vida,
a membrana timpânica fecha essa abertura e a cartilagem anular da ore-
lha externa fixa-se ao redor de sua periferia.
A parte petrosa do osso temporal contém os labirintos mem-
branáceos e ósseo da orelha interna (Fig. 185). A maior parte desse osso
é visível dentro da cavidade craniana. A bolha timpânica foi removida
em um lado, expondo uma saliência cilíndrica, o promontório, na su-
perfície ventral da parte petrosa do osso temporal. O promontório con-
tém a janela da cóclea, que em vida é fechada por uma membrana. A
janela do vestíbulo fica dorsal ao promontório e contém a base do es-
tribo. O estribo articula-se com a bigorna, que por sua vez articula-se
com o martelo. O martelo fixa-se à face medial da membrana timpâni-
ca. O processo mastóideo é a única porção da parte petrosa do osso
temporal a atingir o exterior. É pequeno e fica caudal ao meato acústico
externo, lateral e dorsal à raiz do proeminente processo jugular. Os
músculos c\eidomastóideo e esternomastóideo terminam no processo
mastóideo.
O basisfenóide articula-se caudal mente com a parte basilar do
osso occipital e rostralmente com os ossos pré-esfenóide e pterigóide.
O forame oval. o forame redondo e o canal alar atravessam o osso ba-
sisfenóide. O pré-esfenóide articula-se caudalmente com o basisfenóide
e o pterigóide. lateralmente com a parte perpendicular do palatino e
'rostralmente com o vômer. Apenas uma pequena porção mediana do
pré-esfenóide fica exposta na superfície ventral da caixa ence-
fálica. Os canais ópticos passam através da asa orbitária do pré-esfe-
nóide.
O forame alar rostral, caudoventral à fissura orbitária, é a aber-
tura rostral do canal alar. A abertura caudal desse pequeno canal é o
forame alar caudal. O forame redondo abre-se, a partir da cavidade
craniana, no canal alar. O nervo maxilar, derivado do nervo trigêmeo,
entra no canal alar da cavidade craniana por esse forame. O nervo se-
gue rostralmente e deixa o canal alar pelo forame alar rostral. Além dis-
so, a artéria maxilar cruza toda a extensão do canal alar.
O foram e oval, uma abertura direta na cavidade craniana, fica
caudolateral ao forame alar caudal. O nervo mandibular, derivado do
nervo trigêmeo, deixa a cavidade craniana através dessa abertura.
O forame lacerado localiza-se na borda rostromedial da bolha
timpânica. Uma alça da artéria carótida interna projeta-se através dessa
abertura. Essa alça fica entre a parte da carótida interna que está seguin-
do rostralmente no canal carotídeo e a parte que volta pelo forame lace-
rado e entra no seio cavernoso, no assoalho da cavidade craniana.
O canal musculotubário situa-se lateral ao forame lacerado e
caudal ao forame oval. É o revestimento ósseo de uma conexão tubular.
a tuba auditiva, que vai da orelha média até a faringe.
A fissura timpanoccipital é uma depressão oblonga entre a par-
te basilar do osso occipital e a parte timpânica do osso temporal. O ca-
nal petroccipital e o canal carotídeo deixam as profundezas da fissura
aproximadamente no mesmo local. O canal carotídeo conduz a artéria
carótida interna. O canal petroccipital conduz o seio venoso petroso
ventral. Nenhum canal pode ser adequadamente demonstrado num crâ-
nio articulado. Os nervos glossofaríngeo, vago e acessório seguem pe-
rifericamente do forame jugular pela fissura timpanoccipital. Passando
também através dessa fissura, encontram-se a artéria carótida interna.
radículas venosas das veias vertebral e jugular interna. bem como axé\-
nios pós-ganglionares simpáticos do gânglio cervical cranial.
O canal do hipoglosso, para a passagem do nervo hipoglosso.
fica caudal à fissura petroccipital no osso occipital.
A fossa mandibular do processo zigomático do osso temporal
articula-se com o côndilo da mandíbula, para formar a articulação tem-
poromandibular. O processo retroarticular forma a parede caudal da
fossa mandibular. O foram e retroarticular caudal a esse processo con-
duz a veia retroarticular do seio venoso temporal.
A CABEÇA 155
Forame alar rostral
Forame alar caudal.
Forame oval
Fossa mandibular
Processo retroarticular
Fossa para o tensor do tímpano
Incisura intercondilar
Fissura pala tina
Processo pala tino da maxila
Alvéolo do quarto dente pré-molar
Espinha nasal caudal do pala tino
Alvéolo do primeiro dente molar
Forame caud., canal pterigóideo
Forame espinhoso
Processo muscular
Canal musculotubal
Forame lacerado
Fissura petrotimpânica
Bolha timpânica
Forame estilomastóideo
Fissura timpanoccipital
Fig. 183 Crânio, vista ventral com remoção da ampola timpânica direita.
Entre a bolha timpânica e o processo mastóideo do osso tempo-
ral fica o forame estilomastóideo. Esta é a abertura do canal facial que
conduz o nervo facial perifericamente através da parte petrosa do osso
temporal.
Ossos daface. A superfície ventral da parte facial do crânio carac-
teriza-se pelos dentes e palato duro. Há uma arcada dentária superior
(maxilar) e uma inferior (mandibular). Cada dente fica num alvéolo ou
cavidade. Septos interalveolares separam os alvéolos de dentes adjacen-
tes. Um alvéolo é subdividido por septos inter-radiculares para aqueles
dentes com mais de uma raiz. Na arcada dentária superior, existem alvéo-
los individuais nos ossos incisivos para os dentes incisivos e na maxila
para o canino e o primeiro dente pré-molar. Há dois alvéolos na maxila
para o segundo pré-molar e dois para o terceiro. O quarto pré-molar e
os dois molares têm, cada um, três alvéolos na maxila. O palato duro é
composto pelas partes horizontais dos ossos palatinos, dos maxilares e
dos incisivos. Uma abertura, a fissura palatina, localiza-se de cada lado
da linha média entre os dentes caninos.
Os ossos palatinos formam o terço caudal do palato duro. O fo-
rame palatino maior é medial ao quarto dente molar. Caudal a este,
fica o forame palatino menor. A artéria palatina maior, a veia e o ner-
vo e seus ramos emergem por esses forames. As coanas são as abertu-
ras das' cavidades nasais direita e esquerda, na parte nasal da faringe
. (nasoÚlringe). Situam-se na extremidade caudal do palato duro, onde o
vômer articula-se com os ossos palatinos.
Superficie caudal do crânio (Figs. 182, 183)
Durante o desenvolvimento, o osso occipital é formado por par-
tes laterais (exoccipitais) pares (que apresentam os côndilos), uma par-
te escamosa (supra-occipital) ea parte basilar do occipital (basioccipital).
As bordas laterais formam uma crista nucal, onde o occipital une-se ao
osso parietal e à parte escamosa do temporal. Centrodorsalmente, for-
ma-se uma protuberância occipital externa, onde o osso interparietal
une-se ao occipital na extremidade caudal da crista sagital. O forame
magno é a grande abertura na cavidade craniana, através da qual a
medula espinhal continua como a'base do cérebro. O forame mastói-
deo localiza-se na sutura occipitotemporal, dorsolateral ao côndilo oc-
cipital. Conduz a artéria e a veia meníngeas caudais. O resto da superfí-
cie caudal do crânio é rugoso para fixação muscular.
Se houver um crânio desarticulado disponível para estudo, tente
localizar cada um dos ossos no crânio inteiro. A capacidade de visualizar
um osso em relação a outro ajuda a interpretação radiográfica de carac-
terísticas normais. Vários dos ossos cranianos sobrepõem-se mutuamente
numa considerável proporção, razão pela qual nem sempre é possível
ver os limites de um determinado osso in situo O osso pré-esfenóide, cujas
asas orbitárias dão passagem aos nervos ópticos, constitui um bom exem-
plo. Identifique o canal óptico de um crânio intacto e observe o contor-
no das suturas pré-esfenóides com ossos adjacentes. Oriente um osso
esfenóide específico numa posição semelhante. Faça o mesmo com rela-
156 A CABEÇA
Zigomático
Pré-esfenóide
Parietal
Tempora'/
Occipital
Vômer
Frontal
Pterigóide
Basisfenóide
Fig. 184 Ossos do crânio, face ventral.
ção ao osso basisfenóide, mais caudalmente localizado, com suas asas
temporais e a parte basilar do osso occipital, que faz parte do anel occi-
pital. Esses três ossos formam o eixo da base do crânio, sobre o qual o
encéfalo repousa. A lâmina crivosa (cribriforme), com os etmoturbinados
associados, localiza-se na extremidade rostral do eixo da base do crânio.
Com o auxílio do diagrama do crânio desarticulado (Fig. 186),
localize os outros ossos no crânio intacto.
Mand1õula
A mandíbula (Fig. 187), ou maxila inferior, contém os dentes
inferiores e articula-se com o osso temporal. As duas mandíbulas unem-
se rostralmente na sínfise. Cada mandíbula pode ser dividida num cor-
po, ou parte horizontal, e um ramo, ou parte perpendicular. A borda
alveolar da mandíbula contém alvéolos para as raízes dos dentes. Os
incisivos, o canino, o primeiro pré-molar e o terceiro molar têm uma
raiz cada. Os últimos três pré-molares e os primeiros dois molares têm
duas raízes cada.
Na superfície lateral do ramo da mandíbula, fica a fossa masse-
térica triangular para a inserção do músculo masseter. A metade dorsal
do ramo é o processo coronóide. Sua superfície medial possui uma
depressão rasa para inserção do músculo temporal. Ventral a essa, fica
o forame da mandíbula. Este forame é a abertura caudal do canal da
mandíbula, que se localiza no ramo e no corpo da mandíbula, conduz
a artéria e a veia alveolares inferiores e o nervo alveolar inferior. Abre-
se rostralmente nos três forames mentonianos, onde nervos mentonia-
nos emitem inervação sensorial para o lábio inferior e o queixo adjacen-
tes. Os músculos pterigóideos inserem-se na superfície medial da mandí-
bula e no processo angular, ventrais à inserção do músculo temporal.
O processo condilar entra na formação da articulação tempo-
romandibular. Entre o processo condilar e o processo coronóide, en-
contra-se uma depressão em forma de D, a incisura da mandíbula.
Ramos motores do nervo mandibular atravessam essa incisura para iner-
var o músculo masseter.
O processo angular é uma saliência curva ventral ao processo
condi lar. Serve para a fixação dos pterigóideos medialmente e do
masseter lateralmente.
Ossos hióides
O aparelho hióide (Figs. 188, 197) é composto pelos ossos hiói-
des, que mantêm fixas a língua e a laringe. O aparelho vai do processo
mastóide do crânio à cartilagem tireóidea da laringe. É constituído pela
pequena cartilagem timpanoióidea e pelos seguintes ossos articulados:
o estiloióide, o epiióide, o ceratoióide, o basióide e o tireoióide. Todos
os ossos são pares, exceto o basióide, que une os elementos dos dois
lados na raiz da língua. Examine-os nos espécimes conservados úmi-
dos fornecidos, como também em seu próprio espécime.
Dentes
Os dentes ficam dispostos em arcadas (superior e inferior) opos-
tas uma à outra. A arcada inferior é mais estreita do que a superior (Figs.
181, 183, 187).
Os dentes superiores estão contidos nos ossos incisivos e maxi-
lares. Aqueles com as raízes encravadas nos ossos incisivos são conhe-
cidos como dentes incisivos. Caudal a estes e separados deles por um
A CABEÇA 157
Duetos semicirculares
Dueto endolinfático
Bolsa endolinfática
Rampa do vestíbulo
Bolha timpânica
Parte petrosa do osso temporal
Espaço perilinfático do vestíbulo
Membrana timpânica
Fig. 185 Diagrama da orelha média e interna.
Parietal
Supra-occipital
~:~'. Exoccipitaf
f .
.~~..
Mandíbula
Fig. 186 Ossos desarticulados do crânio de um filhote, face lateral esquerda.
158 A CABEÇA
Processo ~condi/ar I
Forame mandibul'!rl Sínfise
.+
Forame mentoniano rostral/
Forame mentoniano médio
Processo coronáide
Incisura mandibular
Processo condi/ar
Fossa massetérica
Processo angular
Forame mentoniano caudal
Fig. 187 Mandíbula esquerda, faces medial e lateral.
A dentição temporária ou decídua ("dentes de leite") pode ser
expressa pela fórmula:
O primeiro dente incisivo (central) fica próximo ao plano media-
no e é seguido pelos segund0'(intermediário) e terceiro (de canto) inci-
sivos. Na dentição permanente, os dentes pré-molares e molares são
numerados de rostral para caudal; portanto, o dente mais próximo ao
canino é o número um. O quarto pré-molar é o maior dente molar da
Ceratoiáide
y.•..-..-- Tímpanoiáide
Tíreoiáide
Basiáide
Fig. 188 Ossos hióides, face ventral.
maxila; o maior dente da mandíbula é o primeiro molar. Ambos são
conhecidos como dentes carniceiros ou cortantes.
O primeiro pré-molar no cão não tem qualquer antecessor decí-
duo. Os dentes do conjunto permanente são muito maiores do que os do
conjunto decíduo. O último dente permanente irrompe aos seis ou sete
meses.
Cada dente possui uma coroa e uma raiz (ou raízes), a(s) qual(is)
fica(m) embutida(s) nos alvéolos das mandíbulas. Ajunção da raiz com
a coroa é o colo do dente.
As raízes dos dentes são bem constantes. Os incisivos e cani·
nos de ambas as arcadas dentárias têm uma cada. Na arcada dentária
superior, o primeiro pré-molar tem uma raiz; o segundo e o terceiro
têm duas cada; o quarto pré-molar e o primeiro e o segundo molares
têm três cada. Os dentes molares inferiores têm duas raízes cada, ex-
ceto o primeiro pré-molar e o terceiro molar, que têm uma. O dente
cortante superior, que é o quarto pré-molar, possui duas raízes ros-
trais num plano transversal e uma grande raiz caudal. Observe que as
raízes laterais do quarto pré-molar ficam ventrolaterais ao canal infra-
orbitário e que o par rostral da raiz medial fica ventromedial ao fora-
me infra-orbitário.
~ ' total (direito e esquerdo) = 28
= ~~, total (direito e esquerdo) = 42
C Pm M
142
I 4 3
I C Pm
3 I 3
3 I 3
espaço encontra-se o dente canino. Atrás dele ficam os dentes mola-
res, divididos em pré-molares e molares. Os dentes inferiores, geral-
mente, são semelhantes aos superiores. Existe um dente- molar a mais
em cada mandíbula, com relação à maxila correspondente. Alguns dos
dentes - os incisivos, o quarto pré-molar e os molares - em geral
encontram os da arcada oposta, quando as mandíbulas estão cerradas.
O quarto pré-molar superior e o primeiro molar superior cortam junta-
mente com o primeiro molar inferior. Os três primeiros pré-molares não
se tocam durante o fechamento normal e a abertura entre os dentes é
denominada espaço do transporte pré-molar. Em cães com focinhos
longos, pode haver um intervalo considerável entre os dentes, podem
estar presentes dentes extranumerários e não haver oclusão de alguns
pré-molares. Em raças de focinho curto, os dentes costumam ficar com-primidos, têm raízes superficiais e estão todos em uso. Além disso, a
maioria dos dentes dispõe-se obliquamente.
A fórmula da dentição para os dentes permanentes do cão é:
I
Superiores 3
Inferiores 3"
Superiores
Inferiores
A CABEÇA 159
A superfície externa dos dentes é a superfície vestibular e a su-
perfície interna é a superfície lingual. As faces de um dente que ficam
em contato com um dente adjacente ou voltam-se para ele são as super-
fícies de contato. A superfície do dente que faz face à arcada dentária
oposta é conhecida como superfície oclusal ou mastigatória.
Cavidades do crânio
Cavidade craniana
A cavidade craniana (Figs. 189, 190) contém o encéfalo e seus
revestimentos e vasos. O teto da caixa encefálica, a cal vária, é formado
pelos ossos parietais e frontais. Os dois terços rostrais da base do crânio
são formados pelos ossos esfenóides. O terço caudal é formado pelos
ossos occipital e temporais. A parede caudal é o osso occipital, e a pare-
de rostral é a lâmina crivosa (cribriforme) do osso etmóide. As paredes
laterais são formadas pelos ossos temporais, parietais, frontais e esfe-
nóides. O interior da cavidade craniana contém impressões formadas
pelos giros e sulcos do cérebro. Artérias saem de sulcos na superfície
cerebral dos ossos, enquanto muitas das veias ficam na díploe, entre os
planos externo e interno dos ossos. A base da cavidade craniana divide-
se em fossas rostral, medial e caudal.
A fossa rostrallocaliza-se na frente dos canais ópticos. O asso-
alho dessa fossa é formado pelo osso pré-esfenóide e pela lâmina crivo-
sa (cribriforme) do etmóide. É limitada lateralmente pelo osso frontal.
Os bulbos olfatórios e as partes rostrais dos lobos frontais do cérebro
ficam nessa fossa. Os inúmeros forames na lâmina crivosa (cribriforme)
conduzem vasos sanguíneos e nervos olfatórios do epitélio olfatório da
cavidade nasal para os bulbos olfatórios do cérebro. A lâmina crivosa
muito perfurada do osso etmóide separa a caixa encefálica da cavidade
nasal. (Pode ser a rota de microrganismos invasivos via a cavidade na-
sal.) É côncava em sua superfície caudal e pode ser vista num crânio
Forame infra-orbitário
Parte lal. do seio frontal
Sulco quiasmático
Processo clinóide rostral
Fossa hipofisária
Processo clinóide caudal
Dorso da sela
Canal para o seio transverso
Fossa cerebelar
Canal do hipoglosso
através do forame magno. Em sua face rostral, tem muitas espirais
etmoturbinadas, que se projetam na parte caudal da cavidade nasal, en-
chendo-a. Em vida, essas finas espirais ossificadas são revestidas por
mucosa olfatória. O canal óptico é uma pequena passagem em cada asa
orbitária do osso pré-esfenóide, por onde passa o nervo óptico.
A fossa média do crânio estende-se caudal mente dos canais
ópticos até as cristas petrosas e o dorso da sela. Situa-se num nível mais
baixo do que a fossa rostral do crânio. Há vários forames pares no asso-
alho dessa fossa. Caudal ao canal óptico, fica a fissura orbitária. Os
nervos oculomotor, troclear e abducente, bem como o nervo oftálmico
originário do nervo trigêmeo, deixam a cavidade craniana por meio dessa
abertura. Caudal e lateral à fissura orbitária, encontra-se o forame re-
dondo, que transmite o nervo maxilar, originário do nervo trigêmeo, para
o canal alar. Cauda lateral ao forame redondo está o forame oval, que
conduz o nervo mandibular oriundo do nervo trigêmeo, e a artéria me-
níngea média, que entra na cavidade craniana, proveniente da artéria
maxilar.
A sela turca, na superfície dorsal do basisfenóide, contém a
hipófise. É composta de uma fossa hipofisária rasa, que é limitada
rostralmente pelo osso pré-esfenóide e limitada caudalmente por um
processo quadrilateral elevado, o dorso da sela. A parte caudal da fos-
sa média é a parte mais larga da cavidade craniana. Os lobos parietais e
temporais do cérebro localizam-se aí.
A fossa caudal do crânio contém o cerebelo, a ponte, a medula
oblonga e a parte dos lobos occipitais do cérebro. Vai das cristas petrosas
e do dorso da sela até o forame magno. O assoalho dessa fossa é forma-
do pela parte basilar do occipital e pelas partes petrosas dos ossos tem-
porais.
Estude os forames e canais no assoalho e nos lados da caixa ós-
sea (Fig. 190). A abertura do canal carotídeo localiza-se sob a extremi-
dade rostral da parte petrosa do osso temporal.
O canal para o nervo trigêmeo fica na extremidade rostral da
parte petrosa do osso temporal. O gânglio trigêmeo situa-se no canal.
Fissura pala tina
Fossa para o saco lacrimal
Forames alveolares
Canal óptico
Fissura orbitária
Forame redondo
Forame oval
Canal para o n. trigêmeo
Forame jugular
Fig. 189 Crânio após remoção da cal vária, face dorsal.
160
Tentório ósseo
Sulco transverso
ACABECA
Sulco para a a. meníngea média
Fossa cerebelar
Forame mastóideo
Canal do hipoglosso
Meato acústico int.
Fissura petroccipital
Canal para o n. trigêmeo
Forameoval
Canal óptico
Fissura orbitária
Forame redondo
Parte medial do seio frontal
Entrada para o recesso maxílar
Forame esfenopalatino
Fig. 190 Secção sagital do crânio, face media!. Os algarismos romanos indicam os endoturbinados; os algarismos arábicos, os ectoturbinados.
Caudal a ele, encontra-se o meato acústico interno, através do qual
passam os nervos facial e vestibulococlear. Dorsocaudal ao meato acús-
tico interno, encontra-se a fossa cerebelar, que contém uma pequena
porção lateral do cerebelo.
O forame jugular está localizado entre a parte petrosa do osso
temporal e o osso occipital. Abre-se no lado externo, através da fissura
timpanoccipital e conduz os nervos cranianos glossofaríngeo, vago e
acessório, bem como o seio venoso sigmóide. Caudomedial ao forame
jugular, encontra-se o canal do hipoglosso, para o nervo hipoglosso.
Dorsal a esse forame, fica o canal condilar, que conduz um seio venoso.
Projetando-se rostroventralmente da parede caudal da cavidade
craniana, encontra-se o tentório ósseo, composto de processos dos os-
sos parietal e occipital. A membrana dural, o tentório do cerebelo, une-
se às cristas petrosas e ao tentório ósseo, separando o cérebro do cere-
belo. Um forame para o seio sagital dorsal relativamente mediano lo-
caliza-se na superfície rostral do osso occipital, dorsal ao tentório ós-
seo. Abre-se nos canais transversos pares. Esse forame conduz o seio
venoso sagital dorsal para o seio transverso, no canal transverso. O seio
transverso continua ventrolateralmente através do sulco transverso do
osso occipital. Em seguida, como o seio temporal, cruza o osso tempo-
rallateral à porção petrosa. No forame retroarticular, o seio temporal
comunica-se com a veia maxilar.
Cavidade nasal
A cavidade nasal é a parte facial das vias respiratórias. Começa
na abertura nasal óssea e é constituída de duas metades simétricas,
separadas por um septo nasal mediano. As aberturas caudais das cavi-
dades nasais são as coanas. Num crânio seccionado ao meio, estude as
espirais ósseas, as conchas, que ficam na fossa nasal. Compare-as com
as conchas revestidas de mucosa de uma cabeça embalsamada cortada
ao meio.
As conchas (Figs. 190, 191) projetam-se em cada metade da ca-
vidade nasal e, com sua mucosa, funcionam como defletores para aque-
cer e limpar o ar inspirado. Suas porções caudais também contêm neu-
o rônios olfatórios, cujos axônios seguem para os bulbos olfatórios do
cérebro, através da lâmina crivosa.
A concha nasal dorsal origina-se como a espiral mais dorsal na
lâmina crivosa e estende-se rostralmente como uma plataforma unida
ao longo da superfície medial do osso nasal.
A concha nasal ventral consiste em várias espirais alonga-
das, que se unem a uma crista na superfície medial da maxila. Fica no
meio da cavidade nasal, mas não entra em contato com o septo nasal me-
diano.
O labirinto etmoidal é constituído de muitas espirais delicadas,
que se unem à lâmina crivosa caudalmente e ocupam o fundo da cavi-
dade nasal. Dorsalmente, as espirais estendem-se como ectoturbinados
na porção rostral do seio frontal. Ventralmente, comoendoturbinados,
as espirais unem-se ao vômer, que separa todo o labirinto etmoidal da
parte nasal da faringe (nasofaringe).
O complexo do osso etmóide localiza-se entre a caixa encefálica
e a parte facial do crânio. É composto pelo labirinto etmóide, pela lâmi-
na crivosa e pela lâmina perpendicular óssea mediana do septo nasal. O
complexo do osso etmóide é cercado pelo osso frontal dorsalmente, pela
maxila lateralmente e pelo vômer e pelo palatino ventralmente. O labi-
rinto etmoidal, constituído de ecto e endoturbinados ligados à lâmina
crivosa, possui uma lâmina orbitária de cada lado, que forma a parede
medial do recesso maxilar.
O septo nasal separa as cavidades nasais direita e esquerda. É
composto de cartilagem e osso. A parte cartilagínea, a cartilagem sep-
tal, forma os dois terços rostrais dessa divisão mediana. Articula-se com
outras cartilagens nas narinas, o que impede o colabamento das nari-
nas. Ventralmente, a cartilagem septal encaixa-se num sulco formado
pelo vômer, e dorsalmente articula-se com os ossos nasais, onde se en-
contram na linha média. A parte óssea do septo nasal é formada pela
lâmina perpendicular do osso etmóide, pelos processos septais dos os-
sos frontais e nasais e pela porção sagital do vômer.
Em cada cavidade nasal, a concha nasal dorsal semelhante a uma
plataforma e as espirais da concha nasal ventral dividem a cavidade em
quatro passagens primárias, conhecidas como meatos (Fig. 191). O
meato nasal dorsal fica entre o osso nasal e a concha nasal dorsal. O
pequeno meato nasal médio fica entre a concha nasal dorsal e a concha
nasal ventral, enquanto o meato nasal ventral fica dorsal ao palato duro.
Como as conchas não atingem o septo nasal, forma-se um espaço verti-
cal, o meato nasal comum, de cada lado do septo nasal. Esse espaço
A CABEÇA
Processo nasal do osso incisivo
Vestíbulo
Lábio
Processo pala tino do osso incisivo Cartilagem vomeronasal
Concha nasal ventral
Dueto nasolacrimal
Cartilagem do septo nasal
Meato nasal ventral
Plexo vascular do palato duro
161
Fig. 191 Secção transversal da cavidade nasal.
estende-se da abertura nasal até as coanas numa direção longitudinal, e
do osso nasal ao palato duro numa direção vertical.
Seios paranasais
Há três seios frontais (Figs. 189, 190) localizados entre as faces
externa e interna do osso frontal. São designados lateral, rostral e medi-
aI. O seio frontal lateral é muito maior do que os outros. Ocupa o pro-
cesso zigomático e estende-se caudalmente, limitado lateralmente pela
linha temporal e medialmente pelo septo mediano. Pode ser parcialmente
dividido por septos ósseos que se estendem nele. O seio frontal rostral
é pequeno e fica entre o plano mediano e a órbita. O labirinto etmoidal
salienta-se nesse seio. O seio frontal medial fica entre o septo mediano
e as paredes dos outros dois seios. É muito pequeno e pode estar ausen-
te. Todos os três seios comunicam-se com a cavidade nasal.
O recesso maxilar (Fig. 190) comunica-se com a cavidade na-
sal. Sua abertura fica num plano transversal, através das raízes rostrais
do quarto dente pré-molar superior. O recesso continua caudalmente até
um plano através do último dente molar. As paredes do recesso maxilar
são formadas, lateral e ventralmente, pela maxila e medialmente pela
lâmina orbitária do osso etmóide. A glândula nasal lateral ocupa esse
recesso.
Cavidade timpânica
A cavidade timpânica é a cavidade da orelha média. Aloja os
ossículos auditivos e comunica-se com a parte nasal da faringe (na-
sofaringe) via a tuba auditiva. É limitada ventralmente pela bolha tim-
pânica e dorsalmente pela parte petrosa do osso temporal. Lateralmen-
te, o meato acústico externo é fechado pela membrana timpânica (Figs.
183, 185).
Articulações da cabeça
A articulação atlantoccipital foi descrita com as vértebras. A ar-
ticulação temporomandibular fica entre o processo condilar da man-
díbula e a fossa mandibular do osso temporal. A articulação é alongada
transversalmente. Há um fino menisco cartilagíneo, o disco articular,
que separa as superfícies articulares de cada osso e divide a cápsula ar-
ticular em dois compartimentos. Ligamentos laterais e caudais reforçam
a cápsula articular.
A sÍnfise da mandíbula é uma sincondrose com uma superfície
interdigitada, que persiste por toda a vida no cão.
Cão vivo
Palpe as caracteósticas do crânio da cabeça do cão. A parte mais
larga da cabeça é o arco zigomático palpável. Palpe o processo zigo-
mático do osso frontal (seu ponto mais largo) e o ligamento orbitário
entre ele e o processo frontal do osso zigomático. Esse ligamento forma
a borda lateral da parte rostral da órbita. Acompanhe o osso frontal cau-
dalmente, até a linha temporal e a crista sagital. Sinta a protuberância
occipital externa e acompanhe a crista nucal ventralmente, de cada lado,
até o processo mastóide do osso temporal. Flexione e estenda a articu-
lação atlantoccipital. Acompanhe os ossos frontais rostralmente até o
nariz e os ossos maxilares. Sinta o forame infra-orbitário do lado da
maxila, no nível das raízes rostrais do quarto pré-molar. Rebata o lábio
e estude as coroas e colos dos dentes de cada arcada dentária. Encontre
os dentes cortadores e observe como entram em contato entre si.
Palpe o processo coronóide da mandíbula, medial ao arco zigo-
mático, e o processo angular ventralmente. Sinta o corpo da mandíbula
e movimente a articulacão temporomandibular, abrindo a boca.
ESTRUTURAS DA CABEÇA
Para facilitar a dissecção da cabeça, ela deve ser removida e di-
vidida no plano mediano. Com a utilização de uma serra, efetue um corte
transversal completo do pescoço, no nível da quarta vértebra cervical.
Seccione a cabeça e a porção unida do pescoço no plano media-
no, usando uma serra de fita. Lave a superfície do corte, para remover
pó de osso e pêlos.
Tire a pele de ambas as metades, deixando os músculos no lugar.
Deixe uma estreita margem de pele ao redor da borda das pálpebras e
na borda dos lábios. Preserve o nariz e o filtro, que é o sulco mediano,
separando as partes direita e esquerda do lábio superior. Retire a pele
apenas da base da orelha.
O lado direito da cabeça será usado para a dissecção de vasos e
nervos, enquanto o lado esquerdo será usado para músculos. Ao final
de cada peóodo de dissecção, enrole a cabeça numa gase grosseira de
algodão, umedecida com água fenólica a I %, ou fenoxietanol a 2%, antes
de cobrir seu espécime. Para evitar dessecamento, é útil um saco plás-
tico.
Músculos da face
Os músculos da face funcionam para abrir, fechar ou movimen-
tar os lábios, as pálpebras, o nariz e a orelha. São todos inervados pelo
nervo facial (sétimo craniano).
162 A CABEÇA
Bochechas, lábios e nariz. O platisma (Fig. 192) é um músculo.
cutâneo que vai da rafe mediana dorsal do pescoço até o ângulo da boca,·
onde se irradia no orbicular da boca. É o músculo mais superficial, re-
vestindo a superfície ventrolateral da face. Seccione esse músculo e
rebata-o.
O orbicular da boca fica próximo às bordas livres dos lábios e
estende-se de um lábio ao outro ao redor do ângulo da boca. As fibras
de cada lado terminam no plano mediano, nas regiões incisivas do inci-
sivo e da mandíbula.
O músculo bucinador é um músculo fino e largo que forma a
base da bochecha. Liga-se às bordas alveolares da mandíbula e à maxi-
la, bem como à mucos a bucal adjacente. Pode ser encontrado entre a
borda rostral do músculo masseter e o orbicular da boca. Coloque o dedo
no interior da bochecha e comprima para fora. Isso ajudará a definir o
bucinador. Uma porção do bucinador fica profunda ao músculo orbicular
da boca e é difícil separá-Ia dele. Funciona para retornar alimento do
vestíbulo para a superfície oclusal dos dentes.
O levantador nasolabial é um músculo achatado, que fica em-
baixo da pele, na superfície lateral do osso maxilar. Origina-se do osso
maxilar, segue rostroventralmente e fixa-se à borda do lábio superior
na parte externa da narina, dilatando-a e erguendo o lábio superior.
Pálpebras. Antes de dissecar as pálpebras, observesuas carac-
terísticas externas. As pálpebras superior e inferior limitam a fissura
palpebral. Unem-se em cada extremidade da fissura, formando as co-
missuras palpebrais medial e lateral. Cada comissura une-se por li-
gamentos ao osso adjacente. O ligamento palpebral medial é bem de-
senvolvido e une a comissura medial ao osso frontal, próximo à sutura
nasomaxilar. O ligamento palpebrallateral é pouco desenvolvido e une-
se ao osso zigomático no ligamento orbitário.
A pálpebra superior apresenta cílios em sua borda livre. A pálpe-
bra inferior não tem cílios. A superfície cutânea ou externa da pálpebra
é coberta por pêlos. A superfície posterior ou interna é coberta por uma
membrana mucosa, a conjuntiva palpebral (ver Fig. 206). Acompa-
nhe a conjuntiva palpebral posteriormente até sua reflexão das pálpe-
bras sobre o bulbo do olho, que é a conjuntiva bulbar. O ângulo for-
mado por essa reflexão denomina-se fórnice. A cavidade potencial as-
sim formada, o saco conjuntival, é limitada posteriormente pela
conjuntiva bulbar e pela córnea, e anteriormente pela conjuntiva palpe-
bral.
Na comissura medial, observe a saliência triangular da pele com
pêlos finos, a carúncula lacrimal. O ponto lacrimal (ver Fig. 203) de
cada pálpebra é o início dos ductos lacrimais dorsal e ventral. Cada um
deles é uma pequena abertura na borda conjuntival da pálpebra, a pou-
cos milímetros da comissura medial. Pode ser difícil ver os pontos sem
o auxílio de ampliação. A glândula lacrimal, situada ventral ao pro-
cesso zigomático do osso frontal, secreta através de muitas aberturas
Espinha da hélice
Escutuloauricular superficial dorsal
Escutuloauricular superficial médio
Retratar do ângulo lateral do olho
Levantador do ângulo medial do olho
Orbicularis oculi
Levantador nasolabial
Esfíncter profundo do pescoço - parte palpebral
Platisma
Zigomático
Esfíncter profundo do pescoço - parte intermediária
Fig. 192 Músculos superficiais da cabeça, face lateral esquerda.
A CABEÇA 163
Glândulas salivares
Volte a língua medialmente e observe a elevação levemente sa-
liente, que fica bem adjacente ao frênulo lateralmente e projeta-se do
assoalho da cavidade oral, denominada carúncula sublinguaI. Esten-
dendo-se caudalmente da carúncula, encontra-se a prega sublinguaI.
O ducto mandibular e o ducto sublingual maior (Fig. 194) encon-
tram-se nessa prega. Seguem rostralmente e abrem-se na carúncula
sublingual, ou ao seu lado, separadamente ou através de uma abertura
comum. lncise cuidadosamente a mucos a acima desses ductos, da
carúncula à raiz da língua, no arco palatoglosso. Rebata cegamente a
mucosa para expor os ductos e o tecido salivar associado. O ducto su-
blingual maior está ligado caudalmente à glândula sublingual monos to-
mática, que fica intimamente associada à glândula salivar mandibular.
Existem também lóbulos glandulares sublinguais (a glândula sublingual
Epiglote
Prega
glossoepiglótica
Papi/as cônicas
Papi/as vaIadas
Área de papi/as
foliadas
Sulco mediano
Frênulo lingual
Fig. 193 Língua, face dorsal.
Arco
palotoglosso
modificada, formando vários tipos de papilas. Um microscópio de dis-
secação facilitará o exame dessas éstruturas. São identificados cinco tipos
de papilas, por seu fomato. As papilas filiformes são encontradas pre-
dominantemente no corpo e no ápice da língua. Dispõem-se em fileiras
como pedregulhos, com suas múltiplas extremidades pontiagudas
dirigidas caudalmente. Na raiz da língua, as papiJas filiformes são subs-
tituídas por papilas cônicas, que têm apenas uma extremidade pontia-
guda. As papilas fungiformes têm uma superfície redonda e lisa, sen-
do em menor quantidade. Localizam-se entre as papilas filiformes. Al-
gumas podem estar espalhadas, caudalmente, entre as papilas cônicas.
As papilas foliadas são encontradas nas margens laterais da raiz da lín-
gua, rostrais ao arco palatoglosso. São foliformes, mas aparecem como
uma fileira de sulcos paralelos no espécime fixado. As papilas vaiadas
localizam-se na junção do corpo com a raiz da língua. Há quatro a seis
no cão e dispõem-se na forma de um V com o ápice dirigido caudal-
mente. São maiores do que as outras, possuem uma superfície circular e
são rodeadas por um sulco. Há botões gustatórios nas papilas vaiadas,
foliadas e fungiformes.
A língua une-se rostralmente ao assoalho da cavidade oral por
uma prega mediana ventral de mucosa, o frênulo da língua (Fig. 194).
Examine a superfície de corte medial do ápice da língua. Na linha mé-
dia, exatamente sob a mucosa, fica a Iissa (Fig. 195), uma espícula fi-
brosa fusiforme que vai do ápice até o nível da fixação do frênulo. Ex-
ponha a lissa.
Examine a língua (Fig. 193). É um órgão muscular composto de
entrelaçados de músculos intrínsecos e extrínsecos, que serão
ados mais tarde. Divide-se numa raiz, que compõe o seu terço
; um corpo, que é a longa parte rostral fina da língua; e uma ex-
_;:;:lldade livre, o ápice. A mucosa que reveste o dorso da língua é
Cavidade oral
Língua
A cavidade oral, ou boca, divide-se em vestíbulo e cavidade oral
,'ropriamente dita. O vestíbulo é a cavidade que fica do lado de fora dos
entes e gengivas e dentro dos lábios e bochechas. Os ductos da parótida
e das glândulas salivares zigomáticas abrem-se na parte dorsocaudal do
,-estíbulo. (; ducto parotídeo abre-se através da bochecha, numa pe-
,uena papila situada em oposição à extremidade caudal do quarto pré-
molar superior, ou dente cortante. Os ductos da glândula zigomática
::brem-se no vestíbulo, laterais ao último dente molar superior.
A cavidade oral propriamente dita é limitada dorsalmente pelo
•.~ato duro e por uma pequena parte do palato mole adjacente; lateral e
;-astralmente pelas arcadas dentárias; e ventralmente pela língua e pela
i::iucosa adjacente. Seu limite caudal, ventralmente, é o corpo da língua,
-o arco palatoglosso. Afaste a língua de uma das mandíbulas e observe
_ prega de tecido que se estende do corpo da língua ao início do palato
ale; este é o arco palatoglosso (Fig. 193). Comunica-se livremente
:em o vestíbulo por numerosos espaços interdentais e continua-se cau-
,.:..:Jmentepela parte oval da faringe (orofaringe).
ductais na parte dorsolateral do saco conjuntival. Após esse líquido se-
roso ter passado pela córnea, é coletado pelos pontos e segue, em se-
qüência, através do ducto lacrimal de cada pálpebra, do saco lacrimal
e do ducto nasolacrimal, para o meato nasal ventral da cavidade nasal.
Aí, ocorre a evaporação da secreção lacrimal. Uma contribuição signi-
ficativa para a secreção de lágrimas vem da glândula da terceira pálpe-
bra, das células conjuntivais em cálice e das glândulas tarsais da pálpe-
bra superior. A glândula lacrimal e a abertura rostral do ducto nasola-
crimal serão 'vistas mais tarde.
A prega semilunar, ou terceira pálpebra (Fig. 203), é uma prega
côncava de conjuntiva palpebral e cartilagem, que se projeta do ângulo
medial do olho. A cartilagem estende-se ventralmente na órbita e é cer-
cada por um corpo de tecido adiposo e tecido glandular, a glândula
superficial da terceira pálpebra, que será dissecada logo. Sua secre-
ção serosa entra no saco conjuntival sob a terceira pálpebra, na comis-
sura medial. Afaste a terceira pálpebra da conjuntiva bulbar e examine
sua superfície medial. Observe o tecido linfóide levemente elevado.
Há diversos músculos associados às pálpebras. O orbicular do
olho (Fig. 1'92) fica parcialmente nas pálpebras e une-se medialmente
ao ligamento palpebral medial. Lateralmente, as fibras do músculo fun-
dem-se com as do retrator do ângulo do olho, que cobre o ligamento
palpebrallateraL A ação do músculo é fechar a fissura palpebral. O le-
vantador da pálpebra superior tem uma origem profunda no interior
da órbita e será dissecado com os músculos do bulbo do olho. Ele levan-
ta a pálpebra superior.
A orelha externa. Os músculos auriculares rostrais (Fig. 192)
incluem aqueles músculos que ficam na fronte caudal à órbita e conver-
gem para a cartilagem auricular. Seccione os músculos em suas origens
e volte-ospara a cartilagem auricular. Observe que a parte dorsal média
origina-se de seu par do lado oposto.
A cartilagem escutiforme é uma pequena lâmina cartilagínea,
em forma de bota, localizada nos músculos rostrais e mediais à orelha
externa. É uma cartilagem isolada interposta nos músculos auriculares.
Os músculos auriculares caudais constituem o maior grupo. A
maioria desses músculos origina-se da rafe mediana do pescoço e une-
e diretamente à cartilagem auricular. Seccione os músculos auriculares
audais e volte a orelha externa ventralmente, para expor o músculo
temporal.
Os outros músculos superficiais da face, todos inervados pelo
nervo facial, não serão dissecados. São todos designados coletivamente
orno músculos miméticos ou músculos de expressão facial.
164
Localização da tonsila palatin
Ducto parotideo
"""""', p"ri"" \
A CABEÇA
M. temporal
Arco zigomático
M. pterigóideo med.
Glândulas pala tinas
Glândula zigomática
Óstio do ducto zigomático maior
Óstio do ducto sublingual
M. genioglosso
M. esternotireói<... o
M. cricotireóideo
M. esternoióideo
Glândula mandibular
M. tireoióideo
M. miloióideo
M. digástrico
Glândula sublingual
M. estiloióideo
Fig. 194Glândulas salivares: parótida, mandibular, sublinguaJ e zigomática.
polistomática), profundos à mucosa da prega sublingual. Possuem duc-
tos microscópicos independentes, que se abrem na cavidade oral. Acom-
panhe os ductos mandibular e sublingual maior até a raiz da língua. Sua
origem será vista quando essas glândulas forem dissecadas da face late-
ral da cabeça.
Exponha a glândqla salivar mandibular (Fig. 194) na face la-
teral da cabeça, exatamente caudal ao ângulo da mandíbula, onde fica
entre as veias maxilar e linguofacial. Érevestida por uma espessa cápsula,
que também inclui a parte caudal da glândula sublingual monostomática
(Figs. 194, 196). lncise a cápsula que envolve essas duas glândulas e
libere a porção caudal, elevando-a da cápsula. Localize a divisão entre
a glândula sublingual situada rostralmente, que é levemente triangular,
e a glândula mandibular ovóide, maior. Os ductos de ambas as glându-
las deixam a superfície rostromedial e entram no espaço entre os mús-
culos masseter e digástrico. Lóbulos da glândula sublingual continu-
am na cavidade oral, onde podem ser vistos embaixo da mucos a oral.
A glândula salivar parótida (Fig. 194) fica entre a glândula
mandibular e a orelha. Está firmemente aderida à base da cartilagem
auricular da orelha. O ducto parotídeo é formado por duas ou três
radículas convergentes, que se unem e deixam a borda rostral da glân-
dula. Faz um sulco na superfície lateral do músculo masseter, ao seguir
para a bochecha. Abre-se no vestíbulo, numa pequena papila, no nível
da borda caudal do quarto pré-molar superior. Revire o lábio superior
perto da comissura e encontre a pequena abertura no vestíbulo. Os duc-
tos da glândula salivar zigomática abrem-se no vestíbulo, junto ao últi-
mo molar, caudais ao ducto parotídeo. A glândula será dissecada mais
tarde (ver adiante).
Palato
Examine o teto da cavidade oral. O palato duro é atravessado
por aproximadamente oito cristas transversais (Fig. 195). Uma peque-
na saliência, a papila incisiva, fica exatamente caudal aos dentes in-
cisivos centrais. A fissura de cada lado dessa papila é a abertura oral
do ducto incisivo. O dueto incisivo passa pela fissura palatina e abre-
se no meato nasal ventral. Estendendo-se caudalmente do ducto inci-
sivo, junto à sua entrada na cavidade nasal, está o órgão vomerona-
sal (Fig. 191). Essa estrutura tubular, com cerca de 2 cm de compri-
mento, localiza-se na base do septo nasal, dorsal ao palato duro, e é
um receptor olfatório de estímulos sexuais. Pode ser visto, às vezes,
ao corte sagital da cabeça.
5
6
A CABEÇA
7
165
34
Fig. 195 Secção sagital da cabeça.
1. Áxis
2. Dente
3. Atlas
4. Longo da cabeça
5. Parte basilar do occipital
6. Basisfenóide
7. Pré-esfenóide
8. Seio frontal
9. Labirinto etmoidal
10. Concha nasal dorsal
lI. Concha nasal ventral
12. Meato nasal médio
13. Meato nasal dorsal
14. Meato nasal ventral
15. Cartilagem nasal lateral dorsal
16. Prega alar
17. Óstio do ducto nasolacrimal
18. Lissa
19. Palato duro
20. Genioglosso
21. Gênioióideo
22. Miloióideo
23. Osso pterigóide
24. Tensor do véu palatino
25. Óstio faríngeo da tuba auditiva
26. Pterigofaríngeo
27. Levantador do véu palatino
28. Palato mole
29. Palatofaríngeo
30. Basióide
31. Epiglote
32. Cartilagem tireóidea
33. Prega vocal
34. Esternoióideo
35. Cartilagem cricóidea
36. Parte laríngea da faringe
37. EsMago
38. Longo do pescoço
166 A CABEÇA
Faringe
A faringe (Figs. 195, 196) é uma passagem comum aos sistemas
respiratório e digestivo. Divide-se em partes oral, nasal e laríngea. A
parte oral da faringe (orofaringe) vai do nível dos arcos palatoglossos
até a borda caudal do palato mole e a base da epiglote, na extremidade
caudal da raiz da língua. Os limites dorsal e ventral da orofaringe são o
palato mole e a raiz da língua. A parede lateral da parte oral da faringe
(orofaringe) contém a tonsila palatina na fossa tonsilar.
A tonsila palatina (Figs. 193, 194 e 196) é alongada e localiza-
se caudalmente ao arco palatoglosso. A parede medial da fossa, que cobre
parcialmente a tonsila, é a prega semilunar. A tonsila é fixa lateralmente
em toda a sua extensão. Rebata a tonsila da fossa.
A cavidade nasal estende-se das narinas às coanas. É dividida em
metades direita e esquerda pelo septo nasal. Cada metade divide-se em
quatro meatos, que foram descritos com os ossos da cavidade nasal e
devem ser revistos agora. No assoalho da extremidade rastro lateral do
meato ventral, encontre o óstio do dueto nasolacrimal. Pode ser ne-
cessário remover a extremidade rostral do septo cartilagíneo, para ver a
abertura. Esse dueto vem do saco lacrimal, na comissura medial do olho.
A parte nasal da farlnge (nasofaringe) estende-se das coanas à
junção dos arcos palatofaríngeos. Um arco palatofaríngeo estende-se
caudalmente de cada lado, da borda caudal do palato mole à parede
dorso lateral da parte nasal da faringe (nasofaringe). É uma prega de
mucosa que reveste o músculo palatofaríngeo. Na parede lateral da par-
te nasal da faringe (nasofaringe), dorsal ao meio do palato mole, há uma
abertura em forma de fenda, oblíqua, o óstio faríngeo da tuba auditiva
(Fig. 195).
A parte laríngea da faringe (Iaringofaringe) é dorsal à laringe.
Vai dos arcos palatofaríngeos até o início do esMago. O esMago come-
ça num estreitamento anular, no nível da cartilagem, o limite larin-
goesofágico.
Laringe
Cartilagens da laringe
Estude as cartilagens da laringe (Fig. 197) em espécimes cujos
músculos foram removidos. Visualize sua topografia em seu espécime
seccionado em duas partes e palpe-as através da mucosa laríngea. As
cartilagens laríngeas que serão dissecadas incluem as cartilagens arite-
nóideas pares e a epiglótica, a tireóidea e a cricóidea, ímpares.
Fig. 196 Transecção da cabeça através da tonsila palatina.
1. Díploe
2. M. temporal
3. M. pterigóideo lateral
4. Processo zigomático do osso temporal
5. Processo condi lar
6. Tensor do véu palatino
7. M. pterigóideo media!
8. M. pterigofaríngeo
9. M. palatino
10. Mandíbula
11. M. masseter
12. Veia facia!
13. M. digástrico
14. M. estiloglosso
15. M. hioglosso
16. M. miloióideo
17. M. genioióideo
18. A. e v. linguais
19. N. hipog!osso
20. Ducto mandibular
21. Ducto sublingual maior
22. Glândula salivar sublingual
23. Tonsila palatina na fossa tonsilar
24. A. e v. alveolares inferiores
25. Nn. miloióideo, alveolar inferior e lingual
26. A., v. e n. maxilares no canal alar
27. A. carótida interna do seio cavernoso
28. Nervos cranianos m, IV, e VI e divisão oftálmica de V
29. Círculo arterial do cérebro - a. comunicante caudal
A CABEÇA 167
APARELHO HIÓIDEO
Timpanoióide
Articulação tireoióidea
EPIGLOTE
TlREÓIDE
Lâmina tireóidea
Processo
comiculado
Cartilagem sesamóide
Cartilagem interaritenóidea
CRICÓIDE
ARITENÓIDE
Fig. 197 Cartilagens da laringe desarticuladacom o aparelho hióideo intacto, face lateral esquerda.
A cartilagem epiglótica (epiglote) fica na entrada da laringe. Sua
superfície lingual está unida ao osso basióide e opõe-se à parte oral da
faringe (orofaringe). O ápice fica exatamente dorsal à borda do palato
mole. A borda lateral une-se por mucosa ao processo cuneiforme da
aritenóidea, formando a prega ariepiglótica. Caudalmente, a epiglote
une-se ao corpo da cartilagem tireóidea.
A cartilagem tireóidea forma uma vala profunda, que se abre
dorsalmente. O corno rostral articula-se com o osso tireoióide; o cor-
no caudal articula-se com a cartilagem cricóidea. Ventralmente, a bor-
da caudal é marcada por uma incisura tireóidea caudal mediana. O
ligamento cricotireóideo une a borda caudal ao arco ventral da cartila-
gem cricóidea.
A cartilagem cncóidea forma um anel completo, que fica parcial-
mente na vala da cartilagem tireóidea. Possui uma larga placa dorsal, ou
lâmina, e um estreito arco ventral. Próximo à borda caudal najunção da
lâmina e do arco, há uma faceta lateral para articulação com o corno cau-
dal da cartilagem tireóidea. Na borda cranial da lâmina, há um par salien-
te de facetas laterais para articulação com as cartilagens aritenóideas.
A cartilagem aritenóidea é par, tem um formato irregular e lo-
caliza-se num plano sagital. Cada uma articula-se medialmente com uma
M. ventricular,
Epiglote
Ventrículo laríngeo
faceta na borda rostral da lâmina cricóidea e possui um processo mus-
cular lateral e um processo vocal dirigido ventralmente. A prega vo-
cal fica presa entre o processo vocal da aritenóidea e a cartilagem tireói-
dea. A cartilagem aritenóidea apresenta um processo corniculado dor-
salmente. Rostral a esse processo, o processo cuneiforme une-se à ari-
tenóidea (Fig. 197). A prega vestibular fica ligada à porção ventral do
processo cuneiforme e forma o limite rostral do ventrículo laríngeo. O
ventrículo da laringe é um divertículo da mucosa laríngea, limitado
lateralmente pela cartilagem tireóidea e medialmente pela cartilagem
aritenóidea. Abre-se na laringe, entre a prega vestibular rostralmente e
a prega vocal caudalmente. Observe essas pregas e o ventrículo da la-
ringe na face medial de seu espécime (Figs. 198-200).
A glote é constituída pelas pregas vocais, pelos processos vocais
das cartilagens aritenóideas e pela rima da glote, que é a estreita passa-
gem através da glote.
Músculos da laringe (Figs. 198-200)
O músculo cricotireóideo fica ventral à inserção do músculo
estemotireóideo e vai da cartilagem cricóidea à lâmina tireóidea. Estica
Iprocesso comiculado da cartilagem aritenóidea
M. aritenóideo transverso
.W=LM. cricoaritenóideo dorsal
o.' •• ~ Cartilagem cricóidea
Articulação com a
cartilagem tireóidea
M. cricoaritenóideo lat.
Fig. 198 Músculos larfngeos, após reflexão da cartilagem tireóidea, face lateral esquerda.
168
Epiglote
Processo cuneiforme da
cartilagem aritenóidea
M.
A CABEÇA
M.
Fig. 199Músculos laríngeos, face lateral esquerda, após remoção da cartilagem tireóidea e dos músculos tireoaritenóideo, aritenóideo transverso e cricoaritenóideo
dorsal.
Prega ariepiglótica _
Corno rostral da cartilagem tireóidea _t+
Ventrículo da laringe
Processo comiculado da
cartilagem aritenóidea
Ventrículo da laringe
M. ventricular
-- M. tireoaritenóideo
M. aritenóideo transverso
M. cricoaritenóideo dorsal
~como caudal da cartilagem tireóidea
Fig. 200 Músculos laríngeos, face dorsal.
a prega vocal indiretamente, puxando as partes ventrais das cartilagens
cricóidea e tireóidea juntas, E inervado pelo nervo laríngeo cranial, um
ramo do vago. Observe isso na face lateral.
Na face medial do espécime, rebata a mucos a da laringofaringe a
partir da face dorsal da laringe. Separe a lâmina tireóidea das cartila-
gens cricóidea e aritenóidea, para expor os músculos.
O cricoaritenóideo dorsal origina-se da superfície dorsolateral
da cartilagem cricóidea e insere-se no processo muscular na superfície
lateral da carti lagem aritenóidea. Gira a aritenóidea para que o processo
vocal mova-se lateralmente, abrindo a glote. É o único músculo larín-
geo que funciona principalmente para abrir a glote. Seccione o músculo
e examine a superfície articular da articulação cricoaritenóidea. No es-
pécime intacto de cartilagens laríngeas, prenda o processo muscular da
aritenóidea com pinça e tracione-o caudomedialmente, como seria
tracionado pelo músculo cricoaritenóideo dorsal em atividade. Observe
a abdução do processo vocal e da prega, o que alarga a abertura da glote.
O cricoaritenóideo lateral origina-se da superfície lateral da
cartilagem cricóidea e insere-se na cartilagem aritenóidea, entre o cri-
coaritenóideo dorsal e o vocal. Sua função é fechar a glote. Exponha
esse músculo, rebatendo a cricóidea medialmente para longe da lâmina
tireóidea.
O tireoaritenóideo é o músculo primitivo que dá origem ao
músculo vocal medialmente e ao músculo ventricular, rostralmente.
Origina-se ao longo da linha média interna da cartilagem tireóidea e
insere-se na cartilagem aritenóidea. Age relaxando a prega vocal e con-
traindo a glote.
O vocal é uma divisão medial do músculo tireoaritenóideo. Ori-
gina-se na linha média interna da cartilagem tireóidea e insere-se no
processo vocal da cartilagem aritenóidea. Corte a mucosa laríngea da
prega vocal e observe a face medial desse músculo. Fixado ao longo da
sua borda rostral, encontra-se o ligamento vocal.
Os músculos cricoaritenóideos dorsal e lateral, bem como o ti-
reoaritenóideo, são inervados pelo nervo laríngeo caudal oriundo do
nervo laríngeo recorrente.
O ventricular e o aritenóideo transverso não serão dissecados.
Observe a relação do ventrículo da laringe com os músculos la-
ríngeos. A partir de sua abertura laríngea, segue rostralmente entre a
lâmina tireóidea e o tireoaritenóideo lateralmente e a prega vestibular,
o processo cuneiforme e o ventrlcular medialmente.
A orelha extema
A orelha externa (Fig. 201) é constituída pelo pavilhão (orelha) e
pelo meato acústico externo. O meato acústico externo é principalmen-
te cartilagíneo, mas possui uma pequena parte óssea. Faz uma volta em
ângulo reto na parte mais profunda de seu trajeto e estende-se até a
membrana timpânica.
Exceto por uma pequena cartilagem anular adjacente ao crânio,
a orelha externa é constituída de uma única cartilagem do pavilhão, que
se enrola, formando um tubo ventromedialmente. A parte tubular tor-
na-se o meato acústico externo. Remova a pele da base da cartilagem
do pavilhão. A cartilagem do pavilhão é afunilada. Sua superfície con-
vexa externa apresenta-se caudalmente; a superfície côncava interna,
rostralmente. Possui uma borda medial e lateral levemente pregueada,
denominada hélice. A cartilagem do pavilhão é fina e flexível, exceto
proximalmente, onde se espessa e enrola-se formando um tubo. Em sua
parede côncava interna, no nível do começo do meato acústico, há uma
crista transversal, a anti-hélice. Oposto à anti-hélice, o limite rostral da
parte inicial do meato acústico é formado por uma placa quadrangular
espessa da cartilagem do pavilhão, o trago. Projetando-se caudalmente
do trago e completando o limite lateral do meato acústico externo, en-
A CABEÇA 169
Borda lateral da hélice -..........
Lateral_
Bolsa marginal cutânea
Processo lal. do antitrago
Processo medo do antitrago
Ápice
Escafa
/ Borda medial da hélice
-+Medial
Espinha da hélice
Anti-hélice
Ramo lat. da hélice
#/~ -Sulco pré-trágico
Ramo medo da hélice
Fig. 20 I Orelha externa direita.
contra-se uma fina peça alongada de cartilagem, o antitrago. O sulco
intertrágico separa as duas partes da cartilagem do pavilhão.
A porção lateral da hélice é marcada proximalmente por uma
incisura. Neste ponto, a pele forma uma saculação, a bolsa cutânea
marginal.
A hélice medial é quase reta. Um ângulo abrupto nessa borda, em
sua extremidade proximal, forma a espinha da hélice. Entre a espinha
da hélice e o trago, a borda medial do meato acústico é formada por duas
porções curvasda cartilagem, as hastes medial e lateral da hélice.
Ambas terminam lateralmente numa borda livre separada do trago pelo
sulco pré-trágico.
Seccione a parte lateral do meato acústico por meio de duas inci-
sões paralelas, começando nos sulcos intertrágico e pré-trágico. Rebata
a parte isolada da parede lateral, para observar o trajeto do meato acús-
tico até a membrana timpânica.
Interposta entre a cartilagem do pavilhão e o meato acústico ex-
terno do osso temporal, fica a cartilagem anular. Esta é uma tira de
cartilagem que se sobrepõe à projeção óssea do meato.
Músculos da mastigação e músculos
relacionados
Na metade esquerda da cabeça, corte todas as fixações dos mús-
culos temporal e masseter ao arco zigomático e remova o arco.
O músculo temporal (Figs. 194, 196) origina-se da fossa tem-
poral e insere-se no processo coronóide da mandíbula. Remova o mús-
culo de sua ampla origem, raspando-o do osso com um instrumento
rombo, como um cabo de bisturi, e rebata-o. Os músculos temporal e
masseter fundem-se entre o arco zigomático e o processo coronóide.
O músculo masseter (Fig. 196) origina-se do arco zigomático,
onde sua porção profunda intercala-se com as fibras do músculo tem-
poral. Insere-se na fossa massetérica, na superfície ventrolateral do
ramo da mandíbula e no processo angular. O músculo é revestido por
uma forte aponeurose brilhante e contém muitas estrias intermuscu-
lares tendíneas.
Seccione o músculo temporal o mais perto possível de sua inser-
ção. Com cortadores de osso, remova o processo coronóide e os múscu-
Ias fixados restantes. Observe a superfície dorsal dos músculos pteri-
góideos, que agora se encontram expostos na órbita ventral.
Entre o bulbo do olho e os músculos pterigóideos, fica a glându-
la salivar zigomática (Figs. 196,212). É coberta lateralmente pelo osso
zigomático. A glândula abre-se no vestíbulo, por um ducto principal e
vários duetos menores laterais ao último dente molar superior.
Os músculos pterigóideos medial e lateral (Figs. 196,212)
originam-se da fossa pterigopalatina e inserem-se na superfície me-
dial e na borda caudal do ramo da mandíbula e do processo angular,
ventrais à inserção do músculo temporal. Os músculos não precisam
ser diferenciados entre si. A maior parte da massa muscular é o pteri-
góideo medial. Na face medial de seu espécime, corte a mucosa na
parte oral da faringe, desde a extremidade rostral da tonsila palatina
até a linha média, na junção dos palatos mole e duro. Rebata as bor-
das cortadas, para expor a superfície ventral do músculo pterigóideo
media!.
Os músculos temporais, masseteres e pterigóideos têm como fun-
ção cerrar as manillbulas. São inervados pelo nervo mandibular, um ramo
do nervo trigêmeo (V nervo craniano).
Rebata as glândulas salivares mandibular e parótida, para expor
o músculo digástrico.
O di gástrico (Figs. 194, 196) origina-se do processo jugular do
osso occipital e insere-se no corpo da mandíbula. Uma intersecção ten-
dínea cruza seu ventre e o divide em partes rostral e caudal. Seccione-o
e exponha suas fixações. Sua ação é abrir as mandíbulas. A porção ros-
traI é inervada pelo nervo mandibular (trigêmeo), enquanto a parte cau-
dal recebe inervação do nervo facial (VII nervo craniano).
Músculos linguais
Os músculos da língua (Figs. 195,202) podem ser divididos em
grupos extrínsecos e intrínsecos. Os músculos extrínsecos entram na
língua. Os músculos estiloglosso e hioglosso são mais bem expostos na
face lateral; o genioglosso, na face media!.
O estiloglosso origina-se do osso estiloióide, segue rostroventral-
mente lateral à tonsila palatina e insere-se no meio da língua. Retrai e
eleva a língua.
170 A CABEÇA
o hioglosso origina-se do tireoióide e do basióide e vai para a
raiz da língua. Fica medial ao estiloglosso, retrai e deprime a língua.
O genioglosso origina-se da sínfise e da superfície adjacente do
corpo da mandíbula. Junta-se ao seu par no plano mediano e é limitado
lateralmente pelo genioióideo e pelo hioglosso. Suas fibras caudais pro-
jetam a língua e as rostrais retraem o ápice. Fica parcialmente no frênulo. Todos
esses músculos são inervados pelo nervo hipoglosso (XII nervo craniano).
Músculos hióideos
Os músculos hióideos (Fig. 202) estão associados ao aparelho
hióideo, que suspende a laringe e fixa a língua. Funcionam na degluti-
ção, na colocação da língua para fora, no ato de lamber e nos esforços
para vomitar. Todos os músculos desse grupo têm nomes com o sufixo-
hióideo. Os prefixos dos músculos hióideos designam o osso ou a parte
de onde se originam. Disseque os seguintes músculos hióideos da face
lateral.
O esternoióideo, de sua origem no esterno e na primeira cartila-
gem costal, funde-se ao esternotireóideo mais profundo pelo primeiro
terço çie seu comprimento. Em seguida, s~para-se desse músculo e se-
gue um trajeto independente, para inserir-se no osso basióide. Sua ori-
gem foi dissecada previamente.
O tireoióideo é um pequeno músculo que fica dorsal ao ester-
nóideo. Vai da cartilagem tireóidea da laringe ao osso tireoióideo.
Os músculos esternoióideo e tireoióideo são inervados por ramos
ventrais de nervos cervicais e do nervo acessório (XI nervo craniano).
O miloióideo ocupa o espaço intermandibular. Origina-se como_
uma fina lâmina de fibras transversais oriundas da superfície medial do
corpo da mandíbula. Insere-se em seu par na rafe ventral mediana. Cau-
dalmente, insere-se no basióide. Forma um laço que ajuda a sustentar a
língua. É inervado pelo nervo mandibular do trigêmeo.
O genioióideo tem uma localização profunda ao miloióideo. É
uma tira muscular que se origina na sínfise mandibular e adjacente a ela.
Fica paralelo ao seu par ao longo do plano mediano e une-se ao basióideo.
A contração do genioióideo traciona o aparelho hióideo e a laringe
rostralmente. É inervado pelo nervo hipoglosso.
Músculos faringeos
Os músculos faríngeos (Figs. 195, 202) atuam diretamente na
deglutição. O cricofaríngeo origina-se da superfície lateral da cartila-
gem cricóidea. Suas fibras inserem-se na rafe dorsal mediana da parte
laríngea da faringe (Iaringofaringe). Caudalmente, suas fibras fundem-
se com o esôfago.
O tireofaríngeo origina-se da face lateral da lâmina tireóidea e
insere-se na rafe dorsal mediana da faringe. Esse músculo é rostral ao
cricofaríngeo e caudal ao hiofaríngeo.
O hiofaríngeo apresenta-se em duas partes ao originar-se da su-
perfície lateral do osso tireoióideo e do osso ceratoióideo. Essa origem
foi previamente seccionada. As fibras, de ambas as partes, formam uma
placa muscular, que segue para cima sobre a laringe e a faringe, indo
inserir-se na rafe dorsal mediana da faringe, com o seu par do lado oposto.
Todos esses músculos faríngeos são inervados por ramos faríngeos dos
nervos glossofaríngeo e vago.
Os músculos faríngeos restantes e os músculos do palato aqui
citados não precisam ser dissecados (ver Figs. 195,202).
O palatofaríngeo passa do palato mole para as paredes lateral e
dorsal da faringe. Sua borda está no arco palatofaríngeo. O pteri-
gofaríngeo origina-se do osso pterigóide, passa caudalmente e insere-
se na parede dorsal da faringe. Esses músculos contraem e encurtam a
faringe.
O estilofaríngeo origina-se do osso estiloióideo e passa caudo-
lateralmente, profundo aos músculos hiofaríngeo e tireofaríngeo, para
inserir-se na parede dorsolateral da faringe. Age dilatando a faringe.
O levantador do véu palatino origina-se da parte timpânica do
osso temporal e segue ventralmente para entrar no palato mole, cau-
dal ao osso pterigóide. Dá origem à extremidade caudal do palato mole
(Fig. 195).
O tensor do véu palatino origina-se principalmente da parede
cartilagínea da tuba auditiva e insere-se no osso pterigóide e medialmente
no palato mole.
o olho e estruturas associadas
A órbita é uma cavidade cônica, que contém o bulbo do olho e
anexos oculares. A margem orbitária é formada pelos ossos frontal,
maxilar, lacrimal e zigomático, e pelo ligamento orbitário, lateralmen- -
te. A parede medial da órbitaé formada por partes dos ossos frontal,
pré-esfenóide e lacrimal. A parede ventral inclui a glândula salivar
zigomática e os músculos pterigóideos. As paredes dorsal e lateral são
formadas principalmente pelo músculo temporal. Para estudar a periór-
(Cartilagem tireóidea
Esternoióideo
Tensor do véu palatino
Levantador do véu pala tino
sternotireóideo
Estiloióideo
Miloióideo
Fig. 202 Músculos da faringe e da língua, após remoção da mandíbula esquerda, face lateral esquerda.
A CABEÇA 171
bita e os músculos extra-oculares, é necessário remover todo o arco zi-
gomático e o processo coronóide da mandíbula, com os músculos uni-
dos a ele, o que se consegue melhor com uma serra de Stryker ou torta-
dores de osso ..
A periórbita é uma bainha cônica de tecido conjuntivo, que en-
volve o bulbo do olho e seus músculos, vasos e nervos. Onde a periór-
bita fica em contato com o osso medialmente, é o periósteo da órbita.
Seu ápice é caudal onde une-se à borda óssea do canal óptico e à fissura
orbitária. Rostralmente, estende-se e funde-se ao periósteo da face. Pode-
se observar tecido adiposo orbitário em ambos os lados da periórbita.
Rebata o ligamento orbitário e a periórbita da superfície dorso la-
teral do bulbo do olho. A glândula lacrimal (ver Figs. 194, 214) é uma
pequena estrutura lobular achatada que fica na fac.e medial do ligamen-
to orbitário dentro da periórbita. Pequenos duetos, que não podem ser
vistos sem um microscópio, lançam sua secreção na bolsa conjuntival
no fórnice dorsal. .
Seccione a periórbita longitudinalmente em sua face lateral e
rebata-a para expor os músculos do bulbo do olho e o levantador da
pálpebra superior (Fig. 203).
O levantado r da pálpebra superior (Fig. 203) é estreito e su-
perficial. Começa no ápice da órbita, estende-se sobre o reto dorsal e
dilata-se, inserindo-se como um tendão achatado na pálpebra superior.
Há sete músculos extrínsecos do bulbo do oiho (Figs. 203, 204,
214): dois músculos oblíquos, quatro músculos retos e o retrator do
bulbo. Todos esses músculos extrínsecos inserem-se na túnica fibrosa
do bulbo do olho, a esclera, junto ao equador do bulbo do olho. Os
músculos retos inserem-se mais perto da junção corneoescleral do que
os músculos retratores.
Os quatro músculos retos são o reto dorsal, o reto medial, o refo
ventral e o reto lateral. À medida que seguem rostralmente a partir de
sua pequena área de origem ao redor do canal óptico e da fissura orbitá-
ria, divergem e fixam-se na esclera, numa linha imaginária que rodeia o
bulbo do olho em seu equador. Nos espaços entre os músculos retos,
podem ser vistas partes do retrator do bulbo. O músculo retrator do
bulbo é constituído de quatro fascículos que circundam o nervo óptico,
um par dorsal e um par ventral.
O oblíquo dorsal sobe na face dorsomedial dos músculos extra-
oculares, dorsal ao reto medial. Gire a face dorsal do bulbo do olho la-
teralmente para expor esses músculos. O oblíquo dorsal é um músculo
estreito que forma um longo tendão rostralmente, que atravessa um sul-
M. Oblíquo ventral
M. reto ventral
co na tróclea. A tróclea é uma placa cartilagínea unida, no nível do
ângulo medial do olho, à parede da órbita. O tendão do músculo oblí-
quo dorsal volta-se e segue lateralmente, após passar ao redor da tró-
clea, unindo-se à esclera sob o tendão de insercão do músculo reto dor-
sal. É difícil distinguir essa inserção e não é preciso dissecá-Ia (Fig. 203a).
O oblíquo ventral origina-se da borda rostral do osso palatino,
no nível do forame maxilar, segue ventral ao reto ventral e insere-se na
esclera, na inserção do reto lateral.
Para entender a ação desses músculos individuais, considerar o
bulbo do olho como tendo três eixos imaginários que se cruzam no cen-
tro do bulbo (Fig. 204). Os músculos retos dorsal e ventral girariam o
bulbo do olho ao redor de um eixo horizontal através do equador, de
medial para lateral. Os músculos retos medial e lateral o girariam ao redor
de um eixo vertical através do equador, de dorsal para ventral. Os mús-
culos oblíquos girariam o bulbo do olho ao redor de um eixo longitudi-
nal, passando de rostral a caudal através do centro do bulbo do olho.
Amplie a abeltura da fissura palpebral por uma incisão através
da comissura lateral e da conjuntiva subjacente até o bulbo do olho. Isto
facilitará a exposição da terceira pálpebra no ângulo medial. Eleve a
terceira pálpebra e observe os linfonodos em sua superfície conjuntival
bulbar e a glândula superficial da terceira pálpebra (Fig. 205).
Bulbo do olho
Na dissecção a seguir, deixe o bulbo do olho, ou globo ocular, na
órbita. Muitas dessas estruturas são mais bem observadas num olho fres-
co sob um microscópio de dissecção. As preparações secadas por con-
gelação do bulbo do olho a:)erto também são instrutivas. Os termos di-
recionais utilizados com relação ao bulbo do olho são anterior e poste-
rior, e superior e inferior. A parede é composta de três camadas: uma
túnica fibrosa, uma túnica vascular 'e uma túnica interna que inclui a
retina (Figs. 206, 207).
\.1. A túnica fibrosa externa é constituída pela córnea, que for-
ma o quarto anterior, e a esclera, que forma os três quartos posteriores.
A córnea é transparente e circular. Une-se à esclera opaca e densa peri-
fericamente na junção corneoescleral, ou limbo, da córnea. A esclera é
branco-acinzentada opaca. Anteriormente, é revestida pela conjuntiva
bulbar. Posterior a esta, os músculos extrínsecos do olho inserem-se em
sua parede, e é penetrada por vasos sanguíneos e nervos, incluindo o
Tróclea
M. oblíquo dorsal
M. levantador da pálpebra
M. retratar do
bulbo
M. reto dorsal .
-- M. reto dorsal
Fissura orbitária
Fig. 203 A. Músculos extrínsecos do globo ocular esquerdo, face dorsolateral. B. Exposição do músculo retrator do bulbo, face lateral.
172
MEDIA L
ANTERIOR
(5) M. reto medial -
M. oblíquo
ventral (4)
A CABEÇA
DORSAL
POSTERIOR
-- M. reto dorsal (1)
LATERAL
VENTRAL
Fig. 204 Esquema dos músculos oculares extrínsecos e de suas ações sobre o globo ocular.
3' pálpebra
Borda livre
Cartilagem
Fig. 205 Terceira pálpebra do olho esquerdo.
Fig. 206 Secção sagital do globo ocular.
15
/6
17
/8
1. Tapete lúcido
2. Não-tapetal negro
3. Lente
4. Corpo ciliar
5. Câmara posterior
6. Câmara anterior
7. Íris
8. Córnea
9. Pálpebra superior
10. Conjuntiva palpebral
I!. Conjuntiva bulbar
12. Fórnice
13. Esclera
14. Coróide
15. Retina
16. Veia retiniana superior
17. Disco do nervo óptico
18. Nervo óptico
19. Dura-aracnóide
20. Veia retiniana medial inferior
21. Terceira pálpebra
A CABEÇA 173
Fig. 207a Secção do globo ocular no nível do ângulo iridocorneal.
Extremidades
de processos
ciliares
maiores
Fibras
zonu/ares
posteriores
Equador
da
lente
Fibras
zonulares
anteriores
Extremidade de processos ciliares menores
Fig. 207b Superfície interna de um segmento do corpo ciliar.
Borda
serreadã
(ora serrata)
pela rede trabecular no ângulo iridocorneal, onde passa para o siste-
ma venoso via o seio venoso da esclera. O ângulo iridocomeal (Fig.
207) é atravessado por uma rede de fibras com espaços interpostos. Esta
rede do ângulo é conhecida como ligamento pectíneo. A integridade
desse ângulo é crítica na drenagem de humor aquoso proveniente do
bulbo do olho. A falha da drenagem resulta num aumento da pressão
intra-ocular, o que é conhecido como glaucoma. Remova a lente. Ob-
serve as fibras zonulares à medida que se esticam e rompem-se.
3. A túnica interna do olho é constituída pela retina e seus vasos
sanguíneos e nervos associados que circundam o corpo vítreo. Aquela
porção da retina contendo os bastonetes e cones fotossensíveis, as célu-
las bipolares e as células ganglionares, é a parte óptica da retina. Reves-
te a superfície interna da coróide, do ponto onde entra o nervo óptico
até o nível do corpo ciliar. A partir desse limite, denominado borda
serreada (ora serrata) (Fig. 207), há uma fina porção não-fotossensível
da retina que passa anteriormente acima do corpo ciliar como aparte
ciliar da retina e continua na superfície posterior da íris como a parte
irídica da retina. A porção ciliar da retina tem duas camadas de espes-
sura e forma a barreira hemoaquosa, através da qual é secretado o líqui-
do aquoso para a câmara posterior. A porção irídica da retina também é
uma camada celular dupla constituída por células pigmentadas, que
conferem à íris a sua cor, e por células mioepiteliais, que formam o
dilatador da pupila. (As porções ciliar e irídica da retina são designadas
coletivamente como a parte cega da retina.)
Fig. 207c Fibras zonulares passando ao longo de processos ciliares antes de fi-
xarem-se à lente, face anterior.
íris
Câmara
anterior
Câmara
posterior
Processo ciliar
Seio
venoso
esc/era/
grande nervo óptico posteriormente. Seccione e rebata as fixações dos
músculos reto lateral e retrator do bulbo no bulbo do olho e observe o
nervo óptico na superfície posterior do bulbo.
2. A túnica bascular média (a úvea) é profunda à esclera e é
constituída por três partes contínuas, de posterior para anterior: a coróide,
o corpo ciliar e a íris. A íris, que possui músculo liso circular e radial,
pode ser vista através da cómea como um diafragma pigmentado com
uma abertura lateral, a pupila. Enquanto o bulbo do olho estiver na ór-
bita, utilize um bisturi agudo ou uma lâmina de barbear para fazer um
corte sagital através do bulbo do olho, do pólo anterior ao posterior, e
remova a metade lateral do bulbo do olho.
A coróide é a porção posterior da túnica vascular e encontra-se
fIrmemente unida à esclera. É pigmentada e reveste a superfície interna
da esclera tão anterior quanto o corpo ciliar posterior à lente. A junção
da coróide e do corpo ciliar é vista como uma linha ondulante na retina
sobrejacente, denominada borda serreada (ora serrata) (Fig. 207). O
fundo é a porção posterior ou profunda do bulbo do olho. A área refle-
tiva levemente colorida na parte dorsal do fundo é o tapete lúcido (Fig.
206) da coróide. É uma camada especializada de células que reflete rai-
os luminosos.
A túnica vascular forma uma espessa saliência circular no nível
do limbo, denominada corpo cHiar (Fig. 207). O corpo ciliar, locali-
zado entre a íris e a coróide, contém inúmeros feixes musculares que
atuam na regulação do formato da lente. A superfície interna do corpo
ciliar é marcada por pregas longitudinais, os processos cHiares. Obser-
ve-os na porção lateral do bulbo do olho que foi removida. Estes pro-
cessos rodeiam a lente em seu equador, mas não se unem a ela. Consis-
tem em várias centenas de pregas pigmentadas alternando-se em com-
primento, uma vez que são pequenas em sua borda posterior perto da
borda serreada, mas aumentam de tamanho à medida que se aproximam
da lente.
A zônula é o aparelho suspensor da lente. É composta de inúme-
ras estrias fInas, as fibras zonulares, que passam da região da borda
serreada ao longo dos processos ciliares até o equador da lente. A lente
é suspensa dos processos ciliares pelas fIbras zonulares. A contração dos
músculos ciliares traciona o corpo ciliar e os processos ciliares em dire-
ção à lente, relaxando assim a tensão nas fibras zonulares unidas à len-
te, o que permite qúe a lente tome-se mais esférica e acomodada para a
visão de perto. (Em outras palavras, é necessário que haja contração da
musculatura ciliar para a visão de perto.)
A lente num espécime fixado é firme e opaca. Em vida, é trans-
parente e elástica. É limitada posteriormente pelo corpo vítreo gelati-
noso e transparente, que ocupa a câmara vítrea posterior à lente. Ante-
riormente, é limitada pela íris e pelo humor aquoso. O humor aquoso
ocupa o espaço entre a córnea e a lente, espaço dividido pela Ílis em
duas câmaras. A câmara anterior é o espaço entre a cómea e a íris. A
câmara posterior é uma estreita cavidade entre.a íris e a lente. O hu-
mor aquoso, produzido pelo epitélio ciliar que reveste os processos
ciliares, circula através das fibras zonulares para a câmara posterior.
Passa, em seguida, através da pupila para a câmara anterior e é drenado
174 A CABEÇA
No espécime embalsamado, a camada nervosa da parte óptica da
retina tem um aspecto branco-acinzentado e solta-se facilmente da ca-
mada única de células epiteliais pigmentadas em sua superfície poste-
rior, que permanece aderida à coróide. Esta camada pigmentada da re-
tina e o pigmento da coróide dão ao interior do bulbo do olho um aspec-
to castanho a preto, exceto onde localiza-se a camada especializada da
coróide, o tapete lúcido. Essa área apresenta uma série de cores brilhan-
tes, de prateada a azul, a verde ou laranja. Nessa área, não existe pig-
mento nas células epiteliais pigmentadas da retina que revestem o tape-
te lúcido. A porção castanho-escuro do interior do bulbo do olho é de-
signada às vezes área não-tapetal ou não-tapetal negra.
Observe a entrada do nervo óptico na face posterior do bulbo do
olho, que é o disco do nervo óptico. Com cuidadosa observação do
disco, podem-se ver os vasos retinianos que entram com ele para irrigar
a superfície interna da retina. A porção posterior do bulbo do olho, que
inclui a área do disco do nervo óptico, o tapete lúcido e a área não-tapetal
negra adjacente, é conhecida como o fundo do bulbo do olho. O disco
do nervo óptico pode ser encontrado na região inferior do tapete lúcido,
ou em sua borda inferior ou abaixo dela. Isso varia com a raça canina.
Veias superficiais da cabeça
A veia jugular externa (Figs. 208, 209). é formada pela confluên-
cia das veias linguofacial e maxilar, caudal à glândula salivar mandibu-
lar, que fica entre as duas veias.
A veia lingual (Fig. 209) é a primeira grande tributária que entra
na veia Iinguofacial ventralmente. Suas radículas drenam sangue da lín-
gua, da laringe e de parte da faringe. Essas radículas não serão dissecadas.
A veia facial é a outra tributária da linguofacial. As radículas que
formam a veia facial ficam na superfície dorsal do focinho. Uma delas,
a dorsal do nariz, segue caudal mente das narinas, enquanto uma outra,
a angular do olho, segue rostralmente a partir da face medial da órbita.
O sangue pode drenar da face em qualquer direção através da angular
Ramo'auricular medial
A. auricular profunda
A. auricular caudal
V. maxilar
A. occipital
A. carótida int.
A. carótida ext.
do olho. Identifique essas veias. Os ramos restantes não serão disseca-
dos, pois isso sacrificaria nervos e artérias. Tais ramos drenam a parte
lateral do focinho eos lábios superior e inferior.
A veia maxilar drena a orelha, a órbita, o palato, a cavidade na-
sal, a bochecha e a mandíbula, como também a cavidade craniana. Não
será dissecada.
Nervo facial
O nervo facial ou sétimo nervo craniano (Fig. 210) inerva to-
dos os músculos superficiais da cabeça e da face, bem como a parte
caudal do digástrico e o platisma do pescoço. O nervo entra na par-
te petrosa do osso temporal via o meato acústico interno, segue pelo ca-
nal facial daquele osso e deixa o crânio no forame estilomastóideo exa-
tamente caudal ao meato acústico externo, onde se divide em vários
ramos.
Rebata a glândula parótida. Disseque profundamente entre as
glândulas parótida e sublingual, para expor o nervo facial originário do
forame estilomastóideo, caudal à porção horizontal do meato acústico
externo. A veia maxilar pode ser seccionada ao cruzar a superfície late-
ral do nervo nesse ponto. Disseque os seguintes ramos do nervo facial.
O nervo auriculopalpebral orIgina-se quando o nervo facial
curva-se rostralmente ventral à base da orelha. Disseque profundamen-
te a borda rostral da glândula parótida, para localizar o nervo. Ramos
auriculares rostrais seguem através da glândula parótida e distribuem-
se para os músculos auriculares rostriÜs. O nervo auriculopalpebral cruza
o arco zigomático, emite ramos para o plexo auricular rostral e conti-
nua até a órbita, para emitir ramos palpebrais para o orbicular do olho.
Além disso, um ramo passa medial à órbita e prossegue rostralmente no
nariz, para inervar os músculos do nariz e do lábio superior.Dois ramos bucais seguem através do músculo masseter, para
inervar os músculos da bochecha, o lábio superior e o inferior e a super-
fície lateral do nariz. Um é dorsal ao dueto parotídeo. O outro, ventral
Ramo auricular intermediário
Ramo auricufar lateral
V. angular
do olho
N. hipoglosso
A. lingual
V. linguofacial
N. hipoglosso, ramo descendente
Fig. 208 Vasos e nervos da orelha externa.
Auricular lat.
Facial transversa
/'
T/oral superf.
Retroarticular
Auricular profunda
Veia do plexo
pala tino
A CABEÇA
Canal alar
Fissura orbitária
Plexo pala tino
Plexo pterigóideo
Faclal
Alveolar inferior
Laríngea cranial
Lingual
Fig. 209 Veias superficiais da cabeça, face lateral direita.
175
ao ducto parotídeo, fica perto da borda ventral do masseter. Identifique
esses dois ramos e o ducto parotídeo.
Um ramo do nervo mandibular originário do trigêmeo ou quin-
to nervo craniano, conhecido como nervo auriculotemporal é evidente
no campo de dissecção do ramo auriculopalpebral do nervo facial. O
nervo auriculotemporal emerge entre a borda caudal do músculo mas-
seter e a base da orelha externa abaixo do arco zigomático. Pode ser
encontrado profundamente à origem do nervo auriculopalpebral. O nervo
auriculotemporal emite ramos sensoriais para a pele da orelha externa e
para as regiões temporal, zigomática e massetérica.
Estruturas cervicais
A glândula tireóide (Fig. 216) tem uma coloração escura e, em
geral, é constituída de dois lobos separados, que ficam laterais aos cin-
co primeiros anéis traqueais. Ocasionalmente, está presente um istmo
de conexão.
Há duas glândulas paratireóides associadas a cada lobo tireói-
deo. São corpos esféricos de coloração clara. A paratireóide externa
fica mais comumente na fáscia, no pólo cranial do lobo tireóideo. Pode
estar totalmente separada do tecido tÍreóideo ou inclusa no pólo cranial
da tireóide, externa à sua cápsula. A paratireóide interna situa-se pro-
fundamente à cápsula tireóidea na face medial do lobo. Ocasionalmen-
te, fica embutida no parênquima da tireóide, sendo difícil localizá-Ia. A
localização dessas glândulas está sujeita a variação.
A porção cervical do esôfago estende-se da faringe à porção
torácica do esôfago na entrada do tórax. Começa em oposição ao centro
do áxis dorsalmente e à borda caudal da cartilagem cricóidea ventral-
mente. Uma saliência pregueada de mucos a, o limite faringoesofági-
co, marca o limite entre a parte laríngea da faringe (laringofaringe) e o
esôfago. O esôfago inclina-se para a esquerda, de tal maneira que a en-
trada do tórax geralmente fica à esquerda da traquéia.
A traquéia estende-se de um plano transversal através do centro
do áxis até um plano entre a quarta e a quinta vértebras torácicas. É com-
posta de aproximadamente 35 cartilagens traqueais em forma de C.
São abertas dorsalmente e o espaço é atravessado pelo músculo traqueal.
Artéria carótida comum
A. carótida comum
A. tireóidea caudal
A. tireóidea crania!
A. carótida interna
A. carótida externa
A. occipital
A. laríngea cranial
176 A CABEÇA
N. auricular
int. rostral
Auricular caudal
Ramo para o platisma
Caudal
Ramos
auriculares
V. jugular ext. /
Para o parotidoaurícular
Para o m. estiloióideo
Ramo cervical
N. auriculopalpebral
Para o m. escutuloauricular superl. dorso
Para o m. escutuloauricular prot. maior
N. zigomaticotemporal
Ramo bucal dorsal
Nn. para pêlos tácteis + sinusais
Fig. 210 Ramos superficiais dos nervos facial e trigêmeo.
A. lingual
A. facial
A. sublingual
A. auricular caudal
A. temporal superficial
A. maxilar
Do lado direito, exponha a artéria carótida comum na bainha
carotídea e observe os seguintes ramos.
1. A artéria tireóidea caudal tem uma origem variável dos ra-
mos arteriais maiores na entrada do tórax. Passa cranialmente sobre a
traquéia, irrigando-a, bem como o esôfago e a glândula tireóide.
2. A artéria tireóidea cranial (Fig. 211) origina-se da superfí-
cie ventral da carótida comum, no nível da laringe. Irriga as glândulas
tireóide e paratireóides, os músculos faríngeos, os músculos laríngeos e
a mucosa, as partes cervicais da traquéia e esôfago e as porções adja-
centes do esternocefálico e cleidomastóideo. Limpe a origem desse vaso.
O grande linfonodo retrofaríngeo medial (ver Fig. 13) fica
dorsal à artéria carótida comum na laringe e ventral à asa do atlas. Va-
sos aferentes originam-se da língua, da cavidade nasal, da faringe, das
glândulas salivares, da orelha externa, da laringe e do esôfago. O ducto
traqueal de cada lado origina-se desse linfonodo.
Identifique as artérias carótidas interna e externa, que são os ra-
mos terminais da artéria carótida comum.
3. A artéria carótida interna fica intimamente associada à arté-
ria occipital, o primeiro ramo da carótida externa. Uma dilatação bul-
bosa na origem da artéria carótida interna é o seio carótico, um baror-
receptor. (O corpo carótico, um quimiorreceptor, fica na bifurcação das
artérias carótidas.) Depois disso, a artéria carótida interna sobe através
da superfície lateral da faringe, medial à artéria occipital. Nenhum ramo
deixa a carótida interna em seu trajeto extracraniano. Entra no canal
carótico profundamente na fissura timpanoccipital. Seu trajeto a partir
daí na cavidade craniana foi descrito. Seus ramos para o encéfalo serão
dissecados mais tarde.
4. A artéria carótida externa (Fig. 211) segue cranialmente
medial ao digástrico. Na borda caudal da mandíbula, rostroventral à car-
tilagem anular da orelha, o vaso termina dividindo-se nas artérias tempo-
ral superficial e maxilar. A maxilar é o prolongamento direto da caró-
tida externa. Disseque os seguintes ramos da carótida externa. Seccione
o músculo digástrico e remova a porção caudal.
a. A artéria occipital deixa a carótida externa adjacente à caróti-
da interna e segue dorsalmente, para irrigar os músculos na
face caudal do crânio e as meninges. Não acompanhe essa
artéria.
b. A artéria laríngea cranial é um ramo ventral que irriga
os músculos adjacentes esternomastóideo e faríngeo. En-
tra na laringe entre o osso tireoióideo e a cartilagem tireói-
dea, para irrigar a mucosa e os músculos laríngeos.
c. A artéria lingual deixa a superfície ventral da carótida ex-
terna e segue rostralmente, para irrigar a tonsila e a língua.
d. A artéria facial deixa a carótida externa além da lingual.
Um ramo, a artéria sublingual, fica medial ao músculo di-
A CABEÇA
Anastomótico Oftálmica ext.
177
Auricular caudal--
Temporal superficial
Carótida externa
Faríngea ascendente
Occipital
Carótida interna _
Carótida comum
Tireóidea cran. ~ Lingual
Canal alar
Meníngea média
Temporal profunda
caudal,.
I Alveolar inferior
Maxilar
Facial
I/nfra-orbitána
•....
Esfenopalatina
- Palatina maior
Pala tina menor
Laríngea cranial
Fig. 211 Ramos da artéria carótida comum direita.
gástrico e é acompanhado pelo nervo miloióideo. Segue ros-
trai mente para a língua.
A artéria facial segue rostralmente entre os múscu-
los digástrico e masseter, indo atingir a bochecha lateral à
mandíbula, onde irriga os lábios e o nariz.
e. A artéria auricular caudal geralmente origina-se da ca-
rótida externa na base da orelha e sobe sob os músculos au-
riculares caudais. Rebata a parte caudal da glândula caróti-
da para expor a artéria auricular caudal e seus ramos, que
não precisam ser dissecados. As artérias auriculares late-
ral, intermediária e medial seguem distalmente na superfí-
cie convexa da orelha. Ocasionalmente, essa artéria origi-
na-se mais perto do início da carótida externa.
f. A artéria temporal superficial origina-se rostral à base da car-
tilagem auricular, na borda caudodorsal da mandíbula e segue
dorsalmente. Irriga a glândula parótida, os músculos mas se-
ter e temporal, os músculos auriculares rostrais e as pálpebras.
g. A artéria maxilar é o maior ramo terminal da artéria ca-
rótida externa. Tem uma localização profunda e está inti-
mamente associada a uma série de nervos cranianos. De sua
origem com a temporal superficial, segue rostromedialmen-te sob a articulação temporomandibular, medial ao proces-
so retroarticular em seu trajeto para o canal alar.
Remova os músculos auriculares e rebata a orelha caudalmente.
Seccione através da origem do músculo temporal ao longo de sua bor-
da. Com um instrumento rombo, remova-o da fossa temporal. Corte as
fixações dos músculos temporal e masseter em ambos os lados do arco
zigomático. Corte o ligamento orbitário no arco. Com cortadores de osso,
solte cada extremidade do arco zigomático e remova-o. Seccione o
músculo temporal o mais perto possível de sua inserção no processo
coronóide. Seccione o processo coronóide abaixo do nível da borda
ventral do arco zigomático com cortadores de osso. Remova todo o
músculo temporal, para expor os tecidos periorbitários e os músculos
pterigóideos. Os vasos e nervos que entram no músculo temporal de-
vem ser rompidos. Afrouxe a articulação temporomandibular, forçan-
do a extremidade da sínfise da mandíbula medialmente. Gire a mandíbu-
la, a fim de que o coto do processo coronóide seja forçado lateralmente.
Na cavidade oral, rebata a mucosa desde o nível da rafe da lín-
gua até o frênulo ao longo da prega sublingual.
Nervo mandibular
Os ramos do nervo mandibular originários do trigêmeo ou quinto
nervo craniano foram expostos por essa dissecção (Fig. 212). O nervo
mandibular deixa a cavidade craniana via forame oval (Fig. 213). Os
ramos originam-se na superfície dos músculos pterigóideos, ventrais e
laterais ao ápice da periórbita. Esses ramos incluem os nervos pterigói-
deos, temporal profundo e massetérico, que contêm neurônios motores
somáticos que inervam os músculos da mastigação. Muitos desses ra-
mos foram rompidos pela dissecção. O nervo bucal cruza os músculos
pterigóideos e entra na bochecha lateral à glândula salivar zigomática.
Remova a glândula zigomática para obter uma exposição melhor. Esse
nervo é sensorial para a mucosa e a pele da bochecha.
Gire o coto do processo coronóide lateralmente, para observar os
nervos lingual, alveolar inferior e miloióideo, que cruzam a superfície
dorsal do músculo pterigóideo medial.
O nervo lingual (sensorial) é o maior e o mais rostral dos três.
Pode ser observado seguindo através dos músculos pterigóideos e pas-
sando entre o estiloglosso e o miloióideo. No lado medial do espécime,
tracione a língua medialmente e observe o nervo entre estes músculos e
o local onde cruza a face lateral dos duetos mandibular e sublingual e
entra na língua. É sensorial para os dois terços rostrais da língua.
O nervo alveolar inferior (sensorial) entra no forame mandibu-
lar na face medial do ramo da mandíbula. Segue através do canal man-
dibular, emitindo nervos sensoriais para os dentes. Os nervos mentoni-
anos que emergem pelos forames mentonianos e suprem o lábio infe-
rior são ramos desse nervo.
O nervo miloióideo (motor) é um ramo caudal do alveolar infe-
rior. Atinge a borda ventral da mandíbula, emite um ramo para a parte
rostral do músculo digástrico e continua no músculo miloióideo. Ob-
serve-o emergindo na face medial do ângulo da mandíbula lateral ao
miloióideo. É motor para o miloióideo e sensorial para a pele entre as
mandíbulas.
O nervo auriculotemporal (sensorial) deixa o nervo mandibu-
lar no forame oval, passa caudal ao processo retroarticular do osso tem-
poral e emerge entre a base da cartilagem auricular e o músculo mas se-
ter, onde foi visto previamente.
Artéria maxilar
Artéria maxilar
A. alveolar inferior
A. temporal profunda caudal
A. meníngea média
A. oftálmica externa
Ramos anastomóticos
Ramos musculares
A. etmoidal externa
178
N. massetérieo
M. pterigóideo lal.
Corda do tímpano
Ramo mandibular do V
N. aurieulotemporal
M. estilofaríngeo
Osso estiloióideo
M. esternomastóideo
Gânglio mandibular-
Glândula mandibular
M. tireoióideo
N. laríngeo eran.
Glândula sublingual monostomátiea
A CABEÇA
N. alveolar inferior
Ramo eomunieante para o
gânglio mandibular
N. e gânglio sublinguais
M. genioglosso
Dueto sublingual
Dueto mandibular
M. hiofaríngeo
N. hipoglosso
Para os mm. estiloglosso e hioglosso
Para o m. genioióideo
1M. hioglosso
Fig. 212 Músculos, nervos e glândulas salivares medi ais à mandíbula direita, face lateral.
V/I
IX
X
XI
XII~I'ICanal do hipoglosso
Fissura timpanoccipital
Forame estilomastóideo
Bolha timpânica
N. maxilar, V
N. mandibular, V
'Forame oval
/lI
N. oftálmico, V
Fissura orbitária
Forame alar rostral
Fig. 213 Nervos cranianos emergindo do crânio, face ventrolateral.
A CABEÇA 179
N. oculomotor
Palatina descendente
A. palatina menor
A. palatina maior
A. esfenopalatina
A. infra-orbitária
Complete a desarticulação da articulação temporomandibular e
remova o músculo pterigóideo lateral. Rebata o ramo da mandíbula late-
ralmente e identifique os seguintes ramos da artéria maxilar (Figs. 211,
214). Os três primeiros Oliginam-se antes de a artéria maxilar entrar no
canal alar.
1. A artéria alveolar inferior (Fig. 211) entra no forame man-
dibular com o nervo alveolar inferior e segue pelo cana1 mandibular:
Emite ramos para as raÍzes dos dentes na mandíbula.
2. A artéria temporal profunda caudal origina-se perto da ar-
téria alveolar inferior e entra no músculo temporal. Apenas a origem
desta artéria pode ser vista .
3. A artéria meníngea média passa pelo forame oval e segue
dorsalmente num sulco na parte interna da calvária. Será acompanhada
numa dissecção posterior até a dura-máter sobre os hemisférios cere-·
brais. Não disseque sua origem.
4. A artéria oftálmica externa origina-se da maxilar em sua
emergência do canal alar e penetra no ápice da periórbita, adjacente à
fissura orbitária. A artéria oftálmica externa dá. origem aos vasos que
irrigam as estruturas dentro da periórbita.Faça uma incisão longitudi-'
nal na periórbita ao longo de sua borda dórsolateral e rebata-a.
Os ramos da artéria oftálmica externa não precisam ser disseca-
dos. Um ramo anastomótico passa caudal mente através da fissura orbi-
tária, indo unir-se às artérias carótida interna e menÍngea média no inte-
rior da cavidade craniana. Outro ramo anastomótico une-se à artéria
oftálmica interna, emergindo do canal óptico no nervo óptico. A partir
dessa anastomose, são emitidas artérias ciliares posteriores para o bul-
bo do olho. Os ramos da artéria oftálmica externa inigam os músculos
extrínsecos do bulbo do olho e a glândula lacrimal. A artéria etmoidal
externa passa dorsal aos músculos extra-oculares e entra num forame
etmoidal. Na cavidade craniana, une-se à artéria etmoidal interna e irri-
ga a lâmina crivosa, o labirinto etmoidal e o septo nasal.
N. Giliar longo
Para o m.
N. etmoidal e a.
N. troclear (cortado
M. retratar do bulbo
(dors. lat. e dorso med.)
Para o reto dorso
Para o m.
5. Entre os ramos terminais da artéria maxilar, estão as artérias
palatinas menor e maior e a esfenopalatina. Em geral, originam-se da ar-
téria palatina descendente ao seguir rostroventralmente sobre o músculo
pterigóideo medial. Apenas a origem desses vasos precisa ser observada.
Sua origem pode ser vista na borda rostral do músculo pterigóideo medial,
profundqmente à glândula salivar zigomática, que deve ser removida.
A artéria palatina menor passa ventralmente, caudal ao palato
duro, e distribui-se para os palatos mole e duro adjacentes. Limpe a muco-
sa do palato exatamente medial ao último molar e veja os ramos desse vaso.
A artéria pala tina maior entra no forame palatino caudal e atra-
vessa o canal palatino maior para irrigar o palato duro.
A artéria esfenopalatina passa pelo forame esfenopalatino para
o interior da cavidade nasal.
" .~'\-
6. A artéria maxilar termina como a artéria infra-orbitária, que
emite ramos dentais para os dentes molares caudais através dos canais
alveolares; entra no farame maxilar e atravessa o canal infra-orbitário.
. Dentro do canal, originam-se ramos dentais, que irrigam os pré-mola-
res, os dentes caninos e os dentes incisivos. A artéria infra-orbitária
emerge do forame infra-orbitário e termina como as artériasnasais late-
ral e dorsal rostral, que irrigam o nariz eo lábio superior.
.Nervos cranianos'
Há f2 pares de nervos cranianos (Figs. 213-216). Cada par é
numerado e denominado. Os números indicam a ordem rostrocaudal em
que se originam do encéfalo; seus nomes são descritivos. Alguns des-
ses nervos já foram dissecados, outros serão dissecados agora.
1. O nervo olfatório ou primeiro nervo craniano é constituído
de numerosos axônios que se originam no epitélio olfatório da mucosa
nasal caudal e atravessam os forames crivosos (cribriformes) para os
bulbos olfatórios. Eles incluem axônios do órgão vomeronasal que seguem
ao longo do septo nasal. Não há necessidade de qualquer dissecção.
2. O nervo óptico ou segundo nervo craniano (Fig. 214) é ro-
deado pelo músculo retratar do bulbo da periórbita. Observe o nervo na
periórbita e quando entra no canal óptico. É envolto por uma extensão
de meninges da cavidade craniana.
M. obliquo dorso
N. infratroclear
~/M. reto dorso (cortado)
N. lacrimal (cortado)
Glândula lacrimal
_ Para o m. obliquo vento
Para o m. reto vent.-----
M. retratar do bulbo (vent. lat. e vento med.)
M. reto ventral
Fig. 214 Nervos e músculos do globo ocular, face lateral.
180 A CABEÇA
11
111
IV
VI/.
VIII
IX.
X
XI
XII
IIC.
A. etmoidal int.
cerebral rostral
A. oftálmica int
A. cerebral média
A. carótida interna
A. comunicante caudal
A. cerebral caud.
A. cerebelar rostral
A. do labirinto
A. cerebelar caud.
A. basilar
A. espinhal ventral
Fig. 215 Vasos e nervos do encéfalo e os dois primeiros segmentos cervicais da medula espinhal, face ventraL
A CABEÇA 181
A. carótida interna
N. hipoglosso, XII
carótida int.
M. tireofaríngeo
M. esternoióideo
M. cricofaríngeo
M. cricotireóideo
Para o m. trapézio
N. vago, X
Gânglio dista I de X
A. occipital
N. acessório, XI.
Para os mm. esternomastóideo
e cleidomastóideo.
M. esternomastóideo
M. cleidomastóideo
Ramo do gânglio cervo cran.
Tronco vagossimpático
A. carótida comum
Fig. 216 Emergência dos nervos através da fissura timpanoccipital, após remoção do músculo digástrico, face lateral direita.
3. O nervo oculomotor ou terceiro nervo craniano (Fig. 214)
passa pela fissura orbitária e entra na periórbita com o nervo óptico. Ex-
ponha a metade proximal do nervo óptico. Levante-o delicadamente e
observe o nervo oculomotor em sua face látero-ventral. Não disseque
seus ramos individuais. O nervo oculomotor inerva os músculos retos
dorsal, medial e ventral, o oblíquo ventral e o levantador da pálpebra
superior. O gânglio cHiar é uma dilatação irregular no final do nervo
oculomotor na superfície ventral do meio do nervo óptico. Esse gânglio
contém corpos celulares paras simpáticos de axônios pós-ganglionares
que inervam o esfíncter pupilar da íris.
4. O nervo troclear ou quarto nervo craniano entra na periór-
bita pela fissura orbitária. Inerva o músculo oblíquo dorsal; não precisa
ser dissecado.
5. O nervo trigêmeo ou quinto nervo craniano divide-se em três
nervos ao emergir do canal do trigêmeo na parte petrosa do osso tempo-
ral: o oftálmico, o maxilar e o mandibular. O nervo mandibular já foi
dissecado.
O nervo oftálmico (sens0l1al) atravessa a fissura orbitária e emite
nervos sensoriais que entram na periórbita, os quais não precisam ser
dissecados. Os nervos frontal e infratroclear passam rostralmente entre
os músculos oblíquo dorsal e reto dorsal, para inervar a face medial das
pálpebras superior e inferior. Longos nervos cHiares acompanham o
nervo óptico e inervam o bulbo do olho. O nervo etmoidal atravessa
um forame etmoidal e a lâmina crivosa, para inervar a mucosa nasal e a
pele do nariz.
O nervo maxilar (sensorial) (Fig. 214) entra no canal alar via o
forame redondo. Emerge do forame alar rostral e cruza a fossa pterigo-
palatina dorsal aos músculos pterigóideos e ventral à periórbita, acom-
panhado pela artéria maxilar. Disseque os seguintes ramos.
a. O nervo zigomático (sensorial) entra na periórbita e divi-
de-se em dois ramos que passam rostralmente na superfí-
cie interna da parte lateral da periórbita, para inervar a
glândula lacrimal e a porção lateral das pálpebras superior e
inferior.
b. O gânglio pterigopalatino fica dorsal ao nervo maxilar,
na superfície do músculo pterigóideo medial. Contém cor-
pos celulares de axônios parassimpáticos pós-gangliona-
res, que suprem as glândulas lacrimal, nasal e palatina. Os
axônios pós-ganglionares seguem os ramos do nervo ma-
xilar até suas terminações. Rebata a periórbita dorsalmente
e o nervo maxilar ventralmente, para ver esse pequeno gân-
glio achatado no músculo pterigóideo.
c. O nervo pterigopalatino origina-se além do nível do gân-
glio pterigopalatino, da superfície ventral do nervo axilar, e
divide-se em três nervos: os nervos palatinos menor e maior
do palato e o nervo nasal caudal da mucosa nasal. Disse-
que apenas sua origem.
d. O nervo infra-orbitário (sensorial) é a continuação do nervo
maxilar na fossa pterigopalatina. Entra no canal infra-orbi-
tário via o forame maxilar. Ao longo do seu trajeto pelo canal
infra-orbitário, emite ramos alveolares superiores, qu,e
suprem as raízes dos dentes via os canais alveolares. A
medida que o nervo infra-orbitário emerge do forame infra-
orbitário, divide-se numa série de fascículos, que se distri-
buem para a pele e as estruturas adjacentes do lábio supe-
rior e do nariz. Disseque esses ramos à medida que emer-
gem do forame infra-orbitário.
6. O nervo abducente ou sexto nervo craniano (Fig. 214) atra-
vessa a fissura orbitária e entra na periórbita. Inerva os músculos retrator
do bulbo e o reto lateral. Observe esse pequeno nervo entrando na borda
dorsal do músculo reto lateral, perto da sua origem.
7. O nervo facial ou sétimo nervo craniano entra no meato acús-
tico interno da parte petrosa do osso temporal. Segue pelo canal facial e
182 A CABEÇA
emerge através do forame estilomastóideo, onde seus ramos motores para
os músculos faciais foram dissecados (ver antes).
8. O nervo vestibulococlear ou oitavo nervo craniano entra no
meato acústico interno e termina no labirinto membranáceo da orelha
interna. É o nervo envolvido no equilíbrio e na audição. Será dissecado
com o encéfalo.
A observação do nono, do 10.0 e do 11.0 nervos cranianos e do
gânglio do tronco simpático na base do crânio é facilitada pela remoção
da origem do músculo digástrico para uma visão lateral. Da mesma for-
ma, a remoção da inserção do músculo longo da cabeça proporciona uma
visão medial. Essas estruturas neurais encontram-se bem mediais e ven-
trais à bolha timpânica, perto da fissura timpanoccipital.
Localize o tronco simpático onde se une ao vago. Siga-o cranial-
mente até um nível ventral e medial à bolha timpânica, onde os dois
nervos separam-se. O tronco simpático fica ventral ao vago. O gânglio
distal do vago localiza-se dorsalmente a essa separação e caudalmente
ao gânglio cervical cranial. Acompanhe o tronco simpático cranialmente
à separação e observe uma dilatação, o gânglio cervical cranial. Este é
o grupo mais crani'al de corpos celulares de axônios pós-ganglionares
simpáticos. Esses axônios distribuem-se para os músculos lisos e glân-
dulas da cabeça via vasos sanguíneos e outros nervos. Na face lateral,
observe a artéria carótida interna seguindo dorsocranialmente acima da
superfície lateral do gânglio cervical cranial. Observe o denso plexo que
esses nervos formam nas vizinhanças imediatas do gânglio.
9. O nervo glossofaríngeo ou nono nervo craniano (Fig. 216)
passa pelo forame jugular e pela fissura timpanoccipital. Além da fissu-
ra, o glossofaríngeo cruza a superfície lateral do gânglio cervical cranial
e divide-se em ramos faríngeo e lingual, que são sensoriais para a mu-
cosa faríngea e motora para o músculo estilofaríngeo e outros músculos
faríngeos. Além disso, alguns ramos seguem para o seio carótico e ou-
tros contribuem para o plexo faríngeo, juntamente com ramos do nervo
vago. Observe o nervo onde ele cruza o gânglio.
10. O nervo vago ou 10.0 nervo eraniano (Fig.216) passa pelo
forame jugular e pela fissura timpanoccipital. Segue ao longo da artéria
carótida comum no pescoço com o tronco simpático e através do tórax
sobre o esMago, até ramos terminais no tórax e no abdome (que já fo-
ram dissecados). Os seguintes ramos distribuem-se para estruturas cer-....
vlcals CraillaIS.
Há dois gânglios associados a esse nervo. O gânglio proximal
do vago fica no forame jugular e não pode ser visto. O gânglio distal
do vago fica do lado de fora da fissura timpanoccipital, ventral e medial
à bolha timpânica. São gânglios sensoriais. Encontre o gânglio distal com
o nervo vago caudal ao gânglio cervical cranial no tronco simpático. O
gânglio distal contém os corpos celulares dos neurônios aferentes vis-
cerais que se distribuem para a maioria das vísceras do corpo. Caudal
ao gânglio distal, o vago une-se ao tronco simpático, com o qual perma-
nece associado durante todo o seu trajeto cervical até a entrada torácica.
Ramos dos nervos vago e glossofaríngeo e o gânglio cervical cranial
fonnam um plexo faríngeo, que inerva os músculos faríngeos caudais
e o esMago cranial. O nervo laríngeo cranial deixa o nervo vago no
gânglio distal e passa ventralmente para a laringe, onde inerva o mús-
culo cricotireóideo e a mucosa laríngea. Identifique esse nervo. A ori-
gem do nervo laríngeo recorrente foi vista na entrada torácica. Inerva o
esMago cervical em seu trajeto até o pescoço e termina como o nervo
laríngeo caudal, que entra na laringe sob a borda caudal do músculo
cricofaríngeo. Inerva todos os músculos da laringe, exceto o cricoti-
reóideo.
11. O nervo acessório ou décimo-primeiro nervo craniano (Fig.
216) atravessa o forame jugular e a fissura tímpano-occipital junto com
o nono e o décimo nervos cranianos. Segue caudalmente e por um ramo
ventral inerva os músculos esternomastóideo e cleidomastóideo. O ramo
dorsal inerva o cleidocervical e o trapézio.
12. O nervo hipoglosso ou 12.0 nervo craniano (Fig. 216) atra-
vessa o canal do hipoglosso. Segue ventron'ostralmente, lateral ao tron-
co vagos simpático e às a11érias carótidas. Fica medial à glândula sali-
var mandibular, ao digástrico e à mandíbula. O nervo hipoglosso está
intimamente associado à artéria lingual. Profundamente ao miloióideo,
inerva os músculos extrínsecos e intrínsecos da língua.
Cão vivo
Examine os lábios e as bochechas e o vestíbulo que limitam.
Everta a parte caudal do lábio superior e encontre a abertura do ducto
parotídeo no nível do quarto pré-molar superior. Tente sentir o ducto
parotídeo através do p]atisma, quando o ducto cruza o centro do mús-
culo masseter. Pa]pe a porção ventral do meato acústico externo. Este é
coberto pela glândula salivar parótida, mas é difícil sentir a glândula.
Palpe a firme glândula salivar mandibular ovóide ventral à parótida. A
glândula sublingual monostomática fica na extremidade rostra] da man-
dibu]ar, mas não pode ser identificada por pa]pação. Abra a boca e exa-
mine a cavidade oral. Observe o frênulo da língua e a carúncu]a sublin-
gual, onde se abrem os ductos salivares mandibular e sublingual. Exa-
mine a superfície do corpo e o ápice da língua. Reconheça e sima as
papilas fi]iformes. Observe a saliente veia lingual na superfície ventral.
No cão anestesiado, essa veia pode ser utilizada para injeções intrave-
nosas. Puxe a língua para um lado, a fim de ver o arco palatoglosso, onde
a cavidade ora] continua pela parte oral da faringe (orofaringe). P\lxe a
língua para a frente e veja a raiz da língua no assoalho da parte ora] da
faringe, a epiglote caudal a ela, as tonsilas palatinas parcialmente co-
bertas pelas pregas semilunares de cada lado da parte ora] da faringe e o
palato mole, dorsalmente.
Observe o filtro no nariz. Sinta as partes cartilagíneas do nariz,
rostrais aos ossos incisivos e nasais.
Examine as pálpebras e observe a carúncula na comissura me-
dial. Everta as pálpebras levemente e procure os pontos lacrimais ao lon-
go de suas bordas, perto da comissura medial. Considere o fluxo lacri-
mal desde sua origem na glândula lacrimal, sobre a córnea e ao longo
dos sacos conjuntivais, bem como através de seu sistema coletor para o
meato ventral, onde geralmente evapora. Observe a borda da terceira
pálpebra. Com delicadeza, comprima o bulbo do olho caudalmente den-
tro da periórbita na órbita, empurrando-o através da pálpebra superior.
Observe a protrusão passiva da terceira pálpebra sobre a córnea. Identi-
fique as conjuntivas palpebral e bulbar, a esclera, o limbo, a córnea, a
íris, a pupila e a câmara anterior. Movimente a cabeça de um lado para
o outro e observe os rápidos movimentos horizontais involuntários dos
bulbos dos olhos. A rápida adução, em direção ao nariz, é uma função
do reto medial e de sua inervação pelo nervo ocu]omotor (III). A rápida
abdução para longe do nariz é uma função do reto lateral e de sua iner-
vação pelo nervo abducente (VI). Pa]pe ao longo do arco zigomático e
tente sentir o ramo palpebral do nervo auriculopa]pebra] (VII), onde cruza
o arco para inervar o músculo orbicular do olho.
Palpe os músculos temporal e masseter acima e abaixo do arco
zigomático, respectivamente. Palpe caudal e ventralmente ao masseter,
para sentir o digástrico.
Pa]pe a cartilagem escutiforme nos músculos auricu]ares, media]-
mente à orelha externa. Examine a orelha externa. Acompanhe a hélice
e identifique a bolsa cutânea lateralmente. Na abertura para o meato acús-
tico externo, identifique os ramos da hélice medialmente, a incisura pré-
trágica, o trago rostralmente à incisura intertrágica e o antitrago lateral-
mente.
Identifique a anti-hélice na parede cauda] do meato acústico ex-
terno, em oposição ao trago.
Palpe a traquéia desde a entrada torácica até a laringe. Sinta as
cartilagens cricóidea e tireóidea da laringe. Pa]pe o osso basióide e ten-
te sentir os outros ossos hióides. Norma]mente, a glândula tireóide e o
linfonodo retrofaríngeo media] não podem ser pa]pados. Pa]pe os pe-
quenos linfonodos mandibulares subcutâneos achatados no ângulo da
mandíbula.
MILLER
GUIA PARA
,.""
A DISSECÇAO
,.""
DOCAO
-
TERCEIRA EDIÇAO
EVANS & de LAHUNTA
SISTEMA NERVOSO
o sistema nervoso pode ser dividido em sistema nervoso cen-
tral, que consiste no encéfalo e na medula espinhal, e sistema nervoso
periférico, composto dos nervos periféricos cranianos e espinhais.
MENINGES ENCEFÁLICAS
o encéfalo e a medula espinhal são recobertos por três membra-
nas de tecido conjuntivo, as meninges (Fig. 217). A dura-máter, ou pa-
quimeninge, é a mais espessa e mais externa delas. Na maior parte do
canal vertebral, a dura é separada do periósteo do canal ósseo pelo tecido con-
juntivo frouxo do espaço epidural, o qual freqüentemente contém gordura.
À medida que a medula espinhal se aproxima do tronco encefá-
lico, a dura-máter adere ao periósteo nas duas primeiras vértebras cer-
vicais e à membrana atlantoccipital. No interior da cavidade craniana, a
dura e o periósteo estão fundidos. Iniciando pela margem dorsal, libere
o encéfalo hemisseccionado do crânio dividido sagitalmente. Na meta-
de da cabeça, será encontrada uma prega da dura se estendendo ventral-
mente, a partir da linha média, na fissura cerebral longitudinal, entre
os dois hemisférios cerebrais. Ela é a foice do cérebro, que deve ser
removida para permitir a reflexão do hemisfério cerebral. Remova a dura,
que adere os ossos frontal, parietal e temporal.
A pia-máter e a aracnóide (as leptomeninges) são os outros dois
tecidos conjuntivos que recobrem o sistema nervoso central. A pia-máter
adere à superfície externa do tecido nervoso. A aracnóide, no animal vivo,
repousa adjacente à dura e envia delicadas trabéculas para a pia. Essas
. trabéculas envolvem intimamente os vasos sanguíneos que percorrem a
superfície da pia. O espaço entre a pia e a aracnóide é o espaço subarac-
nóideo, que é preenchido pelo líquido cerebroespinhal. Em vida, existe
um espaço fechado potencial entre a aracnóide e a dura. Em um espéci-
me embalsamado, a aracnóide está colabada com a pia-máter do siste-ma nervoso central.
18
Fig. 217 Meninges e ventrículos encefálicos, plano mediano. (As setas indicam o fluxo do líquido cerebroespinhal.)
I. Extremidade cortada do septo pelúcido
2. Corpo caloso
3. Plexo coróideo, ventrículo lateral
4. Fórnice do hipocampo
5. Dura-máter
6. Membrana e trabéculas aracnóideas
7. Espaço subaracnóideo
8. Pia-máter
9. Vilo aracnóideo
10. Seio sagital dorsal
11. Grande veia cerebral
12. Seio reto
13. Seio transversal
14. Cisterna cerebelomedular
15. Abertura lateral do quarto ventrículo
16. Canal central
17. Plexo coróideo, quarto ventrículo
18. Aqueduto mesencefálico
19. Cisterna intercrural
20. Hipófise
21. Aderência intertalâmica
22. Nervo óptico
23. Ventrículo lateral
184 SISTEMA l\TERVOSO
As cisternas subaracnóideas ocorrem em áreas onde a aracnóide
e a pia estão separadas. A cisterna maior é a cisterna cerebelomedu-
lar, localizada no ângulo entre o cerebelo e a medula. O líquido cere-
broespinhal pode ser obtido dessa cisterna (Fig. 217), por meio de pun-
ção com agulha através do espaço atlantoccipital.
ARTÉRIAS
Examine as artérias do encéfalo do espécime em que foi injetado
látex (Fig. 215). As artérias do cérebro e do cerebelo são ramos dos vasos
na superfície ventral do encéfalo. A artéria basilar é formada pelos ra-
mos terminais das artérias vertebrais, as quais entram no assoalho do
canal vertebral, através do farame vertebral lateral do atlas. Ela é contí-
nua caudalmente com a artéria espinhal ventral da medula espinhal. A
artéria basilar cursa ao longo da linha média da superfície ventral da
medula oblonga e da ponte, e então se divide em dois ramos, que formam
a porção caudal do círculo arterial do encéfalo (Fig. 215).
As artérias carótidas internas são as outras fontes principais de
sangue para o circuito arterial do encéfalo. Após passar pelo canal caro-
tídeo na parte timpânica do osso temporal e formar uma alça no forame
lácero, cada artéria carótida interna entra na fossa craniana média, sob a
extremidade rostral da ponte petrosa do osso temporal. Ela cursa ros-
tralmente através do seio venoso cavernoso, ao lado da fossa hipofi-
sária e da hipófise. Entre a hipófise e o quiasma óptico, ela emerge
através da dura sobre o seio e divide-se em artérias cerebral média,
cerebral rostral e comunicante caudal. A pequena artéria comunican-
te caudal corre caudalmente e une-se aos ramos terminais da artéria
basilar. Rostralmente, as duas artérias cerebrais rostrais se anasto-
mosam, completando o círculo arterial, na superfície ventral do en-
céfalo.
O círculo arterial do cérebro circunda a glândula hipófise, a qual
recebe pequenos ramos do círculo, bem como diretamente da artéria ca-
rótida interna. Coloque juntas as duas metades do encéfalo, injetado com
látex, para observar esse círculo arterial. Utilizando o encéfalo hemis-
seccionado injetado com látex, identifique e desenhe os vasos descritos a
seguir.
A artéria cerebral rostral é um ramo terminal da artéria caróti-
da interna, no aspecto rostral do círculo. Ela corre dorsalmente, sendo
Seio sagital dorsal
Grande veia cerebral
lateral ao quiasma óptico, e continua dorsalmente entre os dois lobos
frontais, na fissura longitudinal. Ela corre sobre as fibras que conectam
os dois hemisférios cerebrais (corpo caloso) e, caudalmente, se estende
ao longo da superfície dorsal do corpo caloso, adjacente aos giros cerebrais.
As artérias etmoidal interna e oftálmica interna se ramificam a
partir da artéria cerebral rostral. A artéria etmoidal interna se anasto-
mosa com a artéria etmoidal externa e deixa a cavidade craniana atra-
vés do osso etmoidal, para irrigar estruturas da cavidade nasal. A arté-
ria oftálmica interna se anastomosa com um ramo da artéria oftálmica
externa na estrutura do nervo óptico, sendo a fonte das longas artérias
ciliares que seguem o nervo óptico em direção aos olhos, os quais são
irrigados por elas. Não disseque essas artérias.
A artéria cerebral média se origina do círculo arterial, no nível
do aspecto rostral da glândula hipófise. Ela corre lateralmente, rostral
ao lobo piriforme, na superfície ventral do pedúnculo olfatório. Conti-
nua dorso lateralmente sobre o hemisfério cerebral, onde se ramifica para
irrigar a superfície lateral do cérebro.
A artéria cerebelar caudal origina-se da artéria comunicante
caudal, no nível do aspecto caudal da glândula hipófise, rostralmente
ao nervo oculomotor. A artéria corre em sentido caudodorsal, seguindo
o trato óptico sobre o aspecto lateral do tálamo em direção à fissura lon-
gitudinal. Ela passa rostralmente no corpo caloso, para irrigar a superfí-
cie medial da porção caudal do hemisfério cerebral. Também irriga o
diencéfalo e o mesencéfalo rostral.
A artéria cerebral rostral deixa o terço caudal do círculo arte-
rial do cérebro e segue um trajeto dorsocaudal ao longo da ponte do
pedúnculo cerebelar médio, em direção ao hemisfério cerebelar lateral.
Irriga o mesencéfalo caudal e a metade rostral do cerebelo.
A artéria cerebelar caudal é um ramo da artéria basilar, próxi-
mo à metade da medula oblonga. Ela corre dorsalmente para irrigar a
porção caudal do cerebelo.
VEIAS
Os seios venosos (Figs. 218, 219) da dura-máter craniana são
corredores venosos localizados no interior da dura ou dos canais ósseos
do crânio. Tais seios recebem as veias que drenam o encéfalo e os ossos
do crânio. Eles carregam sangue venoso para os pares de veias maxila-
V. meningea média
Fissura orbitária
Fig. 218 Seios venosos cranianos, face lateral direita (modificado de Reinhard, Miller e Evans, 1962).
SISTElVIA l\TERVOSO
Anast. com o seio sagital dorsal
Anast. com o seio petroso dorsal dir.
Seio intracavernoso rostral
Ramo anastomótico
V. cerebral ventral
Seio petroso dorsal
Forame jugular
Seio sagital dorsal (cortado)
Confluência dos seios
Anast. das vv. oftálmicas dir. e esq.
Seio cavernoso
Forame oval
Seio intercavernoso caudal
Para o forame lácero
V. meníngea média
Seio petroso ventral no
canal petroccipital
Seio temporal
Forame jugular
Seio sigmóideo
Veia emissária occipital
185
Fig. 219 Seios venosos cranianos, após remoção da calvária f~ce dorsal (modificado de Reinhard, MilIer e Evans, 1962).
res, jugulares internas e vertebrais, bem como para os plexos venosos
vertebrais internos ventrais. Os seios venosos descritos a seguir devem
ser localizados.
O seio sagital dorsal está localizado na margem fixa da foice
cerebral, a qual é uma prega da dura que se estende ventralmente na fis-
sura longitudinal, entre os dois hemisférios cerebrais. Caudalmente, o
seio penetra o forame para o seio sagital dorsal, no osso occipital, onde
se prende ao tentório do cerebelo. Neste local, ele encontra os seios trans-
versos direito e esquerdo.
Cada seio transverso corre lateralmente através do sulco e do
canal transversos. Na extremidade distal do sulco, na borda dorsal do
osso petroso, o seio se divide em um seio temporal e outro sigmóide.
Correndo em direção caudolateral ao osso petroso, o seio temporal se
estende para o forame retroarticular, de onde emerge como veia retro-
articular e encontra a veia maxilar.
Cada seio sigmóideo forma uma curva em forma de 5, à medida
que corre sobre a face dorsomedial do osso petroso. Passa através do
forame jugular em direção à fissura timpanoccipital. No interior da fis-
sura, o seio petroso ventral penetra rostralmente do canal petroccipital
e se anastomosa com o seio sigmóideo. A partir dessa anastomose, as
veias vertebral e juguJar interna se originam, deixam a fissura timpa-
noccipital e correm caudalmente. A veia vertebral desce no pescoço
através do forame transverso das vértebras cervicais. A veia jugular
interna era vista previamente na bainha cm,ótica. Um ramo do seio sig-
móideo continua caudal mente através do canal condilóideo, em direção
ao plexo venoso vertebral interno no canal vertebral.
O seio cavernoso repousa em cada lado do soalho da fossa cra-
niana média, desde a fissura orbitária até o canal petroccipital. Veias
emissárias conectam cada seio cavernosocom o plexo das veias oftál-
micas, rostralmente, e com a veia maxilar, lateralmente. Esses seios são
ambos contíguos caudalmente com o seio petroso ventral, que repousa
no canal petroccipital. Dois ou três seios intercavemosos conectam os seios
cavernosos direito e esquerdo, rostral e caudal, à glândula hipófise. A
artéria carótida interna foi vista cursando através do seio cavernoso.
Os plexos venosos vertebrais internos ventrais são vasos pa-
reados, que repousam no soalho do canal vertebral, no tecido conjunti-
vo epidural. Eles se estendem, a partir dos seios venosos do crânio, por
todo o canal vertebral. Em cada forame intervertebral. veias interver-
tebrais conectam o plexo venoso vertebral com as veias vertebrais do
pescoço, as veias intercostais do tórax (veias ázigos e costocervical) e as
veias lombares (veia cava caudal) no abdome. Este plexo será visto pos-
teliormente, quando a medula espinhal for removida do canal vertebral.
Existe uma via venosa contínua da veia angular do olho. através
da veia oftálmica externa, do plexo oftálmico. do seio cavernoso, do seio
petroso ventral, do seio sigmóideo e da veia emissária occipital para o
plexo venoso vertebral interno ventral. Essa via pode ser demonstrada
radiograficamente, pela compressão das veias juguJares externas e pela
injeção de uma solução radiopaca na veia angular do olho, na face pró-
xima ao ângulo medial do olho. Tal procedimento pode ser utilizado
clinicamente para diagnosticar lesões compressivas que interferem com
essa via. Ela também pode ser utilizada anatomicamente para injetar
vários materiais no sistema venoso.
ENCÉFALO
O encéfalo é composto do tronco encefálico, ou cerebral. embrio-
logicamente segmentado. e de duas porções supra-segmentares. o cére-
bro (telencéfaJo) e o cerebelo (metencéfalo dorsal). O tronco cerebral
inclui o mielencéfalo (medula oblonga), o metencéfalo ventral (ponte),
o mesencéfalo (encéfalo médio) e o diencéfalo (intercéfalo - epitála-
mo, tálamo e hipotálamo).
Disseque e identifique as estruturas citadas, no encéfalo intacto
que foi fornecido ..
Cérebro - estruturas de superucie
O cérebro é dividido em dois hemisférios cerebrais pela fissura
longitudinal. Cada hemisfério cerebral possui pregas protuberantes
(circunvoluções) denominadas giros e depressões conhecidas como sul-
cos. Identifique os seguintes giros e sulcos (Figs. 220, 221): partes ros-
trai e caudal do sulco rinallateral: fissura pseudo-silviana: giros silvia-
nos rostral e caudal: sulco e giro ectossilvianos: sulco e giro supra-sil-
vianos; sulco cruciformes: giros pós-cruciformes e pré-cruciformes;
s'ulco corona!: giro e sulco marginais: e giro ectomarginal.
Cada hemisfério cerebral pode ser dividido em lobos denomina-
dos pela ponJIO correspondente da cal vária que os recobre. A relação
não é precisa e varia entre as espécies.
O lobo fJ'(lIltal é aquela porção de cada hemisfério cerebral ros-
trai ao sulco cruciforme. O giro pré-cruciforme é parte desse lobo e fun-
186 SISTEMA l\TERVOSO
Fig. 220 Sulcos do cérebro, face lateral direita.
Fig. 221 Giros do cérebro, face lateral direita.
PedúncUlo
olfatório
Bulbo .
olfatório !
--1--
>-
.~
cio na como parte do córtex motor. O lobo parietal é caudal ao sulco
cruciforme e dorsal aos giros silvianos. Ele se estende em sentido cau-
dal até aproximadamente o terço caudal do hemisfério cerebral. Os gi-
ros pró-cruciforme e supra-silviano rostral são encontrados neste lobo e
funcionam como parte do córtex cerebral motor e somestésico senso-
rial. O lobo occipital inclui o terço caudal do hemisfério cerebral. As
porções caudais desse lobo, tanto na face lateral quanto na medial, fun-
cionam como o córtex visual. O lobo temporal é composto dos giros e
sulcos da superfície ventrolateral do hemisfério cerebral. Partes dos gi-
ros silvianos estão localizadas aí e funcionam como o córtex auditivo.
O sulco rinal separa o cérebro filogeneticamente novo, o neopálio
do cérebro olfatório mais antigo, ou paleopálio, localizado logo abaixo.
As porções do paleopálio que são diretamente visíveis são o bulbo 01-
fatório, que está apoiado na placa cribriforme, e o pedúnculo olfató-
rio, que se junta ao bulbo olfatório no hemisfério cerebral (Fig. 222). O
pedúnculo olfatório corre caudalmente com uma faixa de fibras ner-
vosas na sua superfície ventral. Caudalmente, essa faixa divide-se em
tratos olfatórios lateral e media!. Observe o trato olfatório lateral pas-
sando caudalmente ao lobo piriforme,.o qual forma uma saliência ven-
tral, imediatamente lateral à glândula hipófise e medial ao lobo tem-
poral do neopálio. O trato olfatório medial não pode ser observado diretamente.
Cada giro contém substância cinzenta superficialmente e subs-
tância branca em seu centro. A substância cinzenta, ou córtex cerebral
do neopálio, é composta de seis camadas de corpos celulares neuronais.
A substância branca, ou coroa radiada, contém os processos dos neu-
rônios dirigidos para o córtex superjacente e/ou desse para outras estru-
turas do sistema nervoso central.
Cerebe10
O cerebelo é derivado da porção dorsal do metencéfalo e repou-
sa caudalmente ao cérebro e dorsalmente ao quarto ventrículo. A fissu-
ra cerebral transversa separa-o do cérebro. O tentório dural do cere-
belo está localizado nessa fissura. O cerebelo está conectado ao tronco
cerebral por três pedúnculos cerebelares em cada lado do quarto ventrí-
culo e por porções do teto do quarto ventrículo.
III
22
IV
V
VI
VII
VI rr
I. Bulbo olfatório
2. Pedúnculo olfatório
3. Trato olfatório medial
4. Substância perfurada rostral
5. Trato olfatório lateral
6. Giro olfatório lateral
7. Sulco rinal rostral
8. Túber cinéreo
9. Lobo piriforme
10. Corpos mamilares
11. Sulco rinal caudal
12. Pedúnculo cerebral
13. Ponte, fibras transversais
SISTEMA l\TERVOSO
Fig. 222 Vista da face ventral do encéfalo e nervos cranianos.
14. Paraflóculo ventral
15. Flóculo
16. Paraflóculo dorsal
17. Lóbulo ansiforme
18. Corpo trapezóide
19. Pirâmides
20. Fissura mediana ventral
21. Decussação das pirâmides
22. Substância perfurada caudal na fossa interpeduncular
23. Infundíblllo
24. Trato óptico
25. Quiasma óptico
10
12
14
15
16
17
lI. Nervo óptico
III. Nervo oculomotor
IV. Nervo trodear
V. Nervo trigêmeo
VI. Nervo abdllcente
VII. Nervo facial
VIII. Nervo vestibulococlear
IX. Nervo glossofaJingeo
X. Nervo vago
XI. Nervo acessório
XII. Nervo hipoglosso
C I. Primeiro nervo cervical
187
188 SISTEMA "i\!ERVOSO
o plexo coróideo é uma massa compacta de pia-máter, vasos
sanguíneos e epêndima. Um plexo coróideo desenvolve-se onde o neu-
roepitélio do tubo neural não prolifera para formar parênquima, mas se
mantém como uma única camada de células neuroepiteliais, formando
uma placa tectal. Essas áreas são encontradas na medula oblonga (placa
tectal do quarto ventrículo), no diencéfalo (placa tectal do terceiro ven-
trículo) e no telencéfalo (placa tectal do ventrículo lateral). Nesses lo-
cais, os vasos da pia, que recobrem a camada única de células neuroepi-
teliais, proliferam para formar um plexo denso de capilares intimamen-
te relacionados com as células neuroepiteliais. Estas células e os vasos
sanguíneos estão envolvidos em uma secreção ativa e passiva de líqui-
do cerebroespinhal, no interior do sistema ventricular. O plexo corói-
deo do quarto ventrículo se protrai no interior do lúmen do quarto ven-
trículo e é visível caudolateralmente ao cerebelo, na superfície dorsal
da medula oblonga.
Identifique as fibras transversas da ponte na superfície ventral
do tronco cerebral. Siga essas fibras lateralmente, à medida que elas
correm dorsocaudalmente em direção a cada lado do cerebelo, como
pedúnculo cerebelar médio (Figs. 222, 223, 230). No ponto em que
elas penetram no cerebelo, corte esse pedúnculo com um bisturi. Conti-
nue o corte levemente rostral e caudal ao pedúnculo cerebelar médio e
destaque o cerebelo da ponte, naquele lado. Isto irá cortar o pedúnculo
cerebelar rostral, o qual se prende rostralmente, e o pedúnculo cere-belar caudal, que se fixa caudalmente. Esses também podem ser
visualizados caudalmente, levantando-se o verme do cerebelo dorsal-
mente à medula oblonga. Isto expõe a superfície caudal do pedúnculo
cerebelar caudal. Corte esses pedúnculos no lado oposto e remova o
cerebelo. O pedúnculo cerebelar rostral contém principalmente axô-
nios eferentes do cerebelo para o tronco cerebral. Os axônios aferentes
para o cerebelo a partir do tronco cerebral e da medula espinhal passam
primariamente através dos pedúnculos cerebelares médio e caudal.
O cerebelo é composto dos hemisférios cerebelares laterais e
uma porção média, o verme. Os giros do cerebelo são conhecidos como
folhas. Estas estão agrupadas em três lobos e em numerosos lóbulos
cerebelares, que possuem nomes específicos. O verme é composto de
toda a porção média do cerebelo, diretamente acima do quarto ventrí-
culo. Alguns de seus lóbulos são encontrados na superfície ventral do
cerebelo, de frente para a placa tectal do quarto ventrículo. Cada hemis-
fério projeta-se sobre os pedúnculos cerebelares e tronco cerebral adja-
cente. Um componente lateral repousa na fossa cerebelar da parte pe-
trosa do osso temporal.
Faça uma incisão mediana através do verme, hemisseccionando
o cerebelo. Examine a superfície de corte. Note o padrão da substância
branca, como se ramifica e arboriza, a partir da medula do cerebelo, em
folhas (ver Figs. 228, 230). A medula do cerebelo é a substância bran-
ca na sua porção central, que contém núcleos e se conecta com todas as
folhas do pedúnculo cerebelar. Observe as lâminas de substância bran-
ca folheada e o córtex cerebelar. Faça uma secção transversa de uma
metade do cérebro, através da sua medula, para observar a extensão la-
teral da substância branca medular (ver Fig. 228).
Tronco encefálico - estruturas da
superficie
Para expor as estruturas da superfície dorsal do tronco encefálico,
o cérebro esquerdo será removido pela seguinte dissecção.
Separe os dois hemisférios cerebrais na fissura longitudinal. Ex-
ponha a faixa de fibras que correm transversalmente de um hemisfério
para o outro, no fundo da fissura. Essa estrutura é o corpo caloso. Divi-
da completamente o corpo caloso longitudinalmente, ao longo do plano
mediano, no fundo da fissura longitudinal. Corte profundo o suficiente
para incluir a comissura do hipocampo e o corpo do fómice, mas não
corte o tálamo (Fi2:s. 224, 225, 230). Continue a cortar rostral e ventral-
niente através da ~omissura rostral, imediatamente dorsal ao quiasma
óptico e rostral ao tálamo. Na superfície ventral, siga o trato óptico em
uma direção dorsocaudal ao quiasma óptico, e corte as fibras da cápsula
interna, rostral e medialmente a esse trato. As fibras da cápsula interna
fixam o hemisfério cerebral ao tronco cerebral. Cuidadosamente, libere
do tálamo a face medial do cérebro e continue esta separação sobre o
aspecto dorsal do diencéfalo. Corte todas as fixações restantes e libere
do diencéfalo o hemisfério cerebral.
Examine a superfície do tronco cerebral e localize as estruturas
citadas (Figs. 222, 223).
II
16
Fig. 223 Vista da face dorsal do tronco encefálico.
1. Estria habenular talâmica
2. Tálamo
3. Comissura habenular
4. Núcleo geniculado lateral
5. Núcleo geniculado medial
6. Colículo rostral
7. Comissura do colículo caudal
8. Colícul0 caudal
9. Cruzamento das fibras do nervo troclear no véu
medular rostral
10. Pedúnculo cerebelar médio
11. Pedúnculo cerebelar caudal
12. Pedúnculo cerebelar rostral
13. Núcleo coclear dorsal na estria
acústica
14. Sulco mediano no quarto ventrícul0
15. Núcleo cuneiforme lateral
16. Fascículo cuneiforme
17. Fascículo grácil
18. Trato espinhal do nervo trigêmeo
19. Fibras arciformes superficiais
20. Núcleo coclear ventral esquerdo
21. Braço do colículo caudal
22. Trato áptico
23. Braço do colículo rostral
24. Superfície cortada entre o cérebro e o tronco
cerebral
25. Corpo pineal
11.Nervos ápticos
IV. Nervo troclear
V. Nervo trigêmeo
VIII. Nervo vestibulococlear
SISTEMA NERVOSO 189
Diencéfalo
O diencéfalo consiste no tálamo grande e localizado centralmente,
no hipotálamo menor e ventral e no epitálamo muito pequeno localiza-
do na linha mediodorsal.
Os segundos nervos cranianos, ou ópticos, formam o quiasma
óptico do diencéfalo, rostral à hipófise (Figs. 222, 224). Os tratos óp-
ticos correm lateral e dorso caudal mente ao quiasma, passam pela su-
perfície lateral do diencéfalo e penetram no núcleo geniculado lateral
do tálamo. Nessa via, cada trato curva-se ao redor da extremidade cau-
dal da cápsula interna.
Caudalmente ao quiasma óptico, no plano mediano, está a hipó-
fise, fixada ao túber cinéreo do hipotálamo pelo infundíbulo. Quando
a glândula está ausente, o lúmen do infundíbulo estará bem evidente.
Este lúmen comunica-se com o terceiro ventrículo, suprajacente, do
diencéfalo.
Os corpos mamilares do hipotálamo se protraem ventralmente,
caudalmente ao túber cinéreo. Eles demarcam a extensão mais caudal
do hipotálamo, na superfície ventral do diencéfalo.
A cápsula interna delimita o diencéfalo lateralmente e foi corta-
da quando o cérebro esquerdo foi removido. O tálamo e o epitálamo
podem ser vistos na face dorsal do diencéfalo (Figs. 223, 224).
Três estruturas compõem o epitálamo. Todas elas estão locali-
zadas adjacentes ao plano mediano. As estrias habenulares repousam
em ambos os lados da linha média, correndo dorsal e caudal mente à
superfície rostroventral do hipotálamo, sobre o tálamo, até a superfície
dorsocaudal do diencéfalo. Aí, a estria penetra no núcleo habenular.
Caudalmente ao núcleo habenular está o corpo pineal, pequeno e ím-
par. Esta projeção caudal do diencéfalo é pequena no cão, mas muito
proeminente nos grandes mamíferos domésticos.
Entre as estrias habenulares, de cada lado, um espaço pode co-
mumente ser encontrado. Ele conesponde à parte dorsal do terceiro
ventrículo (Fig. 226). O terceiro ventrículo é recoberto por um rema-
nescente delgado da placa tectal do tubo neural, uma camada de
epêndima que se estende de uma estria habenular à outra. Ramos da
artéria cerebral caudal correm sobre o diencéfalo e formam o plexo
coróideo do terceiro ventrículo. Em geral, ele é arrancado quando o
encéfalo é removido da cavidade craniana. Rostralmente, o plexo
coróideo do terceiro ventrículo é contíguo com o plexo coróideo do
ventrículo lateral, no forame interventricular. Este forame situa-se cau-
dalmente à coluna do fórnice, no nível da comissura rostral. Tais estru-
turas serão vistas na dissecção do telencéfalo.
O tálamo repousa entre as estrias habenulares medialmente e a
cápsula interna lateralmente. Uma eminência lateral na superfície caudo-
dorsal do tálamo é o corpo geniculado lateral, o qual recebe fibras do
trato óptico e funciona no sistema visual. O corpo geniculado lateral está
conectado com o colículo rostral do mesencéfalo. Caudoventralmente ao
corpo geniculado lateral está o corpo geniculado medial do tálamo. Esse
núcleo funciona no sistema auditivo e está conectado ao colículo caudal
do mesencéfalo pelo braço do colículo caudal.
No terceiro ventrículo, entre as estrias habenulares de cada lado,
observe a aderência intertalâmica entre os lados direito e esquerdo
do tálamo. Essa área mostra-se arredondada na secção mediana de
corte, porque o terceiro ventrículo a envolve. Na secção transversa, o
terceiro ventrículo, estreito e orientado verticalmente, mostra-se como
uma fenda perpendicular, logo abaixo da aderência intertalâmica. Suas
paredes lateral e ventral são formadas pelo hipotálamo. A porção
dorsal do terceiro ventrículo é pequena e tubular. Ele passa sobre a
aderência intertalâmica, mas sua placa tectal delgada, que está fixada
de cada lado pelas estrias habenulares, não pode ser observada ma-
croscopicamente.
Mesencéfalo
Entre os corpos mamilares do hipotálamo e as fibras transversais
da ponte está a superfície ventral do mesencéfalo (encéfalo mediano).
As fibras transversais da ponte encobrem parte do mesencéfalo, ventral-
mente. Os tratos descendentes, que conectamporções do córtex cere-
bral com os centros inferiores do tronco cerebral e a medula espinhal,
correm na superfície ventral do mesencéfalo. Esses tratos estão agrupa-
dos em conjunto, de cada lado, como pedúnculos cerebrais (Fig. 227).
O terceiro nervo craniano, ou oculomotor, deixa o mesencéfalo medi-
almente ao pedúnculo cerebral (Fig. 222).
As estruturas mesencefálicas dorsais ao aqueduto mesencefálico
formam o teto mesencefálico (Fig. 224). O aqueduto mesencefálico é
um tubo estreito e curto, derivado do canal neural do mesencéfalo, que
conecta o terceiro ventrículo, rostralmente, com o quarto ventrículo, cau-
dalmente. Quatro protuberâncias dorsais, os tubérculos quadrigêmeos,
são evidentes na face dorsal. O par rostral corresponde aos colículos ros-
trais, que funcionam com o sistema auditivo (Fig. 223).
O quarto nervo craniano, ou troclear, emerge lateralmente ao teto
do quarto ventrículo, adjacente ao colículo caudal. Ele continua rostro-
ventralmente na superfície lateral do mesencéfalo.
O lemnisco lateral (ver Figs. 230, 231) é uma faixa de axônios
do sistema auditivo localizada na superfície lateral do mesencéfalo. Ele
corre em sentido rostrodorsal, do núcleo coclear até o colículo caudal, e
tem origem medial no pedúnculo cerebelar médio. Muitas dessas fibras
originam-se do núcleo coclear. O braço do colículo caudal (Figs. 223,
Teto do mesencéfalo
} H!pó'"
~'" ~Aquedut
",' ._~ . o mesencefá/ico
",.<\.
Corpo mamilar
Adeno-hipófise
Neuro-hipófise
Forame interventricular
Habênula
Ouiasma ópt~co---- ~
Tuber cinéreo/
Infundíbulo
Fenda hipofisária
Estria habenular talâmica
Fig. 224 Diencéfalo, secção mediana.
190 srSfEMA l\TERVOSO
Fig. 225 Diencéfalo e hemisférios cerebrais. (Nesta e nas próximas secções transversais, a substância branca está corada com hematoxilina férrica e aparece negra
nas fotografias.)
1. Coroa radiada
2. Corpo caloso
3. Ventrículo lateral
4. Pilar do fórnice
S. Cápsula interna
6. Estria habenular
7. Terceiro ventrículo (com a placa tecta!)
8. Tálamo
230, 231) corre rostroventralmente, do colículo caudal até o corpo ge-
niculado medial do tálamo. Na superfície dorsal, a comissura do colí-
culo caudal (Fig. 223) pode ser vista cruzando por entre essas duas
estruturas. O colículo rostral está conectado ao corpo geniculado lateral
do tálamo por um curto braço do colículo rostral (Fig. 223).
Metencéfalo ventral
A porção metencefálica do rombencéfalo inclui um segmento
ventral do tronco cerebral, a ponte, e o desenvolvimento metencefálico
dorsal, o cerebelo. A supelfície ventral da ponte inclui as fibras trans-
versais da ponte, que correm lateralmente, em direção aos pedúnculos
cerebelares médios. Essa grande faixa de fibras margeia caudal mente o
corpo trapezóide da medula oblonga. Sua borda rostral cobre parte da
superfície ventral do mesencéfalo. O nervo trigêmeo está associado à
ponte e pode ser encontrado ·penetrando-a, ao longo do aspecto caudo-
lateral das fibras pontinas transversais (Figs. 222, 230). As fibras des-
cendentes do pedúnculo cerebral penetram na ponte dorsalmente às fi-
bras transversais, onde são denominadas de fibras longitudinais da
ponte. Estas fibras longitudinais são recobertas ventralmente pelas fi-
bras transversais. As fibras longitudinais, que não terminam nos núcle-
os pontinos, continuam caudalmente na superfície ventral do corpo tra-
pezóide da medula oblonga como as pirâmides. Muitos dos axônios no
pedúnculo cerebral, nas fibras longitudinais da ponte e a maioria daqueles
nas fibras transversais da ponte compõem uma grande via cerebelopon-
9. Aderência intertalâmica
10. Núcleo lentiforme
11. Sulco rinallateral
12. Trato óptico
13. Hipotálamo
14. Amígdala
15. Lobo piriforme
16. Giro do cíngulo
tinocerebelar. As sinapses ocorrem no núcleo pontino, que está coberto
pelas fibras transversais, através das quais o cruzamento OCOlTe.Assim,
os impulsos que se originam no cerebelo esquerdo são projetados para
o hemisfério cerebelar direito.
O véu medular rostral forma o teto do quarto ventrículo, entre
o colículo caudal do mesencéfalo, rostralmente, e a superfície ventral
média do cerebelo, caudalmente. As fibras cruzadas do nervo troclear
correm através desse véu (Fig. 223). O véu, no espécime preservado,
repousa no soalho do quarto ventrículo e recobre a abertura caudal do
aqueduto mesencefálico. Insira uma cânula abaixo da borda caudal cor-
tada e levante o véu para demonstrar sua fixação e a continuação do
quarto ventrículo com o aqueduto.
Mielencéfalo (medula oblonga)
O mielencéfalo, ou medula oblonga, se estende das fibras trans-
versais da ponte até o nível dos fascículos radiculares ventrais do pri-
meiro nervo cervical. O corpo trapezóide é uma faixa transversal de
fibras rostrais, que corre paralela e caudal mente às fibras transversais
da ponte (Figs. 222, 230, 231). É contínuo lateralmente com o nervo
vestibulococlear e os núcleos cocleares na superfície lateral da medula
oblonga, e tem função no sistema auditivo. As pirâmides são um feixe
de fibras que correm longitudinalmente, em ambos os lados do plano
mediano ventral. Elas emergem das fibras transversais, como continua-
ções caudais dos axônios das fibras longitudinais da ponte, que não ter-
SISTEMA NERVOSO 191
Ventrículo lateral
Cavidade do bulbo olfatório
Aqueduto mesencefálico
Forame interventricular
Recesso suprapineal, 111ventrículo
Corno rostral, ventrículo lateral
Cavidade do bulbo olfatório
Corno caudal, ventrículo lateral
Canal central
Recesso lateral
Recesso infundibular
Corno ventral (temporal), ventr. lal.
Fig. 226 VentrÍculos encefálicos. A direção das setas indica o fluxo de líquido cerebroespinhal (de de Lahunta, 1983).
192 srSfEJVIA l\.TERVOSO
Fig. 227 Mesencéfalo e hemisférios cerebrais. (A substância branca está corada com hematoxilina fénica e aparece negra na fot0grafia.)
I. Yentrículo lateral
2. Hipocampo
3. Colículo rostral
4. Aqueduto mesencefálico
minam nos núcleos pontinos. Elas correm caudalmente através do cor-
po trapezóide. para continuar na superfície ventral da medula oblonga.
As pirâmides são separadas pela fissura mediana ventral. Esta fissura
pode ser seguida caudal mente até que seja obliterada, por uma curta
distância. pela decussação das pirâmides localizada no nível da emer-
gência das fibras do nervo hipoglosso. A decussação em si é difícil de
ser visualizada. pois ocorre à medida que as fibras piramidais penetram
dorsalmente no parênquima da medula oblonga. Os axônios piramidais
continuam na medula espinhal como tratos corticoespinhais.
O sexto nervo craniano, ou abducente, deixa a medula oblonga
através do corpo trapezóide, localizado lateralmente na borda de cada
pirâmide.
Os nervos cranianos VII e VIII estão localizados na face lateral
da medula oblónga. O nervo craniano VII, nervo facial (Fig. 222), é
menor e deixa a superfície lateral da medula oblonga através do corpo
trapezóide, caudal mente ao nervo trigêmeo e rostroventralmente ao oi-
tavo nervo craniano.
O nervo craniano VIII, nervo vestibulococlear (Figs. 222, 223,
228). está na face lateral da medula oblonga na extensão mais lateral do
corpo trapezóide. sendo lateral ao nervo facial. Parte do nervo vestibulo-
coclear contribui COI11 fibras para o corpo trapezóide. Parte dele penetra
diretamente na medula oblonga e a outra paJ1e cotTe sobre a supetfície
dorsal oa medula oblonga e do pedúnculo cerebelar caudal, indo para o
núcleo acústico (Fig. 223). Isto ocorre logo caudal mente no local onde o
pedúnculn cerebelar caudal penetra dorsalmente no cerebelo. Os núcleos
codeares são adicionados a esse nervo. à medida que ele corre sobre as
supcrl Ícies lateral e dorsal da medula oblonga (Figs. 223, 228, 230).
O ncrvo craniano XII. nervo hipoglosso, emerge como um nú-
mero de fascículos radiculares finos, a partir da face ventrolateral do
mielencéfalo. caudal mente ao corpo trapezóide. Observe que essas fi-
5. Braço do colículo caudal
6. Pedúnculo cerebral
7. Formação reticular
8. Núcleo oculomotor
bras estão no mesmo plano sagitalque o terceiro e o sexto nervos crania-
nos, rostralmente, e no dos fascículos radiculares da medula espinhal,
caudalmente. Todos esses nervos contêm neurônios eferentes somáti-
coso A junção do mielencéfalo com a medula espinhal está entre as fi-
bras do hipoglosso e os fascículos ventrais do primeiro nervo espinhal
cervical. O nervo hipoglosso, fora do crânio, é muito maior devido à
adição de componentes de tecido conjuntivo.
Dorsolateralmente à emergência das fibras do nervo hipoglosso
e das fibras da raiz ventral do primeiro nervo espinhal cervical, um ner-
vo cor;'e de ponta a ponta, ao longo da superfície lateral da medula espi-
nhal. E o 11.o nervo craniano, o nervo acessório (Figs. 216, 222, 232).
Seus fascículos radiculares espinhais emergem da superfície lateral da
medula espinhal. tão caudal mente quanto o sétimo segmento cervical.
Eles emergem entre os níveis dos fascículos radiculares dorsal e ventral
dos nervos espinhais cervicais e con'em cranialmente. através do canal
vertebral e do forame magno. Alguns fascículos radiculares cranianos
emergem da face lateral da medula oblonga caudal mente ao 10.0 nervo
craniano e se juntam ao nervo acessório, à medida que este transita pela
medula (Fig. 222). Esses são comumente arrancados da medula oblon-
ga, durante a remoção do encéfalo para dissecção. O nervo acessório
deixa a cavidade craniana através do forame jugular e a fissura timpa-
noccipital, juntamente com o nono e o 10. o nervos cranianos.
Os nervos cranianos IX e X, os nervos glossofaríngeo e vago,
deixam a face lateral do mielencéfalo. caudal mente ao oitavo nervo cra-
niano e rostralmente ao nervo acessório. Esses fascículos radiculares são
pequenos e raramente estão preservados no encéfalo. quando este é re-
movido.
Examine a superfície dorsal da ponte e ela meelula oblonga (Fig.
223). Em ambos os lados do quarto ventrículo estão as extremidades
cortadas dos três pedúnculos cerebelares. O pedúnculo cerebelar ros-
SISTEMA J'-.TERVOSO
Fig. 228 Cerebelo e mielencêfalo. (A substância branca está corada com hematoxilina fêrrica e aparece negra na fotografia.)
193
I . Lobo occipital
2. Verme cerebelar
3. Hemisfério cerebelar
4. Núcleo cerebelar
5. Quarto ventrículo
6. Núcleo coclear e nervo vestibulococlear
7. Corpo trapezóideo
traI é medial e corre rostralmente pelo mesencéfalo; o pedúnculo ce-
rebelar médio é lateral e se origina das fibras transversais na face late-
ral da ponte; e o pedúnculo cerebelar caudal está no meio, proceden-
do do mielencéfalo, após passar abaixo do núcleo acústico.
O sulco no centro do soalho do quarto ventrículo é o sulco me-
diano. Na parede lateral, o sulco longitudinal é o sulco Iimitante. Ime-
diatamente lateral a esse último sulco, no nível do núcleo acústico, existe
uma leve proeminência dorsal na medula oblonga, que demarca a loca-
lização dos núcleos vestibulares. A maioria dos neurônios vestibula-
res do nervo vestibulococlear termina nesse local.
O teto do quarto ventrículo, caudalmente ao cerebelo, é o véu me-
dular caudal, que consiste em uma camada fina, composta de epêndi-
ma, que reveste o quarto ventrículo, e uma camada de suporte de pia-
máter, vascularizada. O véu medular se fixa ao cerebelo rostralmente,
ao pedúnculo cerebelar caudalmente e ao fascículo grácillateral e cau-
dai mente. Sua fixação caudal mente no ápice é conhecida como óbex.
Neste nível. o quarto ventrículo é contínuo com o canal central da me-
dula espinhal.
No nível do oitavo nervo craniano. existe uma abertura no véu
medular caudal. conhecida como abertura lateral do quarto ventrícu-
10 (ver Fig. 217). O líquido cerebroespinhal. produzido no sistema ven-
tricular. comunica-<;e com o espaço subaracnóideo das meninges. atra-
vés dessa abertura. Ele então percorre. através do espaço subaracnói-
de0. toda a superfície do encéfalo e da medula espinhal e é ahsorvido
pelo sistema venoso. A maior parte dessa absorção ocorre quando a arac-
n(\idc cstá em íntima apusição com os seios venosos cerebrais e onde
S,lO formadas estruturas cspecializ.adas conhecidas como vilosidades
aracn6ideas. O líquido cerebroespinhal também é absorvido do espaço
8. Trato piramidal
9. Fibras do nervo abducente
10. Fibras descendentes do nervo facial
11. Núcleo vestibular
12. Pedúnculos cerebelares caudais
13. Flóculo
14. Trato espinhal do nervo trigêmeo
subaracnóideo, onde os nervos espinhais deixam o canal vertebral, atra-
vés dos forames intervertebrais e ainda ao longo dos nervos olfatório e
óptico.
O plexo coróideo do quarto ventrículo protrai-se no lúmen ven-
tricular, em cada lado da linha mediodorsal. Cada plexo se estende para
o exterior através de abertura lateral, onde esta foi vista caudal mente ao
cerebelo, antes que ele fosse removido.
Examine a superfície dorsal do mielencéfalo caudal ao quarto
ventrículo. As estruturas a serem observadas podem ser mais facilmen-
te reconhecidas se a pia-aracnóide for removida e a medula oblonga for
examinada sob um microscópio de dissecção. O sulco mediano é o sul-
co mediano dorsal. A estreita protuberância longitudinal que forma a
parede do sulco é o fascículo grácil (Fig. 223). Esse trato longitudinal
ascende por todo o comprimento da medula espinhal, nessa posição. Na
extremidade caudal do mielencéfalo, ele termina no núcleo grácil. Este
núcleo está localizado na extremidade caudal do quarto ventrículo. onde
o fascículo grácil se alarga e termina. Esse fascículo e o núcleo funcio-
nam primariamente na propriocepção dos membros pélvicos.
O sulco lateral ao fascículo grácil é o sulco intermédio dorsal.
A protuberância longitudinal lateral a ele é o fascículo cuneiforme. Este
trato também ascende pela face dorsal da medula espinhal. começando
na região mesotorácica. O fascículo cuneiforme diverge lateralmente na
extremidade caudal do quarto ventrículo e termina em uma leve protu-
berância. que representa o núcleo cuneiforme lateral e é conhecida
como tubérculo cuneiforme. Rostralmente, o núcleo cuneifonne late-
ral é contíguo com o pedúnculo cerebelar caudal. O fascículo e o nú-
cleo cuneiformes funcionam primariamente na propriocepção dos mem-
bros torácicos.
194 SISTEMA NERVOSO
O sulco na superfície caudodorsal do mielencéfalo, lateral ao fas-
cículo cuneiforme, é o sulco dorsolateral. A proeminência longitudinal
lateral ao sulco é o trato espinhal do nervo trigêmeo. Os axônios nesse
trato são provenientes dos corpos celulares sensoriais do gânglio
trigeminal, que inervam a cabeça. O trato trigeminal se estende caudal-
mente no nível do primeiro segmento cervical da medula espinhal, devi-
do ao grande número de corpos celulares que servem à sua extensa distri-
buição periférica na cabeça. Esse trato emerge na superfície lateral do
mielencéfalo caudal, junto à faixa de fibras ascendentes oblíquas, as fi·
bras arciformes superficiais. As fibras arciformes conectam estruturas
da medula oblonga com o pedúnculo cerebelar caudal.
Os fascículos radiculares dorsais dos nervos espinhais penetram
através do sulco dorso lateral da medula espinhal.
Telencéfalo (cérebro)
O cérebro esquerdo foi previamente removido (ver Fig. 230), pelo
corte da comissura rostral, corpo caloso e comissura do hipocampo; se-
paração das duas metades do corpo do fómice no plano mediano e secção
da cápsula interna, que fixava o cérebro ao tálamo do tronco encefálico.
Existem três vias comissurais que se cruzam entre os hemisfé-
rios, uma para cada divisão filo genética do cérebro. O corpo caloso co-
necta as porções neoplásicas de cada hemisfério e é a maior das três vias.
A comissura rostral conecta os componentes paleopálicos, ou olfatórios,
de cada hemisfério. A comissura hipocampal é pequena, está localizada
imediatamente caudal à junção da cruz de cada fórnice, e conecta os
componentes arquipálicos de cada hemisfério. A cápsula interna consis-
te na projeção das fibras que correm entre o tronco cerebral e o hemis-
fério cerebral. As fibras de associação permanecem nos hemisférios, cor-
rendo entre giros adjacentes ou distantes.
O corpo caloso