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Aula 02 Crises do capitalismo no Brasil

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31/08/2022 17:00 Crises do capitalismo no Brasil
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03461/index.html# 1/48
Crises do capitalismo no Brasil
Prof. Rodrigo Perez
Descrição
A dinâmica do capitalismo: suas crises e reinvenções no Brasil diante dos grandes cenários de crise
mundial.
Propósito
Reconhecer os impactos das crises do capitalismo mundial no Brasil, permitindo a avaliação de como tais
dinâmicas transformaram a economia, a história e as relações internacionais de nosso país.
Objetivos
Módulo 1
Os efeitos da crise do capitalismo de 1929 no Brasil
Identificar os desdobramentos da crise do capitalismo de 1929 no Brasil.
Módulo 2
Os efeitos da crise do capitalismo da década de 1970
B il
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no Brasil
Analisar os desdobramentos da crise do capitalismo da década 1970 no Brasil.
Módulo 3
A crise do capitalismo de 2008
Reconhecer os desdobramentos da crise do capitalismo de 2008 no Brasil.
Introdução
A bibliografia especializada menciona três momentos de crise global que afetaram a acumulação capitalista
no mundo inteiro.
O primeiro momento teve em 1929 seu apogeu, sendo impulsionado pela derrocada do liberalismo
econômico. O segundo se deu no início da década de 1970, quando a disparada dos preços internacionais
do petróleo provocou dificuldades para o sistema internacional capitalista, levando o estado de bem-estar
social ao esgotamento e definindo o neoliberalismo como o modelo hegemônico de gestão da acumulação
capitalista. O terceiro ciclo de crise, por fim, começou em 2008, provocado pela explosão da bolha
imobiliária nos EUA.
Todas essas crises aconteceram em um mundo globalizado no qual as economias nacionais estabelecem
relações de interdependência entre si. Desse modo, o Brasil não ficou indiferente a essas experiências de
crise, respondendo à situação internacional de diferentes formas a depender do contexto político do país.
Nosso objetivo aqui é justamente compreender como se deram os desdobramentos dessas crises globais
do capitalismo no país. Nossa reflexão pretende articular economia, política, teoria social e estratégias
diplomáticas.
O conteúdo está divido em três partes. No primeiro momento, nos debruçaremos sobre a crise de 1929,
tentando entender como o efeito provocado no Brasil foi substituição das importações por uma
industrialização. Em seguida, estudaremos a crise internacional do petróleo nos anos 1970, a qual, no país,
desgastou politicamente a ditadura militar, que chegou a contar com algum prestígio social nos anos do
“milagre econômico”. Por último, trataremos das respostas do governo brasileiro à crise de 2008 que
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colocaram o Brasil entre as nações com os maiores índices de crescimento econômico da época.
1 - Os efeitos da crise do capitalismo de 1929
no Brasil
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os desdobramentos
da crise do capitalismo de 1929 no Brasil.
Consolidação do capitalismo
O capitalismo se consolidou como modo de produção hegemônico no século XIX com a Revolução
Industrial e a afirmação da democracia liberal como regime político dominante na maior parte do mundo
ocidental. De lá para cá, cada vez mais as cidades cresceram em detrimento do campo, havendo um
acentuado processo de urbanização.
A monarquia absolutista foi substituída por governos pautados nas eleições e no princípio da representação
legislativa. Os vínculos tradicionais que sustentavam os privilégios da nobreza sobre o campesinato foram
substituídos pela dominação material da burguesia sobre a massa de trabalhadores urbanos empobrecidos.
O fenômeno da pobreza urbana de massa chamou atenção de muitos intelectuais da época. Podemos
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destacar três deles:
Conde de Saint-Simon (1760-1825)
Karl Marx (1818-1883)
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
Todos esses autores - cada um a seu modo – destacaram a “miséria das multidões nas cidades”, para
utilizar as palavras de Tocqueville, como a grande característica do tipo de sociedade em surgimento. Todos
chamaram a atenção para o potencial de conflito que essa nova organização social carregava.
Exemplo
Milhares de famílias aglomeradas e expostas a jornadas de trabalho que chegavam até 18 horas por dia,
assim como a falta de proteção social para crianças, mulheres e idosos.
Observe a seguir uma imagem que retrata a realidade da época:
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Crianças trabalhando em 1909.
As maiores cidades europeias ainda não contavam com um sistema de tratamento de esgoto ou qualquer
serviço de saúde pública. Além disso, os índices de criminaliade e a violência policial eram altíssimos.
Foi nessa realidade que Marx viveu e escreveu sua interpretação da modernidade burguesa. Para ele, a
constante situação de crise era característica intrínseca do capitalismo, que necessariamente estaria
fundado na exploração e no sofrimento da maioria.
Por mais que o sistema contasse com mecanismos de dissimulação da realidade e mascaramento da
opressão (que Marx e Engels definiram como “ideologia”), crises periódicas eram inevitáveis e a tendência
era a de que elas se tornassem cada vez mais explosivas.
Foi esse diagnóstico que sustentou a previsão de Marx a respeito do fim próximo do capitalismo. Tratando
o desfecho revolucionário como um fator inexorável do processo histórico, o filósofo previa que a
“revolução dos trabalhadores” aconteceria no início do século XX, na Alemanha, país de industrialização
mais avançada na época.
Os parceiros Engels e Marx.
O desenrolar dos acontecimentos mostrou que a previsão de Marx estava parcialmente equivocada, pois ela
não levou em conta a possibilidade de adaptação do capitalismo para atenuar as tensões com aquilo que
posteriormente ficou conhecido como “social-democracia”. Por outro lado, ele acertou ao afirmar que “a
história do capitalismo é a história de suas crises”. Mas pulemos agora para o século XX e para outro
continente:
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Queima de café
Em junho de 1931, o Brasil estava envolvido com os festejos juninos. Getúlio Vargas, que estava em seu
primeiro ano de governo, ordenou a queima de milhares de sacos de café, o qual, na época, era o principal
produto das exportações brasileiros e a grande fonte de receita para a economia nacional.
Redução de estoque
Não era a primeira vez que o governo brasileiro ordenava a queima de café com o objetivo de reduzir os
estoques e de manter o preço do produto no mercado internacional, já que, desde o século XIX, o país
produzia mais café do que o necessário para suprir a demanda internacional.
Exportação
No final do século XIX, o Brasil era responsável por 75% das exportações mundiais do produto. Toda a
economia brasileira girava em torno do café.
Contudo, isso alimentava um círculo vicioso, porque o reinvestimento dos lucros se dava na própria
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cafeicultura, comprometendo a diversificação da economia brasileira. Quando os preços internacionais do
produto estavam em ascensão, o país experimentava altos índices de crescimento, o que se desdobrava em
emprego, renda e consumo.
O problema é que o contrário era igualmente verdadeiro. Quando os preços estavam em tendência de
queda, a economia brasileira entrava em uma situação de colapso, o que naturalmente gerava grandes
desdobramentos políticos.
Em seu trabalho clássico A formação econômica do Brasil, CelsoFurtado demonstra como a agenda
cafeeira conduzia as escolhas macroeconômicas do Estado brasileiro no período.
Durante as primeiras décadas do século XX, todo projeto de desenvolvimento
nacional esteve praticamente limitado às políticas de incentivo à produção
cafeeira, o que se explicava por dois fatores: pelas necessidades práticas do
setor que já dominava a economia nacional e pelo fato de os produtores de
café governarem o país, diretamente ou por meio de seus representantes.
(FURTADO, 1961, p. 32)
Haveria, portanto, a profunda imbricação entre economia e política. O setor economicamente mais forte
produzia lideranças políticas que alimentavam a força desse setor. Tratava-se de um ciclo que, se não
fossem as constantes crises de superprodução de café, parecia tender à eternidade.
A queima de 1931 foi inédita na proporção, o que indica a gravidade da crise que tinha se abatido sobre o
Brasil desde 1929. Analise em seguida qual crise foi essa.
A crise mundial do capitalismo de 1929
A crise mundial de 1929 teve os EUA como epicentro e representou o maior abalo econômico da história do
capitalismo. O dia 24 de outubro se tornou o símbolo dessa experiência de crise, pois foi nesse momento
que a Bolsa de Valores de Nova York quebrou. Com o famoso “crack da Bolsa”, suas operações chegaram a
zero e os papéis perderam completamente seu valor.
Na época, o mundo passava por um momento de realinhamento de forças: com o enfraquecimento da
Europa, os EUA se transformaram em uma potência global após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A
crise também evidenciou uma das dificuldades do liberalismo político e econômico forjadas no século XIX:
enfrentar os desafios das modernas sociedades industrializadas de massa que se consolidaram no século
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seguinte.
Mas o que provocou essa crise?
Apesar ter entrado para a memória histórica coletiva como uma guerra mundial, a Primeira Guerra Mundial
não foi tão mundial assim. Tratou-se, na verdade, de um conflito que se desenvolveu quase inteiramente em
solo europeu, ainda que seus efeitos tenham sido sentidos no mundo inteiro.

Europa
Até o início da guerra, a Europa era o centro geopolítico e econômico do mundo, sendo responsável
pela maior parte da produção industrial do planeta. O conflito, no entanto, destruiu a infraestrutura
produtiva europeia, deixando sem cobertura uma ávida demanda mundial por produtos
industrializados.

Estados Unidos
Após a guerra, a lacuna europeia foi preenchida pela indústria dos EUA, que já vinha se fortalecendo
desde o final do século XIX. Em pouco tempo, o país norte-americano se tornou o eixo econômico e
político mundial, o que simbolizou uma das mudanças geopolíticas mais importantes da história
moderna.
A influência estadunidense também se manifestou no campo cultural, com o país ditando modas nas artes
e até mesmo no modo de vida. Foi nesse momento que se difundiu pelo mundo o american way of life
(traduzido em português para: estilo de vida americano), baseado na imagem de que a “sociedade ideal”
seria aquela formada por uma classe média numerosa, com grande poder de consumo e organizada
institucionalmente nos moldes da uma democracia liberal. Na foto a seguir, observamos que a propaganda
do estilo de vida americano é contraditória com a realidade da crise de 1929:

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"O melhor padrão de vida do mundo. Não há jeito melhor que o jeito americano". E em frente ao cartaz vemos uma fila de sopa para
desempregados durante a Crise de 1929.
No auge da “década de ouro” da economia norte-americana, entre os anos 1910 e 1920, alguns
especialistas alertavam para a possibilidade de uma crise marcada pela superprodução industrial, como
observaremos a seguir:
John Keynes (1883-1946)
Nos anos 1930, se tornaria um dos economistas mais influentes do mundo.
Henry Ford (1863-1947)
Na época, se destacou como um empresário do setor automotivo.
Analise agora, como Henry Ford e John Keynes, desde o início dos anos 1920, ressaltavam a necessidade
de condicionar a produção industrial a uma demanda real:
Visão de Keynes 
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Keynes dizia que “a euforia produtiva precisa ser compensada com o igual crescimento da demanda,
o que somente é possível de alcançar com o incentivo ao consumo de massa” (KEYNES, 1992, p.
23).
Em um momento de “grande euforia” para as classes produtivas dos EUA, Keynes destacou a
necessidade de incentivos do governo para o estímulo ao consumo de massa, afirmando que a
demanda europeia não seria de longo prazo. Para o economista, um mercado interno de consumo
forte e capaz de absorver a produção industrial doméstica era um requisito básico para a soberania
nacional, uma vez que a demanda internacional poderia ser afetada por diversos motivos, como, por
exemplo, medidas protecionistas dos governos estrangeiros.
Ford também demandava investimento em consumo, especialmente por meio da ampliação do
crédito para as famílias das classes mais baixas, por isso, ele afirmava que “as classes industriais da
América não podem ficar reféns da demanda internacional, sempre suscetível a retrações, a
depender das necessidades políticas dos governos estrangeiros. Cada americano é um consumidor
e como tal deve ser tratado, sendo função do governo criar condições para a efetivação do
consumo.” (FORD, 2003, p. 32)
As advertências de Keynes e Ford, contudo, não foram ouvidas. Temendo uma explosão inflacionária, os
governos estabelecidos na época optaram pelo controle monetário, sobretudo por meio da contenção do
crédito. No entanto, o que era esperado não se concretizou, como podemos analisar:
Expectativa
O temor era de que a expansão de crédito aumentasse a quantidade de dinheiro circulante, provocando
uma inflação e elevando o preço dos produtos e o custo de vida das famílias. A demanda internacional
– sobretudo a europeia – daria conta de absorver a “euforia produtiva” da indústria estadunidense.
Realidade
Visão de Keynes 
Visão de Ford 
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O resultado foi exatamente o contrário: uma explosão deflacionária, com a produção superando em
muito a demanda. Isso provocou uma queda vertiginosa nos preços dos bens industriais, diminuindo o
valor de mercado das empresas do setor que operavam na Bolsa de Valores de Nova York.
A situação se agravou ao longo do ano de 1929, chegando ao momento mais dramático, como já sabemos,
em 24 de abril, dia da paralisação dos trabalhos na Bolsa de Valores. Os EUA eram até então a principal
economia do mundo e o mercado de consumo para muitos países especializados na exportação de
produtos primários, caso do Brasil na época.
Por falar em Brasil, quais foram os efeitos da crise mundial de 1929 na economia
brasileira?
Já apontamos que o efeito imediato da crise foi a histórica queima de café de 1931, a maior que o país já
tinha visto até então.
Os EUA eram o principal consumidor do café brasileiro. Dessa forma, o colapso da economia estadunidense
obviamente impactou as receitas da exportação do produto, colapsando também a economia brasileira. No
entanto, seria equivocado acreditar que os desdobramentos da crise de 1929 no Brasil se resumiram às
queimas de café e ao colapso da economia cafeeira.
Segundo Wilson Cano (2012), a crise precipitou um processo de “reconversão da cadeia produtiva” que já
estava em marcha desde a década de 1910, pois, apesar da hegemonia agroexportadora, o Brasil já contava
com alguma atividade industrial, sobretudo nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Tratou-se, nas
palavras de Cano, da aceleração da transição parao “Brasil moderno”.
O baixo crescimento das exportações na década de 1920, em relação à de
1910, ao manter a produção em níveis altos ali também gerou lucros
suscetíveis de estimular uma expansão da economia, da urbanização e da
indústria. Isso explica, em grande parte, o elevado nível de investimento
industrial no período. O que ocorreu, por outro lado, é que a dinâmica de
crescimento de São Paulo foi muito mais intensa e diversificada do que a do
restante do país, consolidando, a partir daí, uma concentração industrial que só
perderia seu ímpeto a partir da década de 1970.
(CANO, 2012, p. 81)
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O “Brasil moderno” do qual Cano nos fala está fundado na industrialização e na urbanização, o que teria
sido inaugurado ainda na década de 1910. O autor revela, em suma, a existência no país de uma situação
econômica mais complexa que a revelada pela simples imagem de uma economia agroexportadora
supostamente desestabilizada pela crise de 1929, dando origem, somente a partir daí, ao processo de
industrialização em substituição às importações.
A própria dicotomia agroexportação X atividade industrial, segundo Cano, é falsa, porque parte dos lucros
obtidos com a agroexportação eram reinvestida na atividade industrial, o que explica o fato de São Paulo, a
“capital do café”, também ter sido o berço da indústria brasileira. Essa conversão, ainda de acordo com os
estudos de Wilson Cano, já estava em curso desde os anos 1910, pois as elites brasileiras conheciam a
necessidade de diversificar a economia e sabiam que o produto era sensível às flutuações do mercado
internacional.
O que a crise de 1929 teria feito, então, foi a aceleração desse processo, o que se explica inclusive pela
ascensão de novos grupos políticos ao poder não diretamente comprometidos com a pauta da cafeicultura.
Na história da economia brasileira, a década de 1930 foi um momento de consolidação de um projeto
político-econômico, que, a despeito de existir desde o início do século XX, somente se tornaria hegemônico
ao longo dos 1930 e 1940. Foi nesse momento que se formou uma cultura política de gestão da economia
conhecida como nacional-desenvolvimentismo.
Campanha política toma as ruas do Rio de Janeiro em 1929.
O nacional-desenvolvimentismo
O nacional-desenvolvimentismo por
Simonsen e Furtado
Veremos a seguir dois importantes nomes que foram considerados como os pioneiros para o nacional-
desenvolvimentismo brasileiro:
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Roberto Simonsen (1889-1948)
Celso Furtado (1920-2004)
O economista e empresário Roberto Simonsen foi a principal liderança da elite empresarial a compartilhar,
ao longo da década de 1930, uma experiência inédita de planificação estatal com a criação de órgãos.
Listemos três deles:
Conselho Federal de Comércio Exterior.
Conselho Nacional do Petróleo.
Conselho Nacional de Águas e Energia.
Por ter morrido precocemente, em 1948, Simonsen não testemunhou o apogeu do desenvolvimentismo, que
aconteceu nos anos 1950. Entretanto, seu legado certamente foi fundamental nesse processo –
especialmente a defesa do protecionismo e da planificação estatal como vetores da industrialização. Nas
palavras de Simonsen:
O índice de progresso da civilização é o constante aumento de toda sorte de
produtos e serviços. Essa multiplicidade de produtos tem que ser criada pela
indústria. A industrialização de um país como o Brasil é indispensável para que
ele possa atingir um estágio de alta civilização. [...] O desenvolvimento
industrial de um país depende, sobretudo, da instalação de indústria de base,
constituída, principalmente, pela metalurgia de primeira fusão e pela grande
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indústria química.
(SIMONSEN apud BIELSCHOWSKY, 2000, p. 83)
O núcleo duro do pensamento econômico de Simonsen – e do nacional-desenvolvimentismo como um todo
– afirma a importância do Estado como uma potência de indução do desenvolvimento nacional, entendido,
nesse caso, como sinônimo de industrialização.
Já o economista Celso Furtado tem uma obra muito extensa, na qual se destaca o livro Formação
econômica do Brasil, publicado pela primeira vez em 1959.
O ponto básico nessa obra de Furtado é a ideia de que o subdesenvolvimento não corresponde a uma etapa
histórica comum a todos os países, e sim a uma condição específica da periferia do sistema capitalista e a
um resultado histórico da evolução da economia mundial desde a Revolução Industrial.
Valores fundamentais do nacional-
desenvolvimento brasileiro
Segundo Ricardo Bielschowsky, o nacional-desenvolvimento brasileiro teve os seguintes valores
fundamentais:
Gerar a consciência de que é necessário e viável implantar no país um setor industrial
integrado, capaz de produzir internamente os insumos e os bens de capital necessários à
produção de bens finais.
Criar a consciência da necessidade de se instituir mecanismos de centralização de recursos
financeiros capazes de viabilizar a acumulação industrial pretendida.
Paralelamente à formação da ideia de que o Estado é o guardião dos interesses coletivos da
nação e o promotor da unificação nacional, que acompanhou o processo de centralização de
poder pós-1930, a tese de uma intervenção governamental em apoio à iniciativa privada deixa
d if t ã i l d d l i d t i i h i l iti ã t
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Desdobramentos da crise de 1929
Não foram poucos os desdobramentos da crise mundial do capitalismo de 1929 na economia brasileira. O
principal deles foi a reorientação da matriz econômica hegemônica, cujo eixo migrou da agroexportação
para a industrialização.
Certamente, esse processo não foi exatamente inaugurado pela crise, sendo, na verdade, acelerado por ela,
pois as dificuldades geradas tanto para a exportação de café quanto para a importação de produtos
industrializados exigiam soluções mais imediatas.
Tais soluções incluíam o fortalecimento do Estado nacional como um centro planejador e indutor do
desenvolvimento daquilo que já na época ficou conhecido como modelo da “substituição das importações”.
Criava-se, nesse momento, uma cultura política que teria vida longa na história brasileira: o nacional-
desenvolvimentismo.
Em Washington, Celso Furtado aponta o Nordeste brasileiro: novo conceito de subdesenvolvimento para entender a nossa realidade.
Como a história do capitalismo também é a história de suas crises, outras crises mundiais abalariam e
de ser uma manifestação isolada de alguns industriais e ganha mais legitimação entre as
elites empresariais e técnicas do país. Simultaneamente, a ideia de planejamento começa a
se impor como um imperativo diante do quadro de desordem imposto pela crise
internacional, da debilidade da estrutura econômica do país e do próprio empresariado
nacional.
O nacionalismo econômico, até então pouco expressivo no país, ganha uma nova dimensão.
Em primeiro lugar, ocorre o acirramento do sentimento anti-imperialista clássico de defesa
das barreiras alfandegárias e do controle nacional sobre os recursos naturais.
(BIELSCHOWSKY, 2000, p. 250-252).
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impactariam o Brasil. Por isso, no próximo módulo, estudaremos a crise mundial de 1970.
Uma breve história do capitalismo e suas
primeiras crises
Vamos relembrar o que vimos até aqui?  Professor Rodrigo Perez nos ajuda a entender as fases iniciais do
capitalismo e a crise no Brasil
Atividade discursiva
A) A consolidação do nacional-desenvolvimentismo foi um dos principais efeitos da crise mundial do
capitalismo de 1929no Brasil. Discuta a principal característica do nacional-desenvolvimentismo.
B) Já no início dos anos 1920, o economista John Keynes alertava para a possibilidade do colapso da
economia norte-americana. Aponte as advertências feitas por Keynes.
Digite sua resposta aqui
Exibir Solução

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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Consolidando o capitalismo
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
A crise mundial do capitalismo de 1929
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
O nacional-desenvolvimentismo no Brasil
Todos
Módulo 1 - Video
Uma breve história do capitalismo e suas primeiras crises
Módulo 2 - Video
Crise do petróleo e o Brasil
Módulo 3 - Video
A crise de 2008 no Brasil

 Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Das alternativas a seguir, assinale a que define a causa da crise mundial do capitalismo de 1929.
A
A crise foi provocada pela recuperação dos setores produtivos europeus ao longo da
década de 1920, diminuindo a demanda para a indústria dos EUA, o que gerou uma crise
de superprodução.
B
A crise foi provocada pelos investimentos da indústria francesa, que sobreviveu aos
abalos da Primeira Guerra Mundial, conseguindo competir com a indústria estadunidense.
C
A crise foi provocada pelos investimentos da indústria alemã, que sobreviveu aos abalos
da Primeira Guerra Mundial, conseguindo competir com a indústria estadunidense.
D
A crise foi provocada pela expansão do crédito viabilizada pelo governo dos EUA, o que
provocou um cenário inflacionário que aumentou o custo de vida das famílias e a pobreza
da população.
E
A crise foi provocada pela carência de carvão, o qual, na época, era a principal fonte de
energia para a atividade industrial, provocando, com isso, a paralisação da indústria dos
EUA e gerando desemprego.
Parabéns! A alternativa A está correta.
A crise foi provocada por uma retração do consumo internacional provocada pela recuperação da
indústria europeia, gerando, assim, um cenário de superprodução industrial nos EUA.
Questão 2
A crise mundial do capitalismo de 1929 impactou profundamente a economia brasileira. Marque a
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alternativa que elenca tais principais impactos da melhor forma.
A
O principal impacto da crise mundial do capitalismo de 1929 no Brasil foi o fortalecimento
da atividade agroexportadora em virtude da subida dos preços internacionais do café.
B
O principal impacto da crise mundial do capitalismo de 1929 no Brasil foi o fortalecimento
da atividade agroexportadora em virtude da subida dos preços internacionais da
borracha.
C
O principal impacto da crise mundial do capitalismo de 1929 no Brasil foi a intensificação
do processo de industrialização, que estava em marcha desde a década de 1910.
D
O principal impacto da crise mundial do capitalismo de 1929 no Brasil foi o retardamento
do processo de industrialização, que estava em marcha desde a década de 1910.
E
O principal impacto da crise mundial do capitalismo de 1929 no Brasil foi a diversificação
da agroexportação entre o café e a borracha, produtos com alto valor no mercado
internacional da época.
Parabéns! A alternativa C está correta.
A crise mundial do capitalismo de 1929 reforçou a convicção de setores das elites brasileiras a
respeito de necessidade de diversificar a economia com a produção industrial.

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2 - Os efeitos da crise do capitalismo da
década de 1970 no Brasil
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar os desdobramentos da
crise do capitalismo da década de 1970 no Brasil.
A Guerra de Yom Kipur e o choque
internacional do petróleo
Dois episódios marcam o conflito entre judeus e árabes no Oriente Médio. São eles:
Coalizão de estados árabes
Em 6 de outubro de 1973 (feriado de Yom Kipur no calendário religioso judaico), foi formada uma coalizão
de estados árabes liderada por Egito.
Invasão das fronteiras israelenses
A Síria invade as fronteiras com o objetivo de recuperar os territórios tomados pelo país judeu na Guerra dos
Seis Dias, que aconteceu seis anos antes.
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O que nos interessa, porém, é entender como a Guerra de Yom Kipur serviu como um gatilho para despertar
um ciclo de crise global do capitalismo que durou toda a década de 1970, chegando aos anos 1980 com a
afirmação de um novo modelo de gestão do sistema denominado neoliberalismo.
Depois de duas semanas de intensa movimentação militar, com avanços e recuos de ambos os lados, EUA
e URSS, que polarizavam o mundo na dinâmica da Guerra Fria, se envolveram diretamente na guerra. Os
norte-americanos apoiavam Israel; os soviéticos, a coalizão árabe. O conflito, em suma, ganhou outra
proporção.
Com isso, a tensão diplomática precisou ser resolvida com um cessar-fogo negociado pela ONU e instituído
em 25 de outubro de 1973. O fim do conflito foi benéfico para Israel, dando-lhe tempo para se recuperar das
derrotas iniciais, firmar posição e manter as fronteiras desenhadas pela Guerra dos Seis Dias.
Guerra de Yom Kipur: soldados com a bandeira do Egito.
Já a coalização árabe foi derrotada militarmente, embora ela tenha deslocado o conflito para a esfera
comercial. Como os países árabes formavam a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP),
eles usaram o ritmo de produção e exportação do produto para retaliar os EUA e a Europa Ocidental, que
apoiaram Israel na Guerra de Yom Kipur.
Em apenas dois meses, o preço do barril do petróleo aumentou, em média, 230%, deflagrando uma crise
energética que desestabilizou o capitalismo global ao longo das décadas de 1970 e 1980. Mas o significado
desse ciclo de crise é muito mais amplo que um simples colapso energético.
Na verdade, o que estava em jogo era a total mudança na dinâmica do funcionamento do capitalismo
global. Os “anos dourados do capitalismo”, para utilizarmos as palavras de Eric Hobsbawm, estavam
chegando ao fim.
O esgotamento do modelo do estado de
bem-estar social
Como vimos no módulo anterior, a crise do capitalismo de 1929 foi provocada pelo excesso de produção
em um momento de retração da demanda por consumo. Isso foi interpretado por alguns economistas como
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a prova concreta da falência do princípio liberal do laissez faire laissez passer (pode ser traduzido como
“deixe fazer, deixe passar”) que defendia a total desregulamentação da economia, prometendo que o
mercado “naturalmente” saberia equilibrar demanda e oferta.
Essa percepção de falência fortaleceu uma proposta alternativa de gestão do capital que vinha sendo
desenvolvida desde os anos 1920 pelo já mencionado economista estadunidense John Keynes. Observe
agora essa proposta, conhecida como “social-democracia”:
Como observamos, a social-democracia partia do princípio de que o capitalismo seria capaz de reformular a
si próprio, tornando-se menos agressivo e conflituoso. A solução para os problemas gerados por esse
sistema econômico seria, segundo os social-democratas, a reforma, e não a revolução.
A teoria política e econômica de Keynes foi bastante influente no governo de Franklin Delano Roosevelt
(1882-1945), presidente que governou os EUA durante a década de 1930, período noqual os efeitos da crise
Estado como centro planejador
O Estado é defendido como o centro planejador do desenvolvimento econômico, da
promoção da justiça social e da ampliação dos direitos sociais, como alimentação, moradia e
proteção laboral aos trabalhadores.
Taxação progressiva
Os direitos estariam garantidos por intermédio daquilo que alguns economistas chamam de
taxação progressiva da sociedade. Ou seja, as pessoas pagam impostos de acordo com sua
riqueza.
Estado garantidor da equidade social
Os ricos pagam mais e financiam os direitos sociais dos mais pobres, que, por causa disso,
têm de arcar com menos impostos. Dessa forma, o Estado funciona como garantidor da
equidade social.
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de 1929 eram intensos. No governo de Roosevelt, foi idealizado e implementado o famoso New Deal (em
português: novo modelo), um amplo programa de restruturação da economia estadunidense cujo objetivo
era contornar os efeitos da crise.
Presidente Franklin Delano Roosevelt (1882-1945).
O New Deal impactou o mundo no período entreguerras, demonstrando os limites práticos da tese do livre
mercado. Fundamental para o repertório liberal desde o século XVIII, essa tese foi sustentada pelos textos
de Adam Smith (1723-1790) e David Ricardo (1772-1823).
Atenção!
As guerras mundiais e o colapso do sistema capitalista internacional mostraram que, em momentos de
crise aguda, somente o Estado é capaz de promover movimentos anticíclicos e estimular a economia
quando os investidores privados estão assustados e pouco dispostos a correr riscos.
Segundo Pierre Dardot e Christian Laval, foi a “necessidade prática de intervenção do governo que pôs em
crise o liberalismo dogmático, pautado numa ideia de desregulamentação que nunca se consolidou na
prática” (DARDOT; LAVAL, 2016, p. 38).
A cultura do New Deal foi fundamental para a superação da crise catastrófica que se abateu sobre os EUA
entre as décadas de 1930 e 1950. Para o historiador Eric Hobsbawm, esses foram os “anos de ouro” da
história do capitalismo, já que, nessa época, o sistema se desenvolveu e avançou em um cenário de relativa
paz social (pelo menos nos países centrais).
Construção de blocos de concreto em Nova Jersey. O projeto New Deal criou uma cooperativa agroindustrial para trabalhadores.
Porém, a partir do final da década de 1960, ganhavam força os questionamentos ao modelo rooseveltiano
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do Estado provedor. O grande significado da crise do capitalismo dos anos 1970 – deflagrada pela Guerra
do Yom Kipur, reforçamos – foi exatamente este: o colapso da social-democracia e o fortalecimento de um
outro modelo de gestão do capitalismo global também já citado: o neoliberalismo.
As principais características do
neoliberalismo
Como demonstra Jürgen Habermas, as críticas à social-democracia nos EUA tiveram o resultado de
refundar a direita norte-americana, dando início àquilo que o autor chama de “a nova obscuridade”. Além
das críticas à carga tributária necessária para a manutenção do experimento social-democrata, também
ganhou forma um tipo de crítica cultural que explicava o comportamento considerado desregrado da
juventude pelas alegadas comodidades que o “Estado assistencialista” possibilitava. Isso teria dado origem
a uma geração preguiçosa, hedonista e pouco afeita ao trabalho.
Comportamento considerado desregrado da juventude
São exemplos o movimento pelos direitos civis da população negra, o movimento hippie e o festival de
Woodstock, em 1969.
Segundo os neoliberais, a situação de colapso moral que estaria sendo vivenciada nos EUA nas
décadas de 1960 e 1970 se explicava pela inflação de expectativas e reinvindicações impulsionada
pela concorrência entre os partidos, pelas mídias de massa, pelo pluralismo de associações etc.
Essa pressão das expectativas dos cidadãos “explode” em uma ampliação drástica das tarefas
estatais. Os instrumentos de controle da administração se sobrecarregam com isso. A sobrecarga
leva tanto mais às perdas de legitimidade quanto o espaço de ação estatal é estrangulado por
blocos de poder pré-parlamentares, e quando os cidadãos responsabilizam o governo pelas perdas
econômicas perceptíveis. Isso é tanto mais perigoso quanto mais a lealdade da população
depende de compensações materiais.
(HABERMAS, 2015, p. 67)
Foi nesse clima de acirrado conflito e de intensas disputas entre concepções de Estado diametralmente
opostas que as eleições presidenciais de 1980 transcorreram nos EUA. Todo o debate eleitoral, afinal, girou
ao redor do legado do modelo rooseveltiano.
A vitória esmagadora de Ronald Reagan (1911-2004) decretou um novo momento na história dos EUA. A
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política do país agora estava caracterizada por:

Radicalização da perseguição às esquerdas.

Enfraquecimento dos sindicatos.

Desmonte da legislação destinada à proteção social.
Com todo o custo social que tiveram, os governos de Margaret Thatcher (1925-2013) e Reagan
conseguiram diminuir os gastos públicos e garantir um menor rendimento aos setores mais dinâmicos e
poderosos do capitalismo na época, transformando o modelo neoliberal de gestão em um padrão
hegemônico. Coroada pelo Consenso de Washington, em 1989, a força do neoliberalismo parecia
inabalável.
Saiba mais
O “consenso”, como ficou conhecido, foi um fórum internacional comandado pelo Banco Mundial, pelo
Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Departamento de Tesouro dos EUA, que definiram o receituário
neoliberal como o único tecnicamente correto para administrar as economias nacionais. Esse fórum
estabeleceu algumas “regras de ouro” para a boa prática da gestão econômica, como a desregulamentação
dos gastos obrigatórios do Estado, a privatização das empresas públicas e a diminuição da carga tributária.
O principal efeito ideológico do Consenso de Washington foi transformar o que era uma orientação
ideológica em uma obrigação técnica, conseguindo, dessa maneira, pautar o debate econômico mundial. O
Brasil, por sua vez, se viu diretamente afetado pelos seguintes fatores:
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Crise da década de 1970.
Afirmação do neoliberalismo.
Diretrizes do Consenso de Washington.
A hegemonia do neoliberalismo no Brasil
O efeito imediato do ciclo de crises dos anos 1970 no Brasil se manifestou no campo da diplomacia. Como
demonstra Carlos Ribeiro Santana, o colapso energético provocado pelo conflito árabe-israelense de 1973
exigiu a reorientação na estratégia da diplomacia brasileira, porque, diante da alta do preço do petróleo,
estreitar relações comerciais e políticas com o os países da OPEP passou a ser fundamental para evitar a
carestia energética.
Como já apontamos, o processo de industrialização do Brasil se acelerou na década de 1930, chegando ao
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apogeu nos anos 1950 e 1960, o que aumentava a demanda do país por energia, especialmente por
petróleo. Era de se esperar, portanto, que a diplomacia brasileira priorizasse o Oriente Médio e os países da
OPEP.
O grande líder responsável por essa reorientação na política externa brasileira foi o diplomata Mário Gibson
Barbosa, que chefiou o Itamarati durante o governo do ditador Médice, entre 1969 e 1974. A nova estratégia
buscava estabelecer relações bilaterais com os países mais fracos, principalmente os do Oriente Médio. Os
acenos diplomáticos em relação aos países da OPEP não poderiam ser mais amistosos. Segundo Paulo
Vizentini:
A primeira, a partir de 1973, era pautada pelacondenação da expansão
territorial de Israel por meio de conflitos armados com seus vizinhos. A
segunda, após a Guerra do Yom Kipur, dizia respeito ao apoio à criação do
Estado palestino. A nova orientação da diplomacia abandonava a retórica
anterior da política de equidistância entre as partes para assumir caráter de
maior realismo, nacionalismo e pragmatismo, posição condizente com as
transformações do cenário internacional, mormente a crise do petróleo.
(VIZENTINI, 1998, p. 42)
Mas os principais efeitos do ciclo global de crises da década de 1970 se fizeram sentir no Brasil ao longo
dos anos 1990 com o esvaziamento da influência da ideologia do nacional-desenvolvimentismo, o que levou
à profunda reorientação do papel atribuído ao Estado brasileiro na administração do capitalismo nacional:
de gerente do desenvolvimento para a posição de “Estado mínimo”. Tratava-se de um claro reflexo daquilo
que estava acontecendo no mundo desde os anos 1970: o esgotamento da social-democracia e a afirmação
do modelo neoliberal.
Desde a década de 1950, o Brasil e a América latina como um todo respiraram parte da atmosfera social-
democrata (até então hegemônica na Europa). A Comissão Econômica para América Latina e o Caribe
(CEPAL) estimulou ideias políticas e práticas governamentais para fortalecer a presença do Estado como
gestor do capitalismo periférico latino-americano.
No Brasil, o governo de Juscelino Kubistchek (JK), nos anos 1950, foi o que mais implementou os princípios
da CEPAL. A gestão JK definiu que o Estado deveria priorizar o setor industrial nas áreas automobilística e
de eletrodomésticos, além de elaborar novas estratégias para o financiamento da industrialização brasileira,
internacionalizando-a.
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Juscelino Kubitschek (1902-1976).
De acordo com Brum (2003, p. 82), o governo JK ampliou a atividade do Estado na área econômica,
defendendo a entrada de investimentos externos, oferecendo estímulos e facilidades. Estimulava o ingresso
desses investimentos nos setores produtivos de bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos
etc.), atraindo empresas multinacionais. A política econômica de JK estava voltada para a consolidação da
industrialização brasileira. Para tanto, o governo buscava congregar a iniciativa privada aliada ao capital e à
tecnologia externa, com a intervenção do Estado, atuando como planejador, orientando os investimentos.
Essa tendência de protagonismo do Estado como potência indutora do desenvolvimento econômico
nacional se manteve ao longo da década de 1960. Nem mesmo o golpe de 1964, que inaugurou a ditadura
militar, conseguiu romper completamente com essa tendência. Analise a seguir a afirmação de Reis (2014,
p. 23) sobre tal tendência ao decorrer dos anos seguintes com diferentes governantes:
Castelo Branco
O fervor antiestadista foi abandonado. O Estado não definhou, ao contrário, criaram-se novas agências e
modernizaram-se outras. Foi conservada a estrutura sindical corporativista urbana, “cavalo de batalha” em
oposição às denúncias da “herança varguista”, devidamente depurada, assim como os sindicatos rurais, que
continuaram vivos e em franca expansão.
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Arthur da Costa e Silva
O governo ditatorial chefiado pelo general com o apoio das lideranças industriais, sob o comando de Delfim
Neto, novo czar da economia, a “ortodoxia monetarista” seria superada. O Estado não podia ser apenas
guardião dos equilíbrios macroeconômicos, mas devia também ativar-se como agente fundamental do
desenvolvimento.
Emílio Garrastazu Médici
O governo presidido por outro general, fez com que essa tendência fosse consolidada e exacerbada.Esses
foram os tempos mais repressivos do período ditatorial, “os anos de chumbo”. No entanto, também foram
os mais gloriosos da ditadura e os de maior desenvolvimento econômico, “os anos de ouro”.
A cultura do nacional-desenvolvimentismo seria abalada mesmo nos anos 1990 sob as diretrizes do
Consenso de Washington. O início da crise do Estado desenvolvimentista brasileiro, portanto, pode ser
situado na década de 1970.
O preço pago pelo Brasil por sua política desenvolvimentista foi o endividamento
externo, o que acabou comprometendo a capacidade do Estado em continuar
fomentando desenvolvimento econômico. Soma-se a isso o fortalecimento da
agenda neoliberal na década de 1980, fator que obrigou diversos governos latino-
americanos a reduzir drasticamente sua capacidade de investimentos produtivos.
Estava em marcha a consolidação de outro modelo de gestão política do capitalismo. Segundo Batista
(1995, p. 32), as propostas do Consenso [de Washington] foram disseminadas por toda a América Latina e
tornaram-se, por parte dos políticos, empresariado e intelectuais regionais, sinônimo de modernidade.
Houve, assim, a inversão da causa da grave crise econômica que a América Latina enfrentava, ou seja: a alta
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dos preços do petróleo, as altas taxas internacionais de juros e a deterioração dos termos de intercâmbio
eram resultantes de problemas internos (políticas nacionalistas equivocadas, autoritarismo etc.), e não de
fatores externos. Dessa forma, as propostas apresentadas pelo Consenso de Washington eram vistas como
a “solução modernizadora” para o anacronismo de nossas estruturas econômicas e políticas.
Responsável pela tese de que o Estado deveria conter seus gastos, diminuir seu tamanho por meio da
privatização de empresas públicas e interferir o mínimo possível na atividade econômica, essa cultura
político-administrativa conduziu os governos brasileiros ao longo dos anos 1990. No Brasil, portanto, a
década de 1990 cristalizou o momento do desfecho da crise global do capitalismo que havia começado na
Europa nos anos 1970.
Entretanto, tal crise, de forma alguma, foi a última. Como veremos no próximo módulo, o país voltaria a ser
afetado por um ciclo global de crise do capitalismo no século XXI – mais precisamente, a partir de 2008.
Crise do petróleo e o Brasil
Veja a seguir um panorama sobre a crise do petróleo e o Brasil.
Atividade discursiva
A) Entre a social-democracia e o neoliberalismo, existem diferenças drásticas no que se refere ao lugar
atribuído ao Estado na gestão do capitalismo. Desenvolva essa reflexão.
B) O efeito imediato da crise da década de 1970 sobre o Brasil se fez sentir no campo diplomático.
Desenvolva essa reflexão.


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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Choque internacional do petróleo
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Crises do neoliberalismo e o Brasil
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
O colapso do nacional-desenvolvimento no Brasil
Todos

 T d Mód l 1 Mód l 2 Mód l 3 
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Módulo 1 - Video
Uma breve história do capitalismo e suas primeiras crises
Módulo 2 - Video
Crise do petróleo e o Brasil
Módulo 3 - Video
A crise de 2008 no Brasil
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Marque a alternativa que contém o significado do ciclo de crises do capitalismo global ao longo da década
de 1970.
A
O grande significado da crise do capitalismo da década de 1970 foi a percepção da
incapacidade do sistema em competir com o comunismo soviético naquilo que se refere
à inovação tecnológica.
B
O grande significado da crise do capitalismoda década de 1970 foi a percepção da
incapacidade de o sistema gerir os recursos naturais, perdendo para o comunismo
soviético o controle da agenda ambientalista.
C
O grande significado da crise do capitalismo da década de 1970 foi o colapso da social-
democracia e a afirmação da gestão neoliberal, que tensionou as relações sociais nos
países ocidentais.
D
O grande significado da crise do capitalismo da década de 1970 foi o colapso do
neoliberalismo e a afirmação da gestão social-democrata, o que tensionou as relações
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sociais nos países ocidentais.
E
O grande significado da crise do capitalismo da década de 1970 foi o colapso do
capitalismo industrial e a reabilitação das relações mercantis tais como elas existiam no
século XVI.
Parabéns! A alternativa D está correta.
A crise da década de 1970 foi marcada pelo esgotamento da social-democracia e pela afirmação
do neoliberalismo, o que significa uma reorientação drástica do papel atribuído ao Estado na
gestão capitalismo.
Questão 2
Aponte a alternativa que define os efeitos da crise do capitalismo global da década de 1970 no Brasil.
A
O principal efeito no Brasil foi o fortalecimento do ideário nacional-desenvolvimentista,
caracterizado pela centralidade do Estado como potência indutora do desenvolvimento
econômico.
B
O principal efeito no Brasil foi o colapso do ideário nacional-desenvolvimentista e a
afirmação dos valores neoliberais sob as orientações do Consenso de Washington.
C
O principal efeito no Brasil foi o fortalecimento do ideário nacional-desenvolvimentista,
caracterizado pela tese do Estado mínimo.
D
O principal efeito no Brasil foi o fortalecimento do ideário neoliberal, caracterizado pela
centralidade do Estado como potência indutora do desenvolvimento econômico.
E
O principal efeito no Brasil foi o fortalecimento do socialismo, caracterizado pela tese do
Estado mínimo.
Parabéns! A alternativa B está correta.
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3 - A crise do capitalismo de 2008
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os desdobramentos
da crise do capitalismo de 2008 no Brasil.
As causas da crise global do capitalismo de
2008
Em 15 de setembro de 2008, as bolsas de valores de todos os países do mundo acordam assustadas e
nervosas com a notícia do falecimento do banco Lehman Brothers, o mais importante do sistema bancário
estadunidense. O capitalismo mundial novamente estava afundado em uma crise de proporções globais, a
Entre os principais efeitos da crise do capitalismo dos anos 1970 no Brasil, destacam-se o
colapso do ideário nacional-desenvolvimentista e a afirmação do neoliberalismo fundado na tese
do Estado mínimo.

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maior desde 1929, segundo diversos economistas.
Mais uma vez, o epicentro do colapso foram os EUA, embora, dessa vez, os motivos para tal não tivessem
relação com o descompasso entre a produção industrial e a demanda por consumo. Bastante diferentes, as
causas da crise de 2008 traduzem o dinâmica do capitalismo financeiro-especulativo, que é bem distinto do
capitalismo fordista-industrial da primeira metade do século XX.
No capitalismo financeiro, os bancos e as bolsas de valores ocupam o lugar até então ocupado pela
indústria como principal espaço de produção da riqueza. Essa diferença faz com que essas crises também
sejam distintas.
Mas o que explica a crise de 2008?
A expansão do crédito foi um dos principais resultados da financeirização da acumulação capitalista que se
acentuou ao longo da segunda metade do século XX. Os bancos passaram a ser estratégicos para o
funcionamento do sistema, uma vez que, com suas reservas, eram capazes de emprestar dinheiro,
cobrando para isso, naturalmente, por meio dos juros.
Na prática, o sistema bancário vende dinheiro para famílias, para empresas e até para governos, lucrando
com a operação. Para que tal engrenagem funcione, é necessário que o número de inadimplentes não seja
grande suficiente para comprometer as reservas bancárias e impedir que os bancos continuem a realizar as
seguintes atividades:
Inadimplentes
São os clientes que deixam de pagar os empréstimos bancários.

emprestar dinheiro

cobrar juros

lucrar
A crise global de 2008 começou exatamente quando a inadimplência saiu do controle. Desde o final da
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década de 1990, o sistema bancário dos EUA fez do crédito imobiliário sua principal estratégia de
investimento.
Exemplo
Dados oficiais indicam que os juros para esse tipo de financiamentos eram 35% mais baratos em 2004 do
que em 1987.
Esse fator provocou o aumento de pessoas interessadas em contratar essas linhas de crédito, causando a
formação de uma bolha imobiliária. Com muita gente comprando imóveis, houve, pela lei da oferta e da
procura, um aumento de 327% dos preços das unidades habitacionais em comparação com os índices da
década anterior.
Esse aumento não foi resultado de investimentos concretos nos bairros, como melhoria da mobilidade
urbana ou do paisagismo. Ele tampouco se deu por causa de investimentos nas próprias unidades
habitacionais, como modernização do sistema elétrico e de esgoto. Tratou-se, na verdade, do chamado
aumento especulativo, provocado única e exclusivamente pelo crescimento da demanda.
Placa de alugel em frente à casa.
Com os imóveis mais caros, os consumidores precisavam de mais empréstimos – e com maiores taxas de
juros. Seduzido pela possibilidade da ampliação de contratos, o sistema bancário foi negligente na
avaliação de riscos. Resultado: a inadimplência chegou ao ponto de comprometer o funcionamento do
sistema.
As reservas bancárias não mais eram suficientes para fomentar investimentos, o que afetou não apenas o
mercado imobiliário, mas também todo o sistema produtivo. A crise provocada pela especulação, portanto,
impactou a produção de riqueza real, pois os bancos não conseguiam mais financiar, por exemplo, novos
empreendimentos industriais.
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Bolsa de valores em Nova York.
A reação foi em cascata e cíclica: as empresas quebraram, havendo um aumento do desemprego e,
obviamente, o crescimento da inadimplência. Como os bancos estadunidenses são os mais fortes do
mundo e responsáveis por investimentos em diversos lugares do planeta, os efeitos dessa crise foram
planetários.
Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (2010), o número de desempregados em todo o
mundo saltou de 20 para 50 milhões entre meados de 2008 e o fim de 2009. Agência da ONU responsável
por monitorar a miséria no mundo, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura) aponta que, com a queda da renda dos pobres devido à crise e à manutenção dos preços
internacionais de mercadorias alimentares em níveis elevados, o número de desnutridos no planeta
aumentou em 11% em 2009, atingindo, pela primeira vez, um bilhão de pessoas (ORGANIZAÇÃO
INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2010).
Para o economista brasileiro Luíz Carlos Bresser-Pereira, a crise de 2008 foi o resultado da consolidação do
modelo neoliberal, o qual, como frisamos, se tornou hegemônico após a crise da década de 1970, conforme
analisaremos nas afirmações dele a seguir:
Bresser-Pereira (2020, p. 5) afirma que a crise foi provocada pela disfunção do arranjo financeiro
formado depois da crise da década de 1970, caracterizado pela criação de riqueza financeira
artificial, ou seja, riqueza financeira desligada da riqueza real ou da produção de bens e serviços. O
neoliberalismo,por sua vez, não deve ser compreendido apenas como um liberalismo econômico
radical, mas também como uma ideologia hostil aos pobres, aos trabalhadores e ao estado de bem-
estar social. Sustentarei que esses desdobramentos perversos e a desregulação do sistema
financeiro, combinados com a recusa de se regular inovações financeiras posteriores, foram os
novos fatos históricos responsáveis pela crise.
Disfunção do arranjo financeiro 
Esvaziamento do poder diretivo do Estado 
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Segundo Bresser-Pereira (2020, p. 52), a causa da crise teria sido o esvaziamento do poder diretivo
do Estado em nome do princípio – mentiroso na avaliação do autor – de um mercado autorregulado.
Essa crise poderia ter sido evitada “se o estado democrático tivesse sido capaz de resistir à
desregulação dos mercados financeiros”.
E o Brasil? Observaremos em diante como o país reagiu à crise especulativa norte-americana.
Os desdobramentos da crise de 2008 no
Brasil
No começo de 2009, a presidência da República brasileira, então comandada por Luiz Inácio Lula da Silva,
publicou um comunicado oficial com o título Crise dos subprime (crédito de risco) que abordava o tema da
crise mundial de 2008. Segundo o texto oficial, o impacto imediato da crise nos países de economia em
desenvolvimento foi a redução de liquidez internacional e a consequente escassez das linhas de crédito. Em
outras palavras: os bancos não tinham mais dinheiro para emprestar.
Ficou famosa na época a entrevista do presidente Lula dizendo que “o tsunami da crise mundial no Brasil
não passou de uma marolinha” (GALHARDO, 2008). De fato, o país sentiu menos os efeitos da crise que a
média das outras nações em virtude da estratégia adotada pelo governo brasileiro da época.
Luiz Inácio Lula da Silva anuncia o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC).
De acordo com dados levantados por Fernando Giambiagi, entre 2004 e 2008, o Produto Interno Bruto (PIB)
brasileiro teve um expressivo aumento. De forma igual, a diminuição da taxa de desemprego contribuiu para
aumentar consumo das famílias em 21,5%. Além disso, a taxa de investimento teve uma elevação de 44,8%,
seguida do aumento das exportações de bens e serviços.
O que o governo brasileiro fez de diferente para atenuar os efeitos da
Esvaziamento do poder diretivo do Estado 
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crise no país?
De acordo com as economistas Thais Silva e Larissa Deus, ao contrário de outros governos, a equipe
econômica de Lula não acompanhou o movimento natural da crise: permitir o apagão do crédito privado.
Em vez disso, o governo brasileiro fez um movimento anticíclico, utilizando os bancos públicos: Banco do
Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco Nacional do Desenvolvimento econômico e Social (BNDES), e o
próprio Tesouro Nacional para garantir a manutenção da oferta de créditos.
Na conjuntura da crise mundial de 2008, é possível perceber na economia
brasileira e expansão da liquidez, a adoção de políticas macroeconômicas
expansionistas e controle do câmbio. Quanto à expansão da liquidez, houve
maior disponibilidade de recursos de empréstimos para agentes financeiros,
empresas exportadoras e construtoras, e envolveu, principalmente, a
flexibilização do redesconto, a redução dos depósitos compulsórios, a
expansão do crédito para o agronegócio e a ampliação do financiamento do
setor exportador em geral.
(DEUS; SILVA, 2013, p. 7)
A avaliação da economista Maria Cristina Penido de Freitas é semelhante. Para ela, a grande novidade do
governo brasileiro foi ter negado a ideia de que emitir crédito era uma operação de risco.
O Brasil estimulou a liquidez em sua economia utilizando a estabilidade inerente ao Tesouro Nacional,
isto é, a disponibilidade de dinheiro para emprestar às famílias e aos agentes econômicos, como
empresas e indústrias.
O resultado foi a manutenção do consumo familiar e da atividade produtiva em níveis altos, o que
aumentou a arrecadação de impostos, compensando os investimentos públicos em um verdadeiro
“ciclo virtuoso” (para utilizar as palavras de Penido de Freitas).
Segundo Freitas (2009, p. 129), os bancos identificaram na ampliação do crédito às pessoas físicas um
enorme potencial de ganho diante das expectativas otimistas quanto à recuperação do emprego e da renda
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sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para as instituições financeiras, o crédito às famílias é
muito mais fácil de ser avaliado do que o crédito empresarial, que exige maior conhecimento dos negócios,
análise financeira e monitoramento das atividades das corporações. Ao mesmo tempo, como as taxas de
juros praticadas no segmento de pessoas físicas são mais altas, as operações de crédito pessoal são
também muito rentáveis.
O êxito da estratégia adotada pelo governo brasileiro foi internacionalmente reconhecido. O símbolo desse
reconhecimento foi a capa de novembro de 2009 do prestigiado jornal inglês The economist, que
representou o Cristo Redentor como um foguete decolando, numa alegoria que sugeria o sucesso da
economia brasileira, como observaremos a seguir:
“O Brasil decola” na capa do jornal The economist.
De acordo com Bresser-Pereira, analise as medidas que fizeram o Brasil contornar a crise:
Rejeitar a tese neoliberal do Estado mínimo e da economia autorregulada.
Afirmar a importância do estado democrático como organizador da atividade econômica e defensor dos
interesses da sociedade.
Efeitos de longo prazo
Como vimos, a crise de 2008 teve efeitos contínuos e desdobramentos no mundo inteiro. Quatro anos
depois, porém, outra já se avizinhava.
A crise da zona do euro e seus efeitos chegaram de forma avassaladora ao Brasil na segunda metade de
2013 e, principalmente, em 2014. As medidas tomadas naquele momento, contudo, apontavam uma
contradição crítica:
Manutenção dos fundamentos neoliberais.
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De um lado, tais medidas mantinham a competitividade industrial; de outro, os fomentos, o que gerava a
fragilização dos fundamentos.
De acordo com Cagnin et al. (2013, p. 10), assim, pode-se afirmar que a deterioração do ambiente financeiro
internacional ampliou a eficácia da política cambial para atingir sua nova meta, conduzindo a taxa de
câmbio para um patamar mais competitivo. Ao mesmo tempo, o efeito deflacionário dessa deterioração
sobre os preços das commodities atenuou o impacto da desvalorização cambial sobre a inflação interna,
reduzindo o conflito entre os objetivos "controle da inflação" e "competitividade externa". Já a manutenção
da estabilidade financeira não foi ameaçada por essa desvalorização, tal como ocorreu no último trimestre
de 2008, devido à forte redução do risco cambial das empresas e de contraparte dos bancos nas operações
com derivativos cambiais desde 2009.
Em 2013, entretanto, o resultado foi bem diferente. No final de agosto do ano anterior, além da redução da
taxa de juros cobrada (que levou o país para patamares reais negativos), foram anunciadas a prorrogação e
a definição de novas renúncias fiscais. No total, R$5,5 bilhões seriam divididos entre os anos de 2012 (R$1,6
bilhão) e de 2013 (R$3,9 bilhões).
A intervenção do governo na economia era criticada pelo mercado internacional, mas a pressão interna de
uma melhoria da economia gerava uma queda de braço que tornava sua manutenção cada vez mais difícil.
Exemplo
A redução do IPI do setor automotivo foi prolongada até o final do mês de outubro de 2012, enquanto, para
outros setores, como o de móveis e de linha branca, a cobrança de alíquotas reduzidas foi garantida até ofinal daquele ano. Já no caso dos setores de materiais de construção e de bens de capital, essa cobrança
se estendeu até o final de 2013.
A política de renúncias impactava os cofres, mas os resultados não vinham. Com isso, o resultado primário
da União obtido em 2012 (na ordem de R$86,1 bilhões) contou com a ajuda de operações contábeis
atípicas, que ficaram conhecidas na imprensa especializada como "contabilidade criativa". Era o início de
Mudança da política cambial.
Lidar com a pressão inflacionária.
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uma crítica que levaria o governo ao seu fim... Essas operações envolveram a:
Troca de ativos financeiros públicos e privados entre Secretaria do Tesouro Nacional, BNDES, Caixa
Econômica Federal e Fundo Soberano do Brasil.
Antecipação do pagamento de dividendos ao governo para reforçar contabilmente seu resultado primário.
A crise de 2008 no Brasil
Veja a seguir um panorama sobre a crise de 2008 no Brasil.
Atividade discursiva
A) As dinâmicas de funcionamento dos capitalismos fordista-industrial e financeiro-especulativo são
bastante diferentes. Desenvolva essa afirmação, discutindo seus principais pontos.
B) No contexto da crise econômica de 2008, o governo brasileiro adotou medidas diferentes das adotadas
pela maioria dos países. Discuta essa afirmação, desenvolvendo seus principais pontos.
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
As causas da crise global do capitalismo em 2008
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
Os desdobramentos da crise de 2008 no Brasil
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
Efeitos de longo prazo da crise no Brasil
Todos
Módulo 1 - Video
Uma breve história do capitalismo e suas primeiras crises
Módulo 2 - Video
Crise do petróleo e o Brasil
Módulo 3 - Video
A crise de 2008 no Brasil
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 Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Marque a alternativa que define a principal consequência do processo de financeirização da acumulação
capitalista que se acentuou ao longo do século XX.
A
A principal consequência foi o fortalecimento da indústria automobilística em virtude da
demanda criada pelo crescimento da classe média.
B
A principal consequência foi o fortalecimento do sistema bancário como principal ator
econômico no que se refere à produção e à circulação da riqueza.
C
A principal consequência foi o fortalecimento da agricultura, provocado pelo crescimento
da população e pelo aumento da demanda por alimentos.
D
A principal consequência foi o fortalecimento da indústria da informação, provocado pela
tecnologização do capitalismo.
E
A principal consequência foi o fortalecimento da indústria farmacêutica devido ao
envelhecimento da população e ao aumento da demanda por serviços de saúde.
Parabéns! A alternativa B está correta.
A financeirização fortaleceu o sistema bancário, que passou a ocupar o espaço que antes era do
complexo industrial como principal atividade de produção da riqueza.
Questão 2
O que explica a crise do capitalismo global em 2008?
Tratou-se de uma crise muito semelhante à de 1929, sendo provocada pela
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A
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superprodução industrial, o que gerou a quebra do setor produtivo estadunidense.
B
Tratou-se de uma crise muito semelhante à da década de 1970, sendo provocada pelo
aumento do preço internacional do petróleo devido ao acirramento das tensões entre
árabes e israelenses no Oriente Médio.
C
Tratou-se de uma crise provocada pela especulação imobiliária, o que mostra as
particularidades do capitalismo financeiro, em que o sistema bancário ocupa a posição
de principal atividade geradora de riqueza.
D
Tratou-se de uma crise provocada pelo fracasso da safra de soja devido às mudanças
climáticas, o que gerou uma grande onda inflacionária no setor alimentício, aumentando
os índices mundiais de pobreza.
E
Tratou-se de uma crise provocada pela onda imigratória graças às guerras civis em países
da América Central, o que sobrecarregou o sistema social estadunidense, tendo
desdobramentos em diversos países do mundo.
Parabéns! A alternativa C está correta.
A crise de 2008 foi provocada pela especulação imobiliária, que teve como causa o
fortalecimento do sistema bancário (característica principal da fase financeira do capitalismo).

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Considerações �nais
Geralmente, quando falamos em “crise do capitalismo”, pensamos nas crises econômicas, cujas principais
marcas costumam ser a inflação, o desemprego e o aumento da pobreza. Porém, na vida social concreta, a
economia não se manifesta de maneira separada das outras esferas da existência humana, como a cultura,
a política e a diplomacia.
Neste conteúdo, nosso interesse foi exatamente o de estudar os efeitos das crises do capitalismo moderno
no Brasil a partir dessa conexão entre política, economia e cultura. Por isso, vimos como a crise de 1929
estimulou no país a formação do nacional-desenvolvimentismo, corrente do pensamento político e
econômico que influenciaria vários governos brasileiros nas décadas seguintes.
Entendemos como a crise da década de 1970 levou à reorientação da política externa brasileira, sendo um
aceno até então inédito aos países do Oriente Médio. Apontamos também que, na esteira das diretrizes do
Consenso de Washington, houve uma reorientação total do papel então atribuído ao Estado brasileiro na
dinâmica do capitalismo: de tutor do desenvolvimento nacional a mero gestor do processo produtivo com
interferência e presença mínima na atividade econômica.
Demonstramos ainda que foi exatamente a crença neoliberal na capacidade autorreguladora do mercado
que acabou provocando uma nova crise global, em 2008, com o colapso do sistema bancário
estadunidense por causa da bolha imobiliária. O Brasil foi um dos países do mundo que menos sentiu os
efeitos dessa crise justamente por se encontrar em em um momento de fortalecimento da capacidade
diretiva do Estado.
Todos esses temas mostram que, quando falamos em economia e capitalismo, estamos tratando
obrigatoriamente de disputas pelo poder de controlar a sociedade. Desse modo, a economia nunca é pura
ou apenas técnica: ela, afinal, sempre é uma parte das disputas políticas que atravessam toda a
coletividade humana.
Podcast
O professor Rodrigo Rainha agora recupera as principais discussões feitas no material.
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VIZENTINI, P. A política externa do regime militar brasileiro: multilateralização, desenvolvimento e a
construção de uma potência média (1964-1985). Porto Alegre: Editora da Universidade, 1998.
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Acesse o YouTube para assistir a dois vídeos:
BAR & CAFÉ CONVENIÊNCIA. Arte Café #39 – pai dos pobres (em 1 minuto). Publicado em: 14 ago. 2017.
Este vídeo fala sobre o motivo que levou Getúlio Vargas a ordenar a queima de 80 milhões de sacas de café.
TV SENADO. Histórias do Brasil – a Revolução de 30. Publicado em: 8 fev. 2017.
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