Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ZOOTECNIA E MELHORAMENTO GENÉTICO AULA 1 Prof. Vinicius Donizeti Vieira da Costa 2 CONVERSA INICIAL Nesta etapa, apresentaremos as principais espécies de interesse zootécnico. A zootecnia é a ciência que visa de forma racional aproveitar todo o potencial que os animais possam oferecer, desde fonte nutricional para o ser humano, como fonte econômica com a venda e comercialização dos animais. A produção animal está presente em diversas áreas, mas as principais atividades zootécnicas podem ser observadas na nutrição e alimentação dos animais, genética e melhoramento, reprodução e manejo, inserção de novas tecnologias e gestão para um sistema pecuário mais eficiente, além da presença dos derivados de origem animal. O objetivo principal desta etapa é introduzir quais são as espécies animais mais utilizadas para o interesse zootécnico; apresentar os principais conceitos que estão presentes na produção animal, além da finalidade de utilização de espécies animais, definindo quais são os tipos de sistemas de produção zootécnica. TEMA 1 – INTRODUÇÃO À ZOOTECNIA As pesquisas em melhoramento da produção para fins da criação de animais de consumo foram criadas na França por volta de 1848 no Instituto Versailles; no Brasil, a zootecnia surgiu em meados de 1966, na cidade de Uruguaiana – RS (Carrer, 2017), porém o uso de animais em benefício humano ocorreu desde a Pré-História e foi documentado em pinturas (Figura 1). User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar 3 Figura 1 – Evolução humana e utilização de animais na Pré-História Crédito: Xavier/Adobe Stock; Pascal Rateau/Adobe Stock. A criação de animais deu-se pela necessidade da alimentação humana (Castro; Vasconcelos, 2019). Em função da mudança de hábito alimentar, os seres humanos ficaram cada vez mais próximos dos animais, deixaram de consumir apenas frutos e raízes e passaram a caçar para obter proteína para o consumo. De modo geral, a zootecnia é a ciência que estuda o aperfeiçoamento para produzir em maior quantidade com o menor tempo e custo possíveis. O User Destacar User Destacar 4 conceito apresentado por Emile Baudement mostrava que a exploração dos animais necessitava de condições ideais para sua criação, buscando o aperfeiçoamento do animal, visando uma melhor adaptação econômica com o meio em que é criado, trazendo resultados produtivos como leite, carne, couro, lã, entre outros (Porcher, 2012; Martins, 2017). 1.1 Divisão do estudo da zootecnia O estudo da zootecnia pode ser realizado em duas vertentes: zootecnia geral e zootecnia especial. Quando esses estudos estão relacionados com a adaptação do animal ao meio ambiente, além da nutrição, reprodução, genética, os segmentos de estudo geral constituíram ramos de conhecimentos, tais como melhoramento genético, nutrição, bioclimatologia, forragicultura, entre outros. O estudo da zootecnia especial é a exploração das espécies utilizadas para a produção com retorno econômico, sendo que cada uma delas possui sua própria cultura e peculiaridade (Quadro 1), complementando-se com a zootecnia geral. Quadro 1 – Exemplos de estudo em zootecnia especial Estudo Animais a serem estudados Produção Bovinocultura Bois, vacas, bezerros. Corte e leite Suinocultura Suínos Corte Cunicultura Coelhos Corte/mercado PET Apicultura Abelhas Mel, cera, geleia real entre outros Equinocultura Cavalos, burros, jumentos, mula, égua. Tração/atletas/força de trabalho Avicultura Frangos, galinhas, codornas, entre outros. Corte/postura Carcinicultura Camarão Corte Sericicultura Bicho da seda Fio de seda Estrutiocultura Avestruz Corte/couro Piscicultura Peixes Corte e alevinos Caprinocultura Cabras, bodes, cabritos. Corte/leite Ovinocultura Ovelhas, carneiros, cordeiros. Corte/ lã 5 Bubalinocultura Búfalos Corte/leite Ranicultura Rãs Corte Jacaricultura Jacaré Corte/couro Fonte: Bértoli, 2008. De modo geral, a zootecnia estuda as bases científicas e técnicas sobre as diferentes produções animais, aplicando essas técnicas para cada grupo de diferentes animais, com o objetivo de produção, comercialização e lucratividade (Martins, 2017). TEMA 2 – PILARES DA ZOOTECNIA A produção animal baseia-se prioritariamente em cinco pilares de sustentação: nutrição, sanidade, manejo, genética e ambiência. Somente a melhoria conjunta desses fatores pode conferir maiores índices produtivos e, possivelmente, maior rentabilidade ao sistema produtivo. De nada adianta fornecer alimentos de ótima qualidade aos animais não especializados e acometidos por enfermidades. Cabe aos técnicos orientar os produtores rurais sobre a utilização racional de sua propriedade, respeitando a natureza e explorando ao máximo o potencial genético dos animais. 2.1 Nutrição A prática de garantir alimentação adequada para os animais de produção é fundamental na zootecnia, já que esta é uma necessidade primária dos animais. A adequação nutricional garante ao animal, além do ganho de peso, condicionamento para reprodução e barreira para certas doenças. A alimentação dos animais baseia-se em três aspectos: • Avaliação dos alimentos, conferindo assim seu grau de nutrientes do mesmo; • Necessidades nutritivas dos animais em diferentes estágios de vida; e • Consumo diário (Martins, 2017). O objetivo da nutrição no manejo alimentar dos animais de produção é buscar o aproveitamento dos alimentos que estão disponíveis. Porém, utiliza-se User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar 6 de suplementos em determinadas circunstâncias, em que o alimento disponível não supre a exigência nutricional do animal. Por isso é necessário conhecer as exigências nutricionais das diferentes espécies de animais e também o valor nutricional dos alimentos que estão disponíveis, para assim fornecer uma nutrição adequada, tanto em quantidade como em qualidade durante todo o processo produtivo (Andriguetto, 1990). Isso resulta em melhores índices produtivos, garantindo melhores condições para o animal. 2.2 Sanidade A sanidade é um pilar crucial para a zootecnia, uma vez que animais acometidos com doenças diminuem ou cessam seu potencial produtivo. Assim, no sistema de produção animal, a profilaxia preventiva é recomendada para evitar determinadas doenças que possam vir acometer o plantel em questão (Rolim, 2014). O manejo sanitário preventivo garante a sanidade dos animais de produção, evitando doenças e reduzindo a mortalidade de animais de produção. A prevenção sanitária consiste em vacinar, fornecer medicamentos antiparasitas, além de diagnóstico preventivo de doenças (Ferreira; Pereira, 2017). Conhecer quais os tipos de doenças que podem acometer os animais de produção é essencial para o controle da sanidade (Martins, 2017). Alguns programas de defesa sanitária foram criados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para que as sanidades mais comuns em cada categoria animal sejam controladas ou até mesmo erradicadas. Como prevenção sanitária, destacam-se os Programas Nacionais: Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa; Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal; Controle de Raiva dos Herbívoros; Prevenção e Controle das Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis; Sanidade Avícola; Sanidade dos Animais Aquáticos; Sanidade dos Caprinos e Ovinos; Sanidade Apícola; Sanidade dos Equídeos; Sanidade Saúde; e o Controle de Trânsito e Quarentena Animal (Brasil, 2022). Sistemas de produção animal devem garantir seu controle sanitário, para que o bem-estar dos animais não seja comprometido, influenciando em um User Destacar UserDestacar User Destacar User Destacar 7 sistema produtivo que proporcione ambiente e plantel de animas saudáveis (Soto; Soto, 2021). 2.3 Genética Na zootecnia, o pilar genética está relacionado à escolha da raça ou qual biótipo animal será produzido a partir de cruzamentos, por meio de um método que possa melhorar geneticamente para que a hereditariedade seja cada vez mais produtiva (Salman, 2007). Melhorar geneticamente os animais de produção faz com que os animais alcancem seu potencial produtivo em menor quantidade de tempo e espaço por meio de vários métodos reprodutivos. O melhoramento genético pode ser alcançado usando vários métodos de melhoramento: • Métodos comuns de avaliação subjetiva, embora a tecnologia atualmente opte por sistemas objetivos especiais; • Utilização de cruzamentos ou consanguinidade, que exige conhecimento técnico para a correta aplicação e permite o melhoramento animal de forma a obter o maior rendimento de animais de acordo com o tipo de sistema de produção a ser melhorado (Rolim, 2014). De modo geral, quando se trabalha com adaptação dos animais com o meio ambiente e para que apresentem determinada produção, busca-se contribuir para que os problemas com saúde animal diminuam e os rendimentos produtivos de determinada categoria aumentem. 2.4 Ambiência Segundo Paranhos (2000), o conceito de ambiência está relacionado ao espaço físico e mental em que o animal vive, e neste ambiente o animal está preparado para exercer seu comportamento natural e suas atividades produtivas. Da perspectiva técnica, a ambiência pode ser compreendida como todas as condições e fatores externos que interferem na vida dos seres vivos. Desde meados da década de 90, foi constatado que, em todos os setores de produção animal, nos países tropicais, não seria possível reduzir os custos de produção ou melhorar o desempenho dos animais sem investimentos no ambiente de User Destacar User Destacar 8 criação. Assim, o ambiente tem direta influência no fracasso ou sucesso do empreendimento agrícola, pois todas as categorias de animais necessitam de certo nível de bem-estar e conforto para que possam expressar seu potencial genético e produtivo de forma satisfatória (Abreu; Abreu, 2011). Para que isso ocorra, os alojamentos dos animais devem ter condições de proporcionar um ambiente com conforto sonoro, térmico, sem poluição do ar e com condições sanitárias adequadas, pois o ambiente controlado pode viabilizar as condições para o desenvolvimento mais rápido dos animais e redução dos fatores estressantes, que interferem de forma direta no ganho de peso, bem como na taxa de conversão alimentar e nas taxas de mortalidade (Abreu; Abreu, 2011). 2.5 Manejo/Gestão A gestão ou manejo é definido como a arte e a ciência de conhecer, planejar e dirigir o uso dos recursos disponíveis, com o objetivo de otimizar a produção mantê-la ou aumentá-la ao longo do tempo, sem afetar a produção de recursos naturais (Martins, 2017). O manejo é a aplicação racional dos resultados da pesquisa científica na tecnologia do processo de produção. Portanto, uma boa gestão pressupõe a aplicação do conhecimento técnico. Isso garante uma produção com menor custo devido à maior produtividade alcançada (Rolim, 2014). A gestão é um termo relativamente novo e com alto grau de desenvolvimento tecnológico. O manejo adequado é baseado no sucesso econômico da produção animal. Possíveis falhas no manejo podem resultar em perdas produtivas e consequentemente econômicas que irão influenciar a produção final (Martins, 2017). As instalações que influenciam no manejo dos animais devem permitir alojamento higiênico, confortável e econômico em certos sistemas intensivos, como na produção de aves, suínos e bovinos, por exemplo. Todos os tipos de sistemas de produção (extensivo ou intensivo e suas variantes) devem permitir o maneio correto dos animais, contribuindo para o aumento de renda de um sistema de produção animal (Martins, 2017). User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar 9 TEMA 3 – GRUPAMENTOS ZOOTÉCNICOS Dentre os grupos de animais, encontram-se os animais silvestres, exóticos e domésticos! Você sabe diferenciar esses grupos? Animal silvestre Todo animal que pertence as espécies nativas, migratórias, sendo aquáticas ou terrestres, que vivem naturalmente dentro dos limites do território brasileiro. Figura 2 – Exemplo de animal silvestre – Arara azul Crédito: Jurra8/Adobe Stock. Animal exótico Todo animal que não pertence ao território brasileiro, inclusive as espécies que foram introduzidas pelo ser humano. User Destacar User Destacar 10 Figura 3 – Exemplo de animal exótico – Tigre de Sumatra Crédito: Thorsten Spoertein/Adobe Stock. Animal doméstico Representa todo animal que, por meio de manejo e melhoramento zootécnico, tornou-se doméstico, possuindo características biológicas e comportamentais que dependem do ser humano. Figura 4 – Exemplos de animais domésticos de interesse zootécnico Crédito: Eric Isselée/Adobe Stock. User Destacar 11 De modo geral, os animais são classificados e agrupados de acordo com algumas características comuns, que são importantes para sua identificação. Dentre os grupos classificatórios, destacam-se: 3.1 Indivíduo Esse grupo isola os animais da sua própria espécie e de outras espécies. Um animal nunca é totalmente igual ao outro, exceto no caso de gêmeos idênticos. Cada indivíduo pode ser reconhecido e/ou identificado por sua herança genética e pela forma como se apresenta, ou seja, seu genótipo e fenótipo (Nocholas, 2011; Griffiths et al., 2016). 3.2 Genótipo No animal, é a composição de genes de um indivíduo. Resulta de sua posição genética e das suas potencialidades em termos hereditários, ou seja, são as características herdadas (Nocholas, 2011; Griffiths et al., 2016). 3.3 Fenótipo É a aparência física e externa de um indivíduo; tudo o que pode ser visto ou sentido, representado. É o resultado da interação entre genótipo e do meio ambiente (clima, alimentação) em que vive o indivíduo (Nocholas, 2011; Griffiths et al., 2016). Então: GENÓTIPO = FENÓTIPO + AMBIENTE 3.4 Espécie É um grupo de indivíduos suficientemente diferentes de outros para merecer um nome comum, entendendo-se que terão os seus filhos semelhantes entre si, vindo assim a produzir a existência de indivíduos semelhantes. Exemplo: bovinos (bos taurus) 3.5 Raça A raça é o conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que apresentam origens comuns, porém com características e aptidões diferentes. Exemplo: User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar 12 Bovinos de corte (Nelore, Angus, Limousin) e Bovinos de Leite (Holandês, Girolando, Jersey). 3.6 Variedade A variedade está presente em raças originais, que são mantidas todas as características gerais e comuns do animal, e diferenciando apenas alguns pontos específicos, por exemplo, em animais com ou sem chifre; macho ou fêmea; pelagem lisa ou malhada (Nocholas, 2011; Griffiths et al., 2016). TEMA 4 – UTILIZAÇÃO DOS ANIMAIS DE INTERESSE ZOOTÉCNICO Quando trabalhamos com produção animal, objetivamos criar animais que forneçam produtos que serão utilizados pelo homem e também para outros animais. Estes são os chamados animais de produção. Os bovinos podem ser usados para a produção de leite e/ou carne; para a produção de farinha de ossos; e com o sangue do abate, produz-se farinha de sangue. As aves são utilizadas para a produção de ovos, carne e subprodutos, como farinha de penas, excedente da cama, como fonte de adubo para a terra (Castro; Vasconcelos, 2019). As abelhas, além de serem fonte demel, fornecem também própolis, cera e geleia real. Os ovinos são utilizados para a produção de carne, couro, lã e leite, enquanto os caprinos, para a produção de leite e/ou carne, e os suínos, principalmente para a produção de carne, dentre outros produtos derivados. Os peixes, além de carne, fornecem subprodutos como óleos de vísceras e farinha a partir das espinhas (Castro; Vasconcelos, 2019). Todo aproveitamento econômico que se faça dos animais estará aliado às suas funções. A zootecnia funciona basicamente como uma indústria, na qual o animal é aproveitado como uma máquina viva. De acordo com a eficiência das atividades fisiológicas, os animais domésticos são classificados em funções: 4.1 Crescimento O crescimento é o aumento relativo da massa corporal, como por exemplo: • Crescimento da superfície do corpo: fornece pele; • Crescimento dos pelos: fornece lã; User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar 13 • Crescimento muscular: fornece carne; A definição de crescimento está relacionada com uma determinada fase da vida do animal, peso ao nascer, peso após atingir determinada idade específica, altura em determinada idade e tempo para alcançar peso e altura. Assim, um animal adulto, embora possa engordar, não é considerado em fase de crescimento, pois o crescimento verdadeiro de um animal ocorre nos músculos e ossos (Rolim, 2014). 4.2 Locomoção O ato de locomover-se pode ser definido como a mudança de lugar, ou seja, transportar-se de um local para outro em contínua progressão, partindo de uma postura inicial de equilíbrio. No reino animal, a locomoção pode ocorrer de diferentes formas de acordo com cada espécie: correndo, saltando, rastejando, voando ou nadando (Nascimento, 2017). De fato, todos os animais necessitam locomover-se, mas, para interesse zootécnico, estudos com cavalos utilizados para tração e exercício são mais usuais em termos de locomoção contínua. 4.3 Reprodução A reprodução pode ser definida como a continuação de uma espécie, resultando na expansão do rebanho. O uso de animais de alta qualidade depende principalmente de sua capacidade reprodutiva. Quando falamos de reprodução, falamos também de fertilidade, que é uma forma de mostrar uma boa capacidade reprodutiva. É representado pelo número de animais nascidos em cada estação, a duração entre os nascimentos e o período de serviço (Rolim, 2014). Assim, a reprodução é um grande sistema de produção de diferentes indivíduos que proporciona melhores condições de vida para cada espécie quando o ambiente muda e também possibilita que as espécies evoluam, se adaptem e cada vez mais para sua sobrevivência na terra e se mantenham preparadas (Rolim, 2014). As maneiras pelas quais os organismos se reproduzem são muito diversas. Plantas e animais desenvolveram diversos processos que, na maioria dos casos, facilitam a mistura e a recombinação dos genes dos pais para formar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar 14 os filhos. A maioria dos organismos superiores, como os mamíferos e as aves, desenvolveram aparatos diferentes de acordo com as características e necessidades de machos e fêmeas, mas com muitas partes da mesma função e especificidade (Rolim, 2014). Quando se trata de reprodução, alguns métodos artificiais podem ser utilizados para melhorar a produção animal, proliferando de forma mais eficaz. Segundo Rolim (2014), ao utilizar inseminação artificial, clonagem, manipulação de gametas (in vivo ou in vitro), entre outras técnicas, é gerado um aumento na produção animal, com o controle reprodutivo mais assertivo. 4.4 Lactação O processo de lactação está relacionado à fisiologia dos animais, envolvendo as glândulas mamárias, cujo excedente é o primeiro alimento do filhote ao nascer (Rolim, 2014). Na produção animal, destacam-se para fins de lactação utilizados para produção e consumo: bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos. O processo de gestação é o mesmo das raças não leiteiras, porém com alguns cuidados específicos. Quando os animais lactantes são utilizados na produção, deve-se fornecer um aumento de reserva de energia corporal antes do parto, para garantir que esse animal seja de qualidade produtiva satisfatória. A lactação é um processo que pode causar estresse, principalmente em fêmeas de primeira cria (primíparas), sendo assim, ao final da gestação, recomenda-se que esses animais sejam submetidos às rotinas que encontrarão após o parto, pois o costume pode reduzir o estresse dos animais (Rolim, 2014). A adaptação a lactação é fundamental para evitar possíveis estresses com a nova rotina das fêmeas. Vale lembrar que altos níveis de estresse no período de lactação influenciam na produção de leite: fêmeas mais tranquilas produzem mais leite. Por essa razão, a atenção às lactantes é de extrema importância nessa fase para que a adaptação ocorra da melhor maneira possível (Rolim, 2014). Segundo Rolim (2014), não podemos mencionar lactação para fins produtivos sem recomendar alguns cuidados básicos na ordenha: User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar 15 • Iniciar a ordenha sempre com as fêmeas mais saudáveis e em início de lactação, finalizar a ordenha com as fêmeas em fase final de lactação e que estiverem com tratamento mamário; Esse manejo diminui a contaminação cruzada, garantindo a qualidade do leite. • Acompanhar a situação sanitária dos tetos, e realizar testes de mastite rotineiramente (Contagem de células somáticas, teste da raquete e teste da caneca de fundo preto); Essa prática garante inspeção na qualidade do leite, evitando possíveis contaminações entre leites de vacas sadias e vacas com mastite. • Não interromper a ordenha em hipótese alguma; A prática de manejo contínuo evita a contaminação dos tetos. • Realizar pré-deeping; Esse manejo é a higienização prévia dos tetos do animal, pois além de garantir a saúde do úbere, evita contaminações no leite. • Realizar pós-deeping; O manejo de higienização final da ordenha é fundamental para garantir a saúde do úbere. Nesse caso, é utilizado para o fechamento dos poros dos tetos, para isolar a entrada de bactérias no interior do úbere, pois este fica mais vulnerável e receptivo após a ordenha. Vale destacar que a ordenha é importante para o processo de lactação e saúde dos animais. Deve-se manter o local da ordenha completamente higienizado, evitar barro e esterco, limpar as mãos e equipamentos de ordenha, uma vez que isso diminui os problemas de infecções mamárias e garante qualidade no leite a ser produzido (Rolim, 2014). 4.5 Principais produções de interesse Zootécnico Segundo Castro e Vasconcelos (2019), a criação animal de interesse zootécnico está presente em diversas categorias de animais, porém as principais produções são: bovinos de leite; bovinos de corte; ovinos; caprinos; bubalinos; frangos de corte; aves de postura; suínos; equinos e piscicultura. User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar 16 Figura 5 – Produção de bovinos de leite Crédito: Mulderphoto/Adobe Photo. Figura 6 – Produção de bovinos de corte Crédito: Pulsar Imagens/Adobe Stock. 17 Figura 7 – Produção de ovinos Crédito: Dmitry Pichugin/Adobe Stock. Figura 8 – Produção de caprinos Crédito: Elton Abreu/Adobe Stock. 18 Figura 9 – Produção de bubalinos Crédito: Jnakev/Adobe Stock. Figura 10 – Produção de frangos de corte Crédito: Davit85/Adobe Stock. 19 Figura 11 – Produção de aves de postura Crédito: Cesar Machado/Adobe Stock. Figura 12 – Produção de suínos Crédito: Chayakorn/Adobe Stock. 20 Figura 13 – Produção de equinos Crédito: Goodluz/Adobe Stock. Figura 14 – Piscicultura Crédito:Neenawat555/Adobe Stock. 21 4.6 Classificação das utilidades dos animais Os animais são aproveitados principalmente para: • Produção de alimentos: carnes, vísceras, toucinho, leite e derivados, ovos; • Produção de derivados não comestíveis: ceras, pelos, chifres, peles, penas, adubo; • Alimentos para animais: farinhas de carne, sangue, fígado, ossos; • Trabalho e esportes: animal de carga ou tração, cela; • Elemento científico: cobaias e animais para testes; • Elemento decorativo e de companhia (PETS): sem fins econômicos. TEMA 5 – SISTEMA DE PRODUÇÃO DOS ANIMAIS A produção dos animais com finalidade zootécnica pode ser aplicada de três diferentes maneiras de criação. Essas criações dependem de fatores: qual é o objetivo do que vai se produzir? Qual é a área disponível para a produção? Quais são as condições financeiras e mão de obra disponíveis? Por meio desses fatores é possível classificar qual o sistema de produção está mais adequado para a criação de determinado animal de produção. Os sistemas foram classificados em três: sistema extensivo; sistema semi-intensivo e sistema intensivo (Marion; Segatti, 2012). Apresentaremos a seguir cada um dos sistemas de produção mais aplicados na zootecnia. 5.1 Sistema extensivo Esse sistema é amplamente adotado no Brasil, principalmente em áreas pouco povoadas com grandes extensões de terras e valor abaixo do mercado. Essas terras estão distantes de centros comerciais e possuem escassez de mão de obra qualificada para o trabalho. Nesse sistema, aproveita-se ao máximo dos recursos naturais, e os gastos com as despesas de mão de obra para o trabalho são mínimos. É caracterizado por haver pouco ou nenhum manejo reprodutivo ou sanitário. Nesse sistema não há nenhum manejo nutricional suplementado, e os animais se alimentam de recursos naturais disponíveis. O baixo investimento User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar 22 resulta em lucro a longo prazo, sendo caracterizado como sistema para criações de subsistência (Silva et al., 2013). Figura 15 – Exemplo de sistema extensivo em bovinos Crédito: Andre Nery/Adobe Stock. 5.2 Sistema semi-intensivo Esse sistema é intermediário entre o intensivo e o extensivo, sendo praticado em propriedade de menor tamanho, porém com maior capital e mão de obra. Diferentemente do extensivo, utiliza-se de conhecimentos zootécnicos, e os animais recebem manejo em instalações e suplementação nutricional além da separação por lotes, seja por idade ou por exigência alimentar (Santos et al., 2022). Resumidamente, os sistemas semi-intensivos são aqueles em que os animais são criados soltos com suplementação. Esse sistema é utilizado em maior incidência em pecuária, de corte ou de leite. A suplementação para bovinos de leite é fornecida no momento da ordenha e nos cochos em piquetes na pecuária de corte (Ferreira et al., 2020). A utilização de sistema semi-intensivo na pecuária de corte ocorre na maioria das vezes entre maio e outubro, período mais seco do ano (Ferreira et al., 2020), quando a oferta de forragem diminui de quantidade e qualidade. User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar 23 Todos os sistemas possuem vantagens e desvantagens. O sistema semi- intensivo traz benefícios no aumento produtivo por unidade de área e utiliza de instalações simples, aumentando as tecnologias para aumentar a produtividade. Em contrapartida, esse sistema apresenta grande falta de pastagens de alto valor nutricional. Figura 16 – Exemplo de sistema semi-intensivo em bovinos Crédito: D. Lemoine/Adobe Stock. 5.3 Sistema Intensivo Esse sistema é utilizado principalmente para pequenas propriedades ou onde os custos da terra são elevados. Visa o confinamento dos animais com o objetivo de maximizar o uso do espaço. Nesse caso, o investimento é alto, e altos lucros também são almejados (Pedrosa et al., 2019). Nesse sistema, os conhecimentos zootécnicos são aplicados de maneira mais rigorosa, por exemplo, aumentando o manejo reprodutivo (inseminação artificial), melhorando a genética do rebanho, utilizando-se da nutrição adequada e manejo do controle sanitário e fazendo com que o animal ou lote alcance o objetivo de aumento da produção em menor tempo (Santos; Marion; Segatti, 2009). User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar 24 Resumindo, os sistemas intensivos são aqueles em que se tem um grande número de animais por hectare, em pastagens com alta capacidade de suporte ou em confinamento. Neste caso, por possui maior controle sob os demais sistemas, podem-se criar todos os tipos de criação, tais como aves, suínos, bovinos de corte e leite, ovinos, caprinos, piscicultura, entre outros. Figura 17 – Exemplo de sistema intensivo em bovinos Crédito: Pulsar Imagens/Adobe Stock. FINALIZANDO Nesta etapa, foram abordadas as principais espécies de interesse zootécnico. Primeiramente realizou-se uma breve introdução sobre a zootecnia e sua subdivisão no estudo prático. O estudo da zootecnia abrange cinco pilares principais: nutrição; sanidade; genética; ambiência e manejo/gestão. Os animais são divididos em diferentes grupos e classificados de acordo com uma série de características que os diferencia. Para o interesse zootécnico as espécies são utilizadas de acordo com a sua finalidade produtiva, seja para corte, leite, lã, ovos, entre outros. Os animais possuem funções específicas para determinados fins produtivos. User Destacar 25 A criação de animas de interesse zootécnico está presente em diversos sistemas de criação e utiliza os mais eficazes de acordo com a disponibilidade de determinada área ou região a ser produzida. Como consequência de sistemas mais eficazes, ocorre aumento produtivo, maior rentabilidade de produção, e aumento do lucro desses sistemas produtivos. 26 REFERÊNCIAS ABREU, V. M. N.; ABREU, P. G. A. Os desafios da ambiência sobre os sistemas de aves no Brasil. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 40, p. 1-14, 2011. ANDRIGUETTO, J. M. Nutrição animal: os alimentos. Barueri, SP: NBL Editora, 1990. BÉRTOLI, C. D. Introdução à zootecnia. Camboriú – SC: Instituto Federal Catarinense, 2008. BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Sanidade Animal. Disponível em: <https://www.gov.br/agricultura/pt-br>. Acesso em: 6 dez. 2022. CARRER, C. R. O. A Educação Superior em zootecnia: números e tendências. Zootecnia Brasileira, v. 1, n. 1, p. 14-17, 2017. CASTRO, F. S.; VASCONCELOS, P. R. E. Zootecnia e produção de ruminantes e não ruminantes. Porto Alegre: Sagah, 2019. COSTA, M. J. R. P. Ambiência na produção de bovinos de corte a pasto. In: Anais de Etologia. Agrárias e Meio Ambiente. v. 18, p. 3-15, 2000. FERREIRA, H. C. et al. Desempenho de bezerros de corte de diferentes composições genéticas produtos de rebanho leiteiro. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 6, p. 39893-39908, 2020. FERREIRA, M. B.; PEREIRA, L. C. Conceitos em Sanidade Animal e Epidemiologia. In: GUIDOLIN, D. G. F.; FERREIRA, M. B.; PEREIRA, S. R. (org.) Produção e gestão agroindustrial. 4. ed. Campo Grande – MS: Uniderp, 2017. p.105-121. GRIFFITHS, A. J. et al. Introdução à genética. São Paulo: Grupo Gen, 2016. MARION, J. C.; SEGATTI, S. Contabilidade da pecuária. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2012. MARTINS, J. M. Zootecnia: conceito, definição. Texto de apoio para a Unidade Curricular de Bases Gerais de Zootecnia. Universidade de Évora, 2017. Disponível em: <https://dspace.uevora.pt/rdpc/handle/10174/22023>. Acesso em: 6 dez. 2022. NASCIMENTO, D. S. Desejo e cognição na teoria aristotélica dos movimentos voluntários de locomoção animal. Filosofia Unisinos, v. 18, n. 2, 2017. 27 NOCHOLAS, F W. Introdução àgenética veterinária. São Paulo: Grupo A, 2011. PEDROSA, L. M. H. et al. Financial transition and costs of sustainable agricultural intensification practices on a beef cattle and crop farm in Brazil’s Amazon. Renewable Agriculture and Food Systems, 9 dez. 2019. Dispónível em: <https://en.x-mol.com/paper/article/1260349868329861120>. Acesso em: 6 dez. 2022. PORCHER, J. Zootecnia. Laboreal, v. 8, n. 1, 2012. ROLIM, A. F. M. Produção animal. São Paulo: Saraiva, 2014. SALMAN, A. K. D. Conceitos básicos de genética de populações. Porto Velho: Embrapa, 2007. SANTOS, A. A. P. et al. Análise da rentabilidade do sistema semi-intensivo de engorda de bovinos com semiconfinamento. Research, Society and Development, v. 11, n. 4, p. e10011427128-e10011427128, 2022. SANTOS, G. J.; MARION, J. C.; SEGATTI, S. Administração de custos na agropecuária. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. SILVA, A. P. S. Poeta et al. Ovinocultura do Rio Grande do Sul: descrição do sistema produtivo e dos principais aspectos sanitários e reprodutivos. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 33, p. 1453-1458, 2013. SOTO, G. G.; SOTO, F. R. M. Gestão ambiental aplicada a sanidade suídea. B. APAMVET, p. 17-19, 2021. Conversa inicial FINALIZANDO REFERÊNCIAS sanidade
Compartilhar