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LIVRO - UNIDADE 01

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POLÍTICA SOCIAL
Vanessa Azevedo
As políticas sociais como 
estratégias de enfrentamento 
da questão social
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir a origem, as características e as funções das políticas sociais.
  Explicar a relação entre pobreza, questão social e políticas sociais.
  Analisar as políticas sociais enquanto estratégias de enfrentamento 
da questão social.
Introdução
As políticas sociais surgem como uma ferramenta para a proteção dos 
trabalhadores. Para alguns, trata-se de uma grande despesa para o 
Estado; para outros, é fruto de conquistas da classe trabalhadora. As 
políticas sociais exercem um papel de dualidade no Estado capitalista, 
isto é, ao mesmo tempo, são fruto da luta da classe trabalhadora, mas 
também são um instrumento do Estado capitalista para a pacificação 
dessa mesma classe trabalhadora. Nesse cenário, as políticas sociais 
são um constante campo de disputa, ora em prol do proletariado, 
ora em prol da burguesia, tendo estreita relação com a pobreza e a 
questão social.
Neste capítulo, você vai estudar sobre a relação ambígua das políticas 
sociais, sua origem, suas características e funções, além de analisar as 
políticas sociais como proposta de enfrentamento da questão social.
Cap_1_Politica_Social.indd 1 01/03/2018 13:36:11
Desenvolvimento, finalidade 
e objetivo das políticas sociais
O surgimento das primeiras ideias sobre políticas sociais está intimamente ligado 
ao desenvolvimento do capitalismo, à luta de classe e ao desenvolvimento estatal. 
Através da expansão do capitalismo no período industrial, ocorreu a disputa entre 
burguesia e proletariado, pois a burguesia, para obter maiores lucros, explorava 
o trabalhador, exigindo longas jornadas de trabalho em condições precárias e 
salários miseráveis, o que não possibilitava condições mínimas de subsistência ao 
indivíduo. Somado a esse cenário, houve o alto índice de demissões com o advento 
da primeira Revolução Industrial, no fi nal do século XVIII e início do século XIX, 
na Inglaterra. Em resposta, em diversos países, os trabalhadores fi zeram greve em 
busca de melhores condições não somente de trabalho, mas também de vida. As 
políticas sociais surgiram, nesse cenário, como um meio de ampliar os direitos 
ou riquezas dos trabalhadores; em contrapartida, também era um instrumento de 
manutenção da força de trabalho e moeda de troca pela elite dominante.
A expansão e consolidação das políticas sociais não ocorreu de igual maneira 
em todos os países por conta do nível de desenvolvimento industrial e, princi-
palmente, pela organização da classe trabalhadora. Por meio da pressão dos 
trabalhadores, o Estado passou a intervir e, para isso, utilizou-se de um papel de 
“neutralidade” entre burguesia e proletariado em prol da sociedade como um todo, 
que também tinha por objetivo a manutenção e o avanço da política econômica 
capitalista. O ápice desse processo ocorreu no período da década de 1930, após 
a crise de 1929 em países como Estados Unidos, Inglaterra e na Europa e foi 
chamado de Welfare State ou Estado Bem-Estar Social, no qual ocorreu a maior 
ampliação dos direitos dos trabalhadores, como educação, saúde, habitação, lazer 
e vida privada, além de assegurar proteção no cotidiano das relações de trabalho.
Faleiros (1991) afirma que:
[...] é pelo Estado Bem-Estar que o Estado garante ao cidadão a oportunidade de 
acesso gratuito a certos serviços e a prestação de benefícios mínimos para todos. 
Nos Estados Unidos, esses benefícios dependem de critérios rigorosos de pobreza 
e os serviços de saúde não são estatizados, havendo serviços de saúde para os 
velhos e pobres. O “acesso geral” à educação, à saúde e à justiça existente na 
Europa decorre de direitos estabelecidos numa vasta legislação que se justifica em 
nome da cidadania. O cidadão é um sujeito de direitos sociais que tem igualdade 
de tratamento perante as políticas sociais existentes. (FALEIROS, 1991, p. 20).
Nessa realidade, o Estado amplia suas funções econômicas e sociais e passa a 
controlar parcialmente e a assumir as despesas sociais. As políticas sociais podem 
As políticas sociais como estratégias de enfrentamento da questão social2
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ser compreendidas como contenção e também como ampliação dos direitos da 
classe trabalhadora, potencializando o controle da pobreza, mas nenhum governo 
as projeta para superar as desigualdades sociais geradas pelo sistema. Mas como 
já foi referido, isso não ocorreu da mesma maneira em todos os países. O Estado 
Bem-Estar Social ocorreu efetivamente em países da Europa e nos Estados 
Unidos, onde se desenvolveu o pleno emprego e o acesso universal às políticas 
sociais a todo o cidadão, independentemente de condição social. Enquanto isso, 
nos países da América Latina, esse processo ocorreu de forma tardia e parcial. 
Na América Latina, especialmente no Brasil, nunca ocorreu de fato o acesso 
universal às políticas sociais, o que ocorreu foi a criação de políticas focaliza-
das, isto é, destinadas a camadas específicas da população, por exemplo, a lei 
trabalhista para os trabalhadores, alimentação e vacinas para a infância, contra 
doenças específicas da população, como a tuberculose. Esses programas eram 
criados a cada novo governo de maneira diferente, segundo critérios burocráticos, 
eleitoreiros e assistencialistas, enquanto políticas de favor e não de direito.
É dentro desse cenário que se constroem as políticas sociais enquanto um 
conjunto de orientações, diretrizes e ações que visam à continuidade e melhora 
do bem-estar social, em que os benefícios de desenvolvimento devem alcan-
çar todas as classes da sociedade de forma universal, com objetivos a curto, 
médio e longo prazos. É uma política de mediação entre as necessidades de 
manutenção do estado capitalista e as necessidades de manutenção da classe 
trabalhadora. Sendo assim, a política social é de administração do Estado, 
que realiza a gestão da força e do preço da força do trabalho.
Você sabe as diferenças entre política, política pública e política social?
O termo política se refere a “um conjunto de objetivos que enformam determinado 
programa de ação governamental e condicionam a sua execução” (FERREIRA, 2013). 
Isto é, é um conjunto articulado de decisões do governo.
A expressão política pública é compreendida como intervenção do Estado nas 
mais diferentes dimensões da vida tendo por função a transformação da realidade.
Já a expressão política social se refere aos direitos de bem-estar social e a possi-
bilidade de se ter um nível mínimo de consumo para toda a população, para isso a 
garantia de pleno emprego. Desse modo, é responsabilidade do Estado criar essas 
políticas de garantias mínimas para a população. Entretanto, não precisa ser exercida 
exclusivamente por instituições públicas. Muitas vezes o que ocorre é a parceria do 
Estado com instituições privadas ou instituições não governamentais, com o intuito 
de executar a política pública proposta pelo Estado.
3As políticas sociais como estratégias de enfrentamento da questão social
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Pobreza, questão social e política social
A pobreza existe desde o início da sociedade seja ela feudal ou capitalista, 
pois sempre houve pessoas que possuiam maior poder econômico que as 
outras. Com as transformações que ocorreram na sociedade como um todo, a 
pobreza passou a ser vista e compreendida de maneira diferente. No período 
de transição do feudalismo para o capitalismo, ela passa a ser vista como um 
problema pelas autoridades e as classes dominantes. Nesse período, a medida 
de intervenção foi um mix “a assistência aos necessitados e a repressão violenta 
contra os indivíduos tidos como vagabundos” (LEITE, 2008, p. 214), sendo 
essa a primeira forma de política social na sociedade capitalista.
Uma das primeiras leis que se têm conhecimento e pode ser consideradacomo uma política social é a Lei dos pobres, que ocorreu na Inglaterra, em 1536, 
foi criada devido ao aumento expressivo da população (migração do campo 
para a cidade); pela pressão da igreja católica que pregava ser responsabilidade 
do Estado ajudar os menos favorecidos; e, por último, para realizar o controle 
de toda a população mais pobre. Essa lei consistia em fornecer um fundo 
monetário a população que não possuía condições de se sustentar, mas eram 
consideradas aptos fisicamente e psicologicamente para isso, essas pessoas 
passariam a trabalhar para o Estado e para a Igreja. Essas tarefas consistiam 
em afazeres manuais para as mulheres, serviços em asilos e albergues para 
homens saudáveis e as crianças eram obrigadas a frequentar a escola. Quem 
se recusasse a trabalhar era açoitado, preso e, como pena máxima, recebia a 
condenação à morte. O valor do pagamento equivalia o suficiente para comprar 
os alimentos consumidos na época: batata, milho, ervilha e trigo. Tratava-se 
de uma renda mensal que correspondia ao que a família fosse gastar ao longo 
do mês, era algo paliativo e não resolutivo.
Nesse período, a pobreza era (e muitas vezes ainda é) compreendida como 
um fenômeno isolado, de incapacidade, desleixo ou preguiça do sujeito, con-
siderada como caso de polícia e não de política pública. Durante o início da 
Revolução Industrial, a população não possuía consciência que sua atual 
situação advinha da lógica econômica, que expulsava o homem do campo para 
cidade em busca de melhores condições de trabalho, todavia, as fábricas não 
conseguiam absorver toda a população para trabalhar, optando por contratar 
mulheres e crianças que possuíam menores salários, o que acabava por gerar 
um exército de reserva.
No momento em que a população percebe que é vítima e não algoz, é o 
período que diversos autores afirmam ter surgido a questão social. Como 
afirma Castel (1998, p. 30) a questão social surge, a partir da “tomada de 
As políticas sociais como estratégias de enfrentamento da questão social4
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consciência das condições de existência das populações que são, ao mesmo 
tempo, os agentes e as vítimas da Revolução Industrial”. Apesar da tomada 
de consciência que ocorreu no início do século XX, ainda existia uma grande 
lacuna entre organização política e sistema econômico.
Pobreza e questão social caminham lado a lado, mas não são sinônimas, as 
expressões da questão social emergem da luta de classes, isto é, entre burguesia 
e proletariado. Por exemplo, a violência doméstica ocorre tanto em famílias 
pobres, como em famílias com maior poder aquisitivo. O que acontece é que a 
família com melhor situação econômica, devido ao seu status social consegue 
esconder o que realmente ocorre em seu cotidiano, enquanto que na família 
pobre, o Estado invade a privacidade por meio de políticas fiscalizatórias, 
que determinam como o sujeito deve se comportar ou o que deve consumir.
A pobreza é uma das expressões da questão social, e deve ser relacionada às 
transformações na sociedade capitalista. Assim, não pode ser considera como 
um resquício da sociedade pré-capitalista, sendo que a pobreza se desenvolveu 
para que o capitalismo chegasse ao seu auge. Pois, ao se observar a história 
da sociedade capitalista, o aumento da riqueza socialmente produzida, em 
nenhum momento reduziu a pobreza, pelo contrário, ocorreu um aumento, 
sendo assim, pode-se concluir que a pobreza é algo estrutural, ou seja, faz 
parte do desenvolvimento do capital e necessita da exploração do trabalhador 
para a sua expansão.
Nessa perspectiva, a pobreza é mais do que ausência de renda, é também 
reflexo das relações sociais. A pobreza cria uma condição de subalternidade e 
exclusão que remete a ausência de protagonismo, expressando a dominação e 
a exploração. Condição que remete a uma vida de desigualdade, seja no plano 
social, econômico, político e/ou cultural. Estar submetido a uma condição de 
pobreza implica estar à margem de toda uma sociedade. Significa aceitar um 
emprego precário para conseguir se manter e, como a cada dia aumenta o 
número de pessoas em situação miserável, o exército de reserva de trabalha-
dores a serviço do capitalismo só tende a aumentar e está instrinsecamente 
relacionado com a questão social.
Compreendendo a questão social como:
[…] um conjunto multifacetado das expressões das desigualdades sociais en-
gendradas na sociedade capitalista madura, impensáveis sem a intermediação 
do Estado. A “questão social” expressa desigualdades econômicas, políticas 
e culturais das classes sociais, mediadas por disparidades nas relações de 
gênero, características etnicorraciais e formações regionais, colocando em 
causa amplos segmentos da sociedade civil no acesso a bens da civilização. 
(IAMAMOTO, 2009, p. 177).
5As políticas sociais como estratégias de enfrentamento da questão social
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A questão social está inserida na estrutura da sociedade, atinge prin-
cipalmente os sujeitos que lutam cotidianamente para viver, ou seja, os 
que possuem menor recurso financeiro e que precisam aceitar qualquer 
emprego. Esse cenário é composto por conformismo ou por lutas individuais 
e coletivas que buscam o reconhecimento dos direitos de cada um e dos 
indivíduos como um todo. Nesse cenário de lutas cotidianas, emergem as 
políticas públicas como forma de materializar as vitórias ocorridas pelos 
trabalhadores.
A situação de precariedade impulsiona muitos trabalhadores a se organi-
zarem para reivindicar coletivamente por melhores condições não somente 
de trabalho, mas melhores condições para viver. O conflito ultrapassa a ques-
tão econômica, passando a ser um conflito político, de luta de classes entre 
burguesia e proletariado, no qual o interesse privado do patrão não coincide 
com o interesse coletivo do trabalhador. Nesse contexto, insere-se o Estado 
com um ator “neutro” para mediar a situação entre trabalhadores e patrões. 
A forma que ele realiza esse papel é mediante a criação de políticas públicas 
para proporcionar melhores condições de vida para a população.
Ao criar políticas que assegurem direitos trabalhistas (salário mínimo, 
jornada máxima de trabalho ao dia, salário maternidade, auxílio doença, etc.), 
acesso à saúde, à educação, ao transporte, o Estado toma para si a responsabi-
lidade de fornecer ao cidadão tudo o que a iniciativa privada não está disposta 
a oferecer ao trabalhador. Nessa lógica, pobreza, questão social e políticas 
públicas estão relacionadas uma vez que a pobreza acaba por potencializar as 
expressões da questão social, que por meio da luta coletiva dos trabalhadores 
tensiona para que o Estado, em seu papel de mediador, crie políticas públicas 
para minimizar não somente a questão de ausência de renda, mas toda a 
precariedade e subalternidade que a pobreza carrega.
A expressão “Exército industrial de reserva” foi um conceito criado por Karl Marx em 
seu livro Contribuição à crítica da Economia Política, escrito em 1859, e que é usado até 
hoje para se referir à massa excedente de trabalhadores, isto é, os desempregados. 
Marx considerava que o desemprego é estrutural e necessário na economia capitalista. 
É preciso que se tenha uma parte da população à margem do mercado de trabalho, 
pois isso inibe que a população empregada reivindique por melhores condições de 
trabalho, sujeitando-se a precários salários.
As políticas sociais como estratégias de enfrentamento da questão social6
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As políticas sociais como estratégias de 
enfrentamento da questão social
Os sistemas de proteção social podem ser defi nidos como um conjunto de 
políticas públicas que defi nem através de normas e regras os processos so-
ciais para efetivar a segurança da população que se encontra em situação de 
vulnerabilidade ou risco que afetam a sua vida negativamente (COUTO et 
al., 2012). Essas ações podem protegero todo ou parte da vida do cidadão ou 
da comunidade. Esses sistemas também possuem o propósito de regular as 
condições de trabalho, são o campo jurídico formal para assegurar os direitos 
a ela (sistema) relacionado. A organização desses sistemas não ocorre de 
maneira simples, são fruto da organização coletiva dos indivíduos na busca 
ou efetivação de direitos.
O sistema de proteção é reflexo do desdobramento e/ou respostas e/ou 
formas de enfrentamento das múltiplas expressões da questão social. Expres-
sões que emergem nas refrações das relações existentes entre o capital sobre 
o trabalho, desse cenário que emergem as situações de desemprego, da fome, 
da miséria, da violência, entre outros.
As políticas sociais são uma ação planejada que nasce da necessidade e 
possui um propósito quando criada. Deve transformar a realidade existente, 
transformando-se em uma alternativa para o enfrentamento das expressões da 
questão social. Desse modo, as políticas sociais são uma ferramenta estratégica, 
que por intermédio de diversas ações são capazes de provocar transformação 
social, não somente na sociedade, mas principalmente nos sujeitos. É pelo 
conjunto organizado dos trabalhadores e por outras classes excluídas que 
realizam tensionamentos para a elaboração de políticas públicas em prol da 
população vulnerável.
Destaca-se que na conjuntura neoliberal, as políticas sociais são constru-
ídas de maneira focalizada, não atendendo a população de forma integral. 
São criadas políticas de atendimento, ao idoso, à infância, à mulher, ao 
negro, entre outras. São políticas importantes, entretanto, não possibilitam 
o desenvolvimento da sociedade como um todo. As políticas sociais devem 
ser transversais, contemplando a totalidade da população para o desenvol-
vimento da comunidade e diminuição das desigualdades sociais. Isso é 
reflexo da apropriação que o Estado e a burguesia fazem das reivindicações 
sociais dos trabalhadores e as transformam de forma que comprometa o 
desenvolvimento do capitalismo.
Na sociedade capitalista, Estado e burguesia criam políticas públicas 
para manterem o trabalhador ativo e garantir uma mão de obra sadia para 
7As políticas sociais como estratégias de enfrentamento da questão social
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desempenharem suas funções. Dessa forma, esses benefícios não atendem 
exclusivamente às necessidades de cada um, mas também às incapacidades, 
como por exemplo, nos casos de doenças e acidentes. Por outro lado, por 
meio da resistência, os trabalhadores ampliam esses direitos adquiridos, 
transformando-os em direitos para toda a população e não somente para 
uma parcela dela. Quando as políticas públicas são efetivadas, elas realizam 
o enfrentamento de determinada expressão da questão social, uma vez que, 
possibilitam a emancipação dos sujeitos, promovendo uma aproximação entre 
a classe burguesa e o proletariado.
Para você ampliar seu conhecimento sobre políticas 
públicas acesse o texto Estado e políticas sociais, de Maria 
Carmelita Yazbek.
https://goo.gl/NF6cnc 
A política de saúde passou por transformações no campo do câncer de mama, através 
do movimento internacional conhecido como Outubro Rosa, movimento que iniciou 
nos Estados Unidos e hoje é uma bandeira de luta em todo o mundo. Possui como 
símbolo o laço rosa. A partir desse movimento ocorreu uma série de avanços na 
política da saúde, foi criado um protocolo para realização de mamografia para facilitar 
o acesso das mulheres aos exames, intensificou-se as campanhas para que as mulheres 
realizassem o autoexame. Uma política focalizada que beneficiou a política de saúde.
As políticas sociais como estratégias de enfrentamento da questão social8
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CASTEL, R. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Petrópolis (RJ): 
Vozes, 1998.
COUTO, B. R. et al. Proteção social e seguridade social: a constituição de sistemas 
de atendimento às necessidades sociais. In: GARCIA, M. L. T.; COUTO, B. R.; MAR-
QUES, R. M. (Orgs.) Proteção social no Brasil e em Cuba. Porto Alegre: EDIPUCRS, 
2012. p. 46 – 60.
FALEIROS, V. P. A política social do Estado capitalista: as funções da previdência e da 
assistência sociais. São Paulo: Cortez, 1991.
FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013.
IAMAMOTTO, M. V. As dimensões ético-políticas e teórico-metodológicas no serviço 
social contemporâneo. In: MOTA, A. E. et al. (Orgs.). Serviço social e saúde: formação e 
trabalho profissional. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2009. p. 161 – 196.
LEITE, I. C. Caminhos entrelaçados: pobreza, questão social, políticas sociais e so-
ciologia. In: MANFROI, V. M.; MENDONÇA, L. J. V. P. (Orgs.). Política social, trabalho e 
subjetividade. Vitória: EDUFES, 2008. p. 209 - 227.
YAZBEK, M. C. Estado e políticas sociais. Disponível em: <http://files.adrianonascimento.
webnode.com.br/200000175-4316b440ff/Yazbek,%20Maria%20Carmelita.%20Es-
tado%20e%20políticas%20sociais.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2018.
Leituras recomendadas
CARVALHO, A. M. Políticas Sociais: afinal do que se trata? Revista Agenda Social, Campos 
dos Goytacazes (RJ), v. 1, n. 3, p. 73-86, 2007. Disponível em: <http://www.uenf.br/
Uenf/Downloads/Agenda_Social_5075_1204236093.pdf> Acesso em: 02 fev. 2018.
IAMAMOTO, M. V.; CARVALHO, R. Relações sociais e serviço social no Brasil: esboço de 
uma interpretação histórico-metodológica. 41. ed. São Paulo: Cortez, 2014.
ROCHA, S. M. R. Pobreza no Brasil: afinal, do que se trata? Rio de Janeiro: FGV Editora, 
2003. 
9As políticas sociais como estratégias de enfrentamento da questão social
Cap_1_Politica_Social.indd 9 01/03/2018 13:36:12
POLÍTICA 
SOCIAL
Vanessa Azevedo
 O papel dos sujeitos 
políticos na formulação 
das políticas sociais 
públicas e privadas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Explicar o que são sujeitos políticos.
 Identificar as políticas sociais públicas e privadas.
 Diferenciar as políticas sociais públicas das privadas.
Introdução
O regime democrático no País foi consolidado com a aprovação da Cons-
tituição Federal de 1988, a CF/88 ou “constituição cidadã”, responsável 
por um arcabouço jurídico que permitiu o atual regime democrático que 
existe no Brasil. Esse arcabouço jurídico consolidou um conjunto de direitos 
sociais, resultado de um longo processo de mobilizações sociais e políticas 
que marcaram os anos de 1970 e 1980. Nessa busca por direitos políticos 
e sociais, incentiva-se a participação dos atores sociais nos processos de 
decisão para a constituição desse novo cenário democrático no País. 
A partir da CF/88, foram instituídos conselhos em praticamente todas as 
políticas sociais do País, com um caráter de representar uma nova forma 
de participação e expressão dos atores sociais para reivindicar e fiscalizar 
as políticas sociais. Nesse cenário, emerge a demanda pela participação 
social e para que a população assuma o seu papel enquanto sujeito 
político na sociedade democrática brasileira.
Neste capítulo, você vai estudar sobre o papel dos sujeitos políticos na 
formulação das políticas sociais, sejam elas públicas ou privadas. Para isso, 
é necessário compreender o que é ser sujeito político na atualidade, bem 
como o que são políticas sociais publicas e privadas na sociedade brasileira.
 O que são política e sujeitos políticos? 
Ao se estudar sobre os sujeitos políticos, antes, é importante elucidar o que 
é política, como ela está presente no cotidiano, se ser sujeito político é estar 
vinculado à política partidária, além de conhecer o papel de cada um desses 
elementos na constituição das políticas sociais brasileiras. A desmistifi cação 
desses termos permite que não se associe a política somente à partidária, 
mas ao real conceito do que é política e no que implica ser sujeito político, 
estudo importante em uma época onde a política econômica brasileira passapor uma grave crise ética, desencorajando a população a exercer o seu papel 
enquanto sujeito político.
O termo “política”, com o passar dos anos, foi utilizado de uma maneira 
vaga e perdeu o seu real sentido, sendo, muitas vezes, atribuído a algo nega-
tivo ou ruim. A política está presente em nosso cotidiano, nas mais diversas 
dimensões, sendo algo bem maior do que exercer o direito ao voto no período 
de eleições dos representantes da população. A política, para além desse mo-
mento, é algo que surgiu com a própria história, resultado da realidade social, 
da necessidade de intervenção do homem na própria história, seja ela por meio 
do voto ou da força (guerras, manifestações sociais, entre outros). A política 
está intrinsecamente ligada a uma série de fatores, entre eles: as relações de 
poder entre Estado e população, dos sindicatos, da Igreja, dos tribunais, da 
escola, das reuniões partidárias nas casas das pessoas, que são norteadas por 
diversas ideologias (MAAR, 2012).
A etimologia da palavra política provém do grego “politeia”, usada para 
definir tudo que estava relacionado à pólis (cidade-estado) e à vida em cole-
tividade. Nessa primeira aproximação com o termo, pode-se afirmar que a 
política está relacionada à vida em sociedade, algo bem maior que realizar uma 
ação em nome de um partido político ou exercer um cargo político. A politeia 
surge entre os gregos para solucionar os conflitos na pólis — era uma forma 
de os indivíduos expressarem suas diferenças para que tudo fosse resolvido 
por meio da razão e não do caos. A palavra “política” ganha destaque, pela 
primeira vez, na obra de Aristóteles, para descrever a estabilidade do Estado 
por meio da política (POLÍTICA, [200-?]).
Desse modo, atribui-se política ao poder político, a esfera da política par-
tidária ou institucional, o que acaba, também, atribuindo à política o ato de 
governar, administrar as instituições públicas, ou seja, o Estado. Nas institui-
ções privadas, como as empresas, os sindicatos, as instituições religiosas, entre 
outros, também têm a sua própria política, com normas não só de trabalho, 
mas de conduta, que direcionam o trabalho dessas instituições. Na esfera 
O papel dos sujeitos políticos na formulação das políticas sociais públicas e privadas18
familiar, também há política, através das regras para viver coletivamente, 
há negociações entre pais e filhos, entre irmãos, que desenvolvem a política 
familiar. Mas o que acontece quando alguém não concorda com a atual política 
existente em algum desses espaços? 
Nesses casos, há três alternativas: (1) não fazer nada, deixar pra lá, pois o 
ato de não tentar mudar algo é uma escolha; (2) afastar-se dessa instituição, 
uma vez que não se concorda com a política vigente; e (3) negociar, de forma 
pacífica, com as instituições para que a política vigente possa ser transfor-
mada. Entre as tantas compreensões do que é política, pode-se afirmar que 
se trata da habilidade de negociação para obter os resultados desejados e está 
intrinsecamente vinculada ao poder, pois a pessoa que tem mais poder, muitas 
vezes, é a que também tem as melhores condições de negociação.
Nesta perspectiva, ser sujeito político é ter a capacidade de poder intervir na 
história, sua atuação se ocorre ao nível político, isto é, a capacidade de definir 
a orientação da sociedade dentro do espaço que o sujeito está participando, 
pode ser de forma direta ou indireta. Deve ser uma atividade lúcida, reflexiva 
e deliberativa. O objetivo do sujeito político é a instituição de uma sociedade 
autônoma, para que possam construir projetos coletivos para a melhoria do 
viver em sociedade (CASTORIADIS, 1992). O sujeito político é um sujeito de 
direitos e de responsabilidades com a sociedade, ele usufrui dos seus direitos, 
mas também se responsabiliza por cuidar do meio onde está inserido. 
Todos somos sujeitos políticos com maior ou menor participação na socie-
dade. Você, provavelmente, já participou como eleitor em alguma eleição, desde 
o processo da escolha dos líderes da classe até a escolha dos governantes do 
País. Essas ações tratam-se de atos que os sujeitos políticos realizam, meios 
mais simples de ser sujeito político na sociedade.
Ser sujeito político é ter a capacidade de interferir na história do colégio, 
do bairro, do Município, do País, contribuindo direta ou indiretamente para 
organização coletiva de seus membros, isto é, ser um sujeito de direitos e 
deveres para com a sociedade. Trata-se de não somente fazer parte de uma 
sociedade, mas, sim, ser membro da sociedade que o cerca, estar ciente das 
suas necessidades e realizar propostas para melhorar a vida da coletividade 
e não somente a individual. 
Na atualidade, há uma grande gama de sujeitos políticos: o que utiliza 
das redes sociais para se manifestar e realizar denúncias, o que participa 
da manifestação, o que participa da reunião de condomínio, o que faz parte 
do diretório acadêmico da universidade, o que está inscrito em um partido 
político, entre outros. Todos eles são importantes, mas o principal objetivo do 
sujeito político deve ser o desenvolvimento da coletividade, combater situações 
19O papel dos sujeitos políticos na formulação das políticas sociais públicas e privadas
que estejam prejudicando a população como um todo, ou um segmento dela. 
É preciso estar atento para a coletividade. Em tempos onde as redes sociais 
propagam tudo rapidamente, é preciso ter cuidado para se posicionar e argu-
mentar sobre o coletivo da pólis.
A pólis, ou cidade-estado, é um dos elementos fundamentais da civilização grega. Ela 
nasceu de fatores de ordem geográfica, de uma instabilidade gerada depois da invasão 
dórica e da falta de um poder centralizado defensor dos indivíduos, que os levou a 
se unirem em pequenos territórios. Os gregos viviam nas pólis e estavam somente 
sujeitos às suas leis, o que os distinguia dos povos bárbaros. A pólis era, também, um 
sistema de vida, um modo de formar e moldar os cidadãos gregos que dela faziam 
parte. Parte importante da pólis é a assembleia popular, o conselho e os tribunais 
formados pelos cidadãos — os três aspetos significativos da vida cotidiana da pólis, 
na qual a participação na coisa pública era exercida rotativamente. 
 O papel dos sujeitos políticos nas políticas sociais
As políticas sociais, na maioria dos países, é um misto de uma política social 
pública e privada. Ela se dá em parceria entre o Estado e o mercado, que defi -
nem como será assegurado o acesso aos direitos sociais à população. Esse mix
público-privado ocorre de maneira que o poder público defi ne quais áreas são 
direitos sociais e cabe à iniciativa privada, constituída pelas organizações não 
governamentais (ONGs), Organização da Sociedade Civil (OCIPs), instituições 
sem fi ns lucrativos e empresas privadas a fornecerem esses direitos à população. 
Para uma política social ser considerada pública, deve ser diretamente criada 
e administrada pelo Estado que, muitas vezes, determina que uma instituição 
privada administre as políticas sociais.
Para se chegar à atual constituição das políticas sociais e ao Estado de-
mocrático existente, os sujeitos políticos foram de fundamental importância. 
A atual constituição das políticas sociais tem como principal documento a 
Constituição Federal de 1988. Trata-se de um divisor entre o período ditatorial 
e o período democrático. O Brasil passou por um longo período de ditadura 
militar, época que vai de 1964 a 1985. A organização dos sujeitos políticos, 
por meio dos mais diversos movimentos sociais, possibilitou pressionar o 
regime militar a abandonar o poder e ceder lugar ao Estado democrático no 
O papel dos sujeitos políticos na formulação das políticas sociais públicas e privadas20
País. O movimento estudantil foi um importante foco de resistência contra 
a ditadura militar, e outras manifestações importantes foram o movimento 
Feminino pela Anistia e o movimento das Diretas Já.
As ações populares configuram-se em “conduçãodo poder público”, o 
que pode caracterizar a efetivação e a legitimação da própria democracia 
(SOARES, 2012, p. 36). Os sujeitos políticos são fundamentais para o desen-
volvimento das políticas sociais, sejam elas públicas ou privadas, pois eles, na 
sua posição de cidadãos, reivindicam melhorais para o coletivo da sociedade 
ou pressionam para que as conquistas adquiridas possam ser efetivadas por 
meio das políticas sociais. 
Os sujeitos políticos podem participar desse processo mediante vias institu-
cionais, como o conselho de direitos que se constituem em órgãos colegiados, 
de caráter permanente e com poder deliberativo, que, por meio da paridade, 
asseguram a representação dos diferentes segmentos sociais. Esse colegiado 
tem a responsabilidade de formular, supervisionar e avaliar a políticas públicas 
e sociais nas esferas: federal, estadual e municipal. Trata-se de um exercício 
legítimo de participação social, onde gestores, trabalhadores e usuários das 
mais diversas políticas sociais precisam legitimar e fiscalizar as instituições 
sociais quanto à execução das políticas públicas. Exemplos de conselho de 
direitos são: de saúde, de proteção à criança e ao adolescente, a política de 
assistência social, de pessoas com deficiência, de proteção ao idoso, entre 
outros. Junto aos conselhos de direitos, outros dois importantes espaços de 
participação da população são as conferências e os fóruns.
As conferências são uma instância de participação social, que deve ser 
convocada pelo poder público federal, com o objetivo de convocar a sociedade 
a realizar o planejamento, o controle e a gestão de uma determinada política 
ou o conjunto de políticas públicas. As conferências ocorrem em âmbitos mu-
nicipal, estadual e federal. Nesses espaços, as pessoas reúnem-se para discutir 
temas específicos, como saúde, educação, juventude, assistência social, entre 
outros temas. Algumas conferências, como as políticas de saúde e assistência 
social, têm sua periodicidade estabelecida em lei. 
Já os fóruns têm o objetivo de reunir pessoas que querem trocar experiências 
ou discutir sobre o mesmo tema, pode ser em um local físico ou virtual. Os 
fóruns podem ocorrer a níveis público e internacional. Por exemplo, um grupo 
de trabalhadores da assistência social cria um fórum para discutir sobre as 
condições dos trabalhadores da assistência social, trocam e-mail e reúnem-se 
fisicamente uma vez por mês. Especialistas mundiais podem discutir sobre 
temas políticos, sociais ou de outro tipo. Um grupo de moradores pode reunir-
-se para discutir sobre a segurança do bairro. Muitas vezes, o intercâmbio de 
21O papel dos sujeitos políticos na formulação das políticas sociais públicas e privadas
conhecimento proporciona que os participantes elaborem soluções coletivas 
para as situações-problema em debate. 
Todavia, não são somente as pessoas que participam dos conselhos, das 
conferências ou dos fóruns que podem ser consideradas sujeitos políticos. 
As que solicitam acesso a usufruir de uma política social e que, por algum 
motivo, não conseguem acessar os seus direitos devem cobrar das autorida-
des competentes para que essa instituição forneça os serviços à população. 
Sejam elas instituições públicas ou privadas, todas têm uma normatização 
a ser seguida, para que seja oferecido um serviço adequado à população. 
Sem os sujeitos políticos ao longo da história, muitas conquistas não seriam 
possíveis, e, assim, as políticas sociais não se desenvolveriam ao patamar que 
se encontram. Todavia, hoje, os sujeitos políticos devem estar atentos para 
a efetivação das políticas sociais e para que não haja retirada dos direitos 
adquiridos ao longo da história.
 Políticas sociais públicas e privadas e o papel 
dos sujeitos políticos
No cenário político-econômico brasileiro, duas gestões permeiam as políticas 
sociais: a administração pública e a administração privada. Essa distinção é 
necessária, uma vez que as políticas sociais públicas objetivam estar alinha-
das com o desenvolvimento das políticas de governo, com um orçamento, 
direcionamento de verbas e temas de atuação direcionados para esse objetivo. 
Já as políticas sociais privadas não têm responsabilidade com a política de 
governo vigente e almejam realizar um serviço alinhado com os objetivos 
institucionais. Entretanto, têm grande importância na sociedade, pois atuam 
de forma complementar às políticas públicas, as quais, apesar de também 
receberem recursos públicos para o fi nanciamento de algumas ações, bem 
como de estarem vinculadas à legislação pública, estão sob as normas, o 
orçamento e as diretrizes institucionais. Atualmente, mais do que políticas 
de governo, busca-se a estruturação de políticas de Estado.
A gestão pública estabelece uma relação íntima com o Estado, tendo como 
finalidade o bem comum e, assim, ajusta seus projetos e políticas governamen-
tais a esse objetivo. Quem realiza a administração é chamado de gestor público, 
que direciona o orçamento para alcançar os objetivos das políticas sociais de 
Estado. A Lei da Administração Pública é classifica como direta e indireta. 
A direta é composta pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, 
enquanto a indireta é formada por autarquias, como, por exemplo, o Instituto 
O papel dos sujeitos políticos na formulação das políticas sociais públicas e privadas22
Nacional de Seguro Social (INSS), o Instituto Nacional de Metrologia, Quali-
dade e Tecnologia (Inmetro), as universidades federais, o Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE), as sociedades de economia mista, como 
Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, a Fundação Nacional do Índio 
(FUNAI). O público-alvo da administração pública é o cidadão, e a obtenção 
dos recursos dá-se por meio de impostos, taxas e contribuições.
Administração privada tem, como finalidade, o desenvolvimento da ins-
tituição e o benefício dos proprietários, gestores e funcionários. Entre seus 
objetivos, estão: a rentabilidade, a competitividade e o melhor desempenho, 
com mínimo de despesas. Para isso, contraditoriamente, precisa atender às 
necessidades de seus clientes e usuários; caso contrário, não atingirá seus ob-
jetivos. Contudo, a relação não é de direitos sociais, mas de direitos adquiridos 
pelo poder de consumo. O transporte é uma política pública administrada na 
maioria das cidades brasileiras pela iniciativa privada. O Estado faz concessões 
dos trechos que as empresas de transporte poderão realizar o transporte de 
passageiros. Veja, o Estado operacionaliza uma política pública, mas a adminis-
tração fica a cargo da iniciativa priva. Esse serviço ocorre, através de normas 
e valores definidos em comum acordo pela iniciativa privada e pelo Estado.
Esse modelo sobre o mínimo de interferência de políticos dá-se mediante 
legislação específica e normas diferentes da administração pública. O ad-
ministrador deve estar preparado para lidar com as exigências do mundo 
corporativista. O público-alvo é o cliente que consumirá seus serviços ou 
produtos. Os conceitos ligados à administração privada são:
 planejamento estratégico;
 marketing de vendas;
 gestão do relacionamento com o cliente;
 logística;
 consumidor.
Os cidadãos, ao se depararem com instituições públicas ou privadas que 
não realizam suas atividades adequadamente, devem exercer seu papel de 
sujeitos políticos na sociedade. Em uma instituição social pública, os sujeitos 
devem acionar o Estado, por meio do conselho de direitos ou das ouvidorias, 
para exigir a eficácia dos serviços realizados. Outra forma de participação é 
por meio de manifestações coletivas, como, por exemplo, passeatas, reuniões, 
abaixo assinados e conferências. Nas instituições públicas, os sujeitos devem 
reivindicar, de forma coletiva, a efetividade das políticas sociais. Enquanto, 
na instituição privada, o usuário deverá procurar a ouvidoria ou os órgãos de 
23O papel dos sujeitos políticos na formulação das políticas sociais públicas e privadas
defesa doconsumidor para solicitar que o serviço ou produto seja fornecido 
adequadamente. Em se tratando de uma instituição privada que realiza serviços 
públicos, a população deve requisitar que as políticas possam ser de acesso 
a todos os cidadãos. 
Para além desses espaços, a população pode exercer seu poder de sujeito 
político de outras formas: a participação pode ocorrer por meio das ouvi-
dorias das instituições, que têm o objetivo de intermediar a reclamação dos 
usuários e as instituições. Outro espaço ao qual a população pode recorrer é 
o Ministério Público. Todo cidadão pode realizar denúncias para as questões 
que envolvem empresas, lojas, mercados, serviços públicos, más condutas de 
legisladores, servidores e gestores. Os termos de ajustamento de conduta, se 
não respeitados, geram Multas e outras sansões, como um processo judicial. 
Nessa perspectiva, todos exercem ações como sujeitos políticos, não estando 
vinculado somente a partidos políticos, mas à participação da população na 
vida em sociedade. 
CASTORIADIS, C. Psicanálise e política. In: CASTORIADIS, C. O mundo fragmentado: as 
encruzilhadas do labirinto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. v. 3.
MAAR, W. L. O que é política. São Paulo: Brasiliense, 2012. 138 p. (Coleção Primeiros 
Passos, 54).
POLÍTICA. Mundo Educação, Goiânia, [20--?]. Disponível em: <http://mundoeducacao.
bol.uol.com.br/politica/>. Acesso em: 28 fev. 2018.
SOARES, G. S. Entre o projeto de modernidade e a efetivação da democracia: marcas 
deixadas na construção da vida social brasileira. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, 
n. 109, p. 31-44, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/sssoc/n109/a03n109.
pdf>. Acesso em: 28 fev. 2018.
Leituras recomendadas
OLIVEIRA, M.; SAHD, L. F. N. A. S.; AGUIAR, O. A. Filosofia política contemporânea. Pe-
trópolis: Vozes, 2003. 368 p.
PÓLIS da Grécia Antiga. Infopédia: Dicionários Porto Editora, Porto, [201-?]. Disponível 
em: <https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$polis-da-grecia-antiga>. Acesso em: 
28 fev. 2018.
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