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APG 08 - CONSTIPAÇÃO E HEMORROIDA

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RETO 
Na pelve, o colo sigmoide se une ao reto, que desce ao 
longo da metade inferior do sacro em uma posição 
retroperitoneal. O reto não possui tênias; sua camada 
muscular longitudinal é completa e bem desenvolvida, de 
modo que ele consegue gerar fortes contrações para a 
defecação. 
Apesar do nome “reto”, ele possui, na realidade, várias 
curvas fechadas. 
Internamente, essas curvas são representadas como três 
pregas transversas do reto (ou válvulas retais), que 
evitam que as fezes sejam eliminadas junto com o flato 
(gases). 
CANAL ANAL 
A última subdivisão do intestino grosso é o canal anal. 
Com cerca de 3 m de comprimento, ele começa onde 
o reto atravessa o músculo levantador do ânus, o 
músculo que forma o assoalho da pelve. 
Uma parte do levantador do ânus é responsável por 
manter o ângulo da junção anorretal, um ângulo agudo 
entre o ânus e o reto que contribui para a continência 
fecal. O canal anal situa -se inteira mente externo à 
cavidade abdominopélvica no períneo. 
Internamente, a metade superior do canal anal contém 
pregas longitudinais de mucosa, as colunas anais. Essas 
 
 
 
 
 
colunas contêm as porções terminais da artéria e veia 
retais superiores (os vasos hemorroidais). 
As colunas anais vizinhas se juntam umas às outras 
inferiormente em pregas transversas com a forma de 
lua crescente, chamadas válvulas anais. Os bolsos 
imediatamente superiores a essas válvulas são os seios 
anais, que liberam muco quando são comprimidos pelas 
fezes, proporcionando lubrificação que facilita a sua 
passagem durante a defecação. 
A linha horizontal ao longo da qual as válvulas anais se 
situam se chama linha pectinada (“em forma de pente”). 
Como a mucosa superior a essa linha é inervada por 
fibras sensitivas viscerais, ela é relativamente insensível à 
dor. Inferior à linha pectinada, a mucosa é sensível à dor 
por ser suprida pelos nervos somáticos. 
A parede do canal anal contém dois músculos 
esfíncteres: o esfíncter interno do ânus de músculo liso 
e o esfíncter externo do ânus de músculo esquelético 
O primeiro é um espessamento da camada circular da 
muscular, enquanto que o último é um músculo diferente 
O esfíncter externo contrai voluntariamente para inibir a 
defecação, enquanto que o esfíncter interno contrai 
involuntariamente, tanto para impedir que as fezes saiam 
do ânus entre as defecações quanto para inibir a 
defecação durante o estresse emocional. Quando 
treinam para aprender a usar o banheiro, as crianças 
aprendem a controlar o esfíncter externo do ânus. 
O canal anal é uma zona de transição epitelial na qual o 
epitélio simples prismático do intestino muda 
abruptamente para epitélio estratificado pavimentoso 
perto da linha pectinada. Na extremidade mais inferior do 
canal anal, a mucosa se funde com a pele verdadeira que 
circunda o ânus. 
 
 
Se refere à defecação difícil, infrequente ou 
aparentemente incompleta persistente. 
A maioria das pessoas tem pelo menos três evacuações 
por semana; entretanto apenas uma frequência reduzida 
das evacuações não é um critério suficiente para o 
diagnóstico de constipação. 
Muitos pacientes com constipação têm frequência 
normal de evacuações, mas queixam-se de esforço 
excessivo, fezes endurecidas, plenitude abdominal inferior 
ou sensação de evacuação incompleta. 
Defecação insatisfatória caracterizada por reduzido 
número de evacuações e dificuldade para evacuar, pelo 
menos nos últimos 3 meses 
• fezes endurecidas ou em cíbalos; 
• necessidade de esforço para evacuar; 
• sensaça ̃o de evacuac ̧a ̃o incompleta; 
• sensaça ̃o de obstruc ̧a ̃o anorretal; 
• necessidade de usar manobras manuais para 
facilitar a evacuaça ̃o. 
A forma e a consistência das fezes correlacionam-se 
bem com o intervalo de tempo transcorrido desde a 
defecação anterior. 
Fezes endurecidas e em pelotas ocorrem com trânsito 
lento, enquanto fezes aquosas e amolecidas estão 
associadas a um trânsito rápido. É mais difícil expelir tanto 
fezes em pelotas quanto um volume fecal muito grande 
que eliminar fezes normais. 
A percepção de fezes endurecidas ou esforço excessivo 
é mais difícil de avaliar de maneira objetiva, e a 
necessidade de enemas ou desobstrução digital é um 
meio clinicamente útil para confirmar as percepções do 
paciente de defecação difícil. 
Fatores psicossociais ou culturais também podem ser 
importantes. Uma pessoa cujos pais atribuíam muita 
importância à evacuação diária ficará muito preocupada 
quando não conseguir evacuar 1 vez por dia; algumas 
crianças prendem a evacuação para chamar a atenção 
ou por medo de dor decorrente da irritação anal; e 
alguns adultos costumam ignorar ou adiar a defecação. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
A constipaça ̃o intestinal é um dos sintomas mais comuns 
em Medicina. Constitui a segunda queixa mais frequente 
na gastrenterologia atra ́s apenas da dor abdominal 
Nos EUA, estima-se em 2,5 milhões de consultas anuais 
devido a ̀ constipaça ̃o intestinal. 
A ocorrência aumenta muito após os 60 anos. Estatísticas 
revelam que 21 a 34% das mulheres e 9 a 26% dos 
homens, após 65 anos, são constipados. É interessante 
ressaltar que isso não representa uma consequência 
fisiológica do envelhecimento. A etiologia nestes casos e ́ 
multifatorial, incluindo comorbidades, diminuiça ̃o da moti- 
lidade, defecac ̧a ̃o e medicamentos. 
Meninos em geral apresentam maior incidência do que 
meninas. Essa situaça ̃o se inverte na idade adulta, sendo 
até duas vezes mais frequente na mulher. 
 
Pessoas sedenta ́rias têm maior dificuldade para evacuar 
e o fazem com menor frequência. 
 
ETIOPATOGENIA 
Fisiopatologicamente, a constipação crônica geralmente 
resulta da ingestão inadequada de fibra ou líquidos, ou de 
distúrbios do trânsito colônico ou da função retal. 
Essas alterações são causadas por distúrbios 
neurogastrenterológicos, determinados fármacos e idade 
avançada, ou estão associadas a um grande número de 
doenças sistêmicas que afetam o trato GI. 
Constipação de início recente pode ser um sintoma de 
doença orgânica significativa, inclusive tumor, irritação ou 
estenose. 
Com a constipação idiopática, um subgrupo de pacientes 
tem esvaziamento tardio dos cólons ascendente e 
transverso com prolongamento do trânsito 
(frequentemente no cólon proximal) e frequência 
reduzida das CPAA propulsivas. 
A obstrução da via de saída para defecação é 
responsável por cerca de um quarto dos casos de 
constipação atendidos no nível de cuidado terciário e 
pode retardar o trânsito colônico, o que é geralmente 
corrigido pela reeducação da defecção desordenada por 
biofeedback. 
A constipação de qualquer etiologia pode ser exacerbada 
por hospitalização ou doenças crônicas que acarretam 
comprometimento físico ou mental e resultam em 
inatividade ou imobilidade física. 
 
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL PRIMÁRIA 
Provocada por situações inerentes aos ha ́bitos de vida do 
paciente ou por outras circunsta ̂ncias, geralmente banais. 
Neste caso, a anatomia do órga ̃o esta ́ preservada. 
• Ingesta alimentar inadequada 
• Sedentarismo 
• Gravidez 
• Perda do reflexo da evacuaça ̃o 
• Postura 
• Viagens 
• Pouca disponibilidade de sanita ́rios 
 
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL SECUNDÁRIA 
Ocasionada por uma doença sistêmica, por iatrogenia ou, 
enta ̃o, por problemas psicossociais. As situações mais 
frequentes sa ̃o: 
• Doenças do Cólon: Extraluminais (tumores, 
vólvulos crônicos, hérnias), Luminais (tumores, 
estenoses, diverticulite, sífilis, tuberculose, colite 
isquêmica, endometriose), Alterações da 
Musculatura e da Inervaça ̃o, Lesões do reto e 
canal anal. 
• Doenças neurológicas: Doença de Hirschsprung, 
Doença de Chagas, Tumores, Acidente vascular 
cerebral, Parkinson, Esclerose múltipla 
• Distúrbios endócrinos: Hipotireoidismo, 
Feocromocitoma, Diabetes, Hipercalcemia, 
Hipopotassemia, Acidose Desidrataça ̃o, Uremia 
•Medicamentos: Analgésicos Anestésicos 
Antia ́cidos, Antiarrítmicos Anticolinérgicos 
Antidepressivos Anti-hipertensivos 
Antiparkinsonianos Bismuto Diuréticos 
• Distúrbios psiquia ́tricos: depressão, ansiedade, 
psicose, neurose, anorexia nervosa 
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL IDIOPÁTICA OU 
FUNCIONAL 
Nesta situaça ̃o, na ̃o ha ́ nenhuma alteraça ̃o estrutural ou 
metabólica, nem qualquer alteraça ̃o na rotina diária do 
paciente que possa justificar o sintoma. Geralmente, o 
problema é crônico, muitas situações remontam à 
infa ̂ncia, e responde mal ao tratamento convencional. 
• Constipaça ̃o intestinal com tra ̂nsito normal: É a 
forma mais comum na prática clínica. Neste caso, 
o tra ̂nsito colônico e a frequência das 
evacuações sa ̃o normais. Entretanto, os 
pacientes consideram-se constipados. Sentem 
dificuldade para evacuar e/ou apresentam fezes 
endurecidas. 
• Constipaça ̃o intestinal com tra ̂nsito lento/inércia 
colônica: caracteriza-se por um prolongado 
tempo no tra ̂nsito das fezes através do cólon. 
Esta lentida ̃o do tra ̂nsito pode ser devida a uma 
disfunça ̃o da musculatura colônica (miopatia), ou 
na inervaça ̃o intrínseca (neuropatia). Estas 
alterac ̧ões acarretarão uma diminuição na 
peristalse normal, em decorrência de uma 
reduc ̧a ̃o no número e amplitude das contrações 
que sa ̃o responsa ́veis pelo movimento de massa. 
A ausência ou diminuiça ̃o destes movimentos 
resulta em prolongada permanência do bolo 
fecal no interior do cólon, sobretudo ascendente. 
• Defecação dissinérgica ou obstrutiva: falência do 
mecanismo de coordenaça ̃o da evacuaça ̃o. Este 
defeito funcional tem recebido va ́rios nomes: 
obstruça ̃o da via de saída, defecaça ̃o obstrutiva, 
disquesia anorretal, anismus; dissinergia do 
assoalho pélvico.. Do ponto de vista prático, o que 
ocorre é uma contraça ̃o da musculatura da 
pelve, em vez de relaxamento, durante a 
evacuaça ̃o, resultando em acúmulo do bolo fecal 
na regia ̃o retossigmoidiana 
 
 
DIAGNÓSTICO 
Uma anamnese minuciosa deve explorar os sintomas do 
paciente e confirmar se ele realmente está com 
constipação com base na frequência (p. ex., menos de 
três evacuações por semana), consistência (endurecida), 
esforço excessivo, tempo de defecação prolongado ou 
necessidade de apoiar o períneo ou manipular o 
segmento anorretal para facilitar a evacuação das fezes. 
Uma história detalhada da ingestão dietética e dos 
fármacos usados e a consideração dos aspectos 
psicossociais são fundamentais. 
O exame físico e, particularmente, um exame retal 
devem excluir impacção fecal e a maior parte das 
doenças importantes que se apresentam com a 
constipação e podem indicar alterações sugestivas de um 
distúrbio da evacuação (p. ex., hipertonia do esfincter anal, 
falha na descida perineal ou contração paradoxal do 
músculo puborretal durante o esforço para estimular a 
evacuação de fezes). 
Emagrecimento, sangramento retal ou anemia com 
constipação tornam obrigatória uma sigmoidoscopia 
flexível com enema de bário ou colonoscopia isolada, 
principalmente em pacientes com > 40 anos, para excluir 
doenças estruturais, como câncer ou estenoses. 
A colonoscopia isolada tem uma relação de custo-
benefício mais favorável nesse contexto, porque oferece 
a oportunidade de biopsiar lesões da mucosa, realizar 
polipectomia ou dilatar estenoses. 
O clister opaco apresenta vantagens sobre a 
colonoscopia no paciente com constipação isolada, 
porque é menos dispendioso e identifica a dilatação 
colônica e todas as lesões ou estenoses significativas da 
mucosa, que estão possivelmente implicadas na 
constipação. 
A melanose colônica, ou pigmentação da mucosa do 
cólon, indica o uso de laxantes do tipo antraquinona, 
como cáscara ou sene; 
Um distúrbio inesperado, como megacólon ou cólon 
catártico, também pode ser detectado por meio de 
radiografias do intestino grosso. 
A determinação dos níveis séricos de cálcio, potássio e 
hormônio estimulante da tireoide identifica os raros 
pacientes com distúrbios metabólicos. 
Os pacientes com constipação mais problemática podem 
não responder apenas à suplementação de fibras e 
podem melhorar com um esquema de treinamento do 
intestino, que envolve tomar um laxante osmótico (p. ex., 
sais de magnésio, lactulose, sorbitol, polietilenoglicol) ou 
evacuar com enema ou supositório (p. ex., glicerina ou 
bisacodil) quando necessário. 
Depois do desjejum, o paciente deve ser incentivado a 
ficar um período de 15 a 20 minutos sem distração no 
vaso sanitário e sem fazer esforço. O esforço excessivo 
pode levar ao desenvolvimento de hemorroidas e, 
quando há fraqueza do assoalho pélvico ou lesão do 
nervo pudendo, pode resultar em obstrução da 
defecação em consequência da síndrome do períneo 
descendente vários anos depois. 
 
Determinaça ̃o do tempo de tra ̂nsito colônico: 
administração, por via oral, de um marcador radiopaco. 
Radiografias seriadas diariamente. 
TRÂNSITO NORMAL. Quando, ao final do 5o dia, 
restaram menos de 20% dos marcadores no cólon. 
TRÂNSITO LENTO OU INÉRCIA COLÔNICA. Observam-
se, após o 5o dia, mais de 20% dos marcadores 
espalhados pelo cólon ou concentrados no cólon 
ascendente. 
PADRÃO OBSTRUTIVO. Retença ̃o de mais de 20% dos 
mar- cadores na região retossigmoidiana com um tra ̂nsito 
pratica- mente normal no restante do cólon 
FATORES DE MELHORA 
Chamar a atenção para eventos que induzam 
constipaça ̃o 
• necessidade de aderência ao tratamento; 
• atentar para a variabilidade das funções 
intestinais, e que 
na ̃o é obrigatório evacuar diariamente; 
• Importância de se estabelecer uma rotina 
evacuatória; 
• investigar causas específicas de constipac ̧a ̃o 
intestinal e 
trata ́-las; 
• esclarecer sobre o abuso e o uso inadequado de 
laxativos. 
• Ritual de defecação 
• Aumento da ingestão de fibras 
 
A doença hemorroida ́ria surge quando há congesta ̃o, 
dilataça ̃o e aumento dos corpos cavernosos do canal anal 
formando grandes emaranhados vasculares, submucosos 
e/ou subcuta ̂neos, flexíveis, que se enchem de sangue, 
constituindo os mamilos hemorroidários. 
EPIDEMIOLOGIA 
As hemorroidas sintomáticas afetam mais de 1 milhão de 
indivíduos a cada ano no Ocidente. 
A prevalência de doença hemorroidária não é seletiva 
para idade ou sexo. No entanto, sabe-se que a idade é 
um fator de risco. 
A prevalência é menor nos países em desenvolvimento. 
A dieta ocidental típica pobre em fibras e rica em 
gorduras está associada à constipação, ao esforço 
excessivo para defecar e ao desenvolvimento de 
hemorroidas sintomáticas. 
FISIOPATOLOGIA 
Os plexos hemorroidários são uma parte normal do canal 
anal. As estruturas vasculares contidas nesse tecido 
ajudam na continência e impedem que o músculo 
esfinctérico seja danificado. 
Três complexos hemorroidários principais atravessam o 
canal anal – o lateral esquerdo, o anterior direito e o 
posterior direito. 
O ingurgitamento e o esforço excessivo para defecar 
levam ao prolapso desse tecido para dentro do canal anal. 
Com o passar do tempo, o sistema de apoio anatômico 
do complexo hemorroidário enfraquece, expondo esse 
tecido ao segmento externo do canal anal, onde é 
suscetível a uma possível lesão. 
ETIOPATOGENIA 
• Veia varicosa: Representada pela dificuldade do 
esvazia- mento sanguíneo do canal anal no ato 
defecatório, com con-gesta ̃o e dilataça ̃o dos 
corpos cavernosos. 
• Degenerativa: Presença de prolapso anormal do 
plexo hemorroidário interno, durante a 
evacuaça ̃o, por deficiência de sua fixaça ̃o pela 
musculatura longitudinal da submucosa (músculo 
de Treitz). 
• Meca ̂nica: Caracterizada pelo excessivo esforço 
defecató-rio e/ou pela dieta pobre em resíduos 
(fibras) e pouca ingesta ̃o de líquidos, que pode 
acarretar o endurecimento das fezes e 
aumentar ainda mais o esforço evacuatório.• Hiperplasia vascular: A presença de hiperplasia 
dos cor- pos cavernosos do canal anal que 
poderá ocasionar sua dilataça ̃o e aumento. 
• Hemodina ̂mica: Pela presença das comunicações 
arterio- venosas, muito calibrosas, na submucosa 
do canal anal, facilitando o aumento e dilataça ̃o 
dos corpos cavernosos. 
• Disfunção do esfíncter anal interno: 
Hiperatividade do esfíncter anal interno do a ̂nus 
com hipertonia ocasionando distensa ̃o dos 
corpos cavernosos. 
Fatores agravantes esta ̃o relacionados com ha ́bitos 
defecatórios errôneos, tais como: insistência em evacuar 
todos os dias, esforçar-se para defecar em um 
determinado hora ́rio por conveniência ou forçar o 
esvaziamento total do conteúdo retal de uma só vez. 
Fatores desencadeantes sa ̃o: constipaça ̃o intestinal, 
abuso de laxativos (em especial, os cata ́rticos), diarreia 
crônica, gravidez (pelo aumento da pressão intra-
abdominal), e a posiça ̃o bípede do ser humano. 
Na ̃o ha ́ remissa ̃o esponta ̂nea para a doença hemorroida ́- 
ria; uma vez manifestada e sem tratamento, sua evoluça ̃o 
é progressiva. 
 
CLASSIFICAÇÃO 
Relacionada com a localizaça ̃o do mamilo hemorroidário 
no canal anal e com a presença ou na ̃o de seu prolapso. 
As hemorroidas são classificadas geralmente como 
internas ou externas. As hemorroidas externas originam-
se abaixo da linha denteada, são cobertas por epitélio 
escamoso e estão associadas a um componente interno, 
são dolorosas quando há trombose. As hemorroidas 
internas se originam acima da linha denteada, são 
cobertas por mucosa e epitélio da zona de transição e 
são responsáveis pela maioria dos casos. A classificação 
padronizada da doença hemorroidária baseia-se na 
progressão da doença, que começa nas estruturas 
internas e sofre prolapso para a posição externa. 
Os mamilos podem ser: internos, externos ou mistos no 
canal anal. Apresentam consistência amolecida e forma 
abaulada. 
Devido a ̀ ramificação arterial da retal superior, pode haver 
três mamilos internos, de localizaça ̃o anterior direita, 
posterior direita e lateral esquerda, denominados 
principais, e os demais, quando existentes, sa ̃o ditos 
secunda ́rios 
MAMILO HEMORROIDÁRIO INTERNO: situado acima da 
linha pectínea, na parte interna ou proximal do canal anal, 
é chamado de interno. É subclassificado, de acordo com 
a presença ou ausência de seu prolapso para o exterior 
do canal anal, em: 
 
1º GRAU.: na ̃o prolaba pelo canal anal quando da 
evacuaça ̃o ou aos esforços 
2º GRAU: Quando ele prolaba através do canal anal 
durante o esforço evacuatório, exteriorizando-se pelo 
a ̂nus, porém retraindo-se, espontaneamente, cessado 
esse esforço 
3º GRAU: Mamilo que prolaba à evacuaça ̃o e/ou aos 
esforços e na ̃o retorna espontaneamente, necessitando 
ser recolocado digitalmente para o interior do canal anal 
4º GRAU: Mamilo interno permanentemente prolabado 
pelo canal anal (lado externo), sem possibilidade de ser 
reco 
MAMILO HEMORROIDÁRIO EXTERNO: localizado abaixo 
da linha pectínea, no anoderma (porção externa ou distal 
do canal anal). Caracteriza-se por dilatações dos vasos 
subcuta ̂neos do anoderma, formando um abaulamento 
de consistência mole, indolor e, às vezes, de colorac ̧a ̃o 
vinhosa. 
MAMILO HEMORROIDÁRIO MISTA: existência, 
concomitante, de mamilos internos e externos. Essa 
classificaça ̃o é importante para orientar a escolha dos 
va ́rios tratamentos existentes para a doença 
hemorroida ́ria, objetivando sua melhor efica ́cia 
QUADRO CLÍNICO 
pode ser assintoma ́tica e só diagnosticada ao exame 
físico. Porém, a maioria dos enfermos apresenta 
diferentes sintomas e sinais, com vários graus de in- 
tensidade. Sa ̃o eles: sangramento, prolapso, exsudaça ̃o 
perianal e desconforto anal 
• Sangramento: principal sinal e o mais frequente, 
e, às vezes, o primeiro a manifestar-se. O sangue 
pode ser observado somente no papel higiênico 
durante a higiene anal e/ou gotejando ou 
ocorrendo em jato no vaso sanita ́rio durante 
e/ou imediatamente após a evacuaça ̃o. 
Caracteriza-se pela sua cor vermelho-rutilante. 
Esta ́ associado a ̀ passagem de fezes endurecidas 
pelo canal anal que podem traumatizar o mamilo 
hemorroida ́rio ou pelo tipo de higiene anal 
utilizado pelo enfermo, como o uso de papel 
higiênico. Ele é espora ́dico, em geral 
acontecendo em crises curtas de dias, pouco 
volumoso e relacionado com a evacuaça ̃o. Essa 
perda sanguínea, discreta e contínua, quando 
frequente, pode acarretar anemia ferropriva. Por 
serem bastante similares, é fundamental 
diferenciar esse sangramento originado da 
doenc ̧a hemorroida ́ria daquele ocasionado pelos 
tumores colorretais, pelas doenças inflamatórias 
intestinais, pela fissura anal 
 
• Prolapso: exteriorização do mamilo 
hemorroida ́rio interno, para fora do canal anal, 
durante o ato evacuatório ou durante as 
atividades físicas. Ele deve ser diferenciado da 
papila anal hipertrófica prolapsada, do pólipo retal 
baixo que se exterioriza pelo canal anal e da 
procidência retal que se caracteriza pela 
protrusão de todas as camadas do reto para o 
exterior do a ̂nus (no prolapso, há apenas a 
exteriorizaça ̃o da mucosa retal). 
 
• Exsudaça ̃o perianal: umidade da pele perianal 
causada pela presença de muco nessa regia ̃o, 
decorrente, sobretudo, da irritaça ̃o da mucosa 
dos mamilos hemorroida ́rios internos prolabados. 
Acompanha-se, em geral, pela dermatite e pelo 
prurido anal 
 
• Desconforto anal: durante ou após a evacuaçõa, 
porém sem dor anal, porque a simples presença 
de doença hemorroida ́ria na ̃o dói. A presença de 
dor no canal anal concomitante a ̀ doença 
hemorroida ́ria ou é causada pelas suas 
complicações, como a trombose vascular 
(endoflebite), o hematoma, ou pela presença 
concomitante de outras enfermidades dolorosas 
dessa regia ̃o, como a fissura anal, a infecça ̃o 
perianal (criptite, papilite ou abscesso), as lesões 
inflamatórias ou tumorais. 
 
DIAGNÓSTICO 
É realizado por meio de anamnese pormenorizada dos 
sintomas e sinais anteriormente mencionados, além da 
avaliação dos ha ́bitos evacuatórios e alimentares dos 
pacientes, do uso de laxativos, da existência de doenc ̧as 
anteriores ou de cirurgias no trato digestivo. 
Deve-se questionar, também, a existência de doenc ̧as 
gastrintestinais nos familiares. 
Nas enfermidades agudas e dolorosas, como na 
trombose hemorroida ́ria, o exame proctológico deverá 
limitar-se ao mínimo necessa ́rio para confirmar o 
diagnóstico, sem agravar o sofrimento do paciente. 
Exame físico: médico faz a inspeção da região perianal 
para possível evidência de trombose ou escoriação, 
seguida por um exame digital minucioso. A anoscopia é 
realizada com a devida atenção à posição conhecida da 
doença hemorroidária. Durante o exame, o médico pede 
ao paciente que faça esforço significativo para evacuar. 
Se isso for difícil para o paciente, a manobra pode ser 
executada com o paciente sentado no vaso sanitário. O 
médico observa o prolapso tecidual. É importante 
diferenciar o aspecto circunferencial de um prolapso retal 
de espessura total da natureza radial das hemorroidas 
que sofrem prolapso. Esse exame define o estágio e a 
localização dos complexos hemorroidários. 
TRATAMENTO 
Tratamento para as hemorroidas sangrantes baseia-se 
no estágio da doença. Em todos os pacientes com 
sangramento, deve ser considerada a possibilidade de 
outras causas. Nos pacientes jovens sem história familiar 
de câncer colorretal, a doença hemorroidária pode ser 
tratada primeiro e, depois, realiza-se um exame 
colonoscópico caso o sangramento continue. Os 
pacientes de mais idade que ainda não foram submetidos 
a uma triagem para câncer colorretal devem fazer uma 
colonoscopia ou sigmoidoscopia flexível. 
Com raras exceções, as tromboses hemorroidárias 
agudas podem ser retiradasno transcorrer das primeiras 
72 horas realizando-se uma excisão elíptica. São 
prescritos banhos de assento, suplementos de fibras e 
emolientes fecais. Outros tratamentos para hemorroidas 
sangrantes são os procedimentos realizados no 
consultório, incluindo ligadura elástica, coagulação com 
infravermelho e escleroterapia. 
Para o tratamento cirúrgico da doença hemorroidária, os 
procedimentos de escolha são hemorroidectomia 
excisional, desarterialização trans-hemorroidária (THD) ou 
hemorroidectomia com grampeador (“o procedimento 
para prolapso ou hemorroidas” [PPH]). Todos os métodos 
cirúrgicos são igualmente eficazes no tratamento das 
hemorroidas sintomáticas de terceiro e quarto graus. No 
entanto, levando-se em consideração que a 
hemorroidectomia suturada envolve a remoção do 
tecido redundante até a margem anal, devem ser 
removidos também os pólipos cutâneos anais de aspecto 
desagradável. 
 
 
 
 
 
 
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https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978655
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da Editora]: Grupo GEN, 2011. E-book. ISBN 978-85-277-
1970-4. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-
277-1970-4/. 
 
 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786558040040/
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