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SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE VOO (FMS) O Sistema de Gerenciamento de Voo, ou Flight Management System (FMS) é um sistema embarcado multifuncional, responsável pelo gerenciamento da navegação, performance e operações da aeronave a qual ele equipa. Foi desenvolvido para fornecer informações eletrônicas e coordenar o funcionamento de todos os elementos associados ao voo durante todas as fases do mesmo. Podemos encontrar este sistema em aeronaves de transporte de passageiros, bem como em aeronaves executivas, uma vez que estas estão equipadas com o EFIS, que substitui sistemas convencionais encontrados antigamente nas cabines de comando. A denominação do sistema muda de fabricante de aeronave para fabricante de aeronave, a exemplo da Airbus que usa a sigla FMGS – Flight Management and Guidance System, e da Boeing que denomina como FMC – Flight Management Computer. Coordenando os elementos de navegação e performance de voo, ele calcula automaticamente mudanças que ocorrem ao longo da rota. Aeronaves antigas, como o Boeing 737-200, não possui um computador de bordo e todos os cálculos precisavam ser feitos manualmente pelos pilotos, como desvios necessários, impacto da componente de vento nos rumos e proas e marcação cruzada de instrumentos via auxílios-rádio. CONCEITO Como colocado anteriormente, o FMS gerencia navegação, performance e operações da aeronave, fornecendo para a tripulação predições de tempo de voo, distância voada e restante do voo, velocidade, altitudes e perfis de voo econômico. Assim, reduzindo a carga de trabalho na cabine de comando, melhorando a eficiência e eliminando muitas operações que eram necessárias durante o voo e que os pilotos deveriam executar. A operação do FMS se dá da seguinte forma: Durante a preparação do voo, a tripulação usa a unidade de display e controle- MCDU (Multipurpose Control and Display Unit), no caso de um Airbus e o CDU (Control Display Unit) no caso de um Boeing – para inserir a rota pré- programada da origem ao destino. Esta rota inclui todos os procedimentos que serão executados, aerovias que serão utilizadas, waypoints (fixos) que serão cruzados e altitudes que serão mantidas. Todas essas informações são armazenadas no banco de dados do FMS O FMS irá definir um perfil vertical e uma velocidade a ser mantida, levando em consideração solicitações do ATC (dados que os pilotos irão inserir no sistema) e critérios de performance. Figura 5. MCDU do Airbus A320 e CDU do Boeing 777. Por conta da redundância, cada FMC pode executar todas as operações em caso de falha do outro. O sistema registra a posição da aeronave continuamente, usando dados de performance e informações de navegação. Dessa forma, o sistema consegue controlar a aeronave ao longo da rota programada, além de executar mudanças de altitude e velocidade programadas. Os pilotos podem executar as mudanças de altitude e velocidade, além de mudança de proa, através do painel do piloto automático – FCU (Flight Control Unit) no Airbus e MCP (Mode Control Panel) no Boeing. PARTES O FMS é divido em quatro componentes principais, o computador de gerenciamento de voo (FMC – Flight Management Computer), o controle automático de voo ou sistema automático diretor de voo (AFCS – Automatic Flight Control System – AFGS – Automatic Flight Guidance System), o sistema de navegação e o EFIS ou outro sistema de instrumentação eletrônica. O computador de gerenciamento de voo (FMC) utiliza o banco de dados do FMS, possibilitando a pré-programação das rotas dos planos de voo. O banco de dados é atualizado constantemente para evitar erros na programação do plano de voo, bem como problemas com waypoint, em especial com os presentes em cartas de procedimentos (SID, STAR e IAC). A posição da aeronave é constantemente atualizada durante o voo usando as informações do sistema de navegação. A parte visível do FMC são as unidades de controle (Figura 4), que ficam localizadas no painel pedestal, entre os pilotos. O AFCS/AFGS usa informações de sensores de outros sistemas da aeronave e comanda o piloto automático e diretor de voo. Caso o piloto automático esteja ativado, este poderá usar as informações inseridas no FMC, seguindo o plano de voo que foi ativado, ou seguir os inputs dos pilotos no painel de controle do piloto automático (MCP – Mode Control Panel; FCU – Flight Control Unit). O diretor de voo, quando ativo, mostra no PFD o que o piloto “deve fazer” para atingir a atitude de voo desejada. Piloto automático e diretor de voo podem estar acionados ao mesmo tempo, especialmente em procedimento de precisão como ILS CAT II e III, ou separadamente. Por exemplo, durante o voo manual em uma aproximação visual, o diretor de voo estará ativo e o piloto automático desativado. Figura 6. FCU do Airbus A320. Fonte: Pilotstories, 2018. O sistema de navegação calcula continuamente a posição da aeronave usando todos os auxílios disponíveis para o voo. Em uma aeronave como o Airbus A320, este sistema vai contar com IRS (Inertial Reference System), GPS, rádio navegação, (VOR, DME e NDB), além do input do piloto. Em uma aeronave equipada com EFIS, a navegação será mostrada no ND e é possível para o piloto, usando a unidade de controle, checar todos os pontos da rota planejada e visualizar cada um deles no ND. O EFIS é o sistema de instrumentação da aeronave, onde todos os dados inseridos no FMS em forma de plano de voo, dados de performance e parâmetros do voo serão apresentados. Ele compõe o FMS justamente por fornecer uma interface para os dados de navegação, como já mencionado. Figura 7. ND mostrando a rota planejada. Fonte: IVAO [s. d.]. MANUSEIO A programação do FMS tem pequenas variações a depender do equipamento voado (aeronave), pois cada fabricante opta pelo sistema que melhor se adequa ao seu projeto. Neste tópico, utilizaremos a sequência empregada na programação do FMS do Airbus A320 (MCDU). A ordem correta para programação do MCDU é apelidada de D.I.F.S.R.I.P.P. pois segue uma sequência lógica de programação: DATA: Deverá ser observado o modelo da aeronave, tipo de motor e atualização do banco de dados (AIRAC); INIT “A”: Serão inseridos os dados básicos do voo, como origem/destino, Cost Index e alinhamento do inercial; F-PLN: É inserido o plano de voo completo, com SID, STAR, IAC se aplicáveis, e remoção de descontinuidades na rota; SEC F-PLN: Deve ser copiado o plano de voo principal afim de realizar mudanças, se necessário; RAD NAV: Inserir frequências de auxílios-rádio pertinentes ao voo; INIT “B”: Nessa página será inserido o PAZC (Peso Atual Zero Combustível) e o CGPAZC (Centro de Gravidade do Peso Zero Combustível). O peso da aeronave é padrão, variando valores de abastecimento e carga paga, portanto nessa página insere-se o BLOCK FUEL; PERF: Abreviação de “performance”. Serão inseridos dados de performance de decolagem e subida como configuração de flaps e altitude de transição; PROG: Abreviação de “progress”, será observada a precisão do GPS e inserido a pista de decolagem afim de retorno em caso de emergência. O FMC ainda alerta aos pilotos caso haja alguma informação importante calculada por ele. O cálculo de combustível restante e estimados de consumo atualiza-se constantemente, a depender de eventos ocorrendo durante a operação (por exemplo, ventos fortes de proa ou de cauda e desvios de formações meteorológicas). Se o combustível estimado, ao chegar ao destino, ficar perigosamente baixo ou abaixo do mínimo regulamentar, o FMC emite uma mensagem na caixa de escrita.
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