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O Processo Psicodiagnóstico Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria JÉSSICA DE ASSIS SILVA SHEILA MARIA PRADO SOMA FÁBIO PEREIRA SOMA AUTORIA Jéssica de Assis Silva Olá! Sou formada em Psicologia pela Universidade Federal do Pará, com Mestrado em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos e Doutorado em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo. Adicionalmente, sou especialista em Terapia Comportamental e Cognitiva pela USP, sendo docente em cursos de graduação e especialização. Sendo assim, gostaria de dividir um pouco dessa experiência com você! A Editora Telesapiens e eu estamos empenhados em acompanhá-lo nessa jornada! Conte conosco! Sheila Maria Prado Soma Olá! Sou Psicóloga há 22 anos, com Mestrado e Doutorado pela Universidade Federal de São Carlos. Tenho experiência em Psicologia Clínica e docência no ensino superior. Trabalhei durante todo esse tempo com a formação de profissionais nessa área, e também na produção de conteúdos e pesquisas. Psicologia é minha paixão e transmitir essa experiência profissional e de vida àqueles que estão em formação é um dos focos do meu trabalho. Por esse motivo fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em estar com você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Vamos juntos! Fábio Pereira Soma Olá! Sou formado em Filosofia e Pedagogia, Mestre em Filosofia pela Unesp, com uma experiência técnico-profissional na área de educação de mais de 12 anos. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Avaliação Psicológica na Infância e na Adolescência ................. 10 Psicodiagnóstico Interventivo ................................................................................................ 10 A Participação Familiar ................................................................................................................ 14 O Desenvolvimento Infantil ...................................................................................................... 16 Avaliação Psicológica em Adultos ....................................................... 21 Possibilidades de Psicodiagnóstico em Adultos ..................................................... 21 Instrumentos de Avaliação Psicológica em Adultos .............................................23 Exemplos de Contextos de Avaliação em Adultos ................................................24 Avaliação no Trânsito .................................................................................................25 Avaliação Psicológica em Contextos de Saúde: Uma Possibilidade de Inserção Profissional ...........................................................................................28 Avaliação Psicológica em Idosos .........................................................32 O Envelhecimento ..........................................................................................................................32 Avaliação Psicológica em Idosos ........................................................................................34 Avaliação Neuropsicológica em Idosos ........................................................................ 40 Avaliação Psicológica em Grupos ........................................................44 Psicodiagnóstico Grupal ............................................................................................................44 Estratégias de Avaliação Psicológica em Grupo......................................................45 Alguns Contextos de Avaliação Psicológica em Grupo ......................................52 7 UNIDADE 03 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 8 INTRODUÇÃO Você sabia que a área de Avaliação Psicológica é uma das mais demandadas no exercer profissional do psicólogo, e é responsável por grande parte da empregabilidade de profissionais da psicologia, dessa forma trata- se de uma das áreas mais rentáveis dentro desse campo de estudo. Sua principal responsabilidade é compreender como se dá a avaliação psicológica considerando públicos diversos. É necessário compreender quais os tipos de informações pertinentes para a realização de uma intervenção pautada na ética e na responsabilidade técnica considerando as diferentes demandas de avaliação para que então você realize um excelente trabalho. Discutir sobre a diversidade de participantes de uma avaliação implica em discutir também a diversidade de procedimentos adotados e a contemplação frente ao número de participantes, possibilidades de encaminhamentos e respeito à etapa de desenvolvimento a qual o indivíduo se encontra. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva mergulhará neste universo! Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Explicar o processo de avaliação psicológica na infância e na adolescência. 2. Debater sobre avaliação psicológica em adultos 3. Analisar os fundamentos da avaliação psicológica em idosos. 4. Debater sobre avaliação psicológica em grupos. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 10 Avaliação Psicológica na Infância e na Adolescência OBJETIVO: Ao final deste, capítulo você será capaz de entender como funciona o processo de avaliação na infância e na adolescência. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. As pessoas que tentaram realizar a avaliação desse público sem a devida instrução encontraram impasses quanto ao desenvolvimento de sua prática. Você aprenderá sobre a importância de conhecimentos sobre desenvolvimento humano para adequar a prática ao público, bem como reflexões sobre a participação dos pais e o brincar no processo de avaliação. E então? Pronto para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Psicodiagnóstico Interventivo De acordo com Rocco e Santos (2016) o psicodiagnóstico pode ser uma oportunidade para atender os objetivos terapêuticos, devendo ser entendido para além da compreensão do indivíduo. A literatura aponta que toda prática psicológica possui em alguma medida, uma ação terapêutica, e por essa razão, deve-se atentar ao desenvolvimento dessa prática como uma forma de favorecer o trabalho junto a queixa (DONATELLI; LOPES, 2015; LAZZARI;SCHMIDT, 2008). Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 11 Figura 1- Avaliação infantil Fonte: Freepik. Mesmo em uma avaliação com crianças, o psicodiagnóstico infantil deve ser entendido de forma mais ampla do que reduzido a um momento de transição entre a chegada do indivíduo ao atendimento e o processo de psicoterapia ou demais tratamentos; o psicodiagnóstico já pode ser encarado como importante via, não só investigativa, como interventiva (ANCONA-LOPEZ, 2013). Um psicodiagnóstico infantil tradicional implica em uma série de passos, conforme destacado por Ancona-Lopez (2013) e mostrado na figura 2. Figura 2 - Modelo tradicional de psicodiagnóstico Fonte: Adaptado de Ancona-Lopez (2013). Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 12 Atualmente, o diagnóstico interventivo é uma possibilidade de incluir a criança no processo de maneira que a compreensão do indivíduo seja compartilhada. É válido destacar que os princípios éticos também devem ser parte da avaliação, sendo reflexo da legitimidade dos dados apresentados (ROCCO; SANTOS, 2016). SAIBA MAIS: Para saber mais sobre o assunto, o texto Psicodiagnóstico interventivo psicanalítico, em Milani et al. (2014) descrevem a avaliação nos moldes psicanalíticos, debatendo sobre as atitudes do profissional e o viés teórico desse novo modo de se fazer uma avaliação. Trata-se de uma ótima oportunidade para conhecer mais sobre o assunto. Em crianças e adolescentes, tanto as entrevistas e testes quanto as atividades lúdicas podem ser fontes de avaliação: o psicodiagnóstico interventivo pode ser realizado por meio do brincar. Dessa forma, o brincar torna-se uma boa ocasião para a realização de intervenções, bem como fonte de expressão desse público. O brincar na avaliação deve ser traduzido para além do básico e usual, ou seja, como uma forma de identificação e expressão de sintomas, conflitos ou desejo. Figura 3 - Criança brincando em consultório Fonte: FreeImages. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico http://pepsic.bvsalud.org/pdf/eip/v5n1/a06.pdf http://pepsic.bvsalud.org/pdf/eip/v5n1/a06.pdf 13 Ancona-Lopez (2013) enfatiza que a atividade lúdica na avaliação infantil é uma importante fonte da percepção da criança sobre si mesma, os outros e o mundo. Dessa forma, o ludodiagnóstico traduz-se num recurso singular para a atuação junto as crianças/adolescentes (ROCCO; SANTOS, 2016). A hora do jogo diagnóstico implica na observação de um brincar espontâneo e livre, cuja interpretação deve contemplar a etapa evolutiva, o desenvolvimento emocional, o grau de inibição e a sociabilidade da criança (ROCCO; SANTOS, 2016). ACESSE: O artigo Caso clínico: avaliação psicológica de uma criança com capacidade lúdica inibida, de Broering e França (2007), exemplifica o uso da hora do jogo diagnóstico a partir da apresentação de um caso clínico envolvendo a avaliação de uma criança com a capacidade lúdica inibida. Os autores ressaltam tal ferramenta como importante fonte de dados para a avaliação infantil. Figura 4 - Crianças brincando de super-heróis Fonte: Freepik. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0360.pdf 14 A contação de histórias também pode ser um excelente recurso para a avaliação psicológica de crianças, pois permite o debate de uma avaliação para além da concretude da realidade (ROCCO; SANTOS, 2016). As relações no brincar podem ser vistas como uma via para a expressão do indivíduo (BARBIERI, 2009). A Participação Familiar É importante destacar que a criança normalmente é depende do cuidador tanto emocionalmente quanto socialmente. Muitas vezes o trabalho dos pais é sinônimo de um cuidado terceirizado o que pode impactar diretamente no comportamento da criança (ANDRADE et al., 2012, apud ROCCO; SANTOS, 2016). Um dos primeiros pontos a serem abordados nas entrevistas iniciais deve ser justamente o funcionamento familiar, também foco de observação, uma vez que a dinâmica familiar pode tanto favorecer o psicodiagnóstico da criança, no sentido de fornecimento de informações relevantes sobre sua história e convívio, como também esse relacionamento entre os pais e a criança pode ser responsável por muitas das queixas apresentadas. Dessa forma, um devido encaminhamento tanto a criança quanto uma orientação aos pais são imperativos (ROCCO; SANTOS, 2016). Figura 5 - Pai e filho Fonte: FreeImages. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 15 IMPORTANTE: Cabe frisar que, muitas vezes, os pais também necessitam de acolhimento, pois também sofrem diretamente com a queixa da criança e com as dificuldades em lidar com a mesma (SEI et al., 2008). Arzeno (1995) enfatiza que a participação familiar pode se dar de diferentes formas e quanto menor a criança/ adolescente mais significativa é a sua participação. A autora destaca alguns pontos importantes na atenção aos pais quando no atendimento ao público infanto juvenil, a saber: pais são modelos aos filhos, então a análise do tipo de modelo fornecido também é importante para a avaliação; através da entrevista com os pais é possível conseguir exemplos de interação familiar que possam constar para uma entrevista devolutiva; podem servir para o fornecimento de elementos relevantes para a formulação de estratégias terapêuticas ou participar das mesmas. Adicionalmente, o profissional ao incluir a família no processo deve atentar-se sobre os papéis estabelecidos pelos membros da família: quais são os papéis? Quem desempenha qual papel? Há flexibilidade/ alternância nesses papéis? Quem exerce o papel de liderança? O desenvolvimento da criança é favorecido/permitido ou prejudicado nessa interação? (ARZENO, 1995). Figura 6 - Família Fonte: FreeImages. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 16 Segundo Arzeno (1995) há de se acrescentar ainda a reflexão sobre possíveis identificações no processo de coleta de informação ou mesmo uma análise da extensão do sofrimento e carga por parte da família. Deve-se verificar ainda, a função dos cuidadores, tanto na transmissão de conhecimentos, quanto no estabelecimento de limites a criança e a percepção dos familiares na compreensão deles mesmos enquanto outrora criança e a reafirmação do papel do adulto. Por fim, uma avaliação das crenças familiares é de extrema importância para a compreensão global do indivíduo foco de análise. O Desenvolvimento Infantil Para a avaliação e o tipo de procedimentos empregados, a faixa etária da criança deve ser considerada e os procedimentos também devem ser adaptados. Para a normatização de alguns testes, por exemplo, devem ser considerados alguns aspectos pertinentes ao público infantil, tal como a série escolar ou mesmo o estágio de desenvolvimento do indivíduo (PACICO, 2015). Quanto à análise da escolaridade, essa pode impactar no desempenho acadêmico, nos currículos estabelecidos nas instituições de ensino ou mesmo na sua qualidade (PACICO, 2015). Já o desenvolvimento infantil, pode ser contemplado na normatização e posterior aplicação de instrumentos, tendo como critérios o desenvolvimento da criança em diferentes aspectos, a exemplo da classificação de Piaget (1992, apud PACICO, 2015) e seus estágios de desenvolvimento cognitivo, conforme figura 7. Figura 7- Estágios de desenvolvimento cognitivo propostos por Piaget Fonte: Adaptado de Piaget (1992 apud PACICO, 2015). Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 17 SAIBA MAIS: O livro Avaliação psicológica e desenvolvimento Humano: casos clínicos, de Yates et al. (2019), aborda a avaliação psicológica a partir da discussão de casos abordando diferentes fases do desenvolvimento, contemplando desde a infância até a terceira idade. Uma avaliação envolvendo crianças e adolescentes em situação de risco, por exemplo, deve-se atentar além do estágio de desenvolvimento do indivíduo, também fatores como a linguagem estabelecida, a cultura quepermeia essa população e o contexto imediato (HUTZ; SILVA, 2002). Com jovens em conflito com a lei, por vezes o trabalho é realizado dentro de instituições que já possuem opiniões pré-estabelecidas quanto ao trabalho do psicólogo ou outros profissionais. Assim, a avaliação pode ser um ambiente tanto para o crescimento profissional , como também uma maneira para que a criança/adolescente vivencie um momento para resgatar sua saúde (HUTZ; SILVA, 2002). Figura 8 - Criança testemunha de violência Fonte: Freepik. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 18 DEFINIÇÃO: Situação de risco implica num desenvolvimento cujo curso é inesperado para a sua idade ou para o contexto cultural em que vive (HUTZ; SILVA, 2002). Quadro 1 - Modalidades de risco TIPO DE RISCO EXEMPLOS Risco físico Baixa nutrição; doenças. Risco social Exposição à violência; drogas. Risco psicológico Abuso; negligência; exploração. Fonte: Adaptado de Hutz e Silva (2002). O profissional deve estar atento a crianças e adolescentes em situação de risco, uma vez que há uma diversidade de riscos que esses jovens podem apresentar, conforme descrito no Quadro 1. Vale destacar que há ainda a discussão quanto a causas externas ou individuais (comportamentos de risco) no surgimento da situação de risco. Em linhas gerais, deve-se destacar o somatório de condições adversas no favorecimento do surgimento do risco (HUTZ; SILVA, 2002). Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 19 SAIBA MAIS: O texto Avaliação Psicológica de crianças e adolescentes em situação de risco, de Hutz e Silva (2002), discute os obstáculos do profissional ao realizar a avaliação nesse público, considerando, sobretudo, a miséria como uma situação de risco. Há discussões sobre a adequação desse tipo de serviço a esse público. Figura 9 - Crianças em situação de vulnerabilidade social Fonte: FreeImages. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712002000100008 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712002000100008 20 RESUMINDO: E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir alguns pontos importantes. Você deve ter aprendido que uma das formas de pensar a avaliação psicológica em crianças e adolescentes é por meio do psicodiagnóstico interventivo, cuja avaliação é além do fornecimento de um diagnóstico, mas a própria avaliação torna-se uma oportunidade de intervenção, não somente de caráter investigativo. É válido destacar que o desenvolvimento humano deve ser considerado, uma vez que a depender do estágio de desenvolvimento da criança/adolescente, os procedimentos de avaliação devem ser readequados. Em crianças e adolescentes, o brincar pode ser uma via de entendimento da queixa e compreensão dos modos de se relacionar da criança. Em crianças e adolescentes em situação de risco, também devem ser contemplados o conjunto de estressores para uma análise mais fidedigna. Em crianças e adolescentes institucionalizadas, os valores e discursos institucionais também devem ser fonte de atenção. Em linhas gerais, para o atendimento do público infanto-juvenil, a participação da família é fundamental, ela é tanto fonte de informação como muitas vezes contribuinte no estabelecimento da queixa ou pode servir de meio para a aplicação de procedimentos e resolução da mesma. Em alguns casos, há a reflexão também sobre encaminhamentos não só para a criança, ao final da etapa da avaliação, mas também para a família, em função da dinâmica familiar apresentada. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 21 Avaliação Psicológica em Adultos OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de entender como funciona o processo de avaliação em adultos. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. Obstáculos são parte da vida profissional em atuação com esse público quando não se compreende a evolução dos tipos de psicodiagnóstico, de forma a abordar o indivíduo de maneira global. Adicionalmente, exemplos de contexto de intervenção com adultos serão abordados. E então? Pronto para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. Possibilidades de Psicodiagnóstico em Adultos Em um contexto de avaliação psicológica, faz-se necessário discutir a evolução do que se entende por psicodiagnóstico. Inicialmente, tal prática era voltada exclusivamente para avaliação, tendo esta como sinônimo de investigação, tendo como uma das principais finalidades a realização de encaminhamentos a psicoterapia ou demais profissionais. Posteriormente o papel da avaliação psicológica foi se modificando ao longo do tempo, implicando além do diagnóstico, mas sendo entendida também como uma via para a intervenção (PAULO, 2006). Figura 10 - Profissional realizando avaliação Fonte: FreePik. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 22 O psicodiagnóstico compreensivo é aquele que permite uma compreensão psicodinâmica do sujeito e de suas dificuldades. Tal modelo psicodiagnóstico tem caráter dinâmico e flexível (PAULO, 2006). DEFINIÇÃO: Psicodiagnóstico compreensivo é aquele que permite uma análise psicológica global do indivíduo, com suporte de algumas ferramentas como entrevistas, observações, testes etc. (PAULO, 2006). A partir de uma anamnese e avaliação da personalidade do indivíduo é possível o estabelecimento de conclusões a respeito de algumas características do indivíduo, de maneira dinâmica, conforme apontado na Figura 11. Figura 11- Possibilidades de compreensão do indivíduo a partir da avaliação Fonte: Adaptado de Paulo (2006) O diagnóstico é classificado como interventivo quando atrelado a intervenção, favorecendo além da compreensão do indivíduo, a intervenção sob aspectos determinantes das questões apresentadas e características emergentes do sujeito. Tal tipo de diagnóstico é subordinado ao raciocínio clínico: os resultados de testes são considerados, mas há a flexibilidade Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 23 nessa avaliação, favorecendo a preservação da individualidade do indivíduo em avaliação (PAULO, 2006). Instrumentos de Avaliação Psicológica em Adultos Cabe ressaltar que, para uma avaliação, podem ser utilizados tanto instrumentos psicológicos como testes projetivos como suporte para a prática. Sobre os instrumentos psicológicos do tipo projetivo, estes têm pelo menos três funções, sendo de extrema utilidade para o processo de avaliação (PAULO, 2006), conforme apontado a Figura 12. Figura 12 - Funções dos instrumentos psicológicos projetivos Fonte: Adaptado de Paulo (2006). SAIBA MAIS: A obra Atualizações em Métodos projetivos para avaliação psicológica, de Villemor-Amaral e Werlang, fornece detalhes estes métodos e relata exemplos de alguns testes, tais como os de Rorschach e Zulliger, discutindo também o seu caráter científico. Boa leitura! Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 24 Há também testes não projetivos e que são importantes no atendimento ao adulto (DOURADO, 2016). Um exemplo seria a Escala Weschsler de Inteligência para Adultos (WAIS-IV) ou outros instrumentos de avaliação como a Figura Complexa de Rey (DOURADO, 2016). Exemplos de Contextos de Avaliação em Adultos Há a possibilidade de avaliação de adultos em diversos contextos. Cunha (2000) destaca que há diversas situações em que há o envolvimento de demandas de avaliação psicológica em adultos e desdobramentos envolvendo a elaboração de documentos psicológicos, tais como laudos e atestados. Alguns exemplos de contextos de avaliação são a autorização para porte de armas, seleção em concursos públicos, entre outros (CUNHA, 2000). De acordo com Dourado (2016), há seis campos comuns envolvendo a avaliação psicológica, conforme descreve a Figura 13. Embora a área de orientação profissional sejamais comum em adolescentes, muitos adultos tem demandado esse tipo de avaliação. Figura 13 - Contextos comuns de demanda de avaliação psicológica Fonte: Elaborado pelos autores (2021). Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 25 SAIBA MAIS: O texto Avaliação psicológica e contextos de atuação: possibilidades na relação teoria e prática, de Dourado (2016), contempla diferentes contextos de avaliação psicológica. Boa leitura! Avaliação no Trânsito A avaliação psicológica quando realizada no contexto do trânsito normalmente enfatiza as condições do indivíduo na condução de um veículo. É importante destacar que o trabalho profissional depende do que é disposto institucionalmente por órgãos públicos, tais como o Conselho Nacional de Trânsito (Contran), Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e os Conselhos regionais e/ou federais de Psicologia, além da subordinação a alguns órgãos estatuais (MÄDER, 2016). Figura 14 - condutor no trânsito Fonte: FreeImages. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico http://revista.fametro.com.br/index.php/RDA/article/download/113/119 26 Há alguns marcos históricos em termos de normatizações no trânsito que são importantes para a avaliação de condutores, conforme disposto a seguir: • Resolução nº 080/1998 do Cotran – há o estabelecimento da Avaliação Psicológica no Trânsito e a função de perito examinador do trânsito, além da menção a fenômenos pertinentes para qualificar o candidato à carteira nacional de habilitação (CNH). • Resolução nº 010/2005 do Conselho Federal de Psicologia (CFP) – Código de Ética Profissional do Psicólogo. • Resolução nº 003/2007 do CFP – avaliação psicológica para a CNH. • Resolução nº 267/2008 do CFP – há um maior detalhamento sobre as descrições dos processos psíquicos foco de avaliação psicológica no exercer profissional do psicólogo no trânsito. • Resolução CONTRAN nº 425/2012 – exames de aptidão física e mental, avaliação psicológica e credenciamento de entidades públicas e privadas; a qualidade técnica e ética é enfatizada no processo de avaliação; • Resolução nº 009/2018 – diretrizes para a avaliação psicológica; • Regulamentação do SATEPSI – Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos. • Resolução nº 001/2019 – estabelecimento de normas e procedimentos para a execução da perícia psicológica no trânsito. • Resolução nº 006/2019 – estabelecimento de normas para a elaboração de documentos psicológicos no exercício profissional. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 27 ACESSE: O vídeo Você sabia que a avaliação psicológica faz parte da sua vida? faze parte de uma série de lives disponibilizadas pelo Conselho Federal de Psicologia. O vídeo traz uma discussão sobre o quanto a avaliação psicológica pode estar presente no dia a dia, exemplificando a partir de um debate sobre a avaliação da psicologia, tanto no contexto do trânsito como no contexto do trabalho. Vale a pena conferir e saber um pouco mais sobre essa prática tão necessária e tão próxima de nós. Figura 15 - Pessoa em exame para CNH Fonte: Freepik. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico https://www.youtube.com/watch?v=PeHNYrTQfwM 28 Avaliação Psicológica em Contextos de Saúde: Uma Possibilidade de Inserção Profissional Cada vez mais, o profissional de Psicologia atuante no campo de Avaliação psicológica tem sido requerido nos contextos de saúde, no qual se preza pela saúde do indivíduo de forma integral e não tão somente a saúde física. É uma área com articulação médica e com a presença de outros profissionais, implicando em uma prática multidisciplinar (MÄDER, 2016). Na área da saúde, o profissional psicólogo pode atuar tanto com uma postura investigativa como com uma postura interventiva, sempre em prol da promoção da saúde e qualidade de vida do indivíduo, podendo atuar em hospitais, serviços atrelados a cirurgias – pré e pós-operatórios, convênios, postos de saúde, entre outros (MÄDER, 2016). Figura 16 - Pessoa aguardando a cirurgia Fonte: Freepik. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 29 Há tanto a possibilidade de orientação como de acompanhamento do indivíduo em situações envolvendo a sua saúde: a avaliação tem sido requerida, sobretudo na realização de cirurgias bariátricas, transplantes de órgãos, cirurgias que implicam a redesignação de sexo, laqueadura, vasectomia, entre outras (MÄDER, 2016). Em linhas gerais, há uma aproximação quanto aos métodos e procedimentos de avaliação, bem como focos pertinentes em contextos cirúrgicos, tais como a necessidade da objetividade na avaliação psicológica e a discussão sobre as possibilidades de sucesso na cirurgia. Devem ser pontuadas as indicações ou contraindicações, a realização da cirurgia pelo indivíduo, bem como, realizada a orientação e prevenção (MÄDER, 2016). Figura 17 - Pessoa em avaliação médica Fonte: Freepik. Um exemplo de atuação do psicólogo em cirurgias é na cirurgia bariátrica. Nesse contexto cabe ao profissional verificar possíveis conflitos que podem inclusive impactar na evolução do caso. É importante investigar e orientar sobre o estilo de vida do paciente, os impactos e o nível de consciência do paciente sobre esses aspectos. A avaliação quanto à capacidade do paciente em administrar as mudanças ocorridas em sua vida também são fundamentais (MÄDER, 2016). Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 30 SAIBA MAIS: O texto Avaliação psicológica pré-cirurgia bariátrica: a experiência dos pacientes, de Joaquim et al. (2019), aborda a avaliação psicológica em contextos de saúde, contemplando a percepção de pacientes em avaliação no momento pré cirurgia bariátrica. Foram entrevistas 12 pessoas sendo 6 pacientes do Sistema único de Saúde e todas avaliaram como importante essa prática. Para conhecer um pouco mais, realize a leitura do texto e veja a possibilidade de mais uma possibilidade de atuação profissional no campo de Avaliação Psicológica na área da saúde. Na área da Saúde, o profissional de psicologia também pode atuar na avaliação de pacientes internados em hospitais, por exemplo. Nesse âmbito, pode fornecer auxílio e acolhimento tanto ao paciente internado, em suas restrições e dificuldades em lidar com diagnósticos e situações cirúrgicas como também, fornecer um acolhimento à família em lidar com esse sofrimento (MÄDER, 2016). O profissional na área da saúde também pode auxiliar a equipe multidisciplinar no estabelecimento de diagnóstico e mesmo na condução da queixa identificada. Há de se considerar sempre as particularidades do contexto institucional e do próprio indivíduo avaliado. Em suma, a entrevista detalhada é uma das ferramentas mais utilizadas, embora nem sempre exclusiva do psicólogo nesse contexto, já que por vezes o profissional é atuante em equipes multidisciplinares (MÄDER, 2016). Figura 18- Equipe médica Fonte: Freepik. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-711X2019000100011 31 O profissional pode auxiliar na elaboração de protocolos de avaliação, experimentando a articulação entre a população, o serviço prestado e a conduta a ser realizada pelo profissional. A partir da avaliação podem ser fornecidas e desenvolvidas melhores diretrizes para o tratamento, tornando-o mais eficiente (MÄDER, 2016). RESUMINDO: E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo, tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a avaliação em adultos pode implicar tanto em um psicodiagnóstico compreensivo, em que há o entendimento da dinâmica global do indivíduo como um psicodiagnóstico interventivo, no qual o próprio contexto avaliativo torna- se uma oportunidade de avaliação. Adicionalmente, há diversas possibilidades quanto a aplicação de instrumentos de avaliação, desde ferramentas projetivasa outros instrumentos, tais como o WAIS-IV voltados para a avaliação desse público. Há ainda a reflexão sobre os diferentes campos de ocorrência dessa avaliação, seja contexto de saúde, trânsito, carreiras. No ambiente de trânsito, há de se seguir não somente normas do sistema conselhos, mas também há a necessidade de se ficar atento a órgãos nacionais e estaduais de trânsito e a legislação vigente quanto ao uso de testes e elaboração de documentos psicológicos decorrentes de avaliação. Em contextos de saúde, o adulto pode ser avaliado desde as cirurgias em momentos pré e pós cirúrgicos para a garantia de um melhor tratamento. Adicionalmente, o trabalho de avaliação em hospitais pode fornecer diretrizes para diagnósticos e tratamentos, bem como, um melhor acolhimento junto à família e ao próprio paciente em internação. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 32 Avaliação Psicológica em Idosos OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona o processo de avaliação em idosos. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. A avaliação psicológica pode ser realizada com diversos grupos e o público idoso é uma importante fonte de estudo, uma vez que é permeado por diversas mudanças físicas, sociais, cognitivas. Aprender sobre essas mudanças, sobre o envelhecimento e formas de atuação com o idoso são fundamentais para um alcance maior de público atendido. E então? Pronto para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! O Envelhecimento Segundo Machado et al. (2019), o envelhecimento é uma etapa de vida em que ocorrem diversas mudanças, sejam essas orgânicas, físicas, sociais. Trata-se de um público que merece atenção, sobretudo quando se pensa em perspectivas de envelhecimento populacional. Figura 19 - Idosos Fonte: Freepik. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 33 SAIBA MAIS: O texto Os conceitos de velhice e envelhecimento ao longo do tempo: contradição ou adaptação?, de Dardengo e Mafra (2018), aborda a discussão sobre o conceito de velhice e envelhecimento ao longo do tempo. Para saber mais sobre essas mudanças também históricas sobre a conceituação da velhice, faça essa leitura! De acordo com a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, os idosos podem ser classificados em pelo menos dois grandes grupos. O primeiro grupo é aquele cujos idosos são chamados de “independentes”, onde conseguem desempenhar suas funções diárias. Já o segundo grupo é aquele cujos indivíduos necessitam de cuidados, sendo a fragilidade algo comum (MACHADO et al., 2019). ACESSE: A portaria nº 2.528, de 19 de outubro de 2006, do Ministério da Saúde, aprovou a Política Nacional de Saúde de Pessoa Idosa. Para saber mais detalhes acerca da portaria e compreender mais sobre esse marco histórico na atenção à saúde da população idosa. Acesse aqui. Figura 20 - Idoso Fonte: Freepik. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico https://periodicos.ufv.br/RCH/article/download/8923/pdf_1 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt2528_19_10_2006.html 34 Feldman (2015) destaca as mudanças físicas e as mudanças do funcionamento biológico em idosos, além do decrescimento de suas capacidades sensoriais. Quanto ao envelhecimento físico, o mesmo autor aponta diferenças entre o envelhecimento por pré-programação genética e o envelhecimento por desgaste, conforme o Quadro 2. Quadro 2 – Teorias de envelhecimento físico Pré-programação Genética Envelhecimento por desgaste As células possuem um limite de tempo para se reproduzir Dificuldades de desempenhar o seu papel com eficiência. Fonte: Adaptado de Feldman (2015) Avaliação Psicológica em Idosos IMPORTANTE: A avaliação psicológica é uma área de atuação do profissional de Psicologia que pode abarcar contextos diferenciados (a exemplo de saúde, educação, organizações) e públicos diversos, podendo ter como foco a avaliação de crianças, adolescentes, adultos e idosos (MÄDER, 2016). Alguns autores diferenciam avaliação psicológica de psicodiagnóstico, no sentido de que o primeiro envolve diferentes áreas e campos de atuação, enquanto o segundo é pertinente ao raciocínio clínico e dinâmico diante do processo de avaliação do indivíduo (CUNHA, 2000). Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 35 Figura 21 Um idoso auxiliando uma idosa Fonte: Freepik Cunha (2000) aponta para um aumento do número de psicodiagnósticos realizados em idosos. Tal diagnóstico pode aferir a capacidade cognitiva, afetiva e motora, como também sexual e social (MACHADO et al., 2019). Podem ser realizados técnicas e testes que descrevem o funcionamento do idoso. DEFINIÇÃO: A capacidade funcional pode ser refletida na quantidade de auxílio instrumental que o idoso necessita, podendo a incapacidade ser classificada nos níveis leve, moderado e grave (FONTES, 2016). Dentre os diagnósticos mais comuns na população idosa, tem de apontado o diagnóstico de depressão, muitas vezes ligado ao quadro de incapacidade funcional do indivíduo (MACHADO et al., 2019). Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 36 A importância de se realizar a avaliação psicológica com o público idoso recai não só em função das mudanças ocorridas nessa etapa de vida, mas também de maneira a auxiliar nas diretrizes de tratamento, bem como, prevenção de possíveis diagnósticos (MACHADO et al., 2019). Lobo et al. (2012) destacam como preditores de diagnóstico de ansiedade/ depressão nessa população fatores como luto, presença de alguma doença ou mesmo fatores atrelados a perdas cognitivas. Figura 22 - casal de idosos Fonte: Freepik. SAIBA MAIS: O texto O luto em adultos idosos: natureza do desafio individual e das variáveis contextuais em diferentes modelos, de Silva e Ferreira-Alves (2012), discute o processo de luto em idosos. Além de abordar os principais modelos apresentados nessa temática, há a discussão sobre variáveis individuais e ambientais correlacionadas as reações diante da perda. É uma excelente oportunidade de aprender um pouco mais sobre esse fator de risco para o aparecimento de alguns diagnósticos. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico https://www.scielo.br/j/prc/a/3tSjhYY3jWbg7BHGBkMwdSr https://www.scielo.br/j/prc/a/3tSjhYY3jWbg7BHGBkMwdSr https://www.scielo.br/j/prc/a/3tSjhYY3jWbg7BHGBkMwdSr 37 Argimon et al. (2016) destacam que no processo de psicodiagnóstico, a anamnese, pode ser realizada diretamente com o idoso ou pode contar com a participação também da família e/ou responsáveis. Cunha (2000) destaca a família como importante fonte de informação. A família pode informar sobre o espaço que o idoso ocupa bem como os papéis desempenhados, e o profissional deve atentar no idoso sua face, emoções, expressões etc. (MACHADO et al., 2019). Figura 23 - Idoso em família Fonte: Freepik. Ao realizar o trabalho com a população idosa, é imperativa a investigação sobre as mudanças nos papéis desenvolvidos. Muitas vezes, o idoso antes exercia o papel de cuidador e agora necessita de cuidados. Por vezes ainda, cabe ao idoso lidar com perdas e uma nova percepção de si: seja enquanto aposentado, seja como viúvo, entre outras perspectivas. Nessa fase, Fontes (2016) enfatiza o valor do suporte social ao idoso, podendo esse suporte favorecer o desenvolvimento do idoso. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 38 SAIBA MAIS: O texto Avaliação do suporte familiar em idosos residentes em domicílio, de Reis et al. (2011), discute a avaliação do suporte social de idosos residentes em domicílio. Muitos idosos percebem os familiares como inadequados no exercer do cuidado, o que indica a falta de preparo dos familiares e da população em lidar com as demandas desses indivíduos. Outro ponto de atenção é sinalizado por Andrade et al. (2010) quanto ao uso de medicamentos. Normalmente essa população faz uso de diversos medicamentos e a combinação pode gerar efeitos contrários ou imprecisos ao esperado.Cabe lembrar que há muitos preconceitos que permeiam a saúde do idoso e mesmo o papel social que ele ocupa. O envelhecimento é parte do desenvolvimento humano e não se deve perceber a velhice como sinônimo de desistência ou ausência de papéis funcionais; trata-se de uma época de desenvolvimento tão importante quanto qualquer outra e com possibilidades de crescimento e conquistas (MACHADO et al., 2019). Figura 24 - Idosos se divertindo Fonte: Freepik. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico http://pepsic.bvsalud.org/pdf/avp/v10n2/v10n2a02.pdf 39 Muitas vezes a demanda da avaliação é oriunda dos familiares, de conduta médica. Tal avaliação também pode ser de exigência jurídica, o que exige do profissional conhecimentos específicos pertinentes da área. Quando de origem familiar, normalmente a demanda por avaliação chega a partir de alterações percebidas quanto ao comportamento, cognição ou questões emocionais (MACHADO et al., 2019). Cunha (2000) destaca a necessidade de a avaliação psicológica ser realizada em dois níveis: o primeiro nível é a partir da avaliação da cognição e posteriormente a parte dos fatores de impacto observados. O mesmo autor enfatiza que no processo de psicodiagnóstico o foco deve ser no sujeito e não nos testes quando estes são necessários. Figura 25 - Idosa Fonte: Freepik Quanto às etapas do psicodiagnóstico, há a entrevista inicial com o idoso ou com a família. Posteriormente é realizada a seleção dos instrumentos de avaliação, bem como a seleção das técnicas adequadas a demanda apresentada e ao perfil do idoso, observado nos contatos iniciais. É importante destacar que a aplicação de testes ou mesmo alguns procedimentos depende do nível de comprometimento cognitivo ou demais restrições do idoso (MACHADO et al., 2019). Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 40 De maneira a finalizar a avaliação do idoso pode-se realizar a entrevista devolutiva, fornecendo as informações diretamente ao idoso, bem como a família. É possível realizar uma reavaliação periódica para comparativos dos resultados da primeira avaliação (MACHADO et al., 2019). SAIBA MAIS: O texto Estudo de Caso – avaliação neuropsicológica: depressão x demência, de Steibel e Almeida (2010), exemplifica a avaliação neuropsicológica quanto à memória e aos sintomas de depressão a partir de um estudo de caso envolvendo uma pessoa idosa, destacando a importância de avaliações periódicas. Avaliação Neuropsicológica em Idosos A neuropsicologia é um campo da avaliação psicológica que articula a Psicologia com a Neurologia. Discutem-se as relações entre o sistema nervoso central e funções cognitivas, bem como, o comportamento humano. Cabe ao neuropsicólogo uma discussão quanto às funções cognitivas e possíveis alterações. Para tal, é um profissional que precisa ter domínio dessa temática e permanecer em constante atualização (MÄDER, 2016). SAIBA MAIS: O texto Desafios para a formação do neuropsicólogo clínico no Brasil, de Pereira (2014), aborda os desafios da formação em Neuropsicologia no Brasil, discutindo aspectos históricos, bem como, a partir de um comparativo do processo em outros países. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-03942010000100010 https://revistas.ufpr.br/psicologia/article/download/47037/28234 41 Figura 26 - Casal de idosos Fonte: Freepik. A avaliação neuropsicológica em idosos é relevante, sobretudo, no auxílio à equipe de saúde, quanto à realização de um diagnóstico diferencial para outros quadros. Nesse sentido, é necessária a avaliação de algumas funções a partir da avaliação da cognição, sinais e sintomas comportamentais do indivíduo. O quadro de declínio cognitivo patológico é mais impactante do que aquele esperado pela etapa de desenvolvimento do indivíduo (MACHADO et al., 2019). SAIBA MAIS: O estudo de Petry et al. (2014) – Avaliação neuropsicológica de idosos praticantes de capoeira – aborda as interfaces entre a prática de capoeira e as funções executivas do indivíduo, tais como a memória de trabalho ou mesmo as tomadas de decisão. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico https://www.scielo.br/j/rbme/a/56MHmp47ZhzYfxt4bShFmhH 42 O profissional de avaliação neuropsicológica pode atuar em hospitais, instituições acadêmicas, avaliação e perícia, atendimento domiciliar com foco na reabilitação. Cabe destacar que os testes e a sua interpretação podem auxiliar na avaliação, mas a essa avaliação deve ser acrescida a análise de condição atual do indivíduo, bem como, os impactos na vida diária (MÄDER, 2016). Figura 27 - Pessoa idosa Fonte: Freepik. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 43 RESUMINDO: E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo, tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que o envelhecimento é uma etapa do desenvolvimento em que muitas mudanças ocorrem, sejam elas biológicas, cognitivas ou mesmo sociais. Há diferentes formas de envelhecimento físico, seja aquele genético, seja aquele por desgaste. Você também viu que a população idosa, segundo a Política Nacional de Saúde da População Idosa, pode ser classificada como independentes ou aqueles com dificuldades quanto a sua capacidade funcional. Vocês viram que a capacidade funcional é avaliada pela quantidade de auxílio que o idoso precisa para desempenhar suas funções, sendo a incapacidade funcional podendo ser classificada como leve, moderada ou grave. A avaliação psicológica pode ser realizada em diversos contextos e com diversos públicos. Em idosos, há alguns fatores que podem alterar o comportamento do idoso e impactar a avaliação, como processos de luto, mudança de papéis de cuidador para o ser cuidado, entre outros. Cabe destacar ainda que independente de ser idoso, ainda sim é uma fase importante de desenvolvimento, logo, não há ausência de papel, o idoso também pode iniciar novos projetos. A família tem um papel importante na intervenção, pois pode auxiliar na entrevista inicial e ao longo da avaliação, além de ser um suporte ao idoso ao longo dessa fase do desenvolvimento marcada muitas vezes por perdas. A avaliação neuropsicológica é comum nesse público, mas deve ir além da aplicação de testes, mas contemplar a compreensão global do indivíduo. A neuropsicologia é um campo de articulação entre a Psicologia e a Neurologia e cabe ao profissional em avaliação nesse âmbito ter o domínio quanto ao sistema nervoso central bem como as funções cognitivas do indivíduo, entre outras habilidades a serem desenvolvidas. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 44 Avaliação Psicológica em Grupos OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de entender como funciona o processo de avaliação em grupos. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. A avaliação psicológica em grupo pode ter diversas características particulares se comparadas com outros públicos foco de intervenção. Aprender sobre essas características, bem como sobre os diversos contextos nos quais essas intervenções podem ocorrer, são fundamentais para que haja um diferencial em sua formação profissional. E então? Pronto para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Psicodiagnóstico Grupal A avaliação psicológica é uma prática profissional processual. Deve- se enfatizar o fato de que tal prática não deve se restringir a aplicação e correção de testes e que essa avaliação pode ser aplicada tanto de maneira individual, como há a possibilidade de que essa aplicação seja realizada em grupo (MÄDER, 2016). Figura 28 - grupo de pessoas Fonte: Freepik. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 45 Independentemente se a avaliação é aplicada de maneira individual ou em grupo, há a necessidade de que o profissional nessa área avalie quais seriam as melhoresferramentas dentro da metodologia a ser empregada, compatíveis com os objetivos e demandas da avaliação, bem como, com o perfil do público-alvo dessa avaliação (MÄDER, 2016). Figura 29 - Avaliação de um indivíduo Fonte: Freepik. Para Arzeno (1995), um psicodiagnóstico realizado de maneira adequada deve fornecer tanto informações concernentes ao prognóstico como compor a estratégia mais adequada de intervenção. Estratégias de Avaliação Psicológica em Grupo A observação do comportamento, dentre as ferramentas a serem empregadas em um processo de avaliação psicológica é uma das estratégias fundamentais, estando presentes nos mais variados processos. É uma estratégia que pode proporcionar um maior número de informações, entretanto, trata-se de uma estratégia com um nível maior Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 46 de exigência do profissional: é uma técnica que demanda bastante treino para que seja aplicada de maneira mais efetiva (MÄDER, 2016). SAIBA MAIS: A observação do comportamento é uma ferramenta fundamental não apenas para a realização do trabalho de avaliação psicológica, como importante estratégia de coleta de dados em diversas áreas de atuação profissional, não sendo exclusivamente usada na Psicologia. O livro Descrição, definição e registro de comportamento, de Fagundes (2015), é uma excelente leitura para conhecer um pouco mais sobre a importância da observação do comportamento bem como diferentes tipos de registro, objetivos e aplicações dessa técnica. Figura 30 - Pessoa observado. Fonte: Freepik. Outras técnicas comumente utilizadas em processos de avaliação são as dinâmicas de grupo ou a hora lúdica diagnóstica. Adicionalmente, podem ser utilizadas pesquisas documentais, inclusive para que essas corroborem os dados encontrados a partir de outras ferramentas de avaliação, seja individualmente ou em grupo (MÄDER, 2016). Há técnicas do tipo projetivas que são formuladas tanto para contemplar a avaliação de casais como de grupos, seja esse grupo do Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 47 tipo filial, familiar ou de trabalho, por exemplo (ARZENO, 1995). Essas técnicas têm sua importância residida no fato de que podem indicar a capacidade do indivíduo em compor ou não, de maneira favorável, o grupo. As mesmas técnicas podem indicar ainda o funcionamento de um grupo em formação. Geralmente, ao se tratar de um psicodiagnóstico grupal, não há uma primeira entrevista inicial individual, ou, se existe, deve ser realizada de maneira breve. É comum a convocação do grupo para a realização de uma série de provas coletivas ou grupais, conforme descritas no Quadro 3. A partir da aplicação da avaliação será decidido se o indivíduo possui ou não os requisitos a serem relevantes para a candidatura/aptidão para um cargo, por exemplo (ARZENO, 1995). Quadro 3 - Exemplos de provas a serem realizadas em contexto de psicodiagnóstico grupal Prova coletiva Prova grupal Cada sujeito realiza o trabalho de maneira individualizada, simultaneamente. Entre todos os envolvidos há uma elaboração de uma resposta a partir de uma solicitação. Fonte: Baseado em Arzeno (1995). EXEMPLO Arzeno (1995) exemplifica a avaliação de um grupo cujo enfoque seja a capacidade de atenção. Devem ser aplicados testes compatíveis com essa demanda e as pessoas serão distribuídas quanto aos seus erros e omissões, sendo obtida uma média do grupo, sempre refletindo sob a idade dos avaliados bem como outros aspectos, como os socioculturais. Em avaliações psicodiagnósticas grupais, pode ser que fique um pouco à margem o campo dinâmico. Mas há vantagens na realização de trabalhos envolvendo o grupo, como poder lidar com um maior número de pessoas em um curto espaço de tempo, a exemplo de avaliações em escolas ou processos seletivos. Todavia, tais avaliações são importantes na medida em que forneçam indicadores que podem ser aprofundados em entrevistas posteriores individuais ou com outros informantes (ARZENO, 1995). Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 48 Figura 31 - Família Fonte: Freepik. Ao se trabalhar com famílias ou crianças, por exemplo, podem ser realizadas entrevistas cujo envolvimento seja realizado em grupo, com o objetivo de verificar o grau de implicação dos membros em determinada patologia ou mesmo a dinâmica do grupo familiar (ARZENO, 1995). Figura 32 - Fila de candidatos a emprego Fonte: Freepik Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 49 A avaliação em grupo foi desenvolvida para atender a uma necessidade prática urgente. Os testes em grupo podem ser administrados a um grupo de pessoas de cada vez. Essas avaliações não só permitem o exame simultâneo de grandes grupos, mas também usam procedimentos simplificados de instrução, aplicação e avaliação. SAIBA MAIS: A avaliação psicológica em grupo foi desenvolvida especialmente em resposta à necessidade de avaliar muitos soldados que estavam sendo admitidos para o serviço na Primeira Guerra Mundial. Um comitê da Associação Americana de Psicologia foi estabelecido para fazer recomendações sobre como isso poderia ser feito. O resultado foi o desenvolvimento dos testes Alfa e Beta do Exército, que puderam ser administrados a esse grupo. Após a guerra, os testes foram liberados para uso civil e com a revisão eles se tornaram os modelos para muitos testes de inteligência em grupo (ANASTASI, 1982). O Quadro 4 faz um comparativo de vantagens e desvantagens de seguir os testes individuais e grupais segundo Anastasi (1982). Quadro 4 - Vantagens e desvantagens dos testes individuais e grupais INDIVIDUAIS GRUPO VANTAGENS DESVANTAGENS VANTAGENS DESVANTAGENS Mais atenção no examinado Muito demorado Pode ser administrado a um grande número simultaneamente. As informações obtidas pelo teste de grupo geralmente são menos precisas do que os testes individuais. Encorajar o examinando Requer examinador treinado Papel de examinador simplificado O examinador tem menos oportunidade de estabelecer relacionamento Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 50 Observar melhor o indivíduo Custo mais alto Pontuação normalmente mais objetiva. Não é prontamente detectado se o examinando está cansado, ansioso, indisposto. Amostras grandes e representativas. As respostas do examinando são mais restritas. Fonte: Baseado em Anastasi (1982). Figura 35 - Pessoa preenchendo um teste Fonte: Freepik Quanto à seleção de testes de avaliação, há de se verificar não só o nível sociocultural do paciente como também do grupo o qual pertence. A aplicação de testes envolve não só a correta administração, mas também a compatibilidade da interpretação fornecida (ARZENO, 1995). DEFINIÇÃO: Na psicometria, o teste em grupo é a administração de testes psicológicos, como medidas de inteligência, medidas de desempenho etc. a grupos de pessoas, e não a indivíduos (ANASTASI, 1982). Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 51 Em aplicações envolvendo grupos é importante que a instrução fornecida seja compatível ao nível de compreensão dos indivíduos do grupo, sempre fazendo uma análise quanto à estatística pertinente ao grupo avaliado. Variáveis socioculturais devem ser consideradas. É importante ainda que a conduta esperada seja condizente com o grupo e a instrução fornecida (ARZENO, 1995). Figura 36 - Equipe de trabalho Fonte: Freepik. Ao profissional é esperado que, esse não faça parte do mesmo grupo sociocultural, que se aprofunde nos conhecimentos desse grupo para que haja uma maior adequação das ferramentas propostas. O grupo deve reconhecer o material como algo habitual, um exemplo seriam testes de vocabulário que devem se adequar a regionalidades de maneira que haja a familiarização com o material proposto para a intervenção. Seguindo essa reflexão é mais provável uma avaliação mais acurada (ARZENO, 1995). Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 52Alguns Contextos de Avaliação Psicológica em Grupo Figura 37 - Exemplos de campos com possibilidade de envolvimento de avaliação psicológica em grupo Fonte: Elaborado pelos autores (2021). Em equipes multidisciplinares no campo da saúde, a avaliação psicológica pode se desenvolver individualmente, além de ter como foco grupos de pessoas em internação, idosos em processos de reabilitação etc. (MÄDER, 2016). Há também a possibilidade de ocorrer à avaliação no campo organizacional, e processos envolvendo a temática de saúde do trabalhador ou mesmo dentro de prática de recrutamento e seleção de pessoas para a ocupação de algum cargo (MÄDER, 2016). EXEMPLO A avaliação psicológica em grupo no ambiente organizacional pode responder a uma ampla gama de perguntas. Por exemplo, um possível empregador pode fazer com que um psicólogo teste os candidatos como parte do processo de recrutamento para determinar quais habilidades eles possuem em uma determinada área. Outro contexto em que pode haver a demanda desse tipo de avaliação é no campo do esporte. Podem ser avaliados alguns aspectos sensório-motores, volitivos ou mesmo podendo haver a discussão quanto a características psicológicas pertinentes a dinâmica do grupo esportivo em questão. Sobretudo em ambientes em que há a restrição social ou Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 53 períodos de isolamento em função de competições, assim a avaliação de aspectos ligados a motivação é importante (MÄDER, 2016). SAIBA MAIS: Fora os contextos de aplicação supracitados, outros contextos podem fazer parte da prática de realização de uma avaliação psicológica em grupos, a exemplo do trânsito. O texto Técnica de Dinâmica de Grupo na Avaliação Psicológica no Contexto do Trânsito: Relato de Experiência, de Silva (2016), discute a dinâmica de grupo como um recurso a ser utilizado na psicologia no trânsito, mais precisamente como um recurso de avaliação psicológica nesse contexto. Esse artigo retrata uma experiência profissional tendo a dinâmica de grupo como recurso para informação de etapas para a retirada da Carteira Nacional de Habilitação, contemplando também aspectos éticos e técnicos. Figura 38 - Ambiente organizacional Fonte: Freepik. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico https://www.scielo.br/j/pcp/a/LbkfVPrbRSs9r5dnLBLq8Db 54 RESUMINDO: E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo, tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a avaliação psicológica é um processo e essa não é restrita ao uso de testes, podendo também ser aplicada em grupo. Você também deve ter notado que a observação do comportamento é uma das técnicas fundamentais no campo de avaliação e pode fornecer uma gama de informações embora exija mais tecnicamente do profissional. Em adição a técnica de observação, dinâmicas de grupo e testes projetivos podem ser aplicados, dentre outras ferramentas. Apesar de muitas vezes haver perda quanto a uma avaliação dinâmica dos indivíduos a avaliação em grupo é vantajosa no sentido de permitir a avaliação de um maior número de pessoas em um curto espaço de tempo se comparada com a avaliação individual. Cabe lembrar que, quando aplicados, os testes devem levar em conta aspectos também socioculturais e o profissional deve estar atento a isso, uma vez que mais importante que a administração do teste é a sua adequação na interpretação. Por fim, a avaliação em grupo pode estar presente em diversos contextos, seja clínico, no campo dos esportes, trânsito, organizações, entre outros. Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 55 REFERÊNCIAS ANASTASI, A. Psychological testing. New York: Macmillan, 1982. ANCONA-LOPEZ, M. Psicodiagnóstico interventivo: evolução de uma prática. São Paulo: Cortez, 2013. ANDRADE, F. B. et al. Promoção da saúde mental do idoso na atenção básica: as contribuições da terapia comunitária. Revista Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 19, n. 1, p. 129-136, 2010. ARGINON, I. I. L. et al. Psicodiagnóstico de idosos. In: HUTZ, C. S. et al. Psicodiagnóstico. Porto Alegre: Artmed, 2016. ARZENO, M. E. G. Psicodiagnóstico clínico: novas contribuições. Porto Alegre: Artmed, 1995. BARBIERI, V. O psicodiagnóstico interventivo psicanalítico na pesquisa acadêmica: fundamentos teóricos, científicos e éticos. Boletim de Psicologia, São Paulo, v. 59, n. 131, p. 209-222, 2009. CUNHA, J. A. Psicodiagnótico V. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. DONATELLI, M. F.; LOPES, L. C. P. Psicodiagnóstico interventivo: prática clínica e processo ensino-aprendizagem. 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