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Unidade IV - Crescimento e Desenvolvimento Primeira Infância e Infância

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Prévia do material em texto

Crescimento e 
Desenvolvimento 
Aplicados à 
Educação Física
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Eric Leal Avigo
Revisão Textual:
Profa. Ms. Alessandra Fabiana Cavalcanti
Crescimento e Desenvolvimento: Primeira Infância e Infância
• Crescimento e desenvolvimento pós-natal
• Primeira Infância
• Infância
• Atuação do professor nos anos iniciais 
· Conhecer as principais mudanças decorrentes do crescimento
e do desenvolvimento do ser na primeira infância e no início da
infância, bem como compreender a importância da prática de
atividade física nessas faixas etárias, relacionando-a a uma possível
intervenção profissional.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Seja bem-vindo(a) às nossas discussões sobre Crescimento e Desenvolvimento 
Humano Aplicados à Educação Física!
Saiba que esta Disciplina tem como propósito o estudo das alterações das 
estruturas e das funções dos sistemas orgânicos, decorrentes do crescimento 
e das alterações do processo de maturação biológica, bem como os efeitos e 
a importância da atividade física para promoção destas alterações nas várias 
faixas etárias ao longo do ciclo vital, e isso lhe oferecendo contato com as 
discussões mais recentes dessa área; além de lhe proporcionar momentos 
de leitura – textual e audiovisual – e reflexão sobre os temas que serão aqui 
discutidos, contribuindo com sua formação continuada e trajetória profissional.
ORIENTAÇÕES
Crescimento e Desenvolvimento: 
Primeira Infância e Infância
UNIDADE Crescimento e Desenvolvimento: Primeira Infância e Infância
Contextualização
Você já parou para pensar como os hábitos de vida das crianças mudaram? 
Soltar pipa, jogar pião, pular corda, o que são essas coisas mesmo? A linguagem 
das crianças de hoje é celular, tablet, computador, videogames, a TV por si só 
parece já estar ultrapassada. Será que isso é bom ou ruim para as crianças?
Convido você a escolher um dos dois vídeos abaixo para assistir (ou assistir 
aos dois se preferir), e refletir acerca dessa temática antes mesmo de iniciar os 
estudos da unidade.
Tema: Criança em forma – entrevista ao professor doutor em Educação Física Luciano Basso 
no programa “Como será?” .
Disponível em: http://goo.gl/aFDAqP
Tema: Tecnologia e infância – entrevista ao psicólogo especializado no atendimento infantil 
Tiago Tamborini no programa “Todo seu?”.
Disponível em: http://goo.gl/KOjlvv
Ex
pl
or
6
7
Crescimento e desenvolvimento pós-natal
Se a vida pré-natalidade engloba as cerca de 40 semanas de formação do 
bebê dentro da barriga da mãe, ou seja, da concepção ao nascimento, a vida pós-
natalidade ou, porque não logo dizer, a vida pós-nascimento, leva em conta todo 
decorrer da vida do ser até sua morte. É bem verdade que as maiores mudanças 
em crescimento e em desenvolvimento ocorrem, principalmente, até a segunda 
década de vida. Não que após isso mudanças não mais ocorram, pelo contrário, 
o ser humano está em constante processo de mudança desde sua concepção até 
a morte. Para desenvolvimento, tal processo fica mais evidente, afinal, mesmo na 
vida adulta, continuamos modificar nosso repertório motor, acrescendo e refinando 
comportamentos referentes ao domínio motor, isso é claro, em menos quantidade 
se comparado à vida na infância e na adolescência.
E em termos de crescimento, não paramos de crescer após a segunda década de 
vida? Então, após essa idade não há mais mudanças nesses aspectos? A resposta 
para essa pergunta pode ser vista tanto como não, tanto como sim. Pensando 
nas mudanças, no tamanho do corpo como um todo ou em partes específicas 
(definição de crescimento), ao atingir a maturidade, alguns processos biológicos 
são encerrados, e assim, paramos de crescer. Mas será que ao longo da vida 
mudanças de tamanho do corpo não mais ocorrem? Será que todos os processos 
de crescimento realmente se encerram? Os processos relacionados à maturação, 
sim, esses se encerram, mas outros processos fisiológicos são iniciados com base 
nos comportamentos do ser no ambiente em que está inserido. Por exemplo, 
a prática de atividade física desencadeia uma série de mudanças nas estruturas 
corporais, e apesar de não mais aumentarmos em estatura, nosso peso corporal 
está sujeito à constante mudança, não só pelo hábito da prática, como também 
pelo que ingerimos em nossa alimentação.
Não podemos esquecer-nos de destacar algo que modifica continuamente 
as estruturas corporais, bem como o funcionamento dos diversos sistemas: o 
processo natural de envelhecimento. Para alguns pesquisadores, o processo natural 
de envelhecimento é iniciado imediatamente após o encerramento do processo 
natural de crescimento. Sendo assim, se paramos de crescer, começamos a 
envelhecer. Perceba então que a vida pós-natal é composta por mudanças biológicas 
e comportamentais do início ao fim, com maior ênfase em alguns períodos de 
idades específicos.
Dificilmente conseguiríamos abordar todas as mudanças que ocorrem na 
vida pós-natal. Seriam necessários muito mais tempo e páginas do que temos 
disponíveis para discutir em nosso curso, não sendo também esse o nosso foco 
com essa disciplina. A ideia dessa, e das próximas unidades é mapear as mudanças 
mais relevantes em crescimento e em desenvolvimento para uma futura atuação 
profissional em educação física. Para tanto, utilizaremos da classificação da idade 
cronológica, já apresentada em unidade anterior, para agrupar dentre cada um 
dos períodos de idade, quais aspectos são mais relevantes. A seguir, a classificação 
7
UNIDADE Crescimento e Desenvolvimento: Primeira Infância e Infância
adaptada de Gallahue e Ozmun (2003), é novamente apresentada. Lembrando 
que a idade cronológica nos fornece apenas uma estimativa aproximada do nível 
de crescimento e de desenvolvimento de um indivíduo, pois são períodos ou faixas 
de idade nas quais algumas mudanças são comuns e esperadas de acontecerem.
Tabela 1: Classificação da idade cronológica
Período Idade Aproximada
Vida pré-natal Concepção ao nascimento
Primeira infância Nascimento aos 24 meses
Infância 2-10 anos
Adolescência 10-20 anos
Idade adulta jovem 20-40 anos
Meia-idade 40-60 anos
Terceira idade Acima de 60 anos
Adaptada do Livro: Compreendendo o Desenvolvimento Motor: Bebês, Crianças, 
Adolescentes e Adultos. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2003.
Nessa unidade abordaremos, sucintamente, as mudanças que acontecem nos 
períodos da primeira infância e parte do período da infância. Para facilitar o 
entendimento das mudanças relacionadas ao desenvolvimento motor, utilizaremos 
o modelo desenvolvimental de Avigo e Barela (2015), apresentada em unidade 
anterior. A seguir, a torre desenvolvimental novamente é apresentada.
Figura 1: Modelo de desenvolvimento motor de Avigo e Barela (2015)
Fonte: Avigo e Barela, 2015
8
9
Dentro da primeira infância e de parte da infância, nos ateremos às fases ou aos 
períodos desenvolvimentais denominados como Período Reflexivo, Período Pré-
adaptativo e Período das Habilidades Motoras Fundamentais, que juntos englobam 
do nascimento até por volta dos sete anos de idade, e formam a base da torre 
desenvolvimental. Feitas essas considerações iniciais, podemos então dar início ao 
estudo dos períodos de idade, separadamente.
Primeira Infância
De acordo com nosso referencial, a primeira infância é classificada como do 
nascimento até os 24 meses de idade.
Importante!
A primeira infância é considerada como uma fase de rápido crescimento na maioria 
dos sistemas e consequente aumento das dimensões corporais, bem como de rápido 
desenvolvimento do sistema neuromuscular.
Importante!
Proporcionalmente, pensando no tamanho do bebê no nascimento e comparando 
após dois anos de vida, pode dizer que é o período de idade onde o ser humano 
mais cresce. Em termos de desenvolvimento motor, a maioria das mudanças que 
ocorrem decorrem, principalmente, de uma forte influência do organismo que está 
maturando. Para melhor compreensão das mudanças que ocorrem nesses dois anos 
de vida, abordaremos, primeiramente,mudanças de crescimento e maturação, e em 
um segundo momento, mudanças no desenvolvimento.
Crescimento e maturação na Primeira Infância
A taxa de crescimento (percentual de mudanças no tamanho pelo fator tempo) é 
acelerada e quase que constante na primeira infância. Esse período é considerado 
como um período de alterações dramáticas no crescimento físico. Parece que, 
de alguma forma, o organismo do ser trabalha fortemente no intuito de preparar 
o indivíduo em crescimento para melhor se relacionar com o ambiente no qual 
está inserido. Se na barriga da mãe, o bebê era totalmente dependente de sua 
progenitora para sua subsistência, agora, o organismo do bebê trabalha de forma 
acelerada para lhe dar condições de melhor interagir com o ambiente e o poder, 
aos poucos, adquirir certa independência.
9
UNIDADE Crescimento e Desenvolvimento: Primeira Infância e Infância
Nos primeiros meses de vida há um ganho rápido de massa corporal pelos 
bebês. Com cinco meses, o peso corporal praticamente dobra, e aos 24 meses 
chega a triplicar. Esse é o período de maior aumento de peso de toda a vida, isso 
claro, impulsionado por mudanças naturais inerentes ao componente biológico do 
ser, e não por uma alimentação desenfreada que aumente substancialmente o peso 
corporal de uma pessoa, algo que pode acontecer em qualquer período da vida. 
Para estatura, também se observa um rápido ganho ao longo dos primeiros meses. 
Se no nascimento, o bebê mede cerca de 48 a 53 cm de altura, com 2 anos esse 
valor quase dobra, ficando em torno dos 88 cm (podendo variar entre 81 a 94 cm). 
Para mais informações sobre as alterações de massa corporal e estatura, seja nesse ou em 
outros períodos de idade, acesse as tabelas pôndero-estaturais. Ex
pl
or
A velocidade de aumento do corpo em comprimento ocorre de forma variada 
entre as partes do mesmo. Por exemplo, a cabeça, razoavelmente grande desde 
o nascimento (se comparada proporcionalmente ao seu tamanho na vida adulta 
com o resto do corpo), desacelera em seu crescimento ao longo dos primeiros 
meses, tendo um crescimento lento, a partir do segundo ano de vida. Já o tronco 
tem um crescimento moderado, principalmente, a partir do segundo ano de vida. 
Em contrapartida, os membros, tais como os braços, as pernas, as mãos e os pés, 
aumenta gradualmente sua taxa de crescimento, tendo um ganho razoavelmente 
rápido ao redor dos 2 anos de idade.
Conforme já discutido em nossa primeira unidade de estudos, é evidente o 
aumento no tamanho do corpo como um todo, e também em partes específicas, 
tais como os órgãos e/ou tecidos (e.g. tecido muscular, adiposo, ósseo, etc.), 
apesar de não serem diretamente visíveis a olho nu. A figura 2 exemplifica o 
aumento dos segmentos em proporção diferente. Perceba como a cabeça, que 
proporcionalmente no nascimento corresponde a quase um terço do tamanho do 
nosso corpo, já aos 2 anos de idade, diminui proporcionalmente ao resto do corpo, 
sendo que ao longo dos anos essa proporção vai diminuindo ainda mais, chegando 
na fase adulta com a cabeça possuindo apenas um décimo do tamanho total do 
corpo. Essas proporções nos ajuda a entender a dificuldade das crianças pequenas 
de equilibrar as partes de seu corpo (até pelo tamanho da cabeça) para realização 
de habilidades motoras, por exemplo, andar, correr, saltar, etc. Esse assunto será 
retomado no próximo tópico.
Figura 2: Proporções de crescimento dos segmentos corporais ao logo da vida
Fonte: revistadepediatriasoperj.org.br
10
11
Nos primeiros dois anos de vida, mudanças maturacionais já podem ser 
observadas. Um bebê que mal conseguia segurar um pequeno objeto com as mãos, 
aos dois anos de idade já com uma melhora em seus níveis de força muscular e seu 
funcionamento neuromuscular, por conta da maturação dos sistemas responsáveis 
(sistema ósseo, muscular e nervoso), além de seus sistemas sensoriais mais 
evoluídos, consegue caminhar ou até correr com passadas largas e desequilibradas, 
carregando um brinquedo nas mãos, como um boneco ou um carrinho. O bebê 
que só se expressava através do choro, quando sentia fome, sono, ou algum tipo 
de incômodo relacionado ao seu estado de saúde, agora, já se expressa por meio 
de algumas palavras ou até frases curtas já prontas (geralmente ouvida dos pais). 
Isso reflete da melhora de suas capacidades cognitivas, decorrente da maturação e 
do desenvolvimento dos sistemas neurais.
Importante!
Perceba que para exemplifi car maturação (e até crescimento) muitas vezes falamos 
do desenvolvimento dos diversos sistemas do organismo e até dos comportamentos 
que passam a ser incorporados pelo ser. Isso refl ete, justamente, da contínua conexão 
existente entre crescimento, maturação e desenvolvimento, bem como a relação desses 
três processos com o ambiente em que está inserido. Sendo assim, cabe sempre certo 
cuidado ao abordar os diferentes aspectos pertencentes a esses processos de forma 
separada ou isolada. 
Trocando ideias...
Após essa discussão básica, focando o crescimento e a maturação na primeira 
infância, podemos iniciar discussões um pouco mais aprofundadas acerca de 
desenvolvimento e, em especial, desenvolvimento motor.
Desenvolvimento na Primeira Infância
O desenvolvimento na primeira infância é resultado, predominantemente, 
da forte influência das restrições do organismo. Obviamente, o ambiente pode 
interferir, desde que condições drásticas sejam oferecidas aos bebês, tais como 
desnutrição, obesidade, doenças infectocontagiosas, entre outras anomalias. Em 
condições normais de sobrevivência, todas as crianças apresentarão os mesmos 
marcos motores, e na mesma ordem, assim como afirmados nos princípios da 
universalidade e da intransitividade, respectivamente. Isso não significa que não 
haja aprendizagem, que os movimentos simplesmente “surgem” no repertório 
motor das crianças, como afirmava a teoria neuromaturacional. A relação pessoa 
e ambiente são importantíssimas, por isso, mais uma vez destaca-se, em condições 
ambientais normais, as crianças adquirirão os movimentos por elas mesmas, 
aprenderão sozinhas a partir de trocas com o ambiente em que estão inseridas.
11
UNIDADE Crescimento e Desenvolvimento: Primeira Infância e Infância
A maioria das mudanças motoras observadas nos anos iniciais de vida decorre 
das mudanças que ocorrem no organismo do ser em desenvolvimento (maturação e 
desenvolvimento dos diversos sistemas: musculoesquelético, sensorial, neural, etc.). 
Com o crescimento do corpo como um todo (aumento do peso corporal, mudanças 
nas proporções dos segmentos), o aumento de força muscular, melhora dos sistemas 
sensoriais, funcionamento neuromuscular e das capacidades cognitivas, os bebês 
passam a interagir cada vez com mais intensidade com o ambiente, realizando 
movimentos diversos e percebendo a consequência dos seus movimentos, e assim, 
passam a conseguir, por exemplo, sentar, ficar em pé, andar e etc.
Importante!
O princípio Encéfalo-caudal explica que existe uma tendência de ganho no controle das 
ações motoras na direção da cabeça para os pés.
Importante!
Dois princípios explicam o porquê da ordem e/ou de como as mudanças no 
desenvolvimento motor são direcionadas pelo organismo do ser. As conexões neurais 
mais próximas ao encéfalo (cérebro) maturam primeiro e, como consequência, o 
controle da musculatura ao redor do pescoço também acontece primeiro que o 
controle do tronco, este, ainda, controlado antes dos membros inferiores, sendo 
assim, por último, os pés (cauda). Dessa forma, fica evidente porque os bebês 
primeiro adquirem o controle da cabeça e do pescoço, para só depois conseguirem 
sentar, engatinhar, ficar em pé, e finalmente andar.
Importante!
O segundo princípio é denominado de Próximo-distal, pois reflete uma tendência de 
ganho no controle das ações motoras, a partir do centro do corpo até as extremidades. 
Importante!
Logo, primeiro a criança aprende a controlar seu tronco, na sequência os 
ombros, os braços, as mãos e, por último, os dedos. Um exemplodesse princípio 
é uma criança nos anos iniciais de escolarização, quando começa a manipular um 
lápis tentando desenhar as letras ou pintar um desenho, percebe-se nitidamente um 
exagero no uso do tronco e no braço enquanto segura o lápis; e maior dificuldade no 
uso das mãos e dos dedos, por exemplo, para percorrer com precisão sobre linhas 
desenhadas no papel. Outro exemplo é observado ao se pedir para uma criança 
pequena arremessar uma bola o mais longe possível, ela, exageradamente, utiliza 
mais o tronco do que os segmentos mais distais (como braço, antebraço, mãos 
e dedos), algo não observado em crianças mais velhas, que utilizam muito mais 
os movimentos do cotovelo, do punho e dos dedos. Isso explica porque primeiro 
adquirimos coordenação motora grossa (como em arremessar ou agarrar um 
objeto), e somente depois coordenação motora fina (como ao escrever, desenhar, 
digitar, etc.).
12
13
Bebês não precisam ser ensinados a alcançar, rolar, sentar, engatinhar, ficar em 
pé ou até andar, eles aprendem sozinhos por tentativa e erro, ou seja, explorando 
as possibilidades de movimentos possíveis e selecionando aqueles que satisfaçam às 
suas intenções e/ou vontades. Resumindo: bebês aprendem se relacionando com o 
ambiente. E os movimentos reflexos, de ordem surgem? Afinal, se o bebê acabou 
nascer, como eles já realizam certos movimentos se seus sistemas neurais ainda 
estão se definindo? Até parece que já nascemos com um “kit nascimento”. Como 
bebês já pressionam objetos colocados em suas “mãozinhas”, ou até já simulam as 
passadas do andar, tudo isso quase que imediatamente após o nascimento? A partir 
de agora, utilizaremos dos períodos e de explicações da torre desenvolvimental para 
auxiliar no entendimento, tanto dos movimentos que são aprendidos (períodos pré-
adaptativo e início do período das habilidades motoras fundamentais) na primeira 
infância, quanto dos que não são aprendidos (período reflexivo).
Período Reflexivo
Iniciado após o nascimento e perdurando até as primeiras duas semanas de vida, 
essa fase é caracterizada de movimentos involuntários, de natureza espontânea 
ou reflexiva, alguns trazidos ainda de sua gestação. Ao nos atentarmos para a 
posição desse período na torre desenvolvimental (figura 1), vemos que ele é a base 
de todos os movimentos. De certa forma, o organismo já vem preparado para 
responder a estímulos específicos. Essas respostas são reações involuntárias às 
varias formas de estímulos externos, realizadas sem uma causa conhecida, logo, 
não sendo inerentes de comando cerebrais, advindos de intenção por parte do 
bebê. Responder detalhadamente de onde surgem ou como tais movimentos foram 
programados no organismo não é algo tão simples, e nem faz parte do nosso 
foco de estudo. Os movimentos reflexos podem ser agrupados em primitivos e 
posturais. A seguir, alguns exemplos desses movimentos são apresentados.
 · Refl exo primitivo de Sucção: Suga tudo que é colocado na boca
Figura 3: Refl exo de sucção
Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images
13
UNIDADE Crescimento e Desenvolvimento: Primeira Infância e Infância
 · Reflexo primitivo de Moro ou Susto: quando perde sustentação, 
estendem-se as pernas, braços, dedos, e a cabeça é jogada para trás;
Figura 4: Reflexo de Moro
Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images
 · Reflexo primitivo de Preensão palmar e plantar: flexiona os dedos 
mediante a qualquer objeto que faça contato na palma da mão e na 
planta do pé;
Figura 5: Reflexo de preensão
Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images
 · Reflexo postural do andar: simula o andar quando os pés tocam o chão;
Figura 6: Reflexo do andar
Fonte: iStock/Getty Images
Importante!
Todo ser nasce com uma espécie de “kit nascimento” que, dentre outros aspectos, 
possui duas principais funções: (1) Sobrevivência – prepara o bebê para realizar as 
funções básicas de alimentação e proteção; (2) Diálogo com o ambiente – início do 
processo de adaptação onde o bebê poderá aprender o que pode fazer no ambiente 
em que está inserido. 
Importante!
14
15
Um exemplo clássico de movimento realizado pelo bebê para sua sobrevivência 
é o reflexo de sucção que é desencadeado a partir do contato de sua boca com a 
mama da mãe. Já o movimento de agarrar, realizado pelo bebê ao ter o contato 
com o dedo de outra pessoa, exemplifica um diálogo com o ambiente. Esses 
movimentos permitem ao recém-nascido colher informações sensoriais decorrentes 
de suas ações motoras e, dessa forma, o mesmo comece a se adaptar ao ambiente 
diferente daquele ao qual estava acostumado na barriga da mãe.
Como o sistema nervoso central gradativamente amadurece na primeira infância 
e no início da infância, as funções inibidoras do córtex cerebral começam a operar e 
aos poucos os movimentos reflexos diminuem e/ou desaparecem, a maioria ainda 
no primeiro ano de vida. O controle voluntário do cérebro já pode ser iniciado a 
partir da segunda semana de vida, obviamente, de forma ainda bem restrita, mas já 
suficiente para o bebê começar a realizar movimentos inerentes de sua vontade e/
ou de intenção, dando início assim ao período pré-adaptativo.
Período Pré-adaptativo
A partir de agora trataremos, rapidamente, das mudanças no desenvolvimento 
que ocorrem no intervalo entre a segunda semana e o primeiro ano de vida, período 
o qual foi denominado como pré-adaptativo. Tal denominação foi feita, devido à 
pré-disposição que o organismo tem para realizar determinadas ações.
Importante!
De certa forma, “parece” que o organismo do ser humano foi preparado ou pré-
adaptado para realizar mais facilmente alguns movimentos do que outros.
Importante!
Por exemplo, já parou para pensar por nos que locomovemos preferencialmente 
andando e não saltando, rastejando, ou com quatro apoios como alguns animais? 
Parece um pouco absurdo tal questionamento, porque somos acostumados com 
isso e seria ainda mais absurdo ver um ser humano se locomovendo dessas 
formas citadas. Serão necessárias mais algumas considerações para responder 
apropriadamente a questão proposta.
Por que a maioria das pessoas, quando bebês, realiza os mesmos marcos motores, 
como em especial, o engatinhar? A resposta pode parecer um pouco óbvia: porque 
estruturalmente ainda não era possível, os diversos sistemas do corpo humano 
não estavam maturados o suficiente, de forma que fosse possível andar, ou seja, 
quando bebê fazíamos o que conseguíamos no momento com a estrutura física que 
tínhamos à disposição. Bem, isso já é suficiente para responder o questionamento 
inicial: locomovemos-nos andando porque é a forma mais confortável que temos 
para utilizar, dentro do potencial que nossa estrutura física nos permite. Até 
conseguiríamos realizar alguns saltos em sequência, mas se locomover dessa forma 
exigiria certa estrutura física que não estamos pré-dispostos a ter naturalmente. 
Somos pré-dispostos para andar!
15
UNIDADE Crescimento e Desenvolvimento: Primeira Infância e Infância
No período pré-adaptativo realizamos movimentos até de certa forma 
desorganizados ritmicamente, mas que dentro de nossas limitações físicas, são 
os melhores movimentos que poderíamos fazer para atender nossos objetivos. 
Por exemplo, suponha que um brinquedo, algo colorido ou um objeto qualquer 
diferente e barulhento (como um molho de chaves) chame a atenção de um bebê. 
Seja tentando alcançar, rolando, se necessário for sentar, engatinhar, ou até ficar 
em pé apoiando na parede, esse bebê fará tudo que puder, de acordo com seu 
potencial, para chegar até a esse algo qualquer que lhe pareceu interessante. Esse 
potencial, conforme já previamente discutido, reflete do que se consegue ou não 
fazer, o que sua estrutura física lhe permite realizar (como força muscular suficiente 
para se colocar em pé). Observe na figura 7, o seguinte quadro: você, quando 
bebê, era até que de certa forma “desajeitado”, se mantinha predominantemente 
deitado, rolando de um lado para o outro e fazendo movimentos “estranhos”, 
e com o tempo, após seus sistemas maturareme um incessante diálogo com o 
ambiente, tentando e tentando, você passa a conseguir se sentar, engatinhar, ficar 
em pé e até a dar alguns passinhos se apoiando em algo, depois de um tempo ficar 
em pé sem apoio e, finalmente, andar de forma independente.
Figura 7: Desenvolvimento dos marcos motores no primeiro ano de vida
Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images
É importante que se entenda que pré-adaptativo é diferente de pré-determinado. 
A teoria neuromaturacional utilizava-se dos princípios da universalidade e da 
intransitividade para explicar, indiretamente, que independente das condições 
ambientais que estamos inseridos, realizaremos os principais marcos motores e na 
mesma ordem. Sim, realizaremos os mesmos e na mesma sequência, entretanto, 
a aquisição destes marcos motores não é determinada, podemos adquirir se as 
condições do organismo e do ambiente assim permitirem, se as condições forem 
alteradas drasticamente, os marcos motores poderão não ocorrer. Somos pré-
adaptados para alguns movimentos, os quais serão manifestados à medida que 
interagimos com o ambiente, ou seja, aprendemos esses movimentos desde que 
exploremos o que podemos fazer (descoberta) em nosso ambiente natural. Com a 
aquisição do andar independente, por volta dos 12 meses de idade, esse diálogo com 
ambiente é ainda mais intensificado, iniciando-se assim o período das habilidades 
motoras fundamentais.
16
17
Período das Habilidades Motoras Fundamentais (Início)
A partir da aquisição do andar independente, o qual geralmente ocorre ao se 
completar o primeiro ano de vida, inicia-se uma nova fase de desenvolvimento 
denominada de período das habilidades motoras fundamentais. Conforme pode 
ser observado na torre desenvolvimental (figura 2) esse período é estabelecido 
cronologicamente do 1 aos 7 anos de idade. Uma habilidade motora fundamental 
é definida por uma série de movimentos organizados, envolvendo a combinação de 
padrões de movimento de dois ou mais segmentos corporais.
Importante!
Parece ser um consenso entre pesquisadores da área de desenvolvimento a importân-
cia da aquisição e desenvolvimento dessas habilidades por parte das crianças. 
Também conhecidas como habilidades motoras básicas, essas habilidades formarão 
a base para a aquisição de formas mais complexas e especializadas de movimento a 
serem adquiridas nos períodos posteriores.
Importante!
O nome “fundamental” não foi definido por acaso. Essa gama de habilidades 
motoras são consideradas como alicerce para a realização de habilidades mais 
avançadas e específicas, por exemplo, habilidades esportivas. Em qualquer lugar 
do mundo, em que se utilizar o termo habilidades motoras fundamentais, ou, ainda, 
habilidades motoras básicas, se saberá a que habilidades estão se referindo. Correr, 
saltar, chutar, arremessar são todos exemplos dessas habilidades, pode até haver 
variações na aplicação de qualquer uma delas, por exemplo, na aplicação do chutar 
no futebol praticado no Brasil e no futebol americano (se tornando uma habilidade 
específica), entretanto, os movimentos básicos do chutar são os mesmos.
O Período das habilidades motoras fundamentais é caracterizado pela aquisição 
das formas básicas de movimento que envolve a estabilização (equilíbrio) e a 
locomoção do corpo, bem como o controle de objetos no ambiente. Neste período 
a criança explora e adquire diversas formas de manter sua configuração corporal, 
desde ações motoras mais simples como orientar-se posturalmente ao ficar em 
diferentes bases de apoio até deslocar o corpo de uma localização a outra, ou, 
ainda, ações que obriguem a criança a configurar seus membros e tronco de forma 
específica ao manipular diferentes objetos no ambiente. Sendo assim, é quando 
ocorre a aquisição de habilidades motoras relacionadas às ações de três classes ou 
de categorias de movimentos: ações de equilíbrio, de locomoção e de manipulação 
e/ou de controle de objetos.
As habilidades motoras de equilíbrio, também conhecidas como estabilizadoras, 
estão relacionadas à capacidade de manutenção do equilíbrio em determinada 
posição corporal - na qual o corpo permanece no lugar, movendo-se apenas ao redor 
17
UNIDADE Crescimento e Desenvolvimento: Primeira Infância e Infância
de seu eixo horizontal ou vertical - em relação à atuação da força de gravidade e às 
demais forças que sobre o corpo atuam. Podendo ser dividias em equilíbrio estático 
(corpo parado) e equilíbrio dinâmico (corpo em movimento); essas habilidades são 
aquelas utilizadas para que o corpo seja mantido ou mudado para uma determinada 
posição. Essa categoria de movimentos constitui a base para todos outros tipos de 
habilidades motoras. Por exemplo, um bebê que já possui força nos músculos do 
pescoço, tronco e membros inferiores, aprende a equilibrar o peso da cabeça e 
dos outros segmentos se colocando na posição em pé, nesse caso está realizando 
uma habilidade motora de equilíbrio. Ao se aprender a andar, que é uma habilidade 
motora de locomoção, ele precisa continuar mantendo a cabeça, o tronco e os 
demais segmentos em equilíbrio, ou seja, sem aprender a ficar em pé, obviamente 
não aprenderia a andar.
As habilidades motoras de locomoção são aquelas nas quais o corpo é transportado 
(podendo ser de diferentes formas), na direção vertical ou horizontal de um ponto a 
outro no ambiente. Constituídas de movimentos que permitem nossa movimentação 
no ambiente, essas habilidades garantem nossa independência de interagir com locais 
que poderiam estar fora do nosso alcance. Já as habilidades motoras de manipulação 
estão relacionadas à capacidade de manusear e/ou controlar objetos e ferramentas 
disponíveis no ambiente. Neste caso, estes movimentos podem ser ainda subdivididos 
em movimentos manipulativos finos e grossos, conforme as características do 
objeto e dos grupos musculares envolvidos na realização da ação. As habilidades 
manipulativas finas envolvem o uso de pequenos grupos musculares, como os do 
antebraço, mão e dedos ao escrever, digitar, apertar botões e etc.; são compostas de 
movimentos que requerem mais precisão e exatidão na execução. Em contrapartida, 
as habilidades manipulativas grossas requerem o uso dos grandes grupos musculares, 
pois envolvem movimentos com troca de força, como ao chutar ou rebater uma 
bola. Conforme expõe o princípio próximo-distal, as habilidades motoras grossas 
são adquiridas antes das finas. Na figura 8 são apresentados alguns exemplos de 
habilidades motoras fundamentais dentro dessas três categorias de movimentos.
Habilidades Motoras Fundamentais
ESTABILIZADORAS
- Sentar
- Ficar me pé
- Curvar
- Virar
- Esquivar
- Equilibrar
- Apoio invertido
- Cair/parar
LOCOMOTORAS
- Andar
- Correr
- Saltar
- Pular num pé só
- Galopar
- Escorregar
- Deslizar
- Escalar
MANIPULATIVAS
- Lançar
- Chutar
- Receber
- Rebater
- Driblar
- Rolar uma bola
- Interceptar
- Cabecear
Figura 8: Exemplos das habilidades motoras fundamentais distribuídas nas três 
categorias: habilidades estabilizadoras (de equilíbrio), locomotoras e manipulativas.
18
19
Dados os muitos segmentos corporais e músculos que podem ser ativados na 
realização das habilidades motoras fundamentais, a execução das habilidades motoras 
fundamentais podem se distinguir quanto ao seu estágio (nível) de desenvolvimento. 
Os pesquisadores Gallahue e Ozmun (2003) classificam a execução das habilidades 
motoras fundamentais em três estágios: inicial, elementar e maduro. A execução 
de uma habilidade motora fundamental, caracterizada no estágio inicial, apresenta 
movimentos dos segmentos corporais de forma não ritmicamente coordenados e é 
caracterizada por movimentos desordenados e grosseiramente exagerados.
A transição da execução de uma habilidade motora fundamental de um 
estágio inicial para um estágio maduro, caracterizado por uma execução refinada 
(proficiente) de movimento, perpassa pelo estágio elementar de movimento. No 
estágio elementar, a habilidade motora fundamental é executada de forma maiscoordenada e rítmica dos segmentos envolvidos, entretanto, percebe-se nitidamente 
que tal execução ainda não apresenta a eficiência na realização do movimento que 
caracteriza a execução da habilidade no estágio maduro de movimento. Já o estágio 
maduro de uma habilidade motora fundamental é caracterizado por segmentos sendo 
bem coordenados, realizados de forma considerada biomecanicamente correta. 
A seguir são exemplificados esses três estágios de execução (inicial, elementar e 
maduro) nas habilidades motoras fundamentais como correr, saltar e arremessar.
Figura 9: Estágios de desenvolvimento do correr
Fonte: Adaptado de GALLAHUE, 2003
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UNIDADE Crescimento e Desenvolvimento: Primeira Infância e Infância
Figura 10: Estágios de desenvolvimento do saltar
Fonte: Adaptado de GALLAHUE, 2003
Figura 11: Estágios de desenvolvimento do arremessar
Fonte: Adaptado de GALLAHUE, 2003
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Até por volta dos dois anos de idade, nem todas as habilidades motoras 
fundamentais foram adquiridas, e das que foram, a maioria ainda são executadas 
em estágio inicial de desenvolvimento. A aquisição dos próximos níveis requer 
maior quantidade de prática dos movimentos fundamentais. Especificamente, para 
se alcançar um padrão maduro de desenvolvimento, não basta somente qualquer 
prática, é preciso a participação em um pratica estruturada e organizada para esse 
fim, inclusive, acompanhada de instrução apropriada acerca dos movimentos a 
serem realizados. Essas discussões serão retomadas mais adiante nessa unidade. 
Feitas as considerações mais relevantes a respeito de crescimento, maturação e 
desenvolvimento ao longo da primeira infância, pode-se dar início às discussões 
mais importantes da próxima etapa da vida do ser, a infância.
Infância
A partir do referencial proposto, a infância é classificada como dos 2 aos 10 anos 
de idade. Diferente da primeira infância que é marcada pelo rápido crescimento, 
na infância o crescimento desacelera razoavelmente, se tornando aos poucos 
predominantemente gradual, algo que se alterará drasticamente somente com o 
estirão de crescimento na adolescência. Já em termos de desenvolvimento motor, 
essa é uma das fases mais importantes para aquisição e refinamento de habilidades 
motoras. O desenvolvimento motor alcançado nesse período de idade pode refletir 
de forma decisiva na oportunidade e no interesse de prática de atividade física, 
ao longo de toda a vida. Justamente por se tratar de uma fase da vida muito 
importante (inclusive de ser estudada), o estudo da infância será divido em duas 
partes: uma levando em conta dos 2 aos 7 anos de idade, que será abordada 
ainda nessa unidade; e a outra parte dos 7 aos 10 anos de idade, a qual será 
estudada em outra unidade. Mais uma vez, buscando uma melhor compreensão 
das mudanças que ocorrem nesse período de cinco anos de vida, primeiramente, 
discutiremos algumas das mudanças de crescimento e de maturação, e, em um 
segundo momento, mudanças no desenvolvimento.
Crescimento e maturação na Infância
Acerca do crescimento, pouco aqui poderá ser tratado, uma vez que outros 
aspectos mais importantes merecem ser destacados. Apesar desse período de idade, 
dos 2 aos 7 anos idade, ainda ser marcado por um crescimento razoavelmente 
rápido, como já destacado, se comparado à primeira infância, percebe-se que 
proporcionalmente crescimento é mais lento nessa fase da vida. Nessa faixa de 
idade, a massa corporal das crianças varia em torno de 12 a 25 kg, a estatura 
fica por volta de 84 a 125 cm. Algo importante que merece ser destacado, é que 
meninos e meninas apresentam estrutura corporal muito semelhante. Meninos são 
21
UNIDADE Crescimento e Desenvolvimento: Primeira Infância e Infância
apenas ligeiramente mais pesados e mais altos do que meninas. Se você obsevar, a 
partir de certa distância, uma criança nessa faixa de idade correndo com a toca do 
agasalho na cabeça (sem que haja um cabelo mais longo característico das meninas 
aparecendo) você pode não conseguir identificar se está vendo um menino ou uma 
menina correndo. Em termos de crescimento, maturação, e também porque não 
já aproveitar para dizer, em termos de desenvolvimento, meninos e meninas são 
muito parecidos nesse período de idade.
A maturação dos sistemas nervoso, musculoesquelético, e cardiovascular (dentre 
outros sistemas importantes) avança até que rapidamente nessa primeira metade 
da infância. Junto com isso muitas mudanças são facilmente percebidas, podendo-
se destacar:
• Aumento da força e da resistência muscular: crianças já conseguem carregar 
objetos um pouco mais pesados;
• Aumento da capacidade cardiopulmonar: crianças brincam com mais 
intensidade, demoram mais para se cansarem;
• Desenvolvimento da fala: crianças progridem de falas repetitivas e sem sentido, 
para já uma formação limitada de frases e expressões próprias;
• Aquisição de certa independência: algumas crianças já comem, se vestem, 
tomam banho e realizam algumas outras tarefas diárias, até certo ponto, por 
conta própria.
Muitos outros aspectos decorrentes do crescimento e da maturação dos diversos 
sistemas poderiam ser destacados. Entretanto pode-se resumir, que essa fase de 
idade reflete a saída da quase total dependência dos pais, para um hábito de vida de 
maior independência por parte da criança, com vontades próprias, personalidades 
peculiares, não é a toa que aos 6 anos de idade já possam ingressar no ensino 
formal, pois já possuem potencial para diferentes aprendizagens. Perceba, mais 
uma vez para falar de crescimento e de maturação, citamos desenvolvimento. 
Chega o momento de conversarmos um pouco mais a cerca desse fenômeno, o 
desenvolvimento, mais uma vez, com destaque maior sendo dado às mudanças no 
comportamento motor.
Desenvolvimento na Infância
Até os períodos de idades anteriores, fatores externos (ambientais) não eram 
tão importantes se comparado às influências internas inerentes do organismo do 
ser em desenvolvimento. O ambiente parecia sempre estar em segundo plano, 
o componente biológico era tido como principal fator a impulsionar mudanças 
no comportamento humano, por exemplo, a aquisição de algumas habilidades 
motoras. Entretanto, a partir de agora, esse quadro começará a se inverter. As 
restrições do organismo do ser continuam sendo importantes, contudo, o grande 
22
23
propulsor desenvolvimental passará a ser o diálogo com o meio e/ou o contexto de 
inserção da criança; o desenvolvimento passa a ser impulsionado principalmente 
pelas influências externas, já denominadas anteriormente de restrições do ambiente 
e da tarefa.
Conforme já discutido, a partir da aquisição do andar independente, por volta do 
primeiro ano de idade, inicia-se o período das habilidades motoras fundamentais. A 
infância se inicia aos 2 anos de idade, podendo ser considerada um marco para que 
a quantidade de influência do organismo e do ambiente comece a ser equiparada. 
Conforme pode ser observado na construção da torre desenvolvimental (figura 2), 
feita por tijolos coloridos que representam essas influências no desenvolvimento, 
por volta dos 3, 4 ou 5 anos de idade, o ambiente passa a sobressair, se mantendo 
como principal a impulsionar desenvolvimento por quase toda a vida. Uma vez 
que as principais definições e características das habilidades motoras fundamentais 
já foram discutidas anteriormente, a partir de agora serão enfatizadas algumas 
especificidades que ocorrem ao longo desse período desenvolvimental que vai até 
por volta dos 7 anos de idade.
A infância é considerada um período propício para se adquirir coordenação 
nas habilidades motoras fundamentais. Essas habilidades servirão de base para os 
períodos subsequentes, como uma torre construída com tijolos sobre tijolos, algo 
que não poderia ocorrer sem um alicerce ou uma fundação sólida. Algumas vezes 
citamos coordenação motora, algo que todos parecem saber, até que um dia seja 
questionado: O que vem a ser coordenação motora? Essa pergunta parece fazer 
com que os profissionaisque trabalhem com o movimento se atrapalhem, ao ponto 
que muitos, infelizmente, não conseguem responder.
Importante!
Coordenação motora pode ser entendida como a interação entre o sistema nervoso 
e o sistema musculoesquelético. Simplifi cadamente refere-se a como os diversos 
segmentos corporais são organizados para realização de um determinado conjunto 
de movimentos ou de determinada habilidade motora. 
Importante!
A infância como um todo é tida como um período ideal para aquisição de 
coordenação motora básica, entretanto, por volta dos 6 ou 7 anos de idade, 
crianças já possuem potencial para realizar as habilidades motoras fundamentais 
com proficiência.
Como citado anteriormente, para que um estágio de execução em um nível 
considerado maduro, nessas habilidades motoras fundamentais, possa ser 
alcançado, exige-se dedicação por parte do executante combinada à oportunidade 
de prática estruturada. Vale ressaltar que o estágio maduro não é alcançado pela 
maioria da população, sendo que até mesmo adultos realizam essas habilidades 
23
UNIDADE Crescimento e Desenvolvimento: Primeira Infância e Infância
motoras em um estágio elementar. Isso expressa uma característica importante do 
período das habilidades motoras fundamentais, pois embora a aquisição da maior 
parte das habilidades desse período ocorra naturalmente, ou seja, a partir delas 
brincando por elas mesmas, o refinamento dessas habilidades motoras depende 
de uma interação mais específica das crianças com o ambiente. Sendo assim, para 
se alcançar proficiência não basta qualquer prática, crianças precisam vivenciar 
práticas desafiadoras, organizadas, inclusive acompanhadas de instrução apropriada 
acerca de como realizar os movimentos, para que consigam assim, executarem as 
habilidades motoras fundamentais de forma refinada.
Atuação do professor nos anos iniciais
Muito já se falou a respeito da importância da prática para o desenvolvimento 
motor. Vimos que apesar do organismo ser o mais importante nos anos iniciais, 
o ambiente sempre estará presente, podendo maximizar ou até mesmo prejudicar 
o desenvolvimento do ser. Mesmo em idade mais tenras, estímulos ambientais 
específicos podem impulsionar as crianças a alcançarem seus potenciais, 
prosseguindo com o desenvolvimento esperado para suas idades. A atuação de 
profissionais que atuam com crianças na primeira infância e infância propondo 
práticas que envolvam os movimentos fundamentais pode ser decisiva para 
formação de uma criança ativa, tanto na infância, na adolescência, como ao 
longo de toda vida adulta. Vivenciamos na atualidade uma alteração do que seria 
antigamente considerado como um ambiente natural, crianças quase não brincam 
mais em atividades que envolvam a realização de habilidades motoras grossas, 
vivemos em uma era tecnológica dos movimentos finos e precisos.
Os hábitos decorrentes de uma “vida moderna” em muito têm alterado as 
nossas experiências motoras. Não muito tempo atrás, brincávamos na rua, com 
nossos vizinhos, no campinho de futebol, nos grandes quintais de casa. Essas 
formas de movimentos e de brincadeiras que tínhamos, em muito, se perderam 
e não mais fazem parte das atividades de nossas crianças. Nos dias atuais, as 
crianças brincam utilizando muito mais os dedos e as mãos, seja para pegar o 
controle remoto da televisão, pelo jogar no computador, videogames, tablets, 
celular, etc. Um resultado relacionado às mudanças nos tipos de movimentos que 
estão mais presentes nas nossas ações motoras é o que temos observado (até 
que passivamente), como o aumento do índice de obesidade e sobrepeso, sendo 
que segundo o IBGE, metade dos brasileiros está acima do peso. Essa situação é 
ainda mais grave se observarmos que uma em cada três crianças de 5 a 9 anos 
de idade já apresenta excesso de peso e, provavelmente, apresentarão problemas 
de saúde graves ao longo da vida.
24
25
Importante!
Em uma ambiente não mais tão “natural” como estávamos acostumados, a atuação 
do professor de educação física é essencial. Em alguns casos, as únicas atividades que 
envolvem habilidades motoras fundamentais realizadas pelas crianças, ocorrem no 
período em que estão nas aulas de educação física na escola. 
Importante!
Escola que hoje, cada vez inicia mais cedo para algumas crianças, que desde 
pequeninas já frequentam creches e depois o ensino infantil, para que com 6 
anos (em alguns casos cinco anos e meio), algo que antigamente só ocorria aos 
7, já ingressarem no ensino formal. Um dos motivos é a vida dos “pais de hoje”, 
antigamente na maioria das famílias somente o pai trabalhava, a mãe ficava com os 
filhos, as crianças se relacionavam mais com a mãe com brincadeiras que envolviam 
movimentos como correr, saltar, rolar; mesmo com os pais trabalhando, nos fins 
de semana tinham mais tempo para brincar com seus filhos, seja nos parques, nas 
praças ou mesmo em casa. Atualmente, com os pais mais fora de casa, trabalhando 
mais, muitas crianças ficam presas em seus apartamentos, passam seus dias em 
frente à TV, ou com videogames, celulares, comendo desregradamente, não se 
lembram da existência dos movimentos fundamentais, a lembrança parece só vir 
no momento das aulas de educação física.
Diante do exposto, e baseado em uma visão dinâmica de restrições, cabe ao 
professor (dentre outros profissionais importante nesse processo) desempenhar um 
papel de manipulador de restrições, especificamente, as restrições do ambiente e 
da tarefa. Mesmo ainda na primeira infância, ele pode ser o profissional a propiciar 
condições de movimentos variados às suas crianças, criando ambientes com 
estímulos variados e abundantes que permitam as crianças vivenciarem as muitas 
possibilidades dos movimentos fundamentais, por elas mesmas. Esse profissional 
deve criar atividades para que as crianças explorem e selecionem movimentos em 
diálogo constante com o ambiente, e que esse processo ocorra naturalmente, ou 
seja, por meio da tentativa e do erro descubram seu potencial brincando. Portanto, 
um dos objetivos mais importante para quem trabalha com crianças de até por 
volta os 6 anos de idade, deveria ser:
• Adquirir as habilidades motoras fundamentais (estabilizadoras, locomotoras e 
manipulativas), realizando-as nas mais variadas condições possíveis.
Importante!
Conforme já enfatizado anteriormente, entre 6 e 7 anos de idade tem-se como um 
período crítico e/ou sensível para que crianças se tornem profi cientes na realização 
das habilidades motoras fundamentais. 
Importante!
25
UNIDADE Crescimento e Desenvolvimento: Primeira Infância e Infância
Sabe-se que as crianças até conseguem, a partir de vivências próprias, 
alcançar um nível elementar de desenvolvimento na realização dessas habilidades. 
Entretanto, somente com um ambiente estruturado que lhes ofereça oportunidades 
de aprendizagem dos movimentos que compõem essas habilidades, que se torna 
possível atingirem um desenvolvimento considerado maduro. Aulas de educação 
física, ainda nos primeiros anos de escolarização, podem ser a solução de um 
ambiente estruturado para a aprendizagem por parte das crianças. Para isso, cabe 
ao professor de educação física a responsabilidade, nas aulas, em proporcionar 
atividades estruturadas e organizadas, além de fornecer instrução apropriada aos 
seus alunos, corrigindo e motivando-os quando necessário, para que por volta dos 
sete anos de idade, as crianças possam ser competentes em realizar as habilidades 
motoras fundamentais consistentemente e de forma proficiente. Portanto, um dos 
objetivos gerais mais importantes da educação física no primeiro ano do ensino 
fundamental (6 aos 7 anos de idade), deveria ser:
• Refinar as habilidades motoras fundamentais, tornando os alunos proficientes 
na execução de habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas.
Caso as crianças não refinem as habilidades motoras fundamentais, elas 
podem ter seu desenvolvimento prejudicado, principalmente pela dificuldade que 
encontrarão para adquirir novase futuras habilidades. Mais discussões acerca disso 
e da importância da atuação do professor de Educação Física nesse processo serão 
trabalhadas ao longo das próximas unidades.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
PhD. David Gallahue na FSG - FSG Comunica 39ª Edição
Entrevista ao professor doutor David Lee Gallahue, um dos mais importantes 
pesquisadores sobre desenvolvimento motor no 3º Congresso Internacional de 
Motricidade da Serra Gaúcha.
http://goo.gl/ZiNzqc
O tema é criança em forma
Entrevista ao professor doutor em Educação Física Luciano Basso no programa 
“Como será?”.
http://goo.gl/fYR8W1
Todo Seu - Tecnologia e Infância
Entrevista ao psicólogo especializado no atendimento infantil Tiago Tamborini no 
programa “Todo seu?”.
http://goo.gl/JXW5b2
 Leitura
Revista Por Escrito: corpo em movimento
AVIGO, E. L. & BARELA, J. A. Movimento na infância: combustível para o 
desenvolvimento. Revista Por Escrito: corpo em movimento. Fundação Arcor: 
Instituto Arcor Brasil, 2015, v.10, p. 48-53.
http://goo.gl/4PUkal
Desenvolvimento motor e crescimento somático de crianças com diferentes contextos no ensino infantil
RODRIGUES D, AVIGO EL, LEITE MMV, BUSSOLIN RA, BARELA JA. 
Desenvolvimento motor e crescimento somático de crianças com diferentes contextos 
no ensino infantil. Motriz. 2013;19 (3).
http://goo.gl/6Bhv6J
27
UNIDADE Crescimento e Desenvolvimento: Primeira Infância e Infância
Referências
 BARELA, J. Aquisição de habilidades motoras: do inexperiente ao habilidoso. 
Rio Claro, v. 5, n. 1, p. 53, 1999.
GALLAHUE, D. L. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: Bebês, 
Crianças, Adolescentes e Adultos. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2003.
GALLAHUE, D. L & Donnelly, F. Educação Física Desenvolvimentista para 
Todas as Crianças. 4. ed. São Paulo: Phorte, 2008. 
MALINA, R. M.; BOUCHARD, C. Growth, Maturation and Physical Activity. 2. 
ed. Champaign: Human Kinetics, 2004.
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