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AULA 4 DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR E APRENDIZAGEM Prof. Everton Adriano de Morais 2 CONVERSA INICIAL Seja bem-vindo(a) à nossa quarta aula. Nela discutiremos sobre neuropsicomotricidade e algumas fases do desenvolvimento humano, também abordando o tema do comportamento motor e suas disfunções: Quando e como elas acontecem? Como lidar com situações como, por exemplo, os transtornos de coordenação? Qual deve ser a postura dos educadores nesse caso? O objetivo desta aula é nortear o aluno no que tange ao tópico do desenvolvimento motor e sua relação junto aos processos do pensamento desde a infância até a velhice. As aulas anteriores nos deram a visão de como o ser humano constrói o processo de maturação e elaboração do comportamento motor, elucidando quais as estruturas biológicas envolvidas, os principais autores relacionados a esse tema e a interação com o meio social. Nesta aula, é importante falar sobre como o funcionamento desse comportamento ocorre nas fases da vida de um indivíduo. CONTEXTUALIZANDO Quando se fala em desenvolvimento, diversos são os aspectos e fatores envolvidos: social, familiar, escolar, biológico, filogenético, ontogenético, afetivo, cognitivo etc. Há inúmeras situações que contribuem para o desenvolvimento. A fase da infância é caracterizada como uma das mais importantes no que se refere a esse tema, pois, nela, diversas habilidades e aptidões podem contribuir para as próximas fases. O comportamento motor é um dos grandes responsáveis pela interação do homem, pelas construções cognitivas e pelo aprimoramento dessas. A aprendizagem de tarefas complexas e funcionais, como dançar, praticar esportes, dirigir, entre outras, envolve diretamente a motricidade (Neto et al., 2008, p. 46-470). E quando há uma dificuldade quanto a esse desenvolvimento? Como lidar com isso? Qual postura a ser seguida? Os educadores que investem na educação de forma holística, entendendo que o processo motriz não corresponde apenas ao movimento musculoesquelético, mas a outras situações do aprender (como ler, escrever e até mesmo calcular), acreditam ser possível cuidar e até mesmo prevenir algumas dificuldades apresentadas. O fato de não haver um bom desenvolvimento neuropsicomotor, por exemplo, pode influenciar diretamente na alfabetização, na linguagem oral e na escrita, pois há uma integração entre esses 3 processos: havendo falha em um, os demais poderão ser afetados (Neto et al., 2008, p. 47-50). TEMA 1 – NEUROPSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTOJUVENIL: UM PREPARO PARA AS DEMAIS FASES DO DESENVOLVIMENTO A infância corresponde a uma fase de aprendizagem, preparo e maturação para as demais fases do desenvolvimento. Cada particularidade é de extrema importância para a criança – linguagem, relacionamento interpessoal, afetividade, processos psicológicos, entre outras –, e isso se dá desde o nascimento, quando acontecem os primeiros contatos com o meio, promovendo estímulos visuais, auditivos, tátil-cinestésicos etc. O comportamento motor é uma forma de se relacionar com o mundo com base no movimento, fornecendo o fundamento para a articulação da fala, o preparo para coordenação motora e a elaboração de movimentos controlados e automatizados (Rolim et al., 2008, p. 176-179; Sandril et al., 2009, p. 34-36). Por meio dessa explanação inicial, pode-se entender que a psicomotricidade está presente desde os primeiros dias de vida: o movimento em si é incentivado a todo instante. Uma das premissas importantes na construção psicomotora da criança é o conhecimento do próprio corpo – quais os limites, como se desenvolve. Esse “conhecer” ocorre por meio de práticas físicas e de atividades educacionais estimuladas pelo meio e por outras pessoas, bem como por pais, educadores, professores e familiares de um modo geral. Todas essas funcionalidades são executadas por uma formação global, e podem até ser consideradas uniformes. Na infância, esse processo se dá pelo aprender contínuo de novos movimentos executados, seja pegar um brinquedo, tocar com as mãos os pés, exercitar as articulações etc. Na fase seguinte, que corresponde à adolescência, o comportamento motor fica mais elaborado, refinado e aprimorado, em caso de maturação saudável. Aquilo que outrora era executado de forma rudimentar agora tem mais força e é mais consistente. Isso dependerá também da estimulação e da educação do ambiente no qual o indivíduo está inserido, considerando também sua formação e atividades desempenhadas, pois o desenvolvimento não depende apenas de uma maturação biológica, já que o ser humano é biopsicossocial (Rossi, 2012, p. 2-3). 4 Na psicomotricidade, a construção ocorre do geral para o específico – os movimentos são mais bruscos e, posteriormente, tornam-se mais elaborados. As premissas básicas de desenvolvimento em relação ao comportamento motor e aos processos cognitivos são: conhecimento do corpo e suas estruturas, noção de espaço, tempo, lateralidade, até o início da escrita. Um erro relacionado a algum desenvolvimento que não ocorreu pode impactar diretamente outros aspectos do aprender. Por exemplo, a dificuldade de noção espacial influencia a alfabetização e o conhecimento das letras e caracteres, pois uma alteração, como a da letra “p” para “d”, por exemplo, modifica o sentido da palavra (devido à mudança da haste da letra de um lado para o outro). Por esse motivo, a lateralidade defasada acarreta dificuldade tanto na escrita quanto na leitura. De acordo com Gallahue e Ozmun (2005, p. 22-27), o desenvolvimento motor está ligado aos processos cognitivos e à afetividade. Há inúmeros fatores que o influenciam, inclusive o biopsicossocial, decorrente da interação com o ambiente, da maturação biológica, da construção afetiva e de aspectos cognitivos, presentes desde a idade mais tenra até a velhice. O exercício e a prática contínua dessas habilidades em todas as faixas etárias são de extrema importância, pois o ciclo vitalício compreende e aprende de forma flexível e adaptativa em todos os momentos da vida, sendo mais plástico na infância e um pouco mais complexo em relação à reorganização na fase da velhice, mas isso não impede de evoluir, mudar, aprimorar e o comportamento motor. TEMA 2 – NEUROPSICOMOTRICIDADE, APRENDIZAGEM E ENVELHECÊNCIA O aprender é contínuo em todo o ciclo da vida, iniciando-se na infância com maior intensidade e reconhecimento do meio e do organismo. Posteriormente, tem alguns de seus aprimoramentos na fase da adolescência; na fase adulta, após a maturação de estruturas do Sistema Nervoso (Cosenza; Guerra, 2011, p. 101), algumas funções e movimentos ficam mais rígidos, passíveis de mudança, contudo, demandando maior complexidade; por fim, a velhice é a fase na qual é importante o exercício de atividades motoras para manutenção de movimentos, ações, pensamentos, construções cognitivas e linguagem, pois, embora a aprendizagem seja constante e possível, para essa faixa etária são necessários treinos específicos e distintos das demais, visto o organismo ter algumas limitações (o que não configura impedimento para aprender) que precisam de uma 5 atenção maior. Assim, o exercício psicomotor é uma alternativa para manter ativa a dinâmica do organismo junto à interação com o ambiente. Henry Wallon (1997, p. 105) direcionou uma atenção especial para o desenvolvimento psicomotor, diferenciando-o do comportamento motor. Explicou que a construção psicomotora não compreende apenas regulação e execução dos movimentos, mas a interação com diversos processos psíquicos, como linguagem, classificação e outras ações que relacionam o corpo com a mente. A gerontopsicomotricidade, que estuda e analisa os processos do aprender em relação aos movimentos no envelhecimento, traz diversaspeculiaridades investigadas. Para que o indivíduo nessa fase tenha um desenvolvimento saudável, precisa buscar atividades de forma holística e que envolvam o funcionamento dos processos psicológicos, cognitivos, afetivos, além de ações físicas e sua prática. O idoso, nessa fase do desenvolvimento, passa por inúmeras reorganizações e readaptações: consciência do corpo, agilidade do movimento, novos projetos de vida e até mesmo ressignificação de diversas condições do ciclo vital. O aprender não se resume a apenas algumas ou uma única fase do desenvolvimento, mas estende-se para todas as faixas etárias. Por esse motivo, o exercício e o treino dos processos de pensamento e as ações motoras devem continuar ativos e diretos (Galvani, 2015, p. 16-18). Durante a vida toda, o idoso passou por diversas percepções do corpo, conhecidas por meio do movimento, do exercício e da execução de ações do próprio corpo. O pensamento em ato é a realização psicomotricista, o sentir e conhecer o organismo – é reproduzir, por meio do movimento, o pensamento. Tendo uma visão holística, não separando a mente do corpo, mas integrando os processos, é possível compreender a psicomotricidade como um funcionamento de passos interligados do indivíduo. A linguagem, as ações emocionais e outros funcionamentos constroem uma história conectada (interações e meio), tendo em si uma contribuição biopsicossocial. Conscientizar-se e apropriar-se desse conhecimento em relação ao corpo torna o indivíduo um idoso mais funcional em suas ações, com capacidades adaptativas e potencializadas, também em maiores proporções (Galvani, 2015, p. 52-55). Por esse motivo, é de grande valia a atuação dos educadores como estimuladores motricistas no que se refere à ação junto aos idosos, pois traz a possibilidade de reorganização e readaptação de seu funcionamento motor, tornando-os mais ativos e constantes. Isso contribui para aprendizagem de novas 6 ações e atividades laborais, colaborando para a adaptação à nova fase do desenvolvimento em relação ao controle emocional, ao aperfeiçoamento de funções cognitivas, ao equilíbrio afetivo, às práticas esportivas e à ativação de memórias declarativas (informações de curto ou longo prazo acessadas) e não declarativas (vias reflexas e sensoriais), que podem ser revividas e reavivadas em uma condição saudável. Ler, escrever, fazer palavras cruzadas e caça-palavras são processos que contribuem para uma vida saudável no envelhecimento. TEMA 3 – INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS NAS FASES DO DESENVOLVIMENTO EM RELAÇÃO À DEFICIÊNCIA INTELECTUAL As fases do desenvolvimento cumprem um papel importante para o amadurecimento do ser humano. Cada momento do ciclo da vida tem sua particularidade; sequencialmente, há uma colaboração entre uma fase e outra. Mas quando é que existe uma alteração significativa nesse circuito, seja na infância, na adolescência, na fase adulta ou no envelhecimento? Até o presente momento, debatemos e comentamos o desenvolvimento psicomotor saudável. Contudo, o que fazer quando, no desenvolvimento (cognitivo, físico ou afetivo), ocorre uma alteração (perda, lesão ou atraso), seja ela mínima ou severa? De acordo com Leitão et al. (2008, p. 21-24), para um indivíduo que apresenta déficit intelectual, as ações e intervenções psicomotoras são de grande importância, pois há necessidade de reajuste de diversos processos. As autoras discutem sobre a integração do comportamento motor a outras funções básicas do desenvolvimento. Como já mencionado em outros temas, há um importante entendimento de que o processo psicomotor envolve uma visão holística, ou seja, uma integração biopsicossocial, e não apenas o comportamento motor em si enquanto ação e execução. Na deficiência intelectual, em qualquer faixa etária, é interessante investigar a raiz da dificuldade de aprendizagem e explorar as capacidades de flexibilidade e reorganização dos processos mentais, respeitando a evolução do indivíduo de acordo com o seu rendimento, mas entendendo que cada um tem seu ritmo. A intervenção psicomotora possibilita ao indivíduo construir novas aprendizagens e estratégias para lidar com as condições proporcionadas pelo meio. Para Ferreira et al. (2012, p. 31-32), a deficiência intelectual se define como um comprometimento limitante nas adaptações de funções intelectuais acompanhado de defasagens cognitivas, sociais, conceituais etc. Segundo os 7 autores, essas dificuldades podem ser auxiliadas por atividades físicas e treinos psicomotores, no caso de déficits motores. Como já vimos, uma falha no processo motriz resulta em comprometimento também de outras áreas do aprender. Assim, intervenções diretas para remover ou amenizar o problema por meio de ações práticas são de grande valia para promoção da saúde do indivíduo com dificuldade e deficiência intelectual. Tal intervenção deve ocorrer com grande intensidade principalmente entre a infância e os 18 anos aproximadamente, pois as limitações de um indivíduo com deficiência intelectual se desenvolvem com grande intensificação nesse período. O funcionamento básico da psicomotricidade para auxiliar um indivíduo conta com alguns elementos: tônus, lateralização, equilíbrio, conhecimento da esquematização do corpo, orientação espaço-tempo, coordenação geral e coordenação motora fina. Quando se fala em aplicação psicomotricista, sua estrutura compreende três pilares (Ferreira et al., 2012, p. 32): querer fazer – de ordem emocional; fazer – referente à motricidade; saber fazer, relacionado aos processos cognitivos. Com base nessa organização é possível desenvolver inúmeras atividades físicas direcionadas ao processo mental e à integralização do indivíduo como um todo, contribuindo para promoção de saúde mental. TEMA 4 – TRANSTORNOS DE COORDENAÇÃO MOTORA E O APRENDER A coordenação motora corresponde às ações ordenadas em conjunto com base no movimento, e tem grande importância para o desenvolvimento do ser humano no que tange às habilidades sociais, funções cognitivas, prática, criatividade, afetividade, entre outros. Há, no movimento, um valor inestimável, pois constantemente o indivíduo cria e executa atividades motoras: escrever, digitar, tocar um instrumento, praticar exercício físico, utilizar talheres etc. Esse indivíduo nasce com comportamentos reflexos e inábil para movimentos de coordenação motora fina, mas, no decorrer de seu desenvolvimento, isso é aprimorado e elaborado. Na velhice, contudo, o sujeito torna-se inábil em certo ponto, com atraso nos movimentos e até mesmo dificuldade para executá-los, dependendo do avanço da idade. Dessa forma, pode-se entender que o desenvolvimento motor permeia todas as fases do ciclo vital, o qual é construído por meio de ações e mudanças ao longo desse processo (Santos et al., 2004, p. 33-34). 8 O comportamento motor possui algumas especificidades, como a universalidade com base em uma ordem filogenética (por exemplo: engatinhar, levantar, andar e correr). Contudo, também é aprimorado de maneira diversificada, sendo construído por estimulação do ambiente, uma relação que se desenrola junto a condições culturais, inclusive respeitando a sequência de aprendizagem do indivíduo – e, nesse caso, evolui-se de forma particular, pois cada pessoa tem sua forma de andar, de correr, de executar um movimento e de exercitar suas articulações. No entanto, em alguns casos há um atraso no processo de desenvolvimento do movimento, o que resulta em uma inabilidade, dificultando a prática e causando desordem na aquisição das habilidades. Muitas vezes a dificuldade de execução dos movimentos não está limitada apenas ao mover-se, mas reporta-se a possíveis causas orgânicas, como, por exemplo, lesões ou defasagens neurológicas, psicológicas e cognitivas. O comprometimento de alguma área cerebral, por exemplo, pode impactardiretamente o comportamento motor; na fase da infância, uma alteração que causa atraso ou lesão neurológica pode impactar movimentos que exigem habilidades motoras fundamentais, como andar, correr, sentar etc., mas também impactar as condições do aprender na escola, como escrita, prática de educação física, atividades motoras para brincar, entre outras (Santos et al., 2004, p. 37-38). Considera-se o Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) o comprometimento do comportamento motor; sua causa não necessariamente corresponde diretamente a funções de capacidades intelectuais ou neurológicas, embora tenha ligação com elas. Um indivíduo que apresente essa disfunção geralmente sofre um impacto em suas atividades diárias (escola, trabalho, brincadeiras, entre outras); ele pode, em certa instância, desenvolver habilidades básicas de comportamento motor, como equilibrar-se, andar e sentar, porém, não as aprimora de maneira funcional (no que se refere a auxiliar a relação junto aos demais indivíduos e à ação no ambiente). Na velhice, por exemplo, o sistema motor tende a declinar, e as experiências de vida interagem de forma negativa com os comprometimentos da motricidade do indivíduo (Santos et al., 2004, p. 40- 41). Dessa forma, entende-se que o TDC impacta diversas fases do desenvolvimento humano, trazendo comprometimentos desde a infância até a velhice. Embora em uma fase ocorra o desajuste da aprendizagem e da aplicação funcional para novas atividades, outras fases do desenvolvimento são afetadas 9 no que tange à ação das atividades já aprendidas, mas que agora precisam de readaptação e reorganização, em decorrência dos sistemas biológicos que gradativamente vão perdendo sua força e tornando-se mais lentos, porém, não inábeis. Esse cenário exige uma sequência de treinos e a promoção da saúde para reabilitação de situações e condições comprometidas pelo transtorno motor. TEMA 5 – DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR E FORMAÇÃO DE EDUCADORES É muito importante que falemos, neste último tema, sobre a atuação, a preparação e a capacitação do profissional da Educação – seja ele professor, pedagogo, psicólogo etc. – quanto ao desenvolvimento psicomotor. Há certas dúvidas que pairam sobre esse assunto, e elas também podem ser suas: Como atuar e o que fazer para identificar o desenvolvimento psicomotor saudável? Quando identificar um indivíduo que apresenta comprometimento? Como essa condição aparece? Para essas e outras questões, é necessário entrelaçar os temas anteriormente vistos nesta aula. Um educador deve apresentar uma visão holística de como o indivíduo cresce, se desenvolve e amadurece no decorrer dos anos: entender como isso ocorre é primordial. Saber quais as ferramentas e os recursos e também como trabalhar com esse aspecto do desenvolver é muito importante, pois cada detalhe pode ser muito útil (Ferronato et al., 2006, p. 60-76). Para os educadores de um modo geral, existe a necessidade de entender que há diversas estratégias que colaboram para o desenvolvimento psicomotor em harmonia com outros processos, como estimulação com base em ações de relacionamento interpessoal, práticas psicopedagógicas, reabilitações cognitivas, aprendizagem por meio de interações sociais etc. A educação e a reeducação psicomotoras são essenciais para ativação da sensação e da percepção dos sentidos, pois orientam vários aspectos (educacionais, sociais, familiares e individuais). Há práticas que devem ser aplicadas de forma criativa, pois demandam organização, tentativa e erro, reorganização e formulação de atividades que tenham objetivos pedagógicos para construção do aprender, o que leva o educador a ter a necessidade de explorar o máximo de alternativas possível para encontrar um meio mais adequado a cada indivíduo. No caso da reeducação psicomotricista, o educador deve retomar ações e funções que não apresentam o 10 devido funcionamento e, por meio de condutas que possam reabilitar as atividades motoras, remover ou reduzir o problema motor apresentado – o que inclui uma gama de profissionais tanto da área da Saúde quando da Educação (Ferronato et al., 2006, p. 81-82). Desse modo, é imperativo frisar a importância dos profissionais que trabalham o desenvolvimento humano, a prevenção e a promoção da saúde, pois a multidisciplinaridade contribui com indivíduos em processo de formação psicomotora e com aqueles que estão na fase de envelhecimento, não reproduzindo mais suas ações motoras devido a comprometimento cognitivo ou atraso no movimentar-se. Logo, entende-se como essencial um preparo psicológico, pedagógico, operacional e estratégico, a fim de que os educadores tenham bons resultado com seus educandos, pacientes e envolvidos nas atividades proporcionadas. Toda e qualquer ação bem elaborada, criada com base em uma fundamentação direcionada e esclarecida pode contribuir para o bom andamento do desenvolvimento humano – de crianças a idosos –, potencializando a motricidade e dando funcionalidade a ela, inclusive reorganizando o comportamento motor e a readaptação de acordo com cada fase (Logarezi; Alves, 2009, p. 125-132). FINALIZANDO O desenvolvimento neuropsicomotor segue a complexidade do amadurecimento das faixas etárias. Cada fase tem sua singularidade e, por esse motivo, cada detalhe tem de ser levado em consideração. A recepção dos estímulos na infância precisa ser elaborada e trabalhada de maneira particular, pois esses estímulos fornecerão a base para movimentos mais refinados na fase adulta. As inabilidades ocasionadas por um transtorno psicomotor podem impactar o desenvolvimento humano, ocasionando disgrafias, dislexias e dispraxias em âmbitos escolares; caso essa situação não seja identificada, não sendo descoberta a raiz do problema (que pode ser motora), haverá desajustes em inúmeras áreas acadêmicas, como, por exemplo, nas áreas de linguística, lógico- matemática, na atividade física etc. A defasagem de orientação temporal-espacial pode comprometer áreas interligadas. 11 O preparo de profissionais é essencial para atuação no desenvolvimento psicomotor, pois possibilita analisar os principais indícios das inabilidades e, por meio dessa constatação, trazer uma proposta para reabilitar diversas funções. Além disso, é necessário conhecer técnicas, estratégias e planejamentos aplicáveis em intervenções assertivas, a fim de auxiliar o indivíduo que apresenta dificuldades. Nesta aula, discutimos o desenvolvimento infantil, mas também a fase adulta e a velhice. O profissional que lida com o desenvolvimento psicomotor deve entender que o sentar, o levantar e o andar são distintos na infância e na velhice: na primeira, a tendência é a de aprimorar os movimentos e torná-los funcionais; na segunda, reorganizar e readaptar os movimentos de acordo com os atrasos cognitivos e motores. No entanto, tudo se trata de cada vez mais aprender sobre o desenvolvimento humano. LEITURA COMPLEMENTAR Texto de abordagem teórica LUSSAC, R. M. P. Psicomotricidade: história, desenvolvimento, conceitos, definições e intervenção profissional. Revista Digital-Buenos Aires, ano 13, n. 126, 2008. Disponível em: <https://www.efdeportes.com/efd126/psicomotricidade- historia-e-intervencao-profissional.htm>. Acesso em: 10 ago. 2021. Texto de abordagem prática SANTOS, R. C. F. et al. Psicomotricidade: uma ferramenta norteadora no processo de ensino-aprendizagem de crianças com dislexia. Rev. Ciênc. Ext. v. 5, n. 2, p. 79, 2009. Disponível em: <https://ojs.unesp.br/index.php/revista_proex/article/view/281>. Acesso em: 10 ago. 2021. 12 Saiba mais ANTUNES, A. P. A Psicomotricidade no envelhecimento patológico. Relatório de Estágio (Mestrado em Reabilitação Psicomotora) – Universidade Técnica de Lisboa. Faculdade de Motricidade Humana, 2013. Disponível em: <https://www.repository.utl.pt/handle/10400.5/5927>.Acesso em: 10 ago. 2021. 13 REFERÊNCIAS FERREIRA, E. F.; VAN MUNSTER, M. de A.; PEREIRA, E. T. Deficiência intelectual e psicomotricidade: uma revisão. Revista da Sobama, v. 13, n. 2, p. 31-37, 2012. FERRONATTO, S. R. B. et al. Psicomotricidade e formação de professores: uma proposta de atuação. Dissertação (Mestrado em Educação) – PUC Campinas, 2006. p. 60-76; 81-82. GALVANI, C. et al. Longevidade e psicomotricidade: ter ou ser um corpo que envelhece com qualidade de vida. Dissertação (Mestrado em Gerontologia) – PUC-SP, 2015. p. 16-18. GALLAHUE, D. L.; OZMUN J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2005. p. 22- 27. LEITÃO, A. I.; LOMBO, C.; FERREIRA, C. O contributo da psicomotricidade nas dificuldades intelectuais e desenvolvimentais. Revista Diversidades, v. 22, p. 21- 24, 2008. LONGAREZI, A. M.; ALVES, T. de C. A psicologia como abordagem formativa: um estudo sobre formação de professores. Psicologia Escolar e Educacional, v. 13, n. 1, p. 125-132, 2009. NETO, F. R. et al. Desenvolvimento motor de crianças com indicadores de dificuldades na aprendizagem escolar. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 15, n. 1, p. 45-52, 2008. ROLIM, A. A. M.; GUERRA, S. S. F.; TASSIGNY, M. M. Uma leitura de Vygotsky sobre o brincar na aprendizagem e no desenvolvimento infantil. Revista Humanidades, v. 23, n. 2, p. 176-180, 2008. ROSSI, F. S. Considerações sobre a psicomotricidade na educação infantil. Revista Vozes dos Vales da UFVJM, Minas Gerais, n. 1, ano 1, maio, 2012. Disponível em: <http://site.ufvjm.edu.br/revistamultidisciplinar/files/2011/09 /Considera%C3%A7%C3%B5es-sobre-a-Psicomotricidade-na- Educa%C3%A7%C3%A3o-Infantil.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2018. 14 SANDRI, M. A.; LORELEI, M. S.; GOMES, E. Perfil comunicativo de crianças entre 1 e 3 anos com desenvolvimento normal de linguagem. Revista CEFAC, v. 11, n. 1, 2009. SANTOS, S.; DANTAS, L.; OLIVEIRA, J. A. de. Desenvolvimento motor de crianças, de idosos e de pessoas com transtornos da coordenação. Rev Paul Educ Fís, v. 18, n. 1, p. 33-44, 2004. WALLON, H. Del acto al pensamento: ensayo de psicología comparada. Buenos Aires: Psique, 1997, p. 105. Conversa inicial Contextualizando LEITURA COMPLEMENTAR
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