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EFETIVA II – METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DE MATERIAIS DIDÁTICOS PARA A E DUCAÇÃO BÁSICA 1. BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) NA POLÍTICA NACIONAL A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento normativo que engloba as aprendizagens necessárias para os estudantes ao longo da educação básica. Seu objetivo é garantir que os alunos tenham seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento garantidos, conforme comprovado pelo Plano Nacional de Educação (PNE) (BRASIL, 2018). A BNCC, enquanto documento normativo, está focada exclusivamente na educação escolar e segue a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996. Seu propósito é orientar a formação integral dos estudantes, embasada em princípios éticos, políticos e estéticos, e promover o desenvolvimento de uma sociedade justa, democrática e inclusiva (BRASIL, 1996). Desde sua promulgação em 2017, a BNCC tornou-se referência nacional para a elaboração dos currículos das escolas estaduais, do Distrito Federal e dos municípios, e passou a orientar todas as propostas pedagógicas dirigidas para as instituições escolares. Como parte integrante da política nacional de educação, a BNCC orienta a organização de várias ações em todo o país, incluindo formação de professores, avaliação, criação de conteúdos educacionais e definição de infraestruturas adequadas para o processo de ensino e aprendizagem. Um dos principais objetivos da BNCC é superar a fragmentação das políticas educacionais, fortalecendo a colaboração entre os diferentes níveis de governo para a melhoria da qualidade da educação. Ao longo da educação básica, é essencial garantir o desenvolvimento de dez competências gerais, conforme estabelecido pela BNCC. 5.1 As dez competências gerais da BNCC Dentro dos princípios da BNCC, o conceito de competência é definido como a aquisição de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores com o objetivo de resolver problemas complexos da vida cotidiana, praticar a cidadania e se adaptar ao mundo do trabalho (BRASIL, 2018). Ao definir essas competências, a BNCC enfatiza o papel da educação na construção de valores e no estímulo a ações que buscam ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA transformar a sociedade, promovendo humanização, justiça e cuidado com o meio ambiente. Nesse sentido, a BNCC está determinada com a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) (PLATAFORMA AGENDA 2030, 2020). O conceito de competência adotado pela BNCC resulta de discussões sociais e pedagógicas ocorridas nas últimas décadas e também está presente nos fundamentos da LDB. A BNCC estabelece que as decisões pedagógicas devem estar direcionadas para o desenvolvimento de competências, por meio da definição clara do que os alunos devem "saber" (construção de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e do que devem "saber fazer" (mobilização desses elementos para resolver demandas complexas do cotidiano) (BRASIL, 2018). Essas competências gerais devem ser trabalhadas em todas as etapas da educação básica, desde a educação infantil até o ensino médio. No Quadro 1 a seguir, apresentamos um resumo das dez competências gerais controladas pela BNCC. Quadro 1. As dez competências gerais da BNCC Fonte: Adaptado de Brasil (2018) A articulação das competências gerais da educação básica se faz necessária para a construção dos conhecimentos, o desenvolvimento de habilidades e a formação de atitudes e valores. 1.2 Estrutura da BNCC A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tem como um dos seus princípios objetivos e incentivar a educação integral, ou seja, desenvolver processos didáticos e pedagógicos que atendam às necessidades e interesses dos alunos, bem como aos desafios da sociedade contemporânea. Nesse contexto, a BNCC propõe a superação da fragmentação disciplinar do conhecimento, buscando uma abordagem mais interdisciplinar e colaborativa, com aplicação prática no mundo real. Todo o processo de aprendizado é contextualizado para dar significado às experiências e promover o protagonismo do aluno na construção do seu projeto de vida (BRASIL, 2018). A BNCC também tem como base os princípios da igualdade, diversidade e equidade, reconhecendo a vasta diversidade cultural, social e econômica existente no Brasil, que tem um impacto direto na educação. Portanto, é necessário garantir a igualdade de oportunidades para todos no que se refere à aprendizagem e à permanência na escola, além de sempre considerar a equidade, uma vez que as necessidades dos estudantes são diversas. Diante desses fundamentos essenciais, é importante compreender a estrutura e a interligação de todo o planejamento da BNCC, a fim de desenvolver currículos que estejam disponíveis com as novas propostas didático-pedagógicas. Na Figura 1, é possível visualizar como a BNCC está estruturada para a educação básica, o que auxilia na compreensão de como desenvolver currículos que atendam a essas propostas. Figura 1. Estrutura da BNCC Fonte: Brasil (2018) A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi elaborada com o propósito de apresentar as competências que os estudantes devem desenvolver ao longo de toda a sua educação básica, em cada fase escolar. Durante a jornada da educação básica, é fundamental que os alunos adquiram as dez competências gerais, que visam garantir uma formação integral e contribuir para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva (BRASIL, 2018). No contexto do ensino fundamental, que é o foco de nosso estudo, a BNCC está organizada em cinco áreas do conhecimento, com o objetivo de facilitar a comunicação entre os diferentes componentes curriculares e seus respectivos conhecimentos e saberes. Cada área do conhecimento desempenha um papel fundamental na formação integral dos alunos do ensino fundamental, sendo dividida em duas etapas: anos iniciais (1º ao 5º ano) e anos finais (6º ao 9º ano). Durante essas etapas, são consideradas as particularidades e demandas didático- pedagógicas de cada fase. Na Figura 2, é possível observar como os componentes curriculares do ensino fundamental estão distribuídos nos anos iniciais e nos anos finais, proporcionando uma visão clara da estrutura curricular. Figura 2. Componentes curriculares do ensino fundamental Fonte: Brasil (2018) Em cada área de conhecimento, são estabelecidas as competências específicas que devem ser desenvolvidas ao longo dos nove anos do ensino fundamental, complementando as dez competências gerais propostas pela BNCC. É importante destacar que, nas áreas que englobam mais de um componente curricular, como é o caso das linguagens e ciências humanas, também são definidas competências específicas para cada componente (como língua portuguesa, arte, educação física, língua inglesa, geografia e história), que devem ser desenvolvidas pelos estudantes durante essa fase escolar. As competências específicas estabelecidas promovem a articulação horizontal entre as áreas de conhecimento e a articulação vertical entre as duas etapas do ensino fundamental, anos iniciais e anos finais. Isso permite a continuidade das experiências e a progressão da aprendizagem dos alunos. Cada componente curricular apresenta um conjunto de habilidades relacionadas aos objetos de conhecimento, que são agrupados em unidades temáticas. Dessa forma, as unidades temáticas consistem em um conjunto de objetos de conhecimento a serem trabalhados ao longo do ensino fundamental, relacionados aos componentes curriculares e envolvendo um número variável de habilidades. Na Figura 3, é possível observar um exemplo de organização das unidades temáticas no ensino fundamental, especificamente no caso do componente curricularde ciências para o 1º ano. Figura 4. Unidade temática de ciências do 1º ano do ensino fundamental. Fonte: Brasil (2018) As habilidades representam as aprendizagens essenciais que os alunos adquirem em diversos contextos escolares. Essas habilidades são descritas utilizando uma estrutura específica, na qual um verbo é empregado para designar os processos cognitivos envolvidos na habilidade. Em seguida, são mencionados o complemento, que inclui os objetos de conhecimento necessários para o desenvolvimento da habilidade, e possíveis modificadores do verbo ou complemento, que fornecem maior especificação à aprendizagem. No exemplo da unidade temática "Vida e Evolução" do componente curricular de Ciências no 1º ano, a habilidade EF01CI02 é descrita da seguinte forma: "Localizar, nomear e representar graficamente (por meio de desenhos) partes do corpo humano e explicar suas funções" (BRASIL, 2018, documento online). Nessa descrição, podemos identificar o verbo (localizar, nomear, representar), o complemento (por meio de desenhos) e um modificador (explicar suas funções). Os modificadores são utilizados para ampliar a habilidade em uma determinada situação ou faixa etária do aluno. É importante ressaltar que essas habilidades não descrevem as ações ou condutas esperadas do professor, nem pressupõem abordagens ou metodologias específicas, pois essas questões são definidas no âmbito de cada currículo e nos projetos pedagógicos adaptados à realidade de cada instituição escolar e dos alunos. Da mesma forma que na educação infantil existe um código alfanumérico para organizar os conteúdos, no ensino fundamental, cada habilidade é identificada por um código alfanumérico (conforme apresentado na Figura 5). Figura 5. Composição do código alfanumérico das habilidades no ensino fundamental. Fonte: Brasil (2018) Como vimos, cabe reforçar que a numeração sequencial identifica as habilidades dos anos ou blocos não representa uma ordem ou hierarquia esperada das aprendizagens. Todo esse conjunto de agrupamentos de conteúdos e habilidades propostas pela BNCC não é um modelo obrigatório para o design dos currículos, mas, sim, o que se espera que os alunos aprendam ao longo do ensino fundamental, sendo uma orientação comum a todo país para elaboração de seus currículos. Como mencionado, é importante ressaltar que a numeração sequencial atribuída às habilidades não representa uma ordem ou hierarquia específica das aprendizagens. Essa numeração serve apenas para identificar as habilidades de acordo com os anos ou blocos do ensino fundamental, e não implica em uma sequência fixa de ensino. É essencial compreender que todo o conjunto de agrupamentos de conteúdos e habilidades propostas pela BNCC não é um modelo obrigatório para a criação dos currículos escolares. No entanto, essas diretrizes estabelecem o que se espera que os alunos aprendam ao longo do ensino fundamental, fornecendo uma orientação comum para a elaboração dos currículos em todo o país. Cabe às instituições educacionais e aos profissionais da educação adaptarem essas diretrizes à sua realidade específica, levando em consideração as características dos estudantes e as demandas locais. 1.3 Organização do currículo com base na BNCC A BNCC e os currículos são complementares, uma vez que as aprendizagens básicas que os alunos precisam adquirir são resultados das decisões que compõem o currículo em prática. Ao construir os currículos, a BNCC enfatiza a necessidade de adequação às realidades locais, levando em consideração a autonomia das redes de ensino e das escolas, assim como o contexto e a realidade de vida dos alunos. Nessa perspectiva, alguns pontos são essenciais para a criação de currículos alinhados com a BNCC e adequados às realidades em que serão implementados, tais como: Fonte: adaptada Brasil (2018) Um dos principais propósitos da BNCC é combater a fragmentação das políticas educacionais, promovendo a cooperação entre as três esferas governamentais para aprimorar a qualidade da educação. Contextualizar os conteúdos dos componentes curriculares com base na realidade local e no tempo de aprendizagem; Organizar de forma interdisciplinar, dinâmica e colaborativa as estratégias para ensino e aprendizagem; Aplicar metodologias e estratégias didático-pedagógicas diversificadas; Utilizar procedimentos para engajar e motivar os alunos nas aprendizagens; Selecionar e produzir recursos didáticos e tecnológicos para apoio na aprendizagem; Aplicar avalição formativa processual levando em conta o contexto de aprendizagem, na busca por melhorias constantes da escola, equipe escolar e alunos; Manter processos permanentes de formação de professores. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicaocompilado.htm. Acesso em: 25 de mai. 2023. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 1996. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: 25 de mai. 2023. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_ EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 25 de mai. 2023. PLATAFORMA AGENDA 2030. Acelerando as transformações para a Agenda 2030 no Brasil. c2020. Disponível em: http://www.agenda2030.org.br/. Acesso em: 25 de mai. 2023. SACRISTÁN, J. G. O Currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Alegre: Penso, 2017. 6 CONCEITOS DE PERÍCIA CONTÁBIL A perícia contábil engloba um conjunto de procedimentos técnico-científicos cujo objetivo é fornecer as evidências necessárias para embasar os argumentos apresentados pelos defensores de uma causa em litígio perante um juiz. Ela é apresentada por meio de um laudo ou parecer elaborado pelo perito conforme as disposições legais e requisitos exigidos pela justiça. A perícia contábil surgiu como uma resposta à necessidade de estabelecer provas que fundamentam a resolução de litígios ou a constatação de fatos relevantes. Essas provas são apresentadas por meio de laudos elaborados conforme as normas jurídicas e profissionais, seguindo a legislação específica aplicável ao caso. O laudo pericial contábil e o parecer contábil devem estar alinhados com os objetivos da perícia, os quais são estabelecidos pelo juiz ou pela entidade contratante do parecer contábil. As normas estabelecem que tanto a perícia contábil judicial quanto a extrajudicial devem ser realizadas por um profissional contador devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade. Essa exigência assegura a competência e a adequada qualificação técnica do contador responsável pela elaboração do laudo ou parecer. 6.1 Histórico da perícia contábil Os primeiros registros da prática de perícia contábil remontam aos primórdios da civilização. Nas antigas sociedades, havia indivíduos que, devido à sua experiência ou maior força física, assumiam o papel de líderes. Esses líderes desempenhavam funções de juízes, legisladores e executores, pois naquela época a lei era ditada pelo poder do mais forte. A figura do árbitro, responsável por verificar os fatos, examinar a situação e tomar decisões judiciais, pode ser encontrada na Índia. Já a prática da perícia contábil pode ser observada noEgito e na Grécia, onde existiam especialistas que realizavam verificações e exames em áreas específicas. Esses especialistas desempenhavam um papel importante na obtenção de informações precisas e na busca da verdade em questões contábeis e financeiras. Ao longo dos séculos, a perícia contábil evoluiu e se tornou uma disciplina mais estruturada, incorporando normas e procedimentos para garantir sua eficácia e imparcialidade. 6.2 Prática da perícia contábil A perícia judicial, assim como outras formas de perícia, tem como objetivo principal se concentrar no fato que está sendo objeto de disputa, seja em um contexto extrajudicial ou judicial, e fornecer um laudo detalhado sobre o assunto. É essencial que o laudo seja elaborado de forma clara e acessível, de modo a facilitar a compreensão e permitir que os fatos apurados sejam compreendidos com facilidade. Isso contribui para agilizar o processo de julgamento, garantindo que todas as partes envolvidas tenham um entendimento adequado das questões em discussão. A perícia deve ter como objetivo, entre outros: • Fornecer informação fiel; • Esclarecer e eliminar as dúvidas suscitadas sobre o objeto; • Ter fundamento cientifico da decisão; • Estabelecer a medida, a análise e a avaliação, ou, se não for possível obter resultados exatos, o arbitramento sobre o quantum monetário do objeto. 6.3 A finalidade da perícia A finalidade da perícia é obter informações pertinentes ao processo em questão, por meio de procedimentos de exame, vistoria ou avaliação realizados por um especialista qualificado e tecnicamente versado no assunto em análise. A perícia visa suprir a falta de conhecimento das partes envolvidas em relação ao objeto da prova pericial, além de fornecer esclarecimentos adicionais aos advogados e, em particular, ao magistrado. A perícia contábil planeja confirmar, provar ou evidenciar a real situação contábil relacionada ao seu objeto. Essa informação é transferida por meio de um laudo pericial, com o intuito de embasar a decisão judicial ou extrajudicial. Dentre os principais usuários da perícia estão: Julgador: refere-se ao magistrado, que necessita de informações técnicas relacionadas ao campo de conhecimento em questão. Além disso, o magistrado precisa contar com a experiência que o auxiliará em suas decisões judiciais. Advogados: utilizarão as informações apresentadas no laudo pericial com o propósito de verificar a veracidade dos fatos apresentados pelas partes envolvidas e salvaguardar os interesses daquela que contratou a perícia. Partes envolvidas: são aqueles que estão envolvidos no processo e que possuem interesse no laudo pericial. Este poderá evidenciar ou não a realidade das justificativas e confirmar os fatos, assim como refazer os acontecimentos em debate. Árbitro ou mediador: é o responsável indicado para solucionar ou auxiliar na melhor solução de um litígio. Uma das atribuições da perícia é buscar informações técnicas relevantes em uma área específica, a fim de subsidiar a tomada de decisão em um conflito. A perícia possui dois tipos de objetivos: gerais e específicos. O objetivo geral é confirmar, comprovar ou apresentar fatos relacionados ao objeto em questão. No caso da perícia contábil, os objetivos específicos podem ser destacados da seguinte forma: • Verificar a veracidade das informações. • Comprovar, analisar e avaliar a condição do objeto em questão. • Esclarecer e eliminar quaisquer dúvidas existentes sobre o objeto. • Embasar a decisão com fundamentos científicos. • Elaborar uma opinião ou parecer técnico embasado. • Medir, verificar e avaliar o objeto de acordo com critérios específicos. • Revelar de maneira transparente o que pode estar oculto pelas partes envolvidas, seja por incerteza, desvio, erro, fraude, entre outros. Você já deve está ciente da principal finalidade da perícia contábil. Ela visa confirmar eventos ou questões contábeis relacionadas à causa em questão, ou seja, ao aspecto patrimonial. Isso envolve a análise técnica do perito. Independentemente dos critérios escolhidos, existem características essenciais da perícia que devem ser consideradas, tais como: • Restrição do escopo, ou seja, limitação da matéria em questão. • Declaração focada na(s) questão(ões) planejada(s), incluindo o planejamento das perguntas a serem formuladas. • Realização de um exame minucioso e eficiente em um campo determinado previamente, seguindo o planejamento da perícia para alcançar as expectativas estabelecidas. • Referência detalhada à matéria periciada, com uma cuidadosa descrição do assunto em questão. • Total imparcialidade por parte do perito em seu parecer, agindo sem favorecer nenhuma das partes envolvidas e baseando sua opinião em suas experiências e competências. 6.4 Os tipos de perícia contábil A perícia contábil é solicitada em diversas situações relacionadas a processos judiciais. Sua atuação concentra-se na análise de eventos relacionados ao patrimônio individualizado, visando formar uma opinião com base na situação proposta. Para embasar essa opinião, são realizados exames, vistorias, questionamentos, análises, avaliações e arbitramentos. Além disso, são executados outros procedimentos necessários para o perito poder emitir sua opinião sobre o caso em questão. Para solucionar disputas legais e esclarecer dúvidas sobre eventos, diferentes tipos de perícia são apresentados, vistos a seguir. Perícia judicial A perícia judicial é conduzida sob a supervisão de um juiz, ou seja, é realizada com a tutela do Poder Judiciário, visando esclarecer fatos ou produzir provas sobre determinada situação. A perícia contábil judicial desempenha um papel importante no campo da contabilidade, exigindo a presença de um profissional qualificado capaz de elucidar questões relacionadas ao patrimônio de pessoas físicas e jurídicas. No exercício da perícia contábil, o profissional utiliza uma variedade de procedimentos técnicos, como análises, diligências, coleta de dados, verificações, cálculos, exames, investigações, apurações, arbitramentos, mensurações, avaliações e confirmações. A perícia judicial é composta por várias etapas, tais como: Etapa inicial: • A perícia é solicitada ao juiz pela parte envolvida; • O juiz atende à perícia e faz a nomeação de um perito; • As partes envolvidas elaboram os quesitos e escolhem seus assistentes; • Os peritos são notificados quanto à sua escolha; • Os peritos fazem a proposta relativa aos honorários e solicitam o depósito; • O juiz define o prazo, assim como o local e a hora de início. Etapa atuante: • Etapa de início da perícia e das diligências; • Desenvolvimento e aplicação do trabalho; • Desenvolvimento do laudo pericial. Etapa final: • Rubrica do laudo; • Apresentação do laudo; • Verificação dos honorários; • Explicações, quando solicitadas. Perícia semijudicial A perícia semijudicial refere-se à perícia realizada no âmbito estatal, mediante autoridades policiais, parlamentares ou administrativas que possuem poder jurisdicional. Ela está sujeita às normas legais e regimentais, sendo semelhante à perícia judicial. Perícia extrajudicial A perícia extrajudicial refere-se à perícia realizada fora do âmbito judicial, por vontade das partes envolvidas. Pode ter como objetivo apresentar fatos verídicos relacionados ou não à disputa em questão. Além disso, pode ter a finalidade de esclarecer os interesses das partes envolvidas no litígio, confirmar erros ou possíveis fraudes, desvios ou simulações. Perícia arbitral A perícia arbitral é o tipo de perícia efetuada por um perito. Mesmo não sendo definida juridicamente, possui valor de perícia judicial, porém essência extrajudicial. Isso ocorre porque as partes envolvidas no conflito indicam as normas que serão executadas na arbitragem. 6.5 A diferençaentre perícia e auditoria Uma das diferenças entre perícia e auditoria reside no fato de que a perícia é realizada por um perito-contador, enquanto a auditoria externa é conduzida por um auditor. A perícia contábil, geralmente, é solicitada no contexto judicial e tende a envolver custos mais elevados. Consiste no exame de eventos ou na análise de fatos registrados em autos de um processo, bem como em contratos ou propostas por escrito. No caso da perícia extrajudicial, o procedimento pericial planeja examinar minuciosamente o assunto em discussão nos registros ou o objeto em questão. Durante a execução do trabalho do perito em um processo específico, o contador busca investigar a veracidade dos fatos que podem estar ocultos pelas partes envolvidas, sempre mantendo uma postura imparcial. O contador, ao atuar como perito, também visa verificar os eventos relacionados à disputa, não podendo realizar suas funções por meio de amostragem ou testes. O papel do perito-contador nas perícias é investigar e fornecer evidências de tudo o que foi alegado pelas partes envolvidas no processo. É importante destacar que o perito não atua como consultor da organização. Portanto, é fundamental compreender que esse profissional, durante a condução da perícia, deve buscar sempre a verdade em relação aos fatos apresentados. Auditoria contábil: é um procedimento comumente utilizado pelas organizações, podendo ser realizado tanto internamente quanto externamente. Auditoria externa: visa examinar toda a documentação relacionada a um período específico, geralmente de um ano, conforme estipulado no contrato de prestação de serviços. Seu propósito é confirmar a veracidade das demonstrações contábeis de um determinado período, como trimestre ou semestre. A validação pode ser feita com ou sem ressalvas, dependendo das constatações realizadas durante o processo de auditoria. A realização de auditorias externas envolve a aplicação de técnicas estatísticas, como a amostragem. Essas técnicas direcionam os exames para os elementos essenciais das demonstrações contábeis, permitindo a verificação das alterações patrimoniais. A auditoria externa é conduzida por um profissional independente, que não possui nenhum vínculo empregatício ou interesse pessoal com a organização auditada. O objetivo do auditor externo é emitir uma opinião sobre os demonstrativos contábeis examinados durante a auditoria. Na auditoria externa, o auditor verifica se o controle interno está conforme as normas. Dessa forma, visa determinar a extensão da análise das informações contábeis no contexto da auditoria contábil. Os trabalhos realizados pelo auditor externo devem ser cuidadosamente planejados a fim de identificar erros e fraudes que possam ter impacto significativo nas demonstrações contábeis. O processo de auditoria frequentemente segue uma abordagem de análise dos dados finais e percorre o caminho inverso. Isso significa que identificará desvios que violem as políticas da organização e as normas contábeis brasileiras, os quais podem representar riscos para a integridade do patrimônio. Além disso, visa identificar registros de usuários que podem afetar a precisão das contas. Auditoria interna: é um processo conduzido por membros da equipe ou departamento de auditoria interna de uma empresa. Seu propósito é avaliar e supervisionar a eficácia dos controles internos, garantindo o cumprimento das normas, procedimentos internos e diretrizes estabelecidas pela alta administração da organização. Além disso, a auditoria interna tem a responsabilidade de assegurar a qualidade e o desempenho de cada departamento em relação às suas funções, planos, metas, objetivos e políticas estabelecidas pela organização. Os auditores internos devem adquirir conhecimento especializado na área em que atuam. Dessa forma, eles estão preparados para realizar auditorias em todas as atividades econômicas ou empresariais. 2. AMPLIAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL PARA NOVE ANOS Num país como o Brasil, marcado por grandes diferenças sociais e com uma parcela significativa da população em situação de vulnerabilidade social, as condições de acesso e permanência na escola constituem um importante diferencial na formação plena dos indivíduos. Ciente da relevância, das vivências e das experiências escolares na formação plena dos indivíduos, o Ministério da Educação tem buscado ao longo da história da educação brasileira ampliar o tempo de permanência na escola, com respaldo da legislação pertinente. Para um melhor entendimento acerca desse assunto, torna-se importante compreender o contexto histórico que versa sobre a ampliação do tempo de permanência dos alunos na escola. Em 1961, foi publicada a Lei nº 4.024, que estabeleceu quatro anos de escolaridade obrigatória. Em 1970, pelo Acordo de Punta Del Este e Santiago, o governo brasileiro assumiu o compromisso de ampliar para seis anos o ensino primário de todos dos brasileiros. Um ano depois, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (Lei nº 5.692/71) determinou a extensão da obrigatoriedade para oito anos (BEAUCHAMP; PAGEL; NASCIMENTO, 2007). Por sua vez, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9.394/96), publicada em 1996, sinalizou a necessidade de mais uma ampliação da duração do ensino obrigatório para nove anos, ao possibilitar a matrícula facultativa de crianças de seis anos na primeira série do ensino fundamental de oito anos. A necessidade de ampliação para nove anos passou a ser vista como uma meta a ser atingida pelos órgãos responsáveis pela educação no país, tendo sido explicitada no Plano Nacional de Educação (PNE), publicado pela Lei nº 10.172/2001 (BEAUCHAMP; PAGEL; NASCIMENTO, 2007; BERTINE et al., 2008). A proposição de meta levou em consideração dados coletados pelos órgãos responsáveis pela oferta educacional no país, como os coletados em 1998, levando em consideração apenas os indivíduos com 14 anos de idade. Com isso, concluiu-se que dos 3,5 milhões de adolescentes nessa faixa etária, apenas aproximadamente 622 mil frequentavam a oitava série do ensino fundamental (BRASIL, 2001). Além de revelar um significativo atraso no percurso escolar dos alunos, levando-os algumas vezes à evasão, os dados apontaram os custos adicionais aos sistemas de ensino provocados pela distorção idade-série, que mantém as crianças e adolescentes por um período bastante longo no ensino fundamental. A ampliação do ensino obrigatório para nove séries, com ingresso aos 6 anos de idade, foi vista como uma das medidas necessárias para a correção da distorção idade-série, tendo em vista que, em comparação com outros países da Europa e da própria América Latina, o Brasil tinha um ingresso no ensino fundamental relativamente tardio (BRASIL, 2001). Em 16 de maio de 2005, foi sancionada a Lei nº 1.114, que alterou os artigos 6º, 30º, 32º e 87º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96), tornando obrigatório o início do ensino fundamental aos seis anos de idade. Por fim, a concretização dessa meta se fez viável pela publicação, em 6 de fevereiro de 2006, da Lei nº 11.274 (BEAUCHAMP; PAGEL; NASCIMENTO, 2007; BERTINE et al., 2008). O ensino fundamental de nove anos de duração foi organizado em dois segmentos: o primeiro deles foi denominado “anos iniciais”, compreendendo os cinco primeiros anos de curso; os quatro anos seguintes foram; intitulados “anos finais” (BRASIL, 2009). Na ocasião da publicação da Lei nº 11.274/2006, ficou estabelecido que os municípios, os estados e o Distrito Federal teriam até o ano de 2010 para programarem a implementação da nova política obrigatória em todas as suas instituições de ensino. Assim, deveriam ser matriculadas no primeiro ano do ensino fundamental as crianças que tivessem seis anos completos ou a completar no início do ano letivo (BERTINEet al., 2008). 2.1 Ensino fundamental de nove anos: marcos legais O ensino fundamental no Brasil, até o ano de 2010, compreendia oito anos. Na época, os alunos frequentavam, a partir dos 7 anos de idade, a primeira série do ensino fundamental e assim progrediam até a oitava série. O que houve para que tal mudança fosse realizada? Qual é a finalidade de realizar esse acréscimo nos anos de escolarização do ensino fundamental? Muitas foram as discussões a esse respeito pelos educadores, que alegavam, por um lado, que as crianças seriam muito novas para entrar no ensino fundamental obrigatório com 6 anos de idade, enquanto outros rebatiam esse argumento, observando que, na maioria das escolas privadas, as crianças com 6 anos já eram inseridas em classes de alfabetização. Saveli (2008, p. 67) comenta que “O acesso à educação obrigatória mais cedo se constitui em um instrumento de luta política, para que todas as crianças, inclusive as das classes populares, possam usufruir da igualdade de oportunidades”. Alguns pesquisadores da área da educação infantil defendiam que as crianças deveriam permanecer nas escolas de educação infantil e que teriam prejuízos entrando precocemente na escola regular de ensino fundamental, enquanto outros alertavam sobre os cuidados e as adaptações necessárias para essa transição. Esse era o cenário que se apresentava no início dos anos 2000 no Brasil. A ampliação do ensino fundamental para nove anos tinha, entre os seus objetivos, a diminuição das desigualdades existentes entre as diferentes regiões geográficas brasileiras, bem como o aumento da permanência dos alunos na escola, aumentando o indicador de tempo de escolarização brasileiro. Também a melhoria da qualidade da aprendizagem estava em pauta, pois, com mais um ano letivo, era possível, em tese, melhorar a aprendizagem dos estudantes e os índices da educação básica existentes na época. Alguns eventos pontuais contribuíram para que a ideia da ampliação do ensino fundamental começasse a ser discutida, preparada e organizada. Tais acontecimentos compõem o que chamamos de marco legal e são os seguintes: ➢ Plano Nacional de Educação (PNE) de 2001; ➢ Lei nº. 11.114, de 16 de maio de 2005; ➢ Resolução do Conselho Nacional de Educação/Câmera de Educação Básica (CNE/CEB) nº. 3, de 3 de agosto de 2005; ➢ Lei nº. 11.274, de 6 de fevereiro de 2006; ➢ Emenda Constitucional nº. 53, de 19 de dezembro de 2006; ➢ Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para o ensino fundamental de nove anos de 2010. (Quadro 1). Quadro 1. Nomenclaturas para a educação infantil e para o ensino fundamental Fonte: Adaptado de Brasil (2005) Endossando as mudanças definidas na Resolução CNE/CEB nº. 3/2005, tivemos a criação da Lei nº. 11.274/2006, que alterou novamente a LDB de 1996, estabelecendo, no art. 32 (BRASIL, 2005): “Art. 32 O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão [...]”. Esses são considerados os principais marcos legais da ampliação do ensino fundamental para nove anos. Depois deles, houve outras determinações importantes para que esse processo de transição fosse conduzido até que todos os estudantes em todas as escolas públicas e privadas estivessem, de fato, tendo acesso ao ensino fundamental de nove anos garantido a partir dos 6 anos de idade. O Parecer CNE/CEB nº. 4/2008, por exemplo, trouxe importantes esclarecimentos que dizem respeito a um projeto político-pedagógico próprio, bem como à reorganização da educação infantil e à criação do chamado ciclo da infância, que corresponde aos três anos iniciais do ensino fundamental (BRASIL, 2008). No ano de 2010, por meio da Resolução CNE nº. 7, de 14 de dezembro de 2010, foram estabelecidas as DCNs para o ensino fundamental de nove anos, a serem observadas por todas as escolas do sistema de ensino nacional ao organizarem seus currículos (BRASIL, 2010). As diretrizes estabeleceram a matrícula obrigatória no ensino fundamental das crianças que fizessem 6 anos até o dia 31 de março, sendo que, posterior a essa data, seriam matriculadas na educação infantil. Também estabeleceram que os componentes curriculares obrigatórios para o ensino fundamental seriam organizados a partir das seguintes áreas de conhecimento: ➢ Linguagens, compreendendo a língua portuguesa, língua materna, para populações indígenas, língua estrangeira moderna, arte e educação física; ➢ Matemática; ➢ Ciências da natureza; ➢ Ciências humanas, envolvendo história e geografia; ➢ Ensino religioso. Ao analisar a ampliação do ensino fundamental para nove anos, Kramer (2006, p. 810) afirma a importância de que “[...] o planejamento e o acompanhamento pelos adultos que atuam na educação infantil e no ensino fundamental devem levar em conta a singularidade das ações infantis e o direito à brincadeira, à produção cultural, na educação infantil e no ensino fundamental”. Dessa forma, com a introdução do ciclo da infância dos três primeiros anos iniciais do ensino fundamental, que compreende principalmente o período de alfabetização dos alunos, o primeiro ano do ensino fundamental assume os aspectos da ludicidade e das interações típicas da educação infantil, servindo de ponte e transição entre as duas etapas. 2.2 Ensino fundamental de nove anos na Base Nacional Comum Curricular O ensino fundamental é a etapa mais longa da educação básica. Para que tenha a atenção necessária quanto à organização curricular das atividades desenvolvidas dentro das escolas do sistema de ensino brasileiro, foi instituída a BNCC do ensino fundamental em 2017, que, junto com as DCNs para o ensino fundamental de nove anos (Resolução CNE/CEB nº. 7/2010), encarregam-se dessa tarefa. A BNCC do Ensino Fundamental — Anos Iniciais aponta alguns aspectos importantes a serem considerados nos primeiros anos de escolarização dessa etapa da educação básica: ludicidade; educação infantil; novas formas de relação; interesse das crianças; alfabetização e aprendizagem. As situações lúdicas de aprendizagem devem se fazer presentes nos anos iniciais do ensino fundamental, colaborando para auxiliar na transição dos alunos provenientes da educação infantil. As experiências da educação infantil devem ser consideradas e articuladas nessa próxima etapa educacional. As crianças, no início do ensino fundamental, estão passando por mudanças significativas “[...] em seu processo de desenvolvimento que repercutem em suas relações consigo mesmas, com os outros e com o mundo” (BRASIL, 2014). Ao serem pensados os currículos escolares, também devem ser considerados os interesses das crianças, partindo das suas experiências mais imediatas para que se consolidem e aprimorem novos conhecimentos e se constituam novas experiências educativas. Já a alfabetização se apresenta como o objetivo central dos anos iniciais, uma vez que: Nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, a ação pedagógica deve ter como foco a alfabetização, a fim de garantir amplas oportunidades para que os alunos se apropriem do sistema de escrita alfabética de modo articulado ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de escrita e ao seu envolvimento em práticas diversificadas de letramentos (BRASIL, 2014). Ressaltamos a importância do processo de alfabetização, do letramento — que deve ser perseguido tornando os alunos capazes de fazer bom uso da leitura —, da escrita e da alfabetização matemática. Em relação à aprendizagem, fica evidente que esta deva seguir um fluxo contínuo entre as duas fases do ensino fundamental (anos iniciais e finais), procurando evitar rupturas bruscas no processo de aprendizagem, sobretudo, na passagem dos professores generalistas, da unidocência dos anos iniciais, para os professores dasáreas correspondentes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. Para contemplar essas mudanças, a importância de fortalecer a autonomia desses jovens precisa ser considerada pela escola, desenvolvendo sua criticidade. Também se faz necessário reconhecer seus aspectos geracionais e que produzem sua identidade, incluindo aí as questões da cultura digital amplamente utilizada por essa faixa etária. Além disso, a BNCC do Ensino Fundamental — Anos Finais reforça que é compromisso da escola: [...] propiciar uma formação integral, balizada pelos direitos humanos e princípios democráticos, é preciso considerar a necessidade de desnaturalizar qualquer forma de violência nas sociedades contemporâneas, incluindo a violência simbólica de grupos sociais que impõem normas, valores e conhecimentos tidos como universais e que não estabelecem diálogo entre as diferentes culturas presentes na comunidade e na escola (BRASIL, 2014). A busca por uma cultura de paz deve ser fomentada dentro da escola, coibindo qualquer forma de violência, mesmo que simbólica, e propondo uma educação eficiente também nesse aspecto. A BNCC do Ensino Fundamental — Anos Finais propõe as áreas de conhecimento e seus respectivos componentes curriculares conforme Quadro 2. Quadro 2. Áreas de conhecimento e componentes curriculares da BNCC do ensino fundamental. Fonte: Adaptado de Brasil (2014). A BNCC do Ensino Fundamental — Anos Finais propõe competências específicas gerais para cada área de conhecimento e, dentro de cada componente curricular, também existem competências específicas propostas. Para que se atinjam essas competências específicas, “[...] cada componente curricular apresenta um conjunto de habilidades. Essas habilidades estão relacionadas a diferentes objetos de conhecimento — aqui entendidos como conteúdos, conceitos e processos —, que, por sua vez, são organizados em unidades temáticas” (BRASIL, 2014). Dessa forma, percebemos que a BNCC do ensino fundamental se apresenta de fácil manejo e possibilita que rapidamente os professores possam se apropriar dos objetos de conhecimento necessários a serem desenvolvidos junto aos seus alunos em cada componente curricular das áreas de conhecimento onde atuem, contribuindo para “[...] a promoção de uma educação integral voltada ao acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno de todos os estudantes, com respeito às diferenças e enfrentamento à discriminação e ao preconceito” (BRASIL, 2014). Dessa forma, a BNCC do Ensino Fundamental — Anos Finais precisa ser aplicada a todas as redes de ensino e instituições escolares do Brasil para que possam, de fato, promover a qualidade e a equidade das aprendizagens dos estudantes que ali se encontram matriculados exercendo seu direito constitucional à educação. 3. OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Fundamental - Anos Iniciais reconhece a importância do uso de abordagens lúdicas no desenvolvimento das aprendizagens, enfatizando ser indispensável articular as vivencias presenciadas na Educação Infantil MEC (2017). Essa articulação deve incluir a sistematização progressiva dessas experiências, bem como o desenvolvimento de outras maneiras de interagir com o meio, possibilitando aos alunos lerem, formular hipóteses, testá-las, refutá-las e chegar a conclusões, de forma eficaz na formação do conhecimento. Nesse estágio da vida, as crianças passam por mudanças significativas em seu desenvolvimento, refletindo sua relação consigo mesma, com os demais e com o mundo ao seu redor. Conforme mencionado nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), a maior habilidade e a independência no movimento e deslocamento aumentam as interações das crianças com o ambiente. Além disso, a exploração de diversas linguagens, incluindo o uso social da escrita e da matemática, possibilita sua atuação no mundo da decodificação e a formação de novos aprendizados, tanto na escola como fora dela. A consolidação da própria personalidade no que diz respeito ao grupo em que estão inseridas tem como resultado, formas mais dinâmicas de se conectarem com esse grupo e com as regras que comandam as relações interpessoais dentro e fora do ambiente escolar, valorizando suas capacidades individuais e acolhendo e valorizando as diferenças. Também são ampliadas as competências para o aprimoramento da oralidade e dos métodos de assimilação, entendimento e desempenho, componentes essenciais para a aquisição do sistema gráfico alfabético e de outros elementos de representação, como símbolos matemáticos, expressões artísticas, mídias e representações do tempo e do espaço. Os discentes se deparam com várias circunstâncias que abrangem concepções e práticas científicas, desenvolvendo habilidades de observação, análise, argumentação e estimulando conhecimentos. As vivências desses pequenos no ambiente familiar, social e cultural, as suas lembranças, sua consciência em pertencer a um grupo e seu contato com diferentes tecnologias de informação e comunicação são situações que despertam curiosidades e a elaboração de perguntas. Ao estimular a criatividade, a logicidade e criticidade do pensamento, promove a competência de questionar, avaliar respostas, argumentar e interagir com diferentes manifestações culturais, bem como utilizar tecnologias da informação e comunicação, os alunos são capazes de aumentar sua compreensão sobre si mesmo, o mundo natural e social, além das relações entre os seres humanos e a natureza. Os aspectos relacionados a esta idade exigem que o ambiente escolar seja organizado em volta das predileções manifestadas pelas crianças e de suas emoções mais imediatas. Dessa forma, baseado nestas experiências, elas podem progressivamente amplificar seu entendimento de mundo, através do uso de operações cognitivas cada vez mais complicadas e da empatia para compreender o mundo, externar-se sobre ele e agir nele. Durante os dois primeiros anos do Ensino Fundamental, é fundamental que a atuação do pedagogo se concentre na alfabetização, buscando proporcionar amplas oportunidades para que os alunos adquiram habilidades na técnica de escrita alfabética, ao mesmo tempo em que desenvolvem outras habilidades de leitura e escrita e se envolvem em práticas variadas de letramento. Conforme ressaltado no Parecer CNE/CEB nº 11/2010, as temáticas dos distintos componentes curriculares [...] ao apresentarem às crianças os conhecimentos de mundo mediante às novas perspectivas, oferecem a elas oportunidades de praticar a leitura e a escrita de maneira mais significativa. No decorrer do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, o conhecimento progride através da consolidação das aprendizagens anteriores e do aumento das técnicas de linguagem, conhecimento estético e intercultural das crianças. Isso leva em consideração seus interesses, expectativas e o que ainda necessitam capacitar-se. Durante esse processo, a emancipação do intelecto, a incorporação de regras e o interesse pela vida em sociedade são ampliados, permitindo que discentes lidem com estratégias maiores, que envolvem a interação entre os indivíduos, a natureza, a história, a cultura, o mundo tecnológico e o meio ambiente. Afora os aspectos relacionados ao aprendizado e ao desenvolvimento, é importante considerar medidas na construção de currículos e propostas pedagógicas para garantir uma progressão contínua de aprendizagem entre as duas etapas do Ensino Fundamental, visando uma proximidade maior entre elas. A transição entre essas etapas é caracterizada por alterações pedagógicas na organização educacional, especialmente devido à diferença dos elementos curriculares. Conforme destacado no Parecer CNE/CEB nº 11/2010, os alunos geralmente enfrentam dificuldades ao passar do professor que atua em todos os campos dos anos iniciaispara os docentes específicos das diferentes disciplinas dos anos finais. Para dar apoio os discentes nesta mudança, é necessário realizar as adequações e articulações necessárias, tanto no 5º quanto no 6º ano, para evitar interrupções durante o aprendizado e proporcionar melhores chances de êxito. No Ensino Básico – Anos Finais, os discentes deparam-se com desafios mais complexos, sobretudo quando necessitam de assimilar as diferentes lógicas de organização do conhecimento relacionadas com domínios específicos. Dado este maior nível de especialização, é indispensável continuar e reestruturar a aprendizagem em cada elemento curricular do ensino básico para aprofundar e alargar o repertório do aluno. Desta forma, importa também reforçar a autonomia dos alunos, dotá-los de recursos e técnicas para aceder os diferentes saberes e meios de informações para uma interação crítica construtiva. Os alunos dessa fase estão inseridos em uma faixa etária que corresponde à transição da infância para a adolescência, caracterizada por grandes modificações devido às alterações biológicas, psicológicas, sociais e emocionais. Conforme observado no Parecer CNE/CEB nº 11/2010, durante esse período as conexões sociais e emocionais se expandem, o potencial intelectual cresce e as habilidades de pensamento mais abstrato se desenvolvem. O aluno será capaz de ver e avaliar os fatos na perspectiva do outro, desenvolvendo a autonomia e a capacidade de descentralização crítica para a obtenção de princípios morais e éticos. No contexto dessa faixa etária, é fundamental compreender o adolescente como um sujeito em constante desenvolvimento, com características individuais, formação de identidade e cultural únicas. Essas mudanças exigem abordagens educacionais diferentes, com capacidade em atender às suas exigências e diversos modos de integração social. Como reconhecido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), é comum, nessa fase, observar forte adesão aos padrões de comportamento dos jovens da mesma idade, o que é evidenciado pela forma de se vestir e também pela linguagem utilizada por eles. Isso requer dos educadores maior disposição para entender e dialogar com as formas próprias de expressão das culturas juvenis, cujos traços são mais visíveis, sobretudo, nas áreas urbanas mais densamente povoadas (BRASIL, 2010). Considerando as exigências da cultura digital na sociedade contemporânea, é importante lembrar que as escolas enfrentam enormes desafios na educação das novas gerações. Os alunos estão imersos nessa cultura digital, não apenas como consumidores, mas como participantes ativos. Eles aparecem cada vez mais como atores principais, participam de interações multimídia e estabelecem redes sociais. No entanto, essa cultura digital também possui características que podem afetar a forma como os estudantes lidam com a informação, incluindo análises superficiais, reações imediatas e o uso de imagens e representações mais sintéticas que fogem das normas acadêmicas. Neste contexto, a escola tem o desafio de manter o compromisso de estimular a reflexão e a análise crítica, contribuindo assim para o desenvolvimento da atitude crítica dos alunos face aos conteúdos e suportes digitais disponíveis. Ao mesmo tempo, é importante que as escolas entendam e levem em consideração as novas linguagens e mecânicas da cultura digital, a fim de promover uma educação voltada para o uso mais democrático da tecnologia e a participação consciente nesse ambiente. Ao aproveitar as possibilidades de comunicação do mundo digital, as escolas podem criar novos meios de proporcionar aprendizagem, envolvimento e o significado compartilhado entre professores e alunos. Ainda, o compromisso da escola em oferecer uma educação integral baseada nos direitos humanos e nos princípios democráticos garante que todas as formas de violência, inclusive a simbólica, em grupos sociais que se impõem sem estabelecer normas e valores considerados universais sem estabelecer diálogo com as diversas culturas vigentes na comunidade e na escola. Durante todas as fases da escolarização, mais especialmente entre os alunos do Ensino Fundamental, esses desafios podem dificultar a convivência diária e a aprendizagem, levando ao desinteresse, alienação, agressividade e fracasso escolar. Reconhecendo as diferentes de formações e experiências dos estudantes, é fundamental que a escola mantenha diálogo com as diferentes culturas para enfrentar os desafios educacionais com sucesso. Ao compreender os alunos como pessoas que já tem uma história e conhecimentos construídos por meio das interações sociais próximas e do universo midiático e digital, a escola fortalece seu potencial como local de formação e orientação para uma sociedade com consciência participativa e critica. Nesse sentido, desde o Ensino Fundamental, as instituições de ensino podem desempenhar um papel importante na construção do projeto de vida do aluno e vinculá-lo não só às aspirações dos jovens para o futuro, mas também à aprendizagem continuada. Esse processo de reflexão sobre o que cada jovem quer ser no futuro e o planejamento de ações para atingir esse objetivo oferece oportunidades adicionais de crescimento pessoal e social. Nesse sentido, desde o Ensino Fundamental, as instituições de ensino podem desempenhar um papel importante na construção do projeto de vida do aluno, estabelecendo uma conexão não apenas com as aspirações desses adolescentes quanto ao futuro, mas também a aprendizagem continuada. Refletir a respeito sobre os sonhos profissionais desses alunos e as estratégias e ações para alcançar esse objetivo podem representar uma oportunidade adicional para que eles se desenvolvam tanto as questões pessoais, quanto as sociais. 3.1 Área de Linguagens As práticas sociais humanas ocorrem através de diversas formas de linguagens. A linguagem verbal está associada aos movimentos verbais ou visuais- motoras como por exemplo, a Língua de Sinais e escrita, também há a linguagem corporal, visual, auditiva e agora digital. Por meio dessas práticas, os indivíduos interagem consigo mesmo e com os outros, estruturando-se como agentes sociais. Essas interações envolvem conhecimentos, comportamentos e valores culturais, morais e éticos. Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a área de Linguagens é composta pelos seguintes componentes curriculares: Língua Portuguesa, Arte, Educação Física e, no Ensino Fundamental - Anos Finais, Língua Inglesa. O objetivo é proporcionar aos estudantes a participação em diversas práticas de linguagem, que lhes permitam expandir suas capacidades expressivas em manifestações artísticas, corporais e linguísticas, bem como ampliar seus conhecimentos sobre essas linguagens, em continuidade às experiências vividas na Educação Infantil. Anteriormente, as linguagens eram abordadas de forma articulada, mas agora têm um status próprio como objetos de conhecimento escolar. O importante é que os estudantes compreendam e se apropriem das especificidades de cada linguagem, sem perder de vista o contexto no qual estão inseridas. Além disso, é relevante que compreendam que as linguagens são dinâmicas e que todos participam desse processo de constante transformação. No Ensino Fundamental - Anos Iniciais, os componentes curriculares abordam diversas práticas, especialmente aquelas relacionadas às culturas infantis tradicionais e contemporâneas. Nos dois primeiros anos dessa etapa, o foco principal é o processo de alfabetização. Aprender a ler e escrever oferece aos estudantes algo novo e surpreendente: amplia suas possibilidades de construir conhecimentos nos diferentes componentes, ao se inserirem na cultura escrita, e de participar com maior autonomia e protagonismo na vida social. No Ensino Fundamental - Anos Finais, as aprendizagens nos componentes curriculares dessaárea expandem as práticas de linguagem adquiridas nos anos iniciais, incluindo o aprendizado da Língua Inglesa. Nessa etapa, a diversificação dos contextos permite aprofundar as práticas artísticas, corporais e linguísticas, que tanto são constituídas quanto constituem a vida social. É importante também considerar o aprofundamento da reflexão crítica sobre os conhecimentos dos componentes da área, levando em conta a maior capacidade de abstração dos estudantes. Essa dimensão analítica é proposta não como um fim em si mesma, mas como um meio para compreender os modos de expressão e participação no mundo, desenvolvendo práticas mais sistemáticas de formulação de questionamentos, seleção, organização, análise e apresentação de descobertas e conclusões. Com base nessas diretrizes e em consonância com as competências gerais da Educação Básica, a área de Linguagens deve assegurar o desenvolvimento de competências específicas nos alunos. O Quadro1. Apresenta as Competências específicas de linguagens para o ensino fundamental. Quadro1. Competências específicas de linguagens para o Ensino Fundamental. Fonte: adaptada Pedagogia ao Pé da Letra (2019) Nas próximas aulas daremos continuidade a este assunto, abordando as demais áreas de conhecimentos de acordo com BNCC. ➢ Área de Matemática ➢ Área de Ciências e Natureza ➢ Área de Ciências Humanas ➢ Área de Ensino Religioso COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE MATEMÁTICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL De acordo com o Ministério da Educação, MEC (2018), o conhecimento matemático desempenha um papel fundamental na formação de todos os alunos da Educação Básica. Sua ampla aplicação na sociedade contemporânea e suas contribuições para o desenvolvimento de cidadãos críticos e conscientes de suas responsabilidades sociais são aspectos importantes a serem considerados. A Matemática vai além da mera quantificação de fenômenos determinísticos, como a contagem e a medição de objetos e grandezas. Ela também aborda o estudo da incerteza presente em fenômenos aleatórios. Além disso, a Matemática cria sistemas abstratos que organizam e relacionam fenômenos espaciais, de movimento, formas e números, tanto associados como independentes de fenômenos do mundo físico. Esses sistemas contêm ideias e objetos fundamentais para a compreensão de fenômenos, a construção de representações significativas e a formulação de argumentações consistentes em diversos contextos. Embora a Matemática seja reconhecida como uma ciência hipotético-dedutiva, uma vez que suas demonstrações são baseadas em sistemas de axiomas e postulados, é igualmente importante considerar o papel das experimentações no processo de aprendizagem matemática. Essas experimentações desempenham um papel heurístico valioso. No Ensino Fundamental, é essencial que a Matemática, por meio da articulação de seus diversos campos, como Aritmética, Álgebra, Geometria, Estatística e Probabilidade, permita que os alunos estabeleçam relações entre observações empíricas do mundo real e representações matemáticas, como tabelas, figuras e esquemas. Eles devem ser capazes de associar essas representações a atividades matemáticas, compreendendo conceitos e propriedades, formulando induções e conjecturas. Desse modo, espera-se que desenvolvam a habilidade de identificar oportunidades de utilizar a Matemática na resolução de problemas, aplicando conceitos, procedimentos e resultados para obter soluções e interpretá-las de acordo com o contexto das situações. A dedução de propriedades e a verificação de conjecturas com base em outras podem ser estimuladas, principalmente no final do Ensino Fundamental. O Ensino Fundamental deve estar comprometido com o desenvolvimento do letramento matemático, que se refere às competências e habilidades necessárias para raciocinar, representar, comunicar e argumentar matematicamente. O letramento matemático favorece o estabelecimento de conjecturas, a formulação e resolução de problemas em uma variedade de contextos, utilizando conceitos, procedimentos, fatos e ferramentas matemáticas. Além disso, o letramento matemático permite que os alunos reconheçam a importância dos conhecimentos matemáticos para a compreensão e a participação no mundo, e percebam a matemática como um jogo intelectual que estimula o desenvolvimento do raciocínio lógico, crítico, investigativo e prazeroso. O desenvolvimento dessas habilidades está intimamente relacionado a diferentes abordagens do ensino da disciplina, que envolvem a análise de situações da vida cotidiana, de outras áreas do conhecimento e da própria matemática. Os processos matemáticos de resolução de problemas, investigação, desenvolvimento de projetos e modelagem são exemplos de abordagens privilegiadas para a atividade desta matéria e, ao mesmo tempo, servem como objeto e estratégia para a aprendizagem ao longo do Ensino Fundamental. Esses processos de aprendizagem são ricos em potencial para o desenvolvimento das competências fundamentais do letramento matemático, como raciocínio, representação, comunicação e argumentação, bem como para o desenvolvimento do pensamento computacional. Considerando esses princípios, em consonância com as competências gerais da Educação Básica, a área da Matemática e, consequentemente, o componente curricular de Matemática devem garantir o desenvolvimento de competências específicas nos alunos. No Quadro 1 estão apresentadas as competências específicas de matemática para o ensino fundamental. Quadro 1. competências específicas de matemática para o ensino fundamental. Fonte: adaptada Pedagogia ao Pé da Letra (2021) Como você pode notar, as competências específicas para o ensino de matemática para os anos iniciais e para o ensino fundamental vão além de métodos ou fórmulas. Alfabetizar matematicamente o aluno é explorar a matemática da forma mais ampla possível, possibilitando o seu uso no dia a dia. Isso se dá tanto por meio do raciocínio lógico-matemático, com a leitura da simbologia matemática, quanto pela resolução de situação simples que envolvam contagem, medidas e códigos numéricos. 4.1 Área de Ciências e Natureza A sociedade contemporânea é amplamente estruturada em torno do progresso científico e tecnológico. Desde a metalurgia, que resultou na produção de ferramentas e armas, até as atuais tecnologias de chips semicondutores, a ciência e a tecnologia têm se desenvolvido em conjunto com os diferentes modos de vida que as sociedades humanas adotaram ao longo da história. No entanto, é importante ressaltar que o mesmo progresso científico e tecnológico que traz consigo novos produtos e serviços também pode gerar desequilíbrios na natureza e na sociedade. Para abordar e tomar posição diante de questões como alimentos, medicamentos, combustíveis, transporte, comunicação, saneamento e preservação da vida na terra, entre muitos outros tópicos, é fundamental possuir conhecimentos não apenas científicos, mas também éticos, políticos e culturais. Essa necessidade justifica, no contexto da educação formal, a presença da disciplina de Ciências da Natureza e seu compromisso com a formação integral dos alunos. Portanto, ao longo do Ensino Fundamental, a área de Ciências da Natureza assume a responsabilidade de desenvolver o letramento científico, que engloba a capacidade de compreender e interpretar o mundo natural, social e tecnológico, bem como transformá-lo com base nos conhecimentos teóricos e processuais das ciências, BRASIL (1996). Em outras palavras, o objetivo da disciplina não se limita a adquirir conhecimento científico em si, mas sim desenvolver a capacidade de agir no mundo e sobre ele, o que é fundamental para o pleno exercício da cidadania. Nessa perspectiva, a área de Ciências da Natureza tem a responsabilidade de proporcionar aos alunosdo Ensino Fundamental acesso a uma ampla gama de conhecimentos científicos produzidos ao longo da história, bem como familiarizá-los gradualmente com os principais processos, práticas e procedimentos da investigação científica BRASIL (2010). Espera-se, portanto, que os alunos desenvolvam uma nova visão do mundo ao seu redor e sejam capazes de fazer escolhas e intervenções conscientes, baseadas nos princípios da sustentabilidade e do bem comum. Para alcançar esse objetivo, é essencial que eles sejam progressivamente estimulados e apoiados no planejamento e na realização cooperativa de atividades investigativas, bem como no compartilhamento dos resultados dessas investigações. Isso não significa necessariamente seguir um conjunto de etapas predefinidas ou limitar-se à mera manipulação de objetos ou realização de experimentos em laboratório. Pelo contrário, implica organizar situações de aprendizagem a partir de questões desafiadoras que despertem o interesse e a curiosidade científica dos alunos, levando-os a definir problemas, coletar, analisar e representar resultados, comunicar conclusões e propor intervenções. Dessa forma, o processo investigativo deve ser reconhecido como elemento central na formação dos estudantes, em um sentido mais amplo, e seu desenvolvimento deve estar presente em situações didáticas planejadas ao longo de toda a educação básica. Isso permitirá aos alunos revisitar, de maneira reflexiva, seus conhecimentos e compreensão sobre o mundo em que vive. Portanto, o ensino de Ciências deve promover situações em que os alunos possam: Cont. Fonte: adaptada Pedagogia ao Pé da Letra (2021) Considerando esses princípios e em consonância com as competências gerais da Educação Básica, é fundamental que a área de Ciências da Natureza, e consequentemente o componente curricular de Ciências, assegurem o desenvolvimento de competências específicas nos alunos. No Quadro 2 estão apresentadas as competências específicas de ciências da natureza para o ensino fundamental. Quadro 2. Competências específicas de ciências da natureza para o ensino fundamental. Fonte: adaptada Pedagogia ao Pé da Letra (2021). 5 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE CIÊNCIAS HUMANAS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL A área de Ciências Humanas desempenha um papel crucial no desenvolvimento cognitivo dos alunos, dentro de um contexto situado, baseado nas noções de tempo e espaço, que são conceitos essenciais nessa área. Cognição e contexto estão intrinsecamente relacionados, sendo construídos em circunstâncias históricas específicas, onde a diversidade humana deve ser valorizada, visando a inclusão das diferenças. A noção de raciocínio espaço-temporal é fundamentada na ideia de que os seres humanos produzem e se apropriam do espaço em que vivem em contextos históricos determinados. A capacidade de identificar esses contextos é uma condição necessária para que os indivíduos compreendam, interpretem e avaliem os significados das ações passadas e presentes, assumindo responsabilidade tanto pelo conhecimento produzido quanto pelo controle dos fenômenos naturais e históricos dos quais são agentes, BRASIL (2010). No ensino de Ciências Humanas, é fundamental abordar as relações espaciais e promover o desenvolvimento do raciocínio espaço-temporal, a fim de que os alunos compreendam os tempos sociais, a natureza e suas interações com os espaços. A exploração das noções de espaço e tempo deve ocorrer por meio de diversas linguagens, permitindo que os alunos se tornem produtores e intérpretes de mapas que representam os diferentes lugares vividos, concebidos e percebidos. Na análise geográfica, os espaços percebidos, concebidos e vividos não são lineares. Portanto, é necessário romper com essa concepção, a fim de possibilitar uma leitura geo-histórica dos fatos e uma análise simultânea com abordagens históricas, sociológicas e espaciais (geográficas). Ao resgatar o significado dos espaços percebidos, concebidos e vividos, podemos reconhecer os objetos, fenômenos e lugares distribuídos no território, compreendendo as diferentes perspectivas em relação à organização desses elementos no espaço. Embora o tempo, o espaço e o movimento sejam categorias fundamentais na área de Ciências Humanas, também é crucial valorizar a análise crítica da ação humana, das relações sociais e de poder, assim como da produção de conhecimentos e saberes decorrentes de diferentes contextos históricos e espaços geográficos. O ensino de Geografia e História, ao incentivar os alunos a adquirir uma compreensão mais aprofundada do mundo, não apenas promove o desenvolvimento autônomo de cada indivíduo, mas também os capacita a uma intervenção mais consciente no mundo em que vivem. De acordo com a BNCC (2018), as Ciências Humanas desempenham um papel fundamental na promoção da formação ética dos alunos, o que é essencial para a construção das novas gerações. Elas auxiliam os alunos a desenvolverem um senso de responsabilidade para valorizar os direitos humanos, o respeito pelo meio ambiente e pela coletividade, fortalecendo valores sociais como solidariedade, participação e protagonismo voltados para o bem comum, e, principalmente, a preocupação com as desigualdades sociais. Além disso, as Ciências Humanas cultivam a formação de alunos intelectualmente autônomos, capazes de articular categorias de pensamento histórico e geográfico em relação ao seu próprio tempo, percebendo as experiências humanas e refletindo sobre elas a partir da diversidade de perspectivas. Os conhecimentos específicos na área de Ciências Humanas requerem uma definição clara de um conjunto de objetos de conhecimento que favoreçam o desenvolvimento de habilidades e aprimorem a capacidade dos alunos de compreenderem diferentes culturas e sociedades em seus contextos históricos, territórios e paisagens (incluindo uma melhor compreensão do Brasil, sua diversidade regional e territorial). Também é importante levá-los a refletir sobre sua própria inserção significativa e responsável na história de sua família, comunidade, nação e no mundo. Ao longo de toda a Educação Básica, o ensino das Ciências Humanas deve promover explorações sociocognitivas, afetivas e lúdicas que potencializem significados e experiências com conhecimentos sobre a pessoa, o mundo social e a natureza. Dessa forma, a área contribui para aprofundar o conhecimento sobre a participação no mundo social e a reflexão sobre questões sociais, éticas e políticas, fortalecendo a formação dos alunos e o desenvolvimento da autonomia intelectual, fundamentais para uma atuação crítica orientada por valores democráticos. Fato é, que desde a fase da Educação Infantil, os alunos expressam percepções simples, porém bem definidas, sobre sua vida familiar, seus grupos e seus espaços de convivência. No cotidiano, eles desenham seus familiares, identificam relações de parentesco, reconhecem a si mesmos em fotos (classificando-as como antigas ou recentes), estabelecem rotinas para dormir e ir para a escola, negociam horários, compartilham relatos orais e revisitam o passado por meio de jogos, cantigas e brincadeiras ensinadas pelos mais velhos. A partir dessas experiências, eles começam a formular hipóteses e a posicionar-se diante de situações específicas. Assim, ao longo do Ensino Fundamental, os processos de investigação em Ciências Humanas devem contribuir para que os alunos desenvolvam a capacidade de observar diferentes indivíduos, situações e objetos que revelam dinâmicas sociais devido à sua própria natureza (tecnológica, morfológica, funcional). A Geografia e a História, nessa etapa, trabalham o reconhecimento do eu e o sentimento de pertencimento dos alunos em relação à vida familiar e comunitária, BRASIL, (1996). No Ensino Fundamental- Anos Iniciais, é essencial valorizar e explorar as vivências e experiências individuais e familiares trazidas pelos alunos, por meio de abordagens lúdicas, trocas de ideias, escuta atenta e conversas sensíveis, tanto dentro da sala de aula quanto em ambientes educativos diversos, como bibliotecas, pátios, praças, parques, museus e arquivos. Essa abordagem enfatiza o trabalho de campo, entrevistas, observação e o desenvolvimento de análises e argumentações, com o objetivo de estimular descobertas e promover o pensamento criativo e crítico. É nessa fase, os alunos começam a desenvolver processos de investigação em Ciências Humanas, como pesquisa em diferentes fontes documentais, observação e registro de paisagens, fatos, eventos e depoimentos, assim como a realização de comparações. Esses processos são fundamentais para que compreendam a si mesmos e às pessoas ao seu redor, suas histórias de vida e as diferenças entre os grupos sociais com os quais interagem. O processo de aprendizagem deve gradualmente incluir a escola, a comunidade, o estado e o país. Também é importante que os alunos percebam as relações com o ambiente e a interação dos seres humanos com o mundo que os cercam, refletindo sobre os significados dessas relações. Nesse período, o desenvolvimento da capacidade de observação e compreensão dos elementos da paisagem contribui para a conexão entre o espaço vivido e o tempo vivido. O espaço vivido é considerado aqui como o espaço biográfico, relacionado às experiências dos alunos em seus locais de convivência. Confira no Quadro 1 as Competências Específicas De Ciências Humanas para o Ensino Fundamental. Quadro 1. Competências Específicas de Ciências Humanas para o Ensino Fundamental. Fonte: Adaptado de Brasil (2018) 5.1 Especificidades da BNCC para as ciências humanas: raciocínio geográfico e atitude historiadora A geografia, para o período compreendido como ensino fundamental I, atém- se aos fatores relativos ao ser criança e, por consequência, à sua interação com o mundo (espaços e lugares). Nesse sentido, a disciplina parte de situações mais próximas do educando, tornando o estudo do contexto um trunfo para a consolidação de noções básicas sobre a área do conhecimento, favorecendo, a posteriori, a construção de noções mais técnicas, ou seja, epistemológicas em torno da ciência geográfica. Dessa construção, para o fundamental II, noções macroestruturais são introduzidas, favorecendo debates em torno de escalas regionais, mas também globais. A história segue a mesma lógica, ou seja, parte de experiências microestruturais, perpassando as noções de temporalidade, dos acessos à história por meio do contato com determinados contextos e fontes, da alteridade, e do enfoque em formas diversas de vida. Somente durante o desenrolar do fundamental II é que temáticas macroestruturais ocuparão a centralidade no processo, por meio de determinados objetos do conhecimento. Isto posto, torna-se importante para este momento a reflexão acerca das especificidades de cada área, suas peculiaridades analíticas e epistemológicas, mas também os seus potenciais para uma proposta que preza pela interdisciplinaridade e transversalidade com vistas à formação integral do educando. No que concerne à Geografia, há na BNCC uma tendência em interpretar a ciência geográfica enquanto área do conhecimento relevante para uma leitura de mundo por meio do que Castellar e Vilhena (2010) denominam raciocínio geográfico. Para o autor, é fundamental a compreensão da centralidade do raciocínio geográfico na formação de docentes, bem como para o sucesso pedagógico da disciplina na trajetória escolar. O raciocínio geográfico, em alguns momentos denominado por outras nomenclaturas — por exemplo, olhar geográfico ou alfabetização geográfica —, parte da premissa de que a geografia, mais do que uma ciência descritiva, trata-se de uma ferramenta analítica. Nesse aspecto, é avessa ao tradicional modelo positivista, no qual os dados eram apenas apresentados, sem a possibilidade de proposições por parte dos sujeitos envoltos em contextos de pesquisa, aprendizagem e processos decisórios. Nos termos de Santos (2015), a geografia enquanto forma de pensar colaboraria para processos de ideação e materialização, contrapondo-se ao mero acumular de informações. Dessa compreensão, identificamos na BNCC a elaboração de um referencial que sugere o fazer geográfico alinhado aos pressupostos da participação e do protagonismo, valores sociais estes consagrados na redação do documento. Nessa perspectiva, a geografia, ao ser apresentada na BNCC, enquanto referencial analítico para a tomada de decisões, pressupõe a compreensão das dinâmicas territoriais, da identificação dos movimentos espaciais, bem como a incorporação de competências específicas por parte dos educandos (BRASIL, 2018). Em síntese, o raciocínio geográfico enquanto processo cognitivo e contextual é capaz de colaborar para a formação durante a trajetória escolar. No Quadro 2, veja seus princípios. Quadro 2. Princípios do raciocínio geográfico Fonte: Adaptado de Brasil (2018). Ainda em relação ao raciocínio geográfico, é importante salientarmos que os princípios expostos no Quadro 2 dialogam com a categoria de espaço, sobretudo a partir das contribuições de Santos (1988, 2015), e outros conceitos como “território, lugar, região, natureza e paisagem” (BRASIL, 2018, p. 361). Essa dialogicidade pode ser interpretada por meio do seguinte raciocínio: os princípios do raciocínio geográfico expressos não fariam qualquer sentido sem uma contextualização espacial, ou seja, por meio do parâmetro material para as operações sugeridas. Operacionalizar analogias, comparações ou conexões, sem a compreensão de categorias espaciais, seria um esforço intelectual inconcebível. Apresentadas as relações intrínsecas entre os princípios do raciocínio geográfico e as categorias (conceitos) centrais da ciência, é interessante constatarmos que o escopo para tais intersecções foi construído por meio de um roteiro formativo, baseado em unidades temáticas, estas de caráter contínuo durante os anos do ensino fundamental, tornando-se mais complexas por meio das habilidades sugeridas durante o transcurso escolar. A título de descrição, as unidades temáticas são: o sujeito e o seu lugar no mundo; conexões e escalas; mundo do trabalho; formas de representação e pensamento espacial; natureza, ambientes e qualidade de vida. No que concerne ao componente curricular história, a BNCC incorpora em suas premissas o debate historiográfico acerca do que é realmente transmitido/comunicado quando o historiador ou o agente histórico pronuncia-se sobre o passado. Diferentemente de outros contextos nos quais o ensino de história fora compreendido enquanto um processo conservador, no sentido de captar, por meio de uma suposta neutralidade, os acontecimentos do passado, na BNCC a história é compreendida enquanto um contexto balizado por valores, posições sociais e lugares de enunciação circunscritos ao presente. Ou seja, a produção do conhecimento histórico e a sua forma de escrita — historiografia — aproxima-se sobretudo das circunstâncias do presente e não somente das informações adquiridas sobre um determinado contexto cronologicamente anterior (BRASIL, 2018). Nessa perspectiva, para o ensino de história para o ensino fundamental, a BNCC é enfática em sugerir que “O passado que deve impulsionar a dinâmica do ensino-aprendizagem no ensino fundamental é aquele que dialoga com o tempo atual”. (BRASIL, 2018, p. 397). Feita esta citação, é interessante constatarmos que essa habilidade dialógica entre o passado e o presente não se dá de forma automática, mas estimulada por ambientes de aprendizagem nos quais categorias de pensamento cognitivo e contextos de análise sejam devidamente incentivados.A disciplina de história, desde o início do ensino fundamental, deve expandir as noções de pessoa, sujeito, grupos, associações e sociedade entre os alunos. Grosso modo, cabe à proposta do ensino de história para o ensino fundamental a construção ontológica do sujeito — a racionalização sobre a experiência do ser — na mesma esteira, que cumpre o papel de instruir o reconhecimento sobre o outro, privilegiando a tolerância e a alteridade durante esse percurso investigativo e formativo acerca do outro enquanto indivíduo, mas também do nós enquanto comunidade imaginada, porém materializada por meio de agrupamentos humanos, espacialmente construídos no tempo. A BNCC traz a noção de “atitude historiadora”, aqui resumida enquanto a capacidade de atores sociais envolvidos no processo de educação — professores e alunos — em se perceberem enquanto produtores da história (BRASIL, 2018). Neste ponto, produzir a história é discernir sobre os contributos individuais e coletivos para os valores sociais preconizados pela educação. Para Ralejo, Mello e Amorim (2021), tal conceito de atitude historiadora deve ser vista como um acréscimo a produção do saber historiográfico, bem como parte da superação da história episódica, marcada apenas por datas e heróis nacionais. Ainda sobre este protagonismo necessário para a materialização da atitude historiadora, a BNCC é enfática em conceber ao componente curricular história a capacidade de formar pensadores autônomos, ou seja, dar subsídios formativos para que os alunos consigam elucubrar em torno da vida em âmbito individual, na coletividade local, mas também enquanto parte de uma cidadania, hoje globalizada. Nos termos do documento: “Enfim, trata-se de transformar a história em ferramenta a serviço de um discernimento maior sobre as experiências humanas e as sociedades em que se vive” (BRASIL, 2018, p. 401). É importante mencionarmos que a BNCC considera o fazer histórico como parte de uma construção cognitiva e contextual, amparada em um processo de elaboração do conhecimento e por consequência da apreensão da realidade (BRASIL, 2018). A fim de ilustrar esse processo de elaboração, veja o Quadro 3 e as respectivas etapas para a construção deste raciocínio processual. Quadro 3. Processos para a construção da atitude historiadora Fonte: Adaptado da Brasil (2018). Ainda em relação à atitude historiadora, é importante que consigamos considerar que para além dos processos mencionados, a produção do saber na história também implica as relações entre o produtor e o objeto. Em síntese, os processos de identificar, comparar, contextualizar, interpretar e analisar perpassam sobremaneira pela habilidade do sujeito em compreender que o objeto — material ou imaterial — precisa ser tratado enquanto documento e que esse tratamento deverá ser orientado por um rigoroso processo de construção epistemológica (do fazer historiográfico), mas também cognitivo e contextual. Apresentadas as relações imprescindíveis para a construção do conhecimento histórico, por meio dos processos, das categorias e das relações entre o tempo presente e a interpretação do passado, é interessante constatarmos que o escopo para tais intersecções foi construído por um roteiro formativo, baseado em unidades temáticas, como: “Mundo pessoal: meu lugar no mundo”; “Mundo pessoal: eu, meu grupo social e meu tempo”; “A comunidade e seus registros”; “As formas de registrar as experiências da comunidade”; “O trabalho e a sustentabilidade na comunidade”; “As pessoas e os grupos que compõem a cidade e o município”; “O lugar em que vive”; “A noção de espaço público e privado”; “Transformações e permanências nas trajetórias dos grupos humanos”; “Circulação de pessoas, produtos e culturas”; “As questões históricas relativas às migrações”; “Povos e culturas: meu lugar no mundo e meu grupo social” e “Registros da história: linguagens e culturas”. 6 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE ENSINO RELIGIOSO PARA O ENSINO FUNDAMENTAL Ao longo da história da educação brasileira, o Ensino Religioso passou por diversas abordagens teórico-metodológicas, geralmente com orientação confessional ou interconfessional. A partir da década de 1980, as transformações socioculturais que geraram mudanças paradigmáticas no campo educacional também impactaram o Ensino Religioso. Em virtude dos princípios de democracia, inclusão social e educação integral, diferentes setores da sociedade civil passaram a demandar a inclusão do conhecimento religioso e o reconhecimento da diversidade religiosa nos currículos escolares. A Constituição Federal de 1988 (Artigo 210) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/1996 (Artigo 33, alterado pela Lei nº 9.475/1997) estabeleceram os princípios e fundamentos que devem embasar as epistemologias e pedagogias do Ensino Religioso. Sua função educacional, como parte integrante da formação básica do cidadão, é garantir o respeito à diversidade cultural religiosa, sem proselitismo. Posteriormente, a Resolução CNE/CEB nº 04/2010 e a Resolução CNE/CEB nº 07/2010 reconheceram o Ensino Religioso como uma das cinco áreas de conhecimento do Ensino Fundamental de 9 anos. Como componente curricular obrigatório nas escolas públicas de Ensino Fundamental, com matrícula opcional em diferentes regiões do país, foram desenvolvidas propostas curriculares, cursos de formação inicial e continuada e materiais didático-pedagógicos que contribuíram para a construção da área do Ensino Religioso. A natureza e os objetivos pedagógicos dessa área são distintos da abordagem confessional. Considerando os marcos normativos e em conformidade com as competências gerais estabelecidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o Ensino Religioso tem como objetivos: Proporcionar a aprendizagem dos conhecimentos religiosos, culturais e estéticos, a partir das manifestações religiosas percebidas na realidade dos educandos; Propiciar conhecimentos sobre o direito à liberdade de consciência e de crença, no constante propósito de promoção dos direitos humanos; Desenvolver competências e habilidades que contribuam para o diálogo entre perspectivas religiosas e seculares de vida, exercitando o respeito à liberdade de concepções e o pluralismo de ideias, de acordo com a Constituição Federal; Contribuir para que os educandos construam seus sentidos pessoais de vida a partir de valores, princípios éticos e da cidadania. BRASIL (2018). No contexto do Ensino Religioso, o conhecimento religioso é entendido como uma área fundamentada nas diversas disciplinas das Ciências Humanas e Sociais, especialmente nas Ciências da Religião. Essas disciplinas investigam como os fenômenos religiosos se manifestam em diferentes culturas e sociedades, sendo considerados como produtos simbólicos resultantes da busca humana por respostas sobre o mundo, a vida e a morte. Esses fenômenos apresentam singularidade, complexidade e diversidade, sendo responsáveis por diferentes concepções de sentido e significado da vida, bem como pela formulação de ideias sobre divindades, que fundamentam cosmovisões, linguagens, saberes, crenças, mitologias, narrativas, textos, símbolos, ritos, doutrinas, tradições, movimentos, práticas e princípios éticos e morais. As diversas manifestações religiosas são parte intrínseca do substrato cultural da humanidade. O propósito do Ensino Religioso é abordar os conhecimentos religiosos com base em pressupostos éticos e científicos, sem favorecer qualquer crença ou convicção específica. Isso implica considerar as diferentes culturas e tradições religiosas, levando em conta também a existência de filosofias seculares de vida. No contexto do Ensino Fundamental, o Ensino Religioso adota a pesquisa e o diálogo como princípios orientadores e articuladores dos processos de observação, identificação, análise,apropriação e ressignificação dos saberes, visando ao desenvolvimento de competências específicas. Desse modo, busca-se problematizar representações sociais preconceituosas sobre o outro, com o objetivo de combater a intolerância, a discriminação e a exclusão. Por essa razão, a interculturalidade e a ética da alteridade são fundamentos teóricos e pedagógicos essenciais no Ensino Religioso, pois promovem o reconhecimento e o respeito pelas histórias, memórias, crenças, convicções e valores das diversas culturas, tradições religiosas e filosofias de vida. O Ensino Religioso busca desenvolver atitudes de reconhecimento e respeito pela diversidade, por meio do estudo dos conhecimentos religiosos e das filosofias de vida. É um espaço de aprendizado, experiências pedagógicas, intercâmbio e diálogo contínuo, com o objetivo de acolher as identidades culturais e religiosas, assim como aquelas que não são religiosas, sob a perspectiva da interculturalidade, dos direitos humanos e da cultura da paz. Essas finalidades estão alinhadas aos elementos da formação integral dos estudantes, ao promoverem a aprendizagem da convivência democrática e cidadã, que é um princípio fundamental para a vida em sociedade. Considerando esses pressupostos e em consonância com as competências gerais da Educação Básica, a área de Ensino Religioso, e consequentemente o componente curricular de Ensino Religioso, devem assegurar o desenvolvimento de competências específicas nos alunos. Confira no Quadro 1 as Competências Específicas de Ensino Religioso para o Ensino Fundamental. Quadro 1 Competências Específicas de Ensino Religioso para o Ensino Fundamental. Fonte: adaptada Pedagogia ao Pé da Letra (2021) 6.1 Conhecimento religioso na BNCC O ensino fundamental abrange nove anos de estudos e atende estudantes entre 6 a 14 anos, faixa etária na qual crianças se tornam adolescentes e que caracteriza uma fase de profundas mudanças e transformações. A formação do período inicial se organiza “[...] em torno dos interesses manifestos pelas crianças, de sus vivências mais imediatas para que, com base nessas vivências, elas possam, progressivamente, ampliar essa compreensão” (BRASIL, 2018). Nos anos finais, deve “[...] contribuir para o delineamento do projeto de vida dos estudantes, ao estabelecer uma articulação não somente com os anseios desses jovens em relação ao seu futuro [...] e de ações para construir esse futuro” (BRASIL, 2018). Para todas as duas etapas de formação, a BNCC orienta que: Além disso, e tendo por base o compromisso da escola de propiciar uma formação integral, balizada pelos direitos humanos e princípios democráticos, é preciso considerar a necessidade de desnaturalizar qualquer forma de violência nas sociedades contemporâneas, incluindo a violência simbólica de grupos sociais que impõem normas, valores e conhecimentos tidos como universais e que não estabelecem diálogo entre as diferentes culturas presentes na comunidade e na escola (BRASIL, 2018). O ensino religioso está inserido no ensino fundamental e é a quinta das áreas de conhecimento, junto a linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas. O princípio pedagógico fundamental para o seu exercício é “[...] assegurar o respeito à diversidade cultural religiosa, sem proselitismos” (BRASIL, 2018, documento on-line), de modo que a natureza do ensino é não confessional, para além da função doutrinadora, catequética e ritualista da religião, própria aos adeptos, mas não adequada ao espaço público onde a laicidade é a exigência primeira. Temos, então, dois critérios norteadores: a promoção de uma cultura de paz via acolhimento mútuo entre os estudantes e a apresentação do conhecimento religioso fora do âmbito da confessionalidade. Para a sua realização, a BNCC indica quatro objetivos a serem atendidos pelo ensino religioso, sendo o primeiro deles “Proporcionar a aprendizagem dos conhecimentos religiosos, culturais e estéticos, a partir das manifestações religiosas percebidas na realidade dos educandos” (BRASIL, 2018). Segundo esse objetivo primeiro, o conhecimento religioso é aquele já existente na realidade dos estudantes, o que requer que a primeira tarefa dos professores de ensino religioso seja conhecer a realidade dos estudantes para observar, a seguir, que conhecimento religioso já está presente em suas experiências individuais e comuns. Para Rodrigues (2015, p. 61), isso significa que: Se, na academia, a construção desse saber tem uma finalidade compreensiva que se contenta na elucidação do fenômeno, para o ensino religioso como componente curricular que se serve desse saber a finalidade pode ter outro objetivo ou, para usar uma expressão weberiana, pode representar uma outra racionalidade quanto a fins, a saber: conhecer as manifestações que compõem o campo religioso brasileiro, bem como compreendê-las, teria o potencial de permitir a ampliação do debate e do diálogo público sobre o papel, a função, o lugar, os direitos e os deveres das expressões religiosas no âmbito do Estado e da sociedade brasileiros. Assim, amplia igualmente as possibilidades de entendimento entre cidadãos(ãs), sejam religiosos(as) ou não, e contribui para a erradicação das violências e das intolerâncias. (RODRIGUES, 2015, p. 61). Essas experiências são reunidas sob o título de manifestações religiosas, uma categoria fenomenológica-antropológica para designar “[...] cosmovisões, linguagens, saberes, crenças, mitologias, narrativas, textos, símbolos, ritos, doutrinas, tradições, movimentos, práticas e princípios éticos e morais” (BRASIL, 2018), documento on- line). Em síntese, abrangem o conhecimento do fenômeno religioso resultante da experiência religiosa fundamental de encontro entre Sagrado, Deus e deuses, que se deixam apreender nas muitas vivências humanas e que o vinculam à realidade vivida individual e coletivamente. O fenômeno religioso é apresentado em seus próprios modos, e cada religião é sugerida por si mesma, facilitando o alcance do objetivo do ensino religioso, que é a promoção do reconhecimento e da convivência da diversidade religiosa na sociedade brasileira. Desse modo, o ensino religioso deve apresentar-se como reflexivo, porque “[...] implica observá-la [a religião] conforme as variadas formas com que aparece para, então, interpretá-las e compreendê-las” (RODRIGUES, 2015, p. 61). Isso orienta o trabalho de ensino religioso em sala de aula e fora dela; o docente, nesse sentido, pode propor que se conheçam, em primeira mão, as origens, os textos, os ritos e os costumes de dada religião, de maneira que somente depois os estudantes façam as devidas apropriações teóricas. Esse conhecimento religioso também é conhecimento científico resultante da investigação e da sistematização pelas ciências da religião e conta com a contribuição das ciências humanas e sociais. Especificamente, as ciências da religião “[...] investigam a manifestação dos fenômenos religiosos em diferentes culturas e sociedades enquanto um dos bens simbólicos resultantes da busca humana por respostas aos enigmas do mundo, da vida e da morte” (BRASIL, 2018). O campo do saber das ciências da religião é o ser humano em sua capacidade de constituir símbolos que dão sentido à sua existência a partir das manifestações religiosas, tão diversas como são diversos os modos humanos de vida e as culturas humanas resultantes — “Daí a importância de se valer do arcabouço teórico de outras ciências ao se realizar a empreitada de estudar as diversas nuances presentes nas religiões [...]” (SALES; ECCO, 2018, p. 176), a exigência de interdisciplinaridade no campo das ciências da religião e o emprego de uma variedade de abordagens e métodos científicos. Assim, o campo de atuação das ciências da religião se insere no ambiente da “[...] dinamicidade da vivência das crenças e práticasrituais a implicar os sujeitos de fé. Abarca espaços de realização de cultos e implica aproximação investigativa das instituições inerentes às religiões” (SALES; ECCO, 2018, p. 178). A sua cientificidade se dá, portanto, no modo como aborda racionalmente esses modos de vida de uma sociedade humana. Dessa forma, a sua aproximação científica é pragmática, já que lida diretamente com a observação e com a descrição da experiência religiosa humana. Ao mesmo tempo, aponta as mudanças e transformações no campo das vivências religiosas, permitindo um fluxo contínuo de conhecimento que viabiliza a intervenção na realidade concreta. Assim, o enfoque das ciências da religião ultrapassa reunir o conhecimento científico para contribuir com os planos prático e pragmático da realidade concreta. Conforme Salles e Ecco (2018, p. 179), é fundamental para esse campo do saber: [...] oferecer conhecimento de caráter público e possível de ser aplicado a instâncias concretas do cotidiano. Nesse horizonte, a ciência da religião cumpre tal finalidade na medida em que produz conhecimento pertinente à dinâmica da vida em sociedade e publiciza suas descobertas de modo a possibilitar intervenções junto à realidade em prol da produção da vida e da coexistência pacífica entre os sujeitos (SALLES E ECCO, 2018, p. 179). Assim, do ponto de vista educativo, cabe ao ensino religioso as seguintes ações fundamentais: ➢ Introduzir de modo contextualizado os saberes desenvolvidos nas ciências da religião; ➢ Transformar em conhecimento comum e acessível o que é pesquisado nas ciências da religião, fora do ambiente acadêmico, em lugares formais de aprendizagem (a sala de aula) e não formais (lugares onde sejam desenvolvidas atividades educativas); ➢ Promover o reconhecimento mútuo e a tolerância entre os adeptos das diversas religiões, contribuindo para a pacificação social; ➢ Orientar a formação pedagógica e didática do ensino religioso de modo não confessional e não proselitista conforme os parâmetros estabelecidos pelas ciências da religião. . O BRINCAR NOS PRIMEIROS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL Quando a criança inicia no ensino fundamental, tudo ao seu redor fica mais complexo, pois ela está no momento de transição entre as duas etapas da Educação Básica. As crianças aprendem e descobrem, mas cada um tem seu tempo, e o professor deve respeitar o ritmo individual. Nesse primeiro momento, o brincar é fundamental para a criança; com ele, cria-se um vínculo fundamental entre o professor e o aluno. A criança é um sujeito no processo de ensino-aprendizagem, e pode aprender e ensinar por meio das brincadeiras. Confira por que o brincar é importante nessa fase inicial escolar: ➢ Combate obesidade (desenvolve a motricidade); ➢ Promove o autoconhecimento corporal; ➢ Estimula competências socioemocionais; ➢ Gera resiliência; ➢ Ensina o respeito; ➢ Desenvolve a atenção e o autocontrole; ➢ Incentiva o trabalho em equipe; ➢ Estimula o raciocínio estratégico; ➢ Promove a criatividade e a imaginação; ➢ Estabelece regras e limites. A criança interage e troca experiências por meio do brincar, construindo o próprio pensamento. O brincar é essencial para os desenvolvimentos social, emocional, cognitivo, linguístico, entre outros, pois é um momento divertido em que elas podem descarregar energias e desenvolver confiança; além disso, a criança divide espaço e experiências, trabalhando, assim, sua relação com o mundo. No entanto, esses benefícios devem ser reforçados na escola, conforme Rischbieter (2000), que confere à interação grande importância na adaptação e no desenvolvimento infantil. Por isso, é fundamental que o adulto crie o ambiente e todas as condições necessárias para que as crianças possam brincar e dialogar. Nos primeiros anos do ensino fundamental, o professor deve inserir em seu planejamento brincadeiras para auxiliarem o aluno no desenvolvimento da aprendizagem, de modo que torne suas aulas um ambiente prazeroso para as crianças frequentar. Nas Diretrizes e Bases para a Educação Infantil expostas no Parecer CNE/CEB. N. 20/09, a criança é considerada um ser de direitos e o brincar configura-se como um deles. As brincadeiras devem ser rotinas, devem acontecer com frequência (tornando- se concretas) dentro do cotidiano escolar. Brincando, as crianças se aproximam, criam vínculos maiores com os outros. Dentro da sala, é interessante criar espaços para jogos, brincadeiras, jogos de pátio, pois isso funciona como uma integração entre o mundo infantil (educação infantil) e o ensino fundamental, e a criança deve se sentir confortável nessa transição. O brincar deve ser primordial nos primeiros anos do ensino fundamental. Quando o professor faz o que gosta, contagia o outro, e quando a criança brinca adquire conhecimento. O professor precisa interagir com as crianças em seus momentos de brincadeiras, atribuindo-lhes um importante valor no contexto escolar. O Quadro 1 apresenta as categorias do brincar social e não social de Parten (MARTORELL, 2014, p. 208). Quadro 1. Categorias do brincar social e não social de Parten Fonte adaptada de Martorell (2014) 7.1 Brinquedos e brincadeiras para crianças de 6 a 8 anos Acerca dos brinquedos e das brincadeiras com crianças de 6 a 8 anos, vamos ver a importância deles no desenvolvimento da criança. Na interação do adulto com a criança, por meio da brincadeira a criança se socializa, compreende regras, desenvolve a imaginação. Ela está em pleno desenvolvimento de informações, processa e assimila vários assuntos e entende o mundo por meio do brincar. Quando brinca, a criança se diverte com os brinquedos, tendo destaque aqueles que cumprem regras, concentração e raciocínio. A Lei n. 11.114, de 16 maio de 2005, estabeleceu aos pais e responsáveis a matrícula das crianças no ensino fundamental a partir dos 6 anos de idade, assim não é somente um dever do Estado, mas também de seus responsáveis. Tal direito, garantido pela Lei Maior, passa por uma modificação quando a Lei Federal n. 11.114/05 (art. 6º), bem como a Lei n. 11.274/06 (art. 3º), indicam a obrigatoriedade da matrícula de crianças de 6 anos no ensino fundamental, composto agora de 9 anos. A criança antecipou sua ida à escola, frequentando-a em uma fase em que se encontra em desenvolvimento, bem como seu corpo físico, sua coordenação motora, seus pensamentos. Ela expressa tudo por meio do brincar, imitando tudo ao seu redor e formando a própria linguagem imaginária. Quando a criança vai para a escola, acontece uma integração social, em que o mais “novo” é ajudado pelo mais “velho” (as crianças mais novas trazem fluidez e as mais velhas, a direção para elaborar as brincadeiras), completando-se bem. As crianças têm uma troca mútua de favores na qual uma admira o outro. Alguns fatores que influenciam o desenvolvimento da criança são: ➢ Crescimento, ou seja, aspectos qualitativos (peso, altura, perímetro cefálico, entre outros); ➢ Desenvolvimento, isto é, mudanças qualitativas, como a aquisição e o aperfeiçoamento de capacidades e funções de realizar coisas novas, com mais habilidades e mais complexas; ➢ Maturação, referente a como ocorrem as mudanças nas áreas física e psicológica do organismo infantil; existem fatores hereditários que constituem o desenvolvimento da criança; ➢ Aprendizagem, ou seja, a mudança constante de comportamento realizado por meio da experiência. Quando as crianças são inseridas na escola, aprendem a seguir regras e padrões de comportamento da sociedade, já sabem o que é certo e errado. Nessa fase, dão muita importância à amizade e comparam-se com ouras crianças da mesma idade. O lúdico desempenha papel muito importante em seu desenvolvimento, ela não deve se sentir pressionada a aprender, e o aprendizadodeve ocorrer naturalmente por meio do brincar. Quando ela brinca, traz uma linguagem imitativa da fantasia; conforme vai crescendo, planeja antes do brincar e se interessa por atividades definidas, assim realiza explorações, experimenta, vivencia noções do corpo, desenvolve a agilidade. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil: Cada criança apresenta um ritmo e uma forma própria de colocar-se nos relacionamentos e nas interações, de manifestar emoções e curiosidade, e elabora um modo próprio de agir nas diversas situações que vivencia desde o nascimento conforme experimenta sensações de desconforto ou de incerteza diante de aspectos novos que lhe geram necessidades e desejos, e lhe exigem novas respostas. Assim busca compreender o mundo e a si mesma, testando de alguma forma as significações que constrói, modificando-as continuamente em cada interação, seja com outro ser humano, seja com objetos (BRASIL, 2013, p. 86). A criança em fase de alfabetização deve interagir o brincar com o letramento, pois, quando brinca, ela aprende. Mas como se aprende brincando no ensino fundamental? Conforme a criança se desenvolve, o professor tem de cumprir os conteúdos, pode propor às crianças o brincar como meio de aprendizagem sem sair do foco dos conteúdos a serem trabalhados. A ludicidade é capaz de trazer vários benefícios nas séries iniciais, sendo os jogos instrumentos para o desenvolvimento de potencialidades. Segundo Kishimoto (2013, p. 25), “a liberdade de ação da criança é condição essencial da expressão lúdica. Sem ela, a cultura lúdica deixa de existir. Dela dependem a agência da criança, a tomada de decisão que possibilita o ingresso ou não no imaginário”. Jogos, brinquedos e brincadeiras; é a liberdade de criatividade que constrói o processo de aprendizagem, já que, quando a criança brinca, ela vivencia experiências exercitando a autonomia. Brincando de encenar: são brincadeiras de faz de conta incentivadas pelos professores, as quais fazem com que criança crie um mundo imaginário, uma representação. Nesse ambiente, o professor deve agregar um cantinho com figurinos, roupas, sapatos, adereços. Aproveitando esse espaço do faz de conta, o professor pode inserir uma atividade propondo à criança a encenação de uma situação do dia a dia, uma viagem, uma ida ao médico; o importante é que a criança se sinta confortável para essa brincadeira. Brincando de ler: refere-se a como incentivar essas crianças pequenas a ler. O ambiente deve ter um espaço com livros, gibis, entre outros materiais para leitura e para o manuseio das crianças (um cantinho da leitura). A criança deve ser incentivada a ler mesmo que leia somente as figuras do livro, pois assim vai se sentindo à vontade não apenas com os livros, mas também no processo de aprendizagem. Brincando com palavras: inclui os jogos de linguagem que ajudam nas brincadeiras (p. ex., palavras que comecem ou terminem com a letra A); é possível trabalhar também com trava-língua, parlendas, poemas. O professor pode criar com as crianças jogos de memória, dominó, jogos por meio dos quais a criança possa refletir sobre as palavras que ajudem no seu desenvolvimento. Algumas atividades que favorecem na alfabetização: jogo da memória, dominó, bingo, jogo das vogais, caça-palavras com material reciclado, fazer a criança desenhar a letra na areia, entre outros. Para essa fase de aprendizado da criança, ela deve se sentir confortável, e o professor tem um papel fundamental na vida de cada uma. 7.2 Brinquedos e brincadeiras para crianças de 9 a 12 anos De acordo com Kishimoto (2000), No Brasil, termos como jogo, brinquedo e brincadeira ainda são empregados de forma indistinta, demonstrando um nível baixo de conceituação deste campo. Enfim, cada contexto social constrói uma imagem de jogo conforme seus valores e modo de vida, que se expressa por meio da linguagem. [...] Diferindo do jogo, o brinquedo supõe uma relação íntima com a criança e uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organizam sua utilização. (KISHIMOTO, 2000, p. 17). O “brincar” deve ser inserido no plano de ensino indiferente da faixa etária da criança. O jogo, o brinquedo e a brincadeira possuem distinções diferentes. Não se deve inserir a brincadeira somente na educação infantil, podendo ser trabalhada também no ensino fundamental, pois é um instrumento no processo de ensino- aprendizagem. Conforme Tessaro e Jordão (2007), no processo da educação infantil o papel do professor é essencialmente importante, pois é ele quem cria os espaços, disponibiliza materiais, participa das brincadeiras, ou seja, faz a mediação da construção do conhecimento. Segundo Kishimoto (2009), o jogo, as brincadeiras e os objetos utilizados como brinquedos são ferramentas empregadas no processo de aprendizagem. ➢ O jogo possui três níveis de diferenciação: sentido, sistema e objeto: ➢ O jogo como sentido: é relacionado como meio social, ou seja, cada realidade constrói uma imagem de jogo. Por exemplo, o arco e flecha, hoje, é um jogo, mas na cultura indígena representa um instrumento de caça. ➢ O jogo como sistema: são as regras que o jogo traz. ➢ O jogo como objeto: é o material usado, sendo suas características principais o divertimento e a recreação. Kishimoto (2009, p. 17) conclui então que o mencionado “[...] permite uma primeira compreensão do jogo, diferenciando significados atribuídos por culturas diferentes, pelas regras e objetos que se caracterizam”. O jogo é um fenômeno cultural, tendo em vista sua diferenciação de cultura, regras e objetos. É uma atividade que trabalha os aspectos físico e mental e se fundamenta em regras que oportunizam a perda ou o ganho. Por mais simples que seja, o jogo requer habilidades motoras, como correr, pular, saltar, habilidades cognitivas, como percepção, esquema corporal, raciocínio lógico, ritmo, lateralidade, equilíbrio, socialização, os quais são utilizados no cotidiano da criança. Quando esta brinca, ela aumenta o próprio conhecimento por meio de parceiros e vivencia uma aprendizagem, pois o jogo é um instrumento de oportunidades. O jogo vai muito mais além do brincar, possuindo características marcantes para os desenvolvimentos motor e cognitivo e sendo passado por gerações, o que contribui para o fortalecimento do patrimônio cultural. Os jogos trabalhados dentro da sala atuam como um instrumento educativo, por meio dos quais as crianças desenvolvem habilidades e valores. A brincadeira é o lúdico, é o momento recreativo da criança. O jogo possui regras, já a brincadeira não, sua finalidade é a diversão. Na brincadeira, a criança desenvolve também habilidades como atenção, imitação, imaginação. Existem três tipos de brincadeiras: faz de conta, construção e tradicionais. As brincadeiras de faz de conta ou simbólicas são brincadeiras imaginárias, nas quais a criança expressa seus sonhos e fantasias. As brincadeiras de construção apresentam relação com o faz de conta, pois a criança constrói brinquedos para as brincadeiras simbólicas, estimulando a criatividade e desenvolvendo as habilidades das crianças. Quando constrói, transforma e destrói, a criança aprende a usar o imaginário, desenvolvendo afetividade e intelectualidade. As brincadeiras tradicionais incluem aquelas que fazem parte da cultura, como amarelinha, cinco-Marias, esconde-esconde, escravos de Jó, entre outras. Já o brinquedo é um objeto, um meio de expressão, como bola, bastão, caixa, que dá suporte às brincadeiras. Os brinquedos surgiram nas grandes civilizações antigas, onde eram compartilhados entre os meninos e meninas; o brinquedo não determina as brincadeiras, mas o ato do brincar é que revela o conteúdo do brinquedo (SANTOS, 2009). Antigamente os brinquedos eram construídos em marcenarias, as bonecas eram feitasde cera, mas, com o tempo e o surgimento da industrialização, cujo objetivo era comercializar os brinquedos, hoje eles foram substituídos por brinquedos rápidos e cheio de tecnologias. Nessa perspectiva, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica: Também as professoras e os professores têm, na experiência conjunta com as crianças, excelente oportunidade de se desenvolverem como pessoa e como profissional. Atividades realizadas pela professora ou professor de brincar com a criança, contar-lhe histórias, ou conversar com ela sobre uma infinidade de temas, tanto promovem o desenvolvimento da capacidade infantil de conhecer o mundo e a si mesmo, de sua autoconfiança e a formação de motivos e interesses pessoais, quanto ampliam as possibilidades da professora ou professor de compreender e responder às iniciativas infantis (BRASIL, 2013, p. 87). As crianças entre 9 a 12 anos se concentram mais nas brincadeiras imaginárias, pois são estruturadas, planejadas, aderem a regras. Nessa fase, as crianças gostam de brincar com jogos que tenham definições e que incluam atividade física. A partir dos 10 anos, as crianças estão sobrecarregadas nos estudos, passam muito tempo realizando tarefas escolares. Entre 10 e 12 anos de idade, a criança possui autonomia e já distingue o que gosta e o que não gosta. Toda criança tem direito ao brincar. Brincar é motivador, traz alegria, trabalha a criatividade; quando a criança brinca, estimula suas habilidades e estabelece vínculos sociais. A brincadeira desperta a atenção e a curiosidade, deixando a criança livre para aprender, o que reúne as potencialidades, desenvolve iniciativas, exercita capacidades de concentrar a atenção, descobrir, criar. Nessa faixa etária, a criança gosta de jogos de tabuleiro, pois, além do aspecto lúdico, proporcionam regras a serem seguidas e oportunidades para elaborarem problemas, encontrando soluções para eles. 7.3 O brincar como elemento fundamental da aprendizagem Segundo Vygotsky (1991), o brincar é uma atividade humana criadora, em que a imaginação, a fantasia e a realidade interagem para a produção de novas possibilidades de interpretação, expressão e ação pelas crianças, bem como de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos. Nesse sentido, a brincadeira oferece um vasto campo de significados, pois, ao brincar, a criança se relaciona com outras crianças, com brinquedos e com materiais que vão dialogar com ela e proporcionar condições para que se desenvolva. De acordo com Vygotsky (1991), o brincar cria uma zona de desenvolvimento proximal, em que a criança se comporta de uma forma que está além do comportamento habitual para sua faixa etária — ou seja, ao brincar a criança se apresenta maior do que é na realidade. A criança, portanto, reproduz e representa o mundo por meio de situações criadas em brincadeiras. E esse processo não se faz passivamente. Trata- -se de um processo ativo de reinterpretação do mundo que abre espaço para a invenção de novos significados, saberes e práticas. Sendo assim, o brincar envolve múltiplas aprendizagens, uma vez que, por meio dele, a criança constrói sua percepção do mundo e estabelece relações com outros sujeitos, buscando compreender nas ações e reações os significados do viver. Com isso, ela se desenvolve cognitivamente, de forma ativa e significativa. Ainda, conforme destaca Borba (2007), o plano informal das brincadeiras possibilita a construção e a ampliação de competências e conhecimentos que certamente terão impacto sobre a aquisição de conhecimentos dentro do plano da aprendizagem formal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BACELLAR, R. P. Mediação e arbitragem. São Paulo: Saraiva, 2012. BEAUCHAMP, J.; PAGEL, S. D.; NASCIMENTO, A. R. (org.). Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. 2. ed. Brasília: MEC, 2007. BERTINE, L. F. et al. Ampliação do ensino fundamental para nove anos: entre a teoria incompleta e a prática intempestiva. Educação em Revista, v. 9, n. 2, p. 68-75, 2008. BORBA, Â. M. O brincar como um modo de ser e estar no mundo. In: Brasil MEC/ SEB. 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