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CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS SILVESTRES Docente: Dr. Rodrigo Hidalgo Teixeira | Aluno: Alex Dinis Júnior | @vet.baka 1 INTRODUÇÃO Antes de tudo… – Conhecer o seu paciente! Qual o nome científico? Habitat natural? Alimentação? De onde ele veio? Quais seus hábitos e características individuais? Devolução ao Habitat – Após passar por um check-up e garantir que o animal está com a saúde apta para voltar na natureza, devemos certificar-se de saber sua origem e saber o local de onde ele foi capturado ou resgatado. Não podemos soltar o animal em qualquer local, sem conhecimento prévio. Quando o animal não é nativo da nossa região (exótico), deve permanecer no zoológico – soltura de animais exóticos é crime, pois ao não estar em seu habitat, ocorre competição e desequilíbrio na fauna brasileira. “Não se usa o termo de animais em jaulas, cativeiros ou presos. Utiliza-se, atualmente, o termo animais sobre cuidados humanos”. Contenção – Passaguá de tamanhos variados, puçá, cordas, luvas, focinheiras, cambão, caixas e outros. Se não tiver material adequado para transporte e/ou manejo, não faça! Nunca subestimar nenhum animal. Garantir a segurança do animal, da sua equipe e a sua! “Animais selvagens não atacam, se defendem! Se atentar com sinais que o animal dá”. MAMÍFEROS SELVAGENS • Marsupiais: Não puxar pelo rabo, deve-se usar o cambão. Os mais conhecidos no país são os gambás/saruês. Sua alimentação varia, podendo ser herbívoros, carnívoros, insetívoros e onívoros. • Primatas: Andam em grupos, são fortes, ágeis e complexos. Existem várias espécies, sendo necessário manter uma proteção para evitar o desenvolvimento de híbridos. No Brasil existem diversas espécies, como bugios, macacos-aranhas, muriquis, macaco barrigudo, saguis, micos, macacos- pregos e tantos outros. “Bugios são os únicos primatas com dimorfismo sexual evidente, machos possuem colorações escuras e fêmeas colorações claras”. https://www.instagram.com/vet.baka/ CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS SILVESTRES Docente: Dr. Rodrigo Hidalgo Teixeira | Aluno: Alex Dinis Júnior | @vet.baka 2 • Edentatas/Cingulata/Pilosa: Composto por tatus, tamanduás bandeiras e preguiças. Não segura tatu pela cauda ou tamanduás e preguiças pelas unhas, pois tem grandes chances de ocorrer fraturas. Cuidado com garras, são fortes e potentes. • Roedores: Capivaras são os maiores roedores do mundo. Realiza-se controle populacional de capivaras em locais endêmicos, prevenção da febre maculosa. • Carnívoros: Lontras, ariranhas, quatis, e outros. Deve-se tomar muito cuidado. Animais que vivem em grupos devem ser isolados para a correta contenção e manejo. • Felídeos: Gato-maracajá, gato-mourisco, onça-pintada, jaguatiricas e outros. Deve- se tomar muito cuidado, são animais extremamente territorialistas. • Cervídeos: Veado-catingueiro, Ocorre troca de chifres com uma frequência de por volta de doze meses. • Bovídeos: Quando sexualmente maduros possuem dimorfismo sexual, macho é escuro e com chifres, e fêmea clara sem chifres. “Os cervídeos têm chifres que caem todos os anos e são trocados por outros. Essas galhadas normalmente também se dividem em várias direções. Já os bovídeos têm cornos que duram a vida toda e, em geral, sem ramificações”. https://www.instagram.com/vet.baka/ CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS SILVESTRES Docente: Dr. Rodrigo Hidalgo Teixeira | Aluno: Alex Dinis Júnior | @vet.baka 3 AVES SELVAGENS • Ratitas: Avestruz, cazuar, quiuí, ema e emu e outros, aves de grande porte que não voam, pescoço grande e pernas longas. • Flamingos: Se defendem coletivamente. Ao manejar, deve ser de forma coletiva e rápida, fazer o que for necessário e devolver os animais. • Pavão: As caudas dos machos duram por alguns meses e após esse período realiza- se a troca de penas, com o animal ficando por um tempo sem elas. No manejo, quando necessário, focar sempre em preservar as penas. • Galiformes: Inclui animais domésticos como a galinha, peru e espécies cinegéticas como perdizes e faisões. Cuidados ao segurar no manejo, podendo ocorrer fraturas de asas. Preferencialmente conter pelos pés. • Anseriformes: Ordem de aves aquáticas, incluem animais como o pato, ganso e o cisne. Conforme a espécie, possuem características parecidas com os galiformes. • Piciformes: Tucanos e pica-paus. Machos tem bico maior no comprimento, porém pode ocorrer exceções, o melhor método de sexagem é sempre por sangue. https://www.instagram.com/vet.baka/ CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS SILVESTRES Docente: Dr. Rodrigo Hidalgo Teixeira | Aluno: Alex Dinis Júnior | @vet.baka 4 • Strigiformes: Inclui aves de rapina, tais como corujas, mochos e murucututu. São caçadoras eficientes, usando sobretudo olhos aguçados e movimentos rápidos. Corujas se defendem com garras, e gaviões com bicos, enquanto carcarás se defendem com garras e bicos. • Cathartiformes: Representada pelos urubus e condores. O grupo é restrito ao continente americano. Possuem grande porte, asas longas e largas, cabeça e pescoço nus, alimentando-se basicamente de cadáveres. No Brasil, encontra-se as espécies urubu-rei, cabeça preta, amarela, vermelha e urubu da mata. • Psittaciformes: Inclui aves muito populares e conhecidas, como papagaios, periquitos, araras, tuins, cacatuas, calopsitas e outros. Aves carismáticas, algumas espécies conseguem imitar o som. Segurar sempre em bases ósseas da cabeça e das garras, utilizando luvas sempre para uma correta proteção. • Ciconiformes: Ordem de aves de médio a grande porte com distribuição mundial. O grupo habita preferencialmente zonas costeiras, ou perto de lagos e rios, mas inclui também aves terrestres. Alguns exemplos são a cegonha, socó- dorminhoco, as garças e o íbis. RÉPTEIS SELVAGENS • Testudinata: Inclui jabutis, cágados e tartarugas. Cágados envolvem diversas espécies diferentes como cágado-pescoço- de-cobra, tigre d’água, tartaruga-de-casco- mole, cágado-de-barbicha e outros. Não confundir o nome de espécies de cágados que contém “tartaruga” no nome. Para diferenciação sexual, observamos o tamanho da cauda e do animal em si, além da presença de unhas nas patas dianteiras – machos tem cauda mais grossa e maior além de unhas mais compridas, enquanto as fêmeas tem cauda menor e mais curta porém são maiores de tamanho. “Além de questões anatômicas, a principal diferença entre jabutis, cágados e tartarugas é em questão do seu habitat – jabutis são terrestres, cágados são animais de água doce e também terrestre, e tartarugas são exclusivamente de água marinha”. https://www.instagram.com/vet.baka/ CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS SILVESTRES Docente: Dr. Rodrigo Hidalgo Teixeira | Aluno: Alex Dinis Júnior | @vet.baka 5 • Crocodilia: Inclui jacarés, crocodilos e aligators. Deve-se manejar utilizando cambão na axila e pescoço do animal. Dependendo da espécie, o peso pode variar muito. São animais terrestres e também aquáticos. “Os jacarés pertencem à família Alligatoridae, enquanto o crocodilo à Crocodilidae. Dentre as características físicas, podemos citar o focinho, que em crocodilos é mais fino e alongado quando comparado ao dos jacarés, que possuem focinho curto e mais largo.” • Teiidae: Inclui espécies como teiú, tiú, tivaçu, jacuraru e outros. Compreende os maiores lagartos do Novo Mundo e abrange sete espécies em dois gêneros, todas nativas da América do Sul. Ao manejo, segurar a cauda e a parte da frente com cuidado ao repassar o animal. • Iguanidae: Família de répteis escamados que ocorrem em regiões tropicais. As iguanas têmhábitos arborícolas, isto é, vivem em árvores, podendo atingir até 180 cm de comprimento. Cuidados no manejo pois rebatem com a cauda. • Serpentes: Podem predar por constrição ou por peçonha. A maioria de espécies não é peçonhenta e muitas são inofensivas! Na fauna brasileira, encontramos diversas variedades de espécies como jibóias, sucuris, caninana, muçurana, cobra d’água, cobra dormideira e outras. Para transporte, recomenda-se caixas de madeira. Para manejo, utiliza-se ganchos em boideos deixando em uma altura pequena pra não ter perigo do animal cair. Se for extremamente necessário, imobiliza-se a cabeça e segura o animal não peçonhento. Evitar ao máximo pegar o animal! “Carrapatos em serpentes normalmente estão na cabeça ou, em alguns casos, na cloaca”. “Toda serpente começa a alimentação pela cabeça, se a cabeça da presa passa pela boca, todo o restante conseguirá passar”. “Para diferenciar uma serpente venenosa da não venenosa, analisamos estruturas como olhos, hábitos e caudas. No caso de corais, a falsa não completa os anéis, os olhos e as cores são menos evidentes, e a cauda afina ao final”. https://www.instagram.com/vet.baka/ CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS SILVESTRES Docente: Dr. Rodrigo Hidalgo Teixeira | Aluno: Alex Dinis Júnior | @vet.baka 6 ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS Os animais que mais causam acidentes peçonhentos no Brasil são, em relevância: • Serpentes; • Escorpiões; • Aranhas; • Lepidópteros; • Himenópteros; • Coleópteros; • Quilópodes; • Peixes; • Cnidários. Todos os casos devem ser notificados ao governo federal imediatamente após a confirmação, estando na Lista de Notificação Compulsória do Brasil. A medida ajuda a traçar estratégias e ações para prevenção. Serpentes Peçonhentas - As três espécies de maior importância veterinária são Lachesis muta (surucucu), Crotalus durrisus (cascavel), Micrurus coralinnus (coral-verdadeira) e Bothrops jararaca (jararaca, maior índice de acidentes). Na nossa região, a serpente de principal relevância é a cascavel. Manejar com caixas, tubos e ganchos, com extremo cuidado! “Em Sorocaba, o hospital referência para acidentes ofídicos é o Conjunto Hospitalar de Sorocaba, na Rua Cláudio Manoel da Costa. Em casos de acidente, leva-se o indíviduo picado o mais rápido possível ao hospital, com o membro afetado levantado para cima e se possível lavar o local da picada SOMENTE com água e sabão. Não fazer torniquete, perigo de contaminar! Informar ao profissional de saúde o máximo sobre o animal”. Aranhas Peçonhentas - As três espécies de maior importância veterinária são Loxosceles (aranha-marrom), Phoneutria (aranha-armadeira) e Latrodectus (viúva-negra). As aranhas caranguejeiras são de grande porte porém não causam acidentes graves nem possuem veneno, mas podem soltar poros que podem causar reações alérgicas em algumas pessoas. PRINCIPAIS ENFERMIDADES EM PRIMATAS NEOTROPICAIS Existem diversas nomenclaturas, como primatas neotropicais, brasileiros, platirrinos e outros. Gostam de permanecer no alto no habitat. O Brasil abriga cerca de 20% dos primatas mundiais, com diversas espécies. Alguns exemplos são bugio, sagui- de-tufo-branco, macaco prego e outros. Protocolo Anestésico de Macaco Prego (C. apella) Ketamina 8-12mg/kg Midazolan 0,2-1mg/kg Tiletamina/Zolazepan 5-10mg/kg Xilazina 0,5-1,5mg/kg Atropina 0,04mg/kg https://www.instagram.com/vet.baka/ CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS SILVESTRES Docente: Dr. Rodrigo Hidalgo Teixeira | Aluno: Alex Dinis Júnior | @vet.baka 7 Protocolo Anestésico de Saguis (Callithrix sp.) Ketamina 5-20mg/kg Diazepam 0,5-1mg/kg Xilazina 0,5-2mg/kg Tiletamina/Zolazepan 1-20mg/kg Afecções Dentárias – Pelas características dos dentes, verificamos o tipo de alimentação do animal. Observar a presença de tipos de dentes. Importante ter ao menos instrumentos básicos e sempre documentar. Abscesso da face podem ser gerados por problemas dentários, cáries também são comuns. Tratamento dentário ou extração. Traumas e Lesões – Não recomenda-se a tricotomia pois aumenta chances de estresse do animal e automutilação. Lesões são comuns em face, extremidade de mãos e pés ou cauda. Bastante comum presença de bernes e miíases. “Ocorrem muitos acidentes relacionados a choques elétricos quando macacos acabam andando em fios urbanos elétricos, queimaduras e até explosões”. Parasitas: • Prosthenorchis elegans é um acantocéfalo intestinal descrito em primatas neotropicais. • Toxoplasma gondii é um parasita que os primatas são altamente sensíveis (sintomas de apatia, dispnéia, hipotermia, secreção nasal, morte súbida ou assintomático). • Leptospirose é uma zoonose de ampla distribuição, associado com elevados índices pluviométricos. Se divide em patogênicas e saprófitas. • Fungos tem manifestações clínicas que demoram até 90 dias para aparecer, como alopecia. Geralmente, a contaminação se dá por solos. • Tuberculose é uma zoonose, causada por bactérias do gênero Mycobacterium. Catarrinos são bastante sensíveis. Evolução lenta, alterações respiratórias persistentes, linfadenomegalia e esplenomegalia. “Prova tuberculínica como técnica de aplicação e leitura da tuberculose. Aplicação intradérmica de 0,1ml e leitura em 48, 72 ou até 96 horas”. Vasectomia – Como ferramenta para o manejo reprodutivo em macaco-prego. Após o procedimento, deve-se analisar a presença de espermatozóides. Após tres espermogramas, pode ocorrer a alta e reintrodução segura com fêmeas. A técnica cirúrgica consiste em apenas uma incisão medial na base do pênis com o escroto (diferente dos canídeos, mustelídeos e hienídeos que precisam de duas incisões paramediais, pela presença do osso mediano). Ao chegar na túnica vaginal, separar as camadas da túnica delicadamente até chegar ao ducto deferente, que possui aparência e textura mais rígida. “Em primatas, não é necessário suturar a túnica vaginal, porém em animais maiores é mais seguro suturar ou utilizar cola cirúrgica”. Protocolo Anestésico de Apes (Primatas do velho mundo) Via Oral Midazolan 0,5-1 mg/kg Intramuscular Ketamina 6-8 mg/kg Zolazepan 2,2-17,6 mg/kg Xilazina 0,5-2mg/kg Tiletamina/Zolazepan 1-20mg/kg EPIZOOTIA DE FEBRE AMARELA Epizootia – Ocorrência de um determinado evento em um grupo de animais ao mesmo tempo na mesma região, vindo a óbito ou não. ”Notificação compulsória em primatas não humanos (PNH) de qualquer espécie encontrado doente ou morto”. https://www.instagram.com/vet.baka/ CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS SILVESTRES Docente: Dr. Rodrigo Hidalgo Teixeira | Aluno: Alex Dinis Júnior | @vet.baka 8 Comportamento Anormal em PNH – Animal movimentando-se lentamente, sem instinto de fuga. Segregado do grupo, perda de apetite, baixo peso, magro, desnutrido, desidratado, com lesões cutâneas, secreções e diarréia. Culicidae – Engloba insetos dípteros popularmente conhecidos como pernilongos ou mosquitos. Haemagogus janthinomys, Sabethes glaucodaemon e Aedes aegypti. Vetores de febre amarela e outras doenças. Buscas e Vigilâncias – Podem ser de forma ativa (busca de animal vivos para captura) ou de forma passiva (busca de carcaças de animais acometidos). Uso de materiais EPI’s para segurança e coleta de material de primatas não humanos para análises. Coleta de Material em PNH – Tecidos indicados para a coleta sendo fígado, rins, coração, baço e cérebro. A coleta deve ser feita o quanto antes após a morte do animal, preferencialmente dentro das primeiras 8 horas. Mais que 12 horas da morte torna-se difícil o diagnóstico. Após a coleta, independente do tempo, deve-se enviar para o laboratório com as devidas informações. “Trêsamostras de cada órgão com tamanho aproximado de 1cm³. Material fixado em formol a 10% para histopatológico e imunohistoquímica em coletor universal. Congelada a -70ºC ou -18ºC para isolamento viral e PCR em criotubo. Relatório de necrópsia detalhado com os achados”. Zoológicos – Primatas cativos podem se configurar como reservatórios ou amplificadores do vírus, podendo trazer risco à população caso hajam mosquitos circulando e as pessoas não estiverem cobertas por vacinação. Uma das funções dos zoológicos é a importância dos reservatórios genéticos destas espécies, servindo em programas de reintrodução ou revigoramento populacional em ambiente natural, imunizando as espécies e mantendo uma boa genética. “Ao ver sangue em nariz, boca e ouvidos, a chance de ser traumatismo craniano é alta. Por falta de informações, muitos primatas foram atacados por humanos em surtos de febre amarela”. RAIVA EM ANIMAIS SELVAGENS Animais silvestres de qualquer espécie são classificados como animais de risco, mesmo que domesticado. Não se conhece por completo a epidemiologia sobre o vírus rábico em animais silvestres. Na literatura, revelam que o risco de transmissão do vírus por morcego é elevado, independente da espécie, hábito alimentar e gravidade do ferimento. “Em casos de morcego na casa, deve-se colocar ele embaixo de um balde e utilizando algum peso. Nunca colocar a mão no mão, entrar em contato com o Centro de Zoonoses da cidade”. Morcegos Hematófagos – O morcego- vampiro comum (Desmodus rotundu) passa por controle populacional. O controle das populações é uma das medidas incluídas no Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros do Ministério da Agricultura, que envolve ainda a vacinação dos animais, a vigilância epidemiológica e atividades de educação sanitária. “Fluxo de notificação em casos suspeitos de raiva e animais inicia-se por veterinários clínicos, indo para laboratórios de diagnósticos e esferas municipais, estaduais e federais.” https://www.instagram.com/vet.baka/ CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS SILVESTRES Docente: Dr. Rodrigo Hidalgo Teixeira | Aluno: Alex Dinis Júnior | @vet.baka 9 Outros animais podem também ser portadores e transmissores, como cervídeos, canídeos e outras espécies da nossa fauna. A raiva é uma zoonose extremamente perigosa, casos humanos registrados são poucos mas fatais. Protocolos de Exposição – Unidades Básicas de Saúde Barcelona e Laranjeiras estão aplicando esquemas de pré-exposição em Sorocaba mediante agendamento prévio. Esquemas de pós exposição realizados apenas na UPH Zona Norte. Para contato com a zoonoses, o telefone (15) 3222-2484. ROEDORES E LAGOMORFOS: PETS NÃO CONVENCIONAIS Se dividem em roedores (ratos, chinchilas, porquinhos da índia, hamstes e outros) e lagomorfos (coelhos e lebres). Possuem hábitos noturnos. Alimentação – Existem diversas rações para essas espécies, sendo as melhores Nutropica e Megazoo. O ideal é que o animal tenha uma base de alimentação proteica e ampla, incluindo frutas e verduras. Afecções Dentárias – É comum ocorrer problemas dentários por um manejo nutricional inadequado. Os dentes tem crescimento contínuo, ou seja, precisam ser desgastados. É uma área extremamente sensível, sendo melhor sedar o animal para segurança do mesmo. Se o animal diminui o apetite gradativamente e não come mais, recomenda-se exame de Raio-X, pois pode indicar problemas em dentes. Cecofagia, Ceotrofagia ou Cecotrofia – É a reingestão natural do bolo alimentar fermentado no ceco do coelho. Auxilia na absorção de energia e nutrientes, sendo consumido preferencialmente à noite. Inicia-se precocemente, por volta da terceira semana de vida. Iluminação, dieta, ciclo circadiano e lactação são fatores que podem interferir. Diarréia – Administrado probiótico ou oferecido fezes de outro animal saudável da mesma espécie, para correção da microbiota. Sarna – Bastante comum, principalmente em coelhos domésticos. Sinais de inquietação, falta de apetite, prurido principalmente na região de orelhas, balançar de cabeça. Tratamento com aplicação tópica de acaricida. Geralmente é bilateral, realiza-se o tratamento sempre nas duas orelhas e patas. “Tratamento desses animais normalmente é lento, no caso de sarnas por exemplo, irá levar em torno de um mês”. https://www.instagram.com/vet.baka/ CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS SILVESTRES Docente: Dr. Rodrigo Hidalgo Teixeira | Aluno: Alex Dinis Júnior | @vet.baka 10 Outros Casos Clínicos Comuns – Traumas diversos, como pisadas, animais contactantes, portas e outros. Dentes e alimentação inapropriada. Ectoparasitas. Unhas em pisos pouco abrasivos. Neoplasias são bastante comuns, em glândulas mamárias, adenocarcinoma e outros tipos. Cirurgias em casos de fraturas e castração. Neoplasias – Bastante comuns na rotina. Importante realizar o diagnóstico diferencial da neoformação, como abscessos bacterianos por exemplo. Realizar citologia e medição com raio-x. Indica-se a retirada cirúrgica. Protocolos Anestésicos em Roedores – Pode ser aplicado intramuscular ou intraperitoneal. Normalmente, utiliza-se Acepromazina (0.5 a 1mg/kg) ou Diazepan (2.5mg/kg). • Porquinho da Índia: Cavia porcellus não é encontrado naturalmente na natureza, descende de espécies como C. aperea, C. fulgida e C. tschudi, comumente encontradas em várias regiões da América do Sul. Pesam de 400 a 600 gramas, fêmeas são maiores que machos quando maduras sexualmente. • Gerbilo ou Esquilo da Mongólia: Meriones unguiculatus. Encontrados no deserto da mongólia. Realizam tocas no fundo da areia. Possuem testículos pequenos porém visíveis. Realizam coprofagia. Tem ligação muito frágil na cauda, como estratégia de fuga, se for pega de forma inadequada a cauda fica na mão, se soltando. • Hamster, Hamster Sírio ou Hamster Dourado: Mesocricetus auratus. Possuem olhos pequenos e com chance de exoftalmia na contenção. Incisivos com esmalte de cor laranja. • Hamster Chinês: Cricetulus griseus, não possuem glândulas sudoríparas. Possuem bolsas de alimento nas bochechas, onde acumulam a comida. Sempre disponibilizar no mínimo três abrigos para cada animal. https://www.instagram.com/vet.baka/ CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS SILVESTRES Docente: Dr. Rodrigo Hidalgo Teixeira | Aluno: Alex Dinis Júnior | @vet.baka 11 • Rato Twister ou Mercol: Rattus norvergicus. Estão migrando dos laboratórios para as casas, se popularizando como pets. Pesam em média 240 a 400 gramas, com expectativa de vida de 2 a 3 anos. Atingem a maturidade sexual em 100 dias, com período de gestação de 24 dias. • Moco: Nativo do semiárido do Brasil, interior do norte. Bastante usado como alimento. • Porco Espinho Africano e Europeu: Hedgehog. Diferente do ouriço (que é brasileiro). Tem hábitos noturnos, bastante comercializado. Possui o corpo coberto por espinhos, úteis na defesa contra predadores. • Chinchila: Chinchilla Lanigera. Expectativa de vida de 8 a 10 anos, atinge maturidade sexual de 7 a 9 meses. Peso varia de 400 a 600 gramas, a fêmea sendo um pouco maior que o macho. CAPIVARAS E FEBRE MACULOSA Capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) são animais sociáveis. Andam em grupos numerosos, pesando entre 30 a 70kgs. Possui hábitos crepusculares e costumam ser calmas. Febre Maculosa – Zoonose transmitida ao homem e animais, causada pela bactéria Rickettsia rickettsi, cocobacilos gram negativos intracelulares. Transmitida por espécies de carrapatos do gênero Amblyomma. É uma doença de notificação compulsória. A capivara é uma vítima assim comoos humanos! • Rickettsia rickettsi – Grave, registrada no norte do Paraná e regiões do sudeste. • Rickettsia parkeri – Ambientes da mata atlântica, quadros clínicos menos graves. O período de incubação em humanos pode ser de 2 a 14 dias. A letalidade da doença, quando não tratada, pode ser maior que 80%. https://www.instagram.com/vet.baka/ CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS SILVESTRES Docente: Dr. Rodrigo Hidalgo Teixeira | Aluno: Alex Dinis Júnior | @vet.baka 12 O cão quando infectado desenvolve uma forma branda da doença, geralmente evoluindo para cura. As capivaras são amplificadoras de enfermidade por até 21 dias. Sintomas em Humanos – Início súbito, com febre moderada a alta, cefáleia, calafrios, congestão das conjuntivas, exantema maculopapular que inicia em punhos e tornozelos e irradia para outros locais. Pode também ser assintomática. Alguns problemas como torpor, agitação psicomotora e sinais meníngeos também são frequentes. “Carrapatos devem ser procurados em diversos locais conforme a espécie animal, como cloacas, cavidade auricular, escamas, orelhas e outros”. Amblyomma sculptum • Machos – Tem testículo, escudo dorsal completo por isso não se expande ao se alimentar de sangue. • Fêmeas – Tem ovários, escuto dorsal incompleto, conforme se alimenta de sangue vai se expandindo. Faz a postura no solo, se desprendendo do hospedeiro e indo ao chão, cerca de 10 a 20cm. “Para retirar carrapatos, deve-se rotacionar levemente e somente após soltar do hospedeiro, para evitar que alguma estrutura fique no animal”. Profilaxia – O carrapato infectado leva no mínimo 4 a 6 horas para transmitir a riquetsia, quanto mais rápido retirar os carrapatos do corpo, menor será o risco de contrair a doença. • Usar macacão, calça e camisa de mangas longas. Após a utilização, todas peças de roupas devem ser colocadas em água fervente para retirada dos carrapatos, utilizar repelentes. Usar roupas claras para facilitar na identificação de carrapatos. • Evitar caminhar, sentar ou deitar e áreas conhecidamente infectadas por carrapatos. • Vistoriar o corpo minuciosamente, atenção para formas jovens do carrapato. • Tomar banho quente com bucha vegetal. • No caso de encontrar carrapato fixado à pele, não espremer com unhas, não encostar objetos aquecidos. Retirá-lo com calma, realizando torções em volta do próprio eixo do carrapato. Controle no Ambiente – Mecânico (roçagem do pasto, rente ao solo em meses de verão), químico (recomendado em pequenas áreas, causam forte impacto no ambiente, fumo de rolo não causa danos) e biológico (rodízio de pastos e colocar predadores naturais dos carrapatos, plantar capim gordura em divisas de pastos). Controle efetivo com o uso dos três métodos. Protocolo: • Soro coletado e enviado ao laboratório; • Animais positivos são mantidos vivos, porém castrados; • Machos alfa não mexe em hipótese alguma; • Fêmeas negativas e/ou gestantes realiza-se eutanásia, assim como macho negativo – pois animais positivos transmitirão por via sanguínea por média de 60 a 90 dias, então realiza a eutanásia em animais negativos que não terão anticorpos para evitar a transmissão para um maior grupo; “A febre maculosa é mais frequente nos homens na faixa etária de 20 a 49 anos”. https://www.instagram.com/vet.baka/ CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS SILVESTRES Docente: Dr. Rodrigo Hidalgo Teixeira | Aluno: Alex Dinis Júnior | @vet.baka 13 TERMOGRAFIA EM ANIMAIS SELVAGENS A Termografia Veterinária é uma técnica de registro gráfico das temperaturas de diversos pontos do corpo por detecção da radiação infravermelha emitida por ele. A medição é feita por uma câmera termográfica. Vantagens – Os equipamentos de termografia são capazes de detectar temperaturas a partir de 0,05ºC. O exame é rápido, não ocasiona dor, e não é invasivo, não necessitando de contraste ou radiação. É indicado no diagnóstico precoce de tumores de mama, por exemplo, com semanas de antecedência. “Em casos de neoplasias, ocorrem modificações do fluxo sanguíneo e do metabolismo das células, com produção de óxido nítrico, que estimula a angiogenese e consequentemente a vasodilatação”. Desvantagens – Alto custo do aparelho, além do ambiente que deve possuir parâmetros controlados, como temperatura, umidade e sem vento. Em ambientes de zoológicos, por exemplo, as variáveis tendem a interferir na obtenção das imagens. Deve ser utilizado associado a outros meios de diagnósticos. Existem alguns desafios na termografia em zoológicos, como: • Alto custo do aparelho e burocracia; • Falta de parâmetros fisiológicos normais para cada tipo de espécie; • Falta de profissionais habilitados; • Necessidade de outros meios para fechar um diagnóstico definitivo; • Recintos externos; • Condições climáticas. https://www.instagram.com/vet.baka/
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