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Tema 4 - Estudos de utilização de medicamentos

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DESCRIÇÃO
História, metodologia e exemplos de aplicações dos estudos de utilização de medicamentos.
PROPÓSITO
Compreender as principais motivações que levaram à realização dos primeiros estudos de utilização de medicamentos, bem como o sistema
ATC/DDD e exemplos de estudos na pesquisa e no campo de trabalho dos farmacêuticos. Estes conhecimentos são fundamentais para a formação de
um profissional em assistência farmacêutica.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar este tema, busque por “ATC/DDD Index 2020”, para acessar a página da Organização Mundial da Saúde destinada aos estudos de
utilização de medicamentos WHOCC (Collaborating Centre for Drug Statistics Methodology).
Tenha também em mãos uma calculadora cientifica, podendo ser a do smartfone ou computador.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever a história do sistema de Classificação ATC/DDD, a definição dos estudos de utilização de medicamentos e os objetivos desses estudos
MÓDULO 2
Reconhecer o sistema de classificação ATC/DDD e o método de uniformização dos dados nos estudos de utilização de medicamentos que utilizam
este sistema
MÓDULO 3
Identificar outras métricas usadas nos estudos de utilização de medicamentos e exemplos de estudos de utilização de medicamento
INTRODUÇÃO
Imagine que você é o gestor de uma rede privada de farmácias hospitalares e está em reunião com diretores, chefias médicas e de enfermagem e com
infectologistas responsáveis pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar. Em determinado momento, você é indagado sobre o consumo de
antibióticos dos hospitais da rede. Segundo eles, algumas unidades de terapia intensiva parecem estar fazendo uso excessivo de alguns antibióticos e
gostariam de saber a sua opinião sobre o assunto. Qual seria a sua proposta para elucidar esta questão?
Neste tema, abordaremos os estudos de utilização de medicamentos. Descreveremos a história do sistema de classificação ATC/DDD, amplamente
utilizado em todo o mundo, os principais objetivos dos estudos de utilização de medicamentos (EUM) e as principais métricas utilizadas para aferição
de consumo de medicamentos. De posse destes conhecimentos, você estará habilitado a cumprir sua tarefa na reunião e a compreender como estes
estudos podem nos ajudar a aprimorar a assistência farmacêutica.
MÓDULO 1
 Descrever a história do sistema de Classificação ATC/DDD, a definição dos estudos de utilização de medicamentos e os objetivos desses
estudos
HISTÓRIA
Nossa história se inicia na década de 1960. A indústria farmacêutica estava em franca ascensão no mundo. O número de medicamentos no mercado
aumentava, e a indústria procurava uma forma de monitorar sua performance para desenvolver estratégias de marketing e identificar novos alvos de
pesquisa. A busca pelo lucro era evidente, gerando um cenário de uso irracional de medicamentos e diversos conflitos de natureza ética, dos quais fez
parte a tragédia da talidomida e o início das iniciativas que geraram os sistemas atuais de farmacovigilância.
 
Autor: Stephencdickson / Fonte: Wikimedia Commons
A talidomida, comercializada a partir nos últimos anos da década de 1950, era utilizada contra náuseas, dores de cabeça e insônia. Por seu efeito
antiemético, era amplamente prescrita para combater o enjoo matinal em gestantes. Porém, já nos primeiros anos no mercado, foram registrados
milhares de casos de bebês nascidos com múltiplas malformações graves, cujas mães fizeram uso da talidomida durante a gravidez. A principal
deformação apresentada por essas crianças foi a focomelia, que é uma atrofia congênita de membros superiores e inferiores.
FARMACOVIGILÂNCIA
De acordo com o conceito da Organização Mundial da Saúde (OMS) (Em inglês, World Health Organization (WHO).) , a Farmacovigilância é definida
como “ciência e atividades relativas à detecção, avaliação, compreensão e prevenção de eventos adversos ou quaisquer outros problemas
relacionados a medicamentos” (WHO, 2005).
 
Autor: S_E / Fonte: Shutterstock
Após a tragédia mundial causada pela talidomida, em 1961, identificou-se a necessidade de empreender esforços internacionais nas questões de
segurança dos medicamentos.

A 16ª Assembleia Mundial da Saúde (1963) adotou uma resolução que reafirmou a necessidade de ações imediatas em relação à disseminação rápida
de informações sobre reações adversas a medicamentos e que conduziu, posteriormente, à criação do Projeto de Pesquisa Piloto para a
Monitorização Internacional de Medicamentos da OMS, em 1968.

O Programa Internacional de Monitorização de Medicamentos, desde 1978, é operacionalizado pelo Uppsala Monitoring Centre (UMC), na Suécia,
através da rede de farmacovigilância em todo o mundo. Atualmente, o programa reúne mais de 140 países.
Em 1964, em um simpósio de toxicologia organizado pela OMS, realizado em Moscou, os desfechos trágicos observados com o uso da talidomida por
gestantes trouxe à tona a importância da realização de Estudos Públicos de Utilização de Medicamentos. Após o simpósio, duas autoridades nacionais
de saúde pública, Arthur Engel, na Suécia, e Pieter Siderius, na Holanda, demonstraram a existência de grandes diferenças na venda de antibióticos
em seis países europeus entre 1966 e 1967. Os dados mostraram algo muito relevante em uma época na qual o surgimento de bactérias resistentes já
era considerado um grave problema: não havia um consenso sobre métodos para medir e comparar o consumo de antibióticos.
COMO INICIAR A BATALHA PELO USO RACIONAL SE NÃO HAVIA UMA
FORMA PADRONIZADA PARA MEDIR E COMPARAR O CONSUMO DESTES
MEDICAMENTOS?
Em 1969, a Organização Mundial da Saúde providenciou o primeiro encontro sobre consumo de medicamentos na Noruega. O encontro deixou
evidente a necessidade do desenvolvimento de um método aplicável internacionalmente para realização dos estudos de utilização de medicamentos.
A partir desta iniciativa, foram desenvolvidos o sistema de Classificação Anatômica Terapêutica Química (ATC) e a unidade de medida “Dose Diária
Definida” (DDD), utilizados até os dias atuais.
Desde 1982, o sistema ATC/DDD é desenvolvido e atualizado pelo WHO Collaborating Centre for Drug Statistics Methodology, sediado no Instituto de
Saúde Pública da Noruega. Este grupo conta com o apoio do WHO International Working Group for Drug Statistics Methodology, composto por 12
experts de diferentes países.
Neste vídeo, o especialista mostrará como é feita a busca pela classificação ATC/DDD.
ESTUDOS DE UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS
Em 1977, a OMS definiu os estudos de utilização de medicamentos como sendo “estudos que tratam da comercialização, distribuição, prescrição e
uso de medicamentos na sociedade, com ênfase especial sobre as consequências médicas, sociais e econômicas resultantes” (OMS, 1977).
Em 2008, uma definição mais ampla foi proposta:
“Coleção eclética de métodos descritivos e analíticos para a quantificação, compreensão e avaliação dos processos de prescrição, dispensação e
consumo de medicamentos e para o teste de intervenções que objetivem aumentar a qualidade destes processos” (WETTERMARK et al., 2016).
OBJETIVOS
De acordo com a OMS, o principal objetivo dos estudos de utilização de medicamentos é facilitar o uso racional de medicamentos nas populações.
USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (BRASIL, s.d.):
“Entende-se que há uso racional de medicamento quando pacientes recebem medicamentos para suas condições clínicas em doses adequadas às
suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade.
O uso irracional ou inadequado de medicamentos é um dos maiores problemas em nível mundial. A OMS estima que mais da metade de todos os
medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada, e que metade de todos os pacientes não os utiliza corretamente.”
Os Estudos de Utilização de Medicamentos, bem como a Farmacovigilância, encontram-se no escopo da Farmacoepidemiologia, ciência que engloba
o estudo do uso e dos efeitos dos medicamentosem grandes populações. Deste modo, os estudos de utilização de medicamentos objetivam elucidar
questões como aquelas propostas por Castro et al. (2000):
1. COMO SE DESENVOLVE A TERAPÊUTICA NAS VÁRIAS ESFERAS DA
ASSISTÊNCIA?
2. COMO SE EFETIVA A DEMANDA?
3. HÁ OCORRÊNCIA DE ABUSO, MAU USO, SUBUSO E USO INCORRETO DE
MEDICAMENTOS?
4. HÁ CUMPRIMENTO DOS REGIMES TERAPÊUTICOS?
5. COMO SÃO FEITAS A SELEÇÃO, A PROCURA E A DISTRIBUIÇÃO DOS
MEDICAMENTOS E QUE FATORES INFLUENCIAM NA UTILIZAÇÃO?
6. COMO SE DESENVOLVE O PROCESSO DA PRESCRIÇÃO?
7. QUAIS AS ESTIMATIVAS DE EFETIVIDADE, SEGURANÇA, RAZÃO DE
RISCO/BENEFÍCIO DE DETERMINADO MEDICAMENTO E A PREVALÊNCIA DE EFEITOS
ADVERSOS (HOJE ÁREA TEMÁTICA LIMÍTROFE COM A FARMACOVIGILÂNCIA)?
8. ANÁLISES DE PREÇOS E CUSTOS.
9. DESENVOLVIMENTO E EFETIVAÇÃO DE PROGRAMAS EDUCACIONAIS E
INFORMATIVOS PARA PROMOVER O USO RACIONAL DOS MEDICAMENTOS.
10. LEVANTAMENTO E AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS E
INSTITUCIONAIS RELATIVAS A MEDICAMENTOS.
Conforme podemos observar, os estudos de utilização de medicamentos podem contribuir na elucidação de diversos fatores “não farmacológicos” que
ajudam a determinar o consumo de medicamentos em uma população. Dentre eles, estão as características sociodemográficas e a influência da
medicina tradicional, a vigência de uma relação nacional de medicamentos essenciais, a existência de uma política de genéricos, a estrutura,
organização e o status econômico dos serviços de saúde, as ações de marketing da indústria farmacêutica, a disponibilidade de fontes de informações
confiáveis sobre medicamentos e de protocolos terapêuticos, o arcabouço regulatório vigente, a ocorrência de situações de emergências e catástrofes,
bem como o nível e a dinâmica de acesso a medicamentos resultante da combinação destes e de outros fatores.
No quadro a seguir, temos as áreas exploradas nas pesquisas de utilização de medicamentos seguidas de breve descrição:
Áreas de pesquisa Descrição
Comparação da
utilização de
medicamentos
Compara a utilização de medicamentos entre áreas geográficas, diferentes níveis de complexidade na atenção à
saúde, ao longo de um período (ex. sazonalidade, efeitos de intervenções que promovam o uso racional). A
comparação do uso de medicamentos se relaciona com as teorias de benchmarking.
Políticas de saúde
Concentram-se na forma como os EUM contribuem para moldar as políticas de saúde que tratam de acesso a
medicamentos, precificação, contenção de custos, uso irracional de medicamentos, inovação e prestação de
serviços.
Utilização de
medicamentos em
populações
específicas
Descrevem a utilização de medicamentos em três populações específicas ao longo da vida, da concepção até a
morte. Existe um foco específico na gravidez, infância e nos idosos, uma vez que os medicamentos estão
frequentemente associados a riscos consideráveis e uso inapropriado nestes grupos.
Utilização de
medicamentos em
áreas específicas da
terapêutica
Exemplos: utilização de antibióticos em doenças agudas, de medicamentos para o tratamento de doenças
cardiovasculares e psiquiátricas em doenças crônicas e de medicamentos biológicos como tópicos emergentes
nesta área de pesquisa.
Determinantes do uso
de medicamentos
Descreve as influências-chave na utilização. Alguns exemplos são os sistemas de saúde e as políticas públicas, o
comportamento dos prescritores e as perspectivas e crenças dos pacientes.
Adesão Utilização do medicamento conforme prescrição.
Farmacoepidemiologia Contribuição dos EUM para gestão de risco, Farmacovigilância, Farmacoeconomia e pesquisa de desfechos.
Avaliação e melhoria
da qualidade do uso
de medicamentos
Explora estratégias para avaliação e aprimoramento do uso de medicamentos utilizando indicadores de qualidade.
 Fonte: Adaptado de Wettermark et al. (2016).
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
MODAL
Estudo de Utilização de Medicamentos
BENCHMARKING
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javascript:void(0)
O benchmarking é definido como um processo de avaliação comparativa e identificação de causas de altos níveis de desempenho. No
benchmarking, os resultados de uma empresa são compartilhados, e os elementos de melhores práticas são adotados por outra com o objetivo
de melhorar o seu desempenho.
Existem dois tipos de benchmarking: o interno, que compara diferentes serviços na mesma organização, e o externo, que compara as metas de
desempenho entre diferentes organizações. Um ponto importante no benchmarking é compreender os processos pelos quais o desempenho
pode ser melhorado, e não simplesmente copiar o processo de outra instituição (o que é melhor para uma organização pode ser desastroso para
outra).
A utilização de medicamentos pode ser muito influenciada pelas habilidades dos profissionais em avaliação de tecnologias em saúde e atitudes críticas
em relação às informações científicas da literatura. A falta de adesão às práticas clínicas baseadas em evidência pode resultar em uso irracional,
conforme observado na explosão do uso off-label de medicamentos para os quais não houve demonstração de eficácia para o tratamento da infecção
pelo SARS-CoV-2 durante a pandemia de COVID-19.
 
Autor: Orpheus FX / Fonte: Shutterstock
PRÁTICA BASEADA EM EVIDÊNCIA
OFF-LABEL
De acordo com a Resolução RDC ANVISA nº 406, de 22 de julho de 2020, Artigo 2o, XXXI:
“Uso off-label: compreende o uso intencional em situações divergentes da bula de medicamento registrado na Anvisa, com finalidade terapêutica
e sob prescrição. Pode incluir diferenças na indicação, faixa etária/peso, dose, frequência, apresentação ou via de administração."
“O TERMO MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS (MBE) FOI INTRODUZIDO
NA LITERATURA MUNDIAL DURANTES OS ANOS 1990 POR
PESQUISADORES DA UNIVERSIDADE MACMASTER COM A SEGUINTE
DEFINIÇÃO: ‘UMA ABORDAGEM SISTÊMICA PARA ANALISAR A PESQUISA
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PUBLICADA COMO BASE DA TOMADA DE DECISÃO CLÍNICA’. JÁ EM 1996, O
TERMO GANHOU UMA NOVA DEFINIÇÃO, ATRIBUÍDA POR SACKER ET AL.,
QUE DECLARARAM QUE ‘A MBE É O MAIS CONSCIENCIOSO USO DA
MELHOR EVIDÊNCIA ATUAL DA PESQUISA CLÍNICA NO CUIDADO
INDIVIDUAL AOS PACIENTES’.” (LENZA ET AL., 2013)
Esse termo MBE tem evoluído para o termo “Prática Baseada em Evidência (PBE)”, que reforça a base epidemiológica do conceito e a necessidade de
avaliação crítica para tomada de decisão. A PBE exige que as instituições se comprometam a promover e manter as melhores práticas e fornecer
acesso às bases de dados eletrônicas de MBE. Considerar somente a experiência pessoal resulta na ocorrência de erros sistemáticos e compromete a
implementação e a evolução de políticas de saúde, bem como pode privar o paciente de ter acesso ao tratamento mais eficaz. Quando a experiência
do profissional se conecta com os resultados de pesquisa clínica de qualidade, há mais garantia de obtenção de maior efetividade terapêutica, gestão
racional de recursos e redução de erros nas etapas de assistência farmacêutica.
Os profissionais de saúde precisam compreender a PBE e ter uma postura autorreflexiva sobre a sua prática:
“O QUE É MELHOR FAZER, PARA ESTA PESSOA, NESTE MOMENTO, DADAS
ESTAS CIRCUNSTÂNCIAS?”
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O PROPÓSITO DO SISTEMA ATC/DDD É SERVIR COMO UMA FERRAMENTA DOS ESTUDOS DE UTILIZAÇÃO DE
MEDICAMENTOS. FOI CRIADA APÓS A REALIZAÇÃO DO PRIMEIRO ENCONTRO SOBRE CONSUMO DE
MEDICAMENTOS, NA NORUEGA. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CONTÉM A MOTIVAÇÃO PARA CRIAÇÃO DO
SISTEMA ATC/DDD:
A) Aumentar a capacidade da indústria de interagir com os prescritores através de ações de marketing.
B) Contribuir com o desenvolvimento de novos antibióticos para tratamento de infecções por bactérias resistentes.
C) Criar uma Relação Nacional de Medicamentos Essenciais para países pobres.
D) Estabelecer um método que viabilizasse a comparação da utilização de medicamentos.
2. EM 1977, A OMS DEFINIU OS ESTUDOS DE UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS COMO SENDO “ESTUDOS QUE
TRATAM DA COMERCIALIZAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO,PRESCRIÇÃO E USO DE MEDICAMENTOS NA SOCIEDADE, COM
ÊNFASE ESPECIAL SOBRE AS CONSEQUÊNCIAS MÉDICAS, SOCIAIS E ECONÔMICAS RESULTANTES”.
IDENTIFIQUE, DENTRE AS ALTERNATIVAS ABAIXO, AQUELA QUE CONTÉM O PRINCIPAL OBJETIVO DOS ESTUDOS
DE UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS CONFORME DESCRITO PELA OMS:
A) Aumentar a venda de medicamentos para doenças crônicas.
B) Aumentar a pesquisa na área de produtos naturais.
C) Facilitar o uso racional de medicamentos nas populações.
D) Aumentar a produção pública de medicamentos.
GABARITO
1. O propósito do sistema ATC/DDD é servir como uma ferramenta dos estudos de utilização de medicamentos. Foi criada após a realização
do primeiro encontro sobre consumo de medicamentos, na Noruega. Assinale a alternativa que contém a motivação para criação do Sistema
ATC/DDD:
A alternativa "D " está correta.
 
No encontro organizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1969, ficou evidenciada a necessidade do desenvolvimento de um método
aplicável internacionalmente para realização dos estudos de utilização de medicamentos. A partir desta iniciativa, foram desenvolvidos o sistema de
Classificação Anatômica Terapêutica Química (ATC) e a unidade de medida Dose Diária Definida (DDD).
2. Em 1977, a OMS definiu os estudos de utilização de medicamentos como sendo “estudos que tratam da comercialização, distribuição,
prescrição e uso de medicamentos na sociedade, com ênfase especial sobre as consequências médicas, sociais e econômicas resultantes”.
Identifique, dentre as alternativas abaixo, aquela que contém o principal objetivo dos estudos de utilização de medicamentos conforme
descrito pela OMS:
A alternativa "C " está correta.
 
O principal objetivo dos estudos de utilização de medicamentos, de acordo com a OMS, é facilitar o uso racional de medicamentos nas populações, já
que o uso equivocado é um sério problema no mundo todo.
MÓDULO 2
 Reconhecer o sistema de classificação ATC/DDD e o método de uniformização dos dados nos estudos de utilização de medicamentos
que utilizam este sistema
SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO ATC/DDD E MÉTODO DE
UNIFORMIZAÇÃO DOS DADOS
Vamos retomar a situação-problema da reunião descrita na introdução.
SITUAÇÃO-PROBLEMA HIPOTÉTICA
Mediante o questionamento sobre o consumo excessivo de antibióticos em algumas unidades de terapia intensiva nos hospitais da rede, você deveria,
de imediato, indagar ao infectologista quais são os antibióticos de maior interesse, para que se possa realizar uma análise mais eficiente.
Imagine que a resposta dos infectologistas foi:
- Os principais antibióticos de interesse são aqueles destinados ao tratamento de infecções por bactérias gram-negativas resistentes, especificamente
tigeciclina, meropeném e piperacilina + tazobactam, em unidades de terapia intensiva que atendem pacientes adultos.
Eles acrescentam que, na semana seguinte, em uma nova reunião, você deverá apresentar os dados de consumo consolidados das unidades
requisitadas, a fim de que a equipe possa iniciar a análise e a elaboração de estratégias de intervenção no processo de utilização destes
medicamentos.
A partir dessa situação-problema hipotética, estudaremos como é feita a classificação ATC/DDD e realizaremos um estudo de utilização de
medicamento fazendo uso deste sistema.
A primeira possibilidade seria emitir um relatório de dispensação da farmácia e comparar as quantidades liberadas para cada unidade, como é
mostrado no quadro a seguir.
 RECOMENDAÇÃO
Lembre-se: usaremos estes dados para a exploração da nossa situação-problema.
Quadro 1 - Relatório do consumo anual dos antibióticos solicitados nas UTIs clínicas obtido para o ano de 2019
 Hospital Tipo de UTI (adulto)
Número de frascos-ampolas dispensados no ano de 2019
Tigeciclina 50 mg Meropeném 1 g Piperacilina + tazobactam 4 g + 0,5 g
A Clínica 1.200 4.500 3.675
A Cirúrgica 90 450 788
B Geral 720 4050 5.250
B Cardiointensiva 120 360 1.260
C Ventilatória 2.100 6.750 5.880
C Clínica 780 2.070 4.725
D Clínica 1.380 5.400 5.250
D Neurointensiva 60 1.080 1.575
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Os dados contidos neste relatório levam a uma série de questionamentos:
1. A PARTIR DOS DADOS OBTIDOS NO RELATÓRIO, É POSSÍVEL REALIZAR UMA
COMPARAÇÃO DIRETA DAS INFORMAÇÕES SEM LEVAR EM CONTA AS POSOLOGIAS
E O TEMPO DE TRATAMENTO COM CADA ANTIBIÓTICO?
2. PODEMOS REALIZAR COMPARAÇÕES SEM LEVAR EM CONSIDERAÇÃO A
QUANTIDADE DE PACIENTES QUE FICARAM INTERNADOS NAS UTIS AO LONGO DE
2019?
3. OS PACIENTES DE TODAS AS UTIS APRESENTAVAM OS MESMOS NÍVEIS DE
GRAVIDADE?
4. FINALMENTE: ESTES DADOS SÃO SUFICIENTES PARA INFORMAR QUAIS SÃO AS
UNIDADES QUE NECESSITAM DE UMA INTERVENÇÃO IMEDIATA PARA DIMINUIR A
UTILIZAÇÃO DESTES ANTIBIÓTICOS?
Inicialmente, vamos analisar o seguinte: consumo do antibiótico com a comparação do número de frascos.
POSOLOGIA
Para pacientes adultos de cerca de 70 kg e com função renal preservada, as posologias são:
Piperacilina + tazobactam: 1 frasco, respectivamente, de 4 g + 0,5 g de 6/6h, totalizando 4 frascos por dia.
Meropeném: 1 (ou até 2) frascos de 1 g de 8/8h (Posologia comumente utilizada.) , totalizando 3 ou 6 frascos por dia.
Tigeciclina: 1 frasco de 50 mg de 12/12h, totalizando 2 frascos por dia.

COMPARATIVO
Perceba que a comparação da quantidade de frascos não responde às questões relacionadas ao uso racional. Isso porque a prescrição médica deve
levar em conta a dose diária e o tempo de tratamento com um medicamento. Se os mesmos antibióticos estivessem disponíveis em
apresentações com doses diferentes, isto não mudaria a dose diária nem o tempo de tratamento. Ocorreria somente uma adaptação da
quantidade de unidades farmacêuticas (por exemplo, a posologia de 1 g de 8/8h de meropeném poderia corresponder a 1 frasco de 1 g de 8/8h ou a 2
frascos de 500 mg de 8/8h) no momento da prescrição e/ou da dispensação.
Medicamentos com posologias mais frequentes (por exemplo, de 6/6h) poderiam gerar dados de maior consumo do que medicamentos de posologias
menos frequentes (como exemplo, 1x dia), mas estes dados não correspondem à realidade do uso racional, uma vez que, clinicamente, o que importa
é a dose diária.
Discutiremos, agora, uma sequência de procedimentos que devem ser realizados para obter os dados de consumo com base na dose diária.
Iniciaremos com a identificação do medicamento através da classificação ATC, seguida da determinação da estimativa de dias de tratamento
utilizando-se a DDD e, finalmente, a comparação dos resultados entre diferentes unidades.
Como veremos, este método apresenta limitações, mas é amplamente utilizado nos estudos de utilização de medicamentos por depender somente dos
dados agregados obtidos a partir de relatórios de dispensação (ou venda) das farmácias.
 
Autor: ARMMY PICCA / Fonte: Shutterstock
CLASSIFICAÇÃO ANATÔMICA TERAPÊUTICA QUÍMICA (ATC)
No sistema de classificação ATC, os fármacos são divididos em diferentes grupos de acordo com o órgão ou sistema nos quais eles agem e segundo
suas propriedades químicas, farmacológicas e terapêuticas.
Cada fármaco recebe um código de acordo com sua classificação em cinco níveis. No primeiro, há 14 grupos diferentes que indicam o órgão ou
sistema.

No segundo e terceiro níveis, o fármaco é classificado conforme suas características farmacológicas e terapêuticas.

No quarto nível, há uma especificação adicional relacionada às características farmacológicas, terapêuticas e químicas.

No quinto nível, encontramos o fármaco específico (substância química).
Um fármaco pode receber mais de um código se utilizado com mais de um objetivo terapêutico e/ou em sistemas diferentes. No Brasil, um bom
exemplo da utilização da classificação ATC pode ser observado na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais.
A classificação ATC é constantemente atualizada. Por isso, sempre que ela for necessária para o estudo de utilização de medicamentos, é preciso
consultar a página da OMS que indicamos na preparaçãodo nosso tema.
 ATENÇÃO
A busca deve ser feita pelo nome do fármaco em inglês.
Veja a classificação para os antibióticos que estamos pesquisando.
TIGECICLINA
J – Anti-infecciosos para uso sistêmico (em inglês, ANTIINFECTIVES FOR SYSTEMIC USE)
J01 - Antibacterianos para uso sistêmico (em inglês, ANTIBACTERIALS FOR SYSTEMIC USE)
J01A – Tetraciclinas (em inglês, TETRACYCLINES)
J01AA – Tetraciclinas (em inglês, TETRACYCLINES)
J01AA12 - Tigeciclina (em inglês, TIGECYCLINE)
MEROPENÉM
J - Anti-infecciosos para uso sistêmico
J01 - Antibacterianos para uso sistêmico
J01D - Outros antibióticos beta-lactâmicos (em inglês, OTHER BETA-LACTAM ANTIBACTERIALS)
J01DH - Carbapenêmicos (em inglês, CARBAPENEMS)
J01DH02 - Meropeném
PIPERACILINA + TAZOBACTAM
J – Anti-infecciosos para uso sistêmico
J01 - Antibacterianos para uso sistêmico
J01C - Antibacterianos beta-lactâmicos, penicilinas (em inglês, BETA-LACTAM ANTIBACTERIALS, PENICILLINS)
J0CR - Combinações de penicilinas e/ou inibidores de beta-lactamase (em inglês, COMBINATIONS OF PENICILLINS, INCL. BETA-LACTAMASE
INHIBITORS)
J01CR05 - Piperacilina + tazobactam
Uma vez determinada a ATC, vamos identificar qual é a Dose Diária Definida para cada fármaco.
DOSE DIÁRIA DEFINIDA (DDD)
Trata-se da dose média de manutenção diária para um fármaco utilizado na sua principal indicação em adultos. A DDD é uma unidade de medida que
fornece dados que independem de variáveis como preço, moeda, tamanho de embalagem e quantidade/concentração de fármaco na unidade
farmacêutica.
Ao acessar a classificação ATC, a DDD estará indicada junto à classificação de quinto nível.
ALGUNS CUIDADOS SÃO NECESSÁRIOS AO CONSULTARMOS A DDD DE UM
FÁRMACO. SÃO ELES: 
 
- EM ALGUNS CASOS, COMO EM DETERMINADAS ASSOCIAÇÕES, A DDD
PODE ESTAR DESCRITA EM UMA LISTA SEPARADA, MAS ESTE NÃO É O
CASO DOS ANTIBIÓTICOS QUE ESTAMOS CONSIDERANDO AQUI. 
 
- É IMPORTANTE DESTACAR QUE, DEPENDENDO DA VIA DE
ADMINISTRAÇÃO, A DDD PODE VARIAR. COMO A CLASSIFICAÇÃO É
SEMPRE REVISADA, É IMPORTANTE APONTAR O ANO DA CONSULTA AO
SISTEMA AO SE REALIZAR UM ESTUDO. 
 
- NO BRASIL, A NOTIFICAÇÃO DO CONSUMO DE ANTIMICROBIANOS, QUE É
OBRIGATÓRIA PARA TODOS OS HOSPITAIS COM LEITOS DE UTI ADULTO
DO BRASIL, É REALIZADA UTILIZANDO-SE A DDD. 
 
- INÚMEROS ESTUDOS DE UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS TAMBÉM
UTILIZAM A DDD PARA ESTIMAR A QUANTIDADE DE DIAS DE TRATAMENTO
A PARTIR DE DADOS AGREGADOS DE CONSUMO EM DIVERSOS CENÁRIOS,
COMO, POR EXEMPLO, CIDADES, ESTADOS, PAÍSES, HOSPITAIS, DENTRE
OUTROS.
Para os antibióticos relacionados na situação-problema, segundo dados da OMS, verificamos que as DDD que estamos analisando são:
TIGECICLINA
MEROPENÉM
javascript:void(0)
javascript:void(0)
PIPERACILINA + TAZOBACTAM
 ATENÇÃO
Repare que a DDD é uma estimativa da quantidade em gramas do fármaco que é utilizada em um dia de tratamento. Deste modo, se
transformarmos os dados de quantidade de frascos em número de DDD, teremos informações mais exatas sobre o uso desses antibióticos nas UTIs, o
que nos possibilita avaliar se este uso está sendo excessivo ou não. Para tal, é preciso determinar a quantidade em gramas do fármaco que foi
utilizada no período e dividi-la pelo valor da DDD.
Na UTI clínica do hospital A, por exemplo, observamos que o consumo foi de 4.500 frascos de meropeném em um ano. Como cada frasco tem 1 g, o
consumo de meropeném no período foi de 4.500 g. Como a DDD para o meropeném é de 3 g, o número de DDD é igual a 4.500 g/3 g: 1.500 DDD.
Isto significa que há uma estimativa de que, neste CTI, foram realizados 1.500 dias de tratamento com este antibiótico.
É importante deixar claro que se trata apenas de uma estimativa, pois alguns pacientes podem ter precisado de doses maiores (por exemplo, 6 g/dia)
ou menores (por exemplo, insuficiência renal). O uso de maiores doses em gramas dos antimicrobianos para tratamento de infecções mais graves em
pacientes obesos ou com infecção no sistema nervoso central pode superestimar o número de DDD. Já doses menores, como aquelas ajustadas para
a função renal, podem gerar resultados subestimados de número de DDD.
 
Autor: skvalval / Fonte: Shutterstock
DESTE MODO, É PRECISO CONSIDERAR QUE A DDD É MAIS ÚTIL PARA
FÁRMACOS DE USO CRÔNICO, NOS QUAIS O VALOR DA DDD COINCIDE
COM A DOSE MÉDIA, OU PARA QUANDO AS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS E
AS POSOLOGIAS NÃO VARIAM MUITO.
Para se ter o dado exato do número de dias tratamento ou das doses que de fato foram prescritas e/ou administradas, seria necessário ter acesso às
prescrições médicas, e não somente ao relatório de dispensação da farmácia. Como muitas instituições de saúde não dispõem de sistemas de
informação que permitam a extração destes dados e emissão de relatórios, o consumo baseado na DDD é muito utilizado, pois pode ser calculado a
partir dos dados de dispensação da farmácia.
Vamos, agora, normalizar este resultado a fim de viabilizar comparações. Para este ajuste, podemos utilizar, dentre outras, uma medida denominada
paciente-dia.
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PACIENTE-DIA
Unidade de medida que representa a assistência prestada a um paciente internado durante um dia hospitalar. O número de pacientes-dia
corresponde ao volume de pacientes que estão pernoitando no hospital diariamente; logo, o total será a somatória de pacientes-dia de cada dia
no período considerado.
É importante compreender que o mesmo paciente será contado como paciente-dia a cada vez que pernoitar no hospital.
Suponha que, na UTI do Hospital A, que apresentou o consumo de 1.500 DDD no ano de 2019 e teve um total de 3.000 pacientes-dia neste período, o
consumo anual do meropeném foi de 1.500 DDD para 3.000 pacientes-dia. Para que o resultado possa ser interpretado mais facilmente e utilizado
para comparação com outras unidades ou instituições, o resultado é normalizado para 1.000 pacientes-dia.
Assim, aplicando uma regra de três simples, temos:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Este resultado significa que, a cada dia, 500 doses diárias definidas (DDD) são utilizadas para cada 1.000 pacientes, ou que, a cada dia, 50% dos
pacientes-dia da UTI clínica do Hospital A utilizam meropeném.
Podemos, agora, calcular o resultado para as demais unidades.
 ATENÇÃO
Note que consideraremos 4 g de piperacilina por frasco de piperacilina + tazobactam, uma vez que a DDD de 14 g só leva em conta este componente
da associação.
AGORA, É COM VOCÊ! OBTENHA ESSES DADOS PARA OS OUTROS
ANTIBIÓTICOS RELACIONADOS NO QUADRO 1 APLICANDO A REGRA DE
TRÊS, COMO APRESENTADO PARA O MEROPENÉM.
RESPOSTA
  =  1500 DDDx
3000 pacientes−dia
1000 pacientes−dia
x = 500 DDD/1. 000 pacientes − dia
Número de   pacientes - dia =   DDD1.000
(Número de frascos x Quantidade em gramas por unidade farmacêutica  x
(V alor da DDD x Número de pacientes−dia no período)
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RESPOSTA
Compare os seus resultados com a tabela a seguir, onde os valores já estão convertidos para número de DDD/1.000 pacientes-dia. Repare que,
agora, não é mais necessário especificar a apresentação, pois os valores já foram normalizados.
 Hospital Tipo de UTI (adulto)
Consumo em número de DDD/1.000 pacientes-dia
Tigeciclina Meropeném Piperacilina + tazobactam 
A Clínica 200 500 350
A Cirúrgica 15 50 75
B Geral 120 450 500
B Cardiointensiva 20 40 120
C Ventilatória 350 750 560
C Clínica 130 230 450
D Clínica 230 600 500
D Neurointensiva 10 120 150
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
MODAL
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pariatur amet nulla. Do sit excepteur fugiat deserunt do occaecat ullamco.
Fonte:fonte.com.br
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Fonte: Autora
Vamos analisar os dados da tabela e do quadro. Note que o maior consumo ocorre na Unidade Ventilatória do Hospital C. A seguir, observamos que os
consumos das UTIs clínicas dos Hospitais A e C e daUTI Geral do Hospital B também se destacam. Observe que poderiam ser incluídos nos gráficos
os resultados de outras instituições para comparação, desde que expressos em número de DDD/1.000 pacientes-dia. Uma boa estratégia também
seria elaborar uma curva com o consumo mensal em número de DDD/1.000 pacientes-dia, a fim de analisar mais detalhadamente o consumo das
unidades ao longo do ano.
Infelizmente, o gráfico isolado ainda não é suficiente para responder se ocorre uso irracional de antibióticos, uma vez que os dados da dispensação da
farmácia são agregados e não informam quais UTIs apresentam pacientes mais graves, qual é o perfil de resistência das bactérias de cada unidade,
qual é o nível de adesão das equipes aos protocolos institucionais, se estão sendo realizadas coleta de amostras para cultura e descalonamento para
antibióticos de menor espectro após a obtenção dos resultados de sensibilidade das bactérias, dentre outros.
DESCALONAMENTO
Avaliação das possibilidades de redução do espectro de acordo com os achados microbiológicos.
 EXEMPLO
A Unidade Ventilatória apresenta maior consumo, mas é muito provável que haja pacientes mais graves e/ou infectados por bactérias com maior grau
de resistência internados lá. Deste modo, espera-se que o consumo seja maior. Por outro lado, ainda que o consumo das unidades cardio e
neurointensiva seja relativamente baixo, pode haver uso irracional nestas unidades, uma vez que as patologias tratadas lá geralmente não estão
relacionadas com anibioticoterapia. Perceba que, dependendo da gravidade dos doentes, o consumo pode variar, afinal doentes mais graves tendem a
ser mais expostos a procedimentos invasivos, sofrem maior manipulação pela enfermagem e demais membros da equipe, passam maior tempo
internados, dentre outros fatores.
Para o desfecho da situação-problema que abordamos neste módulo, a sua contribuição enquanto farmacêutico será explicar a metodologia utilizada e
fornecer a análise dos dados obtidos, explicitando as respectivas limitações. Os demais membros da equipe usarão sua expertise e seu conhecimento
dos processos realizados nas unidades para, em conjunto com a farmácia, pactuar estratégias de intervenção. Atualmente, a recomendação da OMS e
da ANVISA é a adoção do gerenciamento de antimicrobianos (Antibiotic Stewardship) pelas instituições.
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Autor: AS photo studio / Fonte: Shutterstock
Assista à apresentação de um exemplo envolvendo cálculo de consumo.
GERENCIAMENTO DE ANTIMICROBIANOS
GERENCIAMENTO DE ANTIMICROBIANOS (ANTIMICROBIAL STEWARDSHIP)
“Conjunto de ações destinadas ao controle do uso de antimicrobianos nos serviços de saúde, englobando desde o diagnóstico, a seleção, a prescrição
e a dispensação adequadas, as boas práticas de diluição, conservação e administração, além da auditoria e do monitoramento das prescrições, da
educação de profissionais e pacientes, do monitoramento do programa até a adoção de medidas intervencionistas, assegurando resultados
terapêuticos ótimos com mínimo risco potencial.
O termo stewardship, sem uma tradução específica, vem sendo introduzido como um conceito da gestão clínica do uso de antimicrobianos, por meio
de uma seleção otimizada da terapia, relacionada com sua duração, dose e via de administração. Prioriza, especialmente, as atividades realizadas por
um time interdisciplinar treinado, motivado, com linguagem comum e com apoio institucional, segundo políticas e objetivos definidos de acordo com
padrões internacionais de segurança do paciente.” (BRASIL, ANVISA, 2017).
 SAIBA MAIS
No caso de estudos de utilização de medicamentos realizados em nível ambulatorial, a forma de calcular o número de DDD é o mesmo, mas o
denominador mais comumente utilizado é o número de habitantes-dia. Por exemplo, se estivéssemos medindo o consumo de antidepressivo fluoxetina
em determinada comunidade da cidade do Rio de Janeiro, poderíamos expressar o resultado em número de DDD do antidepressivo /1.000 habitantes-
dia (número de habitantes da comunidade x 365 dias). Se o resultado fosse 25 DDD/1.000 habitantes-dia, isto significaria que 25 doses diárias de
fluoxetina são utilizadas por dia a cada 1.000 habitantes, ou que, a cada dia, 2,5% da população utiliza fluoxetina.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. VOCÊ É FARMACÊUTICO DE UMA UNIDADE DE SAÚDE E PRECISA CADASTRAR O MEDICAMENTO
ESCITALOPRAM, QUE FOI RECENTEMENTE PADRONIZADO, NO SISTEMA. EM DETERMINADO MOMENTO,
PERCEBE QUE É NECESSÁRIO INSERIR A CLASSIFICAÇÃO ATC EM QUINTO NÍVEL E O VALOR DA DDD PARA
FINALIZAR O CADASTRO. CONSULTE O PORTAL WHOCC INDICADO NA PREPARAÇÃO DO NOSSO TEMA PARA
OBTER A CLASSIFICAÇÃO ATC E A DDD DESTE FÁRMACO E, A SEGUIR, ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CONTÉM
A RESPOSTA CORRETA:
A) N06AB10, 10 mg
B) N06A, 10 mg
C) N06AB04, 20 mg
D) N06AB04, 10 mg
2. SÃO 18H30 DE UMA SEXTA-FEIRA. VOCÊ ESTÁ FINALIZANDO O SEU PLANTÃO, QUANDO RECEBE UM
TELEFONEMA DO INFECTOLOGISTA COORDENADOR DO SERVIÇO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR DO
SEU HOSPITAL, PEDINDO O CONSUMO DO ANTIBIÓTICO LINEZOLIDA INJETÁVEL NO MÊS DE AGOSTO EM
DDD/1.000 PACIENTES-DIA. ELE DIZ QUE É URGENTE E INFORMA QUE O NÚMERO DE PACIENTES-DIA NO
PERÍODO FOI DE 2.545. AO EMITIR O RELATÓRIO DE CONSUMO, VOCÊ OBTÉM O DADO DE QUE FORAM
CONSUMIDAS 850 BOLSAS DE 300 ML (20 MG/ML, TOTAL DE 600 MG POR BOLSA). CONSIDERANDO QUE A DDD
PARA LINEZOLIDA É DE 1,2 G, ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CONTÉM O DADO DE CONSUMO CORRETO A SER
PASSADO PARA O INFECTOLOGISTA EM NÚMERO DE DDD/1.000 PACIENTES-DIA:
A) 2.545
B) 500
C) 167
D) 5.566
GABARITO
1. Você é farmacêutico de uma unidade de saúde e precisa cadastrar o medicamento escitalopram, que foi recentemente padronizado, no
sistema. Em determinado momento, percebe que é necessário inserir a classificação ATC em quinto nível e o valor da DDD para finalizar o
cadastro. Consulte o portal WHOCC indicado na preparação do nosso tema para obter a classificação ATC e a DDD deste fármaco e, a
seguir, assinale a alternativa que contém a resposta correta:
A alternativa "A " está correta.
 
O site permite verificar a classificação ATC dos fármacos do primeiro nível ao quinto. O fármaco deve ser procurado pelo seu nome em inglês
(Denominação Comum Internacional, DCI); neste caso, escitalopraam. A classificação de quinto nível corresponde àquela que é específica do
fármaco. No local no qual se encontra a classificação em quinto nível, também está especificada a DDD para o fármaco.
2. São 18h30 de uma sexta-feira. Você está finalizando o seu plantão, quando recebe um telefonema do infectologista coordenador do
Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do seu hospital, pedindo o consumo do antibiótico linezolida injetável no mês de agosto em
DDD/1.000 pacientes-dia. Ele diz que é urgente e informa que o número de pacientes-dia no período foi de 2.545. Ao emitir o relatório de
consumo, você obtém o dado de que foram consumidas 850 bolsas de 300 mL (20 mg/mL, total de 600 mg por bolsa). Considerando que a
DDD para linezolida é de 1,2 g, assinale a alternativa que contém o dado de consumo correto a ser passado para o infectologista em número
de DDD/1.000 pacientes-dia:
A alternativa "C " está correta.
 
O primeiro passo é determinar o consumo total da linezolida em gramas. Para tal, multiplicamos o número de bolsas consumidas no período pela
quantidade em gramas de cada bolsa (600 mg = 0,6 g): 850x 0,6 g = 510 g
A seguir, devemos determinar o número de DDD no período. Isto deve ser feito dividindo-se o consumo em gramas pelo valor da DDD em gramas
obtido através de pesquisa na página WHOCC: 510 g / 1,2 g = 425 g
Finalmente, devemos calcular o consumo para 1.000 pacientes-dia:
425 g -- 2.545 pacientes-dia
x -- 1.000 pacientes-dia
x = 167 DDD/1.000 pacientes-dia
A fórmula consolidada também poderia ser utilizada:
Número de DDD/1.000 pacientes-dia =
Número de frascos x Quantidade em gramas por unidade farmacêutica x 1.000
 Valor da DDD x Número de pacientes-dia no período
MÓDULO 3
 Identificaroutras métricas usadas nos estudos de utilização de medicamentos e exemplos de estudos de utilização de medicamento
MÉTRICAS NO ESTUDO DE UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS
Conforme discutido anteriormente, a utilização da Dose Diária Definida apresenta as seguintes limitações:
1
2
3
3
1
Considera apenas uma dose média para os cálculos, que nem sempre coincide com a dose diária prescrita (PDD) ou recomendada (RDD) para o
paciente específico.
Número  de   DDD /1. 000 pacientes − dia   =     =  167 850 x 0,6 x 1.000
1,2 x 2.545
2
Não leva em conta as variações individuais dos pacientes (por exemplo, peso, tipo e gravidade da doença, redução da função renal, tempo de
internação, comorbidades, presença de dispositivos invasivos etc.).
3
Não permite considerar a vantajosidade das terapias combinadas em contextos específicos.
4
Não se aplica à pediatria, pois as doses individuais variam de acordo com o peso da criança.
Outras métricas já foram desenvolvidas com o objetivo de otimizar a aferição do consumo de medicamentos, especialmente de antimicrobianos.
DOT (DIAS DE TERAPIA)
A utilização de DOT (Dias de Terapia) é recomendada pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC), nos Estados Unidos. Qualquer dose
de um antimicrobiano recebida durante um período de 24 horas representa 1 DOT.
 EXEMPLO
Em um tratamento com esquema combinado de três antimicrobianos por 10 dias, seriam contados 30 DOTs, 10 DOTs para cada antimicrobiano. Esta
métrica já é muito utilizada em pediatria e vem substituindo o uso da DDD em diversas instituições.
 COMENTÁRIO
Voltemos à UTI clínica do Hospital A (Quadro 1). Agora, imagine que os médicos desta UTI utilizem 6 g por dia de meropeném (e não 3 g por dia, que
corresponde ao valor da DDD). Neste caso, o consumo baseado na DDD estaria superestimado, pois, para um dia de tratamento, foram usados 6
frascos de 1 g, e não 3.
MODAL
Relatório do consumo anual dos antibióticos solicitados nas UTIs clínicas, obtido para o anos de 2019
Com a métrica DOT, é possível verificar diretamente a ocorrência de um dia de tratamento, independentemente da dose. Neste caso, poderíamos
inferir que, se TODOS os pacientes da UTI clínica do hospital A que utilizaram meropeném ao longo de 2019 receberam 6 g/ dia, o consumo real de
meropeném nesta UTI seria então de 250 DOT/1.000 pacientes-dia, o que significa que 25% (e não os 50% estimados com o uso da DDD) dos
pacientes recebem meropeném a cada dia.
Veja o cálculo:
CÁLCULO DO DOT
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Repare, no entanto, que, no “mundo real”, teremos diferentes doses diárias sendo prescritas, pois o meropeném pode ser utilizado para o tratamento
de diversas infecções em diferentes contextos clínicos.
LOT (DURAÇÃO DA TERAPIA)
O número de dias em que o paciente recebe agentes antimicrobianos sistêmicos, independentemente do número de fármacos, corresponde
à LOT. Ao contrário do DOT, a LOT não pode ser usada para comparar o uso de medicamentos específicos, mas fornece uma avaliação mais acurada
da duração da terapia antibacteriana que está sendo praticada. Também pode ser normalizada através da utilização de denominadores, como 1.000
pacientes-dia. Por exemplo, no tratamento com esquema combinado de três antimicrobianos por 10 dias, seriam contados 10 LOT.
1  DOT   =  1  dia   de   tratamento
1  dia   de   tratamento   =  6  g  de  meropeném 
Total   de  meropeném  consumido  (tabela  1,  módulo 2 ):  4. 500  g
4. 500  g/6  g  =  750  DOT
Como  o número  de  pacientes − dia   para   esta   UTI  é  de  3. 000:
750 DOT   − − 3000 pacientes − dia
x               − − 1000 pacientes − dia
=750  DOT  x
3000 pacientes−dia
1000 pacientes−dia
x  =  250  DOT  (metade   de  500,   valor   estimado   com  a utilização  da   DDD).
APLICAÇÃO DE ESTUDOS DE UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS
Existem diversos métodos disponíveis para a realização de estudos de utilização de medicamentos. A escolha do método depende muito da pergunta
de pesquisa, mas também deve considerar questões éticas e de natureza prática, como tipos de dados disponíveis, orçamento e habilidades de quem
conduzirá a pesquisa.
Veremos alguns exemplos desses estudos. A leitura destes artigos indicados no Explore + é altamente recomendada, mas, agora, nós nos deteremos
a analisar apenas alguns pontos.
 
Autor: Gorodenkoff / Fonte: Shutterstock
Conheça cada exemplo.
EXEMPLO 1: (ZORZANELLI ET AL., 2019)
Neste estudo, o consumo do benzodiazepínico clonazepam no Estado do Rio de Janeiro foi estimado para o período de 2009 a 2013 utilizando-se a
Dose Diária Definida. Os dados foram obtidos a partir do Sistema de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC/Anvisa) e convertidos em
número de DDD/1.000 habitantes-dia.
A tabela a seguir do artigo traz, dentre outros, os seguintes dados:
Ano
Número de DDD/1.000 habitantes-dia
Considerando a DDD de 8 mg Considerando a dose diária como sendo de 1 mg*
2009 0,85 2,77
2010 0,58 4,64
2011 0,81 6,5
2012 1,21 9,68
2013 1,97 15,73
 *A DDD fornecida pela OMS é de 8 mg. No entanto, também se utilizou na fórmula a dose diária de 1 mg, em vez de 8 mg, uma vez que esta última é a dose indicada para
tratamento como anticonvulsivante, sendo 1 mg o valor aproximado para o uso como hipnosedativo.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Os autores observaram um aumento do consumo de clonazepam no Estado do Rio de Janeiro entre 2009 e 2013. O número de Doses Diárias
Definidas (DDD) aumentou, no período, de 0,35 para 1,97 DDD por ano, por 1.000 habitantes-dia. Quando se considera a dose diária de 1mg (valor
aproximado para uso como hipnosedativo), os valores sobem de 2,77 para 15,73 DDD por ano, por 1.000 habitantes-dia. 
O crescimento do consumo foi considerado real e independente da incorporação de novas farmácias e drogarias ao Sistema Nacional de
Gerenciamento de Produtos Controlados – SNGPC (o que poderia contribuir para o aumento da detecção das prescrições pelo estudo), mesmo
aquelas que se somaram com a entrada dos antimicrobianos no Sistema, criado em meados de 2011.
EXEMPLO 2: (LIRA ET AL., 2014)
Conforme discutido anteriormente, os estudos de utilização de medicamentos podem contribuir para a elucidação de diversos fatores “não
farmacológicos” que ajudam a determinar o consumo de medicamentos em uma população. Dentre eles, estão as características sociodemográficas, a
existência de uma política de genéricos, bem como o nível e a dinâmica de acesso a medicamentos resultante da combinação destes e de outros
fatores.
Neste contexto, esse estudo avaliou o nível de conhecimento, as percepções e o perfil de utilização dos medicamentos genéricos entre leigos. Os
dados foram obtidos a partir da aplicação de um questionário com 278 voluntários, sendo 180 mulheres e 98 homens, com idade de 37,1 ± 15,8 anos.
Os voluntários, oriundos de municípios brasileiros, foram recrutados por meio de contato direto em locais públicos, tais como vias públicas e centros
comerciais.
Tabela – Caracterização da amostra (n = 278)
Renda familiar (salário
mínimo)
n (%)
Classe
socioeconômica*
n (%) Escolaridade n (%)
Até 1 10 (3,6) E 0 (0,0)
Ensino Fundamental
incompleto
22 (7,9)
1-2 35 (12,6) D 6 (2,2)
Ensino Fundamental
completo
10 (3,6)
2-3 43 (15,5) C2 28 (10,1) Ensino Médio incompleto 24 (8,6)
3-4 63 (22,7) C1 60 (21,6) Ensino Médio completo 88 (31,7)
4-5 51 (18,3) B2 106 (38,1) Ensino Superior incompleto 69 (24,8)
5-10 49 (17,6) B1 55 (19,8) Ensino Superior completo; 35 (12,6)
10-15 9 (3,2) A2 21 (7,6) Pós-Graduação incompleta 5 (1,8)
15-20 18 (6,5) A1 2 (0,7) Pós-Graduação completa 25 (9,0)
 Fonte: LIRA et al., 2014.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Os autores descrevem que 277 entrevistados (99,6%) já tinham ouvido falar dos genéricos. Destes, 219 (78,8%) relataram ter recebido informações
em relação aos genéricos. Quanto ao uso, 225 (81%) informaram queutilizam ou já utilizaram os genéricos.
Sobre as características dos genéricos, 220 (79,1%) afirmaram ter confiança em sua eficácia, 208 (74,8%) acreditavam que estes tinham efeito igual
ao dos medicamentos de referência, 209 (75,2%) acreditavam que o medicamento genérico possuía uma segurança igual à dos medicamentos de
referência. Por outro lado, 40 (14,4%) achavam que o genérico possui uma qualidade inferior à do medicamento de referência, e 95 (34,2%) não
escolheriam o genérico em detrimento do medicamento de referência.
EXEMPLO 3: (ALVES & MARTINS, 2013)
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javascript:void(0)
javascript:void(0)
O estudo foi realizado na Unidade de Tratamento Intensivo adulto (UTI) de um hospital privado de Porto Alegre, com 22 leitos, com perfil de
atendimento clínico-cirúrgico, durante o período de agosto de 2010 a agosto de 2011. O estudo dividiu-se em dois momentos: inicialmente, buscaram-
se dados de consumo de antimicrobianos de uma amostra de pacientes através de dados dos prontuários, e, posteriormente, buscaram os dados de
consumo de antibacterianos, da mesma população, através de relatórios eletrônicos de dispensação da Farmácia Hospitalar.
Foram inclusos na amostra os pacientes admitidos na unidade nos 15 primeiros dias do mês, durante o período do estudo. Foram excluídos os
pacientes com tempo de internação menor que 24 horas na unidade do estudo. As variáveis em estudo, idade, tempo de permanência na UTI, Apache
II e desfecho, foram coletadas a partir do prontuário eletrônico do paciente. O consumo de antibacterianos foi calculado por meio da Dose Diária
Definida (DDD). Utilizou-se como denominador o número de pacientes-dia proporcional ao período, multiplicando-se o resultado por mil, obtendo-se,
assim, a densidade de consumo por mil pacientes-dia (número de DDD/1000 pacientes-dia).
Tabela – Comparação das Médias de Consumo de Antibacterianos
Antibacteriano Consumo pelos dados da farmácia Consumo pelos dados da amostra Valor de p
Ampicilina/sulbactam 305,0 216,9 0,03794
Ceftriaxone 70,1 11,5 0,00023
Cefepime1 61,9 19,3 0,00537
Ciprofloxacino 35,7 11,1 0,00023
Levofloxacino 72,0 62,1 0,60035
Imipenem 182,2 1,5 1,73656
Meropenem 13,4 86,2 0,00010
Piperacilina/Tazobactam 236,7 139,7 0,00010
Vancomicina 93,6 49,7 0,01273
Oxacilina 69,2 26,4 0,10030
1 Para cefepime utilizou-se Teste de Mann-Whitney, pois o antimicrobiano apresentou distribuição não normal. Para todos os demais, utilizou-se Teste T para amostras não pareadas
 Fonte: ALVES & MARTINS, 2013.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
O estudo encontrou diferenças significativas entre os valores de consumo de antibacterianos obtidos a partir da amostra e da farmácia. Segundo os
autores, alguns motivos podem ter contribuído para a diferença observada nos resultados. Um fator importante é o sistema de dispensação da
farmácia da instituição, que não é por dose unitária, sendo que a maioria das apresentações comerciais não coincide com o tratamento proposto,
gerando desperdício de medicamentos, além de todos os problemas relacionados à preparação deles na própria unidade de internação. Segundo eles,
outro fator que poderia ter ocasionado a divergência de dados seria a metodologia utilizada para monitorização do consumo de antibacterianos, uma
vez que há muitas controvérsias relacionadas ao uso da DDD.
APACHE II
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Apache II é um sistema de classificação de gravidade da doença em pacientes clinicamente enfermos.
MUNICÍPIOS BRASILEIROS
Municípios brasileiros com participação na pesquisa:
São Paulo (SP), com n=124
Jataí (GO), com n=110
Osasco (SP), com n=6
Guarulhos (SP), com n=5
Mairiporã (SP), com n=2
Rio Verde (GO), com n=2
Carapicuíba (SP), com n=1
Diadema (SP), com n=1
Franco da Rocha (SP), com n=1
Itaquaquecetuba (SP), n=1
Mineiros (GO), com n=1
Patos (PB), com n=1
Quirinópolis (GO), com n=1
Rio de Janeiro (RJ), com n=1
Santos (SP), com n=1
Teresina (PI), com n=1
19 não identificaram o município de origem.
INFORMAÇÕES
Estas informações foram obtidas pelos seguintes meios: televisão (49,3%), profissionais médicos (18%), farmácias (por meio do balconista ou
farmacêutico) (39,5%), internet e em artigos de jornais (7,2%), conhecidos ou vizinhos (3,6%), rádio (2,9%), propagandas de rua (1,8%) e outros
profissionais da saúde e nas universidades (0,7%).
SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE PRODUTOS
CONTROLADOS – SNGPC
De acordo com a ANVISA (BRASIL, s. d.):
“O Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC) monitora as movimentações de entrada (compras e
transferências) e saída (vendas, transformações, transferências e perdas) de medicamentos comercializados em farmácias e drogarias
privadas do país, particularmente os medicamentos sujeitos à Portaria 344/1998 (como os entorpecentes e os psicotrópicos).
O monitoramento dos hábitos de prescrição e consumo desses medicamentos no país possibilita contribuir com decisões regulatórias
e ações educativas a serem promovidas pelos entes que compõem o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.”
Assista à abordagem dos cálculos e aplicabilidade das métricas de consumo de medicamento.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AS LIMITAÇÕES OBSERVADAS PARA O USO DA DDD ESTIMULARAM O DESENVOLVIMENTO DE NOVAS
MÉTRICAS. DENTRE ELAS, DESTACA-SE DOT (DIAS DE TERAPIA). ASSINALE A ALTERNATIVA NA QUAL
ENCONTRA-SE DEFINIDA A DIFERENÇA ENTRE DDD E DOT:
A) O valor de DOT varia com a dose diária do medicamento, e o da DDD não varia.
B) Um DOT corresponde a um dia de tratamento, enquanto uma DDD é uma estimativa de um dia de tratamento.
C) A utilização do DOT resulta em uma medida menos acurada dos dias de tratamento do que a utilização da DDD.
D) DOT não deve ser utilizado para aferir o consumo de antibióticos em pediatria porque a DDD fornece resultados mais confiáveis.
2. SE AS MÉTRICAS DIAS DE TERAPIA (DOT) E DURAÇÃO DE TERAPIA (LOT) FOREM UTILIZADAS PARA AFERIR O
CONSUMO DE ANTIBIÓTICOS DE UM PACIENTE QUE UTILIZOU CONCOMITANTEMENTE OS ANTIMICROBIANOS
CEFEPIMA E VANCOMICINA, CADA UM POR 14 DIAS, É CORRETO AFIRMAR QUE ESTE USO CORRESPONDE A:
A) 14 DOT e 14 LOT.
B) 28 DOT e 28 LOT.
C) 28 DOT e 7 LOT.
D) 28 DOT e 14 LOT.
GABARITO
1. As limitações observadas para o uso da DDD estimularam o desenvolvimento de novas métricas. Dentre elas, destaca-se DOT (Dias de
Terapia). Assinale a alternativa na qual encontra-se definida a diferença entre DDD e DOT:
A alternativa "B " está correta.
 
Conforme apresentado no item DOT (Dias de Terapia), com a métrica DOT, é possível aferir diretamente a ocorrência de um dia de
tratamento, independentemente da dose. No caso da DDD, se a dose diária utilizada pelo paciente (Dose Diária Prescrita – PDD) for distinta
da DDD, o resultado da divisão de uma pela outra será diferente de um, gerando um resultado superior ou inferior à realidade. O exemplo
ilustrado no tópico mostra que, se a dose diária de meropeném for de 6 g, e não de 3 g (valor da DDD), teremos 2 DDD administradas em um
dia de tratamento, e a estimativa de consumo será de dois dias de tratamento, quando na realidade só há um dia.
2. Se as métricas Dias de Terapia (DOT) e Duração de Terapia (LOT) forem utilizadas para aferir o consumo de antibióticos de um paciente
que utilizou concomitantemente os antimicrobianos cefepima e vancomicina, cada um por 14 dias, é correto afirmar que este uso
corresponde a:
A alternativa "D " está correta.
 
Conforme descrito nos itens DOT (Dias de Terapia) e LOT (Duração da Terapia), cada dia de tratamento com determinado antibiótico utilizado
corresponde a 1 DOT. Deste modo, se o paciente utilizou cefepima por 14 dias (14 DOT) e vancomicina por 14 dias (14 DOT), ele terá
realizado um total de 28 DOT. No caso do cálculo de LOT, o que conta é o tempo de tratamento, independentemente do número de
antibióticos. Neste caso, como o paciente realizou 14 dias de tratamento com a combinação cefepima + vancomicina, teremos 14 LOT.CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudos de utilização de medicamentos, como modalidade de pesquisa e/ou campo de envolvimento profissional, merecem, sem dúvida, o
estímulo dos estabelecimentos de ensino farmacêutico, órgãos de classe, sistemas de saúde e do governo. No campo da gestão, são muitas
as oportunidades para utilização destes estudos. Elas podem estar relacionadas ao gerenciamento da assistência farmacêutica em
instituições privadas e nos diferentes níveis de complexidade do SUS. 
Neste momento, a compreensão do consumo de antimicrobianos (problematizado neste material) é absolutamente fundamental e deve ser
uma habilidade do farmacêutico a fim de que este possa contribuir para o uso racional e controle da resistência de microrganismos aos
medicamentos. Outro ponto que merece ser destacado é o de que há diversos fatores “não farmacológicos” que podem influenciar a
utilização de medicamentos e resultar em uso irracional.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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BRASIL, ANVISA. Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (2016-2020) ANVISA:
Brasília, 2016.
BRASIL. ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 406, de 22 de julho de 2020. Dispõe sobre as Boas Práticas de
Farmacovigilância para Detentores de Registro de Medicamento de uso humano, e dá outras providências. Consultado em meio eletrônico
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ecológico. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, n. 8, p. 3129-3140, 2019.
EXPLORE+
Não deixe de se familiarizar com o site da OMS destinado ao Sistema ATC/DDD, que usamos em nosso estudo. Que tal começar suas
consultas pelo ciprofloxacino (ciprofloxacin), que tem mais de uma classificação?
Pesquise também a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME 2020), que é um excelente exemplo de como a Classificação
ATC pode ser utilizada.
Busque ainda os seguintes artigos:
Per fil do consumo de antimicrobianos em Unidade de Terapia Intensiva: análise e comparação de resultados, de Paola Hoff Alves e
Andreza F. Martins.
Conhecimento, percepções e utilização de medicamentos genéricos: um estudo transversal, de Claudio André Barbosa de Lira et al.
Consumo do benzodiazepínico clonazepam (Rivotril®) no estado do Rio de Janeiro, Brasil, 2009-2013: estudo ecológico, de Rafaela
Teixeira Zorzanelli et al.
CONTEUDISTA
Patricia Helena Castro Nunes
 CURRÍCULO LATTES
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