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Doenças inflamatórias intestinais: Fase aguda e remissão Annie Bello PhD Doutora em Fisiopatologia - UERJ Prof. Adjunto Nutrição clínica - UERJ Nutricionista Ensino e Pesquisa - INC Principais DII • Doença de crohn • Reto colite Doenças caracterizadas por períodos de atividade e/ou complicações (recidiva), intercalados por fases de aparente acalmia. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4913337/ Etiologia Fatores etiológicos: • Sistema imunológico? • Fatores genéticos? • Fatores luminais? • Fatores emocionais? • Fatores dietéticos (baixo teor de fibra, alto teor de açúcar, alto teor de gordura animal. Eur J Gastroenterol Hepatol 3:93-95; 2000 Fisiopatologia • Fatores luminais • A etiologia das DIIs parece estar relacionada a má tolerância à microbiota intestinal. • Numerosas alterações na microbiota intestinal de pacientes com DIIs com ou sem atividade foram descritas como alta concentração de bactérias • aumenta número de bacteróides, E. coli e fusobactérias • Reduz o número de lactobacilus e bifidobactérias Fisiopatologia • Bactérias patogênicas provocam: • inflamação intestinal pela secreção de enterotoxinas que aumentam a permeabilidade das células epiteliais. • quebra da barreira mucosa permite a maior captação de antígenos e moléculas pró-inflamatórias (como endotoxinas e outros metabólitos bacterianos) na lâmina própria, seguida de ativação de células imunes ali localizadas que passam a secretar citocinas pró-inflamatórias, espécies reativas de oxigênio e proteases, que promovem ainda maior dano à mucosa. • aumento da permeabilidade permanece elevado enquanto a inflamação progredir, principalmente devido à administração de medicamentos com ação anti-inflamatória.. • Fatores genéticos • - DC: mutações no gene NOD2/CARD15 localizado na região IBD1 do cromossomo 16, presente em 15-30% dos pacientes • - RCU: provável • Fatores relacionados à barreira intestinal • - Nas DIIs há redução do efeito de barreira intestinal • diminução de defensina, mucina, substância secretagoga MMs-68, • alteração do fator trefoil e do TGF- e possivelmente de proteínas do citoesqueleto. • Há diminuição do butirato e da permeabilidade intestinal fisiopatologia • Alteração na imuno-regulação: • Na DII, a redução da imunidade inata parece ser o fator inicial que levará a hiperestimulação da imunidade adaptativa Fatores nutricionais FATOR DE RISCO • Excesso de consumo de açúcares – ênfase coca cola e chocolates • Gordura animal e proteína animal • Baixo consumo de gordura mono • Lactose não é fator de risco • FATOR DE PROTEÇÃO • Rica em fibras (24g – reduz o risco em 40%), frutas cítricas • EXACERBAÇÃO • Monossacarídeos, baixa em fibras e rica em gordura saturada World J Gastroenterol 2016 January 21; 22(3): 895-905 Sinais e sintomas • Lesão das células do intestino delgado/ grosso Dor abdominal diarréia, perda de peso, falha de crescimento intolerâncias alimentares, desnutrição, febre, anemias, manifestações extra-intestinais (artrites, dermatológicas e hepáticas) pode afetar a função e a eficácia das barreiras mucosa, celulares e imunes; pode afetar o tipo e a composição relativa da microflora residente compromete funções digestivas e absortivas e pode ↑ a permeabilidade Principalmente CRIANÇAS Vasconcelos MJ de OB, Nutrição Clínica: Obstetrícia e Pediatria. Rio de Janeiro: MedBook, 2011 Burgos. Doenças inflamatórias intestinais: o que há de novo em terapia nutricional? Rev Bras Nutr Clin 2008; 23 (3): 184-9 Doença de crohn Qualquer parte do trato GI boca → ânus (50-60% envolvem o íleo distal e o colon) apresentação: doença perianal com dor abdominal Acometimento segmentar Maior inflamação; aspecto granulomatoso, acometimento transmural, complicações: abscessos, fístula, fibrose, espessamento da submucosa, estreitamento localizado, obstrução parcial ou completa do lúmen. + Desnutrição, + perda de peso Krause - Alimentos, Nutrição e Dietoterapia 2010 12ª Edição http://www.cancernw.org.uk/cchtonline/media/stmarks7.jpg http://www.cancernw.org.uk/cchtonline/media/stmarks7.jpg Reto colite apresentação: diarréia com sangue Limitada ao cólon, reto sempre envolvido; acometimento contínuo; pouco estreitamento inflamação difusa , ulceras mais profundas; pseudopólipos complicações: megacolon tóxico, câncer incide mais em adolescentes, com propensão para curso mais complicado e malignização Vasconcelos MJ de OB, Nutrição Clínica: Obstetrícia e Pediatria. Rio de Janeiro: MedBook, 2011 Alterações nutricionais • Ingestão inadequada: anorexia, alterações no paladar, dor abdominal, diarréia Náuseas e vômitos, dietas restritivas (iatrogênicas como auto impostas), aversão e associações a alimentos com ansiedade e medo de se alimentar; alergias alimentares, Anemia Aumento dos requerimentos inflamação, febre, sepse, fístulas; turnover celular, Interação droga-nutriente sulfasalazina reduz absorção de folato - hiperhomocisteinemia Corticosteróides x cálcio (osteopenia e osteoporose). DII alterações nutricionais • Fenômenos disabsortivos ↓ área de absorção (cirurgia), supercrescimento bacteriano, deficiência de lactase , má absorção de sais biliares (DC- pp com ressecção da válvula íleo cecal - 48% aumento); má absorção de B12 (DC) ↑Perdas intestinais secreção GI aumentadas, tempo de transito diminuído, sangramento (anemia), fístulas intestinais; perdas de proteínas (consequente hipoalbuminemia (DC) a má absorção de gordura e sais biliares cálculos vesiculares (reservatório reduzido de sais biliares). risco de calculo renal de oxalato de cálcio (Ca fixa-se AG oxalato livre é + absorvido malabsorção de vit D e Cálcio doenças ósseas metabólicas, osteoporose, osteomalacia comum Cecill, Tratado de Medicina Interna. 20 edição Alterações nutricionais • Desnutrição ingestão reduzida é a principal causa cólicas abdominais e diarréia são agravadas pela alimentação ingere menos citocinas produzidas pelo intestino inflamado A anorexia pode ser profunda (DC) Prejuízo de crescimento manifesta na adolescência > impacto sobre o EN ↓ IGF1 ; a IL 6 secretada pelo intestino inflamado Cecill, Tratado de Medicina Interna. 20 edição Deficiência de micronutrientes VITAMINAS hidrossolúveis – B9, B12 lipossolúveis – VIT D (mais comum) Minerais ferro (perdas e baixa ingestão), zinco, cálcio, magnésio + acentuado na D CROHN 35% DC e 6-12% CU Vasconcelos MJ de OB, Nutrição Clínica: Obstetrícia e Pediatria. Rio de Janeiro: MedBook, 2011 Tratamento • CLÍNICO Corrige a maioria das características extra intestinais da doença Medicamentoso: corticosteroides, anti-inflamatórios, antibióticos, imunomoduladores; CIRÚRGICO Doença de Crohn: não cura a doença →inflamação tende a ocorrer na junção (anastomose) do intestino remanescente → 50% dos casos: uma nova cirurgia; Retocolite ulcerativa: remoção de todo intestino grosso e reto → cura definitiva. Consequência: ileostomia (remoção do cólon, reto e ânus) ou colostomia ( remoção do reto e ânus) OBJETIVO: Indução e manutenção da remissão e melhora do EN. Krause - Alimentos, Nutrição e Dietoterapia 2010 12ª Edição Avaliação nutricional Shills, Tratado de Nurição Moderna na Saúde e na Doença. 2002;1243-1247 História Clínica/ Exame Físico história detalhada, exame físico completo, estadiamento puberal Antropometria A, P , velocidade de crescimento, DCT avaliar perda de peso (pode estar mascarada pelo uso de corticóides- retenção hídrica), Dietética Consumo alimentar identificando ingestão de Ca, vitamina D, B9, B12 e ferro Bioquímica hemograma completo, Albumina ferro, B9, B12, cálcio Tratamento nutricional **Cuppari Nutrição Clínica do Adulto. 2010 Manole. CALORIA ↑ 50% (depende do estágio da doença) 35-40kcal/ kg PROTEÍNA 1-1,5 (até 2g) / kg fase remissão evoluir progressivamente o conteúdode f insolúvel MICRONUTRIENTES FERRO, CÁLCIO, ZINCO, B9, D E B12 ***Burgos. Doenças inflamatórias intestinais: o que há de novo em terapia nutricional? Rev Bras Nutr Clin 2008; 23 (3): 184-9 tratamento nutricional a dieta deve ser ajustada de maneira individual refeições pequenas e freqüentes são melhor toleradas pequenas quantidades de isotônicos/ líquidos (sem provocar sintomas) Fatores associados a exacerbação: aumento de sacarose, falta de frutas, baixa em fibras, uso de carne vermelha, álcool proporção alterada de n6/n3. Limitar FASE AGUDA: Sem lactose e sem sacarose, sem resíduos cafeína; alimentos hiperosmolares Alimentos fermentativos usar TCM Fibras Tratamento nutricional • FASE DE REMISSÃO DOENÇA DE CROHN • Evitar alimentos com enxofre: • Carne vermelha, queijos, ovos, castanhas • Vegetais crucíferos • Suplementação com Psillium - 5-10g/ dia • Recomendada dieta semi-vegetariana • Dieta FODMAP Tratamento nutricional • Na fase AGUDA da DOENÇA DE CROHN • Dieta POBRE EM FIBRAS • Com depleção do Estado Nutricional NUTRIÇÃO ENTERAL • Retornar com a via oral após 8 semanas. Uma nova refeição a cada 3-4 dias World J Gastroenterol 2016 January 21; 22(3): 895-905 Tratamento DC • Nutrição enteral é a intervenção dietética que foi muito testada e que mostra remissão da doença • Fórmula por 4-12 semanas 100% necessidades • Baixa palatabilidade • USO DE SUPLEMENTAÇÃO COM INULINA aumenta Faecalibacterium prauznitzii que apresenta ação anti inflamatória Gastroenterology. 2015 May ; 148(6): 1087–1106 tratamento nutricional óleo de peixe Reduz a exacerbação Aumenta tempo de remissão AGPI série n-3: ↓ de células T no local inflamado → através da ↓ proliferação ou estimulando a apoptose das células T; • Imunonutrientes Burgos. Doenças inflamatórias intestinais: o que há de novo em terapia nutricional? Rev Bras Nutr Clin 2008; 23 (3): 184-9 tratamento nutricional Probióticos -na imunidade intestinal -Aumento de AGCC levando ao equilíbrio da microbiota intestinal. -amenizam a intolerância a lactose, -controlam a diarréia aguda Resultados positivos na fase aguda, na doença de remissão e na prevenção da recorrência pós-operatória, podendo aparecer como coadjuvante do tratamento. Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus plantarum, Lactobacillus casei, Lactobacillus bulgaricus, Bifidobacterium breve, Bifidobacterium longum, Bifidobacterium infantis Streptococcus thermophilus COLITE Falta de evidencia na DC World J Gastroenterol 2016 January 21; 22(3): 895-905 tratamento nutricional estimulo do crescimento da mucosa e aumento do fluxo sanguíneo; fonte energética preferencial das células epiteliais do colon. • Ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) Burgos. Doenças inflamatórias intestinais: o que há de novo em terapia nutricional? Rev Bras Nutr Clin 2008; 23 (3): 184-9 Fibras utilizadas goma-guar (fiber mais), pectina, cutículas de Ispaghula ou de Psyllium), dextrina do trigo Glutamina fonte de energia para células de rápida proliferação , matem a estrutura, o metabolismo, as funções intestinais durante estados que podem comprometer a barreira mucosa. Tratamento Vitamina D 1200UI World J Gastroenterol 2016 January 21; 22(3): 895-905 • Carne vermelha e ômega 6 maior incidência • Dieta semi- vegetariana aumentou o tempo de remissão da doença • Fibra solúvel • Restrição de algumas fontes de carboidrato: grãos, leite, açúcares refinados • Vitamina D 1200UI associada a remissão Gastroenterology. 2015 May ; 148(6): 1087–1106 Pontos chaves • Etiologia, fisiopatologia, fatores dietéticos, • sinais e sintomas, • características das doença de crohn e retocolite, • alterações nutricionais, • tratamento clínico, • cuidados na avaliação nutricional, • tratamento na fase aguda e na remissão, suplementos nutricionais, OBRIGADA!
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