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LÍ N G U A P O R TU G U ES A G ru po s: 7 , 8 e 9 www.coc .com.br Ensino Fundamental - Anos Finais OITAVO ANO Volume3 LIVRO DO PROFESSOR CO EF 08 INFI 91 1B LV 03 PROFESSOR.indd 25 01/04/20 16:04 MA TE RI AL D E US O EX CL US IV O SI ST EM A DE E NS IN O CO C DA DO S ESCOLA: NOME: TURMA: NÚMERO: HORÁRIO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO HORÁRIO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO CO EF 08 INFI 91 1B LV 03 PROFESSOR.indd 26 01/04/20 16:04 MA TE RI AL D E US O EX CL US IV O SI ST EM A DE E NS IN O CO C Ensino Fundamental - Anos Finais OITAVO ANO Volume3 LIVRO DO PROFESSOR LÍ N G U A P O R TU G U ES A G ru po s 7, 8 e 9 101385092 CO EF 08 INFI 02 3B LV 03 MI DLPO PR G7 G8 G9.indd 1 03/04/20 12:11 EDITORIAL Todos os direitos desta publicação são reservados à Pearson Education do Brasil S.A. Fone: (16) 3238.6300 Av. Dr. Celso Charuri, 6391 Jardim São José – Ribeirão Preto - SP CEP 14098-510 www.coc.com.br Vice-presidência de Educação Juliano de Melo Costa Direção editorial de Educação Básica e Universidades Alexandre Ferreira Mattioli Gerência de produtos editoriais Matheus Caldeira Sisdeli Gerência de design Cleber Figueira Carvalho Coordenação editorial Felipe A. Ribeiro Coordenação de design Vanessa Cavalcanti Autoria Fábia Alvim Editoria responsável Erika Akime Tawada Boldrin Editoria pedagógica Anita Adas Editoria de conteúdo Éverton Silva, Miriam Margarida Grisolia, Juliana Rosa Fernandes Controle de produção editorial Lidiane Alves Ribeiro de Almeida Assistência de editoria Ana Beatriz Rodrigues Ferreira, Mariana Paulino Silva, Mariane de Mello Genaro Feitosa Preparação e revisão gramatical Ivone Teixeira, Leandro Requena Pereira, Mariane de Mello Genaro Feitosa, Milena Contador Lotto Organização de originais Marisa Aparecida dos Santos e Silva Editoria de arte Solange Dias Rennó Coordenação de pesquisa e licenciamento Maiti Salla Pesquisa e licenciamento Cristiane Gameiro, Heraldo Colon Jr., Maricy Queiroz, Paula Quirino, Rebeca Fiamozzini, Sandra Sebastião Editoria de Ilustração Carla Viana Ilustração Danilo Dourado | Red Dragon Ilustrações Capa e projeto gráfico APIS design integrado Diagramação e arte final APIS design integrado PCP George Romanelli Baldim, Paulo Campos Silva Jr. SISTEMA COC DE ENSINO 101385092 CO EF 08 INFI 02 3B LV 03 MI DLPO PR G7 G8 G9.indd 2 07/04/20 18:02 “Como é por dentro outra pessoa Quem é que o saberá sonhar? A alma de outrem é outro universo Com que não há comunicação possível, Com que não há verdadeiro entendimento. Nada sabemos da alma Senão da nossa; As dos outros são olhares, São gestos, são palavras, Com a suposição de qualquer semelhança No fundo.” Fernando Pessoa A JI R AV A N /I ST O CK ESTRUTURAS7 GRUPO Mulher da etnia uros, nas ilhas flutuantes do lago Titicaca, Peru. CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_PIF G070.indd 3 17/03/20 00:45 CONHEÇA SEU LIVRO ABERTURA DE CAPÍTULO Traz elementos que dialogam com o texto introdutório, buscando contextualização e estimulando a reflexão sobre o assunto em estudo. MÓDULOS Reunido em capítulos, sistematiza a teoria que será trabalhada no grupo. Os exercícios referentes aos módulos são organizados após a teoria para facilitar a rotina de estudos. OBJETIVOS DO GRUPO Relação dos objetivos de aprendizagem a serem desenvolvidos no grupo. EXERCÍCIOS Agrupados para facilitar o estudo e a revisão de conteúdos, são divididos em exercícios de aplicação, trabalhados em sala, e exercícios propostos, realizados em casa ou em outros momentos. CO_EF_08_INFI_02_2B_LV_07_MI_AL_G080.indd 6 27/03/20 12:42 ORGANIZADOR VISUAL Propõe uma revisão dos conceitos e estabelece conexões entre eles, proporcionando uma articulação entre os conteúdos do capítulo. PRODUÇÃO DE TEXTO As folhas de redação são destacáveis, facilitando o uso pelo aluno e a correção pelo professor. ENCARTES E ADESIVOS Apresentam recursos complementares que enriquecem o desenvolvimento dos módulos. PARA CONFERIR Momento indicado para conferir a aprendizagem de conteúdos. Pode ser aplicado ao final do capítulo ou durante seu desenvolvimento. CO_EF_08_INFI_02_2B_LV_07_MI_AL_G080.indd 7 27/03/20 12:42 Da minha aldeia vejo quanto da [terra se pode ver do Universo... Por isso a minha aldeia é tão grande [como outra terra qualquer, Porque eu sou do tamanho do que [vejo E não do tamanho da minha altura... Nas cidades a vida é mais pequena Que aqui na minha casa no cimo [deste outeiro. Na cidade as grandes casas fecham [a vista à chave, Escondem o horizonte, empurram [o nosso olhar para longe de todo [o céu, Tornam-nos pequenos porque nos [tiram o que os nossos olhos nos [podem dar, E tornam-nos pobres porque a [nossa única riqueza é ver. Alberto Caeiro QUADRO DE TEXTO Com referência direta ao que está sendo trabalhado, permite o contato com diversos autores. VOCABULÁRIO Explica, de maneira mais acessível e dentro do contexto, termos e conceitos, favorecendo sua assimilação, compreensão e apropriação. CONHEÇA SEU LIVRO As miniaturas são um recurso discursivo que facilitam a contextualização dos quadros com o texto principal, indicando nele em que ponto a informação adicional está relacionada. MINIATURAS DOS ÍCONES BOXES E ÍCONES Vanguarda: que está à frente de seu tempo. Ter- mo inicialmente utilizado na guerra para designar aqueles que ficavam na linha de frente do grupo de soldados. VOCABULÁRIO NOTA Traz informações históricas ou sobre estudiosos que se destacaram no contexto do conteúdo em estudo. NOTA Galileu Galilei (1564-1642) Astrônomo italiano conhecido popularmente como o funda- dor da Astronomia Moderna. Galileu se destacou por me- lhorar o telescópio refrator, fato que possibilitou inúme- ras descobertas, como a exis- tência das manchas solares, a formação rochosa da Lua, as estrelas da Via Láctea, os anéis de Saturno, entre outras. EXPLORE MAIS São dicas de sites, textos e links, em ambiente digital, relacionados ao conteúdo estudado, possibilitando ampliação e aprofundamento. Da arte marcial a esporte olímpico Saiba mais sobre a história do judô acessando o site em: <coc.pear.sn/T8bNyU9>. EXPLORE MAIS CO_EF_08_INFI_02_2B_LV_07_MI_AL_G080.indd 8 27/03/20 12:42 SELOS pág. Encarte 399 pág. Redação 399 Colaborativo NA PRÁTICA Apresenta conceitos da disciplina aplicados em situações do cotidiano ou em outras áreas do conhecimento, servindo também à divulgação científica. GRUPO TEMÁTICO Momento em que o grupo temático é trabalhado, por meio do qual as ligações entre as disciplinas são evidenciadas. PARA IR ALÉM Oportunidade de aprofundar o conteúdo e desenvolver uma postura investigativa, estimulando a reflexão ao despertar a curiosidade e o interesse. Os selos remissivos indicam o momento em que serão disponibilizados materiais complementares ao desenvolvimento do módulo. E também em partes da página: O selo colaborativo indica exercícios que exploram estratégias diferenciadas de aprendizagem: pág. 399Redação pág. 399Encarte Adesivo Eles podem aparecer no texto: GRUPO TEMÁTICO Regras para a economia e o consumo de recursos naturais Os recursos naturais não são bens infinitos. A fim de poder preservá-los, é cada vez mais comum a criação de textos normativos que regu- lam aspectos relacionados ao meio ambiente. No Brasil, por exemplo, nos últimos anos, formularam-se leis que vi- savam ao fim da distribuição gratuita de sacolas plásticas em supermercados. A moti- vação dessa proibição é ten- tar reduzir o excessivo consu- mo e, consequentemente, o descarte desse material, que polui o meio ambiente, em especial os mares. Chefes do Estado e de governo No parlamentarismo, “o rei reina, mas não governa”, isto é, o rei ou a rainha re- presenta o Estado em ce- rimônias oficiais, sendoo chefe do Estado, enquanto quem governa é o primeiro- -ministro, que é o chefe de governo. Nos sistemas presiden- cialistas, como no caso do Brasil, o chefe do Estado, ou seja, o presidente, também acumula a função de chefe de governo. PARA IR ALÉM NA PRÁTICA Corrente do Golfo A Corrente do Golfo é uma corrente marítima que se origina no Golfo do México, passa pela costa dos Estados Unidos e vai em direção à Eu- ropa. É responsável por aque- cer muitos pontos da Europa Ocidental, dentre os quais partes da Grã-Bretanha, da Noruega e da Irlanda. Se- gundo pesquisadores, com o agravamento do efeito estu- fa, a Corrente do Golfo pode deixar de existir, trazendo impactos profundos para o planeta, tais como a dimi- nuição da temperatura da Europa Ocidental em até 5 ºC. CO_EF_08_INFI_02_2B_LV_07_MI_AL_G080.indd 9 27/03/20 12:42 MAPA INTERDISCIPLINAR Este mapa mostra ligação entre os conteúdos das disciplinas, sendo ponto de partida para um trabalho interdisciplinar. GRUPO 7 Estruturas LÍNGUA PORTUGUESA Uso do hífen, diálogos no contexto da cultura digital, análise de debate e ortografiaMATEMÁTICA Equações fracionárias e sistemas de equações EDUCAÇÃO FÍSICA História das danças de salão e danças de salão latino-americanas ARTE Arquitetura teatral CIÊNCIAS SOCIAIS Estruturas sociais GEOGRAFIA Dinâmicas econômicas de integração HISTÓRIA Segundo Reinado: política e economia CIÊNCIAS DA NATUREZA Biofísica do movimento e neurociência CS CS EF GE GE GE HI HI HI HI HI CS CS CS AR AR ARAR MAMA LP LP CS MA CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_PIF G070.indd 10 24/03/20 17:44 POR TU GUE SA LÍNGUA PÁG. 12 38 CAPÍTULO 12 Saber discursar CAPÍTULO 13 Denominador comum CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 11 01/04/20 14:12 CAPÍTULOCAPÍTULO 12 OBJETIVOS DO GRUPO • Diferenciar liberdade de expressão de discursos de ódio, posicionando-se contrariamente a esse tipo de discurso. • Analisar processos de formação de palavras por composição, apropriando-se de regras básicas de uso do hífen em palavras compostas. • Analisar textos de opinião, como posts de redes sociais, e posicionar-se de forma crítica e fundamentada, ética e respeitosa. • Utilizar, ao produzir um texto, conhecimentos linguísticos e gramaticais. • Identificar e analisar posicionamentos defendidos e refutados na escuta de interações polêmicas em entrevistas, discussões e debates. • Apresentar argumentos e contra-argumentos coerentes, respeitando os turnos de fala. • Compreender e comparar diferentes posições e interesses em jogo em uma discussão. SABER DISCURSAR LÍ N G U A P O R TU G U ES A 12 CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 12 01/04/20 14:12 Ao dialogar com outras pessoas, é importante que sejamos respeitosos uns com os outros. Neste capítulo, veremos como desenvolver diálogos construtivos, em especial no contexto da cultura digital, no qual muitas vezes tem sido massiva a manifestação do discurso de ódio. LÍ N G U A P O R TU G U ES A 13 CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 13 01/04/20 14:12 Módulos 103, 104 e 105 LIBERDADE DE EXPRESSÃO VERSUS DISCURSO DE ÓDIO Em tempos de polarização político-social, as divergências entre as pes- soas ficam mais evidentes. Em vez de tentar compreender o outro, muitas vezes alguns indivíduos comportam-se com intolerância, característica em que não se aceita a existência do que é diferente. Isso pode ser manifestado de modo extremo por meio de discursos de ódio. Esse tipo de discurso constitui-se em manifestações que incitam a dis- criminação e/ou a violência contra pessoas ou grupos sociais, fundamenta- das em diferenças de raça, gênero, etnia, nacionalidade, orientação sexual, crença religiosa etc. Esses grupos, em geral, são historicamente vulnerá- veis, ou seja, encontram-se em uma posição não dominante no Estado, pois possuem características religiosas, étnicas e/ou linguísticas próprias, que os diferenciam da maioria da população. É comum que o discurso de ódio seja justificado em favor da liberdade de expressão, que, como um direito fundamental, é garantido pela Cons- tituição brasileira. Esse direito, no entanto, não é absoluto, isto é, não se permite que ele seja usado para violar outros direitos garantidos por lei, como a dignidade humana. Portanto, todos são livres para expressar suas ideias, convicções e seus pensamentos, desde que não ofendam os outros ou impeçam a existência deles. Leia, a seguir, uma tirinha que mostra como é importante ter cuidado com as palavras. Grupo vulnerável “Vulnerabilidade” é um ter- mo originado das discus- sões sobre direitos huma- nos, geralmente associado à defesa dos direitos de grupos ou indivíduos fragi- lizados jurídica ou politica- mente. Saiba mais sobre o assunto em: <coc.pear.sn/ R4KZTf4>. EXPLORE MAIS Discurso de ódio é crime O Art. 3o da Constituição Federal define que a Repú- blica Federativa do Brasil tem como um de seus obje- tivos: “IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”; além de afirmar no Art. 5o, inciso XLI, que “a lei puni- rá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais”; enquanto o inciso XLII ex- pressamente proíbe toda forma de racismo: “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescrití- vel, sujeito à pena de reclu- são, nos termos da lei”. PARA IR ALÉM Incitar: incentivar alguém a fazer alguma coisa; en- corajar. Polarização: concentra- ção em extremos opostos (de grupos, interesses, atividades etc. antes ali- nhados entre si). Político-social: que tem caráter político e social simultaneamente. Vulnerável: prejudicado. VOCABULÁRIO M EN TI R IN H A S D O C O A LA CA P ÍT U LO 1 2 14 Neste conjunto de três módulos, será trabalhada a diferença entre liberdade de expressão e discurso de ódio, de modo que possa haver a conscientização de que o direito de um vai até onde o direito do outro começa. CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 14 01/04/20 14:12 Discurso de ódio em números Desde 2006, o projeto SaferNet já recebeu mais de dois milhões de denúncias relativas a crimes de ódio. No site <coc.pear.sn/gc4fJpI>, você pode ver quem são os alvos mais frequentes dos discursos de ódio, além de saber como identifi car esse tipo de discurso. EXPLORE MAIS Na tirinha, o ornitorrinco Horo não considera que suas palavras possam machucar alguém. O mestre, no entanto, ressalta o poder que as palavras têm, ensinando-lhe que elas podem ferir até mais que uma agressão física, sendo importante, por isso, pensar muito antes de falar algo. Para evitar a violência de qualquer tipo – verbal ou física – é necessário cultivar o diá- logo saudável. A incapacidade de compreender aquele que é diferente, muitas vezes leva à percepção equivocada de que ele é um inimigo a ser combatido. O diálogo pode resultar em um melhor entendimento dos motivos que levaram uma pessoa a ter certa atitude ou determinado pensamento, ao possibilitar que se coloque no lugar do outro. Nessa interação, é importante que se mostre uma posição aberta ao interlocutor, ou seja, que se comporte de maneira a aceitar que não existem certezas absolutas. Saber participar de uma discussão, falando e ouvindo, pode evitar que machuquemos alguém de modo não intencional. Ter empatia não significa que todos devam concordar em tudo – afinal, a divergência faz parte de uma sociedade democrática, que promove a plu- ralidade – mais que isso, empatia significa tentar entender o outro, contri- buindo para sermos tolerantes, ou seja, aceitar que os outros têm o direito de se expressar e de existir tanto quanto nós. GRUPO TEMÁTICO A estrutura do Estado brasileiro na Constituição Você viu que a liberdade de expressão é garantida pela Constituição Federal do Brasil,que foi promulgada em 1988. Além de elencar os diversos direitos a serem respeitados, esse documento trata da organização do Estado brasileiro, o qual se estrutura na separação de três poderes in- dependentes e harmônicos entre si: Legislativo, cuja principal função é elaborar leis; Executivo, que tem o papel de executar as leis e administrar o país; e Judiciário, com a missão de julgar os conflitos existentes com base nas leis. G LO B A L_ PI CS /I ST O CK 15 LÍ N G U A P O R TU G U ES A Este é o momento oportuno para apli- car os exercícios 1 e 2 da seção “Para conferir”, referentes aos módulos 103, 104 e 105. CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 15 01/04/20 14:12 USO DO HÍFEN O hífen é um sinal gráfico que se usa para ligar os elementos de palavras compostas ou derivadas por prefixação. No caso de palavras compostas, seu emprego só ocorre quando há justaposição. É usado também para li- gar pronomes oblíquos átonos a verbos ou para separar palavras no final da linha. Veja o uso do hífen no trecho a seguir, retirado do texto do secretário- -geral da ONU que você viu nos módulos anteriores. Módulos 106, 107 e 108 Formação de palavras por composição É a formação de uma nova palavra com a junção de dois ou mais radicais. Pode ser feita por dois processos; veja-os a seguir. • Aglutinação: na fusão, há perda de fonemas. Exem- plos: embora (em + boa + hora); planalto (plano + alto). • Justaposição: na fusão, mantém-se a integrida- de original dos radicais ou ocorre o acréscimo de alguma consoante. Exem- plos: beija-flor; girassol; passatempo. PARA IR ALÉM Precisamos tratar do discurso de ódio como tratamos qual- quer ato mal-intencionado: condenando, recusando que seja ampliado, confrontando-o com a verdade [...] arco-íris, para-choque, segunda-feira, guarda-chuva, marca-passo etc. esconde-esconde, pingue-pongue, tique-taque etc. latino-americano, luso-brasileiro, afro-asiático, greco-romano etc. mestre-d’armas, pingo-d’água, estrela-d’alva etc. O adjetivo “mal-intencionado” empregado no texto é uma palavra com- posta. Há uso do hífen nela, porque há uma unidade de sentido na palavra “mal”, e o segundo elemento – “intencionado” – começa com vogal. Emprego do hífen em palavras compostas Veja alguns casos do emprego do hífen em palavras compostas. • Palavras compostas por justaposição, cujos elementos formam uma unidade de sentido. Exemplos: * Há exceções como: passatempo, pontapé, paraquedas, girassol, entre outras. • Palavras compostas por elementos iguais ou quase iguais. Exemplos: • Quando o primeiro elemento é um adjetivo pátrio ou gentílico – que pode ser reduzido ou não – unindo dois adjetivos de mesma classifica- ção, temos um adjetivo composto. Exemplos: • Palavras compostas com apóstrofo: Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa Há muitas exceções às re- gras do emprego do hífen. Assim, quando tiver dúvida, o melhor lugar para consul- tar a grafi a das palavras é o site <coc.pear.sn/1HR2ssX>, em que você encontra o Vo- cabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, defi ni- do oficialmente pela Aca- demia Brasileira de Letras. EXPLORE MAIS CA P ÍT U LO 1 2 16 Neste conjunto de três módulos, serão estudadas as principais regras de uso do hífen. Apresentar outros exemplos além dos que estão indicados no material. CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 16 01/04/20 14:12 Grã-Bretanha, Baía de Todos-os-Santos, Passa-Quatro etc. belo-horizontino (mas Belo Horizonte), porto-alegrense (mas Porto Alegre) etc. couve-flor, bem-me-quer, erva-doce, bem-te-vi, porquinho-da-índia, abóbora-menina etc. bem-criado (malcriado), bem-mandado (malmandado), bem-nascido (malnascido), bem-visto (malvisto) etc. bem-educado, bem-estar, mal-humorado, mal-agradecido etc. além-mar, aquém-fronteiras, recém-nascido, sem-teto etc. cor-de-rosa, pé-de-meia, à queima-roupa etc. fim de semana, dia a dia, pão de mel, mão de obra, depois de amanhã, meio ambiente, pé de moleque etc. • Nomes de lugares com grã/grão, e forma verbal ou elementos ligados por artigo. Exemplos: * Em compostos derivados de lugares, também pode haver uso do hífen, como em: • Espécies botânicas e zoológicas: * Exceção: malmequer. • Com os advérbios “bem” e “mal”, havendo unidade semântica, e o se- gundo elemento começando com vogal ou “h”. Exemplos: * No entanto, em palavras compostas com “bem”, ainda que o segundo elemento comece com consoante, nem sempre o primeiro elemento agluti- na-se a ele, como em: • Com “além”, “aquém”, “recém”, “sem”: • Em locuções de qualquer tipo, o emprego do hífen é uma exceção, como em: * Entretanto, há algumas locuções de uso frequente que não têm hífen. Exemplos: Locuções e o uso de hífen O uso de hífen é um tópico da ortografi a do português que gera muitas dúvidas. Isso ocorre porque há mui- tas regras para memorizar e algumas delas não con- seguem abranger todas as palavras, ou seja, há várias exceções. Por exemplo, “pé de moleque” tem hífen ou não? Essa expressão é uma locução, que tende a gerar algumas difi culdades. Leia mais sobre o assunto no artigo disponível em: <coc.pear.sn/4ijvqFk>. EXPLORE MAIS 17 LÍ N G U A P O R TU G U ES A CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 17 01/04/20 14:12 Emprego do hífen em palavras derivadas Veja alguns casos de emprego do hífen para palavras derivadas por prefi- xação. • O segundo elemento começa por “h”. Exemplos: anti-higiênico, sobre-humano, super-homem etc. contra-ataque, anti-inflamatório, micro-ondas etc. autoescola, infraestrutura, extracurricular etc. ultrassom, antissocial, contrarregra, microrregião etc. inter-regional, hiper-religioso, super-resistente etc. hipermercado, interclasse, superabundante etc. coordenação, reeleição, reelaborar etc. desumano, inapto, desumidificar etc. * Contudo, em alguns casos, após o prefixo “des” e “in”, o hífen deixa de ser usado quando o segundo elemento da palavra perde a letra “h”, como nos casos: • Quando o prefixo termina com uma vogal igual à vogal que inicia o segundo elemento, como em: * Exceto com “co-” e “re-”: ** Em geral, quando o segundo elemento começa com vogal diferente ou com consoante, não há hífen: *** Quando o prefixo termina em vogal, e o segundo elemento começa com “r” ou “s”, essas consoantes devem ser duplicadas: • Com os prefixos “hiper-”, “inter-” e “super-”, quando o segundo elemen- to começa por “r”. Exemplos: * No entanto, se após os prefixos “hiper”, “inter” e “super” a palavra se- guinte é iniciada por vogal ou consoante, não há uso do hífen. Exemplos: CA P ÍT U LO 1 2 18 CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 18 01/04/20 14:12 ex-diretor, vice-presidente etc. pan-americano, circum-navegação, circum-mediterrâneo etc. • Com os prefixos “ex-” e “vice-”: • Com os prefixos tônicos “pós-”, “pré-” e “pró-”: pós-graduação, pré-vestibular, pró-africano etc. ab-rogar, sub-reino, sub-bibliotecária etc. * Quando são átonos, há aglutinação com o segundo elemento: pospor, predestinar, proativo. • Com os prefixos “ab” e “sub” quando o segundo elemento começa com “r” ou com a mesma consoante em que termina o prefixo. Exemplos: • Com os prefixos “circum-” e “pan-”, quando o segundo elemento começa por “m”, “n”, “h” ou vogal. Exemplos: Separação de palavras no final da linha Quando escrevemos em uma folha de papel, é co- mum que se chegue ao fi nal da linha e não haja espaço suficiente para escrever a palavra inteira. Nesse caso, para não deixar grandes es- paços vazios, deve-se fazer a partição da palavra – uma parte fica em uma linha e outra parte fi ca na linha se- guinte –, o que é chamado de translineação. A separação da palavra é in- dicada por hífen (-) e segue as regras gerais de divisão silábica. Leia mais sobre o assunto no artigo disponível em: <coc.pear.sn/XeTPgQd>. EXPLORE MAIS • Em palavras derivadas por sufixação, só ocorre o empregodo hífen quando a palavra termina em sufixos de origem tupi-guarani, como “açu”, “guaçu” e “mirim”, e o primeiro elemento termina em vogal acen- tuada graficamente ou a pronúncia pede a distinção gráfica dos dois elementos: amoré-guaçu, ingá-açu, capim-mirim, Ceará-Mirim etc. Hífen em encadeamentos vocabulares PARA IR ALÉM Além do emprego em palavras compostas ou derivadas, o hífen pode ser usado para ligar duas ou mais palavras que se combinam para formar encadeamentos vocabulares. Geral- mente, isso ocorre quando se trata de trajetos, como a ponte Rio-Niterói, a linha aérea São Paulo-Rio de Janeiro etc. Essa combinação também pode ter o sentido de estabelecimen- to de uma relação, como o Acordo Comercial Brasil-Estados Unidos. JP TI N O CO /I ST O CK A ponte Rio-Niterói, que oficialmente se chama Ponte Presidente Costa e Silva, faz a ligação entre as cidades do Rio de Janeiro e de Niterói. 19 LÍ N G U A P O R TU G U ES A Este é o momento oportuno para apli- car os exercícios 3 e 4 da seção “Para conferir”, referentes aos módulos 106, 107 e 108. CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 19 01/04/20 14:12 POSTS DE REDES SOCIAIS Atualmente, muito do que fazemos pode ser encontrado na internet por meio de publicações em redes sociais. Ainda que não sejamos nós que pu- bliquemos, às vezes é inevitável que nossos nomes apareçam nessas publi- cações. Isso ocorre, por exemplo, quando estamos em uma foto publicada por um conhecido. Além de algumas vezes expor a vida particular das pes- soas, podendo revelar onde estamos, o que fazemos ou do que gostamos, alguns posts de redes sociais também constituem-se em textos opinativos, pois podem mostrar o que pensamos a respeito de diversos assuntos, tais como esporte, cultura, política, economia etc. Dessa maneira, podemos perceber que a intenção de um post é tornar o texto público, gerando uma reação nas pessoas, objetivo de seu autor. A abrangência da receptividade do texto pode variar dependendo de quem é o autor da publicação. Os usuários de redes sociais podem ser pessoas co- muns, figuras públicas, empresas, órgãos governamentais etc.; portanto, o conteúdo dos posts difere de acordo com o perfil desses usuários. Enquanto contas pessoais podem tratar, em seus posts, de qualquer assunto, contas públicas, como de instituições e de empresas, tratam de assuntos referen- tes à sua área de atuação. Observe, por exemplo, o post a seguir, do Ministério Público Federal, uma instituição que faz parte do governo brasileiro. Módulos 109, 110 e 111 Esse post, publicado no Facebook, tem a intenção de conscientizar a po- pulação brasileira ou, ao menos, aqueles que seguem a conta do Ministério Público, sobre o que é discurso de ódio e como denunciá-lo. Esse objetivo está de acordo com uma das funções desse órgão, que é zelar pelos direi- tos sociais e individuais. Observe que o perfil faz uso tanto da linguagem verbal quanto da não verbal para transmitir sua mensagem ao público, usando palavras e complementando-as com uma ilustração. Além disso, as hashtags constituem um importante elemento desse post, pois permitem que aqueles que não seguem o perfil encontrem o post ao procurar essas palavras-chave, aumentando a abrangência dele. #PraCegoVer A hashtag #PraCegoVer é uma iniciativa que visa à acessibilidade de defi- cientes visuais nas redes sociais. Ela consiste em descrever a imagem uti- lizada no post, de modo que programas de leitores de tela convertam o texto escrito em falado e, assim, defi cientes visuais possam ter acesso ao conteúdo da imagem. Saiba mais so- bre essa iniciativa no site <coc.pear.sn/Udt4f8d>. EXPLORE MAIS M IN IS TÉ R IO P Ú B LI CO F ED ER A L CA P ÍT U LO 1 2 20 Na era digital, posts de redes sociais fazem parte do dia a dia dos alunos, seja como leitores, seja como autores. Assim, é importante que eles desen- volvam o letramento e um olhar crítico desse gênero textual. CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 20 01/04/20 14:12 O ZG U R D O N M A Z/ IS TO CK Abaixo do post, aparecem as reações provocadas por ele: emojis positivos, que representam curtir, amar e estar feliz; comentários e a opção de com- partilhá-lo. Embora compartilhar não signifique necessariamente aprovar o conteúdo do post, essa atitude demonstra que algum sentimento foi des- pertado por ele – seja positivo ou negativo –, o qual motivou o interesse de fazer seu conteúdo repercutir. Além de ampliar o alcance do público, o compartilhamento de um post pode gerar um novo post de autoria diferente do original – considerado um tipo misto –, uma vez que seu autor reproduz o outro post, quase como uma citação, para comentá-lo: pode ser uma crítica, um elogio, a abertura de uma nova discussão sobre o mesmo tema etc. A linguagem empregada no post do Ministério Público é formal. Isso ocorre porque se trata de uma conta de instituição oficial do governo, a qual deve passar credibilidade ao adotar esse tipo de linguagem. Em geral, a linguagem informal em redes sociais é muito frequente em contas pes- soais ou de empresas e de instituições privadas que buscam se aproximar de determinado público, em especial o jovem. Bolha de informação Para entender o que são bolhas de informação, leia o texto disponível em: <coc. pear.sn/S3G7OL1>. EXPLORE MAIS Ao mesmo tempo em que as redes sociais aproximam as pessoas, elas podem distanciá-las, ao possibilitar que cada uma fique isolada em seu próprio mundo. Como, nas redes sociais, o autor do post consegue saber quem é seu lei- tor (amigos e seguidores do perfil), torna-se mais fácil moldar o que pu- blica para agradar a seu público. Assim, é importante que os usuários não fiquem em bolhas de informação, para ver e ouvir só o que querem. As re- des sociais facilitam o encontro e a comunicação de pessoas que pensam de modo semelhante, o que reforça a convicção delas sobre as próprias opiniões. Isso pode acabar homogeneizando o discurso desses indivíduos e afastando o que é diferente, gerando, muitas vezes, discursos de ódio. 21 LÍ N G U A P O R TU G U ES A Este é o momento oportuno para aplicar o exercício 5 da seção “Para conferir”, referente aos módulos 109, 110 e 111. CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 21 01/04/20 14:12 CAPÍTULO 12 SABER DISCURSAR Módulos 103, 104 e 105 | Liberdade de expressão versus discurso de ódio Leia o texto a seguir e responda às questões de 1 a 8. Exercícios de aplicação As chamas do discurso do ódio Em todo o mundo, o ódio avança. Uma ameaçadora onda de intolerância e violência com base no ódio está atingindo seguidores de muitas religiões em todo o planeta. Tristemente – e perturbadoramente – esses incidentes cruéis estão se tornando comuns. Nos últimos meses, temos visto judeus assassinados em sinagogas e seus túmulos desfigurados com suásticas; muçulmanos exe- cutados dentro de mesquitas e seus locais religiosos vandalizados; cristãos assassinados em oração e suas igrejas destruídas. Para além desses ataques horríveis, cada vez mais uma retórica abomi- nável está sendo usada não apenas contra grupos religiosos, mas tam- bém contra minorias, migrantes, refugiados, mulheres e os também cha- mados de “outros”. Na medida em que as labaredas do ódio se espalham, as mídias sociais são exploradas pela intolerância. Movimentos neonazistas e de suprema- cia branca estão crescendo. E a retórica inflamada está sendo usada para benefício político. O ódio está se movendo tanto na corrente das democracias liberais quanto nos regimes autoritários – e colocando uma sombra sobre a nossa humanidade em comum. As Nações Unidas têm um longo histórico de mobilizar o mundo contra o ódio de qualquer tipo por meio de ações abrangentes de defesa dos direi- tos humanos e no avanço do Estado de Direito. De fato, a real identidade e o estabelecimento da ONU têm raízes no pesadelo que se segue quando ódio virulento é deixado sem oposiçãopor muito tempo. Nós reconhecemos o discurso do ódio como um ataque contra a tolerân- cia, a inclusão, a diversidade e a essência de nossas normas e princípios de direitos humanos. Mais amplamente, ele compromete a coesão social, desgasta valo- res compartilhados e pode criar a base para a violência, retardando a causa da paz, da estabilidade, do desenvolvimento sustentável e da dignidade humana. Nas últimas décadas, o discurso de ódio tem sido precursor de crimes de atrocidade, incluindo genocídio, de Ruanda a Bósnia e ao Camboja. Temo que o mundo esteja chegando a outro grave momento na batalha contra o demônio do ódio. Por isso, lancei duas iniciativas da ONU em res- posta a essa ameaça. Primeiro, acabo de divulgar a Estratégia e Plano de Ação do Discurso do Ódio para coordenar esforços por meio de todo o sistema das Nações Unidas, atacando as raízes que o causam e tornando nossa resposta mais efetiva. Em segundo lugar, estamos desenvolvendo um Plano de Ação para que a ONU se engaje por completo nos esforços de proteger locais religiosos e garantir a segurança nos espaços de culto. VOCABULÁRIO Abominável: detes- tável. Antissemitismo: hos- tilidade contra os se- mitas, em especial contra os judeus. Genocídio: extermí- nio deliberado, par- cial ou total, de uma comunidade, grupo étnico, racial ou reli- gioso. Labareda: grande chama. Mesquita: denomi- nação dada ao local de culto dos segui- dores da fé islâmica. Neonazismo: está associado ao resga- te do nazismo. Retórica: arte de ar- gumentar bem. Sinagoga: local de culto da religião ju- daica. Suástica: símbolo adotado por diferen- tes povos em distin- tas épocas. É, porém, ligada ao nazismo. Virulento: repleto de rancor, de violência. CA P ÍT U LO 1 2 22 CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 22 01/04/20 14:12 Para aqueles que insistem em usar o medo para dividir comunidades, deve- mos dizer: diversidade é uma riqueza, nunca uma ameaça. Um profundo e sustentável espírito de respeito mútuo e receptividade pode transcender posts e tuítes disparados em uma fração de segundo. Afinal de con- tas, nunca devemos esquecer que cada um de nós é um “outro” para alguém, em algum lugar. Não pode haver ilusão de segurança quando o ódio é disseminado. Como parte de uma só humanidade, nossa tarefa é cuidar uns dos outros. É claro que toda ação destinada a atacar e confrontar o discurso de ódio deve ser consistente, com direitos humanos fundamentais. Enfrentar o discurso de ódio não significa limitar ou proibir a liberdade de expressão. Significa evitar que esse discurso se transforme em algo mais pe- rigoso, particularmente que incite discriminação, hostilidade e violência, o que é proibido pela legislação internacional. Precisamos tratar do discurso de ódio como tratamos qualquer ato mal- -intencionado: condenando, recusando que seja ampliado, confrontando-o com a verdade, encorajando que os autores mudem seu comportamento. Chegou a hora de avançar para erradicar antissemitismo, ódio contra muçulmanos, perseguição a cristãos e todas as formas de racismo, xenofobia ou intolerância. Governos, sociedade civil, setor privado e imprensa têm importantes pa- péis. Líderes políticos e religiosos têm uma responsabilidade especial em promover a coexistência pacífica. Ódio é perigoso para todos – e lutar contra ele deve ser um trabalho de todos. Juntos podemos extinguir as chamas do ódio e defender os valores que nos unem como uma única família humana. GUTERRES, António. As chamas do discurso do ódio. Nações Unidas do Brasil. 1 jul. 2019. Disponível em: <https://coc.pear.sn/o63EDiE>. Acesso em: fev. 2020. 1. De acordo com o texto, o discurso de ódio atinge quais grupos? 2. Considerando os termos “chamas” e “labaredas” relacionados ao discurso de ódio, é possível dizer que, no texto, foi feita uma aproximação do ódio com o quê? 3. Segundo o texto, o discurso de ódio está presente tanto em democracias liberais quanto em regi- mes autoritários. Por que esse tipo de manifestação é mais chocante quando ocorre em democra- cias? Explique. 4. A ONU foi criada após a Segunda Guerra Mundial, com a intenção de evitar que grandes guerras como aquela voltassem a ocorrer. Que trecho do texto contextualiza a origem dessa organização? LÍ N G U A P O R TU G U ES A 23 Atinge, principalmente, grupos religiosos (muçulmanos, cristãos e judeus), minorias, mulheres, migrantes, refugiados etc. É possível dizer que foi feita uma aproximação com o fogo, já que “chamas” e “labaredas” são características tipicamente associadas ao fogo, pois se espalham rapidamente. É mais chocante a manifestação do discurso de ódio em democracias porque, em uma democracia, pressupõe-se que haja um bom convívio entre tudo que é diferente, ao fomentar a pluralidade, portanto deveria haver maior tolerância em regimes democráticos. Contrariamente a isso, regimes autoritários incentivam a homogeneização da sociedade, ao limitar massivamente as dissidências. Há contextualização no trecho “De fato, a real identidade e o estabelecimento da ONU têm raízes no pesadelo que se segue quando ódio virulento é deixado sem oposição por muito tempo.”. Assim, pode-se dizer que o “pesadelo” mencionado no texto é a Segunda Guerra Mundial. CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 23 01/04/20 14:12 5. Como António Guterres, representando a ONU, define discurso de ódio? 6. Quais seriam as consequências negativas do discurso de ódio? Explique. 7. Segundo Guterres, o que é usado para incentivar a divisão das comunidades? 8. De que modo é recomendado, no texto, lidar com o discurso de ódio? 9. Enem “A Declaração Universal dos Direitos Humanos está completan- do 70 anos em tempos de desafios crescentes, quando o ódio, a discriminação e a violência permanecem vivos”, disse a diretora- -geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Audrey Azoulay. “Ao final da Segunda Guerra Mundial, a humanidade inteira re- solveu promover a dignidade humana em todos os lugares e para sempre. Nesse espírito, as Nações Unidas adotaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos como um padrão comum de con- quistas para todos os povos e todas as nações”, disse Audrey. “Centenas de milhões de mulheres e homens são destituídos e privados de condições básicas de subsistência e de oportunidades. Movimentos populacionais forçados geram violações aos direitos em uma escala sem precedentes. A Agenda 2030 para o Desenvol- vimento Sustentável promete não deixar ninguém para trás – e os direitos humanos devem ser o alicerce para todo o progresso”. Segundo ela, esse processo precisa começar o quanto antes nas carteiras das escolas. Diante disso, a Unesco lidera a educação em direitos humanos para assegurar que todas as meninas e meninos saibam seus direitos e os direitos dos outros. Disponível em: <https://nacoesunidas.org>. Acesso em: abr. 2018. Adaptado. Defendendo a ideia de que “os direitos humanos devem ser o alicerce para todo o progresso”, a diretora-geral da Unesco aponta, como estratégia para atingir esse fim, a a. inclusão de todos na Agenda 2030. b. extinção da intolerância entre os indivíduos. c. discussão desse tema desde a educação básica. d. conquista de direitos para todos os povos e nações. e. promoção da dignidade humana em todos os lugares. CAPÍTULO 12 CA P ÍT U LO 1 2 24 O medo, em especial, do “outro”, do diferente, é usado para incentivar essa divisão. Guterres recomenda que se lide com o discurso de ódio do mesmo modo com que se lida com um ato mal-intencionado: “condenando, recusando que seja ampliado, confrontando-o com a verdade, encorajando que os autores mudem seu comportamento”. 9. A estratégia para atingir o fi m mencionado na questão é exposta no trecho “Segun- do ela, esse processo preci- sa começar o quanto antes nas carteiras das escolas.”, ou seja, o tema dos direitos humanos deve começar a ser discutido na educação básica. Asdemais alternati- vas tratam de assuntos que fazem parte do respeito aos direitos humanos, não sendo estratégias. Para ele, discurso de ódio é “um ataque contra a tolerância, a inclusão, a diversidade e a essência de nossas normas e princípios de direitos humanos”. O discurso de ódio causa grandes confl itos na sociedade, com quebra da coesão social, desgaste de valores comparti- lhados e incentivo à violência, afetando a paz, o desenvolvimento sustentável e a dignidade humana. CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 24 01/04/20 14:12 Exercícios propostos Veja a tirinha do Monstro a seguir e responda às questões 10 e 11. M EN TI R IN H A S D O C O A LA 10. Qual é a crítica presente na tirinha? Explique. 11. Em sua opinião, de que maneira o preconceito incentiva o discurso de ódio? Leia a tirinha de Armandinho para responder às questões 12 e 13. 12. Como se dá o efeito de humor na tirinha? Explique utilizando partes dela e demonstrando o jogo de palavras usado. 13. Qual é a semelhança entre Armandinho e a menina da tirinha do Monstro? A LE XA N D R E B EC K LÍ N G U A P O R TU G U ES A 25 A tirinha faz uma crítica ao racismo, em que as pessoas são julgadas pela sua cor da pele, e não pelo que são de fato. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos façam uma refl exão sobre como o preconceito difi culta a compreensão do outro e, portanto, alimenta o ódio ao que é diferente. O efeito de humor se dá com a brincadeira de Armandinho entre as pessoas gramaticais e o respeito à diversidade. Ao citar as várias pessoas que participam do discurso, “eu”, “tu”, “ela”, “ele”, ele mostra a diversidade dos indivíduos que compõem a sociedade. Os termos “singularidades” e “plural” servem tanto para referir-se gramaticalmente a esses pronomes quanto para tratar dos indivíduos da sociedade. Ambas as crianças têm uma atitude de respeito ao outro, mostrando a importância da empatia. CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 25 01/04/20 14:12 14. Enem Encontrando base em argumentos supostamente científicos, o mito do sexo frágil contribuiu historicamente para controlar as práticas corporais desem- penhadas pelas mulheres. Na história do Brasil, exatamente na transição en- tre os séculos XIX e XX, destacam-se os esforços para impedir a participação da mulher no campo das práticas esportivas. As desconfianças em relação à presença da mulher no esporte estiveram culturalmente associadas ao medo de masculinizar o corpo feminino pelo esforço físico intenso. Em relação ao futebol feminino, o mito do sexo frágil atuou como obstáculo ao consolidar a crença de que o esforço físico seria inapropriado para proteger a feminilidade da mulher “normal”. Tal mito sustentou um forte movimento contrário à aceita- ção do futebol como prática esportiva feminina. Leis e propagandas buscaram desacreditar o futebol, considerando-o inadequado à delicadeza. Na verdade, as mulheres eram consideradas incapazes de se adequar às múltiplas dificul- dades do “esporte-rei”. TEIXEIRA, F. L. S.; CAMINHA, I. O. Preconceito no futebol feminino: uma revisão sistemática. Movimento, Porto Alegre, n. 1, 2013. Adaptado. Exposição em São Paulo conta história do futebol feminino Antecedendo a Copa do Mundo de Futebol Feminino, que começa na próxima semana, na França, o Museu do Futebol, em São Paulo, abriu [...] uma exposição temporária que celebra as mulheres no futebol. A mostra, chamada Contra-ataque! As mulheres do fute- bol, vai até o dia 20 de outubro. O nome “contra-ataque” é uma referência ao momento emocionante em que uma equipe recupera a posse de bola e avança para o gol e virou uma metáfora para a exposição. Com curadoria da ex-zagueira e capitã Aline Pellegrino, da pesquisadora Aira Bonfim, da jornalista Luciane Castro e da coordenadora do Centro de Memória do Esporte da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Silvana Goellner, a exposição apresenta vídeos, fotografias e objetos do acervo pessoal das atletas. Há também um panorama com fatos que apresentam desde a proibição da prática do futebol pelas mulheres [no Brasil ele foi proibido de 1941 até 1979, poucos anos antes de ser regulamentado] até a oitava edição da Copa do Mundo. Esse panorama apresen- ta, por exemplo, medalhas que foram conquistadas pelo futebol feminino do Brasil. […] CRUZ, Elaine Patrícia. Exposição em São Paulo conta história do futebol feminino. Agência Brasil. Disponível em: <https://coc.pear.sn/B1XR36d>. Acesso em: fev. 2020. No contexto apresentado, a relação entre a prática do futebol e as mulheres é caracterizada por um a. argumento biológico para justificar desigualdades históricas e sociais. b. discurso midiático que atua historicamente na desconstrução do mito do sexo frágil. c. apelo para a preservação do futebol como uma modalidade praticada apenas pelos homens. d. olhar feminista que qualifica o futebol como uma atividade masculinizante para as mulheres. e. receio de que sua inserção subverta o “esporte-rei” ao demonstrarem suas capacidades de jogo. Módulos 106, 107 e 108 | Uso do hífen Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 a 4. Exercícios de aplicação CAPÍTULO 12 CA P ÍT U LO 1 2 26 14. O texto trata de como argumentos supostamente científi cos, ou seja, biológi- cos, teriam sido usados para justifi car os esforços de im- pedir a mulher de praticar certos esportes, em espe- cial o futebol. A alternativa b está incorreta, porque o dis- curso midiático não atuou para desconstruir o mito do sexo frágil. A alternativa c está incorreta, porque esse apelo não foi usado para justifi car a exclusão das mu- lheres do futebol. A alterna- tiva d está incorreta, porque essa relação não é caracteri- zada por um olhar feminista, sendo mais próxima de um olhar machista. A alternativa e está incorreta, porque não havia esse receio, já que as mulheres eram considera- das incapazes de se adequar às características do futebol. CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 26 01/04/20 14:12 1. Por que “contra-ataque”, nome da exposição sobre a história do futebol feminino, tem hífen? 2. Assinale, a seguir, a palavra em que se emprega hífen pelo mesmo motivo em que se emprega em “contra-ataque”. a. Super-homem b. Bem-te-vi c. Arqui-inimigo d. Sub-reino e. Pan-americano 3. Caso fosse trocado o prefixo “ex” de “ex-zagueira” por “super”, como ficaria a nova palavra? Justifique o emprego ou não do hífen. 4. Caso fosse trocada a palavra “zagueira” de “ex-zagueira” por “atacante”, como ficaria a nova palavra? Justifique o emprego ou não do hífen. 5. Assinale a dupla de palavras em que se emprega o hífen por causa da mesma regra. Anti-inflamatório; micro-ondas Mestre-d’armas; reco-reco Bem-te-vi; mico-leão-dourado Erva-doce; bem-estar 6. Forme palavras compostas com “bem” juntando esse advérbio às palavras apresentadas a seguir. a. Humorado: b. Feito: c. Criado: d. Educado: 7. Observe as bandeiras a seguir e escreva uma frase com os adjetivos pátrios compostos referentes a cada uma delas. a. b. O LE KS II LI SK O N IH /I ST O CK O LE KS II LI SK O N IH /I ST O CK LÍ N G U A P O R TU G U ES A 27 2. Assim como “contra- -ataque”, a palavra “arqui- -inimigo” é formada por um prefixo que termina com a mesma vogal que inicia o segundo elemento, por isso há emprego do hífen. A alternativa a está incorreta, porque o hífen é emprega- do por causa de o segundo elemento começar com “h”. A alternativa b está incor- reta, porque emprega-se o hífen por ser palavra com- posta que denomina espé- cie zoológica. A alternativa d está incorreta, porque o hífen é devido ao segundo elemento, que começa com “r”. A alternativa e está in- correta, porque a regra de uso do hífen é diferente da de “contra-ataque”: palavra com o prefi xo “pan” seguido de elemento que começa com vogal tem hífen. Essa palavra tem hífen, porque o prefi xo “contra” termina com uma vogalque é igual à vogal que inicia a segunda palavra, “ataque”. Ficaria “superzagueira”. Não há uso de hífen porque, com esse prefi xo, só se usa hífen se o segundo elemento começar com “h” ou “r”. Resposta pessoal. Sugestão: “As relações sino-americanas têm sido tensas por causa de desentendimentos comerciais.” Resposta pessoal. Sugestão: “A cooperação nipo-brasileira no Cerrado gerou benefícios à agricultura do Brasil.” A nova palavra também tem hífen e fi caria “ex-atacante”. Palavras com o prefi xo “ex-” sempre utilizam hífen. bem-humorado benfeito bem-criado bem-educado X X CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 27 01/04/20 14:12 8. Junte os elementos para formar uma nova palavra, colocando o hífen ou dobrando a consoante quando necessário. a. Anti + social: b. Recém + casado: c. Inter + regional: d. Vice + presidente: e. Contra + regra: 9. Assinale as frases que apresentam grafia correta de todas as palavras. Até o século XIX, a mão de obra escrava foi amplamente usada no Brasil. A co-operação entre os países contribuiu para o desenvolvimento regional. A infraestrutura do prédio era frágil, de acordo com o relatório do engenheiro. O para-choque do carro caiu quando ocorreu o acidente de trânsito. Corrija a grafia das palavras que não cumprem a norma culta e explique o erro existente. 10. De modo geral, não se emprega hífen em locuções. Assinale a alternativa que apresenta uma exce- ção a essa regra. a. Fim de semana b. Mão de obra c. Dia a dia d. Cor de rosa e. Cão de guarda 11. Reescreva as palavras seguintes, trocando “mal” por “bem”. a. Mal-habituado: b. Mal-acabado: c. Malfeito: d. Malvisto: Leia o texto a seguir para responder às questões 12 e 13. Exercícios propostos Veterinário indica porquinho da índia como pet para crianças O veterinário de animais silvestres e exóticos Matheus Rabello apresenta as particu- laridades do porquinho da índia, animal que tem ganhado os lares dos brasileiros. Se- gundo o veterinário, o roedor é um animal fácil de criar e de boa adaptação com crian- ças. Ele também dá detalhes sobre alimentação e cuidados básicos com o bichinho. "Ele é extremamente sociável. É um animal muito recomendado para se ter como pet justamente por ter hábitos adequados para crianças. Ele dificilmente morde", conta o especialista. Veterinário indica porquinho da índia como pet para crianças. EBC. Disponível em: <https://coc.pear.sn/FM7VXOE>. Acesso em: fev. 2020. CAPÍTULO 12 CA P ÍT U LO 1 2 28 antissocial recém-casado inter-regional vice-presidente contrarregra Cooperação – Quando o prefixo termina com uma vogal igual à vogal que inicia o segundo elemento, ocorre hífen. O prefi xo co- é uma exceção. X X X 10. Emprega-se hífen na pa- lavra “cor-de-rosa”. bem-habituado bem-acabado benfeito bem-visto CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 28 01/04/20 14:12 Exercícios de aplicação 12. Qual palavra do texto deveria ter sido escrita com hífen? Por quê? 13. O prefixo “hiper” pode significar “excesso”. Caso ele fosse adicionado à palavra “sociável”, como fica- ria a palavra derivada? Explique se há uso de hífen ou não. 14. Assinale a alternativa que apresenta a palavra que tem hífen pelo mesmo motivo que em “pan-nacionalismo”. a. Vice-governador b. Circum-navegação c. Pós-graduação d. Couve-flor e. Pega-pega 15. A locução substantiva em que se deve usar obrigatoriamente o hífen é pé de cabra. pé de moleque. pé de meia. Módulos 109, 110 e 111 | Posts de redes sociais Observe o post a seguir, da ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), pu- blicado no Twitter, e responda às questões 1 e 2 . 1. Qual opinião a agência pretende emitir com a publicação desse post? Explique. 2. A publicação faz uso das linguagens verbal e não verbal para mostrar seu ponto de vista. Explique como isso ocorre. AC N U R , A G ÊN CI A D A O N U PA R A R EF U G IA D O S LÍ N G U A P O R TU G U ES A 29 Ela objetiva afi rmar que qualquer pessoa pode se tornar um refugiado um dia, visto que é uma situação que afeta indivíduos diferentes, independentemente de gênero, classe, profi ssão, idade etc. A publicação questiona quem são os refugiados por meio da linguagem verbal e apresenta algumas de suas caracterís- ticas pela linguagem não verbal, ilustrando a diversidade de pessoas que podem ser refugiadas. A palavra “porquinho-da-índia” deveria ter sido escrita com hífen, pois ele é empregado em palavras compostas que nomeiam espécies zoológicas. Ficaria hipersociável. Não há uso de hífen, porque com esse prefi xo, só se usa hífen se o segundo elemento começar com “r” ou “h”. X 14. Assim como em “pan- -nacionalismo”, há empre- go do hífen em “circum- -navegação”, porque o se- gundo elemento começa com “n” (haveria hífen tam- bém se começasse com “m”, “h” ou vogal). As alternativas a e c estão incorretas, por- que sempre há uso de hífen com os prefi xos “vice” e “pós” tônicos. A alternativa d está incorreta, porque “couve- -flor” tem hífen por ser uma palavra composta que designa espécie botânica. A alternativa e está incorreta, porque “pega-pega” tem hífen por ser uma palavra composta por elementos repetidos. CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 29 01/04/20 14:12 3. Enem ABL lança novo concurso cultural: “Conte o conto sem aumentar um ponto” Em razão da grande repercussão do “Concurso de microcontos do Twitter da ABL”, o Abletras, a Academia Brasileira de Letras lançou, no dia do seu aniver- sário de 113 anos, um novo concurso cultural intitulado “Conte o conto sem aumentar um ponto”, com base na obra A cartomante, de Machado de Assis. “Conte o conto sem aumentar um ponto” tem como objetivo dar um final distinto do original ao conto “A cartomante”, de Machado de Assis, utilizando- -se o mesmo número de caracteres – ou inferior – com que Machado concluiu seu trabalho, ou seja, 1 778 caracteres. Vale ressaltar que, para participar do concurso, o concorrente deverá ser seguidor do Twitter da ABL, o Abletras. Disponível em: <www.academia.org.br>. Acesso em: out. 2015. Adaptado. O Twitter é reconhecido por promover o compartilhamento de textos. Nessa notícia, essa rede social foi utilizada como veículo/suporte para um concurso literário por causa do(a) a. limite predeterminado de extensão do texto. b. interesse pela participação de jovens. c. atualidade do enredo proposto. d. fidelidade a fatos cotidianos. e. dinâmica da sequência narrativa. Leia o texto a seguir e responda às questões de 4 a 9. Curtir, recomendar e compartilhar A vida digital é um campo minado na era da socialização rotineira por redes dominadas pelo verbo e pela imagem. Vivemos em um período em que difundir é apoiar, não apenas difundir. Divulgar se tornou opinar. O meio é a mensagem e a opinião. Cite uma frase que um comediante postou e você não gostou. Poste apenas para amigos, como quem diz: olha o que ele postou. Mas postar o post de outro sugere aprovação. Alguns criticarão: se postou, concordou com o que o comediante postou. Ao exibir o dito passou a “dizer”. Gostei de um filme e postei a minha opinião. Mas um amigo tinha criti- cado o filme, tinha postado sua opinião, divergente da minha, e eu não tinha lido. Mandou mensagens perguntando se eu fazia alguma “indi- reta” ao ter postado em seguida a ele elogios àquilo que criticou. Se eu dissesse que não lera o que ele tinha postado, poderia se sentir ofendi- do, por eu não acompanhar a sua linha de tempo atentamente. Ignorei. O amigo não fala mais comigo. Encaminhei para minha mulher uma matéria absurda sobre a qual discu- timos no café da manhã. Encaminhei pela rede social, já que foi nela que a li. Ao encaminhar, uma amiga ligou pedindo para tirar, ou melhor, desen- caminhar, operação que me fez perder uns 30 minutos, pois eu não sabia desencaminhar. Ela achou, e suas amigas poderiam achar, que eu defendia a matéria. Eu não defendiaa matéria absurda. Apenas encaminhei para ouvir a opinião da minha mulher, se era mesmo absurda. Desencaminhei. CAPÍTULO 12 CA P ÍT U LO 1 2 30 3. No concurso literário da ABL, espera-se que o conto para o concurso tenha até 1 778 ca- racteres. Assim, pode-se inferir que foi escolhido o Twitter por- que essa rede social estabele- ce um limite de 280 caracteres para cada post. CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 30 01/04/20 14:12 Um amigo morreu. Sua irmã anunciou a morte pela rede social. O que faço, “curto” o anúncio? “Recomendo” a notícia? Outra foi assal- tada e avisa que ficará um período sem celular. Curti. Ninguém curte saber que um amigo é assaltado. Queria apenas que ela soubesse que fiquei ciente de que ficaria um período sem celular. Mas o clique que me resta é “curtir”. Ficar ciente de um assalto é curtir. Saber da morte e confortar uma família é curtir. Mostrar para um amigo algo que não concorda é “recomendar”. Precisão matemática A limitação semântica das redes sociais cria um sem-número de mal- -entendidos, que podem interferir nas nossas relações. A economia de palavras pode mudar a forma de pensarmos. Assim como o “sim” e o “não” (ou zero e um) da linguagem digital, binária, obriga-nos a esclarecer que não defendemos nem criticamos uma proposta ao comentá-la, que talvez não tenhamos opinião, que talvez desejamos dizer nem “sim” nem “não”, mas “talvez”. […] A rede social nos pede economia de palavras, caracteres, argu- mentos. Força-nos a ter uma precisão matemática, para não sermos mal-entendidos. Obriga-nos à exatidão. Mas, sem espaço para argu- mentos, deixa-nos órfãos e em maus lençóis. Deveria haver “curtir”, “saquei”, “que pena”, “me solidarizo”, “compartilho sem concordar”, “recomendo como Rivellino, concordando enfaticamente”, “recomen- do como Raul Seixas”, recomendando apesar de não ter opinião for- mada sobre tudo. Primeiro escalão Outro dia tuitei: “No cinema ontem as 3 pessoas na minha frente viam o filme, curtiam e postavam coisas ao mesmo tempo. No Face! Pq sai de casa?” Uma garota lamentou que nada deveria me impedir de sair de casa. Demorei para entender que ela entendeu errado. Não me perguntei “por que saí de casa?”, mas por que uma pessoa que vai ao cinema e fica em uma rede social sai de casa. Nunca deixarei de ir a um cinema porque hoje em dia uma porcentagem alta de espectado- res fica com a tela do celular na cara trocando mensagens, postan- do, curtindo e compartilhando e espero, para breve, uma campanha introdutória das redes de exibição, pedindo para não fumar, deixar celulares no modo silencioso e não entrar em redes sociais durante a exibição do filme, pois a luz da tela do celular atrapalha aqueles que estão nas fileiras de trás, mesmo que se diminua o brilho na opção ajustes + geral + imagens de fundo e brilho. Minha seguidora não percebeu que eu acentuara corretamente o verbo sair. Porém, eu deveria ter sido preciso na conjugação e escri- to “Pq saem de casa?”, já que eu me referia a três pessoas. Faltou- -me a precisão. […] PAIVA, Marcelo Rubens. Curtir, recomendar e compartilhar. Observatório da Imprensa. 23 set. 2014. Disponível em: <https://coc.pear.sn/Bz9lEDK>. Acesso em: fev. 2020. LÍ N G U A P O R TU G U ES A 31 CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 31 01/04/20 14:12 4. De acordo com o autor do texto, de que modo a ação de compartilhar (encaminhar) um post em rede social pode ser vista como uma opinião? Explique. 5. Como Marcelo Paiva perdeu um amigo por causa de uma interpretação subjetiva desse amigo sobre um post do autor? 6. Considerando os exemplos de posts mencionados no texto, qual é o problema da opção “curtir” como reação aos posts? 7. Qual é a contradição da rede social exposta pelo autor? 8. Por causa do espaço reduzido ou da necessidade de se economizar tempo na digitação, é comum o uso de abreviaturas nas redes sociais. O que significa o termo “Pq” tuitado por Paiva? 9. O que causou uma interpretação equivocada da que Paiva pensou em seu tuíte no post “Pq sai de casa?”? Explique mostrando as variações de pessoa e tempo verbal. CAPÍTULO 12 CA P ÍT U LO 1 2 32 Muitas vezes, a opção “curtir” parece ser inadequada como reação aos posts. Ela é usada como sinal de estar ciente sobre algo, mas o sentido da palavra mostra-se incompatível com certos conteúdos, por exemplo, um assalto ou a morte de alguém. A contradição da rede social é que ela demanda precisão das palavras, no entanto, isso nem sempre é possível, pois há um limite de espaço para usá-las de modo adequado. Assim, em vez de precisão, pode haver confusão por causa de mal- -entendidos gerados pelo texto do post. Houve interpretação diferente sobre o que ele postou, porque pensaram que a forma verbal “sai” se referia à primeira pessoa do singular, quando, na realidade, essa forma corresponde à terceira pessoa do singular do presente do indicativo. Como diz o autor, para a primeira pessoa, seria “saí”, porém no pretérito perfeito. É uma abreviatura de “Por que”. Segundo o autor, quando se compartilha um post em rede social, essa ação é, muitas vezes, vista como se quem com- partilhou concorda com o conteúdo da postagem. Essa percepção seria equivocada, porque compartilhar pode signifi car também que não se concorda com o conteúdo ou que, simplesmente, se quer gerar uma discussão sobre ele. O amigo pensou que a postagem de Paiva era uma indireta a ele, ao ser publicada logo em seguida à dele e com opinião divergente. Como Paiva resolveu não responder ao questionamento do amigo, pois nem havia lido o post dele sobre o fi lme, o amigo deixou de falar com ele. CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 32 01/04/20 14:12 Exercícios propostos 10. Antes de um filme começar no cinema, há diversas recomendações sobre quais comportamentos são esperados durante sua exibição. Qual advertência Marcelo Paiva espera que seja incluída nessa lista de recomendações? Você concorda com ele? Por quê? 11. No post do Ministério Público, foi usada a hashtag #NãoEspalheOÓdio. Imagine que você queira falar sobre esse assunto em uma rede social da qual faça parte. Escreva um pequeno post sobre isso, usando adequadamente essa hashtag. 12. Você viu que a hashtag #PraCegoVer é uma iniciativa que permite que deficientes visuais possam conhecer o conteúdo de uma imagem. Veja, a seguir, dicas de como fazer a descrição, apresentadas pela página do projeto no Facebook. a. Coloco a hashtag #PraCegoVer. b. Anuncio o tipo de imagem: fotografia, cartum, tirinha, ilustração etc. c. Começo a descrever, da esquerda para a direita, de cima para baixo (a ordem de escrita e leitura ocidental). d. Informo as cores: fotografia em tons de cinza, em tons de sépia, em branco e preto (se a foto for colorida, não precisa informar “fotografia colorida”, porque você vai dizer as cores dos elementos da foto na descri- ção e a indicação ficará redundante. Se você já vai dizer que a moça está de casaco vermelho, ao lado de flores amarelas, não precisa dizer que a foto é colorida). e. Descrevo todos os elementos de determinado ponto da foto e só depois passo para o próximo ponto, criando uma sequência lógica. f. Descrevo com períodos curtos (se posso falar com três palavras, não vou usar cinco). g. Gosto de começar pelos elementos menos importantes, contextualizan- do a cena, e vou afunilando até chegar ao clímax, no ponto-chave da imagem. h. Evite adjetivos. Se algo é lindo, feio, agradável, a pessoa com deficiência é quem vai decidir, com base na descrição feita. Capriche! Pra Cego Ver. Disponível em: <https://coc.pear.sn/Udt4f8d>. Acesso em: fev. 2020. LÍ N G U A P O R TU G U ES A 33 Ele espera que seja recomendado que os espectadores não entrem nas redes sociais durante a exibição do fi lme. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos façam uma refl exão sobre o problema de se usar as redes sociais em lugares públicos, neste caso especificamente, no cinema, onde outras pessoas podem se sentir incomodadas ou até mesmo lesadas, pelo fato de a tela dos celulares prejudicar a visão de quem está nas fi leiras de trás. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos mobilizem o que aprenderam sobre discurso de ódio neste capítulo e façam uma pequena refl exão sobre esse assunto. CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 33 01/04/20 14:12 Para responder às questões 13 e 14, leia a tirinha a seguir, do Armandinho. Considerando essas dicas, descreva a imagem a seguir como se ela fosse publicada em uma rede social. CAPÍTULO 12 SO LO VY O VA /I ST O CK A LE XA N D R E B EC K CA P ÍT U LO 1 2 34 Resposta pessoal. Sugestão: #PraCegoVer Fotografi a de menino fazendo carinho na cabeça do cachorro. Menino usa camisa de manga longa de cor cinza, bermuda azul com estampas brancas, boné bege e tênis vermelho. Cachorro olha o rosto do menino. CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 34 01/04/20 14:12 13. O que provoca efeito de humor nessa tirinha? Explique. 14. A rede de Armandinho é uma rede de verdade, portanto há limite de quantidade de pessoas com quem Armandinho pode interagir nela. Em sua opinião, é melhor que relacionamentos sejam culti- vados em uma rede como a de Armandinho ou nas típicas redes sociais? 15. Enem Rede social pode prever desempenho profissional, diz pesquisa Pense duas vezes antes de postar qualquer item em seu per- fil nas redes sociais. O conselho, repetido à exaustão por con- sultores de carreira por aí, acaba de ganhar um status, diga- mos, mais científico. De acordo com resultados da pesquisa, uma rápida análise do perfil nas redes sociais pode prever o desempenho profissional do candidato a uma oportunidade de emprego. Para chegar a essa conclusão, uma equipe de pesquisadores da Northern Illinois University, University of Evansville e Auburn University pediu a um professor univer- sitário e dois alunos para analisarem perfis de um grupo de universitários. Após checar fotos, postagens, número de amigos e interes- ses por 10 minutos, o trio considerou itens como consciência, afabilidade, extroversão, estabilidade emocional e receptivi- dade. Seis meses depois, as impressões do grupo foram com- paradas com a análise de desempenho feita pelos chefes dos jovens que tiveram seus perfis analisados. Os pesquisadores encontraram uma forte correlação entre as características descritas com base nos dados da rede e o comportamento dos universitários no ambiente de trabalho. Disponível em: <http://exame.abril.com.br>. Acesso em: fev. 2012. Adaptado. As redes sociais são espaços de comunicação e interação on-line que possibilitam o conhecimento de aspectos da privacidade de seus usuários. Segundo o texto, no mundo do trabalho, esse conhe- cimento permite a. identificar a capacidade física atribuída ao candidato. b. certificar a competência profissional do candidato. c. controlar o comportamento virtual e real do candidato. d. avaliar informações pessoais e comportamentais sobre o candidato. e. aferir a capacidade intelectual do candidato na resolução de problemas. LÍ N G U A P O R TU G U ES A 35 O humor está presente na brincadeira com a expressão “rede social”, a qual, na tirinha, constitui-se em uma rede material, e não em uma rede virtual (da internet), à qual geralmente é associada. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos discutam vantagens e desvantagens sobre as interações sociais dentro e fora das redes sociais. 15. De acordo com o texto, a análise de perfi s nas redes sociais possibilitou que se levantassem hipóteses so- bre algumas características pessoais dos jovens avalia- dos, as quais corresponde- ram ao desempenho deles no trabalho. Assim, verifi car as redes sociais de candida- tos a um emprego antes de contratá-los pode ser uma maneira útil de o emprega- dor acertar em sua escolha. CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 35 01/04/20 14:12 Módulos 103, 104 e 105 Módulos 106, 107 e 108 Módulos 109, 110 e 111 1. Assinale as afirmações corretas a respeito dos discursos de ódio. São manifestações que incitam a discriminação e/ou a violência contra determinados gru- pos sociais. São condenados tanto no Brasil quanto internacionalmente. São garantindos por lei, pois a Constituição Brasileira garante o direito à liberdade de expressão. 2. Assinale as afirmações corretas sobre a liberdade de expressão. Não está prevista na Constituição brasileira. Não pode ser usada para violar outros direitos fundamentais. Permite a coexistência da diversidade. 3. Faça a junção dos elementos seguintes para formar uma nova palavra. Coloque o hífen quando necessário. a. anti + higiênico: b. auto + escola: c. ponta + pé: d. mal + agradecido: 4. Assinale as palavras em que deve haver o emprego do hífen. À queima roupa Belo Horizonte Super resistente Cor de rosa Mão de obra Grão Pará Pingue pongue Sul americano 5. Assinale as afirmações que tratam de características de posts de redes sociais. Não se usa linguagem informal. É comum o uso de hashtags. Podem conter textos verbais e não verbais. Os assuntos dos posts são variados: esporte, política, cotidiano, economia etc. CA P ÍT U LO 1 2 36 anti-higiênico autoescola pontapé mal-agradecido X X X X X X X X X X X X X CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 36 01/04/20 14:12 Caracteriza-se como qualquer discurso, gesto ou conduta que é proibido porque incita violência ou ação discriminatória contra um grupo de pessoas ou porque ofende ou intimida um grupo de cidadãos. Uso do hífen Posts de redes sociais DISCURSO Discurso de ódio Linguagem verbal Linguagem não verbal Discurso de ódio não pode ser confundido com liberdade de expressão. Liberdade de expressão é direito de as pessoas manifestarem suas opiniões, e também de todos terem acesso às informações difundidas por diversos meios, de forma independente e sem censura. No entanto, essas opiniões não podem ser discriminatórias, por exemplo. O hífen é um sinal gráfico que se usa para ligar os elementos de palavras compostas ou derivadas por prefixação. No caso de palavras compostas, seu emprego só ocorre quando há justaposição. A intenção de um post é tornar o texto público, gerando uma reação, objetivo de quem o produz. É possível manifestar opiniões sobre diferentes assuntos por meio de posts em redes sociais, mas é necessário cuidar para que não desenvolvam ou propaguem discursos de ódio. LÍ N G U A P O R TU G U ES A 37 CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 37 01/04/20 14:12 CAPÍTULOCAPÍTULO 13 DENOMINADOR COMUM Módulos 112, 113 e 114 ANÁLISE DE DEBATE No capítulo anterior, você viu como a falta de diálogo e de respeito ao outro pode gerar discursos de ódio. Para que se possa conviver de modo harmônico, é necessário chegar a consensos. Em uma sociedade plural e democrática, sempre há divergências de ideias e de opi- niões, porém, por meio de debates, podem-se alcançar de- nominadores comuns. LÍ N G U A P O R TU G U ES A 38 No capítulo anterior, vimos como a dificuldade de compreender o outro pode gerar discursos de ódio. Para evitar o agravamento de conflitos, é necessário que haja diálogos construtivos e que se busquem consensos, ainda que mínimos, para diminuir a divisão em uma sociedade. Assim, neste capítulo, trabalharemos a impor- tância de se achar um denomina- dor comum para a convivência em um país democrático. Neste conjunto de módulos, se- rão trabalhados aspectos do de- bate em torno da análise de um tema específi co, para que os alu- nos possam se familiarizar sobre como se desenrola um debate e, assim, consigam, nos próximos módulos, participar desse ato de comunicação. CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 38 01/04/20 14:12 LÍ N G U A P O R TU G U ES A 39 CO EF 08 INFI 91 3B LV 06MI DMUL PR_DLPO G070.indd 39 01/04/20 14:12 Ao se estabelecer um diálogo, o debate permite a construção coletiva do conhecimento. Como você viu no sétimo ano, no debate pode-se tanto apro- fundar discussões sobre temas polêmicos como também chegar a tomadas de decisão e a resoluções de problemas. Geralmente, questões polêmicas que envolvem o interesse público costumam gerar amplo debate na socie- dade, sendo discutidas em situações formais, como nas assembleias legis- lativas, mas também nas informais, como em programas televisivos ou em redes sociais. Para a análise de um debate, é importante, primeiramente, identificar seu tema. Quando se aborda um tema polêmico, é comum que haja um lado favorável a ele e outro contra. Os debatedores são aqueles que assumem um dos lados e devem mobilizar argumentos para defender seu posicio- namento. Eles precisam tentar convencer tanto o lado oposto da questão quanto outros interlocutores que possam ter interesse nela. Assim, para compreender o debate, deve-se analisar o que cada lado defende e em quais argumentos se baseia. Leia, a seguir, um texto que trata da instalação de ciclovias na cidade de São Paulo. Embora, atualmente, tenham-se tornado populares, elas foram alvo de polêmica inicialmente, sendo um assunto muito debatido entre os paulistanos. Três razões para amar e outras três para odiar as ciclovias em SP Desde que começaram a ser instaladas em maior escala pela prefeitura, as ciclovias atraí- ram o amor e o ódio dos paulistanos. De um lado, ciclistas e urbanistas defendem os bene- fícios das novas faixas para o trânsito e para a saúde. Do outro, motoristas e comerciantes re- clamam da perda de espaço nas vias e da falta de diálogo para a mudança. No último dia 19, a Justiça chegou a proibir a prefeitura de continuar a instalação das faixas, a pedido do Ministério Público. Os argumentos eram [contra a falta de] planejamento e [as] falhas na instalação. Oito dias depois, uma manifestação reuniu ci- clistas contrários à paralisação. Na mesma data, o Tribunal de Justiça reverteu a decisão e libe- rou as obras. A discussão sobre o tema parece estar longe de terminar. Até agora, a prefeitura já instalou 235,3 km de vias para bicicletas – a meta é che- gar a 400 km até o fim do ano. Veja agora três motivos para amar e outros três para odiar as faixas para bicicletas na ci- dade, de acordo com os principais interessa- dos no tema. De que lado você está? Três razões para amar as ciclovias 1 – Elas significam menos carros As ciclovias incentivam o uso da bicicleta como forma de se locomover pela cidade. Com isso, a expectativa é de que elas ajudem a diminuir o número de carros nas ruas, reduzindo o trânsi- to, a poluição e o barulho gerado por eles. Nas palavras da Ciclocidade, associação de ciclistas de São Paulo, as ciclovias reduzem “os desperdícios públicos e privados com os con- gestionamentos e a evidente falência do sis- tema de transportes com base no automóvel”. 2 – Também significam mais qualidade de vida Fazer exercícios físicos é importante para a saúde de todos. E andar de bicicleta é uma ótima atividade. Além dos benefícios à saú- de, a Ciclocidade também argumenta que a instalação de ciclovias permite aos ciclis- tas conhecerem melhor a cidade enquanto trafegam de um ponto a outro, tornando a viagem mais agradável e menos estressante do que se feita em um automóvel. Dá para parar em uma lojinha que você não conhecia ou até descobrir uma praça nova. Exacerbado: que se tor- nou intenso. VOCABULÁRIO CA P ÍT U LO 1 3 40 CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 40 01/04/20 14:12 3 – E ainda trazem mais economia e segurança Quem anda de bicicleta não gasta dinheiro com gasolina nem com bilhete único. Então, essa pode ser uma ótima forma de dar uma folga ao orçamento familiar. Além disso, as ciclovias garantem mais segurança aos ciclis- tas, que antes trafegavam entre os carros. Não custa lembrar dos diversos acidentes que já ocorreram com ciclistas na cidade, inclusive na Avenida Paulista, cuja ciclovia gerou grande discussão. Em outubro do ano passado, o ciclista Marlon Moreira de Castro morreu após ser atropelado por um ônibus na avenida, que ainda não tinha iniciado as obras para a ciclovia. Três razões para odiar as ciclovias 1 – Elas foram feitas sem planejamento Uma das principais reclamações de morado- res e comerciantes é a falta de diálogo com a população sobre a instalação da ciclovia. Este é um dos argumentos que constam na ação movida pelo Ministério Público Esta- dual solicitando a paralisação das obras. Para o MPE, é “sem justificativa e ilegal a opção da atual gestão municipal em proce- der, com velocidade exacerbada, à implan- tação do sistema cicloviário nesse municí- pio sem prévias audiências públicas, sem consulta à população, principalmente das pessoas que vivem no entorno dos locais em que estão sendo instaladas as ciclovias e ciclofaixas”, diz a petição. 2 – E ainda deixam menos espaço para estacionar Outra questão é o fato de as faixas ocuparem espaços antes destinados ao estacionamento de veículos. “Com a ciclovia fica impossível descarregar compras, apanhar um idoso na porta de casa. O comerciante também não tem mais acesso ao seu comércio”, afirmou um comerciante da região da Santa Cecília à Folha de S.Paulo. Outra moradora, desta vez dos Jardins, ques- tionou em reportagem do Estado de S. Paulo: “Se eu fizer um jantar e quiser receber meus amigos, onde eles vão parar?”. 3 – Como se não bastasse, ocupam calçadas e podem causar acidentes com pedestres Outro argumento de quem é contrário às fai- xas é a falta de segurança para ciclistas e pe- destres. No caso dos ciclistas, os críticos dizem que há ciclovias em avenidas muito movimen- tadas, o que poderia gerar acidentes. Outra questão é a instalação das faixas em calçadas, o que pode trazer riscos aos pedestres. Na ação, o Ministério Público aponta a “exe- cução de ciclofaixas […] em locais obstruídos por postes, placas de sinalização, com bu- racos, com guias altas em travessia de ruas, pontos de ônibus, árvores, poços de visitas (PV) em desnível, rampas de garagem, calça- das em condições precárias, com ocorrência de empoçamentos de água, acúmulo de lama e entulhos etc.”. DESIDÉRIO, Mariana. 3 razões para amar e outras 3 para odiar as ciclovias em SP. Exame. Disponível em: <https://coc.pear.sn/41DYTDO>. Acesso em: fev. 2020. Cicloativismo Assista a um debate sobre a questão das ciclovias em <coc.pear.sn/X7RRONT>. EXPLORE MAIS No texto que você leu, são apresentados argumentos que os lados opostos do debate sobre as ciclovias usam para defender seu ponto de vista. Consideran- do os interesses que estão em jogo, é possível dizer que, caso houvesse a reali- zação de um debate formal, ciclistas estariam do lado favorável à instalação de ciclovias, enquanto alguns usuários de carros estariam do lado contrário a ela. Observe, por exemplo, o argumento contra a ocupação de espaços destina- dos para o estacionamento de carros. Nesse ponto, há claramente uma luta por espaço em uma cidade que tem grande frota de automóveis e que, tra- dicionalmente, privilegiou esse meio de transporte. Assim, as bicicletas, do ponto de vista dos motoristas de carro, atrapalhariam a situação habitual da vida deles. Do ponto de vista dos ciclistas, no entanto, as bicicletas são meios alternativos aos carros, os quais causam trânsito e poluição. 41 LÍ N G U A P O R TU G U ES A Se o vídeo for acessível em sala de aula, seria interessante mostrá-lo antes de tra- balhar o texto, que trata dos pontos que poderiam ser levantados em um debate. Este é o momento opor- tuno para aplicar o exer- cício 1 da seção “Para conferir”, referente aos módulos 112, 113 e 114. CO EF 08 INFI 91 3B LV 06 MI DMUL PR_DLPO G070.indd 41 01/04/20 14:12 ORTOGRAFIA: CONTUDO/COM TUDO; CONQUANTO/ COM QUANTO; ATRAVÉS DE/POR MEIO DE Algumas palavras ou expressões
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