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Larissa B. Pereira. Engenharia Florestal - UFRRJ RELAÇÕES ASTRONÔMICAS INTRODUÇÃO: O Sol é fonte primária de energia para diversos processos (aquecimento do ar e do solo, evaporação, transpiração vegetal, fotossíntese, entre outros) na superfície da Terra e para sistemas meteorológicos e climáticos. O Sol se localiza no centro do nosso sistema planetário (Sistema Solar), em torno do qual os planetas realizam uma trajetória elíptica, denominada órbita. Responsável por 99,86% da massa do Sistema Solar, a massa do Sol é 332.900 vezes maior que a da Terra, e um volume 1.300.000 vezes maior que nosso Planeta. A composição básica do Sol é Hélio (He2) e Nitrogênio (N2). No seu interior, reações de fusão nuclear convertem H2 em He2, que liberam grande quantidade de energia. A energia liberada pelo processo de fusão é transformada em energia térmica (calor), que faz com que a temperatura do Sol (à superfície - aproximadamente 6.000 K) seja 20 vezes maior que a da superfície da Terra (em média 288 K). A energia proveniente do Sol se propaga através do espaço na forma de ondas eletromagnéticas, no processo de transferência de energia denominado radiação. A quantidade de radiação que chega à Terra é influenciada pelos movimentos aparentes do Sol, decorrentes dos movimentos da Terra de rotação e translação. MOVIMENTOS DA TERRA A Terra realiza dois principais movimentos, rotação e translação. O Movimento de Rotação é executado pela Terra em torno do seu eixo imaginário (eixo de rotação Norte-Sul) e apresenta um período de aproximadamente 24 horas (23 horas 56 minutos e 4,09 segundos) para completá-lo, ou seja, um dia (Figura 3.2). Esse movimento condiciona a alternância dos dias e das noites em nosso Planeta e, assim, varia a quantidade diária de radiação solar incidente à superfície. Essa variação gera a escala diária de variação das condições meteorológicas, como por exemplo, a variação da temperatura do ar. O movimento de rotação da Terra, para um observador no espaço, se dá de oeste para leste, o que para um observador na superfície terrestre representa um movimento aparente do Sol de leste para oeste. Em função desse movimento aparente, observamos o nascer do Sol no horizonte leste do local e seu ocaso (pôr-do-Sol) a oeste. Na sua órbita em torno do Sol, a Terra realiza uma trajetória em hélice elíptica, que define seu Movimento de Translação. Considerando essa trajetória em duas dimensões e o Sol imóvel no espaço, o movimento de translação da Terra em torno do Sol está inserido em único plano, denominado de Plano da Eclíptica. O movimento de translação dura em torno de 365 dias e 6 h horas, ou seja, aproximadamente um ano. Devido a essa fração de 6 horas, a cada quatro anos têm-se um ano com 366 dias, denominado de ano bissexto. Durante o ano, a translação, para um observador na Terra, representa um movimento aparente do Sol de Norte para Sul. DISTÂNCIA TERRA-SOL Devido à órbita elíptica da Terra em torno do Sol, à distância Terra-Sol varia durante o ano. O Sol encontra- se em um dos focos dessa elipse, assim, em determinada época do ano a Terra estará mais próxima - Periélio ou Pirigeu - ou mais afastada - Afélio ou Apogeu - do Sol. Atualmente, o Periélio ocorre no verão do Hemisfério Sul (03 de janeiro), com a distância Terra-Sol de aproximadamente 147 milhões de km, enquanto o Afélio ocorre durante o verão do Hemisfério Norte (04 de julho), sendo à distância Terra-Sol de aproximadamente 152 milhões de km. A linha que une o Periélio e o Afélio denomina-se linha de Ápsides. Larissa B. Pereira. Engenharia Florestal - UFRRJ A distância média Terra-Sol é denominada unidade astronômica (UA), sendo igual d = 149.597.870 ± 2 km = 1 UA. Na maioria das aplicações é suficiente arredondar esse valor para 1,496 x 108 km. A distância relativa Terra- Sol (dr), pode ser obtida pela seguinte equação: A densidade de fluxo de radiação (quantidade de radiação por unidade de área por unidade de tempo) varia inversamente proporcional ao quadrado da distância que separa a fonte do observador. Assim, quanto mais próximo da fonte de emissão de radiação maior a densidade de fluxo de radiação e quanto mais afastado da fonte menor a densidade de fluxo de radiação. Desse modo, a variação da distância Terra-Sol durante o ano, faz com que a radiação solar que incide no topo da Atmosfera varie também. Quando a Terra se encontra no periélio incide maior quantidade de densidade de fluxo de radiação na Terra, no caso do afélio, essa relação é inversa e, assim, menor quantidade de densidade de fluxo de radiação. ESTAÇÕES DO ANO O eixo de rotação da Terra não está perpendicular ao plano da Eclíptica. Atualmente, a inclinação do eixo de rotação da Terra define um ângulo de 23° 27’ (2,45°) entre o Equador e o plano da Eclíptica, ou seja, em relação ao plano formado pela órbita da Terra. A inclinação do eixo de rotação, associado com o movimento de translação, resulta nas estações do ano (verão, outono, inverno e primavera). Assim, o movimento de translação pode ser dividido em quatro períodos distintos denominados estações do ano, que duram cerca de três meses cada. DECLINAÇÃO SOLAR O ângulo formado entre o raio vetor do Sol e o plano do Equador é denominado de declinação solar (). Devido à inclinação do eixo de rotação em relação ao plano da Eclíptica, o Sol, em seu movimento aparente Norte-Sul durante o ano, varia sua declinação entre valores máximos -23° 27’ e +23° 27’. Ou seja, a é variável a cada dia do ano e, necessita de seis meses para ir de um extremo a outro. Quando o Sol culmina com o zênite local em determinado instante do seu movimento aparente Norte-Sul, a coincide com a latitude () do local. Assim, o Sol culmina no zênite apenas em locais entre as latitudes de +23° 27’ (Norte) ou -23° 27’ (Sul), definindo a região Tropical do ponto de vista geográfico. Essas latitudes correspondem em décimos de graus aos Trópicos de Câncer (23,45° N) e Capricórnio (23,45° S). Quando o Sol culmina no Equador ( = 0°) a sua declinação é mínima ( = 0°). SOLSTÍCIO E EQUINÓCIO: Quando o Sol alcança sua declinação máxima (Norte - δ = 23° 27’ ou Sul - δ = - 23° 27’), denominamos esse evento de Solstício. Os Equinócios ocorrem quando se tem a mínima declinação do Sol (δ = 0°), ou seja, quando o Sol, em seu movimento aparente, coincide seu raio vetor com a linha do Equador. A interseção da Eclíptica com o Equador chama-se Linha dos Equinócios e os pontos extremos dessa linha são os pontos de Equinócios. Durante o ano ocorrem dois Solstícios e dois Equinócios. As datas dessas efemérides determinam o início das estações do ano. Observa-se que no Solstício, no Hemisfério que é verão, o Pólo desse Hemisfério encontra-as voltado para o Sol (iluminado) e a radiação incide numa maior área (mais energia) desse Hemisfério, enquanto no Hemisfério que é inverno, o Pólo está voltado para o lado oposto (escuro) e a radiação incide numa menor área desse Hemisfério (menos energia). No caso do Equinócio, a radiação incide em uma mesma área nos dois Hemisférios e os Pólos Larissa B. Pereira. Engenharia Florestal - UFRRJ estão igualmente posicionados em relação ao Sol, ou seja, igualmente iluminados e a mesma disponibilidade de energia. CÁLCULO DA DECLINAÇÃO SOLAR: A declinação solar varia continuamente, mas para a maioria das aplicações na área de Meteorologia e Climatologia, pode-se considerar que essa variação se dá em intervalos de um dia, de forma discreta. Assim, baseado no número de ordem do ano (𝑛𝑗) ou dia do ano (contagem continua dos dias do ano: 1º de janeiro = 1, 31 de janeiro = 31, 1º fevereiro = 32, ... 31 de dezembro = 365) e assumindo que a órbita da Terra é circular, pode- se determinar a declinação solar pela seguinterelação: Na equação, a declinação solar é dada em graus e décimos de graus (1 = 60’). A Figura abaixo apresenta a relação entre declinação solar e as estações do ano. Quando o sinal da declinação é igual ao da latitude, o local encontra-se na primavera ou no verão, caso contrário, declinação com sinal oposto ao da latitude, a estação é outono ou inverno. O Sol passa seis meses em cada Hemisfério, assim, cada estação do ano dura três meses. FOTOPERÍODO Como resultado da inclinação do eixo de rotação e do movimento de translação, a duração dos dias varia com a latitude () e o dia do ano (𝑛𝑗). O fotoperíodo ou duração do dia (N) é caracterizado pelo período em que o Sol está acima do plano do horizonte, ou seja, é o intervalo entre o nascer e o pôr-do-sol (ocaso), decorrente do movimento de rotação da Terra. O fotoperíodo ou número máximo de horas de brilho solar (N) pode ser estimado em função do ângulo horário (H) entre o nascer e o ocaso do Sol. O ângulo horário depende do local () e da época do ano, representado pela declinação solar () e, pode ser determinado pela relação: em que, δ é a declinação e a latitude local (negativo no HS e positivo no HN). CONSEQUÊNCIAS DOS MOVIMENTOS DA TERRA ROTAÇÃO E TRANSLAÇÃO: Como consequência do movimento de rotação tem-se a sucessão de dias e noites e o movimento aparente do Sol de Leste-Oeste. Isso resulta no nascer do Sol a Leste, e pôr do Sol mais cedo do que lugares a Oeste. O movimento de translação, quando associado à inclinação do eixo de rotação, resulta na variação da disponibilidade da radiação solar (luz e energia) e da duração de dias/noites, o que caracteriza as estações do ano (verão, outono, inverno e primavera) em cada região da Terra. Para locais entre 0° a 66° 33' (Círculo Polar Ártico ou Antártico) de latitude (N ou S) ocorrem os seguintes padrões: • Quando a declinação solar (δ) tem mesmo sinal que a latitude () do local, a duração do dia é superior a 12 horas. Isso pode ser comprovado pelas equações 3.3 e 3.4. Nesses casos: - Pela equação 3.4, Cos H < 0 H > 90°, que quando substituído na equação 3.3, resulta em N > 12 horas. Larissa B. Pereira. Engenharia Florestal - UFRRJ • Quando e δ tem sinais diferentes, a duração do dia é inferior a 12 horas. - Pela equação 3.4, Cos H > 0 H < 90°, e pela equação 3.3, N < 12 horas. • Equador ( = 0°), para qualquer δ, ou seja, para qualquer dia do ano, - Pela equação 3.4, Cos H = 0 H = 90° e assim, pela equação 3.3, N = 12 horas. • Quando o Sol culminar no Equador (Equinócio δ = 0°), - Pela equação 3.4, Cos H = 0 H = 90° e assim, pela equação 3.3, N= 12 horas para qualquer latitude. FORMA DA TERRA Se o eixo de rotação da Terra fosse perpendicular a Eclíptica não haveria muita variação na radiação durante o ano. Quando o Sol culmina no Zênite (Z) de um lugar e sem considerar a atmosfera, a radiação incidente (I) é igual à emergente (I0) e assim, I/I0 = 1 (Figura 3.17a). Contudo, o Sol ocupa o Zênite apenas duas vezes por ano, na região Tropical, e fora dos Trópicos isso nunca ocorre, ou seja, vai existir um ângulo entre o Zênite e a posição do Sol (ângulo zenital). Assim, a radiação incidente é dada pela Lei de Lambert ou do iluminamento, que diz que a radiação incidente diminui proporcionalmente ao ângulo de incidência dos raios solares, ou seja: , em que Z é o ângulo zenital. O ângulo Zenital pode ser expresso pela latitude e declinação solar Z =| – δ|, e assim, a radiação incidente varia com a latitude e a época do ano.
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