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32 UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL ESCOLA DE PSICOLOGIA BÁRBARA COSTA SOARIS MARCELLY COSTA DE SOUSA Pandemia da COVID-19 e os impactos para a saúde mental São Caetano do Sul 2022 BÁRBARA COSTA SOARIS MARCELLY COSTA DE SOUSA Pandemia da COVID-19 e os impactos para a saúde mental Trabalho de Conclusão de Curso depositado em formato de artigo científico como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Psicologia. Orientador (a): Catalina São Caetano do Sul 2022 RESUMO A pandemia causada pelo novo Coronavirus (COVID-19) tem sido descrita como uma das maiores crises sanitárias da história mundial. Ainda sendo um vírus em estudo, muitos dos aspectos como as formas de contágio, tratamentos e medidas de contenção do vírus ainda tem sido avaliados no sentido de propor protocolos eficientes de combate e controle. Com o colapso dos sistemas de saúde, a sobrecarga de trabalho dos profissionais e medidas radicais como o distanciamento social impactam diretamente na saúde mental da população. As informações equivocadas sobre os riscos e sobre a contaminação e disseminação, além dos impactos econômicos e das mudanças gerais que forçaram a população a uma nova realidade incidiram negativamente na saúde mental das pessoas. No campo da saúde mental tornou-se necessário compreender formas de propor ajustamento mental diante de tantas diversidades. Muitos sentimentos e emoções acabaram vindo à tona de maneira mais incisiva devido à proximidade das convivências. Problemas como irritabilidade, depressão, tristeza, estresse, ansiedade em pessoas de diversas faixas etárias acabaram ficando mais evidentes e comuns. Vários foram os fatores que contribuíram para que esses problemas ficassem cada vez mais comuns. As informações equivocadas sobre os riscos e sobre a contaminação e disseminação, além dos impactos econômicos e das mudanças gerais que forçaram a população a uma nova realidade incidiram negativamente na saúde mental das pessoas. A presente pesquisa objetivou analisar esses impactos especialmente tendo em vista o isolamento social, sendo em sua metodologia uma pesquisa exploratória de caráter qualitativo bibliográfico com por meio de leitura interpretativa, de contexto e seletiva. Os resultados observados evidenciam grande influência do isolamento social em relação a problemas e agravamento de transtornos de ordem psicológica em diversos grupos da sociedade. Palavras-chave: Saúde mental. Distanciamento social. Quarentena. Covid-19; Psicanálise. 1 INTRODUÇÃO A pandemia causada pelo novo Coronavirus (COVID-19) tem sido descrita como uma das maiores crises sanitárias da história mundial. Ainda sendo um vírus em estudo, muitos dos aspectos como as formas de contágio, tratamentos e medidas de contenção do vírus ainda tem sido avaliados no sentido de propor protocolos eficientes de combate e controle (MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL, 2020). Em meados de abril de 2020 com a constatação da multiplicação rápida dos casos de Covid 19 espalhados pelo mundo e com foco inicial na China, que ocasionou um aumento significativo de mortes por insuficiência respiratória aguda, gerando uma alta demanda nas hospitalizações e nos cuidados intensivos, fazendo com que a Organização Mundial da Saúde – OMS, decretasse em março a pandemia. Ressalta-se que a saúde mental se constitui como um fator afetado quando se estabelece uma pandemia. Com o colapso dos sistemas de saúde, a sobrecarga de trabalho dos profissionais e medidas radicais como o distanciamento social impactam diretamente na saúde mental da população. Conforme Araújo e Machado (2020), o distanciamento social tornou-se o meio mais efetivo para conter avanço do vírus, contudo, para que se estabeleça tal medida foi necessário o fechamento de inúmeros segmentos do comércio, prestação de serviços e setor público em diferentes esferas, ficando em funcionamento apenas estabelecimentos considerados essenciais, tais como, hospitais, farmácias, supermercados. Ainda Araújo e Machado (2020), com as medidas efetivas para garantir o distanciamento social, as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa e isso mudou completamente a rotina de todos, as formas de trabalho e lazer. Muitos sentimentos e emoções acabaram vindo à tona de maneira mais incisiva devido à proximidade das convivências. Problemas como irritabilidade, depressão, tristeza, estresse, ansiedade em pessoas de diversas faixas etárias acabaram ficando mais evidentes e comuns. Vários foram os fatores que contribuíram para que esses problemas ficassem cada vez mais comuns. As informações equivocadas sobre os riscos e sobre a contaminação e disseminação, além dos impactos econômicos e das mudanças gerais que forçaram a população a uma nova realidade incidiram negativamente na saúde mental das pessoas. A pandemia por Covid 19 trouxe à tona muitos e múltiplos problemas que levaram a necessidade de maiores investigações, especialmente sobre a própria covid 19 bem como suas consequências para saúde pública. No campo da saúde mental tornou-se necessário compreender formas de propor ajustamento mental diante de tantas diversidades justificando dessa forma estudos nesse sentido. Tendo em vista a questão da contaminação pelo vírus como fator chave para a consolidação da pandemia por Covid 19, fator este que desencadeou inúmeras consequências que de alguma maneira afetaram a vida das pessoas, tais como, o medo de adoecer, o distanciamento social, as mudanças na rotina de casa e do trabalho, as notícias em torno dos acontecimentos, as Fake News, a maneira como foi realizado o enfrentamento da crise sanitária e outros aspectos que sugerem o seguinte questionamento: a pandemia da Covid-19 provocou realmente a piora da saúde metal? Como objetivo primário pretende-se investigar se houveram e quais foram os principais agravantes que contribuíram para a piora da saúde mental na pandemia. Como objetivo secundário pretende-se confirmar se as pessoas já tinham algum indício que apontasse certa fragilidade na saúde mental e que houve piora durante a pandemia. A hipótese parte do entendimento que a pandemia trouxe questões de prevenção a saúde que foram tomadas para que as pessoas pudessem ser protegidas e que o contágio pelo vírus diminuísse. Busca-se confirmar se as pessoas já lidavam com problemas psicológicos e, com a chegada da pandemia, foram surgindo novas informações, essas foram se agravando e consequentemente a saúde mental também. E se o contexto dessa piora envolve informações demasiadas, isolamento, falta de convívio social, trabalho, medo constante, etc. 2. BASE TEÓRICA Conforme Ornell, Schuch e Sordi (2020), o distanciamento social foi amplamente difundido desde o início da pandemia por Covid 19 em março de 2020. Trata-se do afastamento físico das pessoas que passam a manter uma distância de pelo menos dois metros para poderem interagir. A recomendação de distanciamento social tem como objetivo essencial prevenir as aglomerações e a disseminação do vírus buscando a diminuição do contágio. Outras medidas além do distanciamento social também foram utilizadas, tais como a quarentena e o isolamento. Embora os termos sejam entendidos como sinônimos, existe uma substancial diferença entre eles caracterizada especialmente pelos objetivos que possuem. A quarentena funciona como recurso de contenção e sua finalidade é restringir a circulação de pessoas que foram expostas ao vírus evitando a disseminação. A quarentena inclui observação, cuidados e verificação periódica para confirmação da cura e liberação do indivíduo. Já o isolamento tem a finalidade tanto separar pessoas infectadas quanto prevenir infecção (ORNELL, et al, 2020). A quarentena foi adotada no Brasil como medida de combate a transmissão comunitária do Corona Vírus a partir da Portaria nº 454/2020 lançada pelo Ministério da Saúde e posteriormente instituída pela Lei nº 13.979/2020 como obrigatoriedade na tentativa de conter o contágio. A quarentena temsido considerada uma medida fundamental no que tange barrar o contágio, pois, a desaceleração da disseminação do vírus é necessária para a organização dos sistemas de saúde e a redução do número de óbitos. Apesar de ter sido um termo muito difundido nos últimos meses e somente ter sido levado a conhecimento de muitos recentemente, a quarentena tem sido utilizada há muitos anos para o controle de doenças contagiosas (Ornell, et al, 2020). A quarentena é a forma de distanciamento social mais severa pois implica no afastamento total das pessoas com isolamento intenso e impedimento do contato. Justamente esse afastamento severo diante de uma pandemia que para a maioria das pessoas foi algo totalmente desconhecido, somado a incertezas e a total mudança a nível global que gerou diversos problemas e transtornos nas pessoas (Ornell, et al, 2020). Segundo Lima et al. (2020) embora a humanidade já tenha passado por outras pandemias, o momento atual em que incide a pandemia por covid 19 tem levantado várias questões a partir de estudos que denotam uma maior possibilidade do aumento de transtornos mentais como consequência das medidas de contenção ao vírus. Transtornos de ansiedade, depressão e aumento nos índices de suicídio e de comportamentos suicidas tem sido os mais relatados e diretamente ligados a quarentena e isolamento social. Diante de tais impactos torna-se fundamental criar estratégias que possam reduzir ao máximo os danos causados pelas medidas de controle ao vírus. O distanciamento no caso do Corona vírus ocorre de maneiras diferentes e com níveis de severidade diversos. Dessa forma, há as medidas preventivas que preveem o corte do contato físico e interações realizadas pessoalmente, tais medidas adotadas em todo o mundo e que fizeram com que as pessoas passassem mais tempo em casa, isoladas de amigos e familiares tendo como meio de contato apenas os canais virtuais. Há as medidas de contenção que implicam no isolamento total de pessoas contaminadas que apresentam sintomas leves ou que estejam assintomáticas, por um período de tempo determinado. Nesses casos, os indivíduos ficam privados, de forma total, do contato com outros, muitas vezes separados em um ambiente distinto. E existe o isolamento para tratamento da Covid 19 quando há a necessidade de internação hospitalar. Nesse isolamento a pessoa fica no hospital totalmente privada do contato com amigos e familiares, recebendo cuidados médicos e monitoramento (Lima, et al., 2020). De todas as formas, a ruptura das conexões sociais físicas implicam negativamente para a saúde mental e são agravantes de impactos psicológicos. É fundamental que mediante todas as formas de distanciamento e isolamento, as pessoas estejam cientes e recebam informações claras sobre a pandemia e suas consequências. Além disso, é preciso que os canais de suporte à saúde mental sejam amplamente difundidos e estejam funcionais (Maia; Dias, 2020). Ainda que o distanciamento seja uma das medidas mais eficientes no controle de pandemias, é importante refletir que a situação de isolamento pode afetar severamente a saúde mental pois há uma mudança geral na rotina e no comportamento das pessoas que é feita de maneira abrupta. Assim, o afastamento de família e amigos, a sobrecarga emocional, a mudança nas formas de trabalhar e estudar, podem contribuir significativamente com o desgaste físico e mental (Maia; Dias, 2020). Já para Vasconcelos, Feitosa, Medrado e Brito (2020), a questão do distanciamento afeta as pessoas não somente pelo que ocorre dentro de seus ambientes mas também pelo que é visto e noticiado. O aumento dos casos de covid observado no mundo todo fez com que governos adotassem medidas cada vez mais restritivas como bloqueios, isolamento de comunidades, bairros e até cidades inteiras. Essas medidas são vistas com receio e medo por muitas pessoas e contribuem também com o desgaste emocional por se questionarem sobre quanto tempo será necessário para voltar à normalidade. Existe a questão da ampliação do estresse pela cessação do direito de ir e vir e a mudança na rotina com a quebra na normalidade. Esses condicionantes associados a outros de natureza externa, como por exemplo, a cobertura da mídia que ora noticia sobre a elevação de casos e mortes, ora sobre a despreocupação de muitos com a relevância das medidas de enfrentamento, bem como, a postura dos governos. Esse conjunto de elementos contribuem para o crescimento do estresse e ansiedade. A incerteza sobre quanto tempo as medidas possam durar, a questão da vacinação, a mídia repetidamente tratando do assunto, construíram um conjunto de elementos que em contexto de pandemia acabaram criando níveis de estresse amplificados, especialmente pela incerteza de quanto tempo poderia durar a crise (Vasconcelos, et al., 2020). Outro fator que se pode mencionar e ser somado ao sentimento de incerteza foi a chuva de informações equivocadas sobre o Corona vírus, as medidas de enfrentamento, o contagio, a relevância do distanciamento social, dentre outras. Tais fatores repercutiram junto com a severidade das medidas restritivas e acabaram impactando as pessoas em âmbito individual, profissional, familiar e social sendo catalizadores de problemas como a ansiedade e a depressão Nesse contexto, pode-se mencionar os estudos realizados por Wang et al. (2020) entre os meses de janeiro e fevereiro de 2020 em 194 cidades chinesas, cujo objetivo era conhecer os impactos psicológicos da pandemia. Os resultados mostraram que um impacto psicológico variando entre moderado a grave em quase 54%. Quando direcionada a classificar tais impactos, os autores observaram que sintomas depressivos moderados a graves estavam presentes em 16,5% dos pesquisados, além de sintomas de ansiedade com uma variação de aumento. Os participantes da pesquisa ficavam em casa em torno de 20 a 24 horas, com saídas programadas para apenas estabelecimentos essenciais e apresentaram preocupação com o panorama da Covid observado nos noticiários e o temor quando parentes apresentavam sintomas gripais (Wang, et al., 2020). O cruzamento dos dados da pesquisa evidenciaram um aumento significativo nos indicadores de transtornos de pânico, aumento moderado para os sintomas de ansiedade e aumento no acometimento de outras doenças durante o distanciamento social (Wang, et al., 2020). As medidas de isolamento social, paulatinamente, foram intensificando aspectos negativos relacionados a pandemia, como a incerteza sobre a volta à normalidade, a possibilidade de vacinas, além das mudanças bruscas na rotina das pessoas. Alguns sentimentos e hábitos foram amplificados e intensificados ou perdidos por causa do isolamento. Irritabilidade, culpa, perda de interesse em praticar esportes ou atividades que antes eram prazerosos, distúrbios alimentares, dentre outros (PEREIRA, et al., 2020). O estudo Pereira et al. (2020) mostram que algumas medidas se fazem necessárias para que o isolamento social seja menos agressivo. É preciso investir em educação em saúde, informação, especialmente sobre as medidas de isolamento, buscando a adesão voluntária e consciente da população. É importante ressaltar que todas as medidas de controle da pandemia devem ter respaldo cientifico e devem ser fundamentadas pela ação coerente de governos no que tange a aplicação e condução de tais medidas para que a população esteja de fato ciente e disposta a colaborar. O mundo foi pego de surpresa pela pandemia, muitos governos não conseguiram construir uma rede de informações tão rápida quanto a proliferação do vírus e, ainda, muitas informações sobre o Corona Vírus foram sendo aprendidas durante a pandemia, ou seja, não foi possível criar um sistema claro e objetivo que fosse capaz de informar a população sobre todas as medidas necessárias de modo a deixar as pessoas mais seguras ou prepara-las melhor para o enfrentamento do problema. Somados a isso, muitas divergências de opiniões, notícias falsas e o negacionismo observado em alguns países, contribuíram para disseminação mais rápida do vírus sem uma redeadequada de serviços de informação e de saúde. 2.1 A pandemia de COVID-19 e os impactos na Saúde Mental Segundo Schmidt et al. (2020) a saúde mental tem sido vista sob diferentes perspectivas e tem sido amplamente discutida a partir de um conceito mais amplo e integrado. A saúde mental abarca diferentes aspectos essências da vida do indivíduo que incluem qualidade de vida, bem estar emocional, bem estar social e psicológico que englobam elementos diversos como os níveis de satisfação com a vida, os processos de aceitação, crescimento pessoal, relações e autonomia, dentre outros. Dessa forma, a saúde mental deve ser entendida a partir dos aspectos já mencionados e no que tange o desenvolvimento de potencialidades que produzam satisfação e a realização pessoal e profissional. Além disso, segundo Schmidt et al. (2020), o conceito de saúde mental deve ser visto também pela participação do indivíduo na sociedade e pelo acesso a bens culturais e sociais. As relações em âmbito social tem sido drasticamente afetadas pela pandemia da COVID-19 e isso gerou intensificação da preocupação com a saúde mental diante das medidas de enfrentamento da maior crise sanitária e de saúde pública mundial percebida nos últimos tempos (OMS, 2020). O cenário social construído a partir da pandemia possui influência direta na as saúde mental das pessoas porque os impactos psicológicos existem e são de fato possíveis mediante a crise sanitária estabelecida. Elementos como estresse e ansiedade tem contribuído significativamente para o surgimento de problemas que afetam a saúde mental. O isolamento social intensificou o estresse e a ansiedade agravados em quadros em que surgem reações comportamentais que podem levar a transtornos do pânico, estresse pós-traumático, depressão e até suicídio. Pacientes diagnosticados com COVID 19 tendem a ter mais chances de desencadear esses quadros. Familiares de pacientes e pessoas que ainda não tiveram a doença mas estão em isolamento social como medida preventiva, também apresentam aumento das chances de desenvolver transtornos Schuchmann et al. (2020) tem alertado que é imprescindível a existência de redes de apoio a familiares e doentes como suporte ao tratamento e prevenção dos agravamentos de quadros relativos aos sentimentos e emoções evidenciados a partir do isolamento. O isolamento favorece o agravamento dos níveis de estresse de pessoas que possuem dificuldades de verbalizar sentimentos e isso pode contribuir com surgimento da depressão, além de aumentar a possibilidade de surgimento do Transtorno de Estresse Pós- Traumático – TEPT. Além de todos os riscos possíveis no isolamento social, há ainda um conjunto de fatores externos que podem contribuir para o surgimento de problemas que comprometem a saúde mental. A vulnerabilidade social, as notícias, a ineficiência da atuação de governos ou os conflitos de opinião sobre a eficácia das medidas de controle são exemplos de elementos estressores externos (Fiocruz, 2020b). Refletindo sobre os riscos do isolamento social para a saúde mental, a Organização Mundial da Saúde – OMS com apoio de agências locais ou governamentais, criaram um guia buscando analisar os impactos da pandemia para a saúde mental. O guia ainda em caráter preliminar aborda diversas questões relativas aos aspectos psicossociais evidenciados durante a crise sanitária (Gagliato, 2020). O guia traz aspectos a partir de três eixos: Saúde mental em emergências comunitárias; Atenção psicossocial e destaque no sistema de intervenções. Esses eixos exaltam a preocupação com trabalhadores da linha de frente, com as vulnerabilidades sociais, além de analisarem aspectos referentes a criação de redes de atenção social e de intervenção com ênfase no atendimento de crianças, adolescentes, pessoas idosas e pessoas em isolamento, bem como, garantir subsídios para apoiar pesquisas e o trabalho de agentes comunitários de saúde. (Gagliato, 2020). De acordo com Aquino et al. (2020), deve-se construir uma reflexão que gere o devido suporte para o enfrentamento dos efeitos psicológicos ocasionados pelas medidas de contenção da pandemia. Além disso, é necessário compreender as demandas e organizar políticas públicas voltadas ao atendimento das camadas diferentes da população e suas necessidades. A pandemia trouxe essa realidade e todos os problemas foram intensificados em consequência do isolamento social necessário. Não se pode ignorar que quando as pessoas são acometidas pela doença e tem que lidar com o medo é um ponto de bastante peso para a saúde mental do indivíduo, maior peso é sentido quando além do medo da morte a pessoa encontra-se sozinha, sem o afeto e cuidados de amigos e familiares, isso faz toda diferença na intensidade das emoções que o indivíduo sentirá (Aquino, et al.,2020). Além disso, há ainda o lado de quem não está doente, mas esta privado da presença do seu ente querido, sem poder cuidar e isso gera inúmeros confrontos em que a solidão do isolamento, o fato de ter alguém doente correndo risco de morte e a incapacidade ou frustração de não poder estar presente do ente querido afetam drasticamente a saúde mental dos indivíduos. O medo é um dos principais sentimentos observados em meio aos comportamentos e aos quadros de transtornos. Atualmente o medo tem como referência a supressão de relações sendo base para desencadear diversos problemas que afetam a saúde mental (DSM-V,2014). Araújo e Machado (2020) salientam que o medo é o princípio, a base dos grandes desafios enfrentados no que tange a saúde mental. O caso dos profissionais de saúde por exemplo, observou-se um aumento significativo do medo e da sensação de impotência desses profissionais em relação aos riscos que corriam e em relação a frustração pelas vidas perdidas no exercício do trabalho. O medo de voltar pra casa, o estresse da rotina exaustiva dentro dos hospitais, elementos que contribuíram para que surgissem uma série de transtornos emocionais entre esses profissionais. Levantamentos feitos pela OMS indicam que um índice alto de profissionais da saúde estão apresentando sintomas de transtorno do estresse pós-traumático cujo fator preponderante associado é o medo pelo risco do trabalho e pela perda de colegas, amigos e familiares. Araújo e Machado (2020) apontam que muitos fatores podem contribuir com a vulnerabilidade dos sujeitos. Levando em conta ainda o exemplo dos profissionais da saúde, entende-se que o medo e a impotência tem se relacionado com fatores como a baixa estima, falta de condições dignas de trabalho, excesso de situações de estresse laboral, contato excessivo com mortes, baixo poder aquisitivo, medo da morte, medo de ser contaminado ou de contaminar a família, etc. Todos esses fatores tem contribuído para o aumento considerável do grau de vulnerabilidade do indivíduo no âmbito psicossocial. Todos esses fatore foram considerados pela OMS na análise dos impactos da COVID 19 na saúde mental, na realização de campanhas informativas com mensagens de bem estar mental e psicossocial destinadas a vários setores da sociedade. A OMS também tem recomendado que as pessoas busquem preservar a saúde mental ao máximo possível, evitando notícias falsas, buscando fontes confiáveis de informação e tendo uma vida relativamente saudável dentro do isolamento. No estudo realizado por Wang et al. (2020), foi considerado que mais da metade da população chinesa sofreu danos psicológicos de moderados a grave durante o isolamento feito na pandemia. Os autores ressaltam ainda que os grupos mais atingidos incluem os profissionais da saúde e seus familiares, pessoas que adoeceram e seus familiares e pessoas que já possuíam diagnóstico de transtornos mentais. Todos os grupos mencionados anteriormente receberam suporte psicológico ofertado pelo governo Chinês que realizou estudos sobre a importância do apoio e de conhecer os riscos para o surgimento de transtornos mentais durante a pandemia, buscando a partir das informações criar programas de intervenção psicoterapêutica adaptado ao distanciamento social. Essesuporte psicológico teve como objetivo inicial atender a população do país no que tange a redução dos impactos da COVID – 19 na saúde mental mas acabou sendo referência mundial. Tendo em vista esses impactos e as iniciativas da China no contexto da saúde mental em pandemia, Organização Pan-Americana da Saúde, Unidade de Saúde Mental e Uso de Substâncias lançaram recomendações gerais para governantes sobre a redução dos impactos psicológicos da pandemia na vida das pessoas com foco especial na população em situação de vulnerabilidade, profissionais de saúde, idosos e pessoas com doenças crônicas. A Organização Mundial da Saúde – OMS, também tem alertado para o cuidado e o suporte psicológico para os grupos populacionais mais afetados levando-se em conta o contexto social desses grupos. Dessa forma, ao se refletir sobre a saúde mental desses grupos é importante identificar suas diferenças e condicionantes. Dentre os fatores a serem considerados estão, sexo, idade, condição socioeconômica, a relação da pessoa com a pandemia, sua adesão as medidas preventivas, o uso de medicamentos, os processos de luto e recuperação, etc. (Garrido & Garrido, 20200. Criar uma base de apoio psicológico envolve, portanto, uma atenção geral aos múltiplos aspectos que se interligam a saúde mental das pessoas. 2.2 A Pandemia em contexto psicanalítico Em nível mundial a pandemia da COVID – 19 evidenciou consequências e impactos a saúde mental da população a médio e longo prazo. Trata-se de um grande trauma coletivo vivido no momento atual e que envolve diferentes grupos. São famílias que perderam parentes e amigos, pessoas que se recuperaram depois de longo tempo de hospitalização, profissionais de saúde e a população em geral que tem vivido mediante uma ameaça real e invisível com impactos profundos e persistentes tanto na saúde mental quanto financeiro (Lima, et al., 2020). A Revista European Psychiatry divulgou um diagnóstico sobre a crise ocasionada pela pandemia com um levantamento de quatro dimensões que envolvem os impactos do isolamento na saúde mental. De acordo com a revista, tais impactos se evidenciam nas dimensões cognitiva, comportamental, emocional e fisiológica (Fiorillo & Gorwood, 2020). Em campo cognitivo é comum sintomas de paranoia, como relacionar tudo que acontece com o vírus; em nível comportamental é comum a compulsividade, disfunção na realização de atividades, dificuldade de concentração; em nível emocional os sintomas mais comuns envolvem medo e ansiedade; e a nível fisiológico transtornos do sono são os mais percebidos. Os impactos psicológicos ocasionados pela pandemia possuem uma manifestação coletiva tendo em vista a pandemia ser um problema de saúde pública a nível mundial. Essa situação vista por todos os ângulos (sentida de forma pessoal pela população, acompanhada pelas notícias, etc.), acaba tendo afetando a todos de maneira ampliada. Além disso, o cenário de incertezas gera medo e insegurança que, por sua vez, culminam na angustia generalizada (Pereira, et al., 2020). Um dos grupos diretamente afetados foi o dos profissionais de saúde da linha de frente. Há uma preocupação com esse núcleo de pessoas que tiveram e tem que lidar com altos índices de estresse e medo. No sentido de buscar informar a população é necessário haver uma sensibilização em massa sobre a importância da saúde mental desses profissionais. A crise ocasionada pelo Corona Virus nos traz uma nova relação com a realidade, nos faz refletir sobre aspectos que antes não ficavam evidenciados. Essa nova compreensão se relaciona tanto com o simbólico quanto com imaginário e funciona de maneira diferente para cada indivíduo, mobilizando aspectos diferentes de sua estrutura psíquica com efeito desse despertar para essa nova condição, esse “novo normal” (Pereira, et al., 2020). Nesse sentido, a pandemia traz novo ajuste sintomático que implica em uma comoção direcionada que deve ser percebida dentro desse contexto. Dessa forma, a psicanálise torna-se essencial para a compreensão dessa nova realidade estabelecida em parâmetros mundiais. Segundo Freud, é preciso que haja uma relação de defesa, em toda e qualquer cultura, em relação a quem atenta contra ela. Dessa forma, se formulam leis e instituições que se organizam nesse sentido. Nesse entendimento, tem-se um vírus (que seria aquilo que atenta contra o corpus social), e a mudança nas formas de conduzir as relações sociais e as rotinas institucionais quando governos precisam agir para estabelecer meios de controle da pandemia. Assim cria-se uma relação com o simbólico e o imaginário. A partir do momento em que se ajustam as perspectivas sobre a vida mediante uma nova realidade, são produzidos efeitos que atingem diretamente a realidade e a materialização desse sentido produz interferências no imaginário. Dessa forma, o isolamento que se impõe acaba produzindo reações nos sujeitos especialmente ligadas ao medo. Angustias, paranoias, preocupações, insegurança, a formulação do imaginário em buscar compreender “quando” a realidade voltará a ser como antes e "se" voltará a ser. Tudo isso se transforma em objeto de estudo no qual a psicanálise é fundamental (Vasconcelos, et al., 2020). Essa discussões não são recentes. A pandemia trouxe à tona aspectos da intervenção psicanalítica que já vem sendo discutida em âmbito do campo freudiano. A principal dessas discussões se situa em relação as possíveis formas de tratamento que fogem à regra da presença na clínica. Com a necessidade do isolamento vias de intervenção foram evidenciadas como recursos que tanto buscam o alivio da pressão psicológica quando a colaboração com evitar o perigo de contaminação. Nesse sentido, a tecnologia tem ofertado meios como as vídeo-chamadas, lives, whatsapp ou simplesmente o viva voz do celular, que atualmente podem ser um suporte de intervenção e mesmo de manutenção dos laços sociais, uma vez que, todos estão separados do convívio presencial. O que fica perceptível é que a crise possibilita reinventar as formas de se explorar conceitos e princípios a partir da clínica, considerando múltiplos aspectos de suas manifestações e representações seja na literatura ou na cultura. Nesse sentido, é preciso um olhar psicanalítico que evidencie a necessidade de analisar os antecedentes da pandemia como um fenômeno com intuito de compreender diferentes aspectos desse fenômeno e como esses aspectos tem interferência no momento atual. Assim, é necessário compreender os estágios da crise, suas etapas de evolução enquanto problema de saúde pública, buscar preparar profissionais de saúde em diferentes esferas de atendimento, bem como, a população em geral. A melhor forma é criar estratégias de controle que tenham como base a informação da população sobre os riscos, de forma segura e detalhada, alertando para os riscos imediatos e a longo prazo, buscando a adesão da população às medidas preventivas e considerando que essa adesão está diretamente ligada à maneira como as pessoas percebem o vírus enquanto ameaça (Vasconcelos, et al., 2020). Em termos psicanalíticos é fundamental avaliar a crise em seus diferentes momentos buscando especificidades e entendendo quais fatores estressores estão associados aos problemas observados para que se possa ofertar o devido suporte as pessoas. Em termos gerais, é preciso reduzir as informações imprecisas ou falsas que possam gerar sintomas como ansiedade e estresse que por sua vez podem ser determinantes para complicações que afetam a saúde mental. 2.3 A COVID-19 e estratégias de enfrentamento UMediante ao que já foi mostrado até aqui, entende-se que a pandemia nos coloca inseridos em uma espécie de trauma social, considerando que, não possuímos uma representação simbólica em nosso psiquismo que reflita como enfrentar tal realidade. Como refere Garrido & Garrido (2020) a partir das considerações de Freud (1920) concebe-se o trauma como a circulação intensa de energia que acaba desafazendo nossos mecanismos de proteção e desorganizando o psíquico. É notório que durante epidemiase pandemias, autoridades sanitárias e governamentais tem canalizado esforços na compreensão dos efeitos físicos e biológicos, criando meios para contenção de aspectos que se relacionam com esses elementos e pouco ou nunca se voltam as questões que envolvem a saúde mental. Dessa forma, torna-se importante refletir sobre as repercussões psicológicas que envolvem um cenário de pandemia, tendo em vista que esses aspectos influenciam a saúde mental das pessoas o que pode afetar drasticamente o desenvolvimento positivo das medidas de prevenção e controle de uma crise como a da COVID-19 (Garrido & Garrido, 2020). Além de todas as implicações já características que envolvem o enfrentamento de uma pandemia, torna-se importante perceber a população nesse contexto a partir dessas implicações e ofertar assistência adequada em saúde mental com a elaboração de ações que visem a redução dos impactos ao longo da crise. A pandemia deve ser enfrentada a partir de dois eixos: através de medidas de prevenção e controle e pelo viés da assistência psicológica. Um exemplo de estratégias de intervenção é a China, onde o surto teve início e onde primeiramente foi necessário pensar sobre todos esses aspectos. Na China, com objetivo de reduzir os danos psicológicos, criou-se um programa voltado a promoção da estabilidade social em que uma das primeiras medidas foi a publicação de diretrizes para instituir atenção psicológica a população (Ho, et al., 2020). Tais diretrizes dividiram o público alvo e as formas de atendimento tentando adequar esse atendimento ao nível de necessidade de cada grupo. Foram criados quatro níveis para atenção psicológica: 1. Pacientes confirmados com COVID-19, hospitalizados em estado grave ou não, bem como, profissionais de saúde da linha de frente e administrativos de hospitais; 2. Indivíduos em isolamento por contato ou suspeita de infecção; 3. Pessoas que tiveram contato com indivíduos dos níveis 1 e 2; 4. População em geral que encontra-se cumprindo as medidas de distanciamento social. A atenção psicológica teria como prioridade o nível 1, sendo posteriormente estendida aos demais níveis de forma gradual e de acordo com as necessidades de cada grupo. A priorização do grupo de nível 1 ocorre tendo em vista que esse grupo se encontra em situação mais vulnerável com maior risco de adoecimento mental. Além dos pacientes, os profissionais de saúde que apresentam relação de proximidade com fatores de estresse e medo. Para esse grupo, as diretrizes incluíam acompanhamento psicológico, tratamento medicamentoso, avaliação de condutas de risco, reforço das informações sobre a importância das medidas de enfretamento, incentivo a confiança e segurança na recuperação dos pacientes (Ho, et al., 2020). Os profissionais da linha de frente e as equipes administrativas receberam continuamente treinamentos focados na gestão do estresse, incentivo a buscar ajuda psicológica quando houvesse dificuldade em lidar com emoções em situações de estresse. No nível 3, o suporte tinha como foco a observação de comportamentos como inquietação e ansiedade, bem como, o grau de dificuldade desses sujeitos em aderir as medidas de proteção, especialmente o distanciamento social. Nesses casos a intervenção feita por meio das mídias digitais era incentivado como recurso para amenizar os sintomas psicológicos (Ho, et al., 2020). No nível 4, que era voltado a população em geral, as medidas tornavam-se mais amplas e se direcionaram essencialmente à informação. Foi montado um amplo sistema de informações com base cientifica e divulgadas de maneira continua, além de esclarecimentos sobre os anais de suporte e apoio psicológico disponíveis nas redes de atendimento na saúde de base. As informações incluíam, além das orientações sobre as medidas sanitárias, orientações sobre os cuidados com as saúde mental e cuidados com abuso de álcool, cigarro e outras drogas (Ho, et al., 2020). É importante ressaltar que independente do estágio em que se encontra a crise, os governos devem priorizar, além das medidas sanitárias, os cuidados com a saúde da população em geral, pacientes, profissionais de saúde, grupos mais vulneráveis considerando a rapidez com que o vírus tem se espalhado e a velocidade com que os impactos tem ocorrido, muitas vezes dificultando até mesmo a ação das instituições governamentais. Um dos pontos que tem sido discutido é a questão da prioridade de intervenção psicológica as equipes de profissionais da saúde da linha de frente que deve ocorrer de forma dinâmica e objetiva e ser contemplada em todas as fases da crise. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde (2020), existe uma rede de atendimento psicológico organizada por profissionais de saúde mental e que se disponibiliza para atender pessoas afetadas psicologicamente durante a pandemia. Além disso, o governo tem buscado parcerias, especialmente na convocação do serviço voluntário a ser prestado por profissionais da saúde em diversas esferas, com ampla adesão e mobilização em realizar intervenções e atendimentos online. Trazendo para a perspectiva psicanalítica de intervenção criada por Freud no final do século XIX, entende-se que o atendimento pode ser eficaz desde que seja capaz de se reformular diante das demandas de cada época. A pandemia trouxe uma quantidade de desafios em diversos aspectos que levam a reflexão sobre as novas formas de atendimento e enfrentamento das questões psicossociais. Nesse sentido, as práticas interventivas devem considerar três aspectos essenciais: as diferentes demandas e sua real condição em saúde mental; identificar os grupos de risco suscetíveis a agressão e suicídio; criar redes de atendimento seguras e eficientes para atendimento psicológico. Considerando essas perspectivas, Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou a Resolução nº 2.227/18 autorizando atendimento médico remoto com intuito de fornecer apoio psiquiátrico necessário, com os devidos acompanhamentos e em sistema seguro, sendo capaz de fazer os tratamentos e observar a evolução dos pacientes sem oferecer riscos de contaminação com o vírus. Há grande importância também na maneira como a população entende a pandemia e elementos como o isolamento social, as redes de atendimento psicológico. Relacionar o distanciamento com altruísmo é uma forma de conseguir mais adesão. Fornecer mecanismos de informações seguras e estabelecer uma comunicação confiável com a população esclarecendo os diferentes pontos da pandemia e impedindo divulgação de notícias falsas. A informação segura e confiável é fundamental e deve fazer parte das estratégias de enfrentamento e intervenção. Quanto mais seguras estiverem as pessoas em relação aos acontecimentos, maiores são as chances de redução dos impactos psicológicos durante a pandemia. Contudo não se pode deixar de mencionar a sumaria importância das redes de atendimento psicossocial. 2.4 Desafios da Psicanalise em período pandêmico Compreende-se na verificação das respostas psíquicas da psicanálise a este contexto social que produz um rompimento com a realidade que já foi instituída e o surgimento de uma nova realidade, um estado precário, incerto e demasiadamente manifesto. Nesse sentido, refere-se ao lugar do psicanalista nesse contexto de crise que se instaurou no país. O autor e psicanalista Yago Franco (2020), em seu estudo, realiza a introdução de um princípio psicanalítico essencial para a compreensão desse estado, remetendo as origens de dor e angústia sem nomeação, ao que Freud titula de hilflosigkeit. Qual seria, nesse sentido, o significado dado por Freud para essa dimensão primordial da condição humana? A isso pode-se responder a partir de algo tão fundamental da vida, a saber, a poética. Desse contexto trágico que orienta o questionamento de Freud evidenciando a perspectiva inconsciente do bebê perante sua incapacidade de guiar-se pelos seus próprios meios, a angústia presente decorrente de sua separação do objeto primordial de amor, a mãe, fragilidade e finitude a se manifestar, o mal estar da civilização. Ao que Freudchama de Hilflosigkeit, observa-se um movimento crescente, um trajeto precário e trágico, que se estende na obra freudiana. No fim, esse fenômeno direciona-se para uma falta absoluta de resolução para a condição dos sujeitos, um lugar de vazio de significados do sujeito e de sua própria existência (QUAGLIA, 2006). Marcas que não podem ser apagadas deixa o indivíduo em um desalento original, provocando uma angústia que se tornará presente diante de qualquer contexto traumático. Nesse sentido, trata-se de uma angústia que se difere daquela presente no complexo de castração. Esta angústia do desalento, do desamparo, não encontra uma representação, produzindo a marca da dor que permanece durante toda a vida do indivíduo, inconscientemente, onde impera o grito, o nascimento e a morte ao mesmo tempo, selando o abandono da amorosa e calorosa morada do indivíduo, abrindo-o para a dor real. Considerando-se também a cultura que envolve de forma prematura o vazio, o fim, tentando dar forma, relevância a partir de objetos imaginários para os acontecimentos em sua volta. Em um contexto pandêmico, as vivências do sujeito implicam em uma crise parcial, de sustentar a concepção de que viver seja algo desejável. No entanto, há um empecilho, chamado de realidade, aquele estado psíquico do indivíduo. Nesse sentido, insustentável, qual seria o papel do psicanalista? O papel do psicanalista diz respeito a essa realidade psíquica compreendida por destinos pulsionais, fantasmas do passado, identificações, dentre outros elementos psíquicos. Um ofício profissional que perpassa entre a análise, que questiona a instância do eu, provoca angústia, que se elabora a partir de uma escuta atenta, é direcionada em certa medida pela instância egóica do sujeito, trabalhando a favor da pulsão, da representação e do afeto. O advento do traumático que envolveu o rompimento com a realidade outrora construída e a formação de uma nova realidade, instantânea, precária e incerta, permite que esse traumático encontre uma variedade de respostas psicológicas e force o analista a se enquadrar de modo a responder à altura desses acontecimentos e dos impactos provocados pelo trauma, seja no contexto social ou na clínica. Registra-se como primeiro desafio o de não permitir que o sujeito entre em fuga desses sentimentos angustiantes ou que se afunde neles. Lacan assinala que a angústia compreende um afeto que não permite enganos. Constituindo-se como uma via de mão dupla, coloca-se de lado aquela pertencente à castração, dando espaço para a angústia primordial, a provocada pelo desamparo. Nesse sentido, por onde andam os efeitos do evento traumático, da ameaça, do isolamento, da perda do sentido, dentre outros? Externo aos hospitais, escolas, organizações e consultórios? O mundo de programas e dispositivos digitais têm adentrado esses novos contextos, caracterizando esses tempos pela demanda e a urgência. Nesse sentido, de acordo com Piera Aulagnier (1994), se o sujeito requer a busca de sentido, o processo de análise transita, em contexto de isolamento social, pela produção de uma nova premissa imediatista, compreendendo o aprovisionamento adequado da nave para realizar um trânsito menos agitado nesse rio de correntezas pandêmicas, turbulências coletivas e individuais que coabitam espaços. Dessa forma, torna-se fundamental considerar o ofício do psicanalista em relação à repetição, uma das vias de manifestação do desejo, que envolve em seu núcleo uma esperança, uma lógica que corresponde à imortalidade daqueles desejos ditos inconscientes. Todos os indivíduos estão envolvidos nessa realidade que apresenta poucos antecedentes históricos, sabendo-se sobre sua alta taxa de contágio, multiplicando-se rapidamente em todo o mundo. A experiência vivenciada até os dias atuais coloca em evidência as necessidades do sujeito em criar laços sociais com a finalidade de enfrentar esse cenário de saúde em todo o mundo. Explodiu-se alguma coisa do capitalismo econômico sob as prerrogativas, tudo está permitido, mas não sendo esta o único motivo. A natureza caiu, de maneira destrutiva, sobre os indivíduos e coletividade, evidenciando sua vulnerabilidade. Agora, com a presença do vírus, há uma regulação, limitação, mudanças e transformações nos modos de vida dos sujeitos. O perigo eminente de ser contagiado, a possibilidade de morte. Nesse sentido, a doença vai tomando cada vez mais espaço de maneira invisível e, com isso, transformam-se também as possibilidades de cura. Tem se tornado claro que da mesma forma que o Estado é o promotor das políticas públicas de saúde, o cidadão tem sua responsabilidade na contribuição e por abrir mão de alguns dos seus direitos. Trata-se, portanto, de uma responsabilidade compartilhada. No entanto, na economia capitalista, o que importa é o sujeito que consome. Essa nova realidade pandêmica agita a economia dos países, trazendo questionamentos ao individualismo e ao sujeito que é visto sob perspectiva única. Por outro lado, no contexto subjetivo, o indivíduo sofre desamparado, inserido em um mal-estar coletivo, percebendo-se fragilizado e sem norte no que diz respeito às normas que regulam os laços sociais. Dessa forma, os costumes e hábitos vão sendo transformados, decorrente do caos instalado. Existe, portanto, uma experiência do traumático, ou seja, o sujeito se vê atravessado pela ignorância, pelo não saber, pelo medo e pela angústia. A covid-19 é uma doença de natureza orgânica, com agravo à soberba e orgulho humanos. Diante disso, interessa aos estudos psicanalíticos o trauma, o sujeito e sua imersã na catástrofe social. Esses sujeitos vivem, atualmente, uma experiência nova. Um real que não se permite ser universal, sem programações. Diversos estudos tentam explicar essa realidade, de maneira a operar como um alívio efêmero, operando muitas vezes como uma farsa. No entanto, sair dessa lógica não deixa de ser uma perspectiva de interesse político e econômico, mas para um analista, trata-se de uma questão ética, uma ética com a condição humana. 3 METODOLOGIA Para Richardson (1989, p. 29), em sentido amplo, “método em pesquisa significa a escolha de procedimentos sistemáticos para a descrição e explicação dos fenômenos”. A pesquisa deve ser planejada e executada em conformidade com as normas estatuídas para cada método de investigação. De acordo com Gil (1994, p.42), sobre o significado da pesquisa é que ela tem por objetivo fundamental “descobrir respostas para problemas, mediante o emprego de procedimentos científicos.” A presente pesquisa trata-se de uma pesquisa exploratória. Segundo Lakatos e Marconi (2017, p. 20), a pesquisa exploratória “busca descobrir ideias e intuições, na tentativa de adquirir maior familiaridade com o fenômeno pesquisado”. Ela também está relacionada a estudo qualitativo bibliográfico, atende aos princípios defendidos por Lakatos e Marconi (2017, p.22) sobre a pesquisa de natureza qualitativa que pode inferir “não somente a compreensão da realidade do fenômeno estudado mas, os aspectos subjetivos advindos deste”. E referindo-se a pesquisa bibliográfica em campo qualitativo, Lakatos e Marconi (2017, p.22) inferem que esse tipo de pesquisa gera “contribuições culturais ou científicas realizadas no passado sobre um determinado assunto, tema ou problema que possa ser estudado”. 3.1. Sujeitos da Pesquisa Almeja-se uma amostra composta por, no máximo 5 pessoas conhecidas, mas que não sejam do núcleo familiar nem de amizades próximas das pesquisadoras; serão indicações possibilitando-se assim a investigação de modo assertivo, e intencional de acordo com os critérios definidos. Pretende-se como sujeitos que já apresentavam alguma queixa de sofrimento psicológico ou fragilidade emocional, como por exemplo ansiedade, estresse, depressão e que passaram a ter um nível de piora percebido durante a pandemia. Homens e/ou mulheres com idade entre 30 a 45 anos que tenham presenciado o adoecimento de amigos ou parentes ou que tenha perdido familiar em decorrência de complicações da Covid. Critériosde Inclusão – Faixa etária de 30 a 45 anos, que anterior a pandemia apresentavam queixas de sofrimento psicológico e que com a pandemia declararam o agravamento deste quadro. Critérios de exclusão – Menores de idade, amigos, conhecidos ou familiares das pesquisadoras, pessoas que relataram a aquisição de um sofrimento psíquico durante a pandemia, e pessoas que não tiveram casos de Covid próximos a eles. 3.2. Ferramentas Será realizado uma entrevista estruturada com os participantes cujas questões irão abordar sobre a piora do sofrimento psíquico durante a pandemia. As questões serão apresentadas durante a entrevistas para serem respondidas pelos sujeitos em tempo pré-estabelecido em comum acordo com a pesquisadora dentre as quais tem-se as seguintes: 1. Qual o impacto do COVID 19 na sua vida? 2. Você considera que a pandemia por COVID 19 causou impactos em sua saude mental? Quais? Pode fazer um comparativo de antes e depois? 3. Durante a pandemia você recorreu a algum serviço de apoio a saude mental? Quais? 4. Atualmente com o processo de flexibilização dos protocolos de segurança como você se sente? 3.3. Local As entrevistas serão on-line com utilização das seguintes ferramentas do Google Meet. O Google Meet é um aplicativo do Google para videoconferência oficialmente lançado em março de 2017. É descrito como app de versão comercial do Hangouts com capacidades para chamadas em conferência com até 100 pessoas disponibilizado em suas versões para Web, Android e IOS. A disponibilização gratuita do Google Meet para todos os usuários do Google foi feita em abril de 2020 com limite de 60 minutos por chamada. Em outubro de 2020 com a remodelação do G-Suite algumas alterações e ferramentas ficaram disponíveis, dentre as quais: · Até 16 participantes por chamada com foto e até 100 participantes sem foto para usuários da versão gratuita, até 150 para usuários do Google Workspace Business Standart e até 250 para usuários do Google Workspace Business Plus e Enterprise; · Possibilidade de participar de reuniões pela Web ou por meio do aplicativo Android ou iOS; · Possibilidade de convocar reuniões usando um número de discagem; · Números de discagem protegidos por senha para usuários do Google Workspace Enterprise; · Integração com um clique ao Google Agenda para reuniões; · Compartilhamento de tela para apresentação de documentos, planilhas ou apresentações; · Chamadas criptografadas entre todos os usuários; · Legendagem gerada por IA em tempo real. Para acesso a todas as ferramentas, os usuários devem obrigatoriamente ter uma conta no Google. O Google Meet é um aplicativo de videoconferência baseado em padrões que usa protocolos proprietários para transcodificação de vídeo, áudio e dados com utilização de protocolo SIP/ H.323 que permite a interação multi-dispositivos e multisoftwares em vídeo conferência. 3.4. Procedimentos 1. Os procedimentos adotados incluem contato com a sujeito por meio de convite via aplicativo de mensagem em que, os sujeitos selecionados receberão uma mensagem de texto programada explicando resumidamente o motivo do convite, bem como áudio explicativo e números de contato para maiores informações. Utilizando os critérios de inclusão e exclusão, serão selecionados os sujeitos que receberão os convites, bem como, aqueles que participarão da coleta. Após esses procedimentos, será agendada a coleta de dados a partir dos instrumentos selecionados, com envio de mensagem explicativa sobre todos as etapas e procedimentos a serem realizados, informando sobre a possibilidade de desistência a qualquer momento e orientando para possíveis serviços psicológicos disponíveis e seus respectivos locais de atendimento. 3.5. Análise de dados A análise será diagnóstica e qualitativa realizada com a utilização do Microsoft Office e seus recursos (Word, Excel, Power Point). Primeiramente serão gravadas as vídeos chamadas no Google Meet utilizando os recursos disponíveis no próprio aplicativo. O Google Meet disponibiliza recurso de gravação de chamada com exposição de botão especifico no canto inferior direito da tela durante as videochamadas. Clicando nesse botão, a chamada será gravada e armazenada no Google Drive, em pasta especifica denominada: ARQUIVO 1 – Videochamadas. Todos os áudios serão enviados para o Google Drive e armazenados em pasta específica denominada ARQUIVO 2 – Áudios Todas as conversas em forma de texto serão transferidas para documento formato DOCX (Word) e identificadas com o nome do sujeito, número de telefone, data da conversa, e um código especifico. Cada sujeito será cadastrado com ficha digitada em DOCX (Word) e receberá um código de identificação inserido tanto na ficha de cadastro quanto em pasta especifica. Os Códigos utilizados serão: · S01 · S02 · S03 · S04 · S05 Dentro de cada pasta constará as gravações em vídeo, áudios e transcrições das conversas de texto realizadas com cada sujeito. O conteúdo dos áudios e vídeo chamadas será transcrito (digitado) para documento em formato DOCX (Word) e armazenados nas pastas de cada sujeito em subpasta denominada: TRANSCRIÇÕES. Em seguida, serão analisadas cada uma das transcrições, destacas da seguinte forma: Trechos transcritos de respostas (depoimentos, discursos, observações realizadas pelo sujeito) consideradas de teor semelhante (que se relacionam entre si), serão destacadas em cor verde. Trechos transcritos que se relacionam a um determinado fator serão destacados de cor azul. Trechos que são apontados repetidamente entre os sujeitos (causas, sentimentos, emoções, etc) serão marcados de vermelho. Outros trechos relevantes que podem ser analisados posteriormente, serão marcados de laranja. Com as marcações espera-se delinear a correlação feita entre a pandemia e a influência exercida na saúde mental de cada sujeito. Os marcadores e os tópicos de transcrição só podem ser delimitados com a existência dos textos transcritos, dessa forma, não será possível fazer essa relação nesse momento. As cores indicarão os fatores que preponderam (segundo os sujeitos) para que a saúde mental tenha sido afetada de alguma forma e se há relação com a pandemia. Após a utilização das cores como meio de identificação dos tópicos de relevância, será feita a transcrição resumida desses tópicos para o Microsoft Excel, com intuito de criar listas e porcentagens relativas a cada bloco de questões e análises feitas. Essas listas servirão para a composição de gráficos que indicarão de maneira ilustrativa os pontos chave investigados na pesquisa. Com a composição dos gráficos será possível determinar os índices pesquisados e suas relações com o objeto de estudo, bem como, descrever os resultados que poderão ser apresentados por meio do Power Point. REFERÊNCIAS American Psychiatric Association - APA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014. Aquino, E., Silveira, I. H., Pescarini, J., Aquino, R., & Souza-Filho, J. A. (2020). 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