Logo Passei Direto
Buscar
Material
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

1 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
 
2 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Apresentação 
Olá! Meu nome é Dayana Sales, do perfil @corujinha_juridica, sou servidora do TJRJ. A minha 
preparação para concursos começou desde muito cedo. Passei com 18 anos para Sargento 
Especialista da Aeronáutica. Minha formação militar foi na Escola de Especialistas (EEAR), em 
Guaratinguetá-SP. Na época que prestei o concurso, para área de Eletricidade (tenho formação em 
escola técnica – CEFET-RJ), eram 22 vagas nível Brasil. Passei em 7º lugar. Fiquei um bom tempo na 
FAB, fiz faculdade de Direito, prestei alguns concursos (reprovei em uns e passei em outros) e 
finalmente tomei possei no TJRJ. Tenho pós-graduação em Direito do Consumidor. Trabalhei cedida 
no TRF-1 e STF. Atualmente estou cursando um MBA em Gestão de Pessoas, Liderança e Coaching e 
uma pós em Psicologia Positiva. Minha vida é estudar, conhecer novos assuntos, crescer como 
profissional e ajudar outras pessoas com a minha experiência. 
A minha técnica de estudos é baseada no estudo ativo. O estudo ativo é aquele onde o estudante 
sai da posição passiva e vai para ativa em busca das informações, criando os seus próprios materiais 
de estudos. Os meus resumos são feitos em cima de anotações de cursinhos, de materiais em pdf, 
pesquisas em livros, manuais e blogs jurídicos, lives de professores, Buscador do Dizer o Direito. Ou 
seja, uma miscelânea de informações registradas no formato de tabela. Fiz assim porque acho uma 
forma mais simples de estudar e memorizar os principais tópicos de cada matéria. 
Até então, eu não havia disponibilizado meus materiais na internet. Apenas um grupo de amigos 
tinham acesso. Alguns colegas que usaram meus materiais tiveram êxito nos concursos que 
prestaram. Espero que você faça um bom uso desses materiais. Estude, leia, faça questões, indague, 
pesquise, complemente esse material e ajuste para sua realidade. Vá atrás das informações. Assuma 
uma posição de estudante ativo. 
Por fim, quero também falar do meu novo projeto que vai ajudar muitas pessoas a destravar nos 
estudos e alcançar a tão desejada aprovação nos concursos públicos e na OAB. Estou falando do 
Rotina de Estudos Sustentável. O treinamento é para aqueles que querem aprender a estudar da 
forma correta e estratégica. Nesse treinamento, vamos trabalhar como técnicas de estudos, 
organização, planejamento, otimização do tempo, controle de ansiedade, mindset de crescimento e 
todas as dores e dificuldades que permeiam o universo dos estudos. Se você quer aprender a estudar 
de forma correta, eficaz, estratégica – venha conhecer meu projeto. Me segue lá no insta 
@corujinha_juridica. Todos os dias têm post com dicas valiosas sobre técnicas de estudos, 
produtividade, gerenciamento do tempo, planejamento. 
Espero que os meus materiais possam ajudá-los a conquistar a tão sonhada vaga no serviço público 
ou na OAB. Estude e confie no seu potencial! Tenha foco e disciplina! Adotem esse pensamento para 
a vida de vocês. 
Nossos objetivos só podem ser alcançados através de um plano, no qual devemos acreditar 
fervorosamente e sobre o qual devemos agir vigorosamente. Não há outro caminho para o sucesso 
(Pablo Picasso). 
Aguardo o contato de vocês no meu insta. Bons Estudos! Dayana. 
 
3 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Este material foi atualizado até julho/2022. 
Sumário 
Temas Página 
Teoria da Constituição 03 
Constitucionalismo 29 
Direitos e Garantias Fundamentais 35 
Direitos e Garantias Individuais 80 
Ações Constitucionais 95 
Direitos Sociais 105 
Nacionalidade 119 
Direitos Políticos e Partidos Políticos 125 
Organização Político Administrativa dos Estados 133 
Intervenção Federal 167 
Da Defesa dos Estado e Instituições Democráticas 184 
Poder Executivo 195 
Poder Legislativo 212 
Processo Legislativo 248 
Poder Judiciário 275 
Funções Essenciais à Justiça 298 
Repartição de Competências 308 
Remédios Constitucionais 321 
Da Ordem Social 351 
 
Teoria da Constituição 
Introdução 
A palavra Constituição admite vários significados distintos. Conceito do Prof. José Afonso da Silva: “Constituição 
é o sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, 
o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os 
direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias. Em síntese, a constituição é o conjunto de normas 
que organiza os elementos constitutivos do Estado (= elementos humano/povo, geográfico/território e 
político/soberania)”. 
 
 
Concepções de Constituição 
Conceito de 
Constituição 
 É nessa acepção que se pode considerar a Constituição enquanto o conjunto de normas 
fundamentais e supremas, que podem ser escritas ou não, responsáveis pela criação, 
estruturação e organização político-jurídica de um Estado. 
 Lembre-se que em razão de a Constituição tratar dos assuntos mais importantes do 
Estado, ela ocupa no ordenamento jurídico uma posição diferenciada. A Constituição 
trata dos assuntos mais importantes do Estado, por isso ela ocupa no ordenamento 
jurídico uma posição diferenciada, de superioridade. 
 Nossa Constituição Federal de 1988 foi elaborada pelo chamado "Poder Constituinte 
Originário" e promulgada em 05/10/1988. 
 Em nossa Constituição existem normas constitucionais que são originárias (pois estão no 
texto constitucional desde 5/10/1988) e normas constitucionais que são derivadas, que 
foram sendo inseridas ao longo das últimas três décadas. 
 
Estrutura Saiba que, estruturalmente, nossa Constituição pode ser dividida em três partes: 
(1) preâmbulo; 
4 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
(2) parte permanente (ou parte dogmática) e 
(3) ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias) 
 
Constitucionalismo De início, é crucial que você recorde que a Constituição possui uma importância central para 
a proteção dos direitos e das garantias individuais e é o documento jurídico mais adequado 
para estruturar e organizar o sistema de poder de um Estado. 
 
Constitucionalismo Antigo: 
- Povo Hebreu: organizados politicamente em um regime teocrático, no qual os detentores 
do poder eram limitados por dogmas religiosos ("leis divinas"). 
- Grécia: Ampla participação dos governados no processo político-decisório (democracia 
direta). 
- Roma: Valorização do indivíduo; desenvolvimento do direito privado contratual; embrião 
da separação de poderes. 
 
Constitucionalismo Medieval: 
Simbolizado pela Magna Carta, celebrada pelo Rei João Sem Terra e a nobreza, em 1215, 
cujo intuito era limitar o poder monárquico. 
 
Constitucionalismo Moderno (Liberal-burguês): 
Seu marco central são as revoluções liberais do final do século XVIII (EUA,1776, e França, 
1789). Promulgação das primeiras constituições escritas, com limitação dos governantes 
e afirmação de direitos políticos e individuais dos cidadãos. 
 
 
O 
constitucionalismo 
é um movimento 
que busca limitar 
o poder do Estado 
através de um 
documento 
escrito. 
 
 
 
 
 
 
Conceito de constitucionalismo 
 Canotilho Kildare Gonçalves Carvalho André Ramos Tavares 
Define-o 
constitucionalismo como 
uma “... teoria (ou 
ideologia) que ergue o 
princípio do governo 
limitado indispensável à 
garantia dos direitos em 
dimensão estruturante da 
organização político-social 
de uma comunidade. 
Neste sentido, 
constitucionalismo 
moderno representará 
uma técnica específica de 
limitação do poder com 
fins garantísticos. O 
conceito de 
constitucionalismo 
transporta, assim, um 
claro juízo de valor. É, no 
fundo, uma teoria 
normativa da política, tal 
como a teoria da 
democracia ou a teoria do 
Por seu turno, vislumbra tanto 
uma perspectiva jurídicacomo 
sociológica: “... em termos 
jurídicos, reporta-se a um 
sistema normativo, enfeixado 
na Constituição, e que se 
encontra acima dos detentores 
do poder; sociologicamente, 
representa um movimento 
social que dá sustentação à 
limitação do poder, 
inviabilizando que os 
governantes possam fazer 
prevalecer seus interesses e 
regras na condução do 
Estado”. 
O termo 
“constitucionalismo” é 
empregado com 04 
(quatro) diferentes 
sentidos. No primeiro, o 
constitucionalismo é 
visto como um 
movimento político-
social cujo objetivo é a 
limitação do poder 
estatal. No segundo, 
como a imposição de 
que os Estados adotem 
cartas constitucionais 
escritas. Na terceira 
acepção, o 
constitucionalismo serve 
para indicar a função e a 
posição das constituições 
nas diversas sociedades. 
Por último, o “termo 
“constitucionalismo” é 
também usado para se 
referir à evolução 
5 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
liberalismo”. histórico-constitucional 
de um determinado 
Estado”. 
* #OBS: Há doutrinadores que fazem a seguinte divisão de sentidos: 
 
SENTIDO AMPLO 
está associado à existência de uma Constituição em um 
Estado. É a ideia de que TODO ESTADO TEM CONSTITUIÇÃO, 
porque todo Estado precisa ser constituído, e quem constitui 
um Estado é uma Constituição. 
 
 
SENTIDO ESTRITO 
Contudo, geralmente refere-se ao termo constitucionalismo 
em sentido estrito, que é o mais importante. Nesse sentido, o 
constitucionalismo está relacionado a duas ideias básicas e 
fundamentais: a primeira ideia é a de garantia de direitos e a 
segunda ideia é a de limitação do poder. O Constitucionalismo 
se contrapõe ao absolutismo, garantindo direitos aos 
cidadãos para protegê-los da arbitrariedade estatal e 
limitando o poder deste! 
 
Dirley da Cunha Júnior (JUNIOR, 2006) define Constitucionalismo como “um 
movimento político-constitucional que pregava a necessidade da elaboração de 
Constituições escritas que regulassem o fenômeno político e o exercício do poder, em 
benefício de um regime de liberdades públicas.” 
 
 
 
Concepções da Constituição 
Constituição 
Sociológica 
(Ferdinand 
Lassale) 
A constituição escrita é apenas uma “folha de papel”. A verdadeira constituição de um 
Estado é a soma dos fatores reais de poder, que prevalece em caso de colisão com a “folha 
de papel”. Segundo Lassalle, em cada sociedade, o poder está dividido em vários atores, 
que atuam na arena social e defendem os seus próprios interesses. O que resulta da soma 
de todos os fatores reais de poder é a verdadeira constituição. 
 
Constituição 
Política (Carl 
Schmitt) 
A constituição é a decisão política fundamental do titular do poder constituinte. Há 
diferença entre constituição e “lei constitucional”. Decisão política fundamental é aquela 
que modela a substância do regime, segundo Daniel Sarmento. O que não for decisão 
política fundamental, mas estiver escrito na constituição, é apenas “lei constitucional”. 
Ex: art. 1º CF é Constituição (adoção do modelo de Estado Democrática de Direito); por 
outro lado, o art. 242, §2º CF é mera “lei constitucional” (Colégio Pedro II). 
 
Constituição 
Jurídica (Hans 
Kelsen) 
Segundo Kelsen, a constituição é norma pura, puro dever-ser, dissociada de qualquer 
fundamento sociológico, filosófico ou político. Kelsen entende a constituição em 2 sentidos 
diferentes: 
(1) Sentido jurídico-positivo: é a constituição formal, escrita, que possui supremacia 
hierárquica formal (ápice da pirâmide normativa) e representa o fundamento de validade 
das demais normas jurídicas inferiores; 
(2) Sentido lógico-jurídico: é a norma hipotética fundamental, que está fora do direito 
posto. Trata-se do fundamento último, pressuposto lógico de todo o direito positivo, 
inclusive da constituição escrita. 
 
Concepção 
Culturalista 
(J.H.Meirelles 
Teixeira) 
Esta acepção desenvolve-se a partir da consideração de que a Constituição é um produto 
da cultura, pois assim como a cultura é o resultado da atividade criativa humana, o Direito 
também o é. Para esta concepção, a Constituição se fundamenta simultaneamente em 
6 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
fatores sociais, nas decisões políticas fundamentais (frutos da vontade política do poder 
constituinte) e também nas normas jurídicas de dever ser cogentes. 
 
A constituição, como invenção humana, é resultado da cultura e, ao mesmo tempo, nela 
interfere (há uma simbiose recíproca). A constituição total é um objeto cultural que, em 
uma perspectiva unitária, abrange aspectos sociológicos, jurídicos, políticos, filosóficos e 
econômicos. Essa concepção total seria o resultado da cultura de uma determinada 
sociedade em um determinado momento histórico. 
 
Força Normativa 
da Constituição 
(Konrad Hesse) 
A constituição não configura apenas a expressão de uma dada realidade. Graças ao 
elemento normativo, a constituição ordena e conforma a realidade política e social. 
Konrad Hesse faz uma crítica à concepção sociológica de Lassalle, pois a constituição não é 
apenas um espelho da soma dos fatores reais de poder, já que a constituição tem força 
normativa, ou seja, ela é capaz de modificar e de interferir na realidade. 
 
A Constituição 
como processo 
político – A 
Constituição 
Aberta (Peter 
Haberle) 
A verdadeira constituição é o resultado (temporário) de um processo de interpretação 
aberto, historicamente condicionado e conduzido à luz da publicidade. Segundo Haberle, a 
constituição não se resume a um ato pontual do poder constituinte, pois a norma 
constitucional é sempre a norma interpretada por uma sociedade aberta de intérpretes 
(não apenas pelos juízes e Tribunais). A interpretação se desenvolve de forma contínua e 
pública no tempo e serve para atualizar o texto constitucional. 
 
A abertura da constituição ocorre, por exemplo, pela existência de mecanismos de 
alteração formal e informal da Constituição, pela utilização de conceitos jurídicos 
indeterminados e pela ausência de monopólio interpretativo. 
Teoria da 
Constituição 
Dirigente (J.J. 
Gomes Canotilho) 
A constituição dirige a atuação do Estado e de seus agentes, por meio de programas de 
ação, para concretizar determinados objetivos e finalidades. A constituição projeta uma 
situação ideal que o constituinte deseja que seja implementada no futuro. Essa constituição 
é típica do modelo de Estado Social. 
 
O prof. Canotilho entende que a vinculação do legislador ao dirigismo constitucional deve 
ser controlada principalmente por mecanismos de participação popular. No Brasil, temos 
um controle eminentemente judicial da constituição. 
 
Obs: O próprio prof. Canotilho tem revisto a sua tese, pois a constituição portuguesa, na 
atual realidade, não consegue dirigir sozinha o Estado, já que Portugal faz parte da União 
Europeia. Assim, o dirigismo encontra-se em outro nível, não apenas na constituição, mas 
também nas normas de direito internacional da União Europeia. 
 
Constituição 
Simbólica 
(Marcelo Neves) 
A atividade legislativa, inclusive a constituinte, pode possuir uma natureza eminentemente 
simbólica, visando atender objetivos políticos diversos da produção de normas jurídicas, 
dando origem a uma legislação simbólica ou a uma constituição simbólica. 
Ex1: o objetivo de determinada constituição pode ser o de confirmar valores sociais de 
determinados grupos dominantes. Um exemplo disso é a criminalização do aborto na 
Alemanha. 
Ex 2: o objetivo pode ser o de fortalecer a confiança do cidadão no governo ou no Estado. 
Trata-se da chamada legislação álibi, que serve para esvaziar pressões populares contra o 
Estado, embora não se pretenda dar efetividade alguma ao que foi legislado. Um exemplo 
são as cartas de direitos fundamentais que existem em Estados ditatoriais. 
Ex 3: o objetivo pode ser o de adiar a solução de determinados conflitos sociais. É uma 
espécie de compromisso dilatório.Um exemplo é a norma programática. 
 
7 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
 É a constituição cujo simbolismo é maior que seus efeitos práticos. Para Marcelo Neves, 
a CF/88 é simbólica por ter um elevado número de normas programáticas e 
dispositivos de alto grau de abstração. Marcelo Neves afirma que a constitucionalização 
simbólica tem como objetivos confirmar determinados valores sociais, desejando-se 
apenas uma vitória legislativa e fortalecer a confiança do cidadão no governo ou no 
Estado, por meio da legislação álibi, por meio da qual se esvaziam pressões políticas e 
apresentam o Estado como sensível a expectativas dos cidadãos, porém sem 
efetividade. Por fim, teria como terceiro objetivo adiar a solução de conflitos sociais, 
por meio de compromissos dilatórios, postergando-se a verdadeira decisão para o 
futuro. 
 
 (TJ/CE/2018) A preocupação com a implementação de dispositivos constitucionais e, em 
particular, de suas promessas sociais, não é central. As controvérsias constitucionais são 
decididas com base nos códigos da política e conforme conflitos de interesse. Nessa luta, 
acabam preponderando os interesses dos grupos mais poderosos, dos denominados 
“sobrecidadãos”, que conseguem utilizar a Constituição e o Estado em geral como 
instrumento para satisfazer seus interesses. A juridicidade da Constituição fica 
comprometida pela corrupção da normatividade jurídica igualitária e impessoal, conforme 
o binômio legal-ilegal. As controvérsias constitucionais são decididas com base no código 
do poder.S. Lunardi & D. Dimoulis. Resiliência constitucional: compromisso maximizador, 
consensualismo político e desenvolvimento gradual. São Paulo: Direito GV, 2013, p. 15 (com 
adaptações). A concepção de Constituição a respeito da qual o texto precedente discorre 
denomina-se constituição simbólica. 
 
 
Constituição em Branco Não prevê regras e limites para o exercício do poder constituinte derivado 
reformador. 
 
Constituição Dúctil ou 
Constituição Suave 
Gustavo Zagrebelsky 
Idealizada pelo jurista italiano Gustavo Zagrebelsky (constituzione mite). É aquela que 
não define ou impõe uma forma de vida, mas assegura condições possíveis para o 
exercício dos mais variados projetos de vida. Reflete o pluralismo ideológico, moral, 
político e econômico existente na sociedade. 
 
Constituição dúctil (Constituição suave): Segundo o jurista italiano Gustavo 
ZAGREBELSKY (costituzione mite), nas sociedades pluralistas atuais, dotadas de certo 
grau de relativismo e caracterizadas pela diversidade de interesses, ideologias e 
projetos, o papel da Constituição não deve consistir na realização direta de um projeto 
predeterminado da vida comunitária, cabendo-lhe tão somente a tarefa básica de 
assegurar as condições possíveis para uma vida em comum. 
Na imagem utilizada por ZAGREBELSKY, o direito constitucional é equiparado a um 
conjunto de “materiais de construção”, sendo a Constituição apenas a plataforma de 
partida para a construção do edifício concreto, cuja obra seria resultante das 
combinações desses materiais feitas pela “política constitucional”. 
O adjetivo “dúctil” ou “suave” (“mite”) é utilizado com o intuito de expressar a 
necessidade de a Constituição acompanhar a descentralização do Estado e refletir o 
pluralismo social, político e econômico. A “ductilidade constitucional” deve ser 
8 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
associada a “coexistência” e “compromisso”, com uma visão política de “integração 
através da rede de valores e procedimentos comunicativos”. 
Constituição Unitextual 
ou Orgânica 
Rechaça a ideia de existência de um bloco de constitucionalidade, visto que a 
Constituição seria disposta em uma estrutura documental única. 
 
Constituição 
Subconstitucional 
Constituição subconstitucional admite a constitucionalização de temas excessivos e o 
alçamento de detalhes e interesses momentâneos ao patamar constitucional. Para 
Uadi Lammêgo Bulos, citando Hild Krüger, as constituições só devem trazer aquilo que 
interessa à sociedade como um todo, sem detalhamentos inúteis. Esse excesso de 
temas forma as constituições substitucionais, que são normas que, mesmo elevadas 
formalmente ao patamar constitucional, não o são, porque encontram-se limitada nos 
seus objetivos. 
 
Constituição Oral É “aquela em que o chefe supremo de um povo reclama, de viva voz, o conjunto de 
normas que deverão reger a vida em comunidade” (BULOS, 2014, p. 108). 
 
Constituição Processual, 
Instrumental ou Formal 
É um "instrumento de governo definidor de competências, regulador de processos e 
estabelecedor de limites à acção política" (Canotilho). Seu objetivo é definir 
competências, para limitar a ação dos Poderes Públicos, além de representar apenas 
um instrumento pelo qual se eliminam conflitos sociais. 
 
Constituição Chapa 
Branca 
O intuito principal da Constituição é tutelar interesses e até mesmo privilégios 
tradicionalmente reconhecidos aos integrantes e dirigentes do setor público. 
 
A Constituição é fundamentalmente um conjunto normativo “destinado a assegurar 
posições de poder a corporações e organismos estatais ou paraestatais. É a visão da 
Constituição “chapa-branca”, no sentido de uma “Lei Maior da organização 
administrativa”. Apesar da retórica relacionada aos direitos fundamentais e das 
normas liberais e sociais, o núcleo duro do texto preserva interesses corporativos do 
setor público e estabelece formas de distribuição e de apropriação dos recursos 
públicos entre vários grupos. 
 
Constituição Ubíqua Onipresença das normas e valores constitucionais no ordenamento jurídico. Parte-se 
da constatação de que os conflitos forenses e a doutrina jurídica foram impregnados 
pelo direito constitucional. A referência a normas e valores constitucionais é um 
elemento onipresente no direito brasileiro pós-1988. Essa “panconstitucionalização” 
deve-se ao caráter detalhista da Constituição, que incorporou uma infinidade de 
valores substanciais, princípios abstratos e normas concretas em seu programa 
normativo. 
 
Transconstitucionalismo É fenômeno pelo qual diversas ordens jurídicas de um mesmo Estado, ou de Estados 
diferentes, se entrelaçam para resolver problemas constitucionais” (BULOS, 2014, p. 
90) 
 
Constituição.com ou 
“Crowsaourcing” 
“É aquela cujo projeto conta a opinião maciça dos usuários da internet, que, por meio 
de sites de relacionamentos, externam seu pensamento a respeito dos temas a serem 
constitucionalizados. Foi a Islândia que, pioneiramente, no ano de 2011, fez uma 
‘constituição.com’ (crowdsourcing)” (BULOS, 2014, p. 112). 
 
9 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Constituição Liberal - 
Patrimonialista 
Objetiva preponderantemente garantir os direitos individuais, preservando fortes 
garantias ao direito de propriedade e procurando limitar a intervenção estatal na 
economia. 
 
Constituição 
Principiológica e 
Judicialista 
Leitura da Constituição de 1988 com base nas seguintes características: 
1) importância crucial dos direitos fundamentais, incluindo os sociais, sendo a 
Constituição de 1988 um texto denso exigente, limitando a liberdade do legislador e 
impondo sua implementação; 
2) centralidade dos princípios constitucionais que se multiplicam e adquirem 
relevância prática e aplicabilidade imediata, desde que sejam adotados métodos de 
interpretação abertos, evolutivos e desvinculados da textualidade das regras, em 
particular a ponderação de princípios e/ou valores; 
3) importância do Poder Judiciário que se torna protagonista da Constituição de 
1988, em razão da ampliação e da intensificação do controle de constitucionalidade e 
da incumbência de implementar o projeto constitucional mediante aplicação de 
métodos “abertos” de interpretação. 
 
Algumas curiosidades 
O que é sentimento 
constitucional? 
O conceito desentimento constitucional foi cunhado por Pablo Lucas Verdu, pois, 
segundo o autor, a Constituição e os direitos fundamentais para serem efetivos não 
dependem apenas de aspectos técnico-jurídicos, mas também de uma consciência 
social em torno desses direitos, ou seja, as disposições jurídicas para serem efetivas 
necessitam de um mínimo de reconhecimento social. 
 
Esses aspectos psico-sociológicos configuram o chamado sentimento constitucional. 
Assim, ainda segundo o autor, o Estado Moderno necessita criar laços de fraternidade 
e harmonia, baseados em noções como as de patriotismo, cidadania, nacionalidade e 
outros, entre seus cidadãos, que façam com que eles cumpram as normas e 
mantenham a integridade do Estado. 
O que é 
transconstitucionalismo 
O transconstitucionalismo, trazido pelo professor Marcelo Neves, traz a ideia de 
entrelaçamentos entre ordens jurídicas constitucionais para a solução de problemas 
comuns e constitui o fato de uma determinada situação concreta poder ser tratada 
igualmente na legislação interna, na legislação internacional e na legislação 
supranacional, em um verdadeiro fenômeno de “globalização do direito 
constitucional doméstico”. 
 
Esse conceito não dispõe sobre a existência de uma constituição global, em que as 
constituições nacionais seriam hierarquicamente submetidas a essa constituição 
superior, mas sim sobre a existência de problemas jurídico-constitucionais que 
perpassam às distintas ordens jurídicas, impondo-se um diálogo entre estas ordens 
jurídicas, possibilitando que os problemas que lhes são comuns tenham um 
tratamento harmonioso e reciprocamente adequado. 
 
 Ex: O caso da Lei de Anistia, em que o STF entende pela constitucionalidade da 
concessão de anistia aos agentes políticos da ditadura militar, já a Corte 
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) entende que, de acordo com o Pacto de 
San José da Costa Rica, os agentes políticos não devem ser anistiados. Desse modo, o 
transconstitucionalismo sugere um debate entre problemas constitucionais internos 
com as disposições de ordens externas à nacional. 
 
10 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Constitucionalismo do 
Porvir ou do Futuro 
O constitucionalismo do porvir ou do futuro visa aperfeiçoar um conjunto de ideias 
avaliadas a longo prazo. É a esperança de dias melhores da evolução humana. Uadi 
Lammêgo Bulos define que o “constitucionalismo do porvir ou do futuro 
proporcionará o aperfeiçoamento de um conjunto de ideias que foram avaliadas ao 
longo do tempo. Sua concepção parte da esperança de dias melhores, numa etapa 
vindoura da evolução humana. 
 
Espera-se que a constituição do futuro propicie o ponto de equilíbrio entre as 
concepções hauridas do constitucionalismo moderno e os excessos do 
constitucionalismo contemporâneo” (BULOS, 2014, p. 97-98). Alguns valores que 
estariam ligados ao constitucionalismo do porvir ou constitucionalismo do futuro são: 
veracidade, solidariedade, continuidade, participatividade, integracionalidade, 
universalidade. 
 
O que é Constituição 
Biomédica, Constituição 
Biológica ou 
Bioconstituições? 
As Constituições Biomédicas, Biológicas ou Bioconstituições são “aquelas que 
consagram normas assecuratórias da identidade genética do ser humano, visando 
reger o processo de criação, desenvolvimento e utilização de novas tecnologias 
científicas. Visam assegurar a dignidade humana, salvaguardando biodireitos e 
biobens”. 
 
O que é Constituição 
Horizontal? 
A Constituição não é uma estrutura do topo da hierarquia do sistema jurídico, mas 
de coordenação. Diferente da figura clássica da pirâmide de Kelsen. 
 
 
 
Em que consiste a 
Constituição em Branco 
(Blanko-Verfassung)? 
Uadi Lammêgo Bulos define a Constituição em Branco (Blanko-Verfassung) como 
“aquela que não consagra limitações explícitas ao poder de reforma constitucional. O 
processo de sua mudança subordina à discricionariedade dos órgãos revisores, que, 
por si próprios, ficam encarregados de estabelecer as regras para a propositura de 
emendas ou revisões constitucionais” (BULOS, 2014, p. 107). O defensor dessa 
concepção é Siegenthaler. Por fim, segundo Uadi Lammêgo Bulos, as Constituições 
fixas foram exemplos de cartas ou Constituições em branco (BULOS, 2014, p. 107). 
 
Novo Constitucionalismo 
Latino Americano ou 
Constitucionalismo Andino 
ou Constitucionalismo 
Indígena 
Conforme afirmam Roberto Viciano Pastor e Rubén Martínez Dalmau, o Novo 
Constitucionalismo Latino Americano propõe uma diversidade cultural e de 
identidade, sedimentando-se na ideia de Estado plurinacional e, assim, revendo os 
conceitos de legitimidade e participação popular, especialmente de parcela da 
população historicamente excluída dos processos de decisão, como a população 
11 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
indígena. Esse Constitucionalismo possui como representantes as Constituições do 
Equador e da Bolívia. 
 
William Marques e Germana Moraes afirmaram que o Novo Constitucionalismo 
Americano parte da construção de um novo paradigma ecocêntrico, baseado em uma 
noção de ecologia profunda em superação ao paradigma antropocentrista clássico. 
 
Esse posicionamento enquadra o Novo Constitucionalismo Latino Americano como 
um constitucionalismo contra hegemônico, por romper com a lógica antropocentrista 
tradicional, que assenhora a natureza, fazendo-a objeto da exploração liberal; e, 
principalmente, por ser inclusivo, agregando ao processo constituinte grupos 
humanos essenciais à formação latino-americana como quilombolas e indígenas, que 
sempre sofreram forte exclusão dentro do constitucionalismo liberal. 
 
De todo o visto, pode-se afirmar que o Novo Constitucionalismo latino tem como 
pilares inolvidáveis: a reestruturação dos Estado Latino-Americanos; a inclusão de 
grupos étnicos fundamentais ao processo histórico dos países dessa região e que 
foram historicamente excluídos pelo projeto constituinte liberal; e uma visão 
ecocêntrica da realidade, baseada em uma noção de ecologia profunda. 
 
O que é subconstituição 
ou constituições 
subconstitucionais? 
Subconstituição ou constituições subconstitucionais “é o excesso de temas 
constitucionalizados. (...) Podem ser definidas como um conjunto de normas que, 
mesmo elevadas formalmente ao patamar constitucional, não o são, pois que 
limitadas nos seus objetivos. 
 
Demonstram preocupações momentâneas, interesses esporádicos, próprios do 
tempo em que foram elaboradas. Em geral, as subconstituições não servem para o 
futuro, pois já nascem divorciadas do sentido de estabilidade e perpetuidade que 
deve encampar o ato de feitura dos documentos supremos que pretendem ser 
duradouros” (BULOS, 2014, p. 111). 
 
O expoente dessa concepção é Hild Kruger. Em resumo, para Hild Kruger, uma 
Constituição só deve ocupar-se daquilo que interesse para a sociedade como um todo, 
sem particularizações e detalhamentos inúteis (BULOS, 2014, p. 111). 
 
Classificação das Constituições 
Quanto à origem  Democrática: Igualmente denominada promulgada, popular ou votada, esta 
Constituição tem seu texto construído por intermédio da participação do povo, de 
modo direto ou indireto (por meio de representantes eleitos). 
 
 Outorgada: Considera-se outorgada (ou imposta, ditatorial, autocrática e carta 
constitucional) a Constituição que é construída e estabelecida sem qualquer 
resquício de participação popular, sendo imposta aos nacionais como resultado de 
um ato unilateral do governante. O povo não participa do seu processo de 
formação, sequer indiretamente. 
 
 Cesarista: Similarmente à outorgada, a Constituição intitulada cesarista tem seu 
texto elaborado sem a participação do povo. No entanto, e diferentemente 
daquela, para entrar em vigor dependerá de aprovação popular que a ratifique 
depois de pronta. Não nos parece um texto democrático porque a participação 
12 
Resumo Tabelado deDireito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
popular se dá apenas formalmente, através da concordância popular a um 
documento já pronto, sem possibilidade de inserção de conteúdo novo. 
 Dualista ou Convencionadas: Também intituladas pactuadas, as Constituições 
dualistas — absolutamente antiquadas em face do constitucionalismo 
contemporâneo —são formadas por textos constitucionais que nascem do instável 
compromisso entre forças opositoras, no caso entre o monarca e o Poder 
Legislativo (representação popular), de forma que o texto constitucional se 
constitua alicerçado simultaneamente em dois princípios antagônicos: o 
monárquico e o democrático. 
 
Quanto à estabilidade 
(mutabilidade ou 
processo de 
modificação) 
 Imutável: Reconhecida também pelos termos "granítica", "intocável" e 
"permanente", é uma Constituição dotada de uma fantasiosa pretensão à 
eternidade. Não permite qualquer mudança de seu texto, pois não prevê 
procedimento de reforma, ebaseia-se na crença de que não há órgão constituído 
com legitimidade suficiente para efetivar alterações num texto criado por uma 
"entidade suprema e superior". 
 
 Transitoriamente Imutável: Visando preservar a redação original de seu texto nos 
primeiros anos de vigência, determinadas Constituições impedem a reforma de 
seus dispositivos por certo período. Foi o que fez a Constituição Imperial de 1824, 
que estabeleceu, no art. 174 que seu texto somente poderia ser modificado após 
4 anos de sua vigência. 
 
 Fixa: Igualmente intitulada silenciosa — já que não há em seu texto o 
procedimento de modificação de seus dispositivos —, reconhece a possibilidade 
de seu texto sofrer reforma, porém apenas pelo órgão que a criou (poder 
constituinte originário). Hoje são consideradas relíquias históricas. 
 
 Rígida: A alteração desta Constituição é possível, mas exige um processo legislativo 
mais complexo e solene do que aquele previsto para a elaboração das demais 
espécies normativas, infraconstitucionais. Tais regras diferenciadas e rigorosas são 
estabelecidas pela própria Constituição, e tornam a alteração do texto 
constitucional mais complicada do que a feitura das leis comuns. 
 
 Flexível: Contrapõe-se à rígida, uma vez que pode ser modificada por intermédio 
de um procedimento legislativo comum, ordinário. 
 
 Transitoriamente Flexível: Possuidora de flexibilidade temporária, autoriza 
durante certo período a alteração de seu texto através de um procedimento mais 
simples, baseado no rito comum; vencido este primeiro estágio, passa a somente 
permitir a modificação de suas normas por intermédio de um mecanismo 
diferenciado, quando, então, passa a ser considerada rígida. Tal Constituição não 
é ao mesmo tempo flexível e rígida (é primeiro flexível, e depois passa a condição 
de documento rígido); por isso não pode ser intitulada "semirrígida" ou 
"semiflexível" (tipologia que será apresentada no item seguinte) 
 
 Semirrígida: Estamos diante de uma Constituição semirrígida quando o mesmo 
documento constitucional pode ser modificado segundo ritos distintos, a 
depender de que tipo de norma esteja para ser alterada. Neste tipo de 
Constituição, alguns artigos do texto (os que abrigam os preceitos mais 
importantes) compõe a parte rígida, de forma que só possam ser reformados por 
13 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
meio de um procedimento diferenciado e rigoroso, enquanto os demais (que 
compõe a parte flexível) se alteram seguindo processo menos complexo, menos 
dificultoso. 
 
Quanto à forma  Escrita: É a Constituição na qual todos os dispositivos são escritos e estão inseridos 
de modo sistemático em um único documento, de forma codificada —por isso diz-
se que sua fonte normativa é única. 
 
 Não escrita: É aquela Constituição na qual as normas e princípios encontram-se 
em fontes normativas diversas, todas de natureza constitucional e de mesmo 
patamar hierárquico, sem qualquer precedência de uma sobre as demais. Nas 
Constituições não escritas, as normas constitucionais estão esparsas e podem ser 
encontradas tanto nos costumes e na jurisprudência dos Tribunais, como nos 
acordos, convenções e também nas leis. Vê-se, pois, que a Constituição não escrita 
não possui somente normas não escritas; ao contrário, é formada pela junção 
destas com os textos escritos. 
 
Quanto ao modo de 
elaboração 
 Dogmática: Também denominada ortodoxa, traduz-se num documento 
necessariamente escrito, elaborado em uma ocasião certa, historicamente 
determinada, por um órgão competente para tanto. 
 
 Histórica: Sempre não escrita, é uma Constituição que se constrói aos poucos, em 
um lento processo de filtragem e absorção de ideais por vezes contraditórios; não 
se forma de uma só vez como as dogmáticas. Em verdade, é o produto da gradativa 
evolução jurídica e histórica de uma sociedade. 
 
Quanto à extensão  Analítica: Sua confecção se dá de maneira detalhada, já que regulamenta todos os 
assuntos considerados relevantes para a organização e funcionamento do Estado. 
Todavia, referida Constituição não se preocupa em cuidar apenas de matérias 
constitucionais, ao contrário, descreve os pormenores da vida no Estado, através 
de normas de conteúdo dispensável à estruturação estatal. 
 
 Concisa: Sintética (concisa ou reduzida) é a Constituição elaborada de forma 
breve, com preocupação única de enunciar os princípios básicos para a 
estruturação estatal, mantendo-se restrita aos elementos substancialmente 
constitucionais. 
 
Quanto ao conteúdo  Material: Definida a partir de critérios que envolvem o conteúdo das normas, em 
uma Constituição deste tipo considera-se constitucional toda norma que tratar de 
matéria constitucional, independentemente de estar tal diploma inserido ou não 
no texto da Constituição. 
 
 Formal: Nesta acepção, constitucional são todas as normas inseridas no texto da 
Constituição, independentemente de versarem ou não sobre temas tidos por 
constitucionais, isto é, assuntos imprescindíveis à organização política do Estado. 
Em outros termos, são constitucionais os preceitos que compõem o documento 
constitucional, ainda que o conteúdo de alguns destes preceitos não possa ser 
considerado materialmente constitucional. 
 
As explicações postas acima permitem as seguintes conclusões: 
14 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
(1) o sentido formal de uma Constituição só é possível se ela for escrita, ou seja, se 
possuir todas assuas normas agregadas em um único documento. É justamente este 
texto codificado e sistematizado que reunirá a totalidade das normas e princípios 
constitucionais; 
(2)na acepção formal, como só podem ser consideradas constitucionais as normas 
integradas ao texto da Constituição, todas as demais normas, independentemente do 
conteúdo, serão consideradas infraconstitucionais; 
(3) todas as normas infraconstitucionais, independentemente da matéria que 
regulem, são inferiores à Constituição, por isso lhe devem respeito e obediência; 
(4) qualquer norma infraconstitucional que contrarie a Constituição será considerada 
inconstitucional; 
(5)por último, não há hierarquia normativa entre as normas constitucionais; todas 
possuem o mesmo status, a mesma dignidade normativa, independentemente de 
qual seja seu conteúdo. 
Quanto à finalidade  Garantia: Esta Constituição também pode ser denominada "Constituição-quadro". 
É aquela que restringe o poder estatal, criando esferas de não ingerência do poder 
público na vida dos indivíduos. Por possuir um corpo normativo repleto de direitos 
individuais oponíveis ao Estado, diz-se que traz para os sujeitos liberdades-
negativas ou liberdades-impedimentos. 
 
 Balanço: Igualmente intitulada "Constituição-registro", é própria dos regimes 
socialistas. Esta tipologia constitucional, cujo "olhar" se volta para o presente, 
procura explicitar o desenvolvimento atual dasociedade e ser um espelho fiel 
capaz de traduzir os patamares em que se encontram a economia e as instituições 
políticas. 
 
 Dirigente: Consagra um documento engendrado a partir de expectativas lançadas 
ao futuro, arquitetando um plano de fins e objetivos que serão perseguidos pelos 
poderes públicos e pela sociedade. É marcada, pois, pela presença de programas 
e projetos voltados à concretização de certos ideais políticos. Comum em seu texto 
é a presença de normas de eficácia programática, destinadas aos órgãos estatais 
com a inequívoca finalidade de fixar os programas que irão guiar os poderes 
públicos na consecução dos planejamentos traçados. 
 
Quanto à interpretação  Nominalista: Possui normas tão precisas e inteligíveis que para ser compreendida 
só depende do método interpretativo gramatical ou literal. Todas as possíveis 
ocorrências constitucionais da vida fática já encontram, previamente, resposta no 
texto constitucional: basta aplicar na literalidade a norma jurídica cabível na 
hipótese que solucionada estará a controvérsia. 
 
 Semântica: Em sentido inverso à nominalista, Constituição semântica é aquela 
cujo texto exige a aplicação de uma diversidade de métodos interpretativos para 
ser realmente entendido. Nesta tipologia, onde se enquadram os documentos 
constitucionais atuais, a interpretação literal não é suficiente à compreensão e 
deve ser aliada a diversos outros processos hermenêuticos no intuito de viabilizar 
uma ampla assimilação do documento constitucional. 
 
Quanto à 
correspondência com a 
realidade = critério 
ontológico 
 Desenvolvido em meados do século XX pelo alemão Karl Loewenstein, este critério 
pretende avaliar o grau de comunicabilidade entre o texto constitucional e a 
realidade a ser normatizada, partindo de uma teoria ontológica das Constituições. 
15 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Vê-se que esta classificação se define a partir de um parâmetro extrínseco à 
Constituição. 
 
 Normativa: Nesta Constituição há perfeita sintonia entre o texto constitucional e 
a conjuntura política e social do Estado, de forma que a limitação ao poder dos 
governantes e a previsão de direitos à população sejam estritamente observadas 
e cumpridas. 
 
 Nominativa: Esta já não é capaz de reproduzir com exata congruência a realidade 
política e social do Estado, mas anseia chegar a este estágio. Seus dispositivos 
não são, ainda, dotados de força normativa capaz de reger os processos de poder 
na plenitude, mas almeja-se um dia alcançar a perfeita sintonia entre o texto 
(Constituição) e o contexto (realidade). Nossa Constituição de 1988 nasceu com o 
ideal de ser normativa mas, obviamente, não conquistou essa finalidade, pois 
ainda hoje existem casos de absoluta ausência de concordância entre o texto 
constitucional e a realidade. 
 
 
 Semântica: É a Constituição que nunca pretendeu conquistar uma coerência 
apurada entre o texto e a realidade, mas apenas garantir a situação de dominação 
estável por parte do poder autoritário. Típica de estados ditatoriais, sua função 
única é legitimar o poder usurpado do povo, estabilizando a intervenção dos 
ilegítimos dominadores de fato do poder político. 
 
Quanto à ideologia ou 
quanto à dogmática 
 Eclética ou Heterogênea: Nesta tipologia constitucional o texto constitucional é 
produto de uma composição variada de acordos heterogêneos, que denota 
Pluralidade de ideologias (muitas vezes colidentes) e sinaliza a ocorrência de 
possíveis duelos entre os diversos grupos políticos, a serem pacificados pelos 
operadores jurídicos 
 
 Ortodoxa: Esta Constituição é construída tendo por base um pensamento único, 
que afasta o pluralismo na medida em que descarta qualquer possibilidade de 
convivência entre diferentes grupos políticos e distintas teorias. Só há espaço para 
uma exclusiva ideologia -não há espaço para conciliação de doutrinas opostas. 
 
Quanto à unidade 
documental 
(sistemática) 
 Esta classificação só tem algum sentido para as Constituições escritas, pais é o 
texto escrito que será unitextual (dando origem à Constituição orgânica) ou 
pluritextual (estabelecendo a Constituição inorgânica). 
 
 Orgânica: Constituição orgânica é aquela disposta em uma estrutura documental 
única, na qual todos os dispositivos estão articulados de modo coerente e lógico. 
Não há espaço para identificação de normas constitucionais fora da Constituição - 
esta última exaure os dispositivos constitucionais, não sendo possível a existência 
de normas com valor constitucional que estejam fora de seu texto. 
 
 
 Inorgânica: É formada por diversas estruturas documentais, ou seja, suas normas 
estão dispersas em variados documentos, pois diferentes textos irão compor o que 
denominaremos "Constituição". 
 
16 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Quanto ao sistema  Esta classificação divide os textos constitucionais em principiológicos e preceituais, 
a depender da preponderância de regras ou princípios, vale dizer, do grau de 
abstração das normas que predominam. 
 
 Principiológica: Nesta os princípios ganham relevo, são as normas que 
preponderam. E como princípios possuem grau de abstração significativo, para 
serem concretizados necessitarão de mediação legislativa ou judicial. 
 
 Preceitual: Constituído conferindo primazia às regras, o texto da Constituição 
preceitua) possui normas com alto grau de precisão e especificidade, o que 
permite uma imposição direta e coercitiva de seus dispositivos. Em virtude da 
predominância de normas com grau superior de determinabilidade, as 
Constituições preceituais tendem a ser excessivamente detalhistas. 
 
Quanto ao local da 
decretação 
 Heteroconstituição (ou Constituição heterônoma): A heteroconstituição é 
bastante incomum e causa justificável perplexidade, afinal o documento 
Constitucional vai ser feito fora do Estado onde suas normas produzirão efeitos. 
 
 Autoconstituição: Também intitulada autônoma, é a Constituição elaborada 
dentro do próprio Estado que irá estruturar normativamente e reger. 
 
Quanto ao papel da 
Constituição ou função 
desempenhada pela 
Constituição 
 A função que será desempenhada pela Constituição no ordenamento jurídico dá 
origem à Constituição-lei, à Constituição-moldura e à Constituição-fundamento 
(ou Constituição-total). 
 
 Constituição-Lei: Nesta acepção têm-se Constituições equiparadas às demais leis 
do ordenamento, desprovidas de status hierárquico diferenciado. Nesse sentido, 
como as normas constitucionais estão em idêntico patamar da legislação ordinária, 
não possuindo superioridade em relação a estas, não são capazes de moldar a 
atuação do legislador e funcionam, unicamente, como diretrizes não vinculantes. 
 
 Constituição-Moldura: Nesta concepção a Constituição é só a moldura de um 
quadro vazio, funcionando como limite à atuação do legislador ordinário, que 
não poderá atuar fora dos limites previamente estabelecidos. Dessa forma, a 
preocupação da jurisdição constitucional seria, tão somente, a de verificar se o 
legislador agiu dentro dos contornos da moldura constitucional, isto é, se o 
"desenho" legislativo está dentro do quadro ou se extrapolou as bordas 
previamente definidas. 
 
 Constituição-Fundamento: Esta Constituição diferencia as normas constitucionais 
das demais, na medida em que as situa num plano de superioridade valorativo que 
as torna cogentes para legisladores e indivíduos. A atuação do legislador, neste 
caso, torna-se significativamente abreviada, vez que seu papel está reduzido a 
interpretar as normas constitucionais e efetiva-las. 
 
Quanto ao conteúdo- 
ideológico 
 Proposta por André Ramos Tavares, esta classificação visa identificar o conteúdo 
ideológico que permeia a construção do texto constitucional. 
 
 Liberal: Constituições liberais visam delimitar duas coisas: 
• o exercício do poder estatal, assegurando liberdadesindividuais oponíveis ao 
Estado, e 
17 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
• as garantias que asseguram a realização dos direitos por parte dos indivíduos. 
São Constituições que veem o Estado circunscrito às funções de repressão e 
proteção, despossuído de políticas de desenvolvimento social e econômico. 
 
 Social: As Constituições sociais passam a consagrar em seus textos não só direitos 
relacionados à liberdade, mas também prerrogativas de cunho social, cultural e 
econômico. A atuação do Estado deixa de ser meramente negativa, como era nas 
Constituições liberais, para se tornar positiva, na medida em que fica claro que as 
políticas estatais são eficientes vetores para o alcance de uma igualdade material. 
 
Classificação da CF/88 * Origem: Promulgada 
* Forma: Escrita 
* Sistemática: Codificada 
* Modo de Elaboração: Dogmática 
* Conteúdo: Formal 
* Extensão: Analítica 
* Estabilidade: Rígida 
* Ideologia: Eclética 
* Origem de Decretação: Autoconstituição 
* Sistema: Principiológica 
* Finalidade: Dirigente 
* Correspondência com a Realidade: Normativa (prevalece) 
* Conteúdo Ideológico: Social 
 
Outras Classificações 
Suave Pensada pelo jurista italiano Gustavo Zagrebelsky, "Costituzione mite" (ou leve, soft, 
dúctil) é aquela que, numa sociedade extremamente diversificada e fragmentada por 
interesses plurais, não prevê um único modo de vida e o estabelece como parâmetro 
exclusivo a ser seguido por seus cidadãos. 
 
Plástica Enquanto Pinto Ferreira preceitua ser a Constituição plástica um sinônimo de 
Constituição flexível, os demais veem o termo "plástica" como caractere que confere 
ao texto constitucional certa maleabilidade, que o permite acompanharas oscilações 
típicas da realidade fática. Seria, portanto, uma Constituição que permitiria 
constantes releituras, cujo texto seria permanentemente reinterpretado para melhor 
acompanhar as mutações da sociedade. 
 
Expansiva Com a pretensão de dar conta de textos constitucionais que, comparativamente aos 
anteriores que regiam a vida daquele mesmo Estado, têm seu conteúdo ampliado, 
essa classificação, apresentada por Raul Machado Horta, indica Constituições que 
conferem juridicidade a novas situações e estendem o tratamento jurídico de diversos 
outros temas já presentes nos documentos constitucionais anteriores. 
 
Em branco Nesta Constituição as alterações no texto são viáveis, no entanto, os aspectos 
procedimentais que orientarão as mudanças não estão previstos na Constituição. A 
reforma, se for feita, se subordinará ao regramento imposto pelo órgão revisor, que 
estipulará as regras formais e os obstáculos de conteúdo que deverão ser observados 
na reestruturação do documento. 
 
Aplicabilidade das Normas Constitucionais 
18 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Classificação de José 
Afonso da Silva 
As normas de eficácia plena são aquelas capazes de produzir todos os seus efeitos 
essenciais simplesmente com a entrada em vigor da Constituição, 
independentemente de qualquer regulamentação por lei. São, por isso, dotadas de 
aplicabilidade imediata, direta e integral. 
 
 Por seu turno, as normas de eficácia contida são aquelas que também estão aptas 
para a produção de seus plenos efeitos desde a promulgação da Constituição 
(aplicabilidade imediata), mas que podem vir a ser restringidas. O direito nelas 
previsto é imediatamente exercitável, com a simples promulgação da Constituição, 
mas pode ser, no futuro, restringido. 
 
As normas de eficácia limitada são aquelas que só produzem seus plenos efeitos 
depois da exigida regulamentação. Elas asseguram determinado direito, mas este não 
poderá ser exercido na plenitude enquanto não for regulamentado pelo legislador 
ordinário. 
 
Foram divididas pelo Professor José Afonso da Silva em dois grupos: as definidoras de 
princípios institutivos(organizativos ou orgânicos) e as definidoras de princípios 
programáticos. 
 
 As normas de eficácia limitada definidoras de princípios organizativos são aquelas 
pelas quais o legislador constituinte traça esquemas gerais de estruturação e 
atribuições de órgãos ou entidades, para que o legislador ordinário os estruture 
posteriormente, mediante lei. 
 
 As normas de eficácia limitada definidoras de princípios programáticos são 
aquelas pelas quais o constituinte, em vez de regular, direta e imediatamente, 
determinados interesses, limitou-se a lhes traçar as metas para serem cumpridos 
pelos seus órgãos (legislativos, executivos, jurisdicionais e administrativos), como 
programas das respectivas atividades, visando à realização dos fins sociais do 
Estado. Tais normas, embora não produzam plenos efeitos imediatos, elas 
possuem o que se chama eficácia negativa, que se desdobra em eficácia 
paralisante e eficácia impeditiva. 
 
Eficácia Paralisante Eficácia Impeditiva 
É a propriedade jurídica que as normas 
programáticas têm de revogar as 
disposições legais contrárias aos seus 
comandos, ou seja, as normas 
infraconstitucionais anteriores não 
serão recepcionadas se com ela 
incompatíveis. 
A norma programática tem o condão de 
impedir que sejam editadas normas 
contrárias ao seu 
espírito, é dizer: as normas 
programáticas servem de parâmetro 
para o controle de 
constitucionalidade. A norma 
programática serve, ainda, como 
diretriz interpretativa da Constituição, 
vez que o intérprete não pode 
desprezar seu comando quando da 
interpretação do texto constitucional. 
 
 
Classificação de Maria 
Helena Diniz 
Para a autora Maria Helena Diniz, as normas constitucionais, segundo sua eficácia, 
dividem-se em: 
19 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
(1) normas com eficácia absoluta (ou supereficazes) - São consideradas imutáveis, 
não podendo ser emendadas; como exemplo temos os princípios constitucionais 
sensíveis e as chamadas cláusulas pétreas; 
 
(2) normas com eficácia plena- Equivalem às normas de eficácia plena do Prof. José 
Afonso da Silva; 
 
(3) normas com eficácia relativa restringível - Equivalem às normas de eficácia 
contida do Prof. José Afonso da Silva; 
 
(4) normas com eficácia relativa complementável ou dependente de 
complementação legislativa - Equivalem às normas de eficácia limitada do Prof. José 
Afonso da Silva, sendo dividas em: (1) normas de princípio institutivo; e (2) normas 
programáticas. 
 
 
Elementos da Constituição (José Afonso da Silva) 
✓ Elementos orgânicos: são as normas reguladoras da organização do Estado e do Poder (ex: título “Da 
organização do Estado”); 
✓ Elementos limitativos: são normas que limitam a ação dos poderes estatais em nome do Estado de Direito. 
Correspondem ao elenco dos direitos e garantias fundamentais. 
✓ Elementos sócio-ideológicos: são normas que revelam o compromisso entre o Estado individualista e o Estado 
social. Ex: direitos sociais e normas da ordem econômica e financeira. 
✓ Elementos de estabilização: são normas que visam solucionar conflitos constitucionais, defendendo o Estado 
e suas instituições democráticas. Ex: normas de jurisdição constitucional (ADI e ADC), intervenção federal, 
emendas constitucionais. 
✓ Elementos formais de aplicabilidade: são dispositivos que estabelecem regras de aplicação da Constituição. 
Ex: preâmbulo, ADCT, art. 5º, §1º CRFB. 
 
 
Métodos de Interpretação 
Método Jurídico 
ou Hermenêutico 
Clássico 
(Ernest Fosthoff) 
Conforme afirma Bernardo Gonçalves o método jurídico “parte da afirmação de que a 
Constituição, apesar de suas particularidades, é uma lei, e como tal deve ser interpretada”. 
Desse modo, a Constituição é uma lei e, portanto, deve-se interpretá-la a partir dos métodos 
tradicionais de hermenêutica: 
✓ Elemento Genético: busca investigar as origens dos conceitos utilizados pelo legislador. 
✓ Elemento Gramatical ou Filológico: a análise deve ser realizada a partir das regras dagramática e da interpretação textual. 
✓ Elemento Lógico: procura harmonia lógica das normas constitucionais. 
✓ Elemento sistemático: busca a análise do todo. 
✓ Elemento histórico: analisa o projeto de lei, as discussões que deram origem à elaboração 
da redação do texto legal. 
✓ Elemento Teleológico ou Sociológico: busca a finalidade da norma. 
✓ Elemento Popular: partindo dos “corpos intermediários”, tais como: partidos políticos, 
sindicatos, povo, etc. 
✓ Elemento Doutrinário: parte da interpretação feita pela doutrina. 
✓ Elemento Evolutivo: segue a linha de mutação constitucional. 
 
20 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Método Tópico – 
Problemático ou 
Método da 
Tópica 
(Theodor 
Viehweg) 
Decorre de um problema concreto para a norma, atribuindo-se à interpretação um caráter 
prático na busca de solução de problemas. 
 
Nas palavras de Bernardo Gonçalves o método tópico-problemático “[...] assume as 
premissas de que a interpretação constitucional é dotada de caráter prático (voltada a 
resolução de um problema concreto, pela aplicação da norma ao caso concreto) e um de 
caráter aberto ou indeterminado da lei constitucional (permitindo-se, assim, múltiplas 
interpretações)”. 
 
Por seu turno, segundo Novelino: “O método tópico-problemático tem como ponto de 
partida a compreensão prévia do problema e da constituição e de apoio o consenso ou o 
senso comum, os quais são revelados, e.g., pela doutrina dominante ou pela jurisprudência 
pacífica”. 
 
 Problema-norma (estudo da norma através de um problema) 
 
Método 
Hermenêutico-
Concretizador 
(konrad Hesse) 
 
Pré-compreensões 
Conforme ensina Bernardo Gonçalves “tem por ponto de partida o fato de que a leitura de 
qualquer texto, o que inclui o texto constitucional, se inicia de pré-compreensões já 
presentes no intérprete, a quem cabe a tarefa de concretizar a norma, sempre para e a partir 
de uma situação histórica concreta. Nesses termos, a interpretação constitucional nada mais 
é do que um processo de concretização”. 
 
Parte-se do pressuposto de que, por não haver interpretação constitucional dissociada de 
problemas concretos, interpretação e aplicação consistem em um processo único. Ou seja, 
parte-se da Constituição para o problema, a partir dos seguintes pressupostos 
interpretativos: 
(1) Pressupostos Subjetivos: o intérprete vale de suas pré-comprensões para obter o 
sentido da norma. 
(2) Pressupostos Objetivos: o intérprete atua como mediador entre a norma e a situação 
concreta, tendo como pano de fundo a realidade social. 
(3) Círculo Hermenêutico: o motivo do subjetivo para o objetivo, até o interprete alcançar 
o sentido da norma. 
 Norma-Problema: parte-se de pré-comprensões para se chegar ao sentido da norma / 
Interpretação concretizadora / Constituição tem força para compreender e alterar a 
realidade. 
 
Método 
Científico- 
Espiritual 
Ou Método 
Valorativo 
Sociológico 
(Rudolf Smend) 
 
valores subjacentes 
A interpretação da norma constitucional não se fixa na literalidade puramente da norma, mas 
na realidade social e dos valores subjacentes do texto constitucional. Interpreta-se a 
Constituição como algo dinâmico e que se renova constantemente. 
 
Para Bernardo Gonçalves o método científico espiritual “atesta que a Constituição deve ter 
em conta as bases de valoração (ou ordens de valores) subjacentes ao texto constitucional, 
bem como o sentido e a realidade que ela possui como elemento do processo de integração 
– não apenas como norma-suporte, como queria Kelsen – mas, ainda, como perspectiva 
política e sociológica, de modo a absorver/superar conflitos, no sentido de preservar a 
unidade social” 
 Não se utiliza apenas valores consagrados na Constituição, mas também valores 
extraconstitucionais, como a realidade social e a cultura do povo. 
 
21 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Método 
Normativo- 
Estruturante 
(Frederic Muller) 
 
Texto e contexto 
Os doutrinadores que defendem a aplicação desse método reconhece a incompatibilidade 
entre a norma jurídica e o texto normativo. Nesse sentido, Bernardo Gonçalves “trabalha 
com a concepção de que a norma jurídica não se identifica com o seu texto (expresso), pois 
ela é o resultado do processo de concretização”. 
 
Isso porque o teor literal da norma (elemento literal da doutrina clássica), que será 
considerado pelo intérprete, deve ser analisado à luz da concretização da norma em sua 
realidade social. Assim a norma terá de ser concretizada não pela atividade do legislador, 
mas também pela atividade do Judiciário, da administração, do governo, etc. 
 
Este método considera que a norma jurídica é diferente do texto normativo: aquela 
é mais ampla que este, pois resulta não só da atividade legislativa, mas igualmente da 
jurisdicional e da administrativa. Assim, para se interpretar a norma, deve-se utilizar tanto 
seu texto quanto a verificação de como se dá sua aplicação à realidade social (contexto) 
 
 Parte-se do direito positivo para se chegar à norma. 
 A norma seria o resultado da interpretação do texto aliado ao contexto. 
 Texto da norma x Norma jurídica. A norma jurídica deve ser interpretada de 
acordo com o contexto 
 Colhe elementos da realidade social para se chegar à norma. 
 
Método da 
Comparação 
Constitucional 
(Peter Haberle) 
Decorre da comparação de vários ordenamentos. Ressalta-se a comunicação entre várias 
constituições. Para Bernardo Gonçalves “ele consistiria na comparação de ordenamentos 
constitucionais – pela busca por pontos comuns ou divergentes entre dois ou mais 
ordenamentos jurídicos ou textos constitucionais – levando ainda, em consideração seus 
respectivos contextos” 
 Comparação entre as constituições. 
 
Concretista da 
Constituição 
Aberta 
(Peter Haberle) 
Interpretação por todo o povo, não apenas pelos juristas. 
 
 
Princípios Instrumentais de Interpretação da Constituição e das Leis 
Princípio da 
Supremacia da 
Constituição 
Referida premissa interpretativa estabelece que, em virtude de a Constituição ocupar o 
ápice da estrutura normativa em nosso ordenamento, todas as demais normas e atos do 
Poder Público somente serão considerados válidos quando em conformidade com ela. 
 
Princípio da 
Interpretação 
conforme à 
constituição 
Não se presta à interpretação das normas constitucionais propriamente, e sim da legislação 
infraconstitucional. Este princípio encontra sua morada diante das chamadas normas 
polissêmicas ou plurissignificativas, isto é, aquelas que podem ser interpretadas de 
maneiras diversas. Há, no entanto, regras a serem observadas ante a utilização da 
interpretação conforme à Constituição: 
 
(1) se o texto do dispositivo é unívoco, isto é, não tolera interpretações múltiplas, não há 
que se falar em interpretação conforme; 
 
(2) não são aceitáveis violações à literalidade do texto, afinal o intérprete encontra seu 
limite de atuação no perímetro que envolve as possibilidades hermenêuticas do texto, não 
22 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
podendo, jamais, atuar como legislador positivo, criando norma nova a partir da tarefa 
interpretativa. 
 
Princípio da 
Presunção de 
Constitucionalidade 
das leis 
Como os poderes públicos extraem suas competências da Constituição, por consequência 
presume se que eles agem estritamente em consonância com esta. Isso confere às normas 
produzidas pelo Poder Legislativo (e também pelos demais Poderes, no exercício da função 
atípica de natureza legislativa) a presunção de serem constitucionais. Ressalte-se que essa 
presunção é apenas relativa, isto é, admite prova em contrário, o que autoriza que as 
normas (infraconstitucionais ou constitucionais derivadas) submetam-se ao controle de 
constitucionalidade. 
Princípio da 
Unidade da 
Constituição 
 
Evitar contradições e 
não há hierarquia entreas normas da CF. 
Dotado de acentuada importância, o princípio da unidade da Constituição visa conferir um 
caráter ordenado e sistematizado para as disposições constitucionais, permitindo que o 
texto da Carta Maior seja compreendido como um todo unitário e harmônico, desprovido 
de antinomias reais. 
 
Em decorrência desse princípio interpretativo, pode-se afirmar que não há hierarquia 
normativa, tampouco subordinação entre as normas constitucionais; eventuais conflitos 
entre as normas originárias serão, pois, sanados por meio da tarefa hermenêutica. É nesse 
sentido que no direito pátrio é inviável a declaração de inconstitucionalidade de uma 
norma constitucional em face de outra. 
 
Esse princípio determina que o texto da Constituição deve ser interpretado de forma a 
evitar contradições entre suas normas ou entre os princípios constitucionais em abstrato. 
Assim, não há antinomias reais no texto da Constituição; as antinomias são apenas 
aparentes. Segundo esse princípio, na interpretação deve-se considerar a Constituição 
como um todo, e não se interpretarem as normas de maneira isolada. Não há hierarquia 
entre as normas da CF. 
 
Princípio da Força 
Normativa 
(Konrad Hesse) 
 
Buscar eficácia 
Idealizado por Konrad Hesse, preceitua ser função do intérprete sempre "valorizar as 
soluções que possibilitem a atualização normativa, a eficácia e a permanência da 
Constituição". Destarte, deve o intérprete priorizar a interpretação que dê concretude à 
normatividade constitucional, jamais negando-lhes eficácia 
 
Esse princípio determina que toda norma jurídica precisa de um mínimo de eficácia, sob 
pena de não ser aplicada. Estabelece, portanto, que, na interpretação constitucional, deve-
se dar preferência às soluções que possibilitem a atualização de suas normas, garantindo 
lhes eficácia e permanência. São reflexos: 
* Efeito Transcendente 
* Objetivação do Controle Difuso 
* Relativização da Coisa Julgada 
 
Princípio do Efeito 
Integrador ou 
Eficácia Integradora 
 
integração política e 
social 
Esse princípio busca que, na interpretação da Constituição, seja dada preferência às 
determinações que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade 
política. É, muitas vezes, associado ao princípio da unidade da constituição, justamente 
por ter como objetivo reforçar a unidade política. 
 
Princípio da 
Concordância 
Prática ou 
Harmonização 
 
Esse princípio impõe a harmonização dos bens jurídicos em caso de conflito entre eles em 
concreto, de modo a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros. É geralmente 
usado na solução de problemas referentes à colisão de direitos fundamentais. Assim, 
apesar de a Constituição, por exemplo, garantir a livre manifestação do pensamento (art. 
23 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Evitar sacrifício 5º, IV, CF/88), este direito não é absoluto. Ele encontra limites na proteção à vida privada 
(art. 5º, X, CF/88), outro direito protegido constitucionalmente. 
 
- Harmonização dos bens jurídicos em conflito; Evitar sacrifício 
 
Princípio da 
Máxima 
Efetividade ou da 
Eficiência 
(interpretação 
efetiva) 
 
Efetividade social 
Esse princípio estabelece que o intérprete deve atribuir à norma constitucional o sentido 
que lhe dê maior efetividade social. Visa, portanto, a maximizar a norma, a fim de extrair 
dela todas as suas potencialidades. Sua utilização se dá principalmente na aplicação dos 
direitos fundamentais, embora possa ser usado na interpretação de todas as normas 
constitucionais. 
 
O princípio da máxima efetividade apresenta-se, pois, como um apelo, para que seja 
realizada a interpretação dos direitos e garantias fundamentais de modo a alcançar a maior 
efetividade possível, de maneire a otimizar a norma e dela extrair todo o seu potencial 
protetivo. 
 
Princípio da 
Conformidade 
funcional, da 
Correção Funcional, 
Exatidão Funcional 
ou Justeza 
esquema organizatório 
funcional 
Objetiva impedir que os órgãos encarregados de realizar a interpretação constitucional 
cheguem a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório funcional 
estabelecido pela Constituição, sob pena de usurpação de competência. 
 
Esse princípio determina que o órgão encarregado de interpretar a Constituição não pode 
chegar a uma conclusão que subverta o esquema organizatório-funcional estabelecido pelo 
constituinte. Assim, este órgão não poderia alterar, pela interpretação, as competências 
estabelecidas pela Constituição para a União, por exemplo. 
 
Princípio da 
Convivência das 
Liberdades Públicas 
ou da Relatividade 
Parte da presunção que não existem princípios absolutos, pois todos encontram limites em 
outros princípios também consagrados na constituição. Para que as liberdades possam 
conviver, elas não podem ser absolutas, devem encontrar óbices. BIZU: Não existem 
princípios absolutos. 
 
Elementos da Constituição 
A doutrina estruturou cinco grupos que traduzem as principais categorias de normas que temos na Constituição 
de 1988. Isso facilita, sobremaneira, a visualização da Constituição enquanto um conjunto harmônico. Parece-nos 
que a mais completa é aquela apresentada pelo Professor José Afonso da Silva, a seguir apresentada: 
(1) elementos orgânicos: contemplam as normas que regulam a estrutura do Estado e dos Poderes; 
(2) elementos limitativos: estão presentes nas normas institutivas do rol de direitos e garantias fundamentais; 
(3) elementos socioideológicos: são as normas que explicitam o compromisso social das Constituições modernas 
com a proteção dos indivíduos e busca pela efetivação de um bem-estar social; 
(4) elementos de estabilização constitucional: conjunto representado pela reunião das normas que objetivam 
assegurar as solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições 
democráticas; 
(5)elementos formais de aplicabilidade: normas que instituem regras de aplicação das normas constitucionais. 
 
Estrutura da Constituição 
PREÂMBULO 
Caráter normativo dos preâmbulos constitucionais 
Tese da irrelevância jurídica Tese da relevância jurídica 
equivalente 
Tese da relevância jurídica específica 
O preâmbulo não é norma, nem 
faz parte do domínio do direito 
A formulação do preâmbulo pode 
implicar preceitos cuja eficácia 
jurídica assemelha-se à de 
O preâmbulo possui apenas algumas 
características próprias da Constituição 
(pode ser usado como elemento de 
24 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
qualquer outra norma da 
Constituição 
interpretação e integração), mas não 
deve ser confundido com o texto 
constitucional em si (não prevalece 
contra disposições constitucionais 
expressas) 
Não pode servir como 
paradigma de confronto no 
controle de constitucionalidade 
Capaz de servir como paradigma 
de confronto no controle de 
constitucionalidade 
Incapaz de servir como paradigma de 
confronto no controle de 
constitucionalidade 
Posição do STF Posição adotada no direito 
constitucional francês 
Posição adotada pela doutrina nacional 
majoritária 
 
ATENÇÃO: Como entendemos que o preâmbulo não tem força normativa, não faz nenhum sentido emendar o 
preâmbulo. Ou seja, o preâmbulo não pode ser objeto de emenda!!! 
PARTE DOGMÁTICA (ARTS. 1º AO 250) 
Possuem força normativa e podem ser a fonte única de inconstitucionalidade de normas inferiores. 
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS 
São normas (têm força normativa) de natureza temporária. Tem como objetivo regular a transição de uma 
realidade existente na data da promulgação da Const. e uma realidade projetada para o futuro. Depois de 
cumprido o seu objetivo, terão sua eficácia exaurida. Podem servir de parâmetro para o controle de 
constitucionalidade. 
ATENÇÃO: Disposições transitórias PODEM ser modificadas por emenda!! 
 
Breve Histórico das Constituições Brasileiras 
Constituição de 
1824 
 Em 25 de março de 1824, então,foi outorgada a Constituição do Império, fruto dos trabalhos do 
Conselho de Estado, criado justamente para a elaboração do documento constitucional depois 
que D. Pedro I determinou a dissolução da assembleia constituinte que (antes mesmo de 
proclamada a independência do país) havia sido por ele convocada. O traço liberal da Carta de 
1824 restou evidenciado por duas questões centrais: (i) na previsão de u rol que enumerava 
direitos individuais (também conhecidos como direitos de primeira dimensão, são direitos que 
prestigiavam o valor liberdade e externavam o desejo de criação de esferas de não ingerência 
estatal em algumas das mais importantes e sensíveis escolhas do indivíduo); (ii) na organização do 
Estado fundada na separação dos Poderes. 
 Aliás, sobre este ponto, vale destacar que tal carta constitucional não adotou o modelo 
de separação de Poderes proposto por Montesquieu pois, além dos Poderes Executivo, Legislativo 
e Judiciário, estabeleceu um quarto Poder: o Moderador. Essa estrutura institucional quadripartite 
estava associada à ideia desenvolvida por Benjamin Constant de que a existência de um outro 
poder, exercido pelo monarca, manteria o necessário equilíbrio entre os demais (executivo, 
legislativo e judiciário).Evidentemente, essa peculiaridade da nossa Carta imperial revelava um 
indiscutível conflito entre seus dispositivos e a noção de soberania popular, característica tão 
valorizada pelo movimento Liberal que impulsionou a formação dos Estados constitucionais. 
 A Constituição Imperial, além deter sido a única monárquica (quanto à forma de governo, éramos 
uma monarquia hereditária constitucional), foi também a única da nossa história constitucional 
considerada do tipo semirrígida. 
 Outro traço que individualiza a Constituição de 1824 foi a adoção da forma de Estado unitária. 
 Por último, cumpre destacar que, até o presente momento, a Constituição de 1824 
 e presenta nosso documento constitucional que por mais tempo permaneceu em vigor 
Constituição de 
1891 
Dentre os pontos mais significativos trazidos pela Constituição 1891, merecem destaque: 
—A adoção da forma de governo republicana. 
—Forma federativa de Estado: o país tornou-se uma federação, denominada Estados Unidos do Brasil, 
passando as antigas províncias à condição de Estados-membros, dotados de autonomia. 
25 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
—Tripartição de poderes: adotou-se o modelo de separação de Poderes proposto por 
Montesquieu (Executivo, Legislativo e Judiciário), tornado extinto o Poder Moderador. 
—Ampliação dos direitos individuais, com a expressa consagração de uma importante 
garantia, qual seja, o habeas corpus. 
Por fim, insta recordar que em 1926, nossa primeira Constituição republicana foi alvo de 
uma significativa reforma, marcadamente autoritária, que acabou precipitando a finalização da sua 
vigência, especialmente após as revoluções de 1930 e 32. 
Constituição de 
1934 
 Promulgada pelo então Presidente Getúlio Vargas, a Constituição democrática de 1934 instituiu 
um constitucionalismo social, notadamente inspirado pela Constituição de Weimar, de 1919, 
sendo o primeiro documento constitucional do Brasil a disciplinar os direitos sociais (direitos de 
segunda geração), inscrevendo-os num título referente à ordem econômica e social. Este nosso 
documento constitucional representa, pois, um importante marco jurídico na transição de uma 
democracia liberal marcadamente individualista para uma democracia de cunho nitidamente 
social, diligente na proteção das necessidades mais básicas dos indivíduos. 
 Quanto às novações introduzidas no constitucionalismo pátrio por essa carta constitucional, como 
principais podem ser citadas as seguintes: 
- Definição de normas de proteção social para o trabalhador. 
- Definição de direitos políticos, com admissão do voto feminino (permitido apenas às mulheres 
em exercício remunerado de funções públicas) e do voto secreto 
-Instituição da Justiça Eleitoral e da Justiça do Trabalho, esta última vinculada ao Poder Executivo. 
-Instituição do Ministério Público e do Tribunal de Contas. 
-Instituição da assistência judiciária aos necessitados assistência judiciária e criação de 
órgãos especiais assegurando, a isenção de emolumentos, custas, taxas e selos. 
-Consagração do mandado de segurança e da ação popular, além da manutenção do 
habeas corpus (que fora constitucionalizado em 1891) 
Constituição de 
1937 
 A Carta de 1937, também conhecida como "Polaca" -numa óbvia alusão ao documento 
constitucional polonês, de 1935, que também exacerbava desmedidamente os poderes e 
atribuições do Executivo-foi elaborada por Francisco Campos, Ministro da Justiça de Vargas, em 
parceria com Carlos Medeiros Silva. 
 0 traço característico mais marcante da Carta em estudo é o seu caráter autoritário e 
centralizador, traduzido pelo vasto rol de competências atribuídas ao Presidente da República. 
 Muito embora a separação de Poderes tenha sido consagrada em seu texto, na prática o Executivo 
funcionava como um `superpoder', que poderia legislar através de decretos-lei (art. 13, da Carta 
de 1937) ou discordar da decisão do Poder Judiciário declaratória de inconstitucionalidade de uma 
lei ou ato normativo, submetendo-a ao Parlamento que poderia, por manifestação de 2/3 de cada 
Casa, destituir os efeitos da manifestação judicial. (art. 96, parágrafo único, da Carta de 1937). 
Constituição de 
1946 
 Elaborada por uma Assembleia Constituinte, reunida em4 de fevereiro de1946 e composta por 
representantes eleitos pelo povo, foi promulgada em18 de setembro de 1946 a nova Carta 
Constitucional, responsável pela renovação democrática do país, reestabelecendo as eleições 
diretas para os membros do Executivo e do Legislativo e restituindo o equilíbrio entre os três 
Poderes. 
 O Poder Executivo, indiscutível protagonista na vigência da Carta anterior, passa a ter 
seus poderes limitados, prevendo-se, inclusive, a possibilidade de responsabilização do Presidente 
da República pelos seus atos. 
 O Poder Legislativo retoma à condição estrutural bicameral (no âmbito federal), voltando o 
Senado a ser uma das Casas do Congresso e tendo recebido, inclusive, a significativa competência 
para julgar o Presidente da República e outras autoridades pela prática de crimes de 
responsabilidade (art. 62, I). 
 O Poder Judiciário voltou a ter as garantias de vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de 
vencimentos (art. 95,I a III) e o controle concentrado de constitucionalidade das leis e atos 
normativos tornou a ser competência exclusiva dos Tribunais (art. 200). 
 No campo dos direitos fundamentais, um importante acréscimo foi a inserção do direito de greve 
e o retorno do rol de direitos individuais (agora com a previsão do princípio da inafastabilidade da 
jurisdição); também o mandado de segurança voltou a ser previsto como remédio constitucional. 
Constituição de 
1967 
 Inspirada na Carta autoritária de 1937, a Constituição de 1967 foi outorgada em 24 de 
janeiro de 1967, e voltou a conceder poderes excepcionais ao Presidente da República, tendo 
26 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
reduzido significativamente a autonomia dos Estados-membros-que parcialmente perderam a 
capacidade de autogoverno, já que seus governadores passaram a ser eleitos indiretamente, o 
que evidenciou um novo enfraquecimento da Federação e a consequente centralização política 
no âmbito da União. 
 A ordem constitucional outorgada também previa a possibilidade de suspensão dos direitos 
políticos, na hipótese de abuso de direitos individuais, como da liberdade de expressão, de reunião 
e de associação (art.151, parágrafo único),além de estender à Justiça Militar a competência para 
julgar civis pela prática de crimes contra a segurança interna ou contra as instituições militares 
(art. 173, caput). A primeira emendafeita à Constituição de 1967 acabou por alterá-la por 
completo. 
 Em razão disso, a maioria da doutrina fila-se à ideia de que a Emenda Constitucional nº 1 de 1969 
(de17.10.1969, com entrada em vigor em 30.10.1969)foi utilizada como mecanismo de outorga 
de um novo texto constitucional, o qual, embora reafirmasse parte dos dispositivos da Carta de 
1967, introduziu alterações significativas para o sistema constitucional. 
 Em linhas gerais: fortaleceu ainda mais a figura do Presidente da República; alargou as hipóteses 
autorizadoras da suspensão dos direitos políticos; além de estabelecer as penas de morte, de 
prisão perpétua, de banimento ou confisco, nos casos de guerra "psicológica adversa, ou 
revolucionária ou subversiva, nos termos que a lei determinar" (art.153, § 11) 
 
Poder Constituinte 
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO 
(GENUÍNO OU DE 1º GRAU) 
PODER CONSTITUINTE DERIVADO 
(INSTITUÍDO, CONSTITUÍDO, SECUNDÁRIO, DE 2º 
GRAU OU REMANESCENTE) 
É aquele que instaura uma nova ordem jurídica, 
rompendo por completo com a ordem jurídica 
precedente. 
Deve obedecer às regras colocadas e impostas pelo 
originário, sendo, nesse sentido, limitado e 
condicionado aos parâmetros a ele impostos. 
CARACTERÍSTICAS: 
a) Inicial: instaura uma nova ordem jurídica, rompendo 
por completo com a ordem jurídica anterior. 
b) Autônomo: a estruturação da nova constituição será 
determinada, autonomamente, por quem exerce o 
poder constituinte originário. 
c) Ilimitado juridicamente: não tem de respeitar os 
limites postos pelo direito anterior. 
 
ATENÇÃO: Alguns doutrinadores entendem que o poder 
constituinte originário sofre limitações, pois é 
estruturado e obedece a padrões e modelos de conduta 
espirituais, culturais, éticos e sociais radicados na 
consciência jurídica geral da comunidade e, nesta 
medida, considerados como “vontade do povo”. 
Ademais, para tais autores há a necessidade de 
observância de princípios de justiça (suprapositivos e 
supralegais) e, também, dos princípios de direito 
internacional (princípio da independência, princípio da 
autodeterminação, princípio da observância de direitos 
humanos - neste último caso de vinculação jurídica, 
chegando a doutrina a propor uma juridicização e 
evolução do poder constituinte). 
 
PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR (OU 
COMPETÊNCIA REFORMADORA): 
 
Tem a capacidade de modificar a Constituição 
Federal, por meio de um procedimento específico, 
estabelecido pelo poder constituinte originário, sem 
que haja uma verdadeira revolução. 
O poder de reforma constitucional, assim, tem 
natureza jurídica, ao contrário do originário, que é um 
poder de fato, um poder político, ou, segundo alguns, 
uma força ou energia social. 
A manifestação do poder constituinte reformador 
verifica-se por meio das emendas constitucionais 
(arts. 59, I, e 60, CF). 
 
LIMITAÇÕES EXPRESSAS (OU EXPLÍCITAS) AO PODER 
CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR: 
 
a) Limitações formais subjetivas (art. 60, I, II, III, CF): 
estão relacionadas à iniciativa do processo de 
elaboração da emenda. 
 
b) Limitações formais objetivas (art. 60, § 2º e § 5º, 
CF): necessidade de quórum de aprovação de 3/5, em 
dois turnos de votação. Além disso, conforme art. 60, 
§ 5º, CF, a matéria constante de proposta de emenda 
27 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
d) Incondicionado e soberano na tomada de suas 
decisões: não tem de submeter-se a qualquer forma 
prefixada de manifestação. 
 
e) Poder de fato e poder político: energia ou força 
social, de natureza pré-jurídica, sendo que, por essas 
características, a nova ordem jurídica começa com a sua 
manifestação, e não antes dela. 
f) Permanente: não se esgota com a edição da nova 
Constituição, sobrevivendo a ela e fora dela como forma 
e expressão da liberdade humana, em verdadeira ideia 
de subsistência. 
 
ATENÇÃO: A manifestação do Poder Constituinte 
originário pode ser legítima (suporte no princípio 
democrático) e ilegal (rompe com o direito posto). 
rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser 
objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. 
 
c) Limitações circunstanciais (art. 60, § 1º, CF): 
Impedem a alteração da Constituição em situações 
excepcionais nas quais a livre manifestação do Poder 
Reformador possa estar ameaçada. Tais limitações são: 
vigência de intervenção federal (art. 34, CF), de estado 
de defesa (art. 136, CF) ou de estado de sítio (art. 137, 
CF). 
 
d) imitações materiais ou substanciais (art. 60, § 4º, 
CF): Impedem a modificação de determinados 
conteúdos da Constituição. Os limites inferiores estão 
relacionados à inserção de certas matérias no texto da 
Constituição. Tendo em vista a inexistência de uma 
reserva de matéria constitucional estabelecida pelo 
legislador constituinte, não há nenhum óbice a que um 
novo assunto ou conteúdo seja inserido no texto da CF. 
Os limites superiores são impostos pelo Poder 
Constituinte Originário na tentativa de preservar a 
identidade material da Constituição, impedindo a 
violação do núcleo essencial de determinados direitos, 
princípios e instituições. 
Tais limitações exteriorizam-se nas cláusulas pétreas, 
também denominadas cláusulas intangíveis ou de 
eternidade (Alemanha), cláusulas constitucionais 
entrincheiradas ou cravadas na pedra (Estados Unidos) 
ou, ainda, cláusulas superconstitucionais, na expressão 
utilizada por Oscar Vilhena Vieira, as quais possuem 
três finalidades básicas: preservar a identidade 
material da Constituição, proteger institutos e valores 
essenciais e assegurar a continuidade do processo 
democrático. 
 
e) Limitações temporais: São aquelas que impedem a 
alteração da Constituição durante um determinado 
período de tempo, a fim de que possam adquirir um 
certo grau de estabilidade. 
 
ATENÇÃO: Na CF/88 não há limitação temporal para a 
reforma, mas havia para a revisão, a qual era de 5 anos, 
conforme art. 3º, ADCT. 
LIMITES METAJURÍDICOS (OU SUPRAPOSITIVOS) DO 
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO – JORGE 
MIRANDA: 
 
- Limitações ideológicas: são aquelas que derivam de 
ideologias, de crenças arraigadas na opinião pública. 
- Limitações institucionais: são aquelas que derivam de 
instituições da sociedade que estão historicamente 
arraigadas naquele meio social. Ex: propriedade, família. 
PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE: 
 
Poder de direito, secundário, limitado e condicionado. 
Sua missão é estruturar a Constituição dos Estados 
Membros ou, em momento seguinte, havendo 
necessidade de adequação e reformulação, modificá-
la. 
 
28 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
- Limitações materiais (ou substanciais): 
a) Limites materiais transcendentes: são aqueles que 
transcendem o direito positivo. Ex: direito natural, 
valores éticos superiores, consciência jurídica coletiva, 
direitos humanos. 
A necessidade de observância e respeito por parte do 
Poder Constituinte aos direitos fundamentais 
conquistados por uma sociedade e sobre os quais haja 
um consenso profundo é conhecida como princípio da 
proibição de retrocesso (efeito cliquet). 
 
b) Limites materiais imanentes: dizem respeito à 
configuração histórica do Estado. Ex: Estado soberano, 
Estado monárquico ou republicano, Estado federal ou 
unitário. 
 
c) Limites materiais heterônomos: derivam do Direito 
Internacional. 
* Gerais: são os princípios do Direito Internacional 
ligados ao jus cogens. Ex: Declaração Universal dos 
Direitos Humanos. 
* Especiais: são obrigações internacionais assumidas por 
um Estado em face de outro Estado, de um grupo de 
Estados ou da comunidade internacional, por meios dos 
acordos, tratados e convênios internacionais. 
OBS: no âmbito do DF, verifica-se a manifestação do 
poder constituinte derivado decorrente, qual seja, a 
competência que o DF tem para elaborar a sua lei 
orgânica (verdadeira Constituição Distrital) ou 
modificá-la, sujeitando-se aos mesmos limites para os 
Estados-Membros,aplicando-se por analogia o art. 11, 
ADCT. Entretanto, nos Municípios a Lei Orgânica não é 
fruto do poder constituinte derivado decorrente. 
 
PODER CONSTITUINTE DERIVADO REVISOR: 
 
É um poder vinculado, condicionado e limitado às 
regras instituídas pelo PCO, sendo, assim, um poder 
jurídico. 
O art. 3º, ADCT determinou que a revisão 
constitucional seria realizada após 5 anos, contados da 
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria 
absoluta dos membros do Congresso Nacional, em 
sessão unicameral. 
Instituiu-se um particular procedimento simplificado 
de alteração do texto constitucional, excepcionando a 
regra geral das PEC’s, que exige aprovação por 3/5 dos 
votos dos membros de cada Casa e obedecendo, assim, 
às regras da bicameralidade (art. 60, § 2º, CF). 
No ordenamento jurídico pátrio, a competência 
revisional do art. 3º, ADCT proporcionou a elaboração 
de 6 Emendas Constitucionais de Revisão, não sendo 
mais possível nova manifestação do poder constituinte 
derivado revisor em razão da eficácia exaurida e 
aplicabilidade esgotada da aludida regra, conforme 
decidido pelo STF. 
Espécies de Interpretação conforme ou de adequação das leis à Constituição 
Decisões Interpretativas 
em sentido estrito 
DE RECHAÇO: diante de duas possíveis interpretações que determinado ato 
normativo 
possa ter, a corte constitucional adota aquela que se conforma à Constituição, 
repudiando qualquer outra que contrarie o texto constitucional. 
29 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
 
DE ACEITAÇÃO: a corte Constitucional anula a decisão tomada pelas instancias 
ordinárias que adotou interpretação ofensiva à Constituição. Não se anula o 
dispositivo mal interpretado, mas apenas uma das suas interpretações. O preceito 
continua válido, mas a norma extraída da sua interpretação inconstitucional é anulada 
em caráter definitivo e erga omnes. 
 
Decisões Manipuladoras 
ou Manipulativas ou 
Normativas 
São sentenças de aceitação em que a Corte constitucional não se limita a declarar a 
inconstitucionalidade das normas, mas, agindo como legislador positivo, modifica (= 
manipula) diretamente o ordenamento jurídico, adicionando lhe ou substituindo-lhe 
normas, a pretexto de adequá-lo à Constituição. Podem ser: 
 
ADITIVAS: a corte declara inconstitucional certo dispositivo legal não pelo que 
expressa, mas pelo que omite, alargando o texto da lei ou seu âmbito de incidência. É 
justificada muitas vezes pela não observância ao princípio da isonomia. Exemplo: 
ADPF 54 – antecipação terapêutica do parto, MI 670/ES – direito de greve dos 
servidores públicos. 
 
SUBSTITUTIVAS: a corte declara a inconstitucionalidade e anula a norma impugnada, 
e, ainda a substitui por outra. Exemplo: era a decisão do STF que, em medida liminar, 
considerou inconstitucional a fixação dos juros compensatórios em até 6% para a 
imissão provisória na posse nas desapropriações. O Supremo fixou que os juros 
deveriam ser de 12% (súmula 618 STF). Cabe lembrar que em 2018 a ADI foi julgada 
definitivamente e foi considerado constitucional o juros compensatórios FIXO DE 6%. 
 
Constitucionalismo 
Noções Básicas  A Constituição é um fenômeno cultural e histórico, construído no bojo de um movimento 
histórico, político, cultural, social e jurídico denominado constitucionalismo. 
 A palavra constitucionalismo é plurívoca (pode ter vários significados). 
 O primeiro e principal significado de constitucionalismo é o de um movimento histórico-
cultural de natureza jurídica, política, filosófica e social com vistas à limitação do poder e 
à garantia dos direitos que levou à adoção de constituições pela maioria dos Estados, 
especialmente no que concerne à constituição formal (escrita). Essa constituição em 
sentido moderno/formal (escrita) é fruto do constitucionalismo e representou um avanço 
muito grande para o Direito, pois proporcionou publicidade, clareza e segurança jurídica. 
 Um outro significado para a palavra constitucionalismo é o de história constitucional de 
um determinado Estado. 
 Canotilho: “teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável 
à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma 
comunidade. Neste sentido, o constitucionalismo moderno representará uma técnica 
específica de limitação do poder com fins garantísticos. O conceito de constitucionalismo 
transporta, assim, um claro juízo de valor. É, no fundo, uma teoria normativa política, tal 
como a teoria da democracia ou a teoria do liberalismo”. 
 
Fases ou Ciclos a) Constitucionalismo na Antiguidade clássica; 
b) Constitucionalismo Antigo (séc. XIII ao séc. XVIII); 
c) Constitucionalismo Moderno (a partir do final do séc. XVIII) – que se divide em: 
c.1) Constitucionalismo Liberal (ou clássico ou individual – predomina no final do séc. XVIII 
ao início do séc. XX); 
c.2) Constitucionalismo Social (desde o início do séc. XX); 
30 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
c.3) Constitucionalismo Contemporâneo ou Neoconstitucionalismo (desde meados do 
séc. XX – pós 2ª GM). 
 
Constitucionalimo 
na Antiguidade 
Clássica: HEBREU, 
GRECO E 
ROMANO 
Nessa fase, identifica-se, pelo menos, 3 grandes constitucionalismos (a palavra 
constitucionalismo aqui tem sentido de história constitucional de um Estado) da época: 
a) Constitucionalismo hebreu: o Estado hebreu era um Estado teocrático, construído com 
base na Lei de Deus. Essa Lei de Deus (“Torah”) era superior e limitava as leis dos governantes. 
Obs: Karl Loewenstein chegou a dizer que a Lei de Deus (“Torah”) teria sido a primeira 
constituição. 
b) Constitucionalismo grego: as leis imutáveis e eternas dos deuses eram superiores às leis 
dos governantes. Aqui, temos o instituto da “grafé paranomon”, que se assemelha em 
aspectos à nossa atual ADI. Aqui, também encontramos vários mecanismos de democracia 
direta (o povo deliberava publicamente). Na Grécia Antiga, as mulheres e os escravos não 
eram considerados cidadãos. 
c) Constitucionalismo romano: encontramos reminiscências histórias da separação de 
poderes, já que o poder era distribuído entre 2 cônsules, o Senado e o povo. Dois autores da 
época (Políbio e Cícero) identificaram uma espécie de Constituição Mista na Roma Antiga 
(essa Constituição Mista identifica várias esferas sociais e confere a cada uma dessas esferas 
uma parcela de poder). 
 
Constitucionalis
mo Antigo e 
Moderno 
A Constituição em sentido moderno ganha um grande impulso a partir do constitucionalismo 
antigo e irá se firmar com o constitucionalismo moderno. Marcos importantes: 
 Início do Constitucionalismo antigo: séc. XIII Magna Carta (1215); 
 Fim do Constitucionalismo antigo e início do Constitucionalismo moderno: séc. 
XVIIII Constituições Americana (1787) e Francesa (1791). 
No bojo do constitucionalismo antigo e do constitucionalismo moderno, a doutrina identifica 
alguns constitucionalismos (histórias constitucionais de determinados países) que 
contribuíram muito para formatar a ideia de constituição em sentido moderno, quais sejam: 
 
Constitucionalis
mo Inglês 
(Historicista) 
Aqui, surgem vários documentos escritos destinados à limitação do poder do rei, antes 
ilimitado (absolutismo). Os principais documentos históricos foram: 
(i) Magna Carta (1215): consta a famosa cláusula 61, que previa o direito de os barões do 
reino atacar o rei se o rei não cumprisse o que estava na Magna Carta. Diversos dispositivos 
da Magna Carta continuam em vigor na atual Constituição Inglesa; 
(ii) Petition of Rights (1628); 
(iii) Habeas Corpus Act (1679); e 
(iv) Bill of Rights inglês (1689): após a Rev. Gloriosa (1688) a Monarquia Absolutista é 
transformada em Monarquia Constitucional. O Parlamento inglês impõe como condição 
para que Guilherme de Orange a assinatura do Bill of Rights, documento limitador do 
poder do rei. Trata-se do primeiro documentode origem parlamentar. 
Após a Rev. Gloriosa, o poder na Inglaterra é dividido entre o rei e o Parlamento (ideia de 
Constituição Mista), sendo este composto por 2 casas: a Câmara dos Lordes e a Câmara dos 
Comuns. Trata-se de governo moderado. 
 
Constitucionalis
mo Norte-
Americano 
(Estadualista) 
Os principais documentos históricos foram: 
(i) Pacto do Mayflower; 
(ii) Declaração de Virgínia de 12/06/1776; 
(iii) Declaração de Independência dos EUA de 04/07/1776; 
(iv) Constituição de 1787 (1ª Constituição escrita em sentido moderno); 
(v) Bill of Rights norte-americano (10 primeiras emendas) de 1791. 
31 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
 A principal contribuição do constitucionalismo norte-americano para o 
constitucionalismo moderno foi a adoção da Constituição escrita a partir de uma decisão 
do povo. 
 A Constituição de 1787 tem como base uma democracia dualista lastreada em 2 tipos de 
decisões: as decisões raras do povo (momentos constitucionais que dão origem à 
Constituição) e as decisões cotidianas dos governantes (decisões do Executivo e do 
Legislativo). Em caso de conflito, prevalecem as decisões raras do povo, ou seja, 
prevalece a Constituição. Aqui, temos o nascimento do p. da supremacia da Constituição. 
 Os poderes dos governantes são limitados pela Constituição, já que qualquer lei que 
viole a Constituição é nula. Aqui, nasce o controle judicial e difuso de 
constitucionalidade. 
 A Constituição de 1787 equilibra os poderes por meio de mecanismos de freios e 
contrapesos. 
 A Constituição norte-americana tem como funções básicas garantir direitos (modelo de 
Constituição garantia) e limitar poderes. 
 Encontramos também nessa Constituição o modelo federal de Estado em sentido 
moderno e também a forma presidencialista de governo. 
 
Constitucionalis
mo Francês 
Os principais documentos históricos foram: 
(i) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789); 
(ii) Constituição Francesa de 1791 (2ª Constituição escrita em sentido moderno); 
(iii) Constituição Francesa de 1793; 
(iv) Constituição Francesa de 1799. 
 Na França, vigorava um sistema medieval, no qual se entendia que a soc. francesa era 
dividida em estamentos (1. Clero; 2. Nobreza; 3. Burgueses). A posição estamental da 
pessoa dava a ela um regime jurídico de privilégios ou não em relação às demais (ex: o 
clero e a nobreza tinham o privilégio legal de não ser alcançado pela tributação). A lei 
tratava desigualmente as pessoas conforme o estamento ao qual cada um pertencia. 
 A Rev. Francesa (1789) acabou com o sistema de privilégios estamentais, igualando todos 
formalmente. Os homens passam a ser considerados iguais e livres em direitos. Isso ocorre 
através da sistematização teórica do poder constituinte, que passa a ser encarado, 
segundo Emmanuel Joseph Sieyés (obra “O que é o Terceiro Estado?”), como o poder 
originário titularizado pela Nação, capaz de criar, de maneira autônoma e independente, 
a constituição. Há uma distinção entre o poder constituinte e os poderes constituídos 
(dentre os quais estão o Poder Executivo, Legislativo e Judiciário). 
 Isso abre espaço para a criação da 1ª geração de direitos fundamentais universais e 
naturais de todas as pessoas, especialmente os direitos civis (vida, liberdade, propriedade, 
entre outros) e políticos clássicos (direito de votar e de ser votado). Temos como marco a 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789). 
 Outra contribuição do constitucionalismo francês foi a consolidação da ideia de separação 
de poderes. A obra de Montesquieu (O Espírito das Leis - 1748) influenciou muito a Rev. 
Francesa. 
 O constitucionalismo francês contribuiu para a formatação do chamado Estado Liberal. O 
Estado Liberal francês, ao lado do Estado Liberal norte-americano, dá origem ao 
chamado Constitucionalismo Liberal (início do constitucionalismo moderno). 
 
32 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
 
 
Constitucionalis
mo Moderno 
Constitucionalis
mo Liberal 
Tem como característica a existência de direitos de 1ª geração. O Estado pouco interfere na 
vida do cidadão. As relações sociais e econômicas são movidas pela “mão invisível do 
mercado” (Adam Smith). 
Aqui, encontram-se as Constituições de Cades da Espanha (1812), Constituição Portuguesa 
(1822), Constituição Brasileira (1824) e Constituição da Bélgica (1831). 
 
Constitucionalis
mo Social (início 
do séc XX) 
As obrigações do Estado do Bem Estar Social não são mais meras obrigações de não fazer, 
mas também obrigações de fazer. Aqui, encontramos os direitos fundamentais de 2ª geração, 
vinculados a prestações positivas (saúde, educação, assistência social). 
As 2 Constituições que inauguram esse modelo são a Constituição Mexicana (1917) e a 
Constituição de Weimar da Alemanha (1919). 
 
Neoconstituciona
lismo 
 Na 1ª metade do séc. XX, predominava no direito o positivismo jurídico: o direito era um 
direito formal e neutro, que não se vinculava a questões éticas e morais. 
 A barbárie nazista vista na 2ª GM colocou em cheque essa neutralidade do positivismo, 
pois o direito foi utilizado para legitimar atrocidades. 
 No pós 2ª GM, se começou a falar em neoconstitucionalismo, também chamado de 
constitucionalismo contemporâneo. A dignidade da pessoa humana passa a ser o 
fundamento de todo o direito. Adota-se uma leitura moral do direito e da Constituição, 
ou seja, a interpretação da Constituição passa a sofrer a influência de valores éticos e 
morais. O formalismo perde espaço para o chamado pós-positivismo, que privilegia os 
valores. Todas as disposições constitucionais (regras e princípios) passam a ser encaradas 
como normas jurídicas com força normativa. Os métodos de interpretação menos 
formalistas e mais abertos são privilegiados. 
 Aqui, deve-se atentar para o fenômeno da constitucionalização dos demais ramos do 
Direito. 
33 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
 Outra característica do neoconstitucionalismo é o fenômeno da jurisdicionalização da 
política (as decisões políticas passam a ser filtradas pela Constituição e pela jurisdição 
constitucional → o Poder Judiciário ganha destaque). 
 Crítica: excesso do protagonismo dos membros do Poder Judiciário, que não são eleitos 
pelo povo. Segundo alguns autores, há um excesso de ativismo judicial, que gera uma 
insegurança jurídica e uma desvalorização dos representantes eleitos. 
 
 CONSTITUCIONALISMO MODERNO  NEOCONSTITUCIONALISMO 
 Hierarquia entre as normas  Hierarquia entre normas não apenas 
formal, mas também axiológica – valor 
 Limitação do poder  Concretização dos direitos 
fundamentais 
 
Marcos 
Fundamentais 
 Histórico 
- Estado Constitucional de Direito 
- Documentos a partir da 2ª GM 
- Redemocratização 
 Filosófico 
- Pós-positivismo 
- Direitos fundamentais 
- Direito-Ética 
 Teórico 
- Força normativa (Konrad Hesse) 
- Supremacia da Constituição (constitucionalização dos direitos fundamentais) 
- Nova dogmática da interpretação constitucional 
 
 
 
Transconstitucio
nalismo 
 Durante o séc. XX, a globalização provocou muitas mudanças no constitucionalismo, 
dentre elas a existência de relações íntimas entre o constitucionalismo de um Estado 
com o constitucionalismo de outro Estado, com instâncias internacionais ou 
supranacionais e com Tribunais Internacionais. 
 Nessa nova realidade, alguns autores começaram a falar no advento do 
transconstitucionalismo. Para Marcelo Neves, o transconstitucionalismo significa a 
utilização na prática constitucional de um determinado Estado de teorias, experiências e 
decisões judiciais que pertencem ao constitucionalismo de um outro Estado ou a 
34 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
instâncias internacionais ou a Tribunais Internacionais.Há um entrelaçamento de ordens 
jurídicas nacionais e internacionais diversas. 
 Isso acontece, por exemplo, quando o STF, exercendo a jurisdição constitucional nos 
moldes da CF brasileira, utiliza uma decisão da Suprema Corte americana ou do Tribunal 
Constitucional alemão para fundamentar sua decisão em um caso concreto. 
 
Novo 
Constitucionalis
mo Latino 
Americano 
(Andino ou 
Indígena) 
 É uma forma constitucional de entender que não apenas as experiências históricas dos 
povos colonizadores da América Latina têm lugar no constitucionalismo, mas também as 
culturas dos povos originários. Todas as influências, sejam as dos países colonizares, sejam 
as dos povos originários, devem ser levadas em consideração em pé de igualdade. 
 O novo constitucionalismo latino americano propugna um Estado plurinacional e 
multiétnico, com base na valorização da cultura dos povos originários, que até então 
haviam sido esquecidos. Pretende ter como base um diálogo intercultural não 
hegemônico e uma ampla participação popular. 
 As duas grandes Constituições que representam um marco desse novo constitucionalismo 
latino americano são as Constituição do Equador (2008) e da Bolívia (2009). 
 
 
EFEITO 
BLACKLASH 
 
 O efeito Backlash ocorre quando os tribunais constitucionais ou Supremas Cortes 
proferem decisões que, em tese, avançam em terrenos supostamente ocupados pelo 
Legislativo – o que ocorre geralmente quando a decisão é considerada “progressista” e os 
grupos da sociedade civil contrários são conservadores. 
 Nos EUA, foi identificado para se referir à reação política aos precedentes Brown V. Board 
of Education (que declarou a inconstitucionalidade de leis que permitiam a segregação 
racial em escolas) e Roe V. Wade (declarou a constitucionalidade de leis que consagram a 
autodeterminação reprodutiva da mulher e o direito ao aborto). 
 No Brasil, o termo foi usado pelo Minsitro FUX no julgamento da lei da “ficha limpa”. 
Quando o backlash se traduz em ato normativo – o que se chama de reação legislativa - 
há possíveis consequências: 
a) Se for por lei, nasce com presunção relativa de inconstitucionalidade (para alguns, 
absoluta). Nesse caso, para evitar uma nova declaração de 
constitucionalidade/inconstitucionalidade, o legislador deverá demonstrar a legitimidade de 
sua decisão. 
b) Se for por Emenda Constitucional, somente haverá declaração de inconstitucionalidade se 
houver expressa violação de cláusula pétrea. 
São exemplos: 
1) a EC 96 de 2017, que determina que as práticas desportivas que utilizam animais não são 
consideradas cruéis, tendo ela sido editada após a decisão proferida pelo Plenário do STF, no 
julgamento da ADI 4983/CE, que teve como relator o Min. Marco Aurélio, julgada em 
06/10/2016 em sentido diametralmente oposto. 
2) A edição da Lei Federal nº 13.455/2017, que autorizou a cobrança de valor diferenciado 
quando o pagamento feito pelo consumidor for à vista e em dinheiro, o que foi de encontro 
ao entendimento pacífico do STJ, a exemplo do REsp 1.479.039/MG. 
 
 
 
 
 
 
 
35 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
 
Direitos e Garantias Fundamentais 
Noções Introdutórias 
A inconteste evolução que o direito constitucional alcançou é fruto, em grande medida, da aceitação dos direitos 
fundamentais como cerne da proteção da dignidade da pessoa e da certeza de que inexiste outro documento 
mais adequado para consagrar os dispositivos assecuratórios dessas pretensões do que a Constituição. 
 
Distinção entre Direitos Fundamentais e Direitos Humanos 
Os conceitos de direitos fundamentais e direitos humanos são interrelacionados e com dimensões próximas, pois 
aqueles compõe o grupo escolhido e eleito pelo legislador constitucional para constar no rol da Carta Política, 
enquanto os chamados direitos humanos estão protegidos em documentos internacionais – tratados, pactos e 
convenções – e fruto de atuação pelas pessoas jurídicas de direito internacional. 
 
 Direitos Humanos: têm base jusnaturalista. Os direitos humanos são pertencentes ao homem universalmente 
considerado, não precisando estar consagrado em qualquer ordenamento jurídico. Pertencem ao homem por 
ser uma pessoa humana. 
 
 Direitos Fundamentais: refere-se a direitos relacionado às pessoas inscritos dentro dos textos normativos de 
cada Estado. Eles vigoram numa determinada ordem jurídica. 
 
 Direitos do Homem: é uma expressão jusnaturalista que conceitua direitos naturais aptos a proteção global do 
homem, carecendo estes direitos de qualquer positivação, seja nacional ou internacional. 
A partir do momento em que esses “ direitos do homem” passaram a ser positivados nas constituições 
contemporâneas, passaram a ser denominadas “ direitos fundamentais”. Quando esses direitos previstos nas 
normas internas passaram a ser regulados em tratados internacionais, seja no plano global, seja no plano 
regional, passaram a receber o nome de “direitos humanos”. 
 
Direitos Humanos Direitos Fundamentais 
Reconhecido no plano internacional, em declarações, 
tratados e convenções, dentre outros documentos. Obs. 
Um dos nossos princípios nas relações internacionais é 
a prevalência dos direitos humanos (art. 4º, II, CF). 
São os direitos positivados no plano interno de cada 
Estado, especialmente no texto constitucional. Obs. 
No Brasil, estão positivados na CF, em especial no art. 
5º. 
 
 
Direitos x Garantias 
Segundo doutrina majoritária no Brasil, as normas que cuidam de direitos fundamentais podem ser formuladas 
de maneira (i) a simplesmente enunciar os próprios direitos fundamentais; ou (ii) com a intenção de assegurar a 
defesa desses direitos fundamentais, impondo limites à atuação de quem deva observá-los. 
 
Assim, como 2 faces da mesma moeda, surge a seguinte relação entre direito e garantia fundamentais: enquanto 
os “direitos” costumam ser estabelecidos como normas meramente enunciativas dos próprios direitos 
fundamentais, as “garantias” fundamentais são veiculadas por normas de proteção a esses “direitos”. As 
garantias fundamentais dividem-se em: 
 
a) Garantias gerais: aquelas que proíbem o abuso de poder e todas as espécies de violação a direitos que 
asseguram e procuram torná-los efetivos. Ex: p. da legalidade e p. do devido processo legal. 
36 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
b) Garantias específicas: servem de instrumento de proteção não apenas dos direitos fundamentais a que se 
referem, como também das próprias garantias fundamentais gerais. Ex: todos os remédios constitucionais, como 
o MS. 
 
 
Evolução Histórica 
Embora se possa falar em antecedentes remotos dos direitos humanos, tal como o “cilindro de Ciro”, rei da Pérsia 
Antiga (séc. VI a.C.), para fins dos nossos objetivos, daremos destaque maior para os antecedentes próximos. 
Antecedentes próximos: representam uma série de documentos (conjunto de documentos escritos vinculados 
principal aos constitucionalismos inglês, francês e norte-americano e às Nações Unidas) e pensamento de 
determinados autores (Hobbes, Hugo Grocio, Rousseau, etc). 
 
PRINCIPAIS DOCUMENTOS 
a) Magna Carta (1215 - Inglaterra); 
b) Petition of Rights (1628 - Inglaterra); 
c) Habeas Corpus Amendment Act (1679 - Inglaterra); 
d) Corpo de Liberdades de Massachusetts (1641 - EUA); 
e) Forma de Governo da Pensilvânia (1682 - EUA); 
f) Bill of Rights (1689 – Inglaterra); 
g) Declaração de direitos do bom povo da Virgínia (1776 – EUA, redigida por Thomas Jefferson); 
h) Declaração de Independência dos EUA (1776). 
i) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (Assembleia Constituinte Francesa, 1789) → tem papel 
fundamental na universalização dos direitos humanos. A constituição é vista como um documento escrito que 
trata da garantia dos direitos fundamentais (da 1ª geração) e da separação de poderes (“conceito ideal de 
Constituição”). Essa declaraçãofoi incorporada à Constituição Francesa de 1791 como preâmbulo. Esse 
documento é o marco da 1ª geração de direitos humanos. 
j) 10 primeiras emendas da Constituição dos EUA de 1787, aprovadas em 1791 (Bill of Rights norte-americano); 
k) Carta das Nações Unidas (1945); 
l) Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) 
 
Novas Tendências Evolutivas: A Fertilização Cruzada e o Diálogo Judicial 
O direito comparado surge como campo propício à troca de experiências sobre questões de direitos 
fundamentais, num processo conhecido como fertilização cruzada (“crossfertilization”), cuja finalidade é 
desenvolver e aperfeiçoar possíveis soluções judicias para problemas da mesma espécie. Em paralelo, a mútua 
convivência de tribunais nacionais e internacionais, incluindo a possibilidade de juízes nacionais fazerem 
questionamentos a cortes supranacionais sobre a aplicação de normas de direitos humanos/fundamentais 
favorece uma espécie própria de diálogo judicial (“judicial dialogue”). 
 
Dimensões dos Direitos Fundamentais 
Direitos de 1ª 
Geração 
(Liberdade) 
Princípio da liberdade, ganhando o contorno de direitos civis e políticos, impondo restrições 
à atuação do Estado. O direito clássico é o direito de propriedade. São os direitos de 
liberdade (status negativo) e direitos políticos (status ativo). 
Caracterizada pela prevalência de direitos universais ligados à uma abstenção do Estado 
(Estado liberal) já que o foco é a liberdade e a igualdade formal. Há a prevalência dos direitos 
civis clássicos (liberdade, propriedade, vida, etc) e direitos políticos clássicos (direito de 
votar e de ser votado). 
 
Direitos de 2ª 
Geração 
(Igualdade) 
Exige um agir do Estado, estabelecendo um direito de igualdade material. São os direitos 
econômicos, sociais e culturais. Exige do Estado um fazer: saúde, trabalho e educação. São 
os direitos prestacionais (direitos positivos). 
37 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Obrigações prestacionais do Estado. O foco é a igualdade material. Há a prevalência dos 
direitos sociais, econômicos e culturais. 
 
Direitos de 3ª 
Geração 
(Fraternidade) 
São de titularidade difusa ou coletiva. Tem a ver com o princípio da Fraternidade, 
protegendo direitos de titularidade coletiva, tais como direito ao meio ambiente e paz. 
Estão aqui os direitos difusos. 
Direitos de 4ª 
Geração 
Paulo Bonavides: diz que é o direito à democracia, a informação e ao pluralismo político. 
Norberto Bobbio: é direito de 4ª dimensão a decorrência da engenharia genética, pois ela 
coloca em risco a própria existência humana, quando é possível fazer a manipulação do 
patrimônio genético. 
 
Direitos de 5ª 
Geração 
Paulo Bonavides diz que a paz seria um direito de 5ª geração. 
No entanto, há autores que defendem seriam de 5ª geração os direitos advindos da 
realidade virtual, em função da preocupação do sistema constitucional com a difusão e 
desenvolvimento da cibernética na atualidade, o que envolve a internacionalização da 
jurisdição constitucional em virtude do rompimento das fronteiras físicas através da 
“grande rede”. 
 
Direitos de 6ª 
Geração 
Segundo Uado Lâmmego Bulos, a 6ª dimensão alcança a democracia, pluralismo político e 
direito à informação. Também há doutrina diversa mencionando a sexta geração seria 
referente ao direito a água potável. 
 
Direitos de 7ª 
Geração 
Não há entendimento consolidado acerca dessa geração, mas já há apontamentos 
doutrinários defendendo que se trata do direito à internet, com a crítica que a internet seria 
meio para alcançar certos direitos, e não uma nova dimensão. 
 
 
Características dos 
Direitos 
Fundamentais 
(1) Universalidade: Esta característica aponta a existência de um núcleo mínimo de direitos 
que deve estar presente em todo lugar e para todas as pessoas, independentemente da 
condição jurídica, ou do local onde se encontra o sujeito — porquanto a mera condição de 
ser humano é suficiente para a titularização. 
 
(2) Historicidade: Como os direitos fundamentais são proclamados em certa época, podem 
desaparecer em outras ou serem modificados com o passar do tempo, apresentam-se como 
um corpo de benesses e prerrogativas que somente fazem sentido se contextualizadas 
determinado período histórico. 
✓ Os direitos fundamentais são históricos, porque existem direitos que são comuns a 
diversas sociedades; 
✓ Os direitos fundamentais são históricos, pois no curso da história eles são aperfeiçoados 
e novos direitos surgem. 
 
(3) Indivisibilidade: Os direitos fundamentais formam um sistema harmônico, coerente e 
indissociável, o que importa na impossibilidade de compartimentalização dos mesmos. 
 
(4) Imprescritibilidade, inalienabilidade: Direitos fundamentais não são passíveis de 
alienação, deles não se pode dispor, tampouco prescrevem. Os direitos fundamentais são 
intransferíveis, inalienáveis, inegociáveis. Esses direitos são desprovidos de conteúdo 
econômico-patrimonial. Isso porque, têm íntima relação com a dignidade da pessoa 
humana. Exceção: contrato de utilização de imagem (o direito à imagem é DF, mas é 
possível que você autorize alguém a utilizar sua imagem numa propaganda). Obs: Não se 
pode confundir a indisponibilidade do direito com a disponibilidade do bem sobre o qual 
38 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
recai o direito. Ex: direito de propriedade é indisponível (não se pode alienar o direito de 
ser proprietário de coisas), porém a propriedade sobre uma coisa é alienável 
 
(5)Relatividade: O exercício dos direitos individuais, não raro, acarreta conflitos com outros 
direitos constitucionalmente resguardados, dada a circunstância de nenhum direito ser 
absoluto ou prevalecer perante os demais em abstrato. Como todos os direitos são 
relativos, eventualmente podem ter seu âmbito de incidência reduzido e ceder (em prol de 
outros) em ocorrências fáticas específicas. 
 
(6) Inviolabilidade: Esta característica confirma a impossibilidade de desrespeito aos 
direitos fundamentais por determinação infraconstitucional ou por atos de autoridade, sob 
pena de responsabilização civil, administrativa e criminal. 
 
(7) Complementaridade: Direitos fundamentais não são interpretados isoladamente, de 
maneira estanque; ao contrário, devem ser conjugados, reconhecendo-se que compõem 
um sistema único. 
 
(8) Efetividade: A atuação dos Poderes Públicos deve se pautar (sempre) na necessidade de 
se efetivar os direitos e garantais institucionalizados, inclusive por meio da utilização de 
mecanismos coercitivos, se necessário for. 
 
(9)Interdependência: Em que pese à autonomia, as previsões constitucionais que se 
traduzem em direitos fundamentais possuem interseções/ligações intrínsecas, com o 
intuito óbvio de intensificar a proteção engendrada pelo catálogo de direitos. Estes estão 
todos interligados, associados — a liberdade de locomoção, por exemplo, está intimamente 
vinculada à garantia do habeas corpus. 
 
 
 
39 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
 
 
 
40 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
 
 
 
41 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
 
 
Constitucionalização 
Os DFs devem ser positivados no ordenamento jurídico, em especial no plano constitucional formal. 
NÃO se deve confundir constitucionalização com fundamentalização (considerar o direito como sendo 
fundamental por sua ligação com a dignidade da pessoa humana → a fundamentalidade material é uma noção 
que permite a abertura a novos direitos fundamentais não escritos, aos quais se aplicam aspectos típicos da 
fundamentalidade formal, como por ex a possibilidade de servir de fundamento para a inconstitucionalidade de 
leis ordinárias – ex: dto fundamental ao duplo grau de jurisdição). Obs: O rolde DFs da CF NÃO esgota todos os 
DFs (cláusula da inesgotabilidade dos direitos fundamentais escritos). É possível a existência de direitos 
fundamentais implícitos. 
 
#MPE/GO – A 9ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos da América diz textualmente: “A especificação de 
certos direitos na Constituição não deve ser entendida como uma negação ou depreciação de outros direitos 
conservados pelo povo”. Segundo a visão de alguns autores, e citada Emenda encerra “norma com fattispecie 
aberta”, segundo a qual certos direitos não se limitam àqueles descritos na Constituição. Com base nessas 
premissas, indique a assertiva correta: c) A fundamentalidade material fornece suporte para a abertura a novos 
direitos fundamentais, sendo correto observar que aos direitos fundamentais só materialmente constitucionais 
são aplicáveis aspectos típicos do regime jurídico da fundamentalidade formal. 
 
Dimensão 
Subjetiva e 
Objetiva dos 
Direitos 
Fundamentais 
A doutrina brasileira, afinada com a tradição europeia, classifica os direitos fundamentais a 
partir de dupla perspectiva, uma subjetiva e outra objetiva, significando que referidos 
direitos são, a um só tempo, direitos subjetivos e elementos fundamentais da ordem 
constitucional objetiva. 
 
Enquanto direitos subjetivos, os direitos fundamentais outorgam aos titulares a 
prerrogativa de impor os seus interesses em face dos órgãos obrigados. Por outro lado, em 
sua dimensão objetiva, os direitos fundamentais formam a base do ordenamento jurídico 
de um Estado de Direito democrático. Em suma: 
 
• dimensão subjetiva: tem a ver com o sujeito da relação jurídica, sendo o indivíduo em 
face do poder público ou em face de outro indivíduo. 
• dimensão objetiva: tem a ver com um conjunto de valores básicos de conformação do 
Estado, devendo ser analisados os direitos fundamentais como parâmetro da forma que o 
Estado deverá agir. Com isso, os direitos fundamentais passam a ter uma eficácia irradiante. 
42 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Isto é, é a capacidade de orientar o exercício da atividade do poder público, fazendo ele 
atuar daquela determinada forma. 
 
A primeira dimensão é a subjetiva (ou seja, relativa aos sujeitos). É a dimensão mais 
conhecida, que você já aprendeu. É aquela que diz respeito aos direitos de proteção 
(negativos) e de exigência de prestação (positivos) por parte do indivíduo em face do poder 
público (perspectiva subjetiva). 
A segunda dimensão é a objetiva. Os direitos fundamentais devem ser compreendidos 
também como o conjunto de valores objetivos básicos de conformação do Estado 
Democrático de Direito. Nessa perspectiva (objetiva), eles estabelecem diretrizes para a 
atuação dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e para as relações entre particulares. 
Para a doutrina, trata-se da eficácia irradiante dos direitos fundamentais. 
(FGV/2018) O juiz de direito, ao fundamentar uma decisão, afirmou que os direitos 
fundamentais, além de criarem situações jurídicas favoráveis a pessoas em particular, 
também estabelecem diretrizes para a atuação das estruturas estatais de poder. O aspecto 
dos direitos fundamentais suscitado pelo juiz de direito é expressão- da perspectiva 
objetiva dos direitos fundamentais. 
 
Então, o efeito irradiante dos direitos fundamentais decorre da dimensão objetiva – 
capacidade que eles têm de alcançar os poderes públicos no exercício de suas atividades 
principais. 
Ou seja, como consequência de sua dimensão objetiva, os direitos fundamentais 
conformam o comportamento do poder público, criando um dever de proteção pelo Estado 
dos direitos fundamentais contra agressões (do Estado ou de particulares). Assim, o Estado 
fica condicionado a adotar medidas que promovam e protejam efetivamente os direitos 
fundamentais. 
Estou falando na necessidade de o Legislativo elaborar a leis (para proteger direitos), a 
Administração Pública governar (para proteger direitos) e o Judiciário resolver conflitos 
(para proteger direitos). É a vertente objetiva dos direitos fundamentais que conformam a 
atuação do Poder Público e exige que ele atue no sentido de promover a proteção daqueles 
direitos. 
Em suma, numa perspectiva subjetiva, os direitos fundamentais possibilitam 
ao indivíduo(sujeito) obter junto ao Estado a satisfação de seus interesses juridicamente 
protegidos. Numa perspectiva objetiva, eles sintetizam os valores básicos da sociedade e 
seus efeitos irradiam-se a todo o ordenamento jurídico, alcançando a atuação dos órgãos 
estatais. 
(CESPE/ANALISTA EXECUTIVO/SEGER/ES/2013) Na dimensão objetiva, os direitos 
fundamentais são qualificados como princípios estruturantes do Estado democrático de 
direito, de modo que sua eficácia irradia para todo o ordenamento jurídico. (c) Em uma 
perspectiva objetiva, os Direitos Fundamentais devem ser compreendidos como o conjunto 
de valores objetivos básicos de conformação do Estado Democrático de Direito. Nessa 
43 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
dimensão (objetiva), eles estabelecem diretrizes para a atuação dos poderes Executivo, 
Legislativo e Judiciário e para as relações entre particulares. Para a doutrina, trata-se 
da eficácia irradiante dos direitos fundamentais 
 
 
Limitação dos Direitos Fundamentais 
Os direitos fundamentais não são absolutos, admitindo certas limitações. Em primeiro lugar, é importante 
esclarecer que há diferença entre a delimitação do âmbito de proteção de um direito fundamental e a limitação 
(restrição) de um direito fundamental. 
 
Ex: direito fundamental à alimentação (art. 6º CF) – a pretensão de jantar num restaurante fino e caro com um 
bom vinho está dentro desse direito? NÃO!!! Isso não é uma limitação, já que é algo que nunca foi incluído no 
âmbito de proteção do direito fundamental. 
 
O âmbito de proteção efetiva dos direitos fundamentais pode ser delimitado: a) pela própria constituição (ex: no 
inciso IV do art. 5º, a CF restringiu a liberdade de manifestação do pensamento ao proibir o anonimato); ou b) 
pelo legislador ordinário, por delegação do constituinte (atividade de “conformação” ou de “regulação” – ex: no 
art. 220, 3º, a Constituição autorizou restrições à liberdade de manifestação do pensamento, em eventos e 
espetáculos públicos, conforme faixas etárias, locais e horários a serem estabelecidos em lei). As restrições ou 
limitações dos direitos fundamentais podem ser vistas a partir de 2 teorias: 
 
Teoria Interna Os limites aos direitos fundamentais são internos ou “imanentes” aos mesmos, ou seja, os 
direitos fundamentais já nascem com essas limitações, são limites que existem “desde sempre” 
ou “desde dentro”. É uma teoria que se compatibiliza com a teoria absoluta. Os limites são 
fixados a priori, através da interpretação, em um processo interno ao próprio direito, sem a 
influência de outras normas constitucionais. Esses direitos vão ter sempre a estrutura de regras 
(tudo ou nada: ou aquilo faz parte do direito ou não faz parte). 
 
Por essa teoria, o limite de um direito está interno a ele. A definição do conteúdo e da existência 
de um direito não depende de fatores externos a esse direito, e, por isso, não cabem restrições. 
Não existiria a possibilidade de esse direito não poder ser exercido por ter sido restringido. A 
tese central é: ou se tem o direito, ou não. Fundamenta-se na tese da teoria dos limites 
imanentes: cada direito apresenta limites lógicos, imanentes, oriundos da própria estrutura e 
natureza do direito e, portanto, da própria distinção que o prevê. Os limites já estão contidos 
44 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
no próprio direito; portanto, não se cuida de uma restrição imposta a partir do exterior. Tem 
apenas UM objeto: o direito e seus limites imanentes. 
 
Teoria Externa As restrições aos direitos fundamentais são externas aos mesmos. Compatibiliza-secom a teoria 
relativa e utiliza a expressão restrição em vez de limites. Por ela, existem dois objetos: o direito 
em si e suas restrições, as quais estão situadas fora do direito. O conteúdo permitido de um 
direito vai depender da análise de outros direitos envolvidos no caso concreto. A princípio tudo 
é possível, e analisando as colisões verifica-se na prática se determinada conduta é ou não 
permitida. Então aqui a fixação dos limites de um direito é feita em duas etapas. 1ª) 
identificação do conteúdo inicialmente protegido, determinado da forma mais ampla possível 
(direito prima facie) e 2ª) definição dos limites externos decorrentes da necessidade de conciliar 
o direito com outros direitos (direito definitivo). 
 
Tem dois objetos: o direito em si e, destacado dele, as suas restrições. Com isso, passa-se a 
reconhecer a possibilidade de restrições a direitos fundamentais e a aferição dos mesmos, 
através da determinação de parâmetros. Nessa linha, a restrição ao direito não tem influência 
no conteúdo do direito, pois a restrição ao seu exercício se dará em situação concreta, 
contextualizada. Deixa a questão: como restringir direito fundamental sem eivar a prática de 
inconstitucionalidade? A resposta leva à teoria dos limites dos limites. 
 
Teoria dos Limites dos Limites (a partir de Bernardo Gonçalves Fernandes) O parâmetro para 
a atividade legislativa restritiva de direitos é a proporcionalidade da atuação do Poder Público. 
Assim, cria-se limites para as limitações (restrições) aos direitos fundamentais. Essa tese surge 
no cenário constitucional como mecanismo de defesa dos direitos fundamentais contra atos 
abusivos de origem legislativa ou administrativa. Nessa moldura, surge a teoria dos limites dos 
limites (schranken-schranken). Como critérios dessa teoria tem-se que qualquer limitação 
(restrição) aos direitos fundamentais tem que respeitar o núcleo essencial, que envolve 
diretamente tais direitos fundamentais e, por derivação, a noção de dignidade da pessoa 
humana, que não pode ser abalada. 
 
Teorias sobre o núcleo essencial (a partir de Gomes Canotilho) 
Teoria absoluta do núcleo essencial: Advoga que o núcleo essencial independe de 
contextualização, sendo, portanto, predeterminado, de forma absoluta e inquestionável, para 
o legislador e o administrador. 
 Teoria relativa do núcleo essencial O núcleo essencial deve ser definido caso a caso, tendo em 
vista situações concretas, bem como o objetivo a ser visado pela norma de caráter restritivo. 
 
(FGV/ TJ-SC/2021) André e Felipe travaram intenso debate a respeito da relevância do alicerce 
teórico dos direitos fundamentais em um Estado Democrático de Direito, de modo a identificar 
o surgimento de possíveis situações de conflito entre eles. André defendia que a teoria externa 
alicerçava os direitos fundamentais. A partir deles seriam obtidas posições definitivas e teriam 
natureza principiológica. Felipe, por sua vez, entendia que esses direitos estavam alicerçados na 
teoria interna. Dariam origem a posições prima facie e teriam a natureza de regras. À luz da 
forma como os direitos fundamentais têm sido compreendidos na realidade brasileira, é correto 
afirmar que: André está parcialmente certo, já que os direitos fundamentais dão origem a 
posições prima facie; 
 
 
45 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Teoria Interna Teoria Externa (doutrina majoritária) 
- Direitos fundamentais são absolutos 
- Direitos fundamentais não podem ser 
restringidos 
- Direitos fundamentais sofrem limites 
apenas no texto constitucional 
- Direitos fundamentais não são absolutos 
- Direitos prima facie (direitos prestacionais) 
 
 
Teoria interna - para os adeptos dessa teoria, os limites aos direitos fundamentais estão definidos a priori por 
eles mesmos, estão implícitos em seu conteúdo. Assim, sob esse ponto de vista, somente limitações previstas no 
texto constitucional seriam legítimas. O maior expoente dessa teoria é o alemão Friedrich Müller. 
 
Teoria externa - ao contrário da anterior, para os defensores dessa teoria o conteúdo e os limites de um direito 
fundamental serão encontrados a partir do sopesamento entre esse direito e outros com os quais venha 
eventualmente a colidir somente no caso concreto. O maior expoente é o também alemão Robert Alexy. 
 
O autor propõe a conciliação entre aspectos centrais das duas perspectivas, defendendo que a hermenêutica 
constitucional brasileira adote, ao lado da técnica da ponderação de interesses, o critério da teoria dos limites 
dos limites como instrumento auxiliar de interpretação, "de maneira a garantir o núcleo essencial mínimo de 
direitos fundamentais". 
 
Destinatários dos Direitos Fundamentais 
É certo que o capuz do art. 5º da CF/88 somente referência, de modo expresso, os brasileiros —natos ou 
naturalizados — e os estrangeiros residentes no país enquanto titulares dos direitos fundamentais. Nada 
obstante, a doutrina mais recente e a Suprema Corte têm realizado interpretação do dispositivo na qual o fator 
meramente circunstancial da nacionalidade não excepciona o respeito devido à dignidade de todos os homens, 
de forma que os estrangeiros não residentes no país, assim como os apátridas, devam ser considerados 
destinatários dos direitos fundamentais. No que concerne às pessoas jurídicas, de início entendia-se que os 
direitos e garantias assegurados nos incisos do art. 5ºdirigiam-se apenas às pessoas físicas, nunca a elas. 
Doutrinariamente, contudo, superou-se esse posicionamento e, atualmente, admite-se que os direitos 
fundamentais beneficiem, também, pessoas jurídicas brasileiras e estrangeiras atuantes no Brasil. 
 
Há 2 grupos de destinatários expressos dos direitos do art. 5º, quais sejam: os brasileiros e estrangeiros residentes 
no país. 
 
# A CF fala em brasileiros como titulares de direitos e garantias fundamentais, mas todos os brasileiros 
usufruem igualitariamente de todos os direitos fundamentais? Ou há diferenças no tratamento jurídico 
constitucional acerca de determinados grupos? 
Existem direitos fundamentais destinados a determinados grupos de brasileiros. Em primeiro lugar, há uma 
distinção constitucional entre brasileiros natos e brasileiros naturalizados, porém vale dizer que essa diferença só 
pode ser feita pela Constituição (art. 12, §2º CF). As diferenças são: 
a) Art. 5º, LI CF: nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado em caso de crime praticado antes da 
naturalização OU de envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins; 
b) Art. 12, §3º CF: prevê os cargos privativos de brasileiros natos, quais sejam: 
(i) presidente e vice-presidente; 
(ii) presidente da Câmara dos Deputados; 
(iii) presidente do Senado; 
46 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
(iv) ministro do STF (aqui incluídos os cargos de presidente do CNJ e presidente e vice-presidente do TSE – arts. 
103-B, §1º e art. 119 CF); 
(v) da carreira diplomática; 
(vi) oficial das Forças Armadas; 
(vii) ministro de Estado da defesa. 
c) Art. 89, VII CF: 6 cidadãos de brasileiros natos na composição do Conselho da República; 
d) Art. 222, caput e §§1º e 2º CF: são privativos de brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos o exercício 
das atividades relativas à propriedade, gestão e responsabilidade editorial de empresas jornalísticas e de 
radiofusão sonora e de sons e imagens. 
Além disso, há diferença constitucional entre brasileiros que se encontram no gozo dos direitos políticos 
(cidadãos) ou cujos direitos políticos estão suspensos, qual seja: somente o cidadão pode mover ação popular 
(ação 5º, LXXIII CF). 
 
Há também diferenças de gênero (entre brasileiros e brasileiras), que se encontram previstas no art. 5º, L CF 
(serão asseguradas às presidiárias condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de 
amamentação), no art. 7º, XX CF (proteção do mercado detrabalho da mulher) e no art. 40, §1º, III, “a” e “b” 
(aposentadoria voluntária dos servidores públicos) e 201, §7º, I e II (aposentadoria dos servidores filiados ao 
RGPS). 
 
STF: O princípio da igualdade não é absoluto, sendo mister a verificação da correlação lógica entre a situação de 
discriminação apresentada e a razão do tratamento desigual. 3. A Constituição Federal de 1988 utilizou-se de 
alguns critérios para um tratamento diferenciado entre homens e mulheres: i) em primeiro lugar, levou em 
consideração a histórica exclusão da mulher do mercado regular de trabalho e impôs ao Estado a obrigação de 
implantar políticas públicas, administrativas e/ou legislativas de natureza protetora no âmbito do direito do 
trabalho; ii) considerou existir um componente orgânico a justificar o tratamento diferenciado, em virtude da 
menor resistência física da mulher; e iii) observou um componente social, pelo fato de ser comum o acúmulo pela 
mulher de atividades no lar e no ambiente de trabalho – o que é uma realidade e, portanto, deve ser levado em 
consideração na interpretação da norma. 4. Esses parâmetros constitucionais são legitimadores de um 
tratamento diferenciado desde que esse sirva, como na hipótese, para ampliar os direitos fundamentais sociais e 
que se observe a proporcionalidade na compensação das diferenças. (...)” (RE 658312, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, 
Pleno, j. em 27/11/2014). Há, ainda, diferença entre os brasileiros ricos e brasileiros pobres, que pode ser 
identificada no art. 5º, LXXIV e LXXVI CF. 
 
Ademais, podemos identificar um direito fundamental dirigido especificamente a estrangeiros, tal como prevê o 
art. 5º, LII CF (vedação de extradição de estrangeiro por crime político*** ou de opinião). 
*** o crime político do art. 5º, LII não é o mesmo do previsto no art. 109, IV CF. O crime político do art. 5º é o 
crime definido como tal no exterior, cuja prática viola uma legislação estrangeira e tem motivação política. Já o 
crime político do art. 109, IV é definido como crime no Brasil, cuja prática viola a nossa lei e tem motivação de 
natureza política (Lei 7.170/83 – crimes contra a segurança nacional). 
 
# Ao utilizar a expressão “estrangeiros residentes no país”, o art. 5º afastou a possibilidade de estrangeiros não 
residentes no país (turistas) serem titulares de direitos fundamentais? Divergência: 
1ª corrente – José Afonso da Silva – Afirma que somente os estrangeiros residentes gozam do direito subjetivo 
relativos aos enunciados constitucionais dos direitos e garantias fundamentais. Assim, estrangeiros não 
residentes tem proteção em outras normas jurídicas do direito internacional e do direito infraconstitucional 
brasileiro. 
 
2ª corrente – majoritária e STF – Entende que a interpretação deve ser não literal, mas sim ampliativa de forma 
a que estrangeiros não residentes no país também possam usufruir de determinados direitos previstos no art. 5º 
CF. Nesse sentido, identificamos o art. 5º, XV CF, que parece se voltar aos estrangeiros não residentes no país 
(livre locomoção no território nacional, podendo nele entrar, permanecer ou sair). 
 
47 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
# Direitos que podem ser usufruídos por pessoas jurídicas de direito privado: 
A adoção de uma perspectiva puramente material (ligada à dignidade da pessoa humana) afasta a possibilidade 
de pj serem titulares de direitos fundamentais. Apesar disso, em uma perspectiva formal (direitos fundamentais 
são aqueles escritos na CF como sendo fundamentais), há direitos no art. 5º que podem ser usufruídos por pjs. 
Art. 5º, XXIX CF - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, 
bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos 
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; 
 
# Direitos fundamentais podem ser usufruídos por pessoas jurídicas de direito público? 
A concepção clássica dos direitos fundamentais afirma que estes são direitos dirigidos especialmente contra o 
Estado. Logo, o Estado não é credor de direitos fundamentais, mas sim devedor. Logo, essa concepção não se 
coaduna com a possibilidade de pjs de direito público serem titulares de direitos fundamentais. 
 
Apesar disso, a doutrina majoritária e o STF admitem que pj de direito público possam usufruir certos direitos 
previstos no art. 5º (especialmente direitos procedimentais) tais como: 
✓ Art. 5º, II CF (legalidade); 
✓ Art. 5º, XII CF (direito de propriedade); 
✓ Art. 5º, XXXV CF (apreciação do Poder Judiciário de lesão ou ameaça de lesão); 
✓ Art. 5º, XXXVI CF (direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada); 
✓ Art. 5º, XXXVII CF (vedação do tribunal de exceção); 
✓ Art. 5º, LIII CF (juiz natural); 
✓ Art. 5º, LIV CF (devido processo legal); 
✓ Art. 5º, LV CF (contraditório e ampla defesa). 
✓ Art. 5º, LXIX CF (impetração de mandado de segurança). 
 
Alguns autores afirmam que a dimensão objetiva dos direitos fundamentais pode justificar a existência de direitos 
fundamentais titularizados pelas pj de direito público. 
 
É preciso ter um certo cuidado com o reconhecimento de que pj de direito público possam usufruir de direitos 
fundamentais. Quando esses direitos são exercidos por pj de direito público em face de outra pj de direito público, 
a questão fica mais fácil, pois de qualquer forma os direitos fundamentais continuam sendo exercidos CONTRA O 
ESTADO. 
 
Porém, quando uma pj de direito público pretende exercer um direito fundamental contra um cidadão ou contra 
pj de direito privado, o tema fica mais problemático, pois, como vimos, admitir que o Estado pode exercer um 
direito fundamental contra um cidadão nos leva a uma subversão da ideia clássica de que direitos fundamentais 
são garantias das pessoas contra o Estado. 
 
Segundo o STJ, “o reconhecimento de direitos fundamentais a pessoas jurídicas de direito público não pode jamais 
conduzir à subversão da própria essência desses direitos, que é o feixe de faculdades e garantias exercitáveis 
principalmente contra o Estado, sob pena de confusão ou de paradoxo consistente em se ter, na mesma pessoa, 
idêntica posição jurídica de titular ativo e passivo, de credor e, a um só tempo, devedor de direitos fundamentais, 
incongruência essa já identificada pela jurisprudência do Tribunal Constitucional Alemão No caso em exame, o 
reconhecimento da possibilidade teórica de o município pleitear indenização por dano moral contra o particular 
constitui a completa subversão da essência dos direitos fundamentais, não se mostrando presente nenhum 
elemento justificador do pleito”. 
 
 
 
 
48 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Aplicabilidade das Normas Definidores dos Direitos e Garantias Fundamentais 
As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata, o que retrata a preocupação 
dos modernos sistemas constitucionais em evitar que as posições firmadas como essenciais para a identidade da 
Constituição não passem de retórica, ou então que sejam dependentes da atuação legislativa para que tenham 
eficácia. Todavia, conforme já explicitado no capítulo que trata da eficácia e aplicabilidade das normas 
constitucionais, tal regra não é absoluta e não pode atropelar a natureza dos direitos constitucionalmente 
proclamados. Como existem normas constitucionais, relativas a direitos fundamentais, que são evidentemente 
não autoaplicáveis, isto é, que carecem de mediação legislativa para que possuam plena efetividade, é certo dizer 
que sozinhas não produzirão todos os seus efeitos essenciais 
 
Eficácia dos direitos Fundamentais nas Relações Privadas ( Eficácia Horizontal e Diagonal) 
Eficácia vertical: Quando os direitos fundamentais surgiram eles tinham apenas a eficácia vertical, pois o indivíduo 
está subordinado aoEstado e por esses direitos protegerem os indivíduos contra os arbítrios do Estado, fala-se 
dessa eficácia vertical. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais às relações entre particulares e o Estado. 
É a eficácia clássica. 
b)Horizontal/eficácia externa/eficácia privada/eficácia em relação a terceiros – DIRETA OU INDIRETA OU 
INTEGRADORA: Com o desenvolvimento dos direitos fundamentais, percebeu-se que a opressão e a violência 
conta o indivíduo vem também de entidades privadas. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais às relações 
entre particulares. 
c)Eficácia diagonal: Bem recente. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais à relação entre particulares, 
nas quais existe um desequilíbrio fático, a exemplo da relação trabalhista. 
 A eficácia vertical dos direitos fundamentais foi desenvolvida para proteger os particulares contra o arbítrio 
do Estado, de modo a dedicar direitos em favor das pessoas privadas, limitando os poderes estatais. 
 A eficácia horizontal trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os particulares, tendo na 
constitucionalização do direito privado a sua gênese. 
 A eficácia diagonal trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os particulares nas hipóteses em que se 
configuram desigualdades fáticas. 
 
 
Questão discursiva: 
 
 
 
Os direitos fundamentais se apresentam como trunfo da modernidade e seus efeitos incidem nas relações 
privadas e nas relações públicas. Essa duplicidade de efeitos se traduz na diferença entre eficácia vertical e eficácia 
horizontal dos direitos fundamentais. De forma mais clara, a eficácia vertical está presente na relação entre o 
Estado e o cidadão, cenário em que existe uma relação de direito público. Já a eficácia horizontal está presente 
na relação entre cidadãos, caso em que está presente uma relação de direito privado. 
49 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
A eficácia horizontal pode ser classificada em eficácia direta e eficácia indireta. Na eficácia indireta, os direitos 
fundamentais não ingressam no cenário privado como direitos subjetivos. Ou seja, não vai haver uma aplicação 
direta dos direitos fundamentais na relação entre particulares. Isso porque, os direitos fundamentais devem ser 
concretizados por uma intermediação legislativa para serem considerados aplicáveis na relação privada. 
Na eficácia direta, os direitos fundamentais são aplicados diretamente nas relações entre particulares, mesmo 
que sem previsão legal específica, havendo a necessidade de o aplicador da norma ponderar o direito 
fundamental envolvido e a autonomia privada. O Supremo Tribunal Federal, em vários precedentes, defende a 
eficácia direta dos direitos fundamentais, podendo-se citar o caso do sócio que foi expulso da sociedade sem que 
lhe fossem garantidos o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa, hipótese em que o Tribunal 
anulou o ato privado e determinou o respeito desses direitos fundamentais. 
Por fim, a eficácia diagonal dos direitos fundamentais é uma decorrência da eficácia horizontal, no sentido que 
ambas dizem respeito à relação entre particulares. Contudo, parte da doutrina entende ser caso de eficácia 
diagonal dos direitos fundamentais quando uma das partes na relação privada é hipossuficiente, como numa 
relação trabalhista ou consumerista. Existiria, também nessas hipóteses, uma incidência direta dos direitos 
fundamentais nas relações privadas. 
 
Teoria dos 
Quatro 
Status de 
Jellinek 
Desenvolvida em fins do séc. XIX por George Jellinek (Sistema dos Direitos Subjetivos Públicos), 
aponta quatro status (situações jurídicas) do indivíduo perante o Estado. 
 
STATUS PASSIVO (STATUS SUBJECTIONIS): 
O indivíduo se encontra em situação de subordinação em relação ao poder público. Isso porque, 
o Estado pode impor proibições e obrigações aos cidadãos. 
 
STATUS ATIVO (STATUS ACTIVUS): 
Situações em que os indivíduos influem na formação da vontade do Estado. Ex: direito de voto. 
 
STATUS NEGATIVO (STATUS LIBERTATIS): 
O indivíduo tem direitos de defesa em face do Estado, podendo exigir que o Estado se abstenha 
de interferir na sua autonomia, na sua propriedade, na sua vida, fora das hipóteses estritamente 
legais. Afinal, a autoridade do Estado é exercida sobre homens livres. 
 
STATUS POSITIVO (STATUS CIVITATIS): 
Em certas situações, o indivíduo pode exigir do Estado uma prestação, um fazer. 
Ex: pessoa pode exigir ações concretas voltadas à proteção do meio ambiente. 
ATENÇÃO: As espécies de direitos fundamentais mais frequentes estão relacionadas a teoria dos 
quatro status: 
1) direitos de defesa (status negativo); 
2) direitos a prestações (status positivo); 
3) direitos de participação (status ativo). 
Estado Passivo Indivíduo como detentor de deveres do Estado. Relação de subordinação. 
Estado Negativo A autoridade do Estado se exerce sobre os homens livres. 
Estado Positivo O indivíduo tem direito de exigir que o Estado atue positivamente, 
realizando uma prestação a seu favor. 
Estado Ativo O indivíduo possui competências para influenciar a formação da vontade 
do Estado. Direito de voto. 
 
 
 
50 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Funções dos 
Direitos 
Fundamentais 
FUNÇÕES DE DEFESA (OU DE LIBERDADE): 
Os direitos fundamentais podem servir para evitar abusos do Estado, exigindo um não fazer 
(atuação negativa). Essas funções de defesa relacionam-se com o status negativo e com a 
chamada 1ª geração de direitos fundamentais (ex: proibição de prisão arbitrária). 
 
FUNÇÕES DE PRESTAÇÃO: 
Os direitos fundamentais podem servir para exigir uma atuação positiva do Estado, corporificada 
em prestações materiais (políticas públicas) e também normativas ou legislativas. 
Ex: educação e cultura. Essas funções estão relacionadas ao status positivo e a 2ª geração de 
direitos fundamentais. 
 
FUNÇÕES DE PROTEÇÃO PERANTE TERCEIROS: 
O Prof. Canotilho afirma que muitos direitos impõem um dever aos poderes públicos no sentido 
de proteger perante terceiros os titulares de direitos fundamentais. 
Vedação à proteção deficiente (dimensão do princípio da proporcionalidade): é proibido que o 
Estado preste de maneira deficiente certas garantias. 
Mandados de criminalização: ordens expressas do legislador constituinte, determinando ao 
legislador que alguns fatos sejam criminalizados. 
Ex: art. 5º, XLII CF. 
 
FUNÇÕES DE NÃO-DISCRIMINAÇÃO: 
Os direitos fundamentais podem servir para promover a igualdade material, protegendo as 
minorias. 
Discussão da função contramajoritária do STF: uma das funções do STF é a de exercer oposição 
à vontade da maioria quando essa maioria quer violar direitos das minorias (ex: situações que 
envolvem uniões homoafetivas). 
 
Colisão entre 
os Direitos 
Fundamentais 
 Os direitos fundamentais são dotados de conteúdos nucleares abertos e variados, os quais 
são revelados apenas no caso concreto e nas interações entre si ou quando relacionados com 
outros valores consagrados na Constituição. Destarte, os direitos fundamentais entram em 
colisão entre si, ou podem colidir com outros valores protegidos constitucionalmente. 
 Os direitos fundamentais se apresentam com maior frequência na forma de princípios. E, 
havendo conflito entre princípios, deve-se buscar a conciliação entre eles, aplicando-se cada 
um deles em extensões variadas, conforme a relevância que apresentarem no caso concreto. 
Assim, na busca por soluções conciliadoras diante das colisões de direitos fundamentais, será 
necessário o manuseio do princípio da proporcionalidade e da técnica de ponderação 
 
Hierarquia 
Normativa 
dos Tratados 
de Direitos 
Humanos 
 A Emenda Constitucional nº 45/2004 introduziu o § 3º ao art. 5º, permitindo que tratados 
internacionais de direitos humanos sejam aprovados com status normativo equivalente ao de 
emenda constitucional, desde que observado 0 rito especial de aprovação,idêntico ao de 
aprovação das emendas constitucionais. 
 O STF, a partir de 2008, consagrou a denominada "teoria do duplo estatuto" dos tratados de 
direitos humanos: terão natureza constitucional aqueles aprovados pelo rito do art. 5º, § 3; 
para todos os demais, reconheceu-se a natureza supralegal, para os anteriores ou posteriores 
à emenda constitucional 45/2004, e que tenham sido aprovados pelo rito comum. Foram 
aprovados sob o rito especial previsto no § 3º, do art. 5º, a Convenção da ONU sobre os direitos 
das pessoas com deficiência e seu protocolo facultativo, incorporada, destarte, com status 
normativo equivalente ao de emenda constitucional. 
 
51 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
 
 
 
Direitos Adquiridos e a Nova Constituição / Graus de Retroatividade 
Retroatividade 
Máxima ou 
Restitutória 
A lei nova atinge fatos consumados. 
Retroatividade 
Média 
A lei nova atinge os fatos pendentes de atos jurídicos verificados antes dela. Ou seja, a lei nova 
atinge as prestações vencidas mas ainda não adimplidas. 
Retroatividade 
Mínima, 
Temperada ou 
Mitigada 
A lei nova atinge os efeitos futuros dos atos jurídicos anteriores, verificados após a data em que 
ela entra em vigor. Trata-se de prestações futuras de negócios firmados antes do advento da 
nova lei. 
 
Ponto Cego 
Legislativo 
Ao julgar a ADPF 347/MC que reconheceu o ECI do Sistema Carcerário Brasileiro, o Min. Marco 
Aurélio explicou em seu voto que a matéria relativa à melhoria do sistema prisional está no 
“ponto cego legislativo” (legislative blindspot), uma vez que os parlamentares não discutem 
tal situação com o engajamento que deveriam nas casas legislativas em virtude do “custo 
político” e da impopularidade da matéria no Brasil. Vejamos um trecho do voto do Min. Marco 
Aurélio na ADPF 347/ MC: “É difícil imaginar candidatos que tenham como bandeira de 
campanha a defesa da dignidade dos presos. A rejeição popular faz com que a matéria relativa 
à melhoria do sistema prisional enfrente o que os cientistas políticos chamam de “ponto cego 
legislativo” (legislative blindspot): o debate parlamentar não a alcança. Legisladores e 
governantes temem os custos políticos decorrentes da escolha por esse caminho, acarretando 
a incapacidade da democracia parlamentar e dos governos popularmente eleitos de resolver 
graves problemas de direitos fundamentais. A história possui vários exemplos de agentes 
políticos haverem acionado cortes constitucionais, visando encontrar soluções a casos 
moralmente controvertidos e impopulares e, assim, evitar choques com a opinião púbica. Os 
poderes majoritários apostam no perfil contramajoritário das cortes constitucionais ou 
supremas: condenadas judicialmente a atuar, autoridades públicas se escudam no Estado de 
Direito e no consectário dever de observar ordens judiciais para implementar aquilo que 
teriam feito voluntariamente se não temessem custos políticos”. (CEI – DPE/RJ – Revisão Final 
– Pré-Edital – Direitos Humanos) 
 
52 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
 
 
 
 
 
53 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
 
 
 
*Teoria do Impacto Desproporcional ou Teoria do Impacto Adverso: A teoria do impacto 
desproporcional tem total correlação com princípio da igualdade material. 
Possui a finalidade de impedir toda e qualquer conduta que gere efeitos negativos sobre 
determinados grupos ou indivíduos. 
Igualdade formal - condições igualitárias para todos. 
Igualdade material - é aquela que se preocupa em promover igualdade com políticas de 
equalização social a depender do discrimimen em análise. 
Teoria do impacto desproporcional (ou teoria do impacto adverso): visa aferir e impedir toda e 
qualquer conduta (inclusive legislativa) gere, na prática, efeitos negativos sobre determinados 
54 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
grupos ou indivíduos, ainda que não possua intenção de discriminação. Tem total correlação com 
princípio da igualdade material, na medida em que as políticas públicas originariamente são 
formatadas para colmatar as desigualdades existentes, mas, na sua aplicação, percebe-se que 
houve na verdade é o aumento de nível de desigualdade existente. 
Ex: No STF podemos destacar o julgamento da ADI 1.946, Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento em 
3-4-2003, Plenário, DJ de 16-5-2003, em que se debateu a Emenda Constitucional n. 20/98, que 
limitou os benefícios previdenciários a R$ 1.200,00, discutindo-se a quem caberia pagar a licença-
maternidade no caso da mulher trabalhadora receber salário superior a tal valor. Caso o 
empregador fosse obrigado a pagar a diferença salarial, poderia ser levado a evitar contratar 
mulheres para não ter que arcar com esse custo, causando um impacto negativo na oferta de 
empregos a elas, o que geraria uma desigualdade em relação aos homens. 
Diferenças entre igualmente material x formal: A igualdade formal é aquela preconizada pelo 
liberalismo que garante condições igualitárias sem ingerência estatal com edição de políticas 
públicas voltadas para a promoção de direitos sociais. 
A igualdade material é aquela que se preocupa em promover igualdade com políticas de 
equalização social a depender do discrimen em análise. Preconiza a realização efetiva dos direitos 
a partir de políticas governamentais de cunho legislativo ou administrativo com o objetivo de 
promover a equalização de direitos que não está em sintonia, e se traduz na proteção insuficiente 
a direitos fundamentais verificada na implementação de políticas públicas que possuem na origem 
na ideia de diminuir a desigualdade. 
 
Juris 
selecionadas 
do Buscador 
- Não se pode utilizar verbas do Fundeb para combater à pandemia da Covid-19 - É vedada a 
utilização, ainda que em caráter excepcional, de recursos vinculados ao Fundeb para ações de 
combate à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Ainda que se reconheça a gravidade da 
pandemia da Covid-19 e os seus impactos na economia e nas finanças públicas, nada justifica o 
emprego de verba constitucionalmente vinculada à manutenção e desenvolvimento do ensino 
básico para fins diversos da que ela se destina. STF. Plenário. ADI 6490/PI, Rel. Min. Cármen 
Lúcia, julgado em 18/2/2022 (Info 1044). 
 
- Não há vedação para a fixação de piso salarial em múltiplos do salário mínimo, desde que 
inexistam reajustes automáticos - A fixação do piso salarial em múltiplos do salário mínimo 
mostra-se compatível com o texto constitucional, desde que não ocorra vinculação a reajustes 
futuros. STF. Plenário. ADPF 53 Ref-MC/PI, ADPF 149 Ref-MC/DF e ADPF 171 Ref-MC/MA, Rel. 
Min. Rosa Weber, julgados em 18/2/2022 (Info 1044). No mesmo sentido é a OJ 71, da SBDI-2 
do TST: “A estipulação do salário profissional em múltiplos do salário mínimo não afronta o art. 
7º, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, só incorrendo em vulneração do referido preceito 
constitucional a fixação de correção automática do salário pelo reajuste do salário mínimo.” 
(Info 1044 STF) 
 
 
 
 
 
55 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
- ADPF das favelas 
O STF determinou que: 
1) o Estado do Rio de Janeiro elabore e encaminhe ao STF, no prazo máximo de 90 dias, um plano 
para redução da letalidade policial e controle das violações aos direitos humanos pelas forças de 
segurança, que apresente medidas objetivas, cronogramas específicos e previsão dos recursos 
necessários para a sua implementação. 
2) o emprego e a fiscalização da legalidade do uso da força sejam feitos à luz dos Princípios Básicos 
sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da 
Lei. 
3) seja criado um grupo de trabalho sobre Polícia Cidadã no Observatório de Direitos Humanos 
localizado no ConselhoNacional de Justiça; 
4) nos termos dos Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos 
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, só se justifica o uso da força letal por agentes de 
Estado quando, ressalvada a ineficácia da elevação gradativa do nível da força empregada para 
neutralizar a situação de risco ou de violência, exauridos os demais meios, inclusive os de armas não-
letais, e necessário para proteger a vida ou prevenir um dano sério, decorrente de uma ameaça 
concreta e iminente. 
5) as investigações de incidentes que tenham como vítimas crianças ou adolescentes terão a 
prioridade absoluta; 
6) No caso de buscas domiciliares por parte das forças de segurança do Estado do Rio de Janeiro, 
devem ser observadas as seguintes diretrizes constitucionais, sob pena de responsabilidade: 
(i) a diligência, no caso específico de cumprimento de mandado judicial, deve ser realizada somente 
durante o dia, vedando-se, assim, o ingresso forçado a domicílios à noite; 
(ii) a diligência, quando feita sem mandado judicial, pode ter por base denúncia anônima; 
(iii) a diligência deve ser justificada e detalhada por meio da elaboração de auto circunstanciado, 
que deverá instruir eventual auto de prisão em flagrante ou de apreensão de adolescente por ato 
infracional e ser remetido ao juízo da audiência de custódia para viabilizar o controle judicial 
posterior; e 
(iv) a diligência deve ser realizada nos estritos limites dos fins excepcionais a que se destina. 
7) seja obrigatória a disponibilização de ambulâncias em operações policiais previamente planejadas 
em que haja a possibilidade de confrontos armados, sem prejuízo da atuação dos agentes públicos 
e das operações; 
8) o Estado do Rio de Janeiro, no prazo máximo de 180 dias, instale equipamentos de GPS e sistemas 
de gravação de áudio e vídeo nas viaturas policiais e nas fardas dos agentes de segurança, com o 
posterior armazenamento digital dos respectivos arquivos. STF. Plenário. ADPF 635 MC-ED/RJ, Rel. 
Min. Edson Fachin, julgado em 2 e 3/02/2022 (Info 1042). 
 
- É inconstitucional concessão de descontos lineares nas mensalidades das faculdades privadas 
na pandemia da Covid-19 São inconstitucionais as interpretações judiciais que, unicamente 
fundamentadas na eclosão da pandemia de Covid-19 e no respectivo efeito de transposição de 
aulas presenciais para ambientes virtuais, determinam às instituições privadas de ensino 
superior a concessão de descontos lineares nas contraprestações dos contratos educacionais, 
sem considerar as peculiaridades dos efeitos da crise pandêmica em ambas as partes contratuais 
envolvidas na lide. Tese fixada pelo STF: É inconstitucional decisão judicial que, sem considerar 
as circunstâncias fáticas efetivamente demonstradas, deixa de sopesar os reais efeitos da 
pandemia em ambas as partes contratuais, e determina a concessão de descontos lineares em 
mensalidades de cursos prestados por instituições de ensino superior. STF. Plenário. ADPF 
706/DF e ADPF 713/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 17 e 18/11/2021 (Info 1038). 
 
 
 
 
 
56 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
- É possível obrigar o Estado a fornecer medicamento off label? 
É possível obrigar o Estado a fornecer medicamento off label? 
• Em regra, não é possível que o paciente exija do poder público o fornecimento de 
medicamento para uso off label. 
• Excepcionalmente, será possível que o paciente exija o medicamento caso esse determinado 
uso fora da bula (off label) tenha sido autorizado pela ANVISA. O Estado não é obrigado a 
fornecer medicamento para utilização off label, salvo autorização da ANVISA. STJ. 1ª Seção. 
PUIL 2101-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 10/11/2021 (Info 717). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: João foi diagnosticado com glaucoma e o oftalmologista 
prescreveu determinado colírio indicado para essa enfermidade. O problema é que esse remédio não 
está especificado na lista de medicamentos que o SUS é obrigado a fornecer gratuitamente para a 
população (Portaria 2.982/2009 do Ministério da Saúde). 
 
O juiz pode obrigar que o Estado forneça esse medicamento? O Poder Judiciário pode determinar que 
o Poder Público forneça remédios que não estão previstos na lista do SUS? 
SIM, mas desde que cumpridos três requisitos. Veja o que decidiu o STJ: 
A concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS exige a presença 
cumulativa dos seguintes requisitos: 
a) Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado expedido por médico que 
assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da ineficácia, 
para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS; 
b) incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento prescrito; 
c) existência de registro do medicamento na ANVISA, observados os usos autorizados pela agência. 
STJ. 1ª Seção. EDcl no REsp 1.657.156-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 12/09/2018 (Recurso 
Repetitivo – Tema 106) (Info 633). 
 
Antes de prosseguir na explicação do julgado, é importante entender o que é o uso off label de um 
medicamento 
Off label é uma expressão em inglês que, em tradução literal, significaria “fora de indicação”. 
Off = fora / label = indicação. 
Para que um medicamento seja fabricado ou comercializado no Brasil, ele precisa de registro 
(autorização) na Anvisa. 
Ao pedir o registro de um medicamento, o fabricante ou responsável apresenta à autarquia as indicações 
daquele remédio, ou seja, para quais enfermidades a droga foi testada e aprovada. Essas indicações (e 
sua respectiva eficácia) são baseadas em pesquisas e testes que levam anos para serem concluídos. 
Assim, por exemplo, quando a fabricante do remédio Dorflex foi registrá-lo na Anvisa, ele informou que 
este medicamento foi idealizado e testado para ser utilizado como “relaxante muscular”. Essa é a 
indicação deste remédio. 
Ocorre que, muitas vezes, um medicamento que foi planejado para determinada finalidade, quando 
entra no organismo humano, acaba trazendo outros benefícios que não haviam sido previstos. Esse 
efeito inicialmente não previsto é percebido pelos médicos, que passam a receitar aquele medicamento 
não apenas para aquela indicação inicialmente pensada e sim para outra finalidade que não havia sido 
prevista. 
Quando isso ocorre, dizemos que há a prescrição e o uso do medicamento off label, ou seja, fora da sua 
indicação. 
57 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Assim, o medicamento off label é aquele cujo médico prescreve para uma determinada finalidade que 
não consta expressamente na sua bula. 
O exemplo mais famoso de medicamento off label é o AAS (ácido acetilsalicílico). Este remédio foi 
desenvolvido para ser um mero analgésico. Posteriormente, contudo, percebeu-se que ele servia para 
outras finalidades, como, por exemplo, para a prevenção de infartos. Assim, atualmente, muitos médicos 
prescrevem o AAS para prevenir infartos, mesmo isso não sendo uma indicação oficial do remédio. 
Vejamos agora uma outra situação hipotética que irá explicar o julgado: 
Regina encontra-se com lúpus eritematoso sistêmico (LES), uma doença inflamatória crônica autoimune. 
O médico que está atendendo Regina prescreveu que ela fizesse tratamento com um medicamento 
chamado “Rituximabe 500mg”. Ocorre que esse medicamento Rituximabe não foi autorizado pela 
agência reguladora ANVISA para tratamento de LES. Trata-se, portanto, de uso off label para essa 
enfermidade. 
Diante disso, indaga-se: é possível obrigar o Estado a fornecer medicamento off label? 
Infelizmente, não. 
• Em regra, não é possível que o paciente exija do poder público o fornecimento de medicamento para 
uso off label; 
• Excepcionalmente, será possível que o paciente exija o medicamento caso esse determinado uso fora 
da bula (off label) tenha sido autorizado pelaANVISA. 
 
O Estado não é obrigado a fornecer medicamento para utilização off label, salvo autorização da 
ANVISA. STJ. 1ª Seção. PUIL 2.101-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 10/11/2021 (Info 717). 
 
Muito cuidado porque na prova irão querer confundir você: 
A operadora de plano de saúde não pode negar o fornecimento de tratamento prescrito pelo médico sob 
o pretexto de que a sua utilização em favor do paciente está fora das indicações descritas na bula/manual 
registrado na ANVISA (uso off-label). STJ. 3ª Turma. REsp 1721705-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado 
em 28/08/2018 (Info 632). 
É indevida a recusa do plano de saúde quanto a cobertura de tratamento prescrito pelo médico, ainda 
que experimental, porquanto não compete à operadora a definição do diagnóstico ou do tratamento 
para moléstia coberta pelo plano contratado. STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 1819953/SP, Rel. Min. Moura 
Ribeiro, julgado em 22/06/2021. 
• SUS: em regra, o poder público não é obrigado a fornecer medicamento off label. 
• Saúde suplementar: em regra, o plano de saúde não pode negar tratamento prescrito pelo médico, 
mesmo sendo off label. 
 
- É imune ao pagamento de taxas para registro da regularização migratória o estrangeiro que 
demonstre sua condição de hipossuficiente, nos termos da legislação de regênciaO estrangeiro 
que desejar regularizar sua situação no Brasil, pode fazê-lo por meio de um procedimento 
chamado de “regularização migratória”. Exige-se o pagamento de uma taxa. Ocorre que muitos 
estrangeiros são hipossuficientes e não conseguem pagar o valor exigido. Diante disso, indaga-
se: é possível a dispensa do pagamento dessa taxa caso o estrangeiro seja hipossuficiente? 
SIM. O STF decidiu que o estrangeiro com residência permanente no Brasil, na condição de 
hipossuficiência, está dispensado do pagamento de taxas cobradas para o processo de 
regularização migratória. Não se mostra condizente com a CF a exigência de taxas em face de 
sujeito passivo evidentemente hipossuficiente. Fundamento: art. 5º, LXXVI e LXXVII, da CF/88. 
Tese fixada pelo STF: É imune ao pagamento de taxas para registro da regularização migratória 
o estrangeiro que demonstre sua condição de hipossuficiente, nos termos da legislação de 
regência. 
58 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
STF. Plenário. RE 1018911/RR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/11/2021 (Repercussão Geral – 
Tema 988) (Info 1037). 
 
- Não viola a Constituição Federal a exclusão dos aprendizes do rol de beneficiados por piso 
salarial regional (Info 1035 STF) 
 
- É inconstitucional a Lei 13.454/2017, que havia permitido a comercialização de 
medicamentos anorexígeneos (para emagrecer) mesmo depois de eles terem sido proibidos 
pela Anvisa (Info 1034 STF) 
 
- Os órgãos do SISBIN somente podem fornecer informações à ABIN quando comprovado o 
interesse público e mediante decisão motivada para controle de legalidade pelo Poder 
Judiciário (Info 1033 STF) 
 
- Se o hospital particular atender um paciente do SUS por força de decisão judicial ele deverá 
ser ressarcido com base não na tabela do SUS nem com base nos valores de mercado; o 
ressarcimento ocorrerá com base na tabela da ANS, aplicada por analogia A tabela da Agência 
Nacional de Saúde Suplementar (ANS) deve servir de parâmetro para o pagamento dos serviços 
de saúde prestados por hospital particular, em cumprimento de ordem judicial, em favor de 
paciente do SUS. 
Tese fixada pelo STF: “O ressarcimento de serviços de saúde prestados por unidade privada em 
favor de paciente do Sistema Único de Saúde, em cumprimento de ordem judicial, deve utilizar 
como critério o mesmo que é adotado para o ressarcimento do Sistema Único de Saúde por 
serviços prestados a beneficiários de planos de saúde”. STF. Plenário. RE 666094/DF, Rel. Min. 
Roberto Barroso, julgado em 30/09/2021 (Repercussão Geral – Tema 1033) (Info 1032). 
 
- STF determinou que a União enviasse ao Estado-membro as vacinas necessárias para a 
aplicação da segunda dose dentro do prazo estipulado nas bulas dos fabricantes e autorizado 
pela Anvisa A súbita modificação da sistemática de distribuição dos imunizantes contra Covid-
19 pela União — com abrupta redução do número de doses — evidencia a possibilidade de 
frustração do planejamento sanitário estabelecido pelos entes federados. 
STF. Plenário. ACO 3518 MC-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 14/9/2021 (Info 
1029). 
 
- O princípio da reparação integral do dano, por si só, não justifica a imposição do ônus de 
publicar o inteiro teor da sentença condenatória Não é cabível a condenação de empresa 
jornalística à publicação do resultado da demanda quando o ofendido não tenha pleiteado 
administrativamente o direito de resposta ou retificação de matéria divulgada, publicada ou 
transmitida por veículo de comunicação social no prazo decadencial estabelecido no art. 3º da 
Lei nº 13.188/2015, bem ainda, à adequação do montante indenizatório fixado. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1867286-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 24/08/2021 (Info 706). 
 
- Não existe no Brasil a candidatura nata, ou seja, o direito de o titular do mandato eletivo ser, 
obrigatoriamente, escolhido e registrado pelo partido como candidato à reeleição (Info 1026 
STF) 
 
- STF determinou, como tutela provisória incidental na ADPF, que a União adote providências 
para assegurar a vida, a saúde e a segurança de povos indígenas Cabível o deferimento de 
tutela provisória incidental em arguição de descumprimento de preceito fundamental para 
adoção de todas as providências indispensáveis para assegurar a vida, a saúde e a segurança de 
povos indígenas vítimas de ilícitos e problemas de saúde decorrentes da presença de invasores 
de suas terras, em situação agravada pelo curso da pandemia ocasionada pelo novo coronavírus 
59 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
(Covid-19). STF. Plenário. ADPF 709 TPI-Ref/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 
18/6/2021 (Info 1022). 
 
- Estado pode ser obrigado a fornecer medicamento não registrado na ANVISA, se a sua 
importação estiver autorizada, ele se mostrar imprescindível ao tratamento e houver 
incapacidade financeira do paciente Constatada a incapacidade financeira do paciente, o 
Estado deve fornecer medicamento que, apesar de não possuir registro sanitário, tem a 
importação autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para tanto, devem 
ser comprovadas a imprescindibilidade do tratamento e a impossibilidade de substituição por 
outro similar constante das listas oficiais de dispensação e dos protocolos de intervenção 
terapêutica do Sistema Único de Saúde (SUS). Tese fixada pelo STF: Cabe ao Estado fornecer, em 
termos excepcionais, medicamento que, embora não possua registro na Anvisa, tem a sua 
importação autorizada pela agência de vigilância sanitária, desde que comprovada a 
incapacidade econômica do paciente, a imprescindibilidade clínica do tratamento, e a 
impossibilidade de substituição por outro similar constante das listas oficiais de dispensação de 
medicamentos e os protocolos de intervenção terapêutica do SUS. STF. Plenário. RE 
1165959/SP, Rel. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 
18/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 1161) (Info 1022). 
 
- Os empregados de entidades sindicais podem associar-se entre si para a criação de entidade 
de representação sindical própria (Info 1020 STF) 
 
- STF determinou que a União adote todas as medidas legais necessárias para viabilizar a 
realização do Censo, inclusive com a previsão dos créditos orçamentários necessários à 
pesquisa (Info 1021 STF) 
 
- É possível condenar judicialmente Estado ou Município a investir na saúde os valores 
mínimos que não foram aplicados em anos anteriores É compatível com a Constituição Federal 
controle judicial a tornar obrigatória a observância, tendo em conta recursos orçamentários 
destinadosà saúde, dos percentuais mínimos previstos no artigo 77 do Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias, considerado período anterior à edição da Lei Complementar nº 
141/2012. STF. Plenário. RE 858075/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. 
Roberto Barroso, julgado em 14/5/2021 (Repercussão Geral – Tema 818) (Info 1017). 
 
- É inconstitucional lei estadual que obriga que as escolas e bibliotecas públicas tenham um 
exemplar da Bíblia A imposição legal de manutenção de exemplares de Bíblias em escolas e 
bibliotecas públicas estaduais configura contrariedade à laicidade estatal e à liberdade religiosa 
consagrada pela Constituição da República de 1988. STF. Plenário. ADI 5258/AM, Rel. Min. 
Cármen Lúcia, julgado em 12/4/2021 (Info 1012). 
 
- É constitucional a chamada cota de tela, ou seja, a obrigatoriedade de que os cinemas 
brasileiros exibam filmes nacionais durante um número mínimo de dias por ano São 
constitucionais a cota de tela, consistente na obrigatoriedade de exibição de filmes nacionais 
nos cinemas brasileiros, e as sanções administrativas decorrentes de sua inobservância. A 
denominada “cota de tela” promove intervenção voltada a viabilizar a efetivação do direito à 
cultura, sem, por outro lado, atingir o núcleo dos direitos à livre iniciativa, à livre concorrência e 
à propriedade privada, apenas adequando as liberdades econômicas à sua função social. STF. 
Plenário. RE 627432/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/3/2021 (Repercussão Geral – Tema 
704) (Info 1010). 
 
60 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
- O Bolsa Família é um programa de transferência direta de renda, voltado a famílias de todo 
o País, de modo a fazer frente a situação de pobreza e vulnerabilidade; logo, não se pode fazer 
restrição em relação à região ou ao Estado do beneficiário (Info 985 STF). 
 
- É constitucional lei estadual que concede o desconto de 50% no valor dos ingressos em casas 
de diversões, praças desportivas e similares aos jovens de até 21 anos de idade. STF. Plenário. 
ADI 2163/RJ, rel. orig. Min. Eros Grau, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 
12/4/2018 (Info 897) 
 
- É constitucional a exigência editalícia de percentuais mínimos e máximos para a exibição da 
programação especial de produção local em processos seletivos de outorga dos serviços de 
radiodifusão São constitucionais os procedimentos licitatórios que exijam percentuais mínimos 
e máximos a serem observados pelas emissoras de rádio na produção e transmissão de 
programas culturais, artísticos e jornalísticos locais, nos termos do art. 221 da Constituição 
Federal. STF. Plenário. RE 1070522/PE, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/3/2021 (Repercussão 
Geral – Tema 1013) (Info 1010). 
 
 
- Estados e Municípios podem restringir temporariamente atividades religiosas coletivas 
presenciais a fim de evitar a proliferação da Covid-19 (Info 1012 STF). 
- Em condições de recrudescimento da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), não é 
constitucionalmente aceitável qualquer retrocesso nas políticas públicas de saúde, como a que 
resulta em decréscimo no número de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) habilitados 
(custeados) pela União. STF. Plenário. ACO 3473 MC-Ref/DF, ACO 3474 ... 
 
- A redução da transparência dos dados referentes à Covid-19 viola o direito de acesso à 
informação, os princípios da publicidade e transparência da Administração Pública e o direito 
à saúde (STF). 
 
- Magistrado integrante de tribunal pode decidir monocraticamente sobre a concessão de 
efeito suspensivo a recurso interposto em face de decisão proferida segundo o rito especial 
do direito de resposta (Info 1009 STF). 
 
- União não pode requisitar seringas e agulhas que já foram contratadas pelo Estado-membro 
para o plano estadual de imunização e que ainda estão na indústria, apesar de já terem sido 
empenhados É incabível a requisição administrativa, pela União, de bens insumos contratados 
por unidade federativa e destinados à execução do plano local de imunização, cujos pagamentos 
já foram empenhados. A requisição administrativa não pode se voltar contra bem ou serviço de 
outro ente federativo. Isso para que não haja indevida interferência na autonomia de um sobre 
outro. STF. Plenário. ACO 3463 MC-Ref/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 8/3/2021 
(Info 1008 STF). 
 
- É inconstitucional a resolução do Conselho Federal de Psicologia que proíbe a 
comercialização e o uso dos testes psicológicos para indivíduos que não sejam psicólogos (Info 
1008 STF) 
 
- STF determinou que governo deveria detalhar a ordem de preferência na vacinação dentro 
dos grupos prioritários (quem deveria ser vacinado primeiro dentro do grupo prioritário). 
 
- Estados, Distrito Federal e Municípios podem importar vacinas? 1) Em princípio, as vacinas a 
serem oferecidas contra a covid-19 são aquelas incluídas no Plano Nacional de 
Operacionalização da Vacinação elaborado pela União; 2) Se o plano for descumprido pela União 
61 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
ou se ele não atingir cobertura imunológica tempestiva e suficiente contra a doença, os Estados, 
DF e Municípios poderão dispensar (conceder) à população as vacinas que esses entes 
possuírem, desde que tenham sido previamente aprovadas pela Anvisa; 3) Se a Anvisa não 
expedir a autorização competente, no prazo de 72 horas, os Estados, DF e Municípios poderão 
importar e distribuir vacinas que já tenham sido registradas nos EUA (EUA), na União Europeia 
(EMA), no Japão (PMDA) ou na China (NMPA). Além disso, tais entes poderão também importar 
e distribuir quaisquer outras vacinas que já tenham sido aprovadas, em caráter emergencial 
(Resolução DC/ANVISA 444, de 10/12/2020), pela ANVISA. Nas exatas palavras do STF: Os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no caso de descumprimento do Plano Nacional de 
Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 ou na hipótese de cobertura imunológica 
intempestiva e insuficiente, poderão dispensar às respectivas populações: a) vacinas das quais 
disponham, previamente aprovadas pela Anvisa; e b) no caso não expedição da autorização 
competente, no prazo de 72 horas, vacinas registradas por pelo menos uma das autoridades 
sanitárias estrangeiras e liberadas para distribuição comercial nos respectivos países, bem como 
quaisquer outras que vierem a ser aprovadas, em caráter emergencial. STF. Plenário. ADPF 770 
MC-Ref/DF e ACO 3451 MC-Ref/MA, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 24/2/2021 (Info 
1006). 
 
- É dever do Poder Público elaborar e implementar plano para o enfrentamento da pandemia 
COVID-19 nas comunidades quilombolas O STF determinou que a União elaborasse plano de 
combate à Covid-19 para população quilombola, com a participação de representantes da 
Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – Conaq. 
Além disso, o STF deferiu pedido para suspender os processos judiciais, notadamente ações 
possessórias, reivindicatórias de propriedade, imissões na posse, anulatórias de processos 
administrativos de titulação, bem como os recursos vinculados a essas ações, sem prejuízo dos 
direitos territoriais das comunidades quilombolas até o término da pandemia. STF. Plenário. 
ADPF 742/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 
24/2/2021 (Info 1006). 
 
- Poder Público pode determinar a vacinação compulsória contra a Covid-19 (o que é diferente 
de vacinação forçada) O STF julgou parcialmente procedente ADI, para conferir interpretação 
conforme à Constituição ao art. 3º, III, “d”, da Lei nº 13.979/2020. Ao fazer isso, o STF disse que 
o Poder Público pode determinar aos cidadãos que se submetam, compulsoriamente, à 
vacinação contra a Covid-19, prevista na Lei nº 13.979/2020. O Estado pode impor aos cidadãos 
que recusem a vacinação as medidas restritivas previstas em lei (multa, impedimento de 
frequentardeterminados lugares, fazer matrícula em escola), mas não pode fazer a imunização 
à força. Também ficou definido que os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios têm 
autonomia para realizar campanhas locais de vacinação. A tese fixada foi a seguinte: (A) A 
vacinação compulsória não significa vacinação forçada, por exigir sempre o consentimento do 
usuário, podendo, contudo, ser implementada por meio de medidas indiretas, as quais 
compreendem, dentre outras, a restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de 
determinados lugares, desde que previstas em lei, ou dela decorrentes, e (i) tenham como base 
evidências científicas e análises estratégicas pertinentes, (ii) venham acompanhadas de ampla 
informação sobre a eficácia, segurança e contraindicações dos imunizantes, (iii) respeitem a 
dignidade humana e os direitos fundamentais das pessoas; (iv) atendam aos critérios de 
razoabilidade e proporcionalidade, e (v) sejam as vacinas distribuídas universal e gratuitamente; 
e (B) tais medidas, com as limitações acima expostas, podem ser implementadas tanto pela 
União como pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitadas as respectivas esferas de 
competência. STF. Plenário. ADI 6586, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 17/12/2020. 
(Info 1003) 
 
62 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
- É ilegítima a recusa dos pais à vacinação compulsória de filho menor por motivo de convicção 
filosófica 
É constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão 
de vigilância sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações ou (ii) tenha 
sua aplicação obrigatória determinada em lei ou (iii) seja objeto de determinação da União, 
estado, Distrito Federal ou município, com base em consenso médico-científico. Em tais casos, 
não se caracteriza violação à liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais ou 
responsáveis, nem tampouco ao poder familiar. STF. Plenário. ARE 1267879/SP, Rel. Min. 
Roberto Barroso, julgado em 16 e 17/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 1103) (Info 1003). 
 
O que se entende por aviso prévio para os fins do direito de reunião do art. 5º, XVI, da CF/88? 
O art. 5º, XVI, da CF/88 prevê o direito de reunião nos seguintes termos: XVI - todos podem 
reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de 
autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo 
local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; Qual é o sentido de “prévio 
aviso” mencionado pelo dispositivo constitucional? O STF fixou a seguinte tese: A exigência 
constitucional de aviso prévio relativamente ao direito de reunião é satisfeita com a 
veiculação de informação que permita ao poder público zelar para que seu exercício se dê de 
forma pacífica ou para que não frustre outra reunião no mesmo local. STF. Plenário. RE 
806339/SE, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 
14/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 855) (Info 1003). 
 
- STF determina que Ministério da Saúde faça a divulgação integral de dados sobre Covid-19 A 
redução da transparência dos dados referentes à pandemia de COVID-19 representa violação a 
preceitos fundamentais da Constituição Federal, nomeadamente o acesso à informação, os 
princípios da publicidade e transparência da Administração Pública e o direito à saúde. STF. 
Plenário. ADPF 690 MC-Ref/DF, ADPF 691 MC-Ref/DF e ADPF 692 MC-Ref/DF, Rel. Min. 
Alexandre de Moraes, julgado em 20/11/2020 (Info 1000). 
 
-Viola a liberdade de expressão a decisão de retirar da Netflix o especial de Natal do Porta dos 
Fundos porque seu conteúdo satiriza crenças e valores do cristianismo Retirar de circulação 
produto audiovisual disponibilizado em plataforma de “streaming” apenas porque seu conteúdo 
desagrada parcela da população, ainda que majoritária, não encontra fundamento em uma 
sociedade democrática e pluralista como a brasileira. STF. 2ª Turma. Rcl 38782/RJ, Rel. Min. 
Gilmar Mendes, julgado em 3/11/2020 (Info 998). 
 
- Inconstitucionalidade da Lei 13.269/2016, que autorizou o uso da fosfoetanolamina sintética 
(Info 996 STF) 
 
- É inconstitucional lei que preveja requisitos diferentes entre homens e mulheres para que 
recebam pensão por morte (Repercussão Geral – Tema 457) (Info 994 STF). 
 
- A exigência de que o leiloeiro preste caução para o exercício da profissão é compatível com 
a Constituição, não havendo ofensa ao art. 5º, XIII, tendo em vista (Repercussão Geral – 
Tema 457) (Info 994 STF). 
 
- A EC 20/98 ampliou a proibição do trabalho infantil ao elevar de 14 para 16 anos a idade 
mínima permitida para o trabalho; essa alteração é constitucional e tem por objetivo proteger 
as crianças e adolescentes (Info 994 STF). 
 
- Jornal poderá acessar dados sobre mortes registradas em ocorrências policiais Caso concreto: 
o jornal Folha de São Paulo pediu para que o Governo do Estado fornecesse informações 
63 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
relacionadas a mortes registradas pela polícia em boletins de ocorrência. O pedido foi negado 
sob o fundamento de que, apesar de terem natureza pública, esses dados deveriam ser 
divulgados com cautela e não seriam indispensáveis para o trabalho jornalístico. O STJ não 
concordou e afirmou que não cabe à administração pública ou ao Poder Judiciário discutir o uso 
que se pretende dar à informação de natureza pública. A informação, por ser pública, deve 
estar disponível ao público, independentemente de justificações ou considerações quanto aos 
interesses a que se destina. Não se pode vedar o exercício de um direito – acessar a informação 
pública – pelo mero receio do abuso no exercício de um outro e distinto direito – o de livre 
comunicar. Em suma: veículo de imprensa jornalística possui direito líquido e certo de obter 
dados públicos sobre óbitos relacionados a ocorrências policiais. STJ. 2ª Turma. REsp 1852629-
SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 06/10/2020 (Info 682). 
 
- A determinação judicial para identificação dos usuários que operaram em determinada área 
geográfica, suficientemente fundamentada, não ofende a proteção à privacidade e à 
intimidade A quebra do sigilo de dados armazenados não obriga a autoridade judiciária a indicar 
previamente as pessoas que estão sendo investigadas, até porque o objetivo precípuo dessa 
medida é justamente de proporcionar a identificação do usuário do serviço ou do terminal 
utilizado. Logo, a ordem judicial para quebra do sigilo dos registros, delimitada por parâmetros 
de pesquisa em determinada região e por período de tempo, não se mostra medida 
desproporcional, porquanto, tendo como norte a apuração de gravíssimos crimes, não impõe 
risco desmedido à privacidade e à intimidade dos usuários possivelmente atingidos por tal 
diligência. STJ. 3ª Seção. RMS 61302-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/08/2020 
(Info 678). 
 
- É inconstitucional lei estadual que inclua no conceito de “manutenção e desenvolvimento do 
ensino”, para os fins do art. 212 da CF/88, o pagamento dos servidores inativos da área da 
educação, em arrepio às disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Info 
990 STF). 
 
- É inconstitucional lei estadual que proíba a Administração Pública de contratar empresa que 
tenha tido empregado condenado por crime ou contravenção relacionados com a prática de 
atos discriminatórios - É inconstitucional lei estadual que proíba que a Administração Pública 
contra empresa cujo diretor, gerente ou empregado tenha sido condenado por crime ou 
contravenção relacionados com a prática de atos discriminatórios. Essa lei viola os princípios da 
intransmissibilidade da pena, da responsabilidade pessoal e do devido processo legal. STF. 
Plenário. ADI 3092, Rel. Marco Aurélio, julgado em 22/06/2020 (Info 987 – clipping). 
 
- O art.522 da CLT, que prevê um número máximo empregados que podem ser dirigentes 
sindicais, é compatível com a CF/88 e não viola a garantia da liberdade sindical (STF) 
 
- É cabível, em tese, ADO pedindo a instituição de pagamento de valor mínimo em favor dos 
mais necessitados durante situação de calamidade pública decorrente de pandemia (Info 975 
STF). 
 
- É inconstitucional lei municipal que proíba a divulgação de material com referência a 
“ideologia de gênero” nas escolas municipais Compete privativamente à União legislar sobre 
diretrizes e bases da educação nacional (art. 22, XXIV, da CF), de modo que os Municípios não 
têm competência para editar lei proibindo a divulgação de material com referência a “ideologia 
de gênero” nas escolas municipais. Existe inconstitucionalidade formal. Há também 
inconstitucionalidade material nessa lei. Lei municipal proibindo essa divulgação viola: • a 
liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber (art. 206, II, 
CF/88); e • o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas (art. 206, III). Essa lei contraria 
64 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
ainda um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, que é a promoção do 
bem de todos sem preconceitos (art. 3º, IV, CF/88). Por fim, essa lei não cumpre com o dever 
estatal de promover políticas de inclusão e de igualdade, contribuindo para a manutenção da 
discriminação com base na orientação sexual e identidade de gênero. STF. Plenário. ADPF 457, 
Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 27/04/2020. 
 
- A proibição da entrevista com Adélio Bispo, autor da facada contra Jair Bolsonaro, não 
significou censura nem restrição indevida à liberdade de imprensa (Info 973 STF). 
 
- É inconstitucional lei distrital que preveja percentual de vagas nas universidades públicas 
reservadas para alunos que estudaram nas escolas públicas do Distrito Federal, excluindo, 
portanto, alunos de escolas públicas de outros Estados da Federação (STF). 
 
- Pulverização aérea de inseticida contra Aedes aegypti precisa de autorização prévia de 
autoridades sanitária e ambiental e comprovação científica da eficácia da medida (Info 951 
STF). 
 
- Se o indivíduo possui contra si uma condenação criminal transitada em julgado, ele não 
poderá ser vigilante, mesmo que já tenha cumprido a pena há mais de 5 anos Viola o princípio 
da presunção de inocência o impedimento de participação ou registro de curso de formação ou 
reciclagem de vigilante, por ter sido verificada a existência de inquérito ou ação penal não 
transitada em julgado. Assim, não havendo sentença condenatória transitada em julgado, o 
simples fato de existir um processo penal em andamento não pode ser considerada antecedente 
criminal para o fim de impedir que o vigilante se matricule no curso de reciclagem. STJ. 2ª Turma. 
REsp 1597088/PE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/08/2017. A existência de 
condenação criminal transitada em julgado impede o exercício da atividade profissional de 
vigilante por ausência de idoneidade moral. STJ. 2ª Turma. REsp 1666294-DF, Rel. Min. Herman 
Benjamin, julgado em 05/09/2019 (Info 658). 
 
- É possível a determinação judicial ao fornecimento de medicamentos com base em 
prescrição elaborada por médico particular, não se podendo exigir que a receita seja subscrita 
por profissional vinculado ao SUS. É possível a determinação judicial ao fornecimento de 
medicamentos com base em prescrição elaborada por médico particular, não se podendo 
exigir que a receita seja subscrita por profissional vinculado ao SUS. STJ. 2ª Turma. AREsp 
1534208/RN, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 20/08/2019. STJ. 1ª Turma. AgInt no RMS 
47.529/SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 17/06/2019. Isto porque, segundo 
a jurisprudência do STJ, a escolha do medicamento compete a médico habilitado e conhecedor 
do quadro clínico do paciente, podendo ser tanto um profissional particular quanto um da 
rede pública. O que é imprescindível é a comprovação da necessidade médica e da 
hipossuficiência econômica. STJ. 2ª Turma. REsp 1794059/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, 
julgado em 22/04/2019. 
 
- É inconstitucional lei que autorize o trabalho de gestantes e lactantes em atividades 
insalubres (Info 942 STF). 
 
- Fornecimento pelo Poder Judiciário de medicamentos não registrados pela ANVISA 
Fornecimento pelo Poder Judiciário de medicamentos não registrados pela ANVISA 
1. O Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais. 
2. A ausência de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) impede, como regra 
geral, o fornecimento de medicamento por decisão judicial. 
65 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
3. É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro sanitário, 
em caso de mora irrazoável da Anvisa em apreciar o pedido (prazo superior ao previsto na Lei 
13.411/2016), quando preenchidos três requisitos: 
a) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso de 
medicamentos órfãos para doenças raras e ultrarraras); 
b) a existência de registro do medicamento em renomadas agências de regulação no exterior; 
e 
c) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil. 
4. As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa deverão 
necessariamente ser propostas em face da União. STF. Plenário. RE 657718/MG, rel. orig. Min. 
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 22/5/2019 (repercussão geral) 
(Info 941). 
Responsabilidade pelo fornecimento do medicamento ou pela realização do tratamento de 
saúde O tratamento médico adequado aos necessitados se insere no rol dos deveres do Estado, 
porquanto responsabilidade solidária dos entes federados. O polo passivo pode ser composto 
por qualquer um deles, isoladamente, ou conjuntamente. A fim de otimizar a compensação 
entre os entes federados, compete à autoridade judicial, diante dos critérios constitucionais de 
descentralização e hierarquização, direcionar, caso a caso, o cumprimento conforme as regras 
de repartição de competências e determinar o ressarcimento a quem suportou o ônus 
financeiro. As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na ANVISA 
deverão necessariamente ser propostas em face da União. STF. Plenário. RE 855178 ED/SE, rel. 
orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2019 (Info 941). 
 
Atenção para não confundir os julgados!!!!!! 
 
Requisitos para a concessão judicial de medicamentos não previstos pelo SUS 
A concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS exige a presença 
cumulativa dos seguintes requisitos: 
a) Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado expedido por 
médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim 
como da ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS; 
b) incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento prescrito; 
c) existência de registro do medicamento na ANVISA, observados os usos autorizados pela 
agência. 
STJ. 1ª Seção. EDcl no REsp 1.657.156-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 12/09/2018 
(recurso repetitivo) (Info 633). 
 
- A suspensão de direitos políticos prevista no art. 15, III, da CF, aplica-se tanto para 
condenados a penas privativas de liberdade como também a penas restritivas de direitos A 
suspensão de direitos políticos prevista no art. 15, III, da Constituição Federal, aplica-se no caso 
de substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos. Havendo condenação 
criminal transitada em julgado, a pessoa condenada fica com seus direitos políticos suspensos 
tanto no caso de pena privativa de liberdade como na hipótese de substituição por pena 
restritiva de direitos. Veja o dispositivo constitucional:Art. 15. É vedada a cassação de direitos 
políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: III - condenação criminal transitada 
em julgado, enquanto durarem seus efeitos; STF. Plenário. RE 601182/MG, Rel. Min. Marco 
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 8/5/2019 (repercussão geral) (Info 
939). 
 
66 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
- É constitucional lei estadual que permite o sacrifício de animais em cultos de religiões de 
matriz africana É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade 
religiosa, permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana. STF. 
Plenário. RE 494601/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado 
em 28/3/2019 (Info 935). 
 
- É indispensável o registro do sindicato no Ministério do Trabalho para poder ingressar em 
juízo na defesa de seus filiados (Info 931 STF). 
 
- É possível que o magistrado condene o autor da ofensa a divulgar a sentença condenatória 
nos mesmos veículos de comunicação em que foi cometida a ofensa à honra (Info 642 STJ). 
 
- Não há vedação para a fixação de piso salarial em múltiplos do salário mínimo, desde que 
inexistam reajustes automáticos (STF). 
 
- O STJ não pode determinar que as companhias aéreas ofereçam transporte gratuito para 
pessoas com deficiência com base em um exercício hermenêutico da Lei nº 8.899/94 A Lei nº 
8.899/94 previu que as pessoas com deficiência possuem direito à gratuidade no transporte 
coletivo interestadual. Esta Lei foi regulamentada pela Portaria Interministerial nº 003/2001, 
que, no entanto, afirmou que apenas as empresas de transporte rodoviário, ferroviário e 
aquaviário teriam o dever de oferecer essa gratuidade. Houve, assim, uma omissão quanto ao 
transporte aéreo. O MP propôs ação civil pública na qual pretendia garantir a gratuidade 
também no transporte aéreo. Ao julgar um recurso neste processo, o STJ afirmou que não 
poderia conceder o pedido. Isso porque: O STJ não possui competência constitucional para 
ampliar os modais de transporte interestadual submetidos ao regime da gratuidade prevista na 
Lei nº 8.899/94 e nos atos normativos secundários que a regulamentam. STJ. 4ª Turma. REsp 
1155590-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 27/11/2018 (Info 640). 
 
- Violam a CF/88 os atos de busca e apreensão de materiais de cunho eleitoral e a suspensão 
de atividades de divulgação de ideias em universidades públicas e privadas São 
inconstitucionais os atos judiciais ou administrativos que determinem ou promovam: • o 
ingresso de agentes públicos em universidades públicas e privadas; • o recolhimento de 
documentos (ex: panfletos); • a interrupção de aulas, debates ou manifestações de docentes e 
discentes universitários; • a realização de atividade disciplinar docente e discente e a coleta 
irregular de depoimentos desses cidadãos pela prática de manifestação livre de ideias e 
divulgação do pensamento nos ambientes universitários ou em equipamentos sob a 
administração de universidades públicas e privadas. STF. Plenário. ADPF 548 MC-Ref/DF, Rel. 
Min. Cármen Lúcia, julgado em 31/10/2018 (Info 922). 
 
- Colégios Militares do Exército podem cobrar mensalidade dos seus alunos (Info 921 STF). 
 
- A vedação ao exercício de três mandatos consecutivos pelo mesmo núcleo familiar aplica-se 
também na hipótese em que um dos mandatos tenha sido para suceder o eleito que foi 
cassado (Info 921 STF) 
 
- É garantida a estabilidade à empregada gestante mesmo que no momento em que ela tenha 
sido demitida pelo empregador ele não soubesse de sua gravidez A incidência da estabilidade 
prevista no art. 10, II, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) somente exige 
a anterioridade da gravidez à dispensa sem justa causa. Art. 10. (...) II - fica vedada a dispensa 
arbitrária ou sem justa causa: (...) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até 
cinco meses após o parto. O único requisito exigido é de natureza biológica. Exige-se apenas a 
comprovação de que a gravidez tenha ocorrido antes da dispensa arbitrária, não sendo 
67 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
necessários quaisquer outros requisitos, como o prévio conhecimento do empregador ou da 
própria gestante. Assim, é possível assegurar a estabilidade à gestante mesmo que no momento 
em que ela tenha sido demitida pelo empregador ele não soubesse de sua gravidez. STF. 
Plenário. RE 629053/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado 
em 10/10/2018 (repercussão geral) (Info 919). 
 
- Não é possível, atualmente, o homeschooling no Brasil Não é possível, atualmente, o ensino 
domiciliar (homeschooling) como meio lícito de cumprimento, pela família, do dever de prover 
educação. Não há, na CF/88, uma vedação absoluta ao ensino domiciliar. A CF/88, apesar de não 
o prever expressamente, não proíbe o ensino domiciliar. No entanto, o ensino domiciliar não 
pode ser atualmente exercido porque não há legislação que regulamente os preceitos e as regras 
aplicáveis a essa modalidade de ensino. Assim, o ensino domiciliar somente pode ser 
implementado no Brasil após uma regulamentação por meio de lei na qual sejam previstos 
mecanismos de avaliação e fiscalização, devendo essa lei respeitar os mandamentos 
constitucionais que tratam sobre educação. STF. Plenário. RE 888815/RS, rel. orig. Min. Roberto 
Barroso, red. p/ o acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 12/9/2018 (repercussão geral) 
(Info 915). 
 
- Constitucionalidade das idades mínimas para ingresso na educação infantil e no ensino 
fundamental São constitucionais a exigência de idade mínima de quatro e seis anos para 
ingresso, respectivamente, na educação infantil e no ensino fundamental, bem como a fixação 
da data limite de 31 de março para que referidas idades estejam completas. STF. Plenário. 
ADPF 292/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 1º/8/2018 (Info 909). É constitucional a exigência 
de 6 (seis) anos de idade para o ingresso no ensino fundamental, cabendo ao Ministério da 
Educação a definição do momento em que o aluno deverá preencher o critério etário. STF. 
Plenário. ADC 17/DF, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, jugado em 
1º/8/2018 (Info 909). As Resoluções nº 01/2010 e nº 06/2010, ambas emanadas da Câmara de 
Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE/CEB), ao estabelecerem corte etário 
para ingresso de crianças na primeira série do ensino fundamental (6 anos completos até 31 de 
março do correspondente ano letivo), não incorreram em contexto de ilegalidade (não violaram 
a lei). Ao contrário, tais Resoluções encontram respaldo na interpretação conjunta dos arts. 29 
e 32 da Lei nº 9.394/96 (LDB). O Poder Judiciário não pode substituir-se às autoridades públicas 
de educação para fixar ou suprimir requisitos para o ingresso de crianças no ensino 
fundamental, quando os atos normativos de regência não revelem traços de ilegalidade, 
abusividade ou ilegitimidade. STJ. 1ª Turma. REsp 1412704/PE, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado 
em 16/12/2014. 
 
- É constitucional a lei que extinguiu a contribuição sindical obrigatória (Info 908 STF) 
 
- Cabe reclamação contra decisão judicial que determina retirada de matéria jornalística de 
blog - Uma decisão judicial determinou a retirada de matéria de “blog” jornalístico, bem como 
a proibição de novas publicações, por haver considerado a notícia ofensiva à honra de delegado 
da polícia federal. Essa decisão afronta o que o STF decidiu na ADPF 130/DF, que julgou não 
recepcionada a Lei de Imprensa. A ADPF 130/DF pode ser utilizada como parâmetro para 
ajuizamento de reclamação que verse sobre conflito entre a liberdade de expressão e de 
informação e a tutela das garantias individuais relativas aos direitos de personalidade. A 
determinação de retirada de matéria jornalística afronta a liberdade deexpressão e de 
informação, além de constituir censura prévia. Essas liberdades ostentam preferência em 
relação ao direito à intimidade, ainda que a matéria tenha sido redigida em tom crítico. O 
Supremo assumiu, mediante reclamação, papel relevante em favor da liberdade de expressão, 
para derrotar uma cultura censória e autoritária que começava a se projetar no Judiciário. STF. 
1ª Turma. Rcl 28747/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ ac. Min. Luiz Fux, julgado em 
68 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
5/6/2018 (Info 905). Sobre o mesmo tema: STF. 1ª Turma. Rcl 22328/RJ, Rel. Min. Roberto 
Barroso, julgado em 6/3/2018 (Info 893). 
 
- É inconstitucional norma que proíbe proselitismo em rádios comunitárias É inconstitucional 
o § 1º do art. 4º da Lei nº 9.612/98. Esse dispositivo proíbe, no âmbito da programação das 
emissoras de radiodifusão comunitária, a prática de proselitismo, ou seja, a transmissão de 
conteúdo tendente a converter pessoas a uma doutrina, sistema, religião, seita ou ideologia. O 
STF entendeu que essa proibição afronta os arts. 5º, IV, VI e IX, e 220, da Constituição Federal. 
A liberdade de pensamento inclui o discurso persuasivo, o uso de argumentos críticos, o 
consenso e o debate público informado e pressupõe a livre troca de ideias e não apenas a 
divulgação de informações. STF. Plenário. ADI 2566/DF, rel. orig. Min. Alexandre de Moraes, red. 
p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 16/5/2018 (Info 902). 
 
- Dados obtidos com a quebra de sigilo bancário não podem ser divulgados abertamente em 
site oficial Os dados obtidos por meio da quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal devem 
ser mantidos sob reserva. Assim, a página do Senado Federal na internet não pode divulgar os 
dados obtidos por meio da quebra de sigilo determinada por comissão parlamentar de inquérito 
(CPI). STF. Plenário. MS 25940, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/4/2018 (Info 899). 
 
- Cabe reclamação contra decisão judicial que determina retirada de matéria jornalística de 
site O STF tem sido mais flexível na admissão de reclamação em matéria de liberdade de 
expressão, em razão da persistente vulneração desse direito na cultura brasileira, inclusive por 
via judicial. No julgamento da ADPF 130, o STF proibiu enfaticamente a censura de publicações 
jornalísticas, bem como tornou excepcional qualquer tipo de intervenção estatal na divulgação 
de notícias e de opiniões. A liberdade de expressão desfruta de uma posição preferencial no 
Estado democrático brasileiro, por ser uma pré-condição para o exercício esclarecido dos demais 
direitos e liberdades. A retirada de matéria de circulação configura censura em qualquer 
hipótese, o que se admite apenas em situações extremas. Assim, em regra, a colisão da liberdade 
de expressão com os direitos da personalidade deve ser resolvida pela retificação, pelo direito 
de resposta ou pela reparação civil. Diante disso, se uma decisão judicial determina que se retire 
do site de uma revista determinada matéria jornalística, esta decisão viola a orientação do STF, 
cabendo reclamação. STF. 1ª Turma. Rcl 22328/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 
6/3/2018 (Info 893). 
 
- É constitucional o ressarcimento previsto no art. 32 da Lei nº 9.656/98, o qual é aplicável aos 
procedimentos médicos, hospitalares ou ambulatoriais custeados pelo SUS e posteriores a 
4.6.1998, assegurados o contraditório e a ampla defesa, no âmbito administrativo, em todos 
os marcos jurídicos. O art. 32 da Lei nº 9.656/98 prevê que, se um cliente do plano de saúde 
utilizar-se dos serviços do SUS, o Poder Público poderá cobrar do referido plano o ressarcimento 
que ele teve com essas despesas. Assim, o chamado “ressarcimento ao SUS”, criado pelo art. 
32, é uma obrigação legal das operadoras de planos privados de assistência à saúde de restituir 
as despesas que o SUS teve ao atender uma pessoa que seja cliente e que esteja coberta por 
esses planos. STF. Plenário.RE 597064/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 7/2/2018 
(repercussão geral) (Info 890). 
 
- O programa “Mais Médicos”, instituído pela MP 691/2013, posteriormente convertida na Lei 
nº 12.871/2013, é constitucional. STF. Plenário.ADI 5035/DF e ADI 5037/DF, rel. orig. Min. Marco 
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 30/11/2017 (Info 886). 
 
- A pequena propriedade rural é impenhorável (art. 5º, XXVI, da CF/88 e o art. 833, VIII, do CPC) 
mesmo que a dívida executada não seja oriunda da atividade produtiva do imóvel. De igual 
modo, a pequena propriedade rural é impenhorável mesmo que o imóvel não sirva de moradia 
69 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
ao executado e à sua família. Desse modo, para que o imóvel rural seja impenhorável, nos 
termos do art. 5º, XXVI, da CF/88 e do art. 833, VIII, do CPC, é necessário que cumpra apenas 
dois requisitos cumulativos: 1) seja enquadrado como pequena propriedade rural, nos termos 
definidos pela lei; e 2) seja trabalhado pela família. STJ. 3ª Turma. REsp 1591298-RJ, Rel. Min. 
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 14/11/2017 (Info 616). 
 
- O ensino religioso nas escolas públicas brasileiras pode ter natureza confessional A CF/88 
prevê que “o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários 
normais das escolas públicas de ensino fundamental.” (art. 210, § 1º). Diante disso, nas escolas 
públicas são oferecidas aulas de ensino religioso, normalmente vinculadas a uma religião 
específica. É o chamado ensino religioso confessional. O PGR ajuizou ADI pedindo que fosse 
conferida interpretação conforme a Constituição ao art. 33, §§ 1º e 2º da LDB e ao art. 11, § 1º 
do acordo Brasil-Santa Sé. Na ação, o PGR afirmava que não é permitido que se ofereça ensino 
religioso confessional (vinculado a uma religião específica). Para o autor, o ensino religioso deve 
ser voltado para a história e a doutrina das várias religiões, ensinadas sob uma perspectiva laica 
e deve ser ministrado por professores regulares da rede pública de ensino, e não por pessoas 
vinculadas às igrejas. O STF julgou improcedente a ADI e decidiu que o ensino religioso nas 
escolas públicas brasileiras pode ter natureza confessional, ou seja, pode sim ser vinculado a 
religiões específicas. A partir da conjugação do binômio Laicidade do Estado (art. 19, I) e 
Liberdade religiosa (art. 5º, VI), o Estado deverá assegurar o cumprimento do art. 210, § 1º da 
CF/88, autorizando na rede pública, em igualdade de condições o oferecimento de ensino 
confessional das diversas crenças, mediante requisitos formais previamente fixados pelo 
Ministério da Educação. Assim, deve ser permitido aos alunos, que expressa e voluntariamente 
se matricularem, o pleno exercício de seu direito subjetivo ao ensino religioso como disciplina 
dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, ministrada de acordo com os 
princípios de sua confissão religiosa, por integrantes da mesma, devidamente credenciados a 
partir de chamamento público e, preferencialmente, sem qualquer ônus para o Poder Público. 
Dessa forma, o STF entendeu que a CF/88 não proíbe que sejam oferecidas aulas de uma religião 
específica, que ensine os dogmas ou valores daquela religião. Não há qualquer problema nisso, 
desde que se garanta oportunidade a todas as doutrinas religiosas. STF. Plenário.ADI 4439/DF, 
rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/9/2017 
(Info 879). 
 
- Requisição pelo MP de informações bancárias de ente da administração pública Não são 
nulas as provas obtidas por meio de requisição do Ministério Público de informações bancárias 
de titularidade de Prefeitura para fins de apurar supostos crimes praticados por agentes 
públicos contra a Administração Pública. É lícita a requisição pelo Ministério Público de 
informações bancárias de contas de titularidade da Prefeitura, com o fim de protegero 
patrimônio público, não se podendo falar em quebra ilegal de sigilo bancário. O sigilo de 
informações necessário à preservação da intimidade é relativizado quando há interesse da 
sociedade em conhecer o destino dos recursos públicos. Diante da existência de indícios da 
prática de ilícitos penais envolvendo verbas públicas, cabe ao MP, no exercício de seus poderes 
investigatórios (art. 129, VIII, da CF/88), requisitar os registros de operações financeiras relativos 
aos recursos movimentados a partir de conta-corrente de titularidade da Prefeitura. Essa 
requisição compreende, por extensão, o acesso aos registros das operações bancárias 
sucessivas, ainda que realizadas por particulares, e objetiva garantir o acesso ao real destino 
desses recursos públicos. STJ. 5ª Turma. HC 308493-CE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 
julgado em 20/10/2015 (Info 572). STF. 2ª Turma.RHC 133118/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado 
em 26/9/2017 (Info 879). 
 
- Análise de impedimento para o exercício da profissão ou participação ou registro em curso 
de formação ou reciclagem de vigilante por existência de inquérito policial ou processo penal 
70 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
em andamento Viola o princípio da presunção de inocência o impedimento de participação ou 
registro de curso de formação ou reciclagem de vigilante, por ter sido verificada a existência de 
Inquérito ou Ação Penal não transitada em julgado. Assim, não havendo sentença condenatória 
transitada em julgado, o simples fato de existir um processo penal em andamento não pode ser 
considerada antecedente criminal para o fim de impedir que o vigilante se matricule no curso 
de reciclagem. STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 1071931/MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia 
Filho, julgado em 19/09/2017. STJ. 2ª Turma. REsp 1597088/PE, Rel. Min. Herman Benjamin, 
julgado em 15/08/2017. 
 
- Constitucionalidade do sistema de cotas raciais em concursos públicos (STF) 
 
- Publicação no jornal dos nomes dos clientes que tinham contas de poupança no banco, em 
determinado período, representa quebra do sigilo bancário A divulgação de elementos 
cadastrais dos beneficiários de decisão proferida em ação civil pública que determinou o 
pagamento dos expurgos inflacionários decorrentes de planos econômicos configura quebra de 
sigilo bancário. STJ. 3ª Turma. REsp 1285437-MS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 
23/5/2017 (Info 605). 
 
- A omissão injustificada da Administração em providenciar a disponibilização de banho 
quente nos estabelecimentos prisionais fere a dignidade de presos sob sua custódia A omissão 
injustificada da Administração em providenciar a disponibilização de banho quente nos 
estabelecimentos prisionais fere a dignidade de presos sob sua custódia. A determinação de que 
o Estado forneça banho quente aos presos está relacionada com a dignidade da pessoa humana, 
naquilo que concerne à integridade física e mental a todos garantida. O Estado tem a obrigação 
inafastável e imprescritível de tratar prisioneiros como pessoas, e não como animais. O 
encarceramento configura pena de restrição do direito de liberdade, e não salvo-conduto para 
a aplicação de sanções extralegais e extrajudiciais, diretas ou indiretas. Em presídios e lugares 
similares de confinamento, ampliam-se os deveres estatais de proteção da saúde pública e de 
exercício de medidas de assepsia pessoal e do ambiente, em razão do risco agravado de 
enfermidades, consequência da natureza fechada dos estabelecimentos, propícia à 
disseminação de patologias. STJ. 2ª Turma. REsp 1537530-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, 
julgado em 27/04/2017 (Info 666). 
 
- Universidades públicas podem cobrar mensalidade em cursos de especialização A garantia 
constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança por universidades públicas de 
mensalidade em cursos de especialização. STF. Plenário. RE 597854/GO, Rel. Min. Edson Fachin, 
julgado em 26/4/2017 (repercussão geral) (Info 862). 
 
- Mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso sem 
mandado judicial ou consentimento do morador O ingresso regular da polícia no domicílio, sem 
autorização judicial, em caso de flagrante delito, para que seja válido, necessita que haja 
fundadas razões (justa causa) que sinalizem a ocorrência de crime no interior da residência. A 
mera intuição acerca de eventual traficância praticada pelo agente, embora pudesse autorizar 
abordagem policial, em via pública, para averiguação,. STJ. 6ª Turma. REsp 1574681-RS, não 
configura, por si só, justa causa a autorizar o ingresso em seu domicílio, sem o seu 
consentimento e sem determinação judicial Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 
20/4/2017 (Info 606) 
 
- Brasileiro, titular de green card, que adquire nacionalidade norte-americana, perde a 
nacionalidade brasileira e pode ser extraditado pelo Brasil (Info 859 STF) 
 
71 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
- Pesquisador tem direito de acesso aos áudios das sessões secretas de julgamento ocorridas 
no STM durante a época do regime militar O STF deferiu mandado de segurança impetrado por 
pesquisador que queria ter acesso aos áudios das sessões de julgamento do STM ocorridas na 
década de 1970, época do regime militar. Entendeu-se que a coleta de dados históricos a partir 
de documentos públicos e registros fonográficos, mesmo que para fins particulares, constitui-se 
em motivação legítima a garantir o acesso a tais informações. Ocorre que, mesmo com essa 
decisão judicial, o STM somente autorizou que o pesquisador tivesse acesso aos áudios das 
sessões públicas realizadas (na qual havia leitura do relatório e sustentação oral dos advogados). 
O Tribunal se negou, contudo, a fornecer os áudios das sessões secretas, nas quais os votos dos 
magistrados eram colhidos. O impetrante ingressou, então, com reclamação, julgada 
procedente pelo STF. Ao autorizar a consulta apenas dos registros relacionados com a parte 
pública das sessões, o STM violou a decisão do Supremo, que deu acesso amplo aos áudios das 
sessões. Além disso, a recusa do STM está em descompasso com a ordem constitucional vigente, 
que garante o acesso à informação como direito fundamental. STF. Plenário. Rcl 11949/RJ, Rel. 
Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/3/2017 (Info 857). 
 
- Ação pedindo suplemento para criança lactente não perde o objeto pelo simples fato de 
terem se passado vários anos sem o julgamento Não há perda do objeto em mandado de 
segurança cuja pretensão é o fornecimento de leite especial necessário à sobrevivência de 
menor ao fundamento de que o produto serve para lactentes e o impetrante perdeu essa 
qualidade em razão do tempo decorrido para a solução da controvérsia. Como se trata de direito 
fundamental da pessoa e dever do Poder Público garantir a saúde e a vida, não há que se falar 
que o pleito se tornou infrutífero pelo simples fato de a solução da demanda ter demorado. A 
necessidade ou não do fornecimento de leite especial para a criança deverá ser apurada em fase 
de execução. Se ficar realmente comprovada a impossibilidade de se acolher o pedido principal, 
em virtude da longa discussão judicial acerca do tema, nada impede que a parte requeira a 
conversão em perdas e danos. STJ. 1ª Turma. AgRg no RMS 26647-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes 
Maia Filho, , julgado em 2/2/2017 (Info 601). 
 
- Análise do caso "Jonas Abib" Determinado padre escreveu um livro, voltado ao público da 
Igreja Católica, no qual ele faz críticas ao espiritismo e a religiões de matriz africana, como a 
umbanda e o candomblé. O Ministério Público da Bahia ofereceu denúncia contra ele pela 
prática do art. 20, § 2º da Lei nº 7.716/89 (Lei do racismo). No caso concreto, o STF entendeu 
que não houve o crime. A CF/88 garante o direito à liberdade religiosa. Um dos aspectos da 
liberdade religiosa é o direito que o indivíduo possui de não apenas escolher qual religião iráseguir, mas também o de fazer proselitismo religioso. Proselitismo religioso significa 
empreender esforços para convencer outras pessoas a também se converterem à sua religião. 
Desse modo, a prática do proselitismo, ainda que feita por meio de comparações entre as 
religiões (dizendo que uma é melhor que a outra) não configura, por si só, crime de racismo. Só 
haverá racismo se o discurso dessa religião supostamente superior for de dominação, opressão, 
restrição de direitos ou violação da dignidade humana das pessoas integrantes dos demais 
grupos. Por outro lado, se essa religião supostamente superior pregar que tem o dever de ajudar 
os "inferiores" para que estes alcancem um nível mais alto de bem-estar e de salvação espiritual 
e, neste caso não haverá conduta criminosa. Na situação concreta, o STF entendeu que o réu 
apenas fez comparações entre as religiões, procurando demonstrar que a sua deveria prevalecer 
e que não houve tentativa de subjugar os adeptos do espiritismo. Pregar um discurso de que as 
religiões são desiguais e de que uma é inferior à outra não configura, por si, o elemento típico 
do art. 20 da Lei nº 7.716/89. Para haver o crime, seria indispensável que tivesse ficado 
demonstrado o especial fim de supressão ou redução da dignidade do diferente, elemento que 
confere sentido à discriminação que atua como verbo núcleo do tipo. STF. 1ª Turma. RHC 
134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/11/2016 (Info 849). 
 
72 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
- A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores não 
está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão. STF. 2ª 
Turma. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 
6/3/2018 (Info 893). Atenção. Compare com RHC 134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado 
em 29/11/2016 (Info 849). 
 
- Judiciário pode determinar a realização de obras de acessibilidade em prédios públicos 
O Poder Judiciário pode condenar universidade pública a adequar seus prédios às normas de 
acessibilidade a fim de permitir a sua utilização por pessoas com deficiência. No campo dos 
direitos individuais e sociais de absoluta prioridade, o juiz não deve se impressionar nem se 
sensibilizar com alegações de conveniência e oportunidade trazidas pelo administrador relapso. 
Se um direito é qualificado pelo legislador como absoluta prioridade, deixa de integrar o 
universo de incidência da reserva do possível, já que a sua possibilidade é obrigatoriamente, 
fixada pela Constituição ou pela lei. STJ. 2ª Turma. REsp 1607472-PE, Rel. Min. Herman 
Benjamin, julgado em 15/9/2016 (Info 592). 
 
- Poder Judiciário pode obrigar Município a fornecer vaga em creche O Poder Judiciário pode 
obrigar o Município a fornecer vaga em creche a criança de até 5 anos de idade. A educação 
infantil, em creche e pré-escola, representa prerrogativa constitucional indisponível garantida 
às crianças até 5 anos de idade, sendo um dever do Estado (art. 208, IV, da CF/88). Os 
Municípios, que têm o dever de atuar prioritariamente no ensino fundamental e na educação 
infantil (art. 211, § 2º, da CF/88), não podem se recusar a cumprir este mandato constitucional, 
juridicamente vinculante, que lhes foi conferido pela Constituição Federal. STF. Decisão 
monocrática. RE 956475, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 12/05/2016 (Info 827). 
 
- Proibição de tratamento diferenciado entre a licença-maternidade e a licença-adotante O 
art. 210 da Lei nº 8.112/90, assim como outras leis estaduais e municipais, prevê que o prazo 
para a servidora que adotar uma criança é inferior à licença que ela teria caso tivesse tido um 
filho biológico. De igual forma, este dispositivo estabelece que, se a criança adotada for maior 
que 1 ano de idade, o prazo será menor do que seria se ela tivesse até 1 ano. Segundo o STF, tal 
previsão é inconstitucional. Foi fixada, portanto, a seguinte tese: Os prazos da licença-adotante 
não podem ser inferiores ao prazo da licença-gestante, o mesmo valendo para as respectivas 
prorrogações. Em relação à licença-adotante, não é possível fixar prazos diversos em função da 
idade da criança adotada. STF. Plenário. RE 778889/PE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 
10/3/2016 (repercussão geral) (Info 817). 
 
- É possível que o Fisco requisite das instituições financeiras informações bancárias sobre os 
contribuintes sem intervenção do Poder Judiciário As autoridades e os agentes fiscais 
tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios podem requisitar 
diretamente das instituições financeiras informações sobre as movimentações bancárias dos 
contribuintes. Esta possibilidade encontra-se prevista no art. 6º da LC 105/2001, que foi 
considerada constitucional pelo STF. Isso porque esta previsão não se caracteriza como 
"quebra" de sigilo bancário, ocorrendo apenas a “transferência de sigilo” dos bancos ao Fisco. 
Vale ressaltar que os Estados-Membros e os Municípios somente podem obter as informações 
previstas no art. 6º da LC 105/2001, uma vez regulamentada a matéria de forma análoga ao 
Decreto Federal nº 3.724/2001, observados os seguintes parâmetros: a) pertinência temática 
entre a obtenção das informações bancárias e o tributo objeto de cobrança no procedimento 
administrativo instaurado; b) prévia notificação do contribuinte quanto à instauração do 
processo e a todos os demais atos, garantido o mais amplo acesso do contribuinte aos autos, 
permitindo-lhe tirar cópias, não apenas de documentos, mas também de decisões; c) sujeição 
do pedido de acesso a um superior hierárquico; d) existência de sistemas eletrônicos de 
segurança que fossem certificados e com o registro de acesso; e, finalmente, e) 
73 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
estabelecimento de mecanismos efetivos de apuração e correção de desvios. A Receita 
Federal, atualmente, já pode requisitar tais informações bancárias porque possui esse 
regulamento. Trata-se justamente do Decreto 3.724/2001 acima mencionada, que regulamenta 
o art. 6º da LC 105/2001. O art. 5º da LC 105/2001, que permite obrigar as instituições 
financeiras a informarem periodicamente à Receita Federal as operações financeiras realizadas 
acima de determinado valor, também é considerado constitucional. STF. Plenário. ADI 2390/DF, 
ADI 2386/DF, ADI 2397/DF e ADI 2859/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 24/2/2016 (Info 
815). STF. Plenário. RE 601314/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 24/2/2016 (repercussão 
geral) (Info 815). 
 
- Diferença de classes no SUS é inconstitucional É inconstitucional a possibilidade de um 
paciente do Sistema Único de Saúde (SUS) pagar para ter acomodações superiores ou ser 
atendido por médico de sua preferência, a chamada "diferença de classes". Existe uma portaria 
do Ministério da Saúde (Portaria 113/1997) que proíbe a diferença de classe. Este ato estava 
sendo questionado e o STF, em recurso extraordinário submetido à repercussão geral, declarou 
que ele é constitucional, firmando a seguinte tese, que vale de forma ampla para todos os casos 
envolvendo diferença de classe: "É constitucional a regra que veda, no âmbito do Sistema Único 
de Saúde — SUS, a internação em acomodações superiores, bem como o atendimento 
diferenciado por médico do próprio SUS, ou por médico conveniado, mediante o pagamento da 
diferença dos valores correspondentes." STF. Plenário. RE 581488/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, 
julgado em 3/12/2015 (repercussão geral) (Info 810). 
 
- Parâmetros para a validade da entrada forçada em domicílio sem mandado judicial A entrada 
forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando 
amparada em fundadas razões, devidamente justificadas “a posteriori”, que indiquem que 
dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil 
e penaldo agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados. STF. Plenário. RE 
603616/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 e 5/11/2015 (repercussão geral) (Info 806). 
 
- As hipóteses de inelegibilidade são aplicáveis às eleições suplementares As hipóteses de 
inelegibilidade previstas no art. 14, § 7º, da CF, inclusive quanto ao prazo de seis meses, são 
aplicáveis às eleições suplementares. STF. Plenário. RE 843455/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, 
julgado em 7/10/2015 (repercussão geral) (Info 802) 
 
- As contribuições de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais e partidos políticos são 
inconstitucionais. As contribuições de pessoas físicas são válidas e regulam-se de acordo com a 
lei em vigor. STF. Plenário. ADI 4650/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 16 e 17/9/2015 (Info 
799). 
 
- Estado de Coisas Inconstitucional 
O Estado de Coisas Inconstitucional ocorre quando se verifica a existência de um quadro de 
violação generalizada e sistêmica de direitos fundamentais, causado pela inércia ou 
incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em modificar a conjuntura, de 
modo que apenas transformações estruturais da atuação do Poder Público e a atuação de uma 
pluralidade de autoridades podem modificar a situação inconstitucional. O STF reconheceu que 
o sistema penitenciário brasileiro vive um "Estado de Coisas Inconstitucional", com uma violação 
generalizada de direitos fundamentais dos presos. As penas privativas de liberdade aplicadas 
nos presídios acabam sendo penas cruéis e desumanas. Vale ressaltar que a responsabilidade 
por essa situação deve ser atribuída aos três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), tanto 
da União como dos Estados-Membros e do Distrito Federal. A ausência de medidas legislativas, 
administrativas e orçamentárias eficazes representa uma verdadeira "falha estrutural" que gera 
ofensa aos direitos dos presos, além da perpetuação e do agravamento da situação. Assim, cabe 
74 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
ao STF o papel de retirar os demais poderes da inércia, coordenar ações visando a resolver o 
problema e monitorar os resultados alcançados. Diante disso, o STF, em ADPF, concedeu 
parcialmente medida cautelar determinando que: • juízes e Tribunais de todo o país 
implementem, no prazo máximo de 90 dias, a audiência de custódia; • a União libere, sem 
qualquer tipo de limitação, o saldo acumulado do Fundo Penitenciário Nacional para utilização 
na finalidade para a qual foi criado, proibindo a realização de novos contingenciamentos. Na 
ADPF havia outros pedidos, mas estes foram indeferidos, pelo menos na análise da medida 
cautelar. STF. Plenário. ADPF 347 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/9/2015 (Info 
798). 
 
- Judiciário pode determinar a realização de obras emergenciais em estabelecimento prisional 
É lícito ao Poder Judiciário impor à Administração Pública obrigação de fazer, consistente na 
promoção de medidas ou na execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais 
para dar efetividade ao postulado da dignidade da pessoa humana e assegurar aos detentos o 
respeito à sua integridade física e moral, nos termos do que preceitua o art. 5º, XLIX, da CF, não 
sendo oponível à decisão o argumento da reserva do possível nem o princípio da separação dos 
poderes. STF. Plenário. RE 592581/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 13/8/2015 
(repercussão geral) (Info 794). 
 
- Extradição supletiva 
A pessoa que foi extraditada somente pode ser julgada ou cumprir pena no Brasil pelo(s) crime(s) 
contido(s) no pedido de extradição. Se o extraditando havia cometido outros crimes antes do 
pedido de extradição, em regra, ele não poderá responder por tais delitos se não constaram 
expressamente no pedido de extradição. A isso se dá o nome de "princípio da especialidade". 
Ex: o Brasil pediu a extradição mencionando o crime 1; logo, em regra, o réu somente poderá 
responder por este delito; como o crime 2 tinha sido praticado antes do pedido de extradição, 
o governo brasileiro deveria ter mencionado expressamente não apenas o crime 1, como 
também o 2. Para que o réu responda pelo crime 2, o governo brasileiro deverá formular ao 
Estado estrangeiro um pedido de extensão da autorização da extradição. Isso é chamado de 
"extradição supletiva". Assim, caso seja oferecida denúncia pelo Ministério Público por fato 
anterior e não contido na solicitação de extradição da pessoa entregue, deve a ação penal 
correspondente ser suspensa até que seja julgado pedido de extradição supletiva. STJ. 5ª Turma. 
RHC 45569-MT, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 4/8/2015 (Info 566). 
 
- Possibilidade de se obter dados do contribuinte que constem nos sistemas dos órgãos 
fazendários O habeas data é a garantia constitucional adequada para a obtenção dos dados 
concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes dos sistemas 
informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos entes 
estatais. No caso concreto, o STF reconheceu que o contribuinte pode ajuizar habeas data para 
ter acesso às informações relacionadas consigo e que estejam presentes no sistema SINCOR da 
Receita Federal. O SINCOR (Sistema de Conta Corrente de Pessoa Jurídica) é um banco de dados 
da Receita Federal no qual ela armazena as informações sobre os débitos e créditos dos 
contribuintes pessoas jurídicas. A decisão foi tomada com base no SINCOR, mas seu raciocínio 
poderá ser aplicado para outros bancos de dados mantidos pelos órgãos fazendários. STF. 
Plenário. RE 673707/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/6/2015 (repercussão geral) (Info 
790). 
 
- Biografias: não é necessária autorização prévia do biografado Para que seja publicada uma 
biografia NÃO é necessária autorização prévia do indivíduo biografado, das demais pessoas 
retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização prévia seria uma forma de censura, não 
sendo compatível com a liberdade de expressão consagrada pela CF/88. As exatas palavras do 
STF foram as seguintes: “É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a 
75 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização de 
pessoas retratadas como coadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou 
ausentes”. Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que seus 
direitos foram violados pela publicação, terá direito à reparação, que poderá ser feita não 
apenas por meio de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais como a 
publicação de ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta etc. STF. Plenário. 
ADI 4815/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/6/2015 (Info 789). 
 
- Súmula vinculante 40-STF: A contribuição confederativa de que trata o artigo 8º, IV, da 
Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo. Aprovada pelo Plenário 
do STF em 11/03/2015. Válida. 
 
- Jornal tem direito de obter informações sobre o uso da verba indenizatória por senadores 
Determinado jornal requereu ao Senado Federal cópia dos documentos que demonstrassem 
como os Senadores utilizaram a verba indenizatória dos seus gabinetes. A Presidência do Senado 
negou ao jornal o acesso aos dados sob o fundamento de que os documentos solicitados seriam 
sigilosos e que haveria uma invasão à privacidade dos Parlamentares. O STF determinou que o 
Senado fornecesse cópia dos documentos solicitados. A verba indenizatória destina-se a custear 
despesas direta e exclusivamente relacionadas ao exercício da função parlamentar. Desse modo, 
tais valores possuem natureza pública, tanto pelo fato de estarem sendo pagas por um órgão 
público (Senado Federal) quanto pela finalidade a que se destinam, estando vinculadas ao 
exercício da representação popular (mandato).Sendo a verba pública, a regra geral éa de que 
as informações sobre o seu uso são públicas. A Corte entendeu que o fornecimento de tais 
informações não acarreta qualquer risco à segurança nem viola a privacidade ou intimidade dos 
Parlamentares. STF. Plenário. MS 28178/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 4/3/2015 
(Info 776). 
 
- Jornal tem direito de obter informações detalhadas dos gastos com cartão corporativo do 
governo Determinado jornal solicitou que o governo federal fornecesse a relação dos gastos 
efetuados com o cartão corporativo pela chefe da representação da Presidência da República 
em SP. O Governo concedeu ao jornal a relação dos gastos efetuados no período, ou seja, os 
valores despendidos. No entanto, negou-se a fornecer informações detalhadas como os tipos 
de gastos, as datas, valores individuais de cada transação, CNPJ/razão social das empresas 
contratadas etc. O STJ entendeu que essa recusa ao fornecimento do extrato completo 
(incluindo tipo, data, valor das transações efetuadas e CNPJ dos fornecedores) constitui ilegal 
violação ao direito de acesso à informação de interesse coletivo (Lei 12.527/2011), já que não 
havia qualquer evidência de que a publicidade desses elementos atentaria contra a segurança 
do Presidente e Vice-Presidente da República ou de suas famílias. STJ. 1ª Seção. MS 20895-DF, 
Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 12/11/2014 (Info 552). 
 
- Judiciário pode obrigar administração pública a manter quantidade mínima de medicamento 
em estoque A Administração Pública pode ser obrigada, por decisão do Poder Judiciário, a 
manter estoque mínimo de determinado medicamento utilizado no combate a certa doença 
grave, de modo a evitar novas interrupções no tratamento. Não há violação ao princípio da 
separação dos poderes no caso. Isso porque com essa decisão o Poder Judiciário não está 
determinando metas nem prioridades do Estado, nem tampouco interferindo na gestão de suas 
verbas. O que se está fazendo é controlar os atos e serviços da Administração Pública que, neste 
caso, se mostraram ilegais ou abusivos já que, mesmo o Poder Público se comprometendo a 
adquirir os medicamentos, há falta em seu estoque, ocasionando graves prejuízos aos pacientes. 
Assim, não tendo a Administração adquirido o medicamento em tempo hábil a dar continuidade 
ao tratamento dos pacientes, atuou de forma ilegítima, violando o direito à saúde daqueles 
76 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
pacientes, o que autoriza a ingerência do Poder Judiciário. STF. 1ª Turma. RE 429903/RJ, Rel. 
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 25/6/2014 (Info 752). 
 
- Judiciário pode determinar a reforma de cadeia pública ou a construção de nova unidade 
prisional Constatando-se inúmeras irregularidades em cadeia pública — superlotação, celas sem 
condições mínimas de salubridade para a permanência de presos, notadamente em razão de 
defeitos estruturais, de ausência de ventilação, de iluminação e de instalações sanitárias 
adequadas, desrespeito à integridade física e moral dos detentos, havendo, inclusive, relato de 
que as visitas íntimas seriam realizadas dentro das próprias celas e em grupos, e que existiriam 
detentas acomodadas improvisadamente —, a alegação de ausência de previsão orçamentária 
não impede que seja julgada procedente ação civil publica que, entre outras medidas, objetive 
obrigar o Estado a adotar providências administrativas e respectiva previsão orçamentária para 
reformar a referida cadeia pública ou construir nova unidade, mormente quando não houver 
comprovação objetiva da incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal. STJ. 2ª Turma. 
REsp 1389952-MT, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 3/6/2014 (Info 543). Obs: veja 
também: STF. Plenário. RE 592581/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 13/8/2015 
(repercussão geral) (Info 794). 
 
- Jornal tem direito de ter acesso à relação das pessoas que receberam passaportes 
diplomáticos O Ministério das Relações Exteriores não pode sonegar o nome de quem recebe 
passaporte diplomático emitido na forma do § 3º do art. 6º do Anexo do Decreto 5.978/2006. O 
nome de quem recebe um passaporte diplomático emitido por interesse público não pode ficar 
escondido do público. Assim, se um jornal requer essa informação, o Ministro é obrigado a 
fornecer. STJ. 1ª Seção. MS 16179-DF, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 9/4/2014 (Info 543). 
 
- É constitucional a lei que veda que ocupantes da carreira policial exerçam advocacia (Info 
735 STF). 
 
- Judiciário pode obrigar a administração pública a garantir o direito a acessibilidade em 
prédios públicos A CF/88 e a Convenção Internacional sobre Direitos das Pessoas com 
Deficiência asseguram o direito dos portadores de necessidades especiais ao acesso a prédios 
públicos, devendo a Administração adotar providências que o viabilizem. O Poder Judiciário, em 
situações excepcionais, pode determinar que a Administração Pública adote medidas 
assecuratórias de direitos constitucionalmente reconhecidos como essenciais, sem que isso 
configure violação do princípio da separação de poderes. STF. 1ª Turma. RE 440028/SP, rel. Min. 
Marco Aurélio, julgado em 29/10/2013 (Info 726). 
 
- Ministro da Justiça não tem competência para rever ato de naturalização Segundo o art. 12, 
§ 4º, I, da CF/88, após ter sido deferida a naturalização, seu desfazimento só pode ocorrer 
mediante processo judicial, mesmo que o ato de concessão da naturalização tenha sido 
embasado em premissas falsas (erro de fato). O STF entendeu que os §§ 2º e 3º do art. 112 da 
Lei nº 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro) não foram recepcionados pela CF/88. Assim, o Ministro 
de Estado da Justiça não tem competência para rever ato de naturalização. STF. Plenário. RMS 
27840/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 7/2/2013 
(Info 694). 
 
- É também constitucional fixar cotas para alunos que sejam egressos de escolas públicas. STF. 
Plenário. RE 597285/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 9/5/2012 (repercussão 
geral) (Info 665). 
 
- O sistema de cotas em universidades públicas, com base em critério étnico-racial, é 
CONSTITUCIONAL. No entanto, as políticas de ação afirmativa baseadas no critério racial 
77 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
possuem natureza transitória. STF. Plenário. ADPF 186/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 
julgado em 25 e 26/4/2012 (Info 663). 
 
- STF já admitiu que direção do presídio intercepte correspondência dirigida ao preso A 
administração do presídio, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina 
prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que 
respeitada a norma inscrita no art. 41, parágrafo único, da LEP, interceptar a correspondência 
que seria dirigida ao preso. STF. 1ª Turma. HC 70814, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 
01/03/1994. 
 
- Não cabe habeas data se não houve recusa de informações por parte da autoridade 
administrativa Súmula 2-STJ: Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra "a") se não houve 
recusa de informações por parte da autoridade administrativa. • Aprovada em 08/05/1990, DJ 
18/05/1990. • Válida. • Se não houve recusa administrativa, não tem motivo para o autor propor 
a ação. Falta interesse de agir (interesse processual). Lei nº 9.507/97 (regulamenta o habeas 
data): Art. 8º (...) Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova: I - da recusa 
ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão; II - da recusa em fazer-
se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou III - da recusa em fazer-
se a anotação a que se refere o § 2º do art. 4º ou do decurso de mais de quinze dias sem decisão. 
 
 
Teoria do Impacto Desproporcional 
Caiu na prova do MP/BA (2015 - )A Teoria do Impacto Desproporcional também foi objeto de questionamento no 
concurso para procurador da república(2011). 
1. NOÇÕES GERAIS: Dizem que “de boas intenções o inferno está cheio“. Imagine-se o leitor, por um instante, na 
condição de legislador. Repleto de boas intenções, você apresenta uma proposição legislativa com uma redação 
impecável. No entanto, você saberia dizer, de antemão, o impacto que essa lei geraria na sociedade? Que 
consequências práticas a norma geraria? Mesmo tomado pelos mais nobres sentimentos, o diploma legal poderia 
gerar efeitos colaterais jamais previstos pelo seu criador. 
Nem sempre o legislador tem a dimensão exata do impacto da sua obra legislativa. No mundo hipotético, um 
projeto de lei pode ser considerado dos mais humanitários, porém, quando colocado em prática, algumas 
distorções (injustiças) podem nascer. É possível que a redação de uma lei não vulnere a isonomia, mas a 
sua aplicação, no caso concreto, resvale em discriminações. Trata-se de uma discriminação indireta, não por obra 
do texto legal, mas pelos efeitos práticos provenientes da aplicação da norma. É como se um acidente 
isonômico sobreviesse à aplicação da lei, cuja incidência acaba por ofender minorias ou grupos vulneráveis. 
Parte-se da premissa de boa-fé do legislador, que supostamente agiu de maneira não deliberada. Se o fez 
intencionalmente, conseguiu mascarar muito bem suas intenções, pois o texto por ele produzido foi neutro. 
Somente na prática o dano pode ser percebido. Surge, nesse contexto a denominada Teoria do Impacto 
Desproporcional (disparate impact doctrine), por força da qual o exame de constitucionalidade de uma lei, no que 
tange à isonomia, não deve cingir-se ao seu teor (à mera redação), devendo-se aferir ainda se a sua incidência no 
suporte fático não resvala em discriminações. Ou seja, a compatibilidade de uma lei com o princípio da igualdade 
pode ser aquilatada em abstrato (discriminações diretas), mas também quanto aos seus efeitos práticos 
(discriminações indiretas). Por exemplo, na petição inicial da ADIn 4424/DF, a Procuradoria Geral da República 
afirmou que condicionar à representação a punição do crime de lesão corporal, no ambiente doméstico, é 
exigência legal que gera “efeitos desproporcionalmente nocivos para as mulheres“. 
2. ORIGEM: O leading case foi o caso Griggs v. Duke Power Co. (1971), julgado pela Suprema Corte Norte 
Americana: para promover seus funcionários, uma empresa aplicava testes de conhecimentos gerais. A medida, 
aparentemente neutra e meritocrática, acabava por beneficiar os trabalhadores que estudaram nas melhores 
78 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
escolas, prejudicando aqueles não brindados com a mesma oportunidade. Ocorre que os funcionários negros 
eram justamente os que haviam estudado nas escolas de pior qualidade, ou seja, o impacto da medida foi a 
promoção apenas de funcionários brancos. Isto levou a Suprema Corte a vedar a aplicação do teste. (VITORELLI, 
Edilson. Estatuto da Igualdade Racial e Comunidades Quilombolas, 2ª Edição, p. 83). 
Percebam que, no casso narrado, a discriminação não adveio de uma lei, mas sim de uma prática 
empresarial. Apesar disso, à luz da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, a discriminação indireta pode (e 
deve) ser invalidada pelo Judiciário. É o que veremos no conceito a seguir. 
3. CONCEITO: como esclarece JOAQUIM BARBOSA, “Toda e qualquer prática empresarial, política governamental 
ou semigovernamental, de cunho legislativo ou administrativo, ainda que não provida de intenção discriminatória 
no momento de sua concepção, deve ser condenada por violação do princípio constitucional da igualdade 
material se, em consequência de sua aplicação, resultarem efeitos nocivos de incidência especialmente 
desproporcional sobre certas categorias de pessoas“. (Ação afirmativa e princípio constitucional da igualdade – O 
Direito como instrumento de transformação social. A experiência dos EUA. Rio de Janeiro: Renovar, 2001, p. 24). 
4. APLICAÇÃO NA JURISPRUDÊNCIA: O Supremo Tribunal Federal empregou o raciocínio da Teoria do Impacto 
Desproporcional no julgamento da ADIn 1946-5/DF, que tratou do salário-maternidade. Isso porque, a depender 
das circunstâncias, a inserção da mulher no mercado de trabalho poderá ser turbada pelos encargos trabalhistas. 
Como se vê, a pretexto de proteger a mulher, no caso concreto, a lei pode acabar voltando-se contra ela. É isto 
que chamamos de discriminação indireta. Ao fim e ao cabo, na ADPF 291, o STF foi chamado a esclarecer se o 
crime militar de pederastia (art. 235, CPM) recebeu as boas vindas da Constituição de 1988. O delito em apreço 
veda que militares pratiquem atos libidinosos, homossexuais ou não, em lugares sujeitos à Administração Militar. 
O STF acabou entendendo que o delito foi recepcionado, mas que as expressões alusivas à homossexualidade não 
o foram. De maneira muito interessante, a teoria do impacto desproporcional foi utilizada no voto do Eminente 
Ministro Luís Roberto Barroso como um argumento contrário à recepção do crime de pederastia: “Torna-se, 
assim, evidente que o dispositivo, embora em tese aplicável indistintamente a atos libidinosos homo ou 
heterossexuais, é, na prática, empregado de forma discriminatória, produzindo maior impacto sobre militares 
gays. Esta é, portanto, uma típica hipótese de discriminação indireta, relacionada à teoria do impacto 
desproporcional (disparate impact), originária da jurisprudência norte-americana. Tal teoria reconhece que 
normas pretensamente neutras podem gerar efeitos práticos sistematicamente prejudiciais a um determinado 
grupo, sendo manifestamente incompatíveis com o princípio da igualdade” 
Como discorrer numa prova discursiva: 
 
O que é derrotabilidade das regras ou Defeasibility ou Superabilidade 
A derrotabilidade da norma jurídica significa a possibilidade, no caso concreto, de uma norma ser afastada ou ter 
sua aplicação negada, sempre que uma exceção relevante se apresente, ainda que a norma tenha preenchido 
seus requisitos necessários e suficientes para que seja válida e aplicável. Ou seja: 
79 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
A ideia de “derrotabilidade” (ou superabilidade), segundo Ávila, como o próprio nome já sugere, consiste na 
superação da regra pelas exceções. 
 
Em provas discursivas: O que é derrotabilidade das normas jurídicas? (Dirley cunha) site Brasil Juridico 
Queridos amigos, ultimamente vem-se falando muito da teoria da derrotabilidade das normas jurídicas. 
Deve-se ao autor inglês Herbert Hart o conceito de “derrotabilidade” (defeasibility), sustentado no famoso artigo 
“The Ascription of Responsability and Rights”, que publicou em 1948. 
A derrotabilidade da norma jurídica significa a possibilidade, no caso concreto, de uma norma ser afastada ou ter 
sua aplicação negada, sempre que uma exceção relevante se apresente, ainda que a norma tenha preenchido 
seus requisitos necessários e suficientes para que seja válida e aplicável. 
Em razão dessa teoria, toda norma, seja ela qualificada como regra ou princípio, está sujeita a exceções que não 
são previstas de forma exaustiva, podendo, em face da incidência da exceção, ser superada ou derrotada de 
acordo com o caso concreto e a argumentação desenvolvida (neste sentido, Fernando Andreoni Vasconcellos). 
Hart percebeu que em razão da impossibilidade de as normas preverem as diversas situações fáticas, ainda que 
presentes seus requisitos, elas contém, de forma implícita, uma cláusula de exceção (tipo: a menos que), de modo 
a ensejar, diante do caso concreto, a derrota/superação da norma. 
Porém, embora possa uma norma jurídica ser derrotada/afastada diante do caso concreto, ela continua sendo 
aplicada a casos normais, pois, como advertiu Hart, uma norma que é excepcionada diante de um “hard case”, é 
ainda uma norma. 
Cite-se, como exemplo de derrotabilidade, o reconhecimento pelo STF da possibilidade de interrupção da gravidez 
em razão da anencefalia, pois,com a decisão, o Supremo superou/derrotou uma norma jurídica de Direito Penal 
proibitiva do aborto (salvo nos casos de gravidez decorrente de estupro ou para salvar a vida da gestante). 
Entretanto, o crime de aborto continua a existir e incidir normalmente nos casos tipificados no CP. 
De ver-se, a rigor, que não é a norma que é derrotada ou excepcionada, embora a teoria difundida seja a 
derrotabilidade da norma; o que é derrotado ou superado é o enunciado normativo. Por isso, é mais tecnicamente 
correto afirmar que a derrotabilidade incide sobre os textos normativos e não sobre as normas jurídicas, 
exatamente porque o texto normativo não contém imediatamente e integralmente a norma, não se confundindo 
com ela. A norma é o resultado da interpretação do texto, diante do caso concreto. Enfim, apesar da singularidade 
da expressão “derrotabilidade”, na prática o fenômeno é cotidiano e diariamente verificável nas interpretações 
jurídicas empregadas nas controvérsias processuais. 
 
JELLINEK – TEORIA DOS STATUS. MUTIFUNCIONALIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
Status passivo Status ativo Status negativo Status positivo 
É aquele em que se encontra 
o indivíduo detentor de 
deveres perante o Estado. É 
um estado de subordinação 
em relação ao Estado. Aqui o 
indivíduo é meramente 
detentor de deveres. 
O indivíduo possui 
competências para 
influenciar a formação da 
vontade estatal. Ex. 
direitos políticos. Voto. 
É aquele em que o 
indivíduo goza de um 
espaço de liberdade 
diante das possíveis 
ingerências. 
É aquele em que o 
indivíduo tem o 
direito de exigir do 
Estado 
determinadas 
prestações 
positivas. 
EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
Eficácia vertical Eficácia diagonal Horizontal/eficácia 
externa/eficácia privada/eficácia 
em relação a terceiros – DIRETA 
80 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
OU INDIRETA OU INTEGRADORA 
Quando os direitos fundamentais surgiram 
eles tinham apenas a eficácia vertical, pois 
o indivíduo está subordinado ao Estado e 
por esses direitos protegerem os indivíduos 
contra os arbítrios do Estado, fala-se dessa 
eficácia vertical. Consiste na aplicação dos 
direitos fundamentais às relações entre 
particulares e o Estado. É a eficácia clássica. 
Bem recente. Consiste 
na aplicação dos direitos 
fundamentais à relação 
entre particulares, nas 
quais existe um 
desequilíbrio fático, a 
exemplo da relação 
trabalhista. 
Com o desenvolvimento dos 
direitos fundamentais, percebeu-
se que a opressão e a violência 
conta o indivíduo vem também 
de entidades privadas. Consiste 
na aplicação dos direitos 
fundamentais às relações entre 
particulares. 
 
#OUSESABER: No âmbito das políticas públicas, o que é reserva de consistência? 
A reserva de consistência, segundo Nagibe de Melo Jorge, significa que a intervenção da jurisdição constitucional depende 
da reunião de argumentos e elementos suficientes para demonstrar o acerto do resultado que se pretende alcançar. Assim 
sendo, para que seja possível a intervenção jurisdicional sobre dada política pública, exige-se, p. ex., que o juiz apresente 
argumentos substanciais de que determinada política pública é incompatível com a Constituição. A reserva de consistência 
é assim mais um elemento de controle da intervenção do Judiciário sobre as políticas públicas. 
 
Eficácia Vertical Refere-se à aplicação dos direitos fundamentais na relação 
entre o Estado e os particulares. 
Estado x Particular 
Eficácia Horizontal Refere-se à aplicação dos direitos fundamentais na relação 
entre os particulares. 
Particular x Particular 
Eficácia Diagonal Refere-se à aplicação dos direitos fundamentais na relação 
entre os particulares, sendo que, tais particulares estão 
em nível de desigualdade, havendo uma parte mais 
vulnerável. 
Particular x Particular 
vulnerável 
Eficácia Vertical com 
Repercussão Lateral 
Eficácia em relação aos particulares decorrente da 
incidência do direito fundamental à tutela jurisdicional. O 
direito fundamental será efetivado mediante a atuação 
judicial (o juiz tutela um direito não protegido pelo 
legislador). 
https://focanoresumo.files.wordpress.com/2015/07/foca-
no-resumo-direitos-humanos1.pdf 
 
 
 
Direitos e Garantias Individuais 
Direito à Vida 
Noções Iniciais A vida humana é o bem jurídico mais importante dentre todos os direitos constitucionalmente 
tutelados, afinal, estar vivo é um pressuposto elementar para se usufruir dos demais direitos e 
liberdades garantidos na Constituição Federal. Esse direito costuma ser apresentado 
doutrinariamente em duas perspectivas: (1) o direito de continuar vivo, ou seja, de não ser 
morto; e (2) o direito a ter uma vida digna. 
 
Questões 
Controversas 
Princípio da vida humana: 
 Nossa Carta Constitucional não dispõe sobre o início da vida humana, precisando o instante 
em que ela começa. Como resultado dessa omissão do texto constitucional, coube ao 
legislador ordinário fornecer um direcionamento por meio da Lei nº 11.105/2005 (Lei de 
Biossegurança) e ao STF reafirmar essa orientação legislativa. 
 
81 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
 A conclusão a que se chegou é a de que a vida não se inicia com a fecundação do óvulo (a 
partir da concepção), mas em determinada fase de desenvolvimento do embrião humano, 
após a formação da placa neural. 
 
Aborto 
 A interrupção prematura da gravidez, espontânea ou provocada, é conduta considerada 
criminosa na legislação infraconstitucional, já que o Código Penal tipifica como infração a 
provocação de aborto em si mesma ou a autorização para que outrem provoque, bem como 
o ato de provocar o aborto com ou sem o consentimento da gestante. 
 
 Apenas em duas hipóteses o aborto não foi tipificado na nossa legislação como crime: (1) 
quando não há outro meio de salvar a vida da gestante, caso em que teremos o aborto 
necessário (também chamado de terapêutico); (2) ou quando a gravidez resultar de estupro e 
o aborto for precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu 
representante legal (caso em que teremos o aborto sentimental). Além dessas duas hipóteses 
legais, o STF, no julgamento da ADPF nº 54, identificou uma terceira ao declarar a 
inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto 
anencefálico seria conduta tipificada no Código Penal. 
 
Eutanásia e ortotanásia 
 A eutanásia é definida como a ação médica intencional que abrevia a vida de um paciente 
terminal que vivencia extremo sofrimento e se encontra em situação incurável —já que pelos 
padrões médicos em vigor não será capaz de se recuperar e sobreviver. 
 
 Para ilustrar, pensemos na injeção letal que induz a morte de um enfermo terminal. 
 
 A ortotanásia, por seu turno, ocasiona a morte em razão da interrupção dos tratamentos 
médicos que, apesar de manterem o sujeito vivo, não ofertam a ele nenhuma chance de 
recuperação. Essa hipótese, em que a vida se encerra em seu momento natural, sem que 
haja dolorosos (e muitas vezes invasivos) prolongamentos artificias, pode ser exemplificada 
pelo desligamento dos aparelhos de respiração artificial de um paciente com insuficiência 
grave ou falência cardiorrespiratória. O direito brasileiro não empresta consequências 
distintas para as duas espécies narradas: em ambos os casos tem-se, de acordo com a 
legislação vigente, crime de homicídio. 
 
 
 
Direito à Privacidade 
Introdução  A privacidade representa a plena autonomia do indivíduo em reger sua vida do modo 
que entender mais correto, mantendo em seu exclusivo controle as informações 
atinentes à sua vida doméstica (familiar e afetiva), aos seus hábitos, escolhas, segredos, 
etc., sem se submeter ao crivo (e à curiosidade) da opinião alheia. 
 
 Nosso texto constitucional tutela a privacidade no inciso X do art. 5º, contemplando a 
inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas,direitos não referenciados de modo expresso no caput do dispositivo, mas que estão, 
sem dúvida, conectados ao direito à vida, especialmente na sua segunda acepção (direito 
a uma vida digna). 
 
Direito à 
Intimidade 
Núcleo mais restrito do direito à privacidade, a intimidade compreende as relações e opções 
mais íntimas e pessoais do indivíduo, compondo uma gama de escolhas que se pode 
82 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
manter ocultas de todas as outras pessoas, até das mais próximas. Representa, pois, o 
direito de possuir uma vida secreta e inacessível a terceiros, evitando ingerências de 
qualquer tipo. 
 
Direito à Vida 
Privada 
A vida privada é mais abrangente e contém a intimidade, pois abarca as relações pessoais, 
familiares, negociais ou afetivas, do indivíduo, incluindo seus momentos de lazer, seus 
hábitos e seus dados pessoais, como os bancários e os fiscais. Nota-se que a tutela à vida 
privada não busca proteger segredos ou particularidades confidenciais de ninguém, tarefa 
que fica a cargo da tutela da intimidade. 
 
Direito ao 
Esquecimento 
Trata-se o denominado direito ao esquecimento do direito de não permitir que um fato, 
mesmo que verídico, ocorrido em determinado momento da vida de uma pessoa, seja 
relembrado e exposto ao público em geral, causando-lhe sofrimento. Está amparado na 
Constituição Federal, apresentando-se como uma consequência do direito à vida privada 
(privacidade), intimidade e honra, consagrados pela CF/88 (art. 5º, X), bem como também 
é amparado pelo CC/02 (art. 21). Outrossim, encontra fundamento também na dignidade 
da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88). 
 
Direito à Honra A honra é um bem imaterial conectado ao valor moral do indivíduo, e envolve tanto um 
aspecto subjetivo (honra subjetiva), relacionado a afeição e o apreço que se tem por si 
mesmo, quanto o aspecto objetivo(honra objetiva), referente ao conceito social que a 
pessoa desfruta diante da opinião pública. 
 
Direito à Imagem A imagem física protegida pelo inciso inclui qualquer representação gráfica do aspecto 
visual da pessoa ou dos traços característicos da sua fisionomia. Os meios de comunicação 
não podem usurpar a imagem do indivíduo, utilizando-a sem o seu consentimento, ainda 
que para louvar ou enaltecer a pessoa. Para evitar ingerências alheias nos aspectos pessoais 
da vida do indivíduo e resguardar sua privacidade, a Constituição resguarda em sigilo seus 
dados (bancários, fiscais, telefônicos e informáticos), seu domicílio e suas comunicações. 
 
Sigilos Pessoais 
Sigilo do Domicílio  A previsão da inviolabilidade domiciliar é a consagração constitucional do "recesso do 
lar'; local no qual a vida privada doméstica será exercida com plena liberdade, inacessível 
às intromissões alheias. 
 
 O conceito de "domicílio", em âmbito constitucional, no entanto, é significativamente 
mais amplo que na esfera civil, pois indica qualquer local delimitado que alguma pessoa 
ocupe com exclusividade, a qualquer título, inclusive de forma profissional. 
 
 Mas, como já se disse, não há direitos absolutos, de forma que a inviolabilidade 
domiciliar sofrerá, em algumas circunstâncias, restrições. 
 
 Diz o documento constitucional que, excetuando-se a hipótese de consentimento do 
morador, a entrada deum estranho em local considerado "casa" somente poderá 
ocorrer: 
(1) em hipótese de flagrante delito; 
(2) em caso de desastre; 
(3) para prestar socorro; 
(4) ou, durante o dia, por determinação judicial. 
 
83 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Sigilo de 
Correspondência 
Proteger as correspondências é preservar a privacidade e a liberdade de expressão, afinal, 
a confidência de algo privado, íntimo, sigiloso a um terceiro, não pode ser objeto de 
interferência da parte de nenhum particular, muito menos do Estado. 
 
Sigilo de Dados  Os dados que podem revelar aspectos da privacidade de um indivíduo e ficam 
resguardados sob sigilo são os chamados dados sensíveis, referentes às informações 
telefônicas, bancárias e fiscais da pessoa, bem como à sua orientação sexual, crença 
religiosa, e o valor de sua remuneração. 
 
 Qualquer intervenção estatal direcionada a romper o sigilo desses dados deverá ser 
devidamente fundamentada e somente poderá ser determinada pela autoridade 
competente, conforme veremos nos itens a seguir. 
 
Dados bancários 
É certo que as movimentações e posições financeiras do indivíduo integram sua privacidade, 
sendo dever das instituições bancárias manter o sigilo sobre esses dados. Sobre o tema, é 
pacífico na jurisprudência do STF que: 
(1) eventuais violações do sigilo bancário somente podem ser determinadas: (a) pela 
autoridade judicial competente e (b) pelas comissões parlamentares de inquérito (federais 
ou estaduais); 
(2) desde fevereiro de 2016 o STF entende que são constitucionais os dispositivos da Lei 
Complementar 105/2001 que permitem à Receita Federal receber dados bancários de 
contribuintes fornecidos diretamente pelos bancos, sem prévia autorização judicial. Não 
se trata de "quebra de sigilo bancário", mas sim de "transferência de informações sigilosas" 
no âmbito da Administração Pública. 
 
Dados fiscais 
Podem ser definidos como as informações obtidas pelos agentes da Fazenda Pública, no 
exercício do ofício, referentes à posição econômica, financeira ou dos negócios e atividades 
do contribuinte e terceiros. Segundo o STF: 
(1) o sigilo fiscal só pode ser excepcionado extraordinariamente, em situações que 
demonstrem claramente a necessidade dessa violenta ruptura à privacidade; 
(2) somente a autoridade judicial ou as CPIs podem determinar a medida; 
(3) não há qualquer precedente no STF autorizando que membros do MP possam 
determinar a violação do sigilo fiscal. 
 
Dados telefônicos 
Referem-se aos registros numéricos dos telefones para os quais a pessoa fez ligações ou dos 
quais as recebeu, abrangendo também a data, o horário e a duração da chamada. Segundo 
o STF, autoridades judiciais e as CPIs, desde que demonstrem de modo inequívoco a 
necessidade dessa excepcional ruptura à privacidade da pessoa, é que podem determinar 
legitimamente violações ao sigilo dos dados telefônicos. 
 
Sigilo das 
Comunicações 
 A Constituição protege, no inciso XII do art. 5º, a inviolabilidade do sigilo "da 
correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei 
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal". 
 
 Sigilo das comunicações telegráficas: A CF/88 estabeleceu a inviolabilidade das 
comunicações telegráficas (realizadas por meio de telegramas). 
 
84 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
 Sigilo das comunicações telefônicas: A interceptação telefônica é "a captação e 
gravação de conversa telefônica, no mesmo momento em que ela se realiza, por terceira 
pessoa sem o conhecimento de qualquer dos interlocutores". Sua decretação legítima 
depende da presença de três requisitos: (1) ordem judicial; (2) finalidade específica: 
investigação criminal ou instrução processual penal; (3) previsão em lei. 
 
 Não se pode confundir a interceptação telefônica com a escuta telefônica: esta última 
representa o ato de captação ou gravação da conversa por uma terceira pessoa, mas 
com o conhecimento e o consentimento de um dos interlocutores. Por seu turno, a 
gravação clandestina é aquela realizada por um dos interlocutores sem o 
conhecimento/consentimento do outro, podendo ser ambiental (gravação ambiental) 
ou atingir a comunicação telefônica (gravação telefônica). Diz a doutrina: "é a captação 
de conversa pessoal, ambiental ou telefônica, que ocorre no exato momento da 
realização do diálogo". O fato de a gravação ser clandestina não significa que será ilícita.Direito à igualdade 
Noções Iniciais  Princípio geral de todo o ordenamento e pedra angular do regime democrático, a 
igualdade recebeu da Constituição especial e robusta proteção. De todas as menções, a 
mais central é aquela constante do caput do art. 5º que, ao enunciar que "todos são 
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza", contemplou uma perspectiva 
formal, consagradora de um tratamento igualitário perante a lei. 
 
 Essa ótica de aplicação do princípio assegura que a lei, genérica e abstrata, incida de 
modo neutro nas ocorrências fáticas, vale dizer, seja igual para todos e não tolere 
espaços para privilégios ou distinções. 
 
 Aos poucos, porém, essa concepção puramente formalista demonstrou sua insuficiência 
em equacionar verdadeiramente a igualdade entre os indivíduos. Iniciou-se, então, um 
processo de questionamento dessa leitura oitocentista do princípio da isonomia, criando 
o cenário adequado para o robustecimento da perspectiva material (substancial),que 
considerasse as desigualdades reais existentes na vida fática, permitindo que situações 
desiguais fossem destinatárias de soluções distintas. 
 
 
 O intuito dessa nova e abrangente leitura do princípio é inequívoco: evitar que certos 
grupos de pessoas sejam deixadas em estado de indignidade e completo desalento. 
 
Princípio da 
Isonomia e Ações 
Afirmativas 
As "ações afirmativas" representam poderoso mecanismo de inclusão social, concebido 
para corrigir e mitigar os efeitos presentes das discriminações ocorridas no passado. Se 
caracterizam como práticas ou políticas estatais de tratamento diferenciado a certos grupos 
historicamente vulneráveis, periféricos ou hipossuficientes, buscando redimensionar e 
redistribuir bens e oportunidades a fim de corrigir distorções. Referidas ações, contudo, 
devem ser instituídas em estrita observância à razoabilidade e à proporcionalidade, haja 
vista somente serem constitucionalmente legítimas quando não se basearem em critérios 
arbitrários e não promoverem favoritismos desproporcionais. Isso porque toda ação 
afirmativa elege um grupo a ser contemplado pelas vantagens compensatórias, afastando 
os demais não abrangidos pela política pública de favorecimento, criando um cenário que 
pode ocasionar a discriminação inversa. 
 
85 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Igualdade entre 
Homens e 
Mulheres 
Essa perspectiva da igualdade já estava contemplada na cláusula geral do caput do art. 5º, 
ao assegurar que "todos são iguais perante a lei", assim como nas normas que vedam 
discriminações motivadas por questões de gênero. Nada obstante, o Poder originário optou 
por enunciar no inciso I do art. 5º, de modo específico e destacado, que "homens e mulheres 
são iguais em direitos e obrigações". Nota-se que, em respeito à diretriz constitucional, não 
será válido estabelecer distinções entre homens e mulheres, salvo quando voltadas à 
equiparação de condições entre eles — já que será a partir dessas diferenciações lícitas que 
se efetivará verdadeiramente o princípio da isonomia. 
 
Igualdade e 
Identidade de 
Gênero 
0 direito à sexualidade abrange o de ostentar um nome que esteja em consonância com a 
sua identidade sexual. Em razão disso, o STF, em decisão unânime e histórica (março de 
2018, na ADI 4275), reconheceu aos transgêneros, que assim o desejarem, 
independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da realização de tratamentos 
hormonais ou patologizantes, o direito à substituição de prenome e sexo diretamente no 
registro civil. 
 
Aplicação do 
princípio da 
isonomia nos 
critérios de 
admissão em 
concurso público 
 Exemplos corriqueiros de relativização do princípio isonômico podem ser extraídos das 
discussões que envolvem os critérios diferenciados impostos para admissão em 
concursos públicos. 
 
 Nada obstante nosso documento constitucional ter vedado explicitamente a imposição 
de distinções formatadas por motivo de sexo, idade, corou estado civil, o poder 
constituído reformador, por intermédio da EC nº 19/1998, possibilitou ao legislador 
infraconstitucional estabelecer em lei requisitos diferenciados de admissão em 
concursos públicos quando a natureza do cargo o exigir (art. 39, § 3º, CF/88). 
 
 É, portanto, constitucionalmente legítima a previsão em edital de requisitos 
diferenciados de admissão desde que haja: (1) previsão legal definindo quais são os 
critérios; (2) razoabilidade da previsão, afinal, conforme entendimento da Suprema 
Corte, a distinção só será constitucionalmente legítima quando justificada pela natureza 
das atribuições dos cargos a serem preenchidos. 
 
 
 
 
 
Direito à Liberdade 
Liberdade de Ação  Expressão da autonomia da vontade, a liberdade de agir é garantida no inciso II do art. 
5º, CF/88, quando este determina que ninguém será obrigado a fazer ou a deixar de fazer 
algo senão em virtude de lei. 
 
 Essa faceta da liberdade materializa-se como uma garantia constitucional, que assegura 
ao particular a prerrogativa de rechaçar qualquer injunção que lhe seja imposta por via 
diversa da legal. 
 
 
Liberdade de 
Pensamento e 
Manifestação 
 Sendo dotado de um grau mínimo de discernimento e saúde mental, o indivíduo já 
possui a liberdade de pensamento. Não raro, todavia, o sujeito deseja expressar suas 
convicções íntimas, comunicar suas ideias e opiniões formatadas internamente. Nesse 
contexto surge a importância do Direito, que vai ampará-lo no exercício da liberdade de 
manifestar seu pensamento. 
86 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
 
 Em nosso texto constitucional o art. 5º, IV explicita essa faculdade, assegurando-a tanto 
no aspecto positivo —proteção da exteriorização da opinião—, quanto no aspecto 
negativo— de vedação à censura prévia. 
 
 O que a Constituição não resguarda é o anonimato da manifestação. Isso porque, 
eventualmente, no exercício dessa faculdade, o sujeito pode agir abusivamente e ferir 
direitos de outrem (honra ou imagem por ex) ou até mesmo cometer um ilícito penal, 
casos em que sua identidade será imprescindível para viabilizar a responsabilização 
aplicável à hipótese. 
Liberdade de 
Consciência, 
crença e culto 
Essa faceta do direito à liberdade consiste no posicionamento estatal neutro e 
independente diante da pluralidade de religiões e concepções filosóficas referentes aos 
fenômenos sobrenaturais, conferindo aos cidadãos vasta autonomia na adesão de valores 
religiosos, espirituais, morais ou político-filosóficos. 
 
Análise dos dispositivos constitucionais 
Inciso VI: materializa a laicidade do Estado vigente ao assegurar a inviolabilidade de 
consciência e de crença, bem como garantir "o livre exercício dos cultos religiosos" e "a 
proteção aos locais de culto e a suas liturgias". 
 
A autonomia quanto à consciência possui grande amplitude, pois liberta o indivíduo de 
quaisquer interferências de ordem moral, filosófica, religiosa, política ou sociológica, 
permitindo que cada qual abrace juízos, ideias e opiniões de acordo com suas escolhas 
particulares. Mais restrita é a liberdade de crença, pois envolve 
tão somente o aspecto religioso, referente à autonomia de professar (ou não) uma crença 
religiosa. 
 
Por seu turno, a liberdade de culto é a permissão para a exteriorização da crença, já que a 
autonomia de um indivíduo em definir sua religião não se esgota na mera escolha, 
demandando uma prática religiosa que se expressa por intermédio dos cultos, dos ritos, das 
cerimônias, das reuniões e da fidelidade aos hábitos e tradições. 
 
Inciso VIII: nos termos deste dispositivo, temos que "ninguém será privado de direitos por 
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para 
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, 
fixada em lei". Eis a previsão do direito à "escusa de consciência". É esse o direitoconstitucional que permite que um indivíduo não cumpra determinada obrigação legal (ou 
que não pratique certo ato)não condizente com suas convicções religiosas, políticas ou 
filosóficas, sem que com isso incida sobre ele qualquer represália quanto às suas garantias 
constitucionais —desde que, ao se recusar a satisfazer a obrigação legal, o sujeito cumpra a 
prestação alternativa prescrita em lei. Há que se notar, todavia, que se o Estado houver 
fixado em lei uma prestação alternativa, consistente em um serviço administrativo que não 
abala crenças ou convicções, o sujeito deverá cumpri-la, sob pena de seus direitos políticos 
serem suspensos (art. 15, IV, CF/88). 
 
Inciso VII: em finalização ao estudo dos incisos atinentes à liberdade religiosa, destaca-se 
que a prestação de assistência religiosa a pessoas internadas em entidades civis e militares 
é assegurada pelo art. 5º, VII, CF/88. 
 
Controvérsias em torno da incidência da liberdade religiosa 
(1) Invocação da objeção de consciência para sustentar o pedido de realização de prova 
em data diversa daquela agendada pelo órgão público O STF determinou a suspensão da 
87 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
decisão de Tribunal que houvera determinado à União a marcação de uma data alternativa 
para a realização das provas do ENEM, que não coincidisse com o Shabot, período judaico 
sagrado. De acordo com o Min. Gilmar Mendes, no ato de inscrição do ENEM foi oferecida 
a opção de "atendimento a necessidades especiais", no intuito de garantir a viabilidade de 
participação de pessoas com limitações por motivo de convicção religiosa ou que se 
encontrassem reclusas em hospitais ou estabelecimentos prisionais. Assim, aqueles que 
realizaram suas inscrições com solicitação de atendimento especial foram atendidos, como, 
por exemplo, os adventistas do Sétimo Dia, cuja prova somente foi realizada após o pôr-do-
sol de sábado. 
 
(2)Símbolos religiosos em locais públicos e o Estado laico 
Uma discussão que divide autores e tribunais é referente à instalação de símbolos religiosos 
em repartições e órgãos públicos, tais como os símbolos cristãos — especialmente a bíblia 
e o crucifixo. O CNJ, por maioria, decidiu que os crucifixos são símbolos da cultura brasileira 
e em nada comprometem a universalidade e imparcialidade do Poder Judiciário, não sendo 
necessário, portanto, retirá-los dos recintos públicos. Determinou, ainda, que os tribunais 
possuem autonomia administrativa para decidir sobre o tema, permitindo ou rechaçando a 
utilização de referidos símbolos. 
 
(3) Curandeirismo A invocação da liberdade religiosa não pode servir de abrigo para a 
prática de ilícitos penais, razão pela qual a 2ª Turma do STF decidiu que a prática do 
"curandeirismo" não está abrangida pela norma constitucional de proteção a crença. 
 
(4) Ensino religioso e o Estado laico 
No art. 210, § 1º, a Constituição institui o ensino religioso como disciplina dos horários 
normais das escolas públicas do ensino fundamental, todavia, em homenagem à liberdade 
religiosa, tornou facultativa a matrícula. Destarte, o aluno terá plena liberdade de se 
matricular ou não nessa disciplina. Ademais, em setembro de 2017 (na ADI 4439), o STF 
reconheceu a possibilidade de as escolas públicas ofertarem ensino religiosa confessional, 
sem que isso implique violação ao caráter laico do Estado brasileiro ou à garantia 
fundamental à liberdade religiosa. Por maioria apertada (de 6 votos a S) prevaleceu a 
compreensão de que o texto constitucional não veda que as escolhas públicas ofereçam 
aulas (de matrícula facultativa) de uma religião específica, desde que o Estado oportunize a 
qualquer doutrina religiosa interessada a possibilidade de prestar o ensino religioso de 
acordo com suas crenças. 
 
(5) Transfusão de sangue em testemunhas de Jeová 
De acordo com entendimento exarado recentemente pelo STJ, nas situações que envolvam 
menores de idade com risco de morte, é dever do médico realizar o procedimento, ainda 
que em detrimento da vontade dos pais (testemunhas de Jeová). No juízo de ponderação, 
a vida e o superior interesse da adolescente, que ainda não teria discernimento suficiente 
para decidir sobre os rumos de seu tratamento médico, sobressaem sobre, de outro lado, a 
convicção religiosa dos pais, que neguem consentimento à transfusão de sangue. 
 
(6) Proselitismo religioso e incitação ao ódio e à intolerância 
Na ADI 2566, julgada em maio de 2018, o STF confirmou a legitimidade do proselitismo 
religioso, sendo que a atuação persuasiva do discurso religioso, que se empenha em 
converter uma pessoa aos dogmas ou crenças da sua religião é postura abrangida na 
liberdade de crença. Tal direito, no entanto, não se coaduna com práticas e condutas 
discriminatórias ou abusivas que disseminem ódio e intolerância. 
 
88 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Liberdade de 
Profissão 
Nosso texto constitucional garante a liberdade no exercício de qualquer trabalho, ofício ou 
profissão (a regra é a liberdade profissional); condiciona, no entanto, essa liberdade ao 
atendimento das qualificações profissionais que eventualmente uma lei federal (art. 22, 
XVI) estabelecer. Estamos diante, pois, de uma norma constitucional de eficácia contida, 
possuidora de aplicabilidade direta e imediata, mas passível de restrição por disposição da 
própria Constituição ou de legislação infraconstitucional. 
 
Liberdade de 
Locomoção 
 Em tempos de paz, é livre a locomoção em território nacional, podendo qualquer pessoa 
(nacional ou estrangeira), nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com 
seus bens. 
 
 Vê-se que a liberdade inscrita no art. 5º, XV, CF/88 abarca: (1) o acesso e ingresso no 
território nacional; (2) a saída do território nacional; (3) a permanência no território 
nacional; e, ainda, (4) o deslocamento no território nacional. 
 
 No âmbito da análise deste direito, o STF declarou, em junho de 2018, a 
incompatibilidade com a Constituição Federal da condução coercitiva de investigados ou 
de réus para interrogatório. 
 
Liberdade de 
Reunião 
 Nos termos constitucionais (art. 5º, XVI), todos podem reunir-se pacificamente, sem 
armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não 
frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas 
exigido prévio aviso à autoridade competente. 
 
 É a consagração do direito de reunião. Trata-se de um direito individual, mas de 
expressão coletiva. Representa, pois, um direito público subjetivo que cada pessoa, 
individualmente considerada, possui, mas que só pode ser exercido de forma coletiva, 
vale dizer, com a participação de uma pluralidade de sujeitos. 
 
Liberdade de 
Associação 
 Associação é uma aliança estável de pessoas, sob direção comum, na busca de fins lícitos. 
Constitui-se em direito individual de expressão coletiva, o que significa que muito 
embora seja atribuído a cada pessoa individualmente considerada, somente poderá ser 
exercido deforma coletiva. 
 
 Ressalte-se, todavia, que um Deste modo, pouco importa coma o contato entre o 
membros vai ocorrer (se por e-mails, telefonemas, cartas, reuniões pessoais, etc.), sendo 
importante que haja uma constância nessa relação, que dê solidez aos propósitos do 
agrupamento. 
 
 Ressalte-se que, depois de criadas, as associações somente poderão ser 
compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, 
exigindo-se, para a dissolução compulsória, o trânsito em julgado. 
 
 
Direito à Propriedade 
Noções Iniciais Abarcando as prerrogativas de usar, gozar, dispor e possuir um bem (material ou não), bem 
como a de reavê-la diante de detenção indevida por outrem, o direito de propriedade é 
assegurado pela Constituição Federal em seu art. 5º, em variados incisos (XXII, XXIII, XXIV, 
XXVII, XXIX e XXX). 
 
89 
Resumo Tabelado de DireitoConstitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Função Social da 
Propriedade 
 Ao garantir o direito à propriedade, o texto constitucional impôs explicitamente que esta 
deveria atender a sua função social (art. 5º, XXIII). Esse preceito revela a função social 
enquanto limitação ao exercício da prerrogativa. 
 
 Assim, ainda que o cumprimento da função social seja essencial para que o proprietário 
usufrua plenamente de todas as faculdades que o direito lhe confere, sua eventual 
inobservância não poderá subtrair do proprietário inadimplente todos os seus direitos 
referentes ao bem. 
 
 Entende-se, pois, que a função social é exigência constitucional que, se efetivada, 
culmina no reconhecimento de que o direito de propriedade estará resguardado na sua 
plenitude. 
 
 São limitações constitucionalmente firmadas ao direito de propriedade: (1) a 
desapropriação (art. 5º, XXIV, CF/88); (2) a requisição(art. 5º, XXV, CF/88); (3) a 
expropriação (art. 243, CF/88), e (4) a usucapião(arts.183 e 191, CF/88). Enquanto a 
função social impede atribuir à propriedade um caráter absoluto, a requisição atinge a 
exclusividade do direito, e a desapropriação, a expropriação e a usucapião afastam seu 
caráter perpétuo. 
 
Desapropriação  A princípio, o direito de propriedade tem duração ilimitada, vale dizer, é perpétuo, já 
que perdura ao longo de toda a vida do proprietário e, com sua morte, é transmitido aos 
seus sucessores. 
 
 Pode o Poder Público, no entanto, determinar a desapropriação da propriedade 
particular através de uma transferência compulsória, em que toma para si (ou transfere 
para terceiros) bens particulares, mediante o pagamento de justa e prévia indenização 
(em regra, em dinheiro). 
 
 A desapropriação é, sem dúvida, uma agressiva maneira de o Estado intervir no direito 
de propriedade, todavia é uma forma que o Poder Público possui de vencer entraves à 
efetivação de obras e serviços de interesse da coletividade, como por exemplo a 
construção de um viaduto, de uma rodovia, ou até mesmo a criação de uma reserva 
ambiental. 
Requisição  A requisição é uma forma de intervenção pública no direito de propriedade em situações 
emergenciais, em que há iminente perigo público e a autoridade competente precisa 
usar temporariamente uma propriedade particular (art. 5º, XXV). 
 
 Existindo na modalidade civil (art. 5º, XXV, CF/88) e na militar (art. 139, VII, da CF/88), 
na requisição não se fala em perda da propriedade (supressão de domínio), mas apenas 
em uso do bem pelo Estado visando atender o interesse público. 
 
Expropriação ou 
Confisco 
Expropriação é a supressão punitiva da propriedade privada, por ordem judicial, sem que 
o proprietário tenha direito a receber qualquer indenização. Prevista no art. 243, CF/88, 
ocorre nas situações em que o sujeito se utiliza de sua propriedade, rural ou urbana, 
localizada em qualquer região do País, para culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a 
exploração de trabalho escravo. 
 
Usucapião  A Constituição Federal prevê, em seu art. 183, que aquele que possuir como sua área 
urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, 
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, 
90 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou 
rural. É o usucapião especial de imóvel urbano. 
 
 O usucapião de imóvel rural ocorre quando um sujeito, que não é proprietário de imóvel 
rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de 
terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu 
trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia (art. 191, CF/88). 
 
 
Direito à Propriedade Intelectual 
Enquanto estiver vivo, o indivíduo autor controla a utilização, a publicação e a reprodução de suas obras, sendo 
esse direito transmissível aos seus herdeiros pelo tempo determinado por lei (e não eternamente, pois, a partir 
de um determinado momento, a obra cairá em domínio público). 
 
Direito à Propriedade Industrial 
O inciso XXIX assegura a chamada propriedade industrial na condição de um direito individual. 
Direito à Herança 
e Sucessão 
0 direito de herança é constitucionalmente assegurado na condição de direito individual 
fundamental. Destarte, se algum estrangeiro falecer deixando bens situados no Brasil, esta 
sucessão de bens (recebimento da herança) será regulada pela lei brasileira de forma a 
beneficiar o cônjuge ou seus filhos brasileiros, a não ser que a lei do país do falecido seja 
ainda mais favorável a estes. 
Defesa do 
Consumidor 
0 Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor. 
Direito à 
Informação 
Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou 
de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de 
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da 
sociedade e do Estado. 
Direito de Petição 
e Direito à 
obtenção de 
Certidões 
São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou 
abuso de poder; 
b)a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento 
de situações de interesse pessoal. 
Inafastabilidade 
do Judiciário 
 Nenhuma lesão ou ameaça de lesão a direito deixará de ser apreciada pelo Poder 
Judiciário. 
Não sendo um princípio absoluto, a doutrina aponta algumas exceções à regra geral da 
inafastabilidade da jurisdição. 
 
 São casos nos quais o acionamento do Poder Judiciário somente sedará após o prévio 
esgotamento da via administrativa. Em outras palavras: em determinados casos, a lesão 
ou ameaça de lesão a direito somente poderá ser levada ao conhecimento do Poder 
Judiciário após o sujeito já ter tentado resolver a questão na via administrativa. 
 
 
Limitação a 
Retroatividade da 
Lei 
O texto constitucional garante expressamente (art. 5º, XXXVI, CF/88) a estabilidade das 
relações jurídicas ao amparar o "direito adquirido", o "ato jurídico perfeito" e a "coisa 
julgada". Este inciso resguarda a segurança jurídica, ao determinar que certos atos, quando 
consolidados, se tornam definitivos e impassíveis de nova discussão. 
 
Juiz Natural  Os incisos XXXVII e LIII traduzem princípios absolutamente vinculados: o da vedação de 
tribunais de exceção e o do juiz natural. O intuito do estabelecimento dessas garantias 
é o de impedir que o órgão julgador seja estabelecido após a ocorrência do fato, de 
91 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
maneira arbitrária, propiciando perseguições políticas nada condizentes comum Estado 
democrático. 
 
 A figura do promotor natural também é derivada da garantia constitucional de que 
ninguém será processado, nem sentenciado, senão pela autoridade competente (art. 5º, 
LIII, CF/88). 
 
 
Tribunal do Júri O júri terá competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. Você sabe o 
que é um crime doloso? É aquele no qual o agente (indivíduo que pratica o crime) prevê o 
resultado lesivo de sua conduta e, ainda assim, pratica a ação, produzindo o resultado. 
Porque ele deseja o resultado. Age com dolo, isto é, com vontade de que o resultado seja 
efetivado, se concretize. O crime doloso contra a vida somente não será de competência do 
Tribunal do Júri se a Constituição Federal tiver determinado outro foro para o caso. 
 
Legalidade Penal e 
Irretroatividade da 
Lei Penal 
 (1) o princípio da legalidade (ou reserva legal), vez que não há crime sem lei que o defina, 
nem pena sem cominação legal; 
 
 (2) o princípio da anterioridade, visto que não há crime sem lei anterior que o defina, 
nem pena sem prévia cominação legal.Práticas 
Discriminatórias e 
Crimes 
Inafiançáveis 
 Sendo um dos objetivos da República Federativa do Brasil, posto no art. 3°, IV, o de 
promover o bem de todos, sem preconceito de origem, sexo, cor, raça e quaisquer outras 
formas de discriminação, é natural que tenhamos a previsão do inciso XLI, no sentido de 
determinar que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades 
fundamentais. 
 
 Já os incisos XLII a XLIV enunciam os crimes que, em razão de sua gravidade, não 
admitem fiança (são os inafiançáveis), isto é, não admitem o pagamento em dinheiro 
para que seja determinada a soltura do indivíduo preso. Costumamos usar uma frase 
para memorizar os crimes inafiançáveis: Ra Ação He TTT (Racismos, Ação, Hediondos, 
Tráfico, Tortura, Terrorismo). 
 Já no inciso XLIII, temos a informação de que os crimes de tráfico, tortura e terrorismo 
(TTT), assim como os hediondos, além de serem inafiançáveis, são também insuscetíveis 
de graça e anistia. 
 
Intranscendência 
da Pena 
0 inciso XLV traz o princípio da Intranscendência (ou personalização) da pena, assegurando 
que ninguém sofrerá os efeitos da condenação de outrem. É este dispositivo que garante 
que ninguém cumprirá a pena no lugar de outra pessoa. 
 
Individualização 
da Pena 
Individualizar a pena significa impor uma sanção condizente com a gravidade do fato e as 
características pessoais do infrator. Quanto mais censurável for a conduta, mais gravosa 
será a pena imposta. Acaso o crime seja menos grave, a pena poderá ser mais branda. 
Vedação de Penas Tendo o valor da dignidade da pessoa humana como norte, nossa Constituição veda a 
aplicação de certas penas, a saber: 
(a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
(b) de caráter perpétuo; 
(c) de trabalhos forçados; 
(d) de banimento; 
(e) cruéis 
92 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
 
Direitos 
assegurados aos 
presos 
Ninguém poderá ser preso ou mantido preso se a lei admitir a liberdade provisória, com ou 
sem fiança. Também a eventual prisão ilegal deverá ser imediatamente relaxada pela 
autoridade judiciária. E se alguém for erroneamente preso ou ficar preso por mais tempo 
do que o permitido em lei, o Estado estará obrigado a indenizar o sujeito por esse cárcere 
indevido. Ademais, o indivíduo preso é privado da sua liberdade de locomoção, mas não de 
sua dignidade, sendo merecedor de absoluto respeito quanto à sua integridade física e 
moral. 
 
Extradição  Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, 
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. 
 
 Não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião. 
 
Juiz Natural Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. 
 
Devido Processo 
Legal 
Uma das mais amplas e relevantes garantias que temos no art. 5° é a do princípio do devido 
processo legal, que traduz-se na ideia de que um conjunto de garantais processuais, formais 
e materiais, deverão ser observadas para que esta norma constitucional seja satisfeita. 
 
Contraditório e 
Ampla Defesa 
 Como consequência direta do princípio do devido processo legal, temos a previsão de 
duas importantíssimas garantias constitucionais: o contraditório e a ampla defesa. 
 Ampla defesa significa o direito de apresentar no curso do processo todos os meios 
lícitos que permitam ao sujeito provar seu ponto de vista. 
 Por seu turno, o contraditório representa o direito constitucional que o sujeito possui de 
contradizer tudo aquilo que for apresentado no processo pela parte adversa. 
 
Provas Ilícitas Como derivação do princípio do "Devido processo legal", estudado no inciso LIV, temos a 
inadmissibilidade das provas ilícitas, que serão completamente rechaçadas nos processos 
judiciais e também nos administrativos. 
 
Princípio da 
Presunção da 
Inocência ou da 
Não Culpabilidade 
 Eis o princípio da presunção de inocência, cuja finalidade central é a de tutelar a 
liberdade do indivíduo. Destarte, só depois que a sentença condenatória transita em 
julgado, isto é, se torna definitiva e não mais admite recurso, é que o sujeito poderá ser 
considerado culpado. Antes disso, presume-se, é inocente e como tal deverá ser tratado. 
 
 O sujeito pode ser preso antes da condenação definitiva (em flagrante, 
preventivamente, temporariamente), sem que isso signifique que o consideremos já 
culpado. Às vezes a manutenção do indivíduo solto compromete a própria efetividade 
do processo penal, pois ele intimida testemunhas, destrói provas essenciais, ameaça 
fugir, etc. 
 
 
Identificação 
Criminal 
Aquele que estiver civilmente identificado (ou seja, que portar consigo algum documento 
de identificação válido em todo o território nacional, como a CNH, o passaporte, a carteira 
de identidade, etc.) não será submetido a identificação criminal (não será levado à delegacia 
para o colhimento das suas impressões datiloscópicas, para tirar foto de frente e de perfil...), 
salvo nas hipóteses previstas em lei. 
 
93 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Ação penal 
Privada Subsidiária 
da Pública 
O art. 129,I é claro: é função institucional do MP promover, privativamente, a ação penal 
pública. No entanto, se esta não for apresentada pelo MP no prazo legal, oportuniza-se ao 
particular a ação penal privada subsidiária da pública, ou seja, o próprio particular 
apresentará a ação penal perante o Poder Judiciário em razão de o MP não ter agido dentro 
do prazo estabelecido em lei. 
 
Publicidade dos 
Atos Processuais 
A regra é a publicidade dos atos processuais. No entanto, e muito excepcionalmente, tal 
publicidade poderá ser restringida, nos casos em que a defesa da intimidade ou do interesse 
social exigirem. 
 
Prisão Civil por 
Dívida 
O Supremo Tribunal Federal passou a entender não ser mais possível no Brasil a prisão 
civil por dívida do depositário infiel, o que motivou inclusive a edição da súmula vinculante 
25, cujo teor é o seguinte: "É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a 
modalidade do depósito". 
 
Habeas Corpus Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer 
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. 
 
Mandado de 
Segurança 
Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado 
por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de 
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do 
Poder Público. 
 
Mandado de 
Segurança Coletivo 
O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: 
a) partido político com representação no Congresso Nacional; 
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em 
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou 
associados. 
 
Mandado de 
Injunção 
Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne 
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes 
à nacionalidade, à soberania e à cidadania. 
Habeas Data Conceder-se-á habeas data: 
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, 
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter 
público; 
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial 
ou administrativo. 
 
Ação Popular Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao 
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, 
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovadamá-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. 
 
Assistência 
Jurídica Estatal 
Tal previsão constitucional tem por intuito garantir o acesso à Justiça. Fique atento ao fato 
de que a assistência jurídica integral e gratuita não é devida a qualquer pessoa, mas, tão 
somente, aos que comprovarem insuficiência de recursos. 
 
Erro Judiciário 0 Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do 
tempo fixado na sentença. 
 
94 
Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica 
Gratuidade A gratuidade mencionada no texto constitucional abrange o registro civil de nascimento e a 
certidão de óbito, estando assegurada aos reconhecidamente pobres. 
Isenção de Custas 
e Despesas 
judiciais 
São gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos 
necessários ao exercício da cidadania. 
 
Direito à Razoável 
Duração do 
Processo 
O direito à razoável duração do processo foi introduzido ao art. 5ºpela emenda 
constitucional 45/2004, no inciso LXXVIII, estabelecendo que "a todos, no âmbito judicial e 
administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam 
a celeridade de sua tramitação." 
 
*Teoria do Impacto Desproporcional ou Teoria do Impacto Adverso: A teoria do impacto desproporcional tem 
total correlação com princípio da igualdade material. 
Possui a finalidade de impedir toda e qualquer conduta que gere efeitos negativos sobre determinados grupos 
ou indivíduos. 
Igualdade formal - condições igualitárias para todos. 
Igualdade material - é aquela que se preocupa em promover igualdade com políticas de equalização social a 
depender do discrimimen em análise. 
Teoria do impacto desproporcional (ou teoria do impacto adverso): visa aferir e impedir toda e 
qualquer conduta (inclusive legislativa) gere, na prática, efeitos negativos sobre determinados 
grupos ou indivíduos, ainda que não possua intenção de discriminação. Tem total correlação com 
princípio da igualdade material, na medida em que as políticas públicas originariamente são 
formatadas para colmatar as desigualdades existentes, mas, na sua aplicação, percebe-se que 
houve na verdade é o aumento de nível de desigualdade existente. 
Ex: No STF podemos destacar o julgamento da ADI 1.946, Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento em 
3-4-2003, Plenário, DJ de 16-5-2003, em que se debateu a Emenda Constitucional n. 20/98, que 
limitou os benefícios previdenciários a R$ 1.200,00, discutindo-se a quem caberia pagar a licença-
maternidade no caso da mulher trabalhadora receber salário superior a tal valor. Caso o 
empregador fosse obrigado a pagar a diferença salarial, poderia ser levado a evitar contratar 
mulheres para não ter que arcar com esse custo, causando um impacto negativo na oferta de 
empregos a elas, o que geraria uma desigualdade em relação aos homens. 
Diferenças entre igualmente material x formal: A igualdade formal é aquela preconizada pelo 
liberalismo que garante condições igualitárias sem ingerência estatal com edição de políticas 
públicas voltadas para a promoção de direitos sociais. 
A igualdade material é aquela que se preocupa em promover igualdade com políticas de 
equalização social a depender do discrimen em análise. Preconiza a realização efetiva dos direitos 
a partir de políticas governamentais de cunho legislativo ou administrativo com o objetivo de 
promover a equalização de direitos que não está em sintonia, e se traduz na proteção insuficiente 
a direitos fundamentais verificada na implementação de políticas públicas que possuem na origem 
na ideia de diminuir a desigualdade.
95 
 
 
 
Ações Constitucionais 
Remédios Constitucionais de natureza administrativa (não jurisdicional) 
São assim intitulados haja vista serem exercidos na via administrativa, perante autoridades públicas. Segundo a 
Constituição Federal, temos o (1) direito de petição e o (2) direito à obtenção de certidões como remédios de 
natureza não jurisdicional. 
 
Direito de 
Petição 
— art. 5º, 
XXXIV, 
"a", CF/88, c/c 
Lei 
nº 4.898/1965 
 0 direito de petição terá cabimento sempre que houver a necessidade de defender 
direitos, ou quando for constatado o cometimento, por parte de agentes do Poder 
Público, de uma ilegalidade ou de um abuso de poder. 
 Trata-se de direito que poderá ser exercido por todos, ou seja, por pessoas naturais, 
nacionais ou estrangeiras residentes no país, bem como pessoas jurídicas estabelecidas 
no Brasil, independentemente do pagamento de taxas. 
Direito à 
obtenção 
de Certidões — 
art. 
5º, XXXIV, "b", 
CF/88; c/c Lei 
nº 9.051/1995 
 Referido direito assegura a todos "a obtenção de certidões em repartições públicas, 
para defesa de direitos e esclarecimentos de situações de interesse pessoal". 
 É um remédio constitucional que pode ser manejado, independentemente do 
pagamento de qualquer taxa, por qualquer pessoa, física ou jurídica, nacional ou 
estrangeira, tendo por destinatário qualquer órgão ou autoridade da administração 
pública, direta ou indireta. 
 Ocorrendo a negativa ilegal do direito líquido e certo à obtenção das certidões—seja 
para defesa de direitos ou mesmo para o esclarecimento de situações de interesse 
pessoal —, a ação cabível será o mandado de segurança. 
 
 
Habeas Corpus (art. 5º, LXVIII e LXXVII da CF/88) 
Noções Iniciais A Constituição democrática de 1988 preceitua, no artigo 5º, LXVIII, que: "conceder--se-á 
`habeas-corpus' sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou 
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder". Em que pese 
o CPP incluir o HC no título dos recursos, é induvidosa a sua natureza jurídica de ação penal 
popular com status constitucional 
Legitimidade  A legitimidade ativa no habeas corpus é universal, sendo que qualquer indivíduo, 
nacional ou estrangeiro, independentemente de capacidade civil, política ou 
profissional, de idade ou estado mental, tem legitimidade para ingressar com o HC, em 
benefício próprio ou alheio. 
 Por outro lado, será sujeito passivo do habeas corpus aquele que pratica a coação ou 
ilegalidade ao direito de locomoção do paciente. Normalmente, será uma autoridade 
pública (como magistrados, delegados, membros de Tribunal ou até mesmo integrantes 
do Ministério Público). 
 Entretanto, em alguns raros casos, o habeas corpus poderá ser impetrado também 
contra atos de particulares, em face de patente ilegalidade. 
 Já o paciente é a pessoa física beneficiada pela ordem. Intuitivamente, não caberá HC 
em favor da pessoa jurídica, cujos interesses poderão ser tutelados na esfera criminal 
pelo mandado de segurança. Do mesmo modo, não há de se falar em HC para tutela de 
animais irracionais. 
Espécies Tradicionalmente, a doutrina destaca que o HC poderá ser de dois tipos: repressivo, 
também conhecido como liberatório, pois a liberdade de locomoção já está limitada, 
almejando-se a expedição de alvará de soltura; ou preventivo, quando o risco à liberdade é 
96 
 
iminente, objetivando-se a obtenção do salvo conduto. Contudo, o HC também poderá ser 
suspensivo, na hipótese de a prisão ter sido decretada, porém o mandado ainda estar 
pendente de cumprimento (almeja-se assim a expedição de um contramandado de prisão). 
Cabimento O HC tem por finalidade a tutela do direito de locomoção. Terá, portanto, cabimento 
contra abuso de poder ou ilegalidade que afete o direito de locomoção do paciente. O 
Código de Processo Penal, em seu art. 648, explicita hipóteses de cabimento do habeas 
corpus. São elas: 
(A) não houver justa causa; 
(g) alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; 
(C) quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; 
(D) houver cessado o motivo que autorizou a coação; 
(E) não for admitida a prestação 
Pressupostos 
lógicos e 
especificidades 
0 STF editou alguns verbetes de sua súmula sobre HC, valendo a transcrição: 
— Súmula 693 do STF: "Não cabehabeas corpus contra decisão condenatória a pena de 
multa ou relativa a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a 
única cominada". Ex.: Crime de porte de drogas. 
— Súmula 694 do STF: "Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão 
de militar ou de perda de patente ou de função pública". 
— Súmula 695, STF: "Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de 
liberdade". 
—Súmula 606 do STF: "Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão 
de turma, ou do plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso". 
— Súmula 691do STF: "Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas 
corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a Tribunal 
superior, indefere a liminar". 
— Súmula 692 do STF: "Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de 
extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, 
nem foi ele provocado a respeito". 
Competência — Ato de autoridade policial estadual ou federal —Juiz de Direito ou Juiz Federal; 
— Ato de Promotor de Justiça, Juiz de Direito ou Turma Recursal Estadual —Tribunal de 
Justiça; 
— Ato de Procurador da República ou Juiz Federal ou Turma Recursal Federal—Tribunal 
Regional Federal; 
—Ato de Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal —Superior Tribunal de Justiça; 
— Ato de Ministro de Estado, Comandantes da Marinha, Exército ou Aeronáutica ou 
autoridade do STJ —Supremo Tribunal Federal; 
— Ato de Juiz dos Juizados Especiais Criminais Estaduais e Juiz dos Juizados Especiais 
Criminais Federal -Turma Recursal Criminal Estadual e Federal. 
 
Procedimento  O habeas corpus segue um rito especial, porém, ao contrário dos procedimentos 
previstos nos Códigos de Processo Civil e Penal, é extremamente informal e célere, 
devido à importância do direito que pretende defender. Assim, não há necessidade da 
observância de rigor formal no procedimento. 
 Embora não haja previsão de concessão de liminar, em sendo o caso o juiz deverá deferi-
la, usando por analogia o procedimento do mandado de segurança. 
 Com a inicial, deferida ou não a liminar, será a autoridade coatora notificada para 
apresentar informações, seguida, caso seja necessário, de oitiva do paciente e sentença, 
na qual se concederá, ou se negará, a ordem pleiteada. 
Sistema Recursal I —Juízo de primeiro grau: Da decisão do juízo de primeiro grau na ação de habeas corpus 
caberá recurso em sentido estrito ao TJ/TRF, independentemente de ser a ordem 
concessiva ou denegatório (art. 581, X, CPP). 
97 
 
 
II —TJ ou TRF 
O acórdão denegatório do habeas corpus perante o Tribunal de segundo grau desafia 
recurso ordinário constitucional ao STJ. 
Já a concessão da ordem pelo TJ ou pelo TRF limita substancialmente a matéria a ser 
ventilada em eventual recurso. É que agora o recorrente só poderá discutir matéria 
manejando recurso especial ao STJ e/ou recurso extraordinário ao STF, desde que a situação 
se enquadre em uma das hipóteses de admissibilidade constitucional (art. 102, III e art. 105, 
III, CF). 
 
III —Tribunal Superior: O acórdão denegatório do habeas corpus em Tribunal Superior 
desafia recurso ordinário constitucional ao STF (art. 102, II, CF). Por outro lado, a concessão 
da ordem pode admitir recurso extraordinário ao Supremo, desde que se amolde em uma 
das hipóteses de admissibilidade constitucional (art. 102, III, CF). 
 
IV —Situações especiais: Da decisão monocrática proferida por membro de Tribunal em 
sede de liminar em habeas corpus caberá agravo regimental. Por sua vez, da decisão 
concessiva de habeas corpus proferida por turma recursal dos juizados caberá recurso 
extraordinário ao STF. 
Técnica decisória, 
repercussões 
processuais e 
efeitos 
(1) o órgão competente para o julgamento do habeas corpus não está vinculado à causa de 
pedir e aos pedidos formulados. Verificada a existência de ato ilegal, mesmo não veiculado 
pelo impetrante, torna-se necessário seu afastamento (art. 654, § 2º, CPP). É dizer, admite-
se julgamento extra petita, afinal, nada impede que a ordem seja concedida ex officio; 
(2) concedida a ordem de habeas corpus com base em motivos que não sejam de ordem 
exclusivamente pessoal, deve ser estendida aos demais corréus, já que o HC, assim como 
ocorre com os recursos de ordem criminal, desfruta do efeito extensivo(art.580, CPP); 
(3) em regra, o habeas corpus não permite dilação probatória, exigindo, assim como ocorre 
no mandado de segurança, prova pré-constituída; 
(4) nos habeas corpus interpostos perante órgãos jurisdicionais colegiados, em caso de 
empate na votação, considera-se a decisão favorável ao paciente, como consectário lógico 
do "in dúbio pro reo" 
Do cabimento do 
HC Coletivo 
 Em que pese inexistir previsão expressa de HC Coletivo em nosso ordenamento jurídico, 
nossa Corte Suprema entende que referida omissão legislativa não é impedimento 
para o conhecimento desse tipo de writ. Primeiro porque existem dois dispositivos 
legais que, indiretamente, revelam a possibilidade de habeas corpos coletivo: o art. 
654, § 2º e o art. 580, ambos do CPP. O art. 654, § 2º prevê que compete aos juízes e 
tribunais expedir ordem de habeas corpos de ofício; por seu turno, o art. 580 permite 
que a ordem concedida em determinado habeas corpos seja estendida para todos que 
se encontram na mesma situação. Da reunião dos dois dispositivos, podemos concluir 
que os juízes ou Tribunais podem estender para todos que se encontrem na mesma 
situação a ordem de habeas corpos concedida individualmente em favor de uma pessoa. 
 
 Outro argumento que pode ser catalogado é o de que a ação coletiva emerge, 
atualmente, coma sendo talvez a única solução viável para garantir o efetivo acesso 
à Justiça de grupos mais vulneráveis do ponto de vista social e econômico. 
 
 Para ilustrar o cabimento do writ na modalidade coletiva, lembremos da decisão 
proferida pela 2ª Turma do STF, por maioria de votos, em fevereiro de 2018,no sentido 
de conceder Habeas Corpus (HC143.641) coletivo para determinar a substituição da 
prisão preventiva por domiciliar de mulheres presas, em todo o território nacional, que 
sejam gestantes ou mães de crianças de até 12 anos ou de pessoas com deficiência, sem 
98 
 
prejuízo da aplicação das medidas alternativas previstas no artigo 319 do Código de 
Processo Penal. 
 
Mandado de Segurança Individual (art. 5º, LXIX, CF/88 e Lei nº 12.016/2009) 
Noções Iniciais  O mandado de segurança (MS) é um writ da mais extrema importância. Trata-se de ação 
constitucional de viés civil, independente da natureza do ato impugnado, seja ele 
administrativo, jurisdicional, criminal, eleitoral ou trabalhista. 
 Possui por escopo a proteção de direitos líquidos e certos contra ato de autoridade ou 
de quem exerça funções públicas, isto é, não se admite a ação em face de particular em 
atividade própria. 
Cabimento  O MS constitui remédio a ser utilizado quando direito líquido e certo-capaz de ser 
demonstrado independente de ulterior dilação probatória-do indivíduo for violado por 
ato de autoridade governamental (autoridade pública de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das respectivas autarquias, 
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista) ou de agente 
de pessoa jurídica privada que esteja, por delegação, no exercício de atribuição do Poder 
Público, contra o qual não seja oponível habeas corpus ou habeas data. 
 O MS é um remédio constitucional de caráter residual, uma vez que somente poderá ser 
impetrado para amparar direito líquido e certo que não disser respeito ao direito de 
locomoção (habeas corpus) e ao direito ao acesso e/ou retificação de informações 
pessoais (habeas data). 
Hipóteses de 
restrição, quanto 
ao cabimento do 
MS individual 
Podemos afirmar que não será cabível o writ, quando se tratar: 
(1) de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,independentemente de caução; 
(2) de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; 
(3) de decisão judicial transitada em julgado; 
(4) de lei em tese; 
(5) de ato interna corporis; 
(6) de substituição por ação popular ou ação de cobrança. 
Competência A competência para o julgamento do MS é fixada em conformidade com a autoridade 
impetrada. Existem duas regras para a fixação de competência em sede de mandado de 
segurança: 
(A) competência funcional (por prerrogativa de função), prevista constitucionalmente: é 
delimitada pelos artigos: 102, I, "d" (STF); 102,I "r" (STF); 105, I, "b" (STJ); 108, I, "c" (TRF); 
109, VIII (Justiça Federal); art. 114, IV (Justiça do Trabalho), todos da Constituição Federal; 
(B) competência infraconstitucional, na qual o juízo competente para a impetração do MS 
será o da sede da autoridade coatora. 
 
Assim, temos: 
(1) Quando a autoridade coatora for o Presidente da República, as Mesas da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal, o Tribunal de Contas da União, o Procurador- Geral da 
República ou o próprio Supremo Tribunal Federal, a competência originária para julgamento 
será do Supremo Tribunal Federal, conforme art. 102, I, "d'; CF/88. 
(2) A competência também será do Supremo Tribunal Federal, quando se tratar de 
julgamento, em recurso ordinário, do mandado de segurança decidido em única instância 
pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão (art.102,II, "a", CF/88). 
(3) Por outro lado, será hipótese de competência originária do Superior Tribunal de Justiça 
no caso de ato praticado por Ministro de Estado, pelos Comandantes da Marinha, do 
Exército e da Aeronáutica, ou pelo próprio Tribunal (art.105,I,"b'; CF/88). 
99 
 
(4) 0 Superior Tribunal de Justiça também julgará, em recurso ordinário, os mandados de 
segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos 
Tribunais dos Estados, do DF e territórios, quando denegatória a decisão (art. 105, II, “b”, 
CF/88). 
(5) Aos Tribunais Regionais Federais cabe julgar, originariamente, os mandados de 
segurança contra ato de juiz federal ou do próprio Tribunal (art. 108, I, "c", CF/88). 
(6) Aos juízes federais, por sua vez, cabe processar e julgar os mandados de segurança 
contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos Tribunais 
Regionais Federais (art. 109, VIII, CF/88). 
(7) Finalmente, estabelece o art.114, IV, CF/88, que confere à Justiça do Trabalho 
processamento e julgamento de mandado de segurança quando o ato questionado envolver 
matéria sujeita à sua competência. 
Legitimidade 
Ativa e Passiva 
 O legitimado ativo para a impetração do MS será o detentor do direito líquido e certo, 
não amparado por habeas corpus ou por habeas data, podendo este ser qualquer pessoa 
física (brasileiros ou estrangeiros, residentes ou não no país), ou pessoa jurídica (nacional 
ou estrangeira, privada ou pública), alguns órgãos públicos com capacidade processual 
(Mesas das Casas Legislativas, Chefia dos Executivos, Chefia do Tribunal de Contas, 
Ministério Público), agentes políticos, além de outros entes despersonalizados com 
capacidade processual (e exemplo do espólio e da massa falida). 
 O legitimado passivo, por outro lado, será a autoridade coatora. A autoridade coatora é 
aquela que pratica ou ordena a execução ou a inexecução do ato a ser impugnado via 
MS. 
Procedimento  O procedimento do MS será especial, de rito sumaríssimo, no qual o objeto principal do 
instrumento é a anulação de ato ilegal ou abusivo de direito líquido e certo, ou a 
determinação da prática do ato omitido pela respectiva autoridade coatora competente 
ou mesmo uma ordem de não fazer. A causa de pedir envolve necessariamente a 
ilegalidade ou o abuso de poder que venha a causar lesão ou ameaça de lesão ao direito 
líquido e certo. 
 O writ deverá ser impetrado pelo legitimado ativo no órgão competente para julgá-lo. A 
petição será apresentada em duas vias, com os documentos que instruírem a primeira e 
indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, a qual se acha 
vinculada ou na qual exerce atribuições. Na petição de impetração, o legitimado ativo 
poderá formular pedido de medida liminar. 
 Caso o MS seja deferido, a autoridade coatora será notificada para prestar informações. 
Após, o órgão do Poder Judiciário ouvirá o representante do Ministério Público, que 
opinará, na condição de custos legis. Em seguida, independentemente da existência de 
parecer do Parquet, os autos serão conclusos ao magistrado para decisão, que deverá 
ser proferida no prazo de trinta dias. 
Apontamentos 
sobre o 
procedimento do 
MS 
Alguns apontamentos que dizem respeito ao trâmite procedimental são relevantes e 
devem ser analisados. Vejamos: 
(1)a concessão da liminar é direito subjetivo do autor, sendo o juiz obrigado a concedê-la, 
desde que preenchidos os requisitos processuais. Contudo, insta salientar que a Lei nº 
12.016/2009 traz em seu bojo exceções legais, que deverão ser observadas pelo juiz. Nos 
seguintes casos, será vedada a concessão de medida liminar: 
(a) para a compensação de créditos tributários; 
(b) para a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior; 
(c) para a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento 
ou extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza; 
(2) concedida ou denegada a liminar pelo Juiz, caberá agravo de instrumento; 
(3) da decisão do Presidente do Tribunal que denegar ou conceder a suspensão da liminar, 
caberá recurso de agravo interno, conforme entendimento jurisprudencial; 
100 
 
(4) os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da 
sentença; 
(5) a suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo determinação em contrário da 
decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão definitiva de concessão 
da segurança ou, havendo recurso, até a sua manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, 
desde que o objeto da liminar deferida coincida, total ou parcialmente, com o da 
impetração 
Efeitos da 
decisão 
 No MS, a sentença concessiva do writ mandamental, contendo ordem direcionada à 
autoridade coatora. Em regra, estipula execução imediata. Há a possibilidade de 
execução provisória, antes mesmo de transitada em julgado a sentença, salvo nos casos 
em que for vedada a concessão da medida liminar. 
 Da decisão que conceder ou denegar o MS, será cabível o recurso de apelação. São 
legitimados para recorrer o impetrante, a pessoa jurídica à qual está vinculada a 
autoridade coatora, a própria autoridade coatora e o Ministério Público. 
 Outros recursos relacionados ao mandado de segurança também serão cabíveis. São 
eles: recurso extraordinário para o STF (art. 102, III); recurso especial para o STJ (art.105, 
III); recurso ordinário para o STF (art. 102, II, "a"); e recurso ordinário para o STJ (art. 105, 
II, "b"). 
Prazo para 
impetração do 
MS 
O prazo para impetração do MS é de cento e vinte dias, contados do conhecimento oficial 
pelo interessado do ato a ser impugnado. Trata-se de prazo decadencial. Destarte, após 
iniciado, não se interrompe, tampouco se suspende. Na hipótese de o MS ser interposto 
contra omissão de certa autoridade, não haverá prazo decadencial a ser observado caso a 
administração não esteja sujeita a prazo para praticar o ato. 
 
Mandado de Segurança Coletivo (art. 5º, LXX, CF/88) 
Noções Iniciais O mandado de segurança (MS) é um gênero, que se fraciona em duas espécies: o mandado 
de segurança individual e o coletivo. O mandado de segurança coletivo, também se 
apresenta como uma ação constitucional de natureza civil e de procedimento especial, que 
visa tutelar direito líquido e certo. 
No MS coletivo, entretanto, o foco será a coletividade e a proteção de seus direitos 
(coletivos e individuais homogêneos), a saber: 
(1) os coletivos, ou seja, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo 
ou categoriade pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica 
básica; 
(2) os individuais homogêneos, que são os decorrentes de origem comum e da atividade ou 
situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante. 
Hipóteses de 
Cabimento 
O MS coletivo poderá ser utilizado nas mesmas hipóteses de cabimento do mandado de 
segurança individual. Assim, possui por finalidade a proteção de direito líquido e certo, não 
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o paciente sofrer lesão ou ameaça a 
direito, por ação ou omissão da autoridade. 
Legitimidade 
Ativa e Passiva 
Na dicção do art. 5º, LXX, CF/88 o MS coletivo pode ser impetrado por: 
(1) partido político com representação no Congresso Nacional; 
(2) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em 
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou 
associados. 
A legitimidade passiva do mandado de segurança coletivo é mesma do mandado de 
segurança individual. 
Competência No mandado de segurança coletivo a disciplina constitucional referente à competência será 
a mesma do mandado de segurança individual. 
 
101 
 
Procedimento O procedimento será semelhante ao do mandado de segurança individual. Porém, aqui há 
uma marcante distinção: a concessão de medida liminar no mandado de segurança coletivo 
somente será possível após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de 
direito público, que deverá se manifestar no prazo de setenta e duas horas. 
Efeitos da 
Decisão 
Os efeitos da decisão em mandado de segurança coletivo abrangem todos os associados 
quer e encontram descritos na petição inicial do writ, independentemente se o ingresso na 
associação tenha ocorrido antes ou após a impetração. A impetração do mandado de 
segurança coletivo não gera litispendência entre a esfera individual e coletiva, o que 
possibilita a posterior utilização do MS individual. 
 
Mandado de Injunção (art. 5º, LXXI, CF/88 e Lei nº 13.300/2016) 
Noções Iniciais  O mandado de injunção pátrio é uma ação constitucional, de natureza civil e de 
procedimento especial, atualmente regulamentada pela Lei nº 13.300/2016, que 
pretende viabilizar o exercício de direitos, liberdades constitucionais ou prerrogativas 
inerentes à nossa nacionalidade, soberania ou cidadania, inviabilizados pela falta de 
norma regulamentadora. 
 Possui o intuito, portanto, de combater a síndrome de inefetividade das normas 
constitucionais, protegendo os direitos subjetivos que não se concretizam e não estão 
sendo exercidos em razão da falta de norma regulamentadora. Duas finalidades podem 
ser, pois, identificadas: (1) primordialmente, viabilizar (concretizar) o exercício de 
direitos previstos na Constituição; (2) de forma secundária, visa combater a inércia dos 
Poderes Públicos 
Requisitos para o 
cabimento 
O mandado de injunção será cabível sempre que a ausência total ou parcial de norma 
regulamentadora tornar inviável o exercício de direitos e liberdades constitucionais, bem 
como das prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania. Podemos apontar 
três requisitos para que referido remédio seja validamente acionado: 
(1) Norma constitucional de eficácia limitada impositiva desprovida de regulamentação; 
(2) Existência de um dever para os Poderes Públicos em editar as normas 
infraconstìtucionais; 
(3) Efetiva omissão (total ou parcial) do Poder Público. 
Legitimidade 
Ativa e Passiva 
 No que se refere aos legitimados ativos, o art. 3º da Lei do MI determina que são 
legitimados para o mandado de injunção, como impetrantes, as pessoas naturais ou 
jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas 
referidos no art. 2º. 
 
 Quanto à legitimidade no mandado de injunção coletivo, o art. 12 da Lei do MI determina 
que ele pode ser promovido: 
I —pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para 
a defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou 
individuais indisponíveis; 
II —por partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o 
exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados 
com a finalidade partidária; 
III —por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída 
e em funcionamento há pelo menos 1(um)ano, para assegurar o exercício de direitos, 
liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou 
associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, 
dispensada, para tanto, autorização especial; 
102 
 
IV —pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante 
para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos 
dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal. 
 
 Não basta, todavia, a ausência de norma regulamentadora; é preciso, ainda, que o 
legitimado ativo comprove que o não exercício do direito/liberdade/prerrogativa é 
consequência direta da inexistência da regulamentação (nexo causal). 
 
A legitimidade passiva, em contrapartida, será sempre do órgão, autoridade ou entidade 
pública (pessoa estatal) responsável por viabilizar os direitos previstos na Constituição 
Federal, tendo em vista que o mandado de injunção tem por objetivo suprir omissão do 
Poder Público em relação às normas constitucionais. Na parte final do art. 3º da Lei do 
MI, temos a seguinte informação: "(...) e, como impetrado, 
Competência A competência para julgamento do mandado de injunção está delimitada na Constituição 
Federal e foi fixada levando em consideração o órgão, autoridade ou entidade omissa, que 
deveria ter elaborado a norma regulamentadora 
Procedimento  A Lei nº 8.038/1990 estabelecia, em seu art. 24, parágrafo único, que no mandado de 
injunção deveriam ser observadas, no que couber, as normas do mandado de segurança, 
enquanto não fosse editada legislação específica. A lei, portanto, que servia de 
parâmetro procedimental para o mandado de injunção era a Lei nº 12.016/2009, que 
atualmente regula o processamento do mandado de segurança. 
 Hoje, o procedimento do MI pode ser encontrado na Lei nº 13.300/2016, que 
regulamentou o remédio constitucional. 
Decisão e 
Recursos 
Cabíveis 
Os recursos cabíveis em sede de mandado de injunção são os seguintes: 
(1) Recurso extraordinário para oSTF —nas termos do art. 102, III, CF/88; 
(2) Recurso especial para o STJ — art. 105, III, CF/88; 
(3)Recurso ordinário constitucional para oSTF —art.102,II, "a", CF (quando houver decisão 
denegatória oriunda de competência originária dos Tribunais Superiores); 
(4)Recurso ordinário para o TSE — art. 121, § 4º, V, CF/88; 
(5) Apelação, de decisão oriunda de sentença proferida em primeiro grau —com base na 
Lei nº 12.016/2009, aplicável ao remédio enquanto ele não tiver sido devidamente 
regulamentado; 
(6) Embargos de declaração —com base no CPC; 
(7)Agravo —igualmente tendo por base o CPC 
O debate acerca 
dos efeitos da 
decisão 
concessiva de 
injunção 
Sobre o tema, algumas posições foram construídas em nossa Suprema Corte e traduzidas, 
com precisão, pelo Ministro Néri da Silveira. Em síntese, o Ministro identificou a existência 
de duas correntes básicas, denominadas "concretista" e "não concretista", sendo que a 
primeira delas se subdivide em diversas outras: em "geral" e "individual", sendo que esta 
última, por sua vez, também se subdivide em "direta" e "intermediária". 
 
(1) Teoria concretista geral: a sentença judicial produz efeitos ergo omnes, permitindo a 
viabilização do exercício do direito para todos, até que sobrevenha a norma pendente, 
produzida pelo órgão ou autoridade; 
(2) Teoria concretista individual direta: O Poder Judiciário deve implementar o direito de 
forma imediata, sendo desnecessário aguardar que o órgão ou a autoridade competente se 
disponham afazê-lo; 
(3) Teoria concretista individual intermediária: O Poder Judiciário não deve viabilizar o 
direito de forma imediata, pois deve, inicialmente, reconhecer a mora e dar ciência ao órgão 
ou autoridade impetrada a fim de que a solução seja apresentada. Caso o prazo transcorra 
sem que a omissão seja suprida, isto é, em caso de persistência da letargia, aí sim o órgão 
julgador da injunção deve tomar as providências pertinentes; 
103 
 
(4) Teoria não concretista: Preceitua ser a decisão concessiva da injunção possuidora de 
natureza exclusivamente declaratória, tendo por objeto apenas o reconhecimento, por 
meio de sentença, da omissão da norma regulamentadora. 
Após quase vinte anos adotando a teoria não concretista, o STF (nos Mis 670, 708 e 712) 
passou a adotar a teoria concretista, reconhecendo, pois, eficácia a este remédio 
constitucional. Atualmente, o art. 8º da Lei do MI parece indicar. que o legislador optou, de 
modo central, pela adoção da teoria concretista intermediária (já que o Poder Judiciário 
deverá determinar um prazo para que o órgão omisso possa suprir a ausência de norma 
regulamentadora). 
 
Habeas Data (art. 5º, LXXII, CF/88 c/c Lei nº 9:507/1997) 
Noções Iniciais Este remédio foi inspirado, sobretudo, nas Constituições portuguesa e espanhola, tendo 
sido instituído no Brasil pela Constituição de 1988, que dispõe que haverá a concessão de 
habeas data para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do 
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou 
de caráter público; e para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo 
sigiloso, judicial ou administrativo. 
Cabimento (1) Obter o acesso às informações referente à pessoa do impetrante; 
(2) Promover a retificação de informações referentes à pessoa do impetrante; 
(3) Proceder à anotação de informações relativas à pessoa do impetrante 
Legitimidade 
Ativa e Passiva 
 O writ poderá ser impetrado por qualquer pessoa, tanto natural quanto jurídica, seja 
nacional ou estrangeira, para ter acesso às informações a seu respeito. 
 Vale reafirmar o caráter personalíssimo da ação, que culmina na conclusão de que o 
habeas data sempre será impetrado para o acesso, retificação ou anotação de 
informações relativas à pessoa do próprio impetrante e não de terceiros. 
 Quanto à legitimidade passiva, tendo em vista que referido remédio tem por finalidade 
dar conhecimento e/ou retificar informações constantes de registro ou de banco de 
dados, tanto de entidades governamentais, como de particulares que tenham caráter 
público, são justamente tais entidades que podem ser sujeitos passivos do habeas data, 
desde que possuam informações relativas ao impetrante. 
Competência De forma similar ao que se passa com a fixação da competência para o julgamento do 
mandado de segurança, o estabelecimento da competência para o julgamento do habeas 
data é definida com base na hierarquia funcional do agente público, isto é, tendo por 
parâmetro a autoridade ou entidade impetradas. A competência para julgamento é 
explicitada tanto pela Constituição Federal quanto pelo art. 20 da Lei nº 9.507/1997. 
Procedimento  O procedimento é delimitado pela Lei nº 9.507/1992, que prevê uma fase administrativa 
prévia à propositura da ação judicial. Esta fase pré-judicial visa demonstrar a existência 
do "interesse de agir", requisito exigido pela jurisprudência (súmula 02, ST1) e pela 
legislação (art. 8º, parágrafo único, da Lei nº 9.507/1997). 
 Fase judicial: A fase judicial inicia-se com o legitimado ativo impetrando o habeas data, 
acionando o órgão judiciário competente conforme normativa constitucional e também 
à luz do art. 20, Lei nº 9.507/1997. 
 Ao despachar a inicial, o juiz ordenará que se notifique a autoridade, sendo-lhe 
concedido o prazo de dez dias para prestar informações(art. 9º, da Lei nº 9.507/1997). 
O processo é encaminhado, posteriormente, ao Ministério Público que irá atuar como 
custos legis, para emitir parecer no prazo de cinco dias (art.12, da Lei nº 9.507/1997). 
Finalmente, o processo será concluso para o julgamento, que deverá ocorrer no prazo 
(impróprio) de cinco dias (art. 12, da Lei nº 9.507/1997). 
104 
 
Decisão  A execução da sentença concessiva do habeas data será imediata e o recurso cabível —
apelação terá somente efeito devolutivo, não havendo a possibilidade de suspensão dos 
efeitos da decisão por meio da interposição de recurso. 
 Ressalta-se, contudo, uma hipótese de suspensão dos efeitos da sentença: derivada de 
um despacho fundamentado do Presidente do Tribunal no qual o recurso tramita. 
 Se a decisão for não concessiva também caberá apelação. 
 Por fim, não há reexame necessário (recurso de ofício) em habeas data. 
 
Ação Popular (art. 5º, LXXIII, CF/88; Lei nº 4.717/1965) 
Noções Iniciais  Na Constituição Federal de 1988 a previsão expressa da ação encontra-se no art. 5º, 
LXXIII, CF/88, que estabelece que qualquer cidadão é parte legítima para propor ação 
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o 
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio 
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais 
e do ônus da sucumbência. 
 A regulamentação infraconstitucional da ação foi feita pela Lei nº 4.717/1965, elaborada 
antes da promulgação da Constituição Democrática de 1988,mas recepcionada pela 
mesma, já que com ela guarda compatibilidade material. 
Conceito A ação popular é um instrumento judicial de exercício direto da soberania, com 
caráter cívico, que viabiliza que o cidadão controle a legalidade dos atos administrativos e 
impeça lesividades, fazendo valer seu direito subjetivo a um Governo probo, desprovido de 
corrupção e desonestidade. Consiste, portanto, na possibilidade de qualquer membro da 
coletividade, com maior ou menor amplitude, invocar a tutela jurisdicional no intuito de 
preservar os interesses coletivos. 
Espécies A ação popular pode ser preventiva, quando for ajuizada antes da efetivação dos efeitos 
ofensivos, ou repressiva, quando o intuito da propositura da ação for anular os atos 
lesivos, conseguir o ressarcimento dos danos ocasionados e a recomposição do patrimônio 
público lesado. 
Requisitos (1) requisito subjetivo: ser cidadão. A ação popular somente poderá ser proposta 
pelo cidadão, aquele que possui capacidade eleitoral ativa, ou seja, é eleitor e está 
com as obrigações eleitorais em dia; 
(2) requisito objetivo: lesão (ou ameaça de lesão) ao patrimônio público, por ilegalidade ou 
imoralidade. 
Legitimidade 
Ativa e Passiva 
A legitimidade ativa para a propositura de ação popular pertence ao cidadão, indivíduo 
dotado de capacidade eleitoral ativa e que esteja em dia com suas obrigações eleitorais. 
Não poderão figurar no polo ativo da ação popular: 
(1) os estrangeiros, mesmo que residentes no território nacional; 
(2) os apátridas, 
(3) as pessoas jurídicas, conforme a súmula nº 365, STF; 
(4) os brasileiros que estejam com seus direitos políticos suspensos ou perdidos, nos 
termos do art. 15, CF/88; 
(5) o Ministério Público. 
Quanto à legitimidade passiva, pode-se dizer que a ação normalmente será proposta em 
face: 
(1) das pessoas jurídicas de direito público, cujo patrimônio se procura proteger, bem 
como suas entidades autárquicas e quaisquer outras pessoas jurídicas que sejam 
subvencionadas pelos cofres; 
(2) dos responsáveis pelo ato lesivo, vale dizer, autoridades diretamente responsáveis pelo 
ato que está sendo impugnado, administradores e demais funcionários; 
(3) beneficiários diretos do ato ou contrato lesivo. 
105 
 
Competência A competência para julgamento da ação popular não foi constitucionalmente fixada, 
tampouco foi estabelecida a partir do ideal que reconhece foro por prerrogativa ou 
exercício de função para algumas autoridades. Ao contrário, e conforme determinação do 
art. 5º, da Lei nº 4.717/1965, serádeterminada conforme a origem do ato impugnado. 
Nesse sentido, competente para conhecer da ação, processá-la e julgá-la será o juiz 
(primeiro grau da Justiça Comum, Federal ou estadual) de acordo com as regras ordinárias 
de definição de competência 
Procedimento Ao contrário das demais ações constitucionais já apresentadas nesta obra, que seguem 
trâmite processual especial, na ação popular o procedimento será ordinário (art. 7º, Lei nº 
4.717/1965) 
Decisão na Ação 
Popular 
A natureza da decisão da ação popular, quando for declarada a procedência do pedido, é 
dúplice: será desconstitutiva — de forma declaratória positiva ou constitutiva negativa — 
e, simultaneamente, condenatória. 
Os efeitos da sentença que julga procedente a ação popular são: 
(1) invalidação do ato lesivo ao patrimônio público; 
(2) condenação das autoridades, dos administradores, dos funcionários e dos 
beneficiários, que arcarão com o ressarcimento dos danos e das perdas; 
(3) condenação das autoridades, dos administradores, dos funcionários e dos beneficiários 
em custas e ônus de sucumbência; 
(4) efeito erga omnes 
 
 
 
Direitos Sociais 
Atualizado com EC 114/2021 
Noções Gerais de Direitos Sociais 
 Comprometida com a finalidade de garantir direitos mínimos à coletividade e assegurar uma melhoria das condições de 
existência para os indivíduos, a Constituição enumera, de maneira genérica em seu art. 6º, os direitos sociais por 
excelência, quais sejam, o direito à educação, à saúde, à alimentação, ao trabalho, à moradia, ao transporte, ao lazer, à 
segurança, à previdência social, à proteção à maternidade e à infância, e, por fim, à assistência aos desamparados. 
 
 Sua origem está na crise do estado liberal e na consagração do paradigma do Estado social de direito, que rompendo com 
os padrões formalistas de igualdade e de liberdade do paradigma anterior, vão buscar mecanismos mais concretos de 
redução das desigualdades socioeconômicas dentre os membros da sociedade. Destaque para a constituição do México 
de 1917 e da Wiemar (Alemanha) 1919. Sendo compreendidos como uma segunda geração dos diretos fundamentais. 
 
 Convém recordar que referidos direitos, enquanto prerrogativas constituídas na segunda dimensão dos direitos 
fundamentais, exigem prestações positivas do Estado, que deverá implementar a igualda de jurídica, política e social entre 
os sujeitos que compõem o desnivelado tecido social. 
 
Notícias Históricas 
No direito pátrio, o texto constitucional que primeiro disciplinou os direitos sociais foi o de 1934. Muito embora tenha vigido 
por poucos anos e em tão conturbado momento histórico, essa Constituição traduziu com firmeza e veemência as aspirações 
por um sistema jurídico pautado em direitos econômicos e sociais, sobretudo no direito ao trabalho. 
Por sua vez, a Constituição da República de 1988 enunciou um extenso rol de direitos fundamentais relacionados à segunda 
dimensão, e trouxe um grande avanço: inserindo-os no título II, superou a estéril e desnecessária discussão acerca da natureza 
dos direitos sociais. Estes são direitos fundamentais, dotados de normatividade e força vinculante. 
 
106 
 
Finalidade Os direitos sociais foram arquitetados com o claro e inequívoco intuito de incrementar a qualidade devida dos 
indivíduos, especialmente os hipossuficientes, assegurando-lhes o instrumental necessário para desfrutar das 
benesses que outrora já estavam constitucionalmente asseguradas. Assim é que se pode concluir ser a 
finalidade dos direitos sociais a de proteger os setores sociais economicamente débeis e estruturalmente 
frágeis, de modo a construir uma sociedade mais homogênea. 
 
Atualização EC 114/2021 
Art. 6º PÚ Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social terá direito a uma renda básica 
familiar, garantida pelo poder público em programa permanente de transferência de renda, cujas 
normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, observada a legislação fiscal e 
orçamentária." 
 
Art. 100 § 5º É obrigatória a inclusão no orçamento das entidades de direito público de verba necessária ao 
pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado constantes de precatórios 
judiciários apresentados até 2 de abril, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, 
quando terão seus valores atualizados monetariamente. 
 
Art. 203 Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de 
contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: 
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; 
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; 
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; 
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração 
à vida comunitária; 
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso 
que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua 
família, conforme dispuser a lei. 
VI - a redução da vulnerabilidade socioeconômica de famílias em situação de pobreza ou de extrema 
pobreza. 
 
Reserva do Possível 
Introdução A cláusula da "reserva do possível" é uma limitação jurídico-fática que pode ser apresentada pelos Poderes 
Públicos tanto em razão das restrições orçamentárias que impeça a implementação dos direitos e oferta de 
todas as prestações materiais demandadas, quanto em virtude da desarrazoada prestação exigida pelo 
indivíduo. 
Notícias 
Históricas 
A teorização da reserva do possível, em sua origem, não se relacionava direta e unicamente com as restrições 
de recursos materiais enquanto limites intransponíveis para a concretização do direito social, mas sim à 
razoabilidade da pretensão deduzida com vistas a sua efetivação. 
 
A transposição da doutrina para o direito pátrio, todavia, acabou por transformá-la em uma teoria da "reserva 
do financeiramente possível", pois considerou ser a insuficiência de recursos públicos um limite à efetivação de 
direitos fundamentais sociais. 
A Teoria da 
Reserva do 
Possível no 
Tornou-se clássica a leitura que Ingo Wolfgang Sarlet fez da teoria, ao delimitar que a mesma apresenta uma 
tríplice dimensão, alcançando: 
(1) a efetiva disponibilidade fática dos recursos para a efetivação dos direitos fundamentais sociais; 
(2) a disponibilidade jurídica dos recursos materiais e humanos, que guarda íntima conexão com a 
107 
 
Direito 
Pátrio 
determinação das prioridades na alocação das receitas; 
(3 ) a proporcionalidade da prestação, em especial no tocante à sua exigibilidade e, nesta quadra, também da 
sua razoabilidade. 
 
Na tentativa de ofertar alguma diretriz que permita a compreensão da dimensão que envolve a disponibilidade 
fática, a doutrina sustenta ser necessário estipular algo como um "teste", tencionando verificar a razoabilidade 
da universalização da prestação exigida, tendo em conta os recursos disponíveis. Destarte, em homenagem ao 
princípio da isonomia, não seria adequado requerer do Estado uma prestação que não fosse no direito pátrio 
"aprovada" no "teste" da universalização, isto é, que não pudesse ser estendida a todos que se encontram na 
mesma situação. 
 
Quanto à segunda dimensão, relacionada à disponibilidade jurídica, deve-se verificar quais os órgãos 
competentes para formular e efetivar as políticas públicas, determinando as preferências que orientarão os 
gastos públicos, estipulando quais despesas são prioritárias. 
 
Por fim, no que se refere à dimensão pertinente à proporcionalidade da prestação invocada e a razoabilidade 
de a mesma ser pleiteada ao Estado, tem-se como necessário adequar à pretensão individual às reservas 
orçamentárias. Assim, a efetivação e realização dos direitos sociais dependeria da existência simultânea de dois 
requisitos: "a razoabilidade da pretensão individual/social deduzida em face do Poder Público e a existência de 
disponibilidade financeirapara tornar efetivas as prestações positivas reclamadas do Estado" 
 
Mínimo 
Existencial 
Criada pela doutrina alemã, a expressão pretende delimitar um agrupamento reduzido de direitos 
fundamentais formado pelos bens mais básicos e essenciais a uma vida digna. Há, no direito pátrio, ao menos 
duas posições concernentes ao conteúdo do mínimo existencial: 
1) de um lado temos quem considere que o mínimo existencial não possui um conteúdo definitivo, variando de 
acordo com as contingências de tempo e local; 
2) de outro, temos autores para quem o mínimo existencial engloba o direito à educação fundamental, o direito 
à saúde, a assistência aos desamparados (que abrange o direito à alimentação, vestuário e abrigo) e o acesso à 
Justiça. 
 
Quanto à possibilidade de os Poderes Públicos alegarem a cláusula da reserva do possível diante dos direitos 
mais básicos à subsistência do cidadão, que compõem o mínimo existencial, há divergência doutrinária. 
Para alguns (Ingo Sarlet), os direitos que integram esse mínimo, exatamente por serem imprescindíveis autua 
existência digna, não se sujeitam à cláusula. Em contrapartida, Novelino nos informa haver "quem defenda não 
existir um direito definitivo ao mínimo existencial, mas sim a necessidade de um ônus argumentativo pelo 
Estado tanto maior quanto mais indispensável for o direito postulado". Esta segunda posição nos parece mais 
adequada. 
 
 
 
 
A Ideia do “mínimo existencial”: É a implementação e garantia de um piso mínimo de direitos, voltados para 
o atendimento das necessidades básicas de um ser humano. 
108 
 
Daniel Sarmento trabalha com duas dimensões: 1- dimensão negativa: o mínimo existencial opera como um 
limite, impedindo a prática de atos pelo Estado ou por particulares que subtraiam do indivíduo as condições 
materiais indispensáveis a uma vida digna. 2- dimensão positiva: diz respeito a um conjunto essencial de 
direitos prestacionais a serem implementados e concretizados que possibilitam aos indivíduos uma vida digna. 
Há três linhas de argumentação, conforme Sarmento: a) o mínimo existencial se trata de uma exigência 
necessária para a garantia da liberdade real. B) o mínimo existencial é uma exigência para a proteção dos 
pressupostos da democracia. C) o atendimento das necessidades materiais básicas constitui um fim em si 
mesmo e não um meio para o exercício de outras finalidades. 
 
Parte da doutrina faz uma diferenciação entre mínimo existencial e mínimo vital. 
O mínimo vital é um conceito mais estrito, referindo apenas a proteção às condições de garantia da vida 
humana, sem adjetivar qualquer preocupação com a dignidade dessa vida. O mínimo existencial abrange 
também as condições socioculturais, que asseguram, para além da sobrevivência, a inserção do indivíduo na 
vida social (vida digna). 
 
 
A cláusula da reserva do possível – que não pode ser invocada, pelo poder público, com o propósito de fraudar, 
de frustrar e de inviabilizar a implementação de políticas públicas definidas na própria CF – encontra 
insuperável limitação na garantia constitucional do mínimo existencial, que representa, no contexto de nosso 
ordenamento positivo, emanação direta do postulado da essencial dignidade da pessoa humana (ARE 639.337 
AgR, Min. Celso de Mello, j. 23-8-2011). 
• STF: “[...] Dizer que a ação estatal deva caminhar no sentido da ampliação dos direitos fundamentais e de 
assegurar-lhes a máxima efetividade possível, por certo, não significa afirmar que seja terminantemente 
vedada qualquer forma de alteração restritiva na legislação infraconstitucional, desde que, é claro, não se 
desfigure o núcleo essencial do direito tutelado [...]”. 
• STF, RE 592581 - É lícito ao Judiciário impor à Administração Pública obrigação de fazer, consistente na 
promoção de medidas ou na execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais para dar 
efetividade ao postulado da dignidade da pessoa humana e assegurar aos detentos o respeito à sua integridade 
física e moral [...]. 
• A administração penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou 
de preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita 
no art. 41, § único, da Lei 7.210/84, proceder a interceptação da correspondência remetida pelos 
sentenciados, eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento 
de salvaguarda de práticas ilícitas. (STF - HC 70814 SP, Rel. CELSO DE MELLO, 01/03/1994). 
 
 
109 
 
 
 
 
 
Judicialização do Direito à Saúde 
A judicialização significa a transferência, para o Poder Judiciário, de decisões sobre o reconhecimento e concretização 
de um direito que deveriam ser realizados pelos demais Poderes da República (Poder Executivo e Poder Legislativo). 
 
Apesar da relevância do direito à saúde, o que se verifica na prática é uma reiterada e sistemática omissão dos Poderes 
Públicos na elaboração e implementação de políticas públicas eficientes no sentido de alcançar uma saúde pública 
de qualidade. Nesse contexto, tem se multiplicado as demandas objetivando um provimento judicial sobre o tema. 
 
A Segunda Turma do STF proferiu decisão, recentemente, privilegiando a prevalência do direito à saúde, reiterando a 
110 
 
inaplicabilidade da cláusula da reserva do possível quando esta puder comprometer o núcleo básico do mínimo existencial. 
Sobre a questão, contudo, não há uma solução pacificadora, havendo, inclusive, repercussão geral reconhecida sobre 
a controvérsia acerca da obrigatoriedade, ou não, de o Estado, ante o direito à saúde constitucionalmente garantido, 
fornecer medicamento não registrado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária-ANVISA 
 
Vedação do Retrocesso Social, Efeito Cliquet, Proibição de Contra Revolução Social, Proibição de Evolução Reacionária 
Não expressa, mas decorrente do sistema jurídico-constitucional, a teoria da vedação do retrocesso foi acolhida pelo 
constitucionalismo pátrio como princípio que visa impedir a edição de qualquer medida tendente a revogar ou reduzir 
os direitos sociais já regulamentados e efetivados, sem que haja a criação de algum outro mecanismo alternativo apto 
a compensar a anulação dos benefícios já conquistados. 
 
Também chamado de princípio da não reversibilidade dos direitos fundamentais sociais ou efeito cliquet (essa terminologia 
é derivada da França, sendo uma técnica de engenharia mecânica que não permite a reversão de um processo quando 
ultrapassado determinado estágio do mesmo). 
 
Vem sendo desenvolvido na doutrina pátria. Esse princípio deve ser entendido na atualidade como limite material implícito, 
de forma que os direitos fundamentais sociais já constitucionalmente assegurados e que alcançaram um grau de densidade 
normativa adequado não poderão ser suprimidos por emenda constitucional e nem mesmo por legislação infraconstitucional, 
a não ser que se tenha prestações alternativas para o direito em questão. 
 
Esse princípio possui versão negativa e positiva: 
Conteúdo negativo, que para doutrina majoritária, prevalece sobre o conteúdo positivo. Refere-se à imposição ao legislador 
de, ao elaborar os atos normativos, respeitar a não supressão ou não redução do grau de densidade normativa que os direitos 
fundamentais sociais já tenham alcançados por meio da normatividade constitucional e infraconstitucional. 
Conteúdo positivo, encontra-se no dever dos poderes públicos de implementação dos direitos sociais através de efetiva 
concretização dos direitos fundamentais sociais, uma imposição de avanço social. 
 
 
 
 
 
*Teoria do Impacto Desproporcional ou Teoria do Impacto Adverso: A teoria do impacto 
desproporcional tem total correlação com princípio da igualdade material. 
Possui a finalidade de impedir toda e qualquer conduta que gere efeitos negativos sobre 
determinados grupos ou indivíduos. 
Igualdade formal - condições igualitárias para todos. 
111 
 
Igualdade material - é aquela que se preocupa empromover igualdade com políticas de 
equalização social a depender do discrimimen em análise. 
Teoria do impacto desproporcional (ou teoria do impacto adverso): visa aferir e impedir toda e 
qualquer conduta (inclusive legislativa) gere, na prática, efeitos negativos sobre determinados 
grupos ou indivíduos, ainda que não possua intenção de discriminação. Tem total correlação com 
princípio da igualdade material, na medida em que as políticas públicas originariamente são 
formatadas para colmatar as desigualdades existentes, mas, na sua aplicação, percebe-se que 
houve na verdade é o aumento de nível de desigualdade existente. 
Ex: No STF podemos destacar o julgamento da ADI 1.946, Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento 
em 3-4-2003, Plenário, DJ de 16-5-2003, em que se debateu a Emenda Constitucional n. 20/98, 
que limitou os benefícios previdenciários a R$ 1.200,00, discutindo-se a quem caberia pagar a 
licença-maternidade no caso da mulher trabalhadora receber salário superior a tal valor. Caso o 
empregador fosse obrigado a pagar a diferença salarial, poderia ser levado a evitar contratar 
mulheres para não ter que arcar com esse custo, causando um impacto negativo na oferta de 
empregos a elas, o que geraria uma desigualdade em relação aos homens. 
Diferenças entre igualmente material x formal: A igualdade formal é aquela preconizada pelo 
liberalismo que garante condições igualitárias sem ingerência estatal com edição de políticas 
públicas voltadas para a promoção de direitos sociais. 
A igualdade material é aquela que se preocupa em promover igualdade com políticas de 
equalização social a depender do discrimen em análise. Preconiza a realização efetiva dos 
direitos a partir de políticas governamentais de cunho legislativo ou administrativo com o 
objetivo de promover a equalização de direitos que não está em sintonia, e se traduz na proteção 
insuficiente a direitos fundamentais verificada na implementação de políticas públicas que 
possuem na origem na ideia de diminuir a desigualdade. 
 
Destaques de jurisprudências importantes sobre a temática 
#OUSESABER: Sobre direito à educação, vale destacar que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a possibilidade de as 
universidades públicas cobrarem por cursos de especialização. Por maioria de votos, os ministros deram provimento ao 
Recurso Extraordinário n.º 597854, com a fixação da seguinte tese de repercussão: “A garantia constitucional da gratuidade 
de ensino não obsta a cobrança, por universidades públicas, de mensalidades em cursos de especialização”. 
 
*#DEOLHONAJURISPRUÊNCIA #STF: Não viola a Constituição Federal a cobrança de contribuição obrigatória dos alunos 
matriculados nos Colégios Militares do Exército Brasileiro. Os Colégios Militares apresentam peculiaridades que fazem com 
que eles sejam instituições diferentes dos estabelecimentos oficiais de ensino, por razões éticas, fiscais, legais e institucionais 
Podem, assim, ser qualificados como instituições educacionais sui generis. A quota mensal escolar exigida nos Colégios 
Militares não representa ofensa à regra constitucional de gratuidade do ensino público, uma vez que não há violação ao 
núcleo de intangibilidade do direito fundamental à educação. Por fim, deve-se esclarecer que esse valor cobrado dos alunos 
para o custeio das atividades do Sistema Colégio Militar do Brasil não possui natureza tributária (não é tributo). Logo, é válida 
a sua instituição por meio de atos infralegais. Portanto, são válidos os arts. 82 e 83, da Portaria 42/2008 do Comandante do 
Exército, que disciplinam essa cobrança. STF. Plenário. ADI 5082/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 24/10/2018 (Info 
921). 
 
112 
 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: São constitucionais a exigência de idade mínima de quatro e seis anos para ingresso, 
respectivamente, na educação infantil e no ensino fundamental, bem como a fixação da data limite de 31 de março para que 
referidas idades estejam completas. STF. Plenário. ADPF 292/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 1º/8/2018 (Info 909). É 
constitucional a exigência de 6 (seis) anos de idade para o ingresso no ensino fundamental, cabendo ao Ministério da 
Educação a definição do momento em que o aluno deverá preencher o critério etário. STF. Plenário. ADC 17/DF, Rel. Min. 
Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, jugado em 1º/8/2018 (Info 909). As Resoluções nº 01/2010 e nº 06/2010, 
ambas emanadas da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE/CEB), ao estabelecerem corte etário 
para ingresso de crianças na primeira série do ensino fundamental (6 anos completos até 31 de março do correspondente 
ano letivo), não incorreram em contexto de ilegalidade (não violaram a lei). Ao contrário, tais Resoluções encotram respaldo 
na interpretação conjunta dos arts. 29 e 32 da Lei nº 9.394/96 (LDB). O Poder Judiciário não pode substituir-se às autoridades 
públicas de educação para fixar ou suprimir requisitos para o ingresso de crianças no ensino fundamental, quando os atos 
normativos de regência não revelem traços de ilegalidade, abusividade ou ilegitimidade. STJ. 1ª Turma. REsp 1412704/PE, 
Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 16/12/2014. 
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #IMPORTANTE 
A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança por universidades públicas de mensalidade em cursos 
de especialização. STF. Plenário. RE 597854/GO, Rel. Min. Edson Fáchin, julgado em 26/4/2017 (repercussão geral) (Info 862). 
Nem todas as atividades potencialmente desempenhadas pelas universidades são relacionadas exclusivamente ao ensino. 
Existem também atividades de pesquisa e extensão, que podem ser custeadas por recursos privados. Assim, o princípio da 
gratuidade não obriga as universidades a terem os recursos públicos como única fonte de financiamento. O "ensino" tem 
como missão a plena inclusão social (direito constitucional à educação) e, por isso, devem obedecer ao princípio da gratuidade 
(art. 206, VI, da CF/88). Por outro lado, é possível que as universidades, no âmbito de sua autonomia didático-científica, 
regulamentem, em harmonia com a legislação, atividades destinadas preponderantemente à extensão universitária, sendo-
lhes, nesse caso, possível a instituição de tarifa. 
 
#NOVIDADELEGISLATIVA: A lei 13.535/2017 modificou o Estatuto do Idoso para estabelecer: 
“Art. 25. As instituições de educação superior ofertarão às pessoas idosas, na perspectiva da educação ao longo da vida, 
cursos e programas de extensão, presenciais ou a distância, constituídos por atividades formais e não formais. 
 
Parágrafo único. O poder público apoiará a criação de universidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a publicação 
de livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequados ao idoso, que facilitem a leitura, considerada a natural 
redução da capacidade visual”. 
 
#OUSESABER: A educação especial deve ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino? 
Vamos relembrar alguns temas! 
 
a) Ela deve ser prestada preferencialmente na rede regular de ensino, como dito no enunciado, que foi extraído do art. 58 da 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação, vejamos: 
 
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida 
preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e 
altas habilidades ou superdotação; 
 
b) Quando necessário será oferecido ao educando apoio especializado; 
 
c) tem início na educação infantil e estende-se ao longo da vida. 
 
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: Não é possível, atualmente, o ensino domiciliar (homeschooling) como meio lícito 
de cumprimento, pela família, do dever de prover educação. Não há, na CF/88, uma vedação absoluta ao ensino domiciliar. 
A CF/88, apesar de não o prever expressamente, não proíbe o ensino domiciliar. No entanto, o ensino domiciliar não pode 
ser atualmente exercido porque não há legislação que regulamente os preceitose as regras aplicáveis a essa modalidade de 
ensino. Assim, o ensino domiciliar somente pode ser implementado no Brasil após uma regulamentação por meio de lei na 
qual sejam previstos mecanismos de avaliação e fiscalização, devendo essa lei respeitar os mandamentos constitucionais que 
tratam sobre educação. STF. Plenário. RE 888815/RS, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o acórdão Min. Alexandre de 
Moraes, julgado em 12/9/2018 (repercussão geral) (Info 915). #IMPORTANTE 
113 
 
 
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: O valor da complementação da União ao Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) deve ser calculado com base no valor 
mínimo nacional por aluno extraído da média nacional. A complementação ao Fundef realizada a partir do valor mínimo anual 
por aluno fixada em desacordo com a média nacional impõe à União o dever de suplementação de recursos, mantida a 
vinculação constitucional a ações de desenvolvimento e manutenção do ensino. Em outras palavras, os Estados prejudicados 
com o cálculo incorreto do valor mínimo nacional por aluno deverão ser indenizados por conta do montante pago a menor a 
título de complementação pela União no período de vigência do FUNDEF, isto é, nos exercícios financeiros de 1998 a 2007. O 
tema acima foi definido pelo STJ (no REsp 1101015/BA) e pelo STF nas ACO 648/BA, ACO 660/AM, ACO 669/SE e ACO 700/RN, 
jugadas em 6/9/2017. Diante disso, é possível que o Ministro do STF, Relator de ações com pedidos semelhantes, decida 
monocraticamente e julgue procedente os pedidos formulados por outros Estados-membros contra a União. Não haverá, 
neste caso, violação ao princípio da colegialidade. STF. Plenário. ACO 701 AgR/AL, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 
18/12/2019 (Info 964). 
 
 Sobre direito à saúde, vale destacar os recentes julgados: 
*#DEOLHONAJURIS#DIZERODIREITO#STF O art. 1º, § 3º da Lei nº 13.301/2016 prevê, como uma das medidas para combater 
o Aedes aegypti, que o poder público fica autorizado a fazer a pulverização, por meio de aeronaves, de produtos químicos 
para matar o mosquito: § 3º São ainda medidas fundamentais para a contenção das doenças causadas pelos vírus de que 
trata o caput: IV - permissão da incorporação de mecanismos de controle vetorial por meio de dispersão por aeronaves 
mediante aprovação das autoridades sanitárias e da comprovação científica da eficácia da medida. O STF deu intepretação 
conforme a esse dispositivo dizendo que, além da comprovação científica e da aprovação das autoridades sanitárias 
(mencionadas expressamente no texto da lei), é necessário também que haja a aprovação das autoridades ambientais. A 
aprovação das autoridades sanitárias e ambientais competentes e a comprovação científica da eficácia da medida são 
condições prévias e inafastáveis à incorporação de mecanismo de controle vetorial por meio de dispersão por aeronaves. STF. 
Plenário. ADI 5592/DF, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 11/9/2019 (Info 951). 
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF 
É inconstitucional a possibilidade de um paciente do Sistema Único de Saúde (SUS) pagar para ter acomodações superiores 
ou ser atendido por médico de sua preferência, a chamada "diferença de classes". Existe uma portaria do Ministério da Saúde 
(Portaria 113/1997) que proíbe a diferença de classe. Este ato estava sendo questionado e o STF, em recurso extraordinário 
submetido à repercussão geral, declarou que ele é constitucional, firmando a seguinte tese, que vale de forma ampla para 
todos os casos envolvendo diferença de classe: "É constitucional a regra que veda, no âmbito do Sistema Único de Saúde - 
SUS, a internação em acomodações superiores, bem como o atendimento diferenciado por médico do próprio SUS, ou por 
médico conveniado, mediante o pagamento da diferença dos valores correspondentes." STF. Plenário. RE 581488/RS, Rel. 
Min. Dias Toffoli, julgado em 3/12/2015 (repercussão geral) (Info 810). 
 
#COMPLEMENTAÇÃO 
O sistema de DIFERENÇA DE CLASSES, no âmbito do SUS, consiste na possibilidade de alguém internado em hospital particular 
CONVENIADO AO SUS buscar acomodações superiores, bem como o atendimento diferenciado por médico do próprio SUS 
ou por médico particular, MEDIANTE O PAGAMENTO DOS VALORES CORRESPONDENTES À DIFERENÇA ENTRE O TRATAMENTO 
COBERTO PELO SUS E O TRATAMENTO DE MELHOR QUALIDADE OFERECIDO PELO HOSPITAL PARTICULAR. O STF no RE 
581.488, constante no Info 810, considerou tal prática INCONSTITUCIONAL. "O Colegiado explicou que o SUS, conforme 
instituído pela Lei 8.080/1990, prevê dois eixos de ação: estabelece a prestação de serviços públicos de saúde e uma gama 
de atividades denominadas de ações de saúde, conforme o art. 200 da CF. É regido pelos princípios da: a) universalidade, 
como garantia de atenção à saúde por parte do sistema a todo e qualquer cidadão, por meio de serviços integrados por todos 
os entes da federação; b) equidade, a assegurar que serviços de todos os níveis sejam prestados, de acordo com a 
complexidade que o caso venha a exigir, de forma isonômica, nas situações similares; e c) integralidade, reconhecendo-se 
cada indivíduo como um todo indivisível e integrante de uma comunidade. Embora os serviços de saúde devam obedecer a 
esses princípios, estão limitados pelos elementos técnico-científicos, e pela capacidade econômica do Estado. Nesse contexto, 
possibilitar assistência diferenciada a pessoas numa mesma situação, dentro de um mesmo sistema, vulnera a isonomia e a 
dignidade humana. Admitir que um paciente internado pelo SUS tenha acesso a melhores condições de internação ou a 
médico de sua confiança mediante pagamento subverte a lógica do sistema e ignora suas premissas. Além disso, a 
Constituição não veda o atendimento personalizado de saúde, e admite o sistema privado. Os atendimentos realizados pela 
rede pública, todavia, não devem se submeter à lógica do lucro, por não ser essa a finalidade do sistema. Ainda que os 
114 
 
supostos custos extras corressem por conta do interessado, a questão econômica ocupa papel secundário dentre os objetivos 
impostos ao ente estatal. (RE 581488/RS, rel. Min. Dias Toffoli, 3.12.2015). 
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ 
Não há perda do objeto em mandado de segurança cuja pretensão é o fornecimento de leite especial necessário à 
sobrevivência de menor ao fundamento de que o produto serve para lactentes e o impetrante perdeu essa qualidade em 
razão do tempo decorrido para a solução da controvérsia. Como se trata de direito fundamental da pessoa e dever do Poder 
Público garantir a saúde e a vida, não há que se falar que o pleito se tornou infrutífero pelo simples fato de a solução da 
demanda ter demorado. A necessidade ou não do fornecimento de leite especial para a criança deverá ser apurada em fase 
de execução. Se ficar realmente comprovada a impossibilidade de se acolher o pedido principal, em virtude da longa discussão 
judicial acerca do tema, nada impede que a parte requeira a conversão em perdas e danos. STJ. 1ª Turma. AgRg no RMS 
26.647-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 2/2/2017 (Info 601). 
 
 
 
#IMPORTANTE 
É constitucional o ressarcimento previsto no art. 32 da Lei nº 9.656/98, o qual é aplicável aos procedimentos médicos, 
hospitalares ou ambulatoriais custeados pelo SUS e posteriores a 4.6.1998, assegurados o contraditório e a ampla defesa, no 
âmbito administrativo, em todos os marcos jurídicos. O art. 32 da Lei nº 9.656/98 prevê que, se um cliente do plano de saúde 
utilizar-se dos serviços do SUS, o Poder Público poderá cobrar do referido plano o ressarcimento que ele teve com essas 
despesas. Assim, o chamado “ressarcimento ao SUS”, criado pelo art. 32, é uma obrigação legal das operadoras de planos 
privados de assistência à saúde de restituir as despesas que o SUS teve ao atender uma pessoa que seja cliente e que esteja 
coberta por esses planos. STF. Plenário. RE 597064/RJ,Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 7/2/2018 (repercussão geral) 
(Info 890). 
 
#NOVIDADELEGISLATIVA #DIREITOÀSAÚDE: LEI Nº 13.522 DE 27 DE NOVEMBRO DE 2017. 
Altera a Lei no 11.664, de 29 de abril de 2008, para estabelecer que serão desenvolvidas estratégias intersetoriais específicas 
para mulheres com dificuldade de acesso às ações de saúde relativas a prevenção, detecção, tratamento e controle dos 
cânceres do colo uterino e de mama. 
 
§ 3o Para as mulheres com dificuldade de acesso às ações de saúde previstas no art. 1o desta Lei, em razão de barreiras sociais, 
geográficas e culturais, serão desenvolvidas estratégias intersetoriais específicas de busca ativa, promovidas especialmente 
pelas redes de proteção social e de atenção básica à saúde, na forma de regulamento. 
 
*#NOVIDADELEGISLATIVA #DIREITOÀSAÚDE: LEI Nº 13.819, de 26.4.20191: 
Institui a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, a ser implementada pela União, em cooperação com 
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; e altera a Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998. 
 
Art. 10. A Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 10-C: 
“Art. 10-C. Os produtos de que tratam o inciso I do caput e o § 1º do art. 1º desta Lei deverão incluir cobertura de 
atendimento à violência autoprovocada e às tentativas de suicídio.” 
 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: A concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS exige a 
presença cumulativa dos seguintes requisitos: (I) comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado 
expedido por médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da 
ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS; (II) incapacidade financeira de arcar com o custo 
do medicamento prescrito; e (III) existência de registro na ANVISA do medicamento. STJ. 1ª Seção. REsp 1.657.156-RJ, Rel. 
Min. Benedito Gonçalves, julgado em 25/04/2018 (recurso repetitivo) (Info 625). 
 
*DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: Em, 25/04/2018, o STJ, ao julgar o REsp 1.657.156-RJ (Info 625), afirmou que o poder 
público é obrigado a conceder medicamentos mesmo que não estejam incorporados em atos normativos do SUS, desde que 
cumpridos três requisitos. Em 12/09/2018, o STJ decidiu retificar o terceiro requisito da tese anteriormente fixada: 
REDAÇÃO ORIGINAL REDAÇÃO APÓS OS EMBARGOS 
 
1 Para mais comentários, vide: https://www.dizerodireito.com.br/2019/04/lei-138192019-institui-politica.html 
115 
 
A concessão dos medicamentos não incorporados em 
atos normativos do SUS exige a presença cumulativa dos 
seguintes requisitos: (...) 3) existência de registro na 
ANVISA do medicamento. 
A concessão dos medicamentos não incorporados em atos 
normativos do SUS exige a presença cumulativa dos seguintes 
requisitos: (...) 3) existência de registro do medicamento na ANVISA, 
observados os usos autorizados pela agência. 
O que o STJ quis dizer com essa mudança: • Em regra não é possível que o paciente exija do poder público o fornecimento de 
medicamento para uso off-label; • Excepcionalmente, será possível que o paciente exija este medicamento caso esse 
determinado uso fora da bula (off-label) tenha sido autorizado pela ANVISA. Em outras palavras, o requisito do registro na 
ANVISA afasta a possibilidade de fornecimento de medicamento para uso off-label, salvo se autorizado pela ANVISA. A tese 
fixada ficou, portanto, com esta nova redação: A concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS 
exige a presença cumulativa dos seguintes requisitos: a) Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e 
circunstanciado expedido por médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim 
como da ineficácia para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS; b) incapacidade financeira de arcar com 
o custo do medicamento prescrito; c) existência de registro do medicamento na ANVISA, observados os usos autorizados pela 
agência. Além disso, o STJ decidiu alterar a data de início da produção dos efeitos desta decisão: Modula-se os efeitos do 
presente repetitivo de forma que os requisitos acima elencados sejam exigidos somente quanto aos processos distribuídos a 
partir da data da publicação do acórdão, ou seja, 4/5/2018. Explicando melhor: a) Os três requisitos cumulativos estabelecidos 
no acórdão (REsp 1.657.156-RJ) são aplicáveis a todos os processos distribuídos na primeira instância a partir de 4/5/2018; b) 
Quanto aos processos pendentes, com distribuição anterior a 4/5/2018, é exigível apenas um requisito que se encontrava 
sedimentado na jurisprudência do STJ: a demonstração da imprescindibilidade do medicamento. STJ. 1ª Seção. EDcl no REsp 
1657156-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 12/09/2018 (recurso repetitivo) (Info 633). 
 
*#DEOLHONAJURIS#DIZERODIREITO#STF #IMPORTANTE: 
Fornecimento pelo Poder Judiciário de medicamentos não registrados pela ANVISA. 
1. O Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais. 
2. A ausência de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) impede, como regra geral, o fornecimento de 
medicamento por decisão judicial. 
3. É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro sanitário, em caso de mora irrazoável da 
Anvisa em apreciar o pedido (prazo superior ao previsto na Lei 13.411/2016), quando preenchidos três requisitos: 
a) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso de medicamentos órfãos para doenças raras e 
ultrarraras); 
b) a existência de registro do medicamento em renomadas agências de regulação no exterior; 
c) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil. 
4. As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa deverão 
necessariamente ser propostas em face da União. STF. Plenário. RE 657718/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. 
Min. Roberto Barroso, julgado em 22/5/2019 (repercussão geral) (Info 941). 
 
Responsabilidade pelo fornecimento do medicamento ou pela realização do tratamento de Saúde. Os entes da Federação, 
em decorrência da competência comum, são solidariamente responsáveis nas demandas prestacionais na área da saúde e, 
diante dos critérios constitucionais de descentralização e hierarquização, compete à autoridade judicial direcionar o 
cumprimento conforme as regras de repartição de competências e determinar o ressarcimento a quem suportou o ônus 
financeiro. STF. Plenário. RE 855178 ED/SE, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2019 
(Info 941). 
 
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: A LC federal 141/2012 fixa os valores mínimos a serem aplicados anualmente 
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde. O art. 11 desta Lei estabelece que 
as Constituições dos Estados ou as Leis Orgânicas dos Municípios podem fixar valores mais altos do que o previsto na LC 
141/2012 de repasses em prol da saúde. O STF julgou inconstitucional esse art. 11 da LC 141/2012 porque, segundo o art. 
198, § 3º, I, da CF/88, os percentuais mínimos que os Estados, DF e Municípios são obrigados a aplicar na saúde devem estar 
previstos em lei complementar federal editada pelo Congresso Nacional, não podendo isso ser delegado para os Estados/DF 
e Municípios. Além disso, o STF afirmou que são inconstitucionais normas da Constituição Estadual que prevejam percentuais 
de aplicação mínima na saúde em patamares diferentes daquele fixado pela Lei complementar federal. STF. Plenário. ADI 
5897/SC, Rel. Min. Luz Fux, julgado em 24/4/2019 (Info 938). 
 
 *Sobre o direito à gratuidade do transporte, vale destacar o seguinte julgado: 
 
116 
 
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A Lei nº 8.899/94 previu que as pessoas com deficiência possuem direito à 
gratuidade no transporte coletivo interestadual. Esta Lei foi regulamentadapela Portaria Interministerial nº 003/2001, que, 
no entanto, afirmou que apenas as empresas de transporte rodoviário, ferroviário e aquaviário teriam o dever de oferecer 
essa gratuidade. Houve, assim, uma omissão quanto ao transporte aéreo. O MP propôs ação civil pública na qual pretendia 
garantir a gratuidade também no transporte aéreo. Ao julgar um recurso neste processo, o STJ afirmou que não poderia 
conceder o pedido. Isso porque: O STJ não possui competência constitucional para ampliar os modais de transporte 
interestadual submetidos ao regime da gratuidade prevista na Lei nº 8.899/94 e nos atos normativos secundários que a 
regulamentam. STJ. 4ª Turma. REsp 1.155.590-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 27/11/2018 (Info 640). 
 
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou 
inferior a 2 (dois) salários-mínimos, prevista no art. 40, I, do Estatuto do Idoso, não se limita ao valor das passagens, 
abrangendo eventuais custos relacionados diretamente com o transporte, em que se incluem as tarifas de pedágio e de 
utilização dos terminais. STJ. 1ª Turma. REsp 1.543.465-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 13/12/2018 (Info 
641). 
 
 Sobre à proteção à maternidade, decidiu o STF, em recente julgamento: 
 
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: É inconstitucional a expressão “quando apresentar atestado de saúde, emitido 
por médico de confiança da mulher, que recomende o afastamento”, contida nos incisos II e III do art. 394-A da CLT, inseridos 
pelo art. 1º da Lei nº 13.467/2017. Essa expressão, inserida no art. 394-A da CLT, tinha como objetivo autorizar que 
empregadas grávidas ou lactantes pudessem trabalhar em atividades insalubres. Ocorre que o STF entendeu que o trabalho 
de gestantes e de lactantes em atividades insalubres viola a Constituição Federal. O art. 6º da CF/88 proclama importantes 
direitos, entre eles a proteção à maternidade, a proteção do mercado de trabalho da mulher e redução dos riscos inerentes 
ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. A proteção para que a gestante e a lactante não sejam 
expostas a atividades insalubres caracteriza-se como importante direito social instrumental que protege não apenas a mulher 
como também a criança (art. 227 da CF/88). A proteção à maternidade e a integral proteção à criança são direitos 
irrenunciáveis e não podem ser afastados pelo desconhecimento, impossibilidade ou a própria negligência da gestante ou 
lactante em apresentar um atestado médico, sob pena de prejudicá-la e prejudicar o recém-nascido. Em suma, é proibido o 
trabalho da gestante ou da lactante em atividades insalubres. STF. Plenário. ADI 5938/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, 
julgado em 29/5/2019 (Info 942). #IMPORTANTE 
 
Metodologia Fuzzy (Fuzzysmo) 
O jurista português José Joaquim Gomes Canotilho publicou estudo denominado “Metodología ‘Fuzzy’ y ‘Camaleones 
Normativos’ en la Problemática Actual de los Derechos Económicos, Sociales y Culturales” publicado na Revista “Derechos y 
Libertades” do Instituto de Direitos Humanos da Universidade Carlos III de Madrid. 
No referido estudo, o constitucionalista afirmou que a doutrina jurídica ainda não alcançou conclusões razoáveis e 
satisfatórias sobre o tema da implementação de direitos econômicos, sociais e culturais. 
É dizer: houve avanços da doutrina em várias áreas do saber jurídico, mas a concretização dos direitos sociais ainda caminharia 
trôpega, ou seja, cambaleante de ideias mais precisas sobre como seria a concretização de tais direitos econômicos, sociais e 
culturais. 
Essa dificuldade metodológica na implementação dos direitos prestacionais, ou seja, de segunda geração, gerou a 
denominação de “metodologia fuzzy”. O emprego da expressão provém do estudo da “lógica difusa”. Cuida-se de termo 
extrajurídico que consiste em uma das formas de aplicação da “lógica difusa”. 
 
 
Atenção: ADPF 45, que trata de políticas públicas. 
As políticas públicas passam a ser controladas e revistas pelo judiciário enquanto controle de princípios 
constitucionais (respeito aos direitos fundamentais etc.). De acordo com o STF, controle de política pública 
(controle de princípios, tais como razoabilidade, proporcionalidade, assim como e direitos fundamentais mínimos 
assegurados na Magna Carta) nada mais é do que um controle de legalidade. 
Em outras palavras, é possível que o judiciário controle a legalidade de um ato, de forma que atinja 
INDIRETAMENTE o mérito administrativo. É o caso do ato administrativo que foi anulado por não respeitar a 
117 
 
razoabilidade e proporcionalidade, princípios que estão previstos na lei nº 9.784/99 (exemplo: Fonte e hospital 
para construir. O poder público escolhe construir a fonte). 
Em contraponto, deve ser respeitada a reserva do possível. Não se pode exigir do Estado mais do que é possível 
(tese de defesa concurso procuradoria). Entretanto, a reserva do possível NÃO pode ser alegada em face do 
mínimo existencial. O mínimo existencial deve ser obedecido. 
Além de cumprir o mínimo existencial, o Estado deve se comprometer criar mecanismos a fim de aumentar a 
arrecadação, fiscalização e etc. com o escopo de aumentar a prestação de serviços e efetivação de direitos sociais. 
Reserva do possível: Expressão criada pelo Tribunal Constitucional da Alemanha em 1972. A decisão tratava do 
seguinte assunto: 
Na CF alemã, existe consagrado o direito a educação como direito fundamental. No entanto algumas pessoas que 
não conseguiam acesso a universidade, recorrem ao TCA alegando o seguinte, para elas terem a liberdade de 
escolha profissional, o estado alemão deveria proporcional quantas vagas necessárias para as pessoas, para a 
escolha ser livre. TCA: Embora seja desejável que todos tenham acesso à universidade, nem sempre esse acesso 
irrestrito é possível em razão das limitações do que o estado possui. Mesmo sendo um direito desejável, a reserva 
do possível impede que seja usufruído por todos. 
Tem autores que contestam essa aplicação da expressão no Brasil (Andreas Krell – Direitos sociais uma análise no 
Brasil e na Alemanha). Segundo Andreas Krell, não é possível uma transposição da reserva do possível para o direito 
brasileiro, devido à diferença de realidades entre os dois países. Na Alemanha o grau de efetivação dos Direitos 
Sociais já alcançou um nível muito superior, onde já existe um padrão otimizado de bem-estar social, na medida 
que, o desenvolvimento e aplicação da Reserva do Possível é mais condizente com aquela realidade, no Brasil, não 
se tem um mínimo de efetivação dos DS. 
Sarmento – a reserva do possível é um conceito muito mais necessário do que na própria Alemanha, em razão da 
limitação orçamentária e a escassez de recursos que temos aqui. Aqui a dificuldade de se implementar os Direitos 
Sociais é muito maior, se não se estabelece quais critérios, acaba-se criando uma desigualdade...para evitar isso é 
que a reserva do possível teria uma grande utilidade, para que todos possam usufruir dos mesmos direitos. 
Existem três dimensões são utilizadas quando se fala em RESERVA DO POSSÍVEL (Ingo Sarlet): 
1º Dimensão: Possibilidade Fática. Consiste na disponibilidade de recursos necessários para satisfazer uma 
prestação relacionada aos direitos sociais. Como se faz essa análise? Tem que ver se o estado tem recurso para 
atender somente aquela pessoa, ou para todas as pessoas que se encontrem naquela situação...qual o correto? 
Em razão do princípio da isonomia, esta análise, dos recursos orçamentários deve ser feita não de forma individual, 
mas uma universalização da demanda. Se aquela pessoa tem o direito, todas pessoas na mesma situação tem o 
direito também. 
Sarmento: tem se entendido que o meio mais adequado para a universalização da demanda, o melhor caminho 
seriam as ações coletivas, elas permitem essa universalização. 
2ª Dimensão: Possibilidade Jurídica – consiste em: 
1) Existência de autorização orçamentária para cobriras despesas. 
2) Análise das competências federativas. 
 
Obviamente o limite deve ser analisado, mas não como algo absoluto, porque senão para qualquer coisa poderia 
ser usado o argumento da falta de orçamento. Além da dotação orçamentária, é necessária a análise de qual ente 
federativo é a competência para instituir. Exemplo: saúde é competência comum, pode ser exigida tanto do 
Município, Estado ou União. É mais difícil de ser prestada pelo Município do que pela União. 
Dirley da Cunha Jr.: a liberdade orçamentária está diretamente ligada à efetivação dos DF’s. Devem servir de 
parâmetro para a elaboração de políticas públicas ou planos econômicos. A constitucionalidade dos orçamentos 
públicos depende de assegurarem os recursos para implementação das prestações materiais, objeto dos DS. 
3º Dimensão: Razoabilidade da exigência e proporcionalidade da prestação. Exemplo: 02 tipos de medicamento 
para o mesmo tipo da doença, os 2 surtem efeitos, porem o medicamento B é mais eficaz que o A, porem o B, 
custa 20x mais. Estado tem como fornecer o A, atendendo grande parte das pessoas, mas se for fornecer o B, não 
conseguira fornecer a todas. Qual deverá ser fornecido? Várias decisões judiciais tem obrigado o estado a conceder 
medicamentos que não estão na lista do SUS, devido a médicos particulares opinar no sentido que não é melhor 
para o paciente...o juiz teria esse poder? Questão que deve ser pensada. 
118 
 
 
Quem alega a RESERVA DO POSSÍVEL? Quem alega a reserva do possível é o estado em sua defesa, para não 
cumprir a sua prestação. Como é o Estado quem alega, o ônus da prova cabe a quem alega, o problema é que 
muitas vezes o Estado alega a reserva do possível e não demonstra isso ao juiz. 
O Estado deve demonstrar como e porque não é possível o cumprimento da prestação, depende de uma atuação 
da administração. Para o juiz considerar a reserva do possível o Estado deverá demonstrar para ele não em 
alegações genéricas como é geralmente observado. 
O Min. Celso de Mello, na ADPF 45, estabeleceu um critério interessante quanto a isso: não basta invocar 
genericamente a reserva do possível, é necessário demonstrar a ocorrência de justo motivo objetivamente 
aferível. “As normas programáticas não podem se converter em promessas constitucionais inconsequentes, sob a 
pena de fraudar justas expectativas depositadas nos poderes públicos pela população”. 
Sempre que em uma prova formos tratar da reserva do possível, faz-se pertinente salientar o tema mínimo 
existencial. 
 
Mínimo Existencial: Essa expressão foi utilizada pela primeira vez pelo Tribunal Administrativo Federal, por uma 
decisão de 1953, migrando logo após para o Tribunal Constitucional Federal da Alemanha. No Brasil a expressão 
começou a ser usada após a CF/88 pelo professor Ricardo L. Torres. 
Por que ao invés de restringir os direitos sociais da CF, não ampliamos para outras que não estão ali? 
Paradoxo: quanto maior a consagração do Direitos Sociais no papel, muitas vezes o efeito acaba sendo o contrário 
do desejado, eles ficam na Constituição, mas na prática não são implementados. Quando se fala em DS o objetivo 
é conferir maior efetividade a determinados direitos sociais. Pelo menos em relação ao mínimo existencial a 
efetividade deve ser máxima. NEM MESMO A RESERVA DO POSSÍVEL PODE SER INVOCADA CONTRA ESSES 
DIREITOS. O mínimo existencial é extraído: 
1) Princípio da Dignidade da Pessoa Humana; 
2) Liberdade material; 
3) Princípio do Estado Social (bem estar social). 
 
Princípio da Dignidade Humana: o mínimo existencial seria o conjunto de bens e utilidades indispensáveis a uma 
vida humana digna da liberdade material do Estado Social, este dentro do Estado Democrático de Direito. 
Quais seriam esses bens e essas utilidades indispensáveis? Por que falar em um MÍNIMO e não em um MÁXIMO? 
O professor Ricardo Torres, entende que o mínimo existencial não teria um conteúdo definido, específico. Segundo 
ele, este conteúdo é variável, depende do local, da época. Segundo Ana Paula de Barcellos, também professora da 
UERJ, o mínimo existencial teria um conteúdo definido, seria formado por quatro direitos: 
1) Educação Fundamental; 
 
2) Direito à saúde; 
 
3) Direito de assistência aos desamparados. 
 
Não adianta dizer que temos esses direitos, se não temos um que os que garanta... 
1) Acesso à Justiça (fundamental na hipótese de esses direitos acima não serem implementados pelo estado, a 
pessoa através desse instrumento possa garantir a efetividade desses direitos). 
2) Direito à moradia (há quem o defenda aqui. É o único direito do art. 6º que não consta da redação original da 
CF). 
3) Moradia no Brasil como mínimo existencial – local, abrigo para pelo menos se recolher durante à noite. 
 
OBS: alguns direitos sociais são princípios e outros são regras; quanto a estes não se pode falar em mínimo, pois 
eles devem ser resguardados na exata medida de suas prescrições. 
Reserva do Possível x Mínimo Existencial: segundo Ingo Sarlet, em relação ao mínimo existencial, o Estado não 
pode alegar a reserva do possível. Como se o mínimo existencial tivesse um caráter absoluto. 
119 
 
STJ adotou a tese REsp 1.185.474/SC. Informativo 431. Diz que o Estado só pode utilizar este argumento quando 
se tratar pela real insuficiência de recursos em razão da baixa arrecadação, quando tratar-se de falta de recursos 
por “escolhas trágicas”, não poderia alegar a reserva do possível. 
Daniel Sarmento – De um lado temos os Direitos Sociais, de outro Princípio Democrático/Separação dos 
Poderes/Direito de terceiros. Quando o Mínimo Existencial estiver nesta ponderação, ele exigirá do Estado um 
ônus argumentativo ainda maior para o caso de não cumprir o direito. 
Exemplo: o princípio do LOAS para quem tem renda inferior ao ¼ do SM. É pouco, mas será que o estado tem como 
pagar mais? Tem como aumentar o SM? Ele fala no sentido de aumentar a maneira com que o estado cumpre. 
A.P. Barcellos – o orçamento deve ter como meta prioritária a efetivação do mínimo existencial. 
 
 
Direitos da Nacionalidade 
Direitos da Nacionalidade 
Noções Iniciais  Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga o indivíduo a um determinado Estado, 
tornando-o um componente do povo. 
 
 É correto afirmar que toda pessoa possui o direito a uma nacionalidade, ninguém dela 
poderá ser privado arbitrariamente, tampouco se pode negar ao indivíduo o direito de 
alterá-la. 
 
Conceitos 
relacionados à 
matéria 
 0 termo "nação" designa um agrupamento humano homogêneo cujos membros são 
possuidores das mesmas tradições, costumes e ideais coletivos, partilhando, também, 
laços invisíveis, como a consciência coletiva e o sentimento de comunidade. 
 
 O vocábulo "nacionalidade" é semanticamente mais próximo ao termo "povo", já que este 
último representa o conjunto de nacionais que compõem o elemento humano de um 
Estado. 
 
 O termo "população" representa a totalidade de indivíduos que habitam determinado 
território, ainda que ali se achem temporariamente, independentemente da 
nacionalidade. É um conceito numérico, demograficamente mais amplo que o de povo. 
 
 A condição de apátrida deriva de um conflito negativo de nacionalidade, no qual não há 
matéria nenhum Estado interessado em proclamar o indivíduo como seu nacional. 
 
 "Polipátridas" são aqueles que, quando do nascimento, se enquadram nos critérios 
concessivos de nacionalidade originária de mais de um Estado, ocasionando um conflito 
positivo que normalmente resulta em dupla (ou mesmo múltipla) nacionalidade. 
 
 "Estrangeiro" é o indivíduo que possui vínculo jurídico-político com Estado Nacional 
diverso da República Federativa do Brasil. Finalmente, "cidadão" é o nacional (nato ou 
naturalizado) no gozo dos direitos políticos e participante da vida do Estado. 
Espécies de Nacionalidade 
Duas espécies de nacionalidade são identificadas: a primária e a secundária. A primária (ou originária) é aquela 
resultante de um fato natural, qual seja,

Mais conteúdos dessa disciplina