Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Educação em Espaços não Escolares Professora Me. Priscila da Rocha Luiz Bueno Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Oliveira Vaz Revisão Textual Kauê Berto Web Designer Thiago Azenha UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.unifatecie.edu.br As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock FICHA CATALOGRÁFICA CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFATECIE. Credenciado pela Portaria N.º 527 de 10 de junho de 2020, publicada no D.O.U. em 15 de junho de 2020. Núcleo de Educação a Distância; BUENO, Priscila da Rocha Luiz. Educação em Espaços não Escolares. Priscila. da Rocha Luiz Bueno. Paranavaí - PR.: UniFatecie, 2020. 77 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. AUTORA Professora Me. Priscila da Rocha Luiz Bueno ● Mestre em Educação UEM (Universidade Estadual de Maringá). ● Graduada em Pedagogia - Licenciatura e Bacharelado (UniCesumar). ● Especialista em Ensino Aprendizagem nos Anos Iniciais (Instituto Superior de Educação do Paraná). ● Especialista em Gestão e Organização Escolar (ESAP). ● Coordenadora Pedagógica/Orientadora Educacional em Unidade de Ensino Infantil no Município de Maringá. ● Professora Alfabetizadora no município de Maringá. ● Docente do curso de Pedagogia e pós graduação (Unifamma). Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/1310823097369284 Ampla experiência na área de Educação a Distância (tutora e professora), Ensino Superior EAD e Presencial, produção de materiais didáticos, formação de professores(as). Campo de pesquisa com ênfase na Educação Infantil e Anos Iniciais, bem como: políticas educacionais, dificuldade de aprendizagem, gestão educacional, psicologia da educação, alfabetização infantil, sexualidade e diversidade. APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Prezado(a) aluno(a), seja muito bem-vindo(a)! A disciplina de Educação em Espaços Não Escolares possibilitará conhecermos um pouco mais a atuação do(a) pedagogo(a) que não está mais restrita apenas a sala de aula, ambiente educacional formal, mas a todos os outros espaços que possibilitem uma aprendizagem significativa ao indivíduo. Nosso objetivo é preparar o(a) futuro(a) pedagogo(a) para atuar na sociedade por meio da educação, independente do seu campo de atuação futuro – seja a atuação em sala de aula ou nas demais áreas que requisitem seu trabalho. Neste sentido, este material tem por objetivo básico fornecer conhecimentos sobre o histórico da pedagogia, bem como mostrar a evolução do curso e aplicação na atualidade. Na Unidade I começaremos abordando a atuação do(a) pedagogo(a) em espaços não escolares, compreenderemos o histórico do curso de Pedagogia no Brasil, as funções e atribuições gerais do(a) pedagogo(a), os conceitos de educação “formal”, “informal” e “não formal” e, por fim, os aspectos históricos da educação “formal”, “informal” e “não formal”. Já na Unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre os fundamentos pe- dagógicos da educação em espaços não escolares. Para isso, vamos detalhar as compe- tências e habilidades do(a) pedagogo(a), o seu papel nos espaços não escolares, abordar quais são os espaços organizacionais de aprendizagem e os tipos de aprendizagem bem como a importância da atuação do(a) pedagogo(a) no processo de ensino e aprendizagem. Na Unidade III trataremos de maneira específica sobre a atuação do(a) pedago- go(a) nos espaços não escolares, destacaremos o campo de conhecimento pedagógico e a emancipação do sujeito como caminho de interação e inserção no meio social e traremos a interação entre família, estado e sociedade no processo não formal do sujeito. E, por fim, na Unidade IV vamos compreender a responsabilidade ética e social do(a) pedagogo(a) em suas ações nos espaços não escolares. Para cada unidade são previstas leituras e atividades que devem ser realizadas para que você tenha conhecimentos seguros sobre sua formação e atuação e ainda tenha certeza de que a atitude de aprender deve ser um hábito do(a) professor(a), visto que esta é uma profissão que exige atualização constante, compromisso e dedicação. Oferecemos a você, como instrumentos, os conteúdos, nossa dedicação e nosso traba- lho. Aproveite bem e alcance seus sonhos. Muito obrigada e bom estudo! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 6 Atuação Pedagógica em Espaços não Escolares UNIDADE II ................................................................................................... 23 Fundamentos Pedagógicos da Educação em Espaços não Escolares UNIDADE III .................................................................................................. 40 Atuação do(a) Pedagogo(a) em Espaços não Escolares UNIDADE IV .................................................................................................. 55 Ação Pedagógica em Espaços não Escolares 6 Plano de Estudo: A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A Pedagogia, seus conceitos, suas dimensões e suas implicações sócio políticas em ambientes não escolares. • Conceitos de educação: “formal”, “informal” e “não formal” e seus aspectos históricos. Objetivos de Aprendizagem: • Estudar o histórico do curso de Pedagogia no Brasil. • Compreender as funções e atribuições gerais do(a) pedagogo(a). • Abordar os conceitos de educação: “formal”, “informal” e “não formal”. • Conhecer os aspectos históricos da educação “formal”, “informal” e “não formal” UNIDADE I Atuação Pedagógica em Espaços não Escolares Professora Mestre Priscila da Rocha Luiz Bueno 7UNIDADE I Atuação Pedagógica em Espaços não Escolares INTRODUÇÃO Prezado(a) estudante, seja bem-vindo(a) à Unidade I da disciplina de Educação em Espaços Não Escolares do curso de Graduação em Educação Especial. A atuação do(a) educador é indispensável no processo de ensino e aprendizagem, todavia a formação humana acontece nos mais variados espaços no qual o indivíduo está inserido, seja ele escolar ou não escolar, e é por esse motivo que se faz necessário um(a) profissional preparado(a) com uma prática sistematizada e significativa. Nessa perspectiva, as referências e reflexões sobre as diversas formas e meios de ação educativa deverão também constar do rol de atribuições de um pedagogo, e, mais que isto, referendar seu papel social transformador (CARNEIRO; MACIEL, 2006, p. 2.) Diante dessa afirmação, no primeiro momento desta unidade estudaremos um breve histórico sobre o curso de Pedagogia no Brasil. No segundo momento compreenderemos as funções e atribuições gerais do(a) pedagogo(a) e, por fim, os conceitos de educação: “formal”, “informal” e “não formal”. Portanto, recomendo que, durante a realização da disciplina, você procure interagir com os textos, fazer anotações, responder às atividades, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados, pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os desafios na construção de conhe- cimentos. Bom estudo e ótimos momentos de construção de aprendizagem! 8UNIDADE I Atuação Pedagógica em Espaços não Escolares 1 A PEDAGOGIA, SEUS CONCEITOS, SUAS DIMENSÕES E SUAS IMPLICAÇÕES SÓ- CIO POLÍTICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES A função do(a) pedagogo(a) mudou muito no decorrer da história. Na Grécia era um simplesescravo ou servo que conduzia a criança para o seu aprendizado. Como um instrutor, fazia o acompanhamento e a vigilância do jovem e, por isso, era chamado de paidagogo: Paid= menino, filho e Ago= levar, trazer, impelir. No Brasil, o curso de Pedagogia começou na década de 1930, na USP e na UFPR. Nesse momento, os que concluíam o curso recebiam o diploma de bacharel em Peda- gogia, sendo considerados um “técnico em educação”. Seu campo de atuação não era especificado, porém para ministrar aulas era necessário cursar mais um ano de Didática, sendo Didática Geral e Didática Especial (SILVA, 2003). Por volta de 1960, o(a) pedagogo(a) passou a fazer reivindicações de espaço. Na Lei 4.024, primeira LDB do país, estava previsto que o(a) diretor(a) de estabelecimento de ensino deveria ser educador(a) qualificado(a). Só que poucos(as) sabiam que curso poderia qualificá-lo(a). E a muitos(as) não interessava que o(a) diretor(a) devidamente preparado(a) ocupasse o lugar que lhe era devido. Finalmente, em 1968, a legislação do ensino superior, Lei 5.540, previa a organiza- ção e o currículo do curso de Pedagogia como a possibilidade referente a função profissio- nal, ou seja, o licenciado poderia optar por suas habilitações. O Bacharelado foi instinto e a Didática incorporada como disciplina obrigatória (CHAVES, 1981). 9UNIDADE I Atuação Pedagógica em Espaços não Escolares Em 1971, por meio da Lei 5.692/71, segunda LDB, foram especificadas algumas especialidades. Assim reza o artigo 33 da lei: A formação de administradores, planejadores, orientadores, inspetores, supervisores e demais especialistas de educação será feita em curso superior de graduação, com duração plena ou curta, ou de pós-graduação. Essa Resolução já possibilitava que os(as) pedagogos(as) pudessem atuar da 1ª a 4ª séries do 1º grau, desde que tivessem cursado Prática de Ensino de 1º Grau. Além do currículo para as especialidades, a Resolução previa que a formação para as disciplinas pedagógicas da já extinta Escola Normal fossem feitas em curso de Pedagogia como uma das habilitações. Em 1996 surge a terceira LDB do Brasil, Lei nº 9.394/96. Ela repre- sentou significativas mudanças, pois instituiu o curso Normal Superior, obri- gatório para formar professores da educação infantil e para os anos iniciais. Numerosos cursos de Pedagogia, especialmente na década de oitenta, buscaram inovar privilegiando a formação do(a) professor(a) de 1ª a 4ª do ensino fundamental. A educação infantil predominava como curso de especialização. A Lei nº 9.394/96 prevê em seus artigos: Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em Universida- des e Institutos superior de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal. Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão: I – cursos forma- dores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental; II – programas de formação pe- dagógica para portadores de diploma de educação superior que queiram se dedicar à educação básica; III – programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis. Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, pla- nejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. Ao(a) pedagogo(a) caberia, assim, apenas as funções de administração, plane- jamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, que, aliás, constituíam para o magistério de 2º grau o currículo de grande número de cursos de Pedagogia no país. Depois de muitos debates em âmbito nacional e posicionamentos dos(as) profissio- nais pedagogos(as) e de cursos de Pedagogia de inúmeras Universidades, aprovou-se as novas diretrizes para o curso de Pedagogia. 10UNIDADE I Atuação Pedagógica em Espaços não Escolares Portanto, podemos dizer hoje que a Pedagogia é um campo de conhecimento que possibilita um estudo sistemático da educação, uma prática educativa que está na socieda- de como um dos ingredientes fundamentais da atividade humana (LIBÂNEO, 2010). Ocupando um espaço significativo na organização pedagógica escolar, o(a) peda- gogo(a) é um(a) grande articulador(a) no desenvolvimento de práticas pedagógicas que visem a formação cultural e humana do indivíduo. As ações pedagógicas desenvolvidas na escola, também precisam de um olhar minucioso do(a) pedagogo(a), como mediador(a) do processo de ensino e aprendizagem para que as ações pedagógicas se efetivem. As questões referentes ao campo de estudo da Pedagogia, da estrutura do conhe- cimento pedagógico, da identidade profissional do(a) pedagogo(a), do sistema de formação de pedagogos(as) e professores(as), frequentam o debate em todo o país há quase vinte anos nas várias organizações científicas e profissionais de educadores/as (LIBÂNEO, 2010). Desde 1971, as entidades nacionais vinham discutindo o verdadeiro papel do(a) pedagogo(a). Foram feitos estudos, muitas discussões e projetos, mas nada de concreto. Tanto assim que a Lei nº 5.692/71 nem sequer foi regulamentada quanto ao curso de Pe- dagogia. E sua vigência foi de 25 anos: de 1971 a 1996. O avanço real veio com a Portaria 399/89/MEC que admite um amplo leque de habilitações para o curso de Pedagogia, quais sejam: ● Matérias Pedagógicas do 2º Grau, do curso normal médio. ● Supervisão Escolar. ● Inspeção Escolar. ● Orientação Educacional. ● Administração Escolar. ● Planejamento Educacional (em cursos de pós-graduação). ● Magistério dos anos Iniciais do Ensino Fundamental. ● Alfabetização. ● Educação Infantil. ● Tecnologia Educacional. ● Educação Especial. Então, o curso de Pedagogia já passou por várias mudanças desde o seu início, na década de 30, até os tempos atuais. A LDB 9394/96 apresentou avanços, mas só a partir 11UNIDADE I Atuação Pedagógica em Espaços não Escolares do Parecer CNE/CP nº 5/2005 que podemos considerar, de fato, a mudança no curso de Pedagogia, ao especificar a formação do(a) Pedagogo(a) generalista com diversas funções e atribuições, até então não pensadas, possibilitando ao licenciado atuar em várias áreas. Vejamos, por itens, algumas funções possíveis para o(a) pedagogo(a): ● Informática educativa. ● Educação a distância. ● Avaliação educacional. ● Programas educacionais. ● Psicopedagogia. ● Assessor pedagógico. ● Produção de materiais didáticos. ● Produção de livros didáticos. ● Pesquisador em educação. ● Professor nas diferentes especialidades da educação e em diferentes níveis e modalidades de ensino. ● Programas de educação permanente e continuada. ● Educação especial. ● Educação prisional. ● Educação indígena e quilombola. ● Educação do Campo. ● Educação popular ou comunitária. ● Pedagogia empresarial. ● Educação hospitalar. ● Educação de jovens e adultos. Por fim, a Pedagogia abrange o campo teórico e investigativo da educação, do ensino, de aprendizagens e do trabalho pedagógico propriamente dito, portanto saiba que, nesta Instituição, ao término da graduação, você não terá apenas um diploma, mas, sim, uma mudança e/ou transformação, tanto nos aspectos pessoais como profissionais, tornan- do-se um indivíduo crítico, criativo e participativo na busca de uma sociedade mais justa. 12UNIDADE I Atuação Pedagógica em Espaços não Escolares 2 CONCEITOS DE EDUCAÇÃO: “FORMAL”, “INFORMAL”, E “NÃOFORMAL” E SEUS ASPECTOS HISTÓRICOS A educação é um fenômeno social, e cada sociedade precisa cuidar da formação dos indivíduos, preparando-os para a participação ativa em função de necessidades eco- nômicas, sociais e políticas da coletividade, ou seja, a base material de cada sociedade, exigirá uma formação específica para os indivíduos, que atendam às necessidades dessa sociedade. Libâneo (1994) escreve que a ação educativa exerce influência sobre os indiví- duos, que assimilam experiências, valores, crenças, modos de agir, técnicas e costumes acumulados por muitas gerações, que são recriados em sua vivência diária. Desta forma, o autor conceitua a educação em sentido amplo (processos formativos existentes no meio social) e sentido estrito (educação ocorre em instituições específicas, escolas ou não). Como podemos ver, a educação assume limites dentro de cada momento histórico, assumindo posturas diferenciadas, ora contribuindo para a formação do indivíduo, ora par- ticipando da formação popular da classe desses mesmos indivíduos. Porém, quando pensamos em educação na escola, ela se confunde com esco- larização, realidade que não deve ser aceita, pois a escola não é o único lugar onde a educação acontece. 13UNIDADE I Atuação Pedagógica em Espaços não Escolares Segundo Piletti (2006), a educação também ocorre onde não existe escola, mesmo nos lugares onde não há sequer a sombra de algum modelo de ensino formal e centralizado existe educação. Na década de 60, na Grã-Bretanha, um povo denominado anglo-saxão surgiram os termos formal, não formal e informal. Uma crise educacional desencadeou-se nos paí- ses de primeiro mundo após a Segunda Guerra Mundial. Com isso, ocorreu, de um lado, a exigência de um planejamento educacional e, de outro, a valorização de atividades e experiências não escolares, tanto ligadas à formação profissional quanto à cultura geral (FÁVERO, 2007). Normalmente, a diferença entre educação formal, não formal e informal é deter- minada pelo espaço escolar, portanto, compreende-se que em todo o lugar onde houver uma prática educativa com intencionalidade, ali estará a Pedagogia. (LIBÂNEO, 2001a, p. 116). Existem três práticas educacionais diferentes presentes no espaço escolar, suas ações acontecem separadamente, mas se complementam constantemente, ou seja, não são independentes uma da outra, são elas: educação formal, educação informal e educa- ção não-formal. Vamos entender cada uma delas e suas especificidades para o processo de ensino e aprendizagem? Educação formal: a essa modalidade de ensino associamos as escolas e univer- sidades, ou seja, diz respeito apenas a um local onde a educação acontece de maneira formalizada, organizada e com padronização nacional e principalmente, garantida pela lei. A Constituição Federal, promulgada em 1988, em seu Art. 205 estabelece: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Está atrelada a obrigatoriedade ao ensino associado a programas curriculares gerais aprovados e reconhecidos por órgãos competentes. Educação não formal: ocorre fora do sistema de ensino, tem sido utilizado principalmente para descrever lugares diferentes da escola, onde é possível desenvolver atividades de cunho educativo. Souza (2008) enfatiza que a educação não-formal visa contribuir para o desen- volvimento de crianças e adolescentes, e ainda tem como um de seus objetivos erradicar 14UNIDADE I Atuação Pedagógica em Espaços não Escolares o trabalho infantil. Esse modelo de educação é recente na história do Brasil e vem se construindo. É um serviço que se entende por ser auxiliar no direito à educação e que contribui para inclusão do sujeito no âmbito educacional. Tais atividades acontecem em ambientes interativos, construídos coletivamente, tem o objetivo de transmitir e proporcionar a troca de saberes, portanto são consideradas uma forma complementar da educação formal. Educação informal: acontece nos diversos espaços da cidade, está vinculada às relações de vida, com o meio em que o indivíduo está inserido, com as nossas escolhas, com as leituras que realizamos e programas de televisão que assistimos. A educação informal corresponderia a ações e influências exercidas pelo meio, pelo ambiente sociocultural, e que se desenvolve por meio das relações dos indivíduos e grupos com o seu ambiente humano, social, ecológico, físico e cultural, das quais resultam conhecimentos, experiências, práticas, mas que não estão ligadas especificamente a uma instituição, nem são intencionais e organizadas (LIBÂNEO, 2010). Tudo o que vivemos em nossa vida nos proporciona aprendizagens, ou seja, o meio em que estamos inseridos contribui significativamente com nosso desenvolvimento. Por fim, a dimensão pedagógica nesses espaços pode ser visualizada na sua capa- cidade de promover educação para a cidadania, para a melhoria da qualidade de vida dos envolvidos e da comunidade. O termo educação se origina do latim. Educação = tirar (o educando) de um estado e levá-lo a outro (do não-saber ao saber); extrair (do educando) o potencial latente, criar o educando ou criar nele a condição de aprender, instruí-lo ou passar-lhe informações. Podemos entender então que, a origem do sistema educacional está relacionado ao desenvolvimento da humanidade e ao acúmulo de conhecimentos produzidos por ela, sendo considerada umas das instituições mais antigas. A origem da escola, portanto, está ligada à necessidade de desenvolver e con- solidar a ordem social capitalista. Era preciso formar o cidadão apto a viver na cidade, cumprindo seus direitos e deveres e atuando de forma eficiente no processo produtivo industrial (SILVEIRA, 1995). A educação formal está relacionada ao ensino organizado. Seguindo um currículo pré-determinado, tem sua divisão pela idade da criança e nível de conhecimento, pelas disciplinas de acordo com cada etapa, seguindo sempre as leis. 15UNIDADE I Atuação Pedagógica em Espaços não Escolares Para Afonso (2005), a educação formal corresponde a uma determinada sequência, organizada com antecedência em planejamentos, sendo assim, ofertada pelas instituições de ensino. Por fim, está atrelada à obrigatoriedade, ao ensino associado a programas curricu- lares gerais aprovados e reconhecidos pelos órgãos competentes, quem fornece esse tipo de educação são as escolas e universidades, instituições tradicionais de ensino. A educação não-formal começa a surgir com relação ao meio pedagógico con- comitante às diversas críticas ao sistema formal de ensino. Vários outros setores sociais como saúde, cultura entre outros consideravam o espaço escolar e a família incapazes de representar toda a demanda social exigida. De acordo com Trilla (2006), no final da década de 60 surge o termo educação não-formal. Neste período surgiram diversas discussões relacionadas a vários assuntos sobre o pedagógico, a crise na educação, críticas às instituições de ensino e seus paradig- mas. No Brasil, a educação não-formal era considerada um dos campos menos impor- tantes. Isso se encaixava as políticas organizacionais até aos(as) educadores(as), até os anos 80 esse dilema permaneceu. Sendo assim, a educação não formal proporciona a aprendizagem de conteúdos da escolarização formal em espaços como museus, centros de ciências, ou qualquer outro em que as atividades sejam desenvolvidas de forma bem direcionada, com um objetivo definido (VIEIRA, 2005). E, por fim, a educação informal sempre predominou no meio social, pois, por meio dela, os indivíduos conseguem desenvolver seus conhecimentos e expressar suas opiniões. Transmitida pelas famílias, nas interações sociais e nas leituras realizadas,é o processo livre de transmissão de alguns saberes, como: a fala, a leitura, os costumes e tradições entre outros. Uma de suas características é não ser uma educação intencional ou organizada, mas de maneira imprevisível e prática, portanto essa aprendizagem acontece fora de uma estrutura curricular e durante toda a vida do indivíduo. A educação informal corresponde a ações e influências exercidas pelo meio, pelo ambiente sociocultural, e se desenvolve por meio das relações dos indivíduos e grupos com o seu ambiente humano, social, ecológico, físico e cultural, das quais resultam conhecimen- tos, experiências, práticas, mas que não estão ligadas especificamente a uma instituição, nem são intencionais e organizadas (LIBÂNEO, 2010). 16UNIDADE I Atuação Pedagógica em Espaços não Escolares Portanto, a aprendizagem ocorre de maneira espontânea e é adquirida por meio das experiências cotidianas e da relação com o meio que a pessoa está inserida. A família, os vizinhos, os amigos da escola, são considerados os agentes responsáveis pelo ensino e aprendizagem da criança. SAIBA MAIS Caro(a) aluno(a), como aprendemos o termo pedagogia é de origem grega e somente com o tempo passa a ser utilizado para indicar reflexões sobre a educação. Podemos dizer então que o berço da pedagogia é a Grécia e foi lá que as primeiras reflexões so- bre as ações pedagógicas começaram a surgir e que por muito tempo irão influenciar a educação. O(A) pedagogo(a) é aquele(a) que domina sistemática e intencionalmente as formas de organização do processo de formação cultural que se dá no interior das escolas. Daí a necessidade de um espaço organizado de forma sistemática com o objetivo de possibi- litar o acesso à cultura erudita (SAVIANI, 1985). De modo geral, a educação grega visava uma formação integral, que envolvesse o desenvolvimento do corpo e do espírito, embora alguns povos gregos enfatizassem o preparo esportivo e outros, o debate intelectual. A história é a interpretação da ação transformadora do homem no tempo. A pedagogia é a teoria crítica da educação, isto é, da ação do homem quando transmite ou modifica a herança cultural (ARANHA, 1996). Fonte: a autora. 17UNIDADE I Atuação Pedagógica em Espaços não Escolares SAIBA MAIS Prezado(a) acadêmico(a), atuante nos mais diversos processos relacionados ao ensino- -aprendizagem, o papel do(a) pedagogo(a) está ligado ao do(a) professor(a), pois é um agente de apoio educacional. Esses exemplos nos levam a perceber as mudanças na formação do(a) pedagogo(a) e como citadas anteriormente possibilitam um grande leque de opções. Segue algumas atribuições na atualidade. Outras atribuições do(a) pedagogo(a): ● Analisar e entender as tendências da sociedade atual e futura. ● Elaborar diretrizes e políticas educacionais ● Pesquisar, levantar dados, elaborar informações e indicadores. ● Redefinir a função da escola. ● Pesquisar demandas por educação. ● Ajudar os professores a definir e a buscar os verdadeiros objetivos da educação. ● Coordenar a elaboração do projeto político-pedagógico das escolas. ● Realizar pesquisa-ação em educação. ● Gerir o desenvolvimento da tecnologia educacional. ● Promover discussões e estudos a respeito de temas fundamentais para a edu- cação como: repetência, ou seja, como evitar que ela aconteça e evasão, entre outros. Dessa forma, a profissionalização do(a) pedagogo(a), com apropriação de competên- cias e conhecimentos necessários ao exercício da ação pedagógica, são essenciais para o conhecimento e formação continuada. Fonte: a autora. 18UNIDADE I Atuação Pedagógica em Espaços não Escolares SAIBA MAIS Formar o indivíduo por meio do conhecimento científico e transformá-lo em cidadão realizando um trabalho coletivo entre a escola e a comunidade é uma demanda da so- ciedade atual. Sendo assim, a sociedade moderna necessita urgente do envolvimento de diferentes modelos de ensino. A reflexão nos bancos escolares deve acontecer de modo que o aluno possa pensar de forma crítica e autônoma, desempenhando seu papel transformador na sociedade, lutando por seus direitos e utilizando da educação formal, não formal e informal para a apropriação de seu conhecimento e a aquisição de novas aprendizagens. O indivíduo se constrói em diversos ambientes, um deles é a escola, um ambiente que se soma aos demais, levando em consideração todas as aprendizagens adquiridas no decorrer do processo. Sendo assim, a escola tem a função de oferecer uma formação pela qual o(a) aluno(a) irá se tornar capaz de fazer análises científicas, críticas e reflexi- vas a respeito dos mais variados temas. (SIQUEIRA, 2004, p. 43). A educação, portanto, é um processo social que se apresenta de acordo com cada reali- dade, numa concepção determinada de mundo, buscando atingir seus objetivos educa- tivos de acordo com as mudanças que a sociedade necessita. Esse fenômeno deve ser inteiro e não de forma fragmentada, instaurando a educação em qualquer lugar como prática social. Fonte: a autora. 19UNIDADE I Atuação Pedagógica em Espaços não Escolares SAIBA MAIS O processo histórico de transformação da sociedade perpassa pelo que chamamos de ressignificação de ações e valores. É fato que para chegarmos ao que temos ou somos hoje, em se tratando de método, ciência e educação é necessário entender como ocor- reu o processo dentro da história e como se originou tudo que hoje vivemos. Franco (2018), reforça o fato de pensar que a educação se faz em toda sociedade, atra- vés de diferentes meios e em diferentes espaços sociais, à medida que a sociedade se tornou complexa, há que se expandir a intencionalidade educativa para diversos outros contextos, abrangendo diferentes tipos de formação necessários ao exercício pleno da cidadania. O ensino e a aprendizagem não estão apenas dentro do cotidiano escolar, ele perpas- sa os muros da escola, pois os espaços formais, não formais e informais contribuem significativamente com a educação, auxiliando assim para o desenvolvimento de um processo mais rico em conhecimentos, cada um com sua especificidade mas realizando um trabalho em conjunto. Fonte: a autora. REFLITA ● Um aluno já chega dentro do ambiente de ensino com padrões criados já pelo seu ciclo social e esse fenômeno ocorre o tempo inteiro organicamente em todos os espaços (ALVES, 2003). ● A existência de um processo educativo no interior de processos que se desenvol- vem fora dos 10 canais institucionais escolares implica em ter, como pressuposto básico, uma concepção de educação que não se restringe ao aprendizado de conteúdos específicos transmitidos através de técnicas e instrumentos do proces- so pedagógico (GOHN, 2011). ● Pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação ativa de saberes e modos de ação, tendo em vista, objetivos de formação humana definidos em sua contextualização história. (LIBÂNEO, 2001a). 20UNIDADE I Atuação Pedagógica em Espaços não Escolares CONSIDERAÇÕES FINAIS Finalizando a Unidade I da disciplina de Educação em Espaços Não Escolares, intitulada “Atuação Pedagógica em Espaços Não Escolares”. No primeiro momento analisamos um breve histórico da pedagogia no Brasil. Vimos que a pedagogia é uma das profissões mais antigas e que na Grécia antiga o(a) pedago- go(a) era o(a) responsável por conduzir a criança até os espaços de aprendizagem. No segundo momento estudamos as funções e atribuições do(a) pedagogo(a), quais campos de atuação bem como sua ação significativa na organização pedagógica da escola, articulando e desenvolvendo práticas pedagógicas que visem a formação e apren- dizagem do(a) sujeito(a). No terceiro momento conhecemos os conceitos de educação: “formal”, “informal” e “não formal”. Para tanto, vimos que a base material de cadasociedade é o conhecimento, por isso a exigência para uma formação específica e que atenda às necessidades indivi- duais e coletivas são essenciais para as relações. Por fim, no quarto momento, entendemos os aspectos históricos da educação “formal”, “informal” e “não formal” e a importância de cada um dos fatores para o desenvol- vimento humano. Portanto, procuramos contribuir para que você caminhe ao encontro de outras possibilidades de entendimento sobre a educação em espaços não escolares, para que compreenda esse processo, pois a aprendizagem está presente em nosso dia a dia e que o papel do(a) pedagogo(a) é a chave para o exercício consciente da cidadania e do desen- volvimento social do indivíduo. 21UNIDADE I Atuação Pedagógica em Espaços não Escolares LEITURA COMPLEMENTAR Olá, estudante. A leitura complementar para a nossa primeira unidade será o artigo Educação Não Formal, Informal e Formal do Conhecimento Científico nos Diferentes Espa- ços de Ensino e Aprendizagem, da autora Maria Salete Bortholazzi Almeida. A autora nos traz um aporte teórico busca uma reflexão sobre o papel das ciências nos espaços não formal, informal e formal de educação. Do ponto de vista que a educação de forma geral, sob a influência do mundo contemporâneo, passa por constantes mudanças, o processo ensino e aprendizagem devem acontecer de forma integrada com o fenômeno da globalização Segue o link de acesso ao livro em PDF. http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2014/2014_uel_bio_ pdp_maria_salete_bortholazzi_almeida.pdf Aproveitem o material e boa leitura! http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2014/2014_uel_bio_pdp_maria_salete_bortholazzi_almeida.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2014/2014_uel_bio_pdp_maria_salete_bortholazzi_almeida.pdf 22UNIDADE I Atuação Pedagógica em Espaços não Escolares MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • Título: Educação formal e não-formal. • Autor: Elie Ghanem e Jaume Trilla • Editora: Saraiva • Sinopse: A linha mestra da presente obra é a defesa da interação, coordenação, articulação e complementaridade entre a educação formal e a educação não-formal. Em meio a um fervoroso diálogo, os autores Elie Ghanem e Jaume Trilla, cada um à sua maneira, defendem um continuum entre as ações e experiências vividas nessas duas esferas da educação, rechaçando a cisão existente entre elas. E o fazem enfrentando pontos nevrálgicos, instigan- tes e controversos como a relação entre as dimensões política e pedagógica, entre as diferenças ideológicas, as funções, os atributos e as capacidades de cada agente educacional. O debate estabelecido pelos autores traz ainda uma valiosa aproximação entre questões teóricas e práticas educativas, fruto de um enorme comprometimento com a busca de uma educação democrática e a promoção de uma ordem social que supere as desigualdades e favoreça a construção de um sistema educacional que respeite os direitos de todos. FILME/VÍDEO • Título: Coach Carter - Treino Para a Vida • Ano: 2005 • Sinopse: Baseado em uma história real. O dono de uma loja de artigos esportivos, Ken Carter (Samuel L. Jackson), aceita ser o técnico de basquete de sua antiga escola, onde conseguiu recor- des e que fica em uma área pobre da cidade. Para surpresa de muitos ele impõe um rígido regime, em que os alunos que queriam participar do time tinham de assinar um contrato que incluía um comportamento respeitoso, modo adequado de se vestir e ter boas notas em todas as matérias. A resistência inicial dos jovens acaba e o time sob o comando de Carter vai se tornando imbatível. Quando o comportamento do time fica muito abaixo do desejável Carter descobre que muitos dos seus jogadores estão tendo um desempenho muito fraco nas salas de aula. Assim Carter toma uma atitude que espanta o time. 23 Plano de Estudo: A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • As Competências e Habilidades do Pedagogo e sua aplicabilidade em espaços não esco- lares. • O Pedagogo: profissional referência para ações formativas em espaços organizacionais. Objetivos de Aprendizagem: • Conhecer as competências e habilidades do(a) pedagogo(a) • Abordar o papel do(a) pedagogo(a) em espaços não escolares • Compreender a ação do(a) pedagogo(a) e os espaços organizacionais. UNIDADE II Fundamentos Pedagógicos da Educação em Espaços não Escolares Professora Mestre Priscila da Rocha Luiz Bueno 24UNIDADE II Fundamentos Pedagógicos da Educação em Espaços não Escolares INTRODUÇÃO Prezado(a) estudante, seja bem-vindo(a) à Unidade II da disciplina de Educação em Espaços Não Escolares do curso de Graduação em Educação Especial. O trabalho dos profissionais da educação, em especial do(a) pedagogo(a), é tradu- zir o novo processo pedagógico na sociedade mundial, elucidar a quem ele serve, explicitar suas contradições e, com base nas condições concretas dadas, promover necessárias arti- culações para construir alternativas que ponham a educação a serviço do desenvolvimento de relações verdadeiramente democráticas. Nessa perspectiva, Libâneo (2001) nos mostra que a Pedagogia é o campo do co- nhecimento que se ocupa do estudo sistemático da educação, isto é, do ato educativo, da prática educativa concreta que se realiza na sociedade como um dos ingredientes básicos da configuração da atividade humana. Diante dessa afirmação, esta unidade nos levará a compreensão das competências e habilidades do(a) pedagogo(a), já que sua atuação é ampla em nossa sociedade, em seguida abordaremos o papel do(a) pedagogo(a) em espaços não escolares, mostrando que essa profissão sofreu mudanças em seu conceito e dimensões das ações, deixando de ter uma atuação restrita ao processo ensino-aprendizagem em espaços escolares formais, analisar os espaços organizacionais que promovem o desenvolvimento de habilidades e, por fim, sobre o(a) pedagogo(a) sua função na organização, planejamento, implementação e avaliação oportunizando aprendizagens. Sendo assim, a Pedagogia abrange o campo teórico e investigativo da educação, do ensino, de aprendizagens e do trabalho pedagógico. Espero que estes textos colaborem para a sua melhor compreensão sobre o tema de nossa segunda unidade. Boa leitura! 25UNIDADE II Fundamentos Pedagógicos da Educação em Espaços não Escolares 1 AS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO PEDAGOGO E SUA APLICABILIDADE EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES A educação para o século XXI descortina um cenário com novas perspectivas para todo profissional que se insere no mercado de trabalho sob diversas abrangências, como nos mostra a própria sociedade. Vive-se um momento de uma nova estrutura social, que exige profissionais cada vez mais qualificados e preparados para atuarem nesse cenário competitivo. O(a) pedagogo(a) da atualidade deve ter ciência em relação a sua prática, pois não poderá mais se limitar aos processos tradicionais de ensino-aprendizagem, nos conhecidos espaços escolares formais em que os ensinos eram ministrados, mas terá que buscar uma constante melhoria nos processos de aprendizagem dos indivíduos (LIBÂNEO, 2013). As linhas de pensamento relacionadas ao(a) profissional pedagogo(a), neste novo modo de conceber sua atuação, possibilitam uma reflexão mais aprofundada sobre a sua atuação. Hoje se pensa muito mais detalhadamente a dinâmica do conhecimento e as novas funções do educador como mediador desse processo. Dessa forma, não podemos mais nos deter somente no universo da educação formal, mas buscar novas fontes de formação e de informação. Dessa forma, resgata a importância de se considerar o(a) professor(a) em sua própria formação, num processo de autoformação, de reelaboração dos saberes iniciais em confronto com a prática vivenciada. Assim, seus saberes vão se constituindo a partir de uma reflexão na e sobre a prática. Essa tendênciareflexiva vem se apresentado como 26UNIDADE II Fundamentos Pedagógicos da Educação em Espaços não Escolares um novo paradigma na formação de professores, sedimentando uma política de desenvol- vimento pessoal e profissional dos professores e das instituições escolares (NUNES, 2001, p. 30). Essa transformação relacionada à atuação do(a) pedagogo(a) se dá pelo fato de que, hoje, vivemos o processo que reflete a transformação de valores e pensamentos de uma sociedade voltada para valores mais específicos, como a cultura de seu povo, valor diferente daquele que até pouco tempo se primava pelo valor econômico. Ou seja, a cultura, a educação, a participação, hoje, têm o seu papel melhor definido e quase tão importante para a sociedade quanto a situação econômica propriamente dita. De acordo com as ideias de Nóvoa (1995), a formação dos pedagogos como profissionais voltados para o mercado caracteriza-se como uma busca pela melhoria da qualidade da educação e da própria sociedade. Neste sentido, aliada às políticas públi- cas educacionais, a formação continuada de forma fundamentada e planejada permeia a tradicional identidade do pedagogo, possibilitando a ele atuar de forma significativa e transformadora. O(A) pedagogo(a) está sendo inserido(a) num mercado de trabalho cada vez mais diversificado e amplo, e essa nova dimensão da atuação profissional aconteceu, pela necessidade de compreender a dinâmica que levou a sociedade a chegar onde estamos hoje, com um discurso voltado para a inclusão social, para o voluntariado, para pesquisas, educação formal, não formal e informal, observando o processo de ensino-aprendizagem não somente como processo para dentro da escola, mas como um processo que acontece em todo e qualquer segmento da sociedade, seja ele qual for. A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir na pessoa e dar estatuto ao saber da experiência (NÓVOA, 1995). Nessa nova perspectiva de atuação do(a) pedagogo(a), sua qualificação vem fil- trando cada vez mais o conhecimento, buscando uma relação estreita entre as diferentes propostas de educação existentes na sociedade. Dá conta de uma nova cultura escolar que fornece aos alunos, instrumentos para que saibam interpretar o mundo de maneira completa. Vale aqui destacar que a formação do(a) professor(a) deve estar sempre relaciona- da ao seu contexto, possibilitando experiências e troca de saberes, em que ideias e rela- ções possam ser compartilhadas e construídas. Sendo assim, o fazer pedagógico aliado às construções e saberes diversos, articulados por um referencial teórico-prático, possibilitará 27UNIDADE II Fundamentos Pedagógicos da Educação em Espaços não Escolares uma aprendizagem significativa e comprometida, contextualizando a formação/atuação do(a) educador(a) e favorecendo para a aprendizagem do aluno(a) (BOLFER, 2008). Assim, este profissional que atravessou séculos, executando o seu papel de pre- ceptor, de transformador do conhecimento e do comportamento humano, está chegando ao século XXI, com uma nova proposta, que traduz sua efetiva atuação em outros espaços e que, no entanto, também visam a aprendizagem e a transformação do comportamento humano. A pedagogia, até bem pouco tempo, apresentava-se como uma ciência inserida no ambiente escolar, na sala de aula, formando um(a) profissional envolvido(a) com os proble- mas da educação formal. A ideia que se conhecia era a do(a) pedagogo(a) como profissional capacitado(a) e devidamente treinado(a) para atuar somente em espaços escolares, sendo o(a) responsável pela formação intelectual das crianças, sempre se envolvendo com os problemas relacionados à educação formal propriamente dita. O foco atual da formação do(a) pedagogo(a) sofreu mudanças em seu conceito, pois deixou de ser restrito ao processo ensino-aprendizagem em espaços escolares for- mais, transpondo os muros da escola para diferentes e diversos segmentos, como: ONGs, família, trabalho, lazer, igreja, sindicatos, clubes, organizações etc. Matos e Mugiatti (2009) nos apresentam a ideia de que a prática pedagógica nos espaços não escolares deve ser pensada e organizada para atender as necessidades do sujeito, acreditando nas suas potencialidades e habilidades. Portanto, a prática pedagógica deve superar as barreiras impostas pela educação tradicional que possui uma visão restrita sobre o modo de ensinar e seus conteúdos. Trilla (2006) explica que o crescimento da educação não formal se deve à questão da diminuição de vagas no mercado de trabalho nas escolas formais, em que o excedente de educadores(as) fará migração para entidades como ONGs, associações, centros comunitários, empresas, instituições de saúde e para o terceiro setor em geral como necessidade ou opção profissional. Entende-se, então, que a visão do(a) profissional em pedagogia deve estar atenta às mudanças e movimentos cotidianos, buscando sempre (re)pensar sobre suas práticas, reforçando suas potencia- lidades para que assim seja possível desenvolver um planejamento que traga situações enriquecedoras àqueles que estão no processo de aprender. Para Gohn (2010), o fato desta nova forma de atuação do(a) pedagogo(a) surgir se dá a partir das necessidades de um determinado grupo, naquele local e naquele momento, como, por exemplo, um treinamento em uma empresa, um problema de alguma comunida- de etc. 28UNIDADE II Fundamentos Pedagógicos da Educação em Espaços não Escolares A metodologia da educação não-formal é operada também com ênfase no processo de aprendizagem, porém partindo da cultura dos indivíduos e dos grupos. Sendo assim, O método nasce a partir de problematização da vida cotidiana; os conteúdos emergem a partir dos temas que se colocam como necessidades, carências, desafios, obstáculos ou ações empreendedoras a serem realizados. Os conteúdos não são dados a priori, são construídos no processo. O método passa pela sistematização dos modos de agir e de pensar o mundo que circunda as pessoas (GOHN, 2010). Aprendizagem não significa aprender, porque alguém ensina, mas, sim, o processo de construção, reconstrução e de tomada de consciência do próprio desenvolvimento por parte do sujeito. Entende-se que tudo acontece pela ação do sujeito e, por isso, não se pode deixar de evidenciar o papel dessa ação, pois é por meio dela que se constroem as estruturas do conhecimento. De acordo com Freire (2016), ensinar não é apenas transferir conhecimentos e conteúdos, mas sim a ação pela qual se dá forma à personalidade do indivíduo, isso quer dizer que os processos educativos são desafios e, por isso, há diferentes maneiras de pensar as aprendizagens, não existindo uma forma nem um único modelo de educação, então a escola não é o único lugar em que a aprendizagem acontece, a educação e a aprendizagem estão em todos os lugares na vida dos sujeitos. Segundo Vasconcelos e Brito (2010), o autor Paulo Freire definiu a prática educativa como aquela que envolve a capacidade do(a) educador(a) de somar conhecimento, afetivi- dade, criticidade, respeito, ação e, em conjunto com seu(a) educando(a), concorrer para a transformação do mundo. É uma troca de habilidades, conhecimentos entre educador(a) e educando(a), para que juntos consigam alcançar seus objetivos. Para Arroyo (1998), as pesquisas que possuem como objeto de estudo a relação entre educação e trabalho devem favorecer um diálogo entre a teoria, a prática pedagógica e os profissionais que pesquisam e fazem educação escolar. De acordo com o autor, a teoria pedagógica deve dar conta dos fenômenos educativos que acontecem em todos os tempos e espaços, pois educar é humanizar, caminhar paraa emancipação humana, a au- tonomia responsável, a subjetividade moral e ética, e esse deve ser o projeto de toda ação pedagógica fora ou dentro da escola, se propondo a entender e ajudar no desenvolvimento do ser humano. Por fim, os novos espaços potenciais de atuação do(a) pedagogo(a) vão para além dos campos escolares, possibilitando, assim, os conhecimentos de outros espaços que também estão previstos os conhecimentos pedagógicos. 29UNIDADE II Fundamentos Pedagógicos da Educação em Espaços não Escolares 2 O(A) PEDAGOGO(A): PROFISSIONAL REFERÊNCIA PARA AÇÕES FORMATIVAS EM ESPAÇOS ORGANIZACIONAIS Existem, na sociedade, diferentes práticas educativas, para as quais não é neces- sária a existência de um espaço específico. Basta que se configurem como intencionais para efetivar a presença e o desenvolvimento de ações pedagógicas, e que contribuam de forma construtiva para a formação do ser humano como membro de uma sociedade (LIBÂNEO, 2013). Constantemente percorremos o processo de aprendizagem e essa ação se dá em todos os ambientes em que estamos inseridos, sendo assim temos a oportunidade diária de adquirirmos novos conhecimentos ou até mesmo aperfeiçoar os que já possuímos. Para Guns (1998), a aprendizagem organizacional pode ser definida como a aquisição de conhecimentos, habilidades, valores, convicções e atitudes que acentuem a manutenção, o crescimento e o desenvolvimento da organização. Com isso, novas práticas educativas foram se desenvolvendo e consolidando por meio de ações pedagógicas alternativas que não seguiam as normativas impostas pelas escolas formais, no entanto, eram tão ou até mais educativas dependendo do meio em que se realizavam. A educação escolar não garante somente a aprendizagem de maneira restrita, mas é capaz de produzir novos desenvolvimentos e ampliar as potencialidades humanas de 30UNIDADE II Fundamentos Pedagógicos da Educação em Espaços não Escolares professores(as) e alunos(as), é preciso destacar que todo esse processo se dá necessaria- mente a partir destas relações que se estabelecem na sala de aula (MEIRA, 1998). Guns (1998) nos mostra que existem os seguintes tipos de aprendizagem organi- zacional: ● Aprendizagem de tarefas: é o desempenho de tarefas específicas sendo valo- rizadas e orientadas em suas realizações. ● Aprendizagem sistêmica: está ligada aos processos de organização da insti- tuição para o desenvolvimento e melhoria do aprendizado. ● Aprendizagem cultural: são os valores, convicções e atos da organização e do meio que o sujeito está inserido. ● Aprendizagem de liderança: está voltado para a gestão e liderança da equipe pedagógica, para o fortalecimento das ações. ● Aprendizagem de equipe: orienta para a eficiência na prática da função, mos- trando também como se faz para promover o aprendizado e o crescimento da equipe. ● Aprendizagem estratégica: este tipo de aprendizagem está focado nas estratégias da organização escolar, como se dá o seu desenvolvimento, sua implementação e prováveis melhorias para o alcance do conhecimento. ● Aprendizagem transformacional: orienta para as formas de realizar mudan- ças dentro da organização escolar para que tenham efeitos significativos no aprendizado de todos(as) os(as) envolvidos(as) no ambiente escolar. Entender como acontece o processo de desenvolvimento das crianças, como elas aprendem e como se socializam é uma das ações do trabalho do(a) pedagogo(a), porém o que não se pode esquecer é que todo o processo de formação do ser humano passa por momentos diferentes e principalmente cada um ao seu tempo. É preciso compreender que a formação do indivíduo é um processo de construção que passa por temporalidades diferentes, tais como: tempo da infância, da adolescência, juventude, vida adulta. Nós não tratamos da mesma maneira uma criança de 2 anos, uma de 3, um pré-adolescente de 10, ou um adolescente de 14. Nós tratamos nossos filhos de acordo com seus tempos, de acordo com seus ciclos. A ideia de ciclo é ciclo da vida, é tempo da vida, temporalidade da formação humana (ARROYO, 2003, p. 1). Sendo assim, de maneira compensadora, o papel dos(as) pedagogos(as) nos espaços organizacionais de aprendizagem é de mediar as condições que podem decorrer 31UNIDADE II Fundamentos Pedagógicos da Educação em Espaços não Escolares novos conhecimentos para a criança. O(A) aluno(a) ao perceber que sua aprendizagem depende e é complementada pelas relações que acontecem dentro e fora do ambiente escolar, compreende que quem, de fato, compõe e organiza esse processo de aprendi- zagem é o(a) professor(a), pedagogo(a), mediador(a) este que concretiza e transforma a aprendizagem de qualidade. O ponto de partida para a aprendizagem no espaço escolar está no processo de construção coletiva da prática pedagógica, uma vez que as ações do(a) pedagogo(a) são em sua essência de natureza coletiva. Temos como papel de educadores, a tarefa de exploração do pleno potencial de criatividade e de aprimoramento da educação. Neste sentido, o(a) pedagogo(a) passa, então, a ser uma ferramenta de atuação e tem como princípio a ação-reflexão-ação. Libâneo (2001) afirma que o(a) pedagogo(a) é um(a) profissional que lida com fatos, estruturas, contextos, situações referentes à prática educativa em suas várias modalidades e manifestações, por isso tem um papel primordial para que aconteça, no interior da escola, ações pedagógicas de ensino e aprendizagem. Cabe, portanto, ao(a) educador(a) estar sintonizado(a) com as necessidades da comunidade e propor projetos que atendam aos anseios de todos(as) que almejam um futuro melhor. A escola como espaço social e público deve ter esta característica de servir a todos(as) os(as) que a procuram, bem como envolver outros segmentos da sociedade em suas atividades. Como as escolas não são iguais, são unidades diferentes ligadas a um mesmo sistema de ensino, a forma que o(a) pedagogo(a) utiliza para investigar seu espaço não pode ser a mesma, cada instituição possui especificidades em termos de comunidade e alunos(as), por isso é preciso um trabalho comprometido com a aprendizagem. Portanto, conforme Libâneo (2001, p. 22), “a Pedagogia [...] é, então, o campo do conhecimento que se ocupa do estudo sistemático da educação, isto é, do ato educativo, da prática educativa concreta que se realiza na sociedade como um dos ingredientes básicos da configuração da atividade humana”. Podemos entender, então, que a educação é o conjunto das ações, processos, influências e estruturas que influenciam no desenvolvimento humano e na relação ativa dos grupos com o meio natural e social. Lembrando que somente por meio de uma educação democrática, com a possibi- lidade de trabalhar a realidade da comunidade escolar dentro dos ambientes educativos, é que conseguiremos programar uma educação significativa e de qualidade. 32UNIDADE II Fundamentos Pedagógicos da Educação em Espaços não Escolares É necessário ressaltar que a educação é uma tarefa e um dever coletivo no mundo de hoje. Na escola, na família e na sociedade, todos educam. Ao profissional da educação cabe a tarefa de contribuir de forma decisiva para a superação dos desafios na escola. Segundo Reis (2007), a escola surgiu para complementar a educação familiar, por isso a necessidade dos(as) pais/mães sempre estarem buscando acompanhar o desempe- nho educacional de seus/as filhos(as). Diante das diversas funções e atribuições do(a) pedagogo(a) na atualidade, bem como os mais variados locais que poderá atuar, é inevitável que alguns desafios apareçam pelo caminho. Veja alguns deles a seguir. Desafios do(a) pedagogo(a): ● Auxiliar na resolução de problemas da escola e com alunos(as) desinteressa- dos(as), indisciplinados(as), rebeldes, agressivos(as). ● Propor novas metodologias para evitar que a escola seja um tédio. ● Esclarecer aos(as) professores(as)que é um absurdo exigir que os(as) alu- nos(as) sejam todos(as) iguais, desconsiderando suas diferenças e interesses pessoais. ● Convencer os/as professores(as) que a curiosidade dos(as) alunos(as) é o combustível para sua ação e motor da motivação pela aprendizagem. ● Demonstrar aos(as) professores(as) que um dos principais objetivos da escola é desenvolver no(a) aluno(a) a habilidade de aprender a aprender; ● Atuar para que a escola seja um lugar de prazer e não de sofrimento e tortura. Para entendermos o que é a pedagogia e sua importância, é preciso compreender o seu objeto de estudo que engloba a educação ou prática educativa. A educação constitui o conjunto de processos, influências, estruturas, ações, que se faz presente no desenvol- vimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num determinado contexto do ser humano. Esse profissional tem papel importante no ambiente escolar que se estendam às dificuldades dos(as) professores(as) e alunos(as), a fim de promover melhorias no processo de ensino e aprendizagem. Cabe ainda ao(a) pedagogo(a) a função de refletir e atuar sobre problemas sociais que influenciem na educação escolar e propor possíveis encaminhamen- tos para superação de problemas. 33UNIDADE II Fundamentos Pedagógicos da Educação em Espaços não Escolares A educação é, assim, uma prática humana, uma prática social, que modifica os seres humanos nos seus estados físicos, mentais, espirituais, culturais, que dá uma confi- guração à nossa existência humana individual e grupal (PIMENTA, 2002). A tarefa é árdua, porém, a grande recompensa será a certeza de ter contribuído para a formação e o sucesso de outras pessoas. SAIBA MAIS Caro(a) aluno(a), como aprendemos, no ambiente escolar o(a) pedagogo(a) é quem conduz a ação pedagógica em um trabalho coletivo com a equipe diretiva, professo- res(as). Todas essas ações precisam ter como objetivo melhorar as dificuldades de aprendiza- gem encontradas pelas crianças, tornando a escola um ambiente mais tranquilo, para que tais problemas não interfiram no desenvolvimento do(a) aluno(a). Uma das mais importantes tarefas das instituições educativas hoje está em contribuir para que os jovens possam realizar escolhas conscientes sobre suas trajetórias pes- soais e constituir os seus próprios acervos de valores e conhecimentos não mais impos- tos como heranças familiares ou institucionais (CARRANO; DAYRELL, 2013). Portanto, o(a) pedagogo(a) tem grande influência e importância pois é com base nas ações dele(a) que a escola consegue fazer uma ligação entre os acontecimentos so- ciais, estabelecendo uma relação entre escola e meio social, desempenhando assim uma função pedagógica específica, mas com o objetivo de trazer uma aprendizagem significativa para as crianças. Fonte: a autora. 34UNIDADE II Fundamentos Pedagógicos da Educação em Espaços não Escolares SAIBA MAIS Prezado(a) acadêmico(a), com a expansão do campo de trabalho do(a) pedagogo(a), a sala de aula considerada a Educação Formal está deixando de ser o único local de atuação deste profissional. Para enriquecer mais um pouco a discussão sobre O Papel do(a) Pedagogo(a) em Es- paços Não Formais, o sugiro a leitura do artigo das autoras Daniela Ana Antkiewicz e Flávia Dalla Costa, disponível no link abaixo: https://www.legiaodacruz.com.br/wp-content/uploads/2019/09/aRTIGO-04.pdf Boa leitura! SAIBA MAIS O processo de aprendizagem se constrói à medida que o sujeito tenha possibilidades de poder explorar os espaços disponíveis que trarão novos conhecimentos e um leque maior de aprendizado. De acordo com Barbosa (2006), o ambiente é um espaço construído, e que é definido pelas relações que nele acontecem, ou seja, entre os indivíduos que ali estão para aprender e simbolicamente pelas pessoas responsáveis pelo seu funcionamento. Por isso é preciso termos a compreensão que o espaço educativo precisa ser organiza- do de modo que venha facilitar o desenvolvimento e ampliar as aprendizagens. Fonte: a autora. https://www.legiaodacruz.com.br/wp-content/uploads/2019/09/aRTIGO-04.pdf 35UNIDADE II Fundamentos Pedagógicos da Educação em Espaços não Escolares SAIBA MAIS Toda profissão, principalmente aquela que seu objeto é o trabalho com o ser humano, possui desafios consideráveis que precisam ser superados. Não é diferente para o pe- dagogo: em qualquer instituição, seja ela escolar ou não. (NASCIMENTO,2011 apud MUNERON 2010, p. 64). A atuação do(a) pedagogo(a) depende do meio social em que ele está inserido, pois será esse fator que irá estabelecer as demandas de sua profissão e ação, oferecendo assim aos sujeitos novos instrumentos que favoreçam a reflexão crítica. De acordo com as ideias de Libâneo (2001), o(a) pedagogo(a) domina determinados conhecimentos relacionados a educação, ao mesmo tempo consegue dar novas confi- gurações a esses saberes e os transforma em novas aprendizagens. Fonte: a autora. REFLITA Não poderia deixar de afetar a pedagogia, tomada como teoria e prática da educação. Em várias esferas da sociedade surge a necessidade de disseminação e internalização de saberes e modos de ação (conhecimentos, conceitos, habilidades, hábitos, procedi- mentos, crenças, atitudes), levando a práticas pedagógicas. Fonte: Libâneo (2013). REFLITA A redução do trabalho pedagógico à docência não pode, portanto, constituir-se em algo imutável. Nem mesmo chega a ser uma questão de cunho epistemológico ou conceitual. As novas realidades estão exigindo um entendimento ampliado das práticas educativas e, por consequência, da pedagogia. Fonte: Libâneo e Pimenta (1999). 36UNIDADE II Fundamentos Pedagógicos da Educação em Espaços não Escolares REFLITA A educação escolar garante não apenas a aprendizagem em um sentido restrito, mas ainda é capaz de produzir desenvolvimento e ampliar as potencialidades humanas de professores e alunos, é preciso destacar que todo esse processo se dá necessaria- mente a partir destas relações que se estabelecem nos espaços de aprendizagem que podem ir muito além da sala de aula. Fonte: Meira (1998). REFLITA Não basta, de fato, que cada um acumule no começo da vida uma determinada quanti- dade de conhecimentos de que possa abastecer-se indefinidamente. É, antes, necessá- rio estar à altura de aproveitar e explorar, do começo ao fim da vida, todas as ocasiões de atualizar, aprofundar e enriquecer estes primeiros conhecimentos, e de se adaptar a um mundo em mudanças. Fonte: Delors (2003). 37UNIDADE II Fundamentos Pedagógicos da Educação em Espaços não Escolares CONSIDERAÇÕES FINAIS Finalizando a Unidade II da disciplina de Educação em Espaços Não Escolares, intitulada “Fundamentos Pedagógicos da educação em Espaços Não Escolares”. No primeiro momento analisamos as competências e habilidades do(a) pedago- go(a), neste novo modo de conceber sua atuação, possibilitam uma reflexão mais aprofun- dada sobre a sua atuação. No segundo momento estudamos o papel do(a) pedagogo(a) em espaços não escolares, bem como os novos espaços potenciais de atuação desse profissional que vai além dos campos escolares, possibilitando, assim, os conhecimentos de outros espaços que também estão previstos os conhecimentos pedagógicos. No terceiro momento conhecemos os espaços organizacionais de aprendizagem e que a mesma não acontece apenas em um espaço restrito, mas em todo ambiente que o indivíduo estiver inserido, colaborando assim com os mais variados tipos de aprendizagens organizacionais. Por fim, no quarto momento, entendemos a ação do(a) pedagogo(a) no processo de ensino e aprendizagem e sua atuação sobre os problemas sociais que influenciem na educação escolar, propondo possíveis encaminhamentos para superação de problemas. Esperamos que esse conteúdo contribua não somente para o seu desenvolvimento intelectual, mas também para a sua formação humana, cultural, política esocial. Para aprofundar seus conhecimentos não deixe de consultar as referências. 38UNIDADE II Fundamentos Pedagógicos da Educação em Espaços não Escolares LEITURA COMPLEMENTAR Olá estudante a leitura complementar para a nossa primeira unidade será o Capítulo 4 do livro Educação: um tesouro a descobrir, do autor Jacques Delors. O livro abrange os avanços adquiridos no decorrer do século XX e lança pers- pectivas em todos aspectos, para a coletividade num mundo globalizado. É um alerta dos problemas causados pelos desníveis da Educação entre o Terceiro Mundo e os poderosos blocos econômicos. O livro contém uma visão da pessoa humana em sua totalidade e encerra com artigos de especialistas sobre o tema, numa visão cultural e multicultural. Solicito que vocês se atentem ao Capítulo 4 onde será abordado sobre os quatro pilares fundamentais de educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, aprender a ser. Segue o link de acesso ao livro em PDF: http://dhnet.org.br/dados/relatorios/a_pdf/r_unesco_educ_tesouro_descobrir.pdf DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez, 1998. Aproveitem o material e boa leitura! http://dhnet.org.br/dados/relatorios/a_pdf/r_unesco_educ_tesouro_descobrir.pdf 39UNIDADE II Fundamentos Pedagógicos da Educação em Espaços não Escolares MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • Título: Pedagogia e ambientes não escolares • Autores: Aline Lemos Da Cunha, Elaine De Santa Helena, Gra- ziela Rossetto Giron, José Geraldo Soares Damico, Karen Selbach Borges, Laíno Alberto Schneider, Maria De Lourdes Borges, Taís Schmitz. • Editora: Intersaberes. • Sinopse: Dividida em 10 capítulos, esta coletânea de textos tem por objetivo levantar uma discussão sobre a pedagogia, seus conceitos, suas dimensões e suas implicações sócio-políticas em ambientes não escolares, perpassando, os espaços escolares formais. Busca-se então abordar os princípios e práticas pedagó- gicos tendo em vista a ação do(a) pedagogo(a) em instituições e espaços socioeducativos. FILME/VÍDEO • Título: Numa Escola de Havana. • Ano: 2014. • Sinopse: Chala (Armando Valdes Freire), um garoto de onze anos, vive com sua mãe viciada em drogas, Sonia (Yuliet Cruz). Para sustentar a casa, ele treina cães de briga, indiretamente ajudado por um homem que pode ser ou não seu pai biológico. As dificuldades de sua vida refletem na escola, onde é aluno de Carmela (Alina Rodriguez), por quem ele tem um grande respeito. Mas quando ela fica doente e tem que se afastar, Chala não se adapta à nova professora, que sugere que ele seja transferido para um internato. Quando Carmela retorna, não aceita essa me- dida e outras imposições que aconteceram durante sua ausência. Enquanto a relação entre professora e aluno se intensifica, os dois passam a ser perseguidos na escola, levando a um conflito que reflete o complexo sistema contemporâneo de Cuba. https://livrariaintersaberes.com.br/book-author/aline-lemos-da-cunha/ https://livrariaintersaberes.com.br/book-author/elaine-de-santa-helena/ https://livrariaintersaberes.com.br/book-author/graziela-rossetto-giron/ https://livrariaintersaberes.com.br/book-author/graziela-rossetto-giron/ https://livrariaintersaberes.com.br/book-author/jose-geraldo-soares-damico/ https://livrariaintersaberes.com.br/book-author/karen-selbach-borges/ https://livrariaintersaberes.com.br/book-author/karen-selbach-borges/ https://livrariaintersaberes.com.br/book-author/laino-alberto-schneider/ https://livrariaintersaberes.com.br/book-author/maria-de-lourdes-borges/ https://livrariaintersaberes.com.br/book-author/tais-schmitz/ https://livrariaintersaberes.com.br/book-author/tais-schmitz/ 40 Plano de Estudo: A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • O campo de conhecimento pedagógico e a emancipação dos sujeitos como caminho para a inserção na vida social. • A interação, família, estado e sociedade no processo não formal de educação e na socia- lização do indivíduo. Objetivos de Aprendizagem: • Compreender o conhecimento pedagógico e a emancipação dos sujeitos • Conhecer os espaços não formais e a influência na aprendizagem • Analisar a importância da família no processo de desenvolvimento humano. • Abordar a interação entre família, estado e sociedade no processo não formal de educação UNIDADE III Atuação do(a) Pedagogo(a) em Espaços não Escolares Professora Mestre Priscila da Rocha Luiz Bueno 41UNIDADE III Atuação do(a) Pedagogo(a) em Espaços não Escolares INTRODUÇÃO Prezado(a) estudante, seja bem-vindo(a) à Unidade III da disciplina de Educação em Espaços Não Escolares do curso de Graduação em Educação Especial. A ciência moderna nasce ao determinar objetos específicos de investigação e ao criar um método pelo qual se fará o controle desse conhecimento. Pela ciência, o homem podia espantar o medo causado pela ignorância e superstição, guardando a esperança de um mundo onde as luzes da razão permitiriam a melhor qualidade de vida possível e a emancipação dos preconceitos, da violência e do arbítrio, ou seja, a emancipação do próprio sujeito. Esta unidade nos levará à compreensão sobre como o conhecimento pedagógico emancipa o sujeito, em seguida conheceremos os espaços não formais e a influência deles na aprendizagem, analisaremos a importância da família no processo de desenvolvimento humano e por fim abordaremos a interação entre família, estado e sociedade no processo não formal de educação O conhecimento da natureza emancipa-se do mito, e o conhecimento da socie- dade deve, também, fundar-se na razão. A razão esclarecida é uma razão emancipada (ASSOUN, 1991). Por fim, conhecemos o homem a partir dos seus atos e é pelos atos que o homem se relaciona com a realidade. Todos os atos humanos e todas as relações com a realidade estão penetrados pelo conhecimento, sendo assim, o conhecimento não é um elemento isolado, ao lado de outros atos, pois participa de toda a conduta humana. A compreensão desta unidade contribuirá para a sua formação neste curso superior. Boa leitura! 42UNIDADE III Atuação do(a) Pedagogo(a) em Espaços não Escolares 1 O CAMPO DE CONHECIMENTO PEDAGÓGICO E A EMANCIPAÇÃO DOS SUJEITOS COMO CAMINHO PARA A INSERÇÃO NA VIDA SOCIAL Para que exista o ato de conhecer, é indispensável o relacionamento com dois elementos básicos: um Sujeito conhecedor e um Objeto a ser conhecido. Na relação que se estabelece entre esses dois elementos, a função do Sujeito consiste em apreender o Objeto. A essa relação dá-se o nome de conhecimento. Portanto, a simples descrição do ato de conhecer exige a essencial presença do Sujeito conhecedor e do Objeto conhecido. Conhecer é um agir que precisa de um outro objeto. Sujeito e objeto do agir são correlativos. O específico do conhecer reside nisso: o sujeito e o objeto estão no mesmo ato, identificam-se no ato. O conhecimento realiza-se em três formas interligadas: o conceito, o juízo e o raciocínio. Enquanto conhecemos, enquanto pensamos formamos ideias que definem e caracterizam aquilo que conhecemos, ou seja, formamos conceitos. Não se trata aqui de conceitos rigorosamente definidos, como ocorre em teorias científicas, mas, em geral, de conteúdos significativos, que exprimimos com palavras ou termos. O Conceito pertence à essência do pensar. Conhecer também é julgar, conferir atributos, ou seja, formar juízos. Não falamos apenas em palavras isoladas, não pensamos em conceitos isolados, mas unimos as pala- vras numa frase (enunciado, sentença) que exprime um juízo, por exemplo: a mesa é retan- 43UNIDADE III Atuação do(a) Pedagogo(a) em Espaços não Escolares gular; é alta; é baixa etc. Além do conceito e do juízo, o conhecimento também se realiza no raciocínio. A partir de ideias e juízos conquistados, avançamos para outros conhecimentos. De acordo com Vygotsky (1996), o desenvolvimento é promovidopelo ensino, por esse motivo, investir e enriquecer irá possibilitar um maior desenvolvimento dos indivíduos. Relata ainda, que os conteúdos devem desenvolver os sujeitos, possibilitando que saiam do senso comum e evoluam para um conhecimento científico. Saviani (1991) enfatiza que o conhecimento elaborado precisa ser incorporado à formação dos sujeitos para que estes sejam emancipados. Portanto os objetos da educação são os elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos durante todo o processo educativo. Os conhecimentos que os(as) alunos(as) trazem estão diretamente relacionados às suas práticas sociais, as quais norteiam não somente os saberes do dia a dia, como também os aprendidos na escola. A educação não formal tem como objetivo promover diversas formas de aprendiza- gem, estabelecendo uma relação entre o conhecimento e os meios sociais que a criança está inserida, tornando a aprendizagem adquirida totalmente significativa. O processo de ensino deve ir além dos conteúdos, é preciso que deixe marcas emocionais e sensoriais na criança, isso nos faz entender que são as situações vividas que promovem novos conhecimentos. A educação não formal possibilita essa oportunidade de aprendizagem, pois quando interagimos uns com os outros aprendemos com novas experiências. A aproximação do contexto escolar com os espaços educativos não formais come- çou na segunda metade do século XX e de maneira mais significativa a partir da década de 60 do mesmo século (TRILLA, 2008). Os espaços não formais surgiram com a finalidade de preservar o direito de educa- ção para todos(as), porém tais atividades científicas aconteciam em lugares privilegiados, causando, assim, a necessidade de mudanças na interação e comunicação com o público escolar ou não escolar, gerando, assim, uma aprendizagem significativa dentro dos espa- ços não escolares. Com base nas ideias de Pin e Campos (2015), esses espaços mudaram sua ma- neira de interação e comunicação com o público (escolar ou não), proporcionando uma linguagem mais acessível e a socialização do conhecimento para toda a população. Para divulgarem essa aprendizagem que acontece dentro dos espaços não escolares, esses locais estabelecem uma interação com os visitantes, de tal modo que 44UNIDADE III Atuação do(a) Pedagogo(a) em Espaços não Escolares despertam o interesse e aumentam o acesso aos conhecimentos para todos(as) os(as) interessados(as). De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, 1998), o processo de aprendizagem não acontece apenas dentro da escola, é preciso que aconte- çam atividades extracurriculares, fora do espaço educativo. Passeios, visitas a fábricas, cinema ou qualquer outro local que possibilite a ampliação do conhecimento e a realização dos trabalhos escolares. Com possibilidades de uma construção rica do conhecimento, os espaços não es- colares atuam de forma dialógica, interdisciplinar e reflexiva na aprendizagem do indivíduo, possibilitando que ele saia do conteúdo livresco e tenha acesso a uma realidade palpável, estimulando assim uma aprendizagem significativa. Segundo Montevechi (2005), a educação está inserida no dia a dia do sujeito, estabelecendo um vínculo entre os valores e as atitudes, possibilitando uma percepção de mundo e a construção de um indivíduo participativo no meio social. Por fim, a educação não formal está relacionada às atividades realizadas fora do ambiente escolar, de maneira que complemente o processo de aprendizagem, pois as experiências vividas fora do contexto escolar e nos mais variados espaços contribuem não só para a aquisição do conhecimento mas com a formação intelectual e humana do sujeito. 45UNIDADE III Atuação do(a) Pedagogo(a) em Espaços não Escolares 2 A INTERAÇÃO, FAMÍLIA, ESTADO E SOCIEDADE NO PROCESSO NÃO FORMAL DE EDUCAÇÃO E NA SOCIALIZAÇÃO DO INDIVÍDUO Sabemos que a família é o meio social mais importante para contribuição do desenvolvimento do indivíduo. É nesse agente socializador que a criança cresce, expõe seus sentimentos, experiência as primeiras punições e recompensas, sendo dessa maneira inserido na sociedade. Dessen e Polonia (2007) alegam que o primeiro ambiente socializador do indivíduo é a família, considerada a primeira instituição social, é nela que ocorrerá a transmissão de ideias, valores e crenças serão assegurados. Desta maneira, a família possui um grande impacto no comportamento dos sujeitos, principalmente no das crianças, pois elas apren- dem a ver o mundo, a existir como ser social e a construir seu espaço com base nas relações que se dão diariamente com os membros familiares. O espaço familiar e escolar possui funções relacionadas à educação, às funções sociais e políticas do indivíduo em formação, pois são essas duas vertentes responsáveis por conduzir os valores e conhecimento. Dessa maneira, contribuem e, em alguns casos, influenciam no desenvolvimento do sujeito. O trabalho coletivo entre escola e família contribui e influencia na formação do sujeito, tornando-o um cidadão participativo e consciente das suas ações. Tais instituições possuem a responsabilidade de transmitir o conhecimento e de auxiliar para a construção 46UNIDADE III Atuação do(a) Pedagogo(a) em Espaços não Escolares de novas aprendizagens. Possuem o papel fundamental para estimular o conhecimento físico, social, intelectual, psicológico e emocional. É na família que o desenvolvimento da socialização inicia, pertencendo a ela também proteger e assegurar o plano social, afetivo e cognitivo. Já para a escola cabe assegurar o processo de aprendizagem, com um ensino de qualidade, cujos conteúdos visem a construção do conhecimento (DESSEN; POLONIA, 2007). Segundo as autoras, é no ambiente familiar que a criança aprende a lidar com os mais variados conflitos, achando maneiras de resolvê-las e muitas vezes lidando com as frustrações por não conseguir êxito em tal ação, é nesse contexto que elas também podem expressar sem medo seus sentimentos, aprender com a ajuda do outro a controlar suas emoções, auxiliando assim com sua interação e integração em outros ambientes sociais. Silva (2008) destaca que os pais possuem a capacidade de proporcionar aos fi- lhos(as) um ambiente seguro e estimulante, em que o diálogo e as atitudes sejam aliados, favorecendo, assim, um ambiente de confiança e estímulo entre os membros. Sabemos que na atualidade não há um modelo de família para ser seguido, Daneluz (2008) salienta que o fundamental nessa relação é valorizar o espaço familiar com um meio de produção, reorganização e interação das identidades sociais. Faz-se necessário deixar de lado o antigo modelo familiar, pois hoje lidamos com a diversidade familiar, em que cada uma está inserida em seus costumes, sua cultura e sua individualidade. Com base nas ideias de Filho (2000), a ligação entre família e escola é um dos assuntos mais discutidos atualmente. O autor ressalta que a intensidade das relações entre escola e família variam consideravelmente, pois a relação da prática pedagógica da escola e de seus(as) professores(as) acabam sendo relacionadas a fatores externos exemplo: ocupação dos pais, número de filhos, escolarização da família, cultura entre outros fatores. É de responsabilidade da família a permanência de seus filhos dentro da escola e a estrutura familiar tem forte impacto para evitar a evasão e a repetência escolar, por mais que a escola consiga modificar esses pontos, a família precisa colaborar com a escola para que a aprendizagem do(a) aluno(a) aconteça com significados (DESSEN; POLONIA, 2007). Porém, para que o processo de desenvolvimento do indivíduo seja entendido, é ne- cessário compreender o contexto familiar, o contexto escolar e as relações que esses dois espaços exercem entre ambas e separadamente na vida do sujeito. Considerados como ambientes de aprendizagem, escola e família podem
Compartilhar