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O organismo feminino sofre mudanças anatômicas e funcionais durante a gravidez, adaptando-se para a presença do feto em desenvolvimento. Essas alterações se dão nas esferas molecular, bioquímica, hormonal, celular e tecidual dos mais variados órgãos e sistemas. As adaptações cardiovasculares se instalam logo no início da gestação HEMATOLÓGICAS: A partir da 8ª semana de gestação ocorre um rápido aumento do volume sanguíneo materno (1.500 ml - 35 a 40%). O aumento do volume plasmático é relativamente maior que o das hemácias, o que leva a hemodiluição com aparente diminuição dos eritrócitos e hemoglobina. Produz-se a chamada anemia fisiológica da gravidez. Muito embora esta anemia dilucional possa diminuir o transporte de oxigênio, outros fatores como a hiperventilação materna e consequentemente o aumento da PO2 arterial, a diminuição da viscosidade sanguínea, resultante da hemodiluição a vasodilatação e o aumento do fluxo sanguíneo atuam melhorando a oferta de oxigênio. A grávida a termo está num estado de hipercoagulação devido a um aumento dos fatores VII, VIIl, X e do fibrinogênio plasmático. As plaquetas apresentam uma pequena queda ao final da gravidez, mas conservam sua adesividade. Aumenta necessidade de ferro devido: consumo pela unidade fetoplacentária, utilização para produção de hemoglobina e de mioglobina para aumento da massa eritrocitária e da musculatura uterina, e depleção por perdas sanguíneas e pelo aleitamento. CORAÇÃO: diafragma se eleva por conta do aumento do volume abdominal e altera a posição cardíaca, desviado para cima e para a esquerda, ligeiramente rodado para a face anterior do tórax. FREQUÊNCIA CARDÍACA: O aumento da frequência cardíaca basal, geralmente em 15 a 20 bpm, e a elevação do volume sistólico determinam aumento do débito cardíaco. Já nas primeiras semanas de gestação observa- se um aumento gradativo de frequência cardíaca que atinge o pico máximo entre as 28ª e 36ª semanas após o que retorna a valores menores, não voltando, contudo, aos níveis normais DÉBITO CARDÍACO: A mais importante modificação funcional sobre o sistema cardiocirculatório produzida pela gravidez é, sem dúvida, o significativo aumento do débito cardíaco. A partir do segundo mês de gestação observa-se uma elevação do débito cardíaco que atinge um máximo de 30 - 40% entre a 28ª e 36ª semana, quando se estabiliza até o parto. Durante o trabalho de parto ocorre aumento do débito em torno de 30% durante a fase ativa e 45% no período expulsivo, quando comparado aos valores iniciais. A elevação do débito cardíaco deve-se a um aumento conjunto da frequência cardíaca e do volume sistólico. Cada contração uterina eleva o débito em torno de 10 - 25%. O maior aumento ocorre imediatamente após o nascimento, quando pode atingir até 80% dos valores iniciais. Este aumento está relacionado com o mecanismo de autotranfusão, aumento do retorno venoso pela descompressão da veia cava e involução do corpo uterino. A partir desta fase, o débito cardíaco diminui gradativamente voltando aos valores normais, em aproximadamente duas semanas. A significativa queda do débito cardíaco, a partir da 28ª semana, está relacionada com a posição adotada pela paciente, uma vez que na posição supina há uma compressão importante da veia cava inferior com redução do retorno venoso ao coração direito. A partir do segundo trimestre, à medida que o volume uterino aumenta, a simples adoção da posição supina induz à hipotensão em aproximadamente 15% das gestantes, com palidez, sudorese, náuseas e vômitos caracterizando a Síndrome de Hipotensão Supina. RESISTÊNCIA VASCULAR PERIFÉRICA TOTAL: está reduzida em até 30% a partir da 8ª-12ª semana de gestação, mantendo-se nestes níveis até o termo. Esta alteração é decorrente tanto da ação hormonal como das prostaciclinas, resultando num aumento do fluxo sanguíneo renal, uterino e das extremidades. Tal modificação fisiológica aumenta a oferta de oxigênio e dissipa o calor gerado pelo aumento do metabolismo materno e fetal. Após a dequitação, os valores da resistência vascular periférica voltam praticamente aos níveis basais O aumento relativo da produção de prostaciclina, em comparação à produção de tromboxano A2, ocasiona vasodilatação sistêmica. Em associação aos altos níveis de progesteronal, a prostaciclina não só gera, como também mantém a vasodilatação generalizada que se observa na gestante. O surgimento da circulação uteroplacentária, de baixa resistência, contribui para diminuir a resistência vascular periférica As adaptações circulatórias se iniciam com 6 semanas de gestação e estão completamente instaladas entre o fim do primeiro trimestre e o início do segundo. A distribuição do fluxo sanguíneo se modifica durante a gravidez e vai sendo desviada com prioridade para útero, rins, mamas e pele. Não se observam modificações dos volumes pulmonares até o 5º mês de gestação, após o que se nota uma diminuição gradativa do volume de reserva expiratório (VRE), volume residual (VR) e da capacidade residual funcional (CRF) Ao termo, a VRE está de 100-150 ml menor e o VR também está diminuído em aproximadamente 200 ml. Consequentemente, a CRF está 20% mais baixa que a da não grávida. Estas alterações se acentuam nos decúbitos, na obesidade e nas patologias da válvula mitral. As alterações metabólicas são inúmeras, sendo as mais significativas a retenção hídrica, o ganho ponderal e as alterações do metabolismo glicídico. Fisiologicamente, ao longo da gravidez, existe retenção hídrica aproximada de 8 a 10 litros, havendo aumento do volume plasmático e dos volumes intra e extra celular. O principal envolvido no aumento da retenção hídrica é o hiperaldosteronismo secundário da gravidez METABOLISMO DE CARBOIDRATOS E LIPÍDEOS Observa-se redução da glicemia em jejum e da glicemia basal materna em favor do armazenamento de gordura glicogênese hepática e transferência de glicose para o feto. Essas alterações são observadas na fase anabólica da gestação e são desencadeadas pelos hormônios sexuais placentários (estrógeno e progesterona). A partir da segunda metade da gravidez, inicia-se o período catabólico, com lipólise, neoglicogênese e resistência periférica à insulina, a qual é secundária à produção placentária de hormônios diabetogênicos, como GH, CRH, progesterona e, especialmente, hormônio lactogênico placentário (hLP), também chamado de somatoma-motropina coriônica. É a partir de 30 semanas gestacionais que a mulher começa a mobilizar suas reservas energéticas para se adequar ao crescimento fetal. Para garantir o aporte de glicose necessário visando o crescimento e o desenvolvimento do produto conceptual, ocorre aumento da resistência periférica à insulina, criando um ambiente de hiperglicemia pós-prandial e consequente hiperinsulinemia, resultante da hipertrofia e da hiperplasia das células beta pancreáticas mediadas pela prolactina e pelo Hlp Para manter o desvio de glicose para o produto conceptual, o metabolismo da gestante passa a utilizar mais lipídeos como fonte energética A redução da sensibilidade à insulina é um fenômeno materno observado de forma mais evidente a partir de 26 semanas de gestação, período em que há aumento progressivo do nível de hLP. É nesse momento, portanto, que qualquer desequilíbrio no metabolismo de carboidratos pode gerar quadro de diabetes mellitus gestacional, em especial se a oferta de glicose no sangue materno ultrapassar a capacidade pancreática de produção de insulina. METABOLISMO DE PROTEÍNAS Incremento de aminoácidos no organismo materno esteja relacionado ao melhor aproveitamento dietético e à menor taxa de excreção. A insulina exerce importante função no armazenamento de aminoácidos para reservas maternas e, com o desenvolvimento da capacidade fetal de produzi-la, tambémpara reservas do concepto. Com relação às proteínas plasmáticas, observam-se aumento da albumina total e redução de sua concentração plasmática. Os níveis circulantes de gamaglobulina também estão maiores, mas em pequena proporção, o que aumenta a relação albumina- globulina.83 Outras proteínas como fibrinogênio e alfa e betaglobulinas também apresentam níveis aumentados Quase todas as glândulas endócrinas não sexuais maternas reagem também de modo acentuado à gravidez, o que resulta basicamente do aumento da carga metabólica da mãe, mas também, até certo ponto, dos efeitos dos hormônios placentários na hipófise e outras glândulas. SECREÇÃO HIPOFISÁRIA: aumenta pelo menos 50% durante a gravidez e aumenta sua produção de corticotropina, tireotropina e prolactina. Por sua vez, a secreção hipofisária do hormônio foliculoestimulante e do hormônio luteinizante é quase totalmente suprimida, como consequência dos efeitos inibidores dos estrogênios e progesterona da placenta. SECREÇÃO DE CORTICOSTEROIDE AUMENTADA.: glicocorticoides ajudem a mobilizar aminoácidos dos tecidos maternos, de maneira que possam ser usados na síntese de tecidos no feto. Geralmente, a gestante apresenta aumento de cerca de duas vezes na secreção de aldosterona, atingindo o pico no final da gravidez. Isto, em conjunto com as ações dos estrogênios, causa tendência, mesmo na gestante normal, de reabsorver o excesso de sódio de seus túbulos renais e, portanto, reter líquido, levando ocasionalmente à hipertensão induzida pela gravidez. SECREÇÃO DA GLÂNDULA TIREOIDE AUMENTADA: aumenta até 50% e eleva sua produção de tiroxina em quantidade correspondente. A maior produção de tiroxina é causada pelo menos parcialmente por efeito tireotrópico da gonadotropina coriônica humana, secretada pela placenta e por pequenas quantidades do hormônio específico estimulante da tireoide, a tireotropina coriônica humana, também secretada pela placenta. SECREÇÃO DA GLÂNDULA PARATIREOIDE AUMENTADA: dieta deficiente em cálcio. O aumento dessas glândulas causa absorção de cálcio dos ossos maternos, mantendo, assim, a concentração normal de íons cálcio no líquido extracelular materno, mesmo quando o feto remove cálcio para ossificar seus próprios ossos. Essa secreção do hormônio paratireóideo é ainda mais intensificada durante a lactação após o nascimento do bebê, porque o bebê em crescimento requer mais cálcio do que o feto. Em média, a gestante engorda durante a gravidez cerca de 11 kg a 15 kg, e grande parte desse ganho de peso ocorre nos últimos dois trimestres. Desse peso adicional, cerca de 3,5 kg são do feto e 2 kg do líquido amniótico da placenta e das membranas fetais. O aumento do volume uterino contribui para um deslocamento cefálico do estômago, modificando o ângulo da junção gastroesofágica, em prejuízo da função do esfíncter esofágico. A diminuição da função do cárdia, acompanhada do aumento da secreção do suco gástrico observado na gravidez, propiciam a ocorrência de refluxo gastroesofágico que leva a um quadro de pirose e até mesmo de esofagite. Devido a ação da progesterona e do aumento uterino que desloca o piloro para cima e para trás, o esvaziamento gástrico é mais lento. Esta situação se agrava durante o trabalho de parto devido à dor, à ansiedade, e ao uso de opióides. Como a pressão do esfíncter esofágico inferior está diminuída e a pressão intragástrica está muito elevada, a possibilidade de regurgitação é muito grande, principalmente quando o decúbito dorsal for adotado. O fluxo plasmático renal e a filtração glomerular elevam- se rapidamente durante o primeiro trimestre de gestação, atingindo no quarto mês valores de até 50% daqueles observados nas não grávidas. Durante o último trimestre, estes valores decrescem lentamente em direção aos valores normais. O clearance da creatinina usualmente está aumentado e, portanto, o limite superior dos valores normais sanguíneos da ureia e creatinina estão mais baixos na mulher grávida. Nos últimos meses, observa-se uma dilatação dos cálices renais, pelve e ureteres, devida a ação da progesterona. Mais tarde, o crescimento uterino, que comprime as estruturas pélvicas, também contribui para a dilatação, responsável pela estase urinária que frequentemente leva a infecção do trato urinário durante a gravidez. Dentre as alterações osteoarticulares existe mudança do centro de gravidade materno, aumento da lordose lombar e ampliação da base de sustentação decorrente do crescimento uterino e aumento de peso da gestante. Em função dessas alterações, existe mudança do padrão de marcha da mulher, que adquire o padrão de marcha anserina, semelhante ao andar de um ganso. A produção placentária de estrógenos leva à proliferação da microvasculatura de todo o tegumento, fenômeno conhecido como angiogênese. Associado ao estado hiperprogestogênico, ocorre vasodilatação de toda a periferia do organismo. Observam-se, assim, eventos vasculares da pele e dos anexos, como eritema palmar, telangiectasias, hipertricose e aumento de secreção sebácea e da sudore-se. A hiperpigmentação da pele da gestante também está relacionada aos altos níveis de progesterona, que parecem aumentar a produção e a secreção do hormônio melanotrófico da hipófise. Agindo sobre moléculas de tirosina da pele, induz a produção excessiva de melanina, o que provoca máculas hipercrômicas denominadas cloasmas ou melasma Entre os locais de maior incidência estão face, fronte, projeção cutânea da linha alba (que passa a ser denominada linha nigra), aréola mamária e regiões de dobras.. Podem piorar com a exposição solar e costumam desaparecer após a gravidez. O sinal de Hunter nada mais é que a pigmentação periareolar que determina o surgimento da aréola secundária nas gestantes. As estrias são mais frequentes devido hiperfunção das glândulas adrenais, portanto, ao hipercortisolismo típico da gravidez. • Mastalgia • Aréolas primárias hiperpigmentadas (sinal de Hunter) • Hipertrofia de glândulas sebáceas do mamilo (tubérculos de Montgomery) • ↑ Vascularização → rede de Haller • Crescimento → hipertrofia e hiperplasia • Hipertrofia e hiperplasia dos ligamentos de sustentação uterina • ↑ Vascularização de vasos linfáticos • Sinal de Hegar → flexão do corpo uterino sobre o colo decorrente de amolecimento do útero, sobretudo na região do istmo • Sinal de Piskacek → assimetria uterina decorrente da nidação (abaulamento e amolecimento do local) • Sinal de Noble-Budin → preenchimento do fundo de saco pelo útero gravídico • Arroxeado e amolecido → edema + ↑ vascularização • Ectocérvice friável e sangrante • Muco cervical viscoso e mais espesso que não cristaliza (rolha de Schröeder) • Proteção pelo tampão mucoso • Regra de Goodell → amolecimento do colo uterino percebido ao toque vaginal Vulva/Vagina • Sinal de Kluge → arroxeamento da mucosa vaginal • Sinal de Osiander → pulsação da artéria vaginal • Sinal de Jacquemier-Chadwick → arroxeamento da mucosa vulvar • Hipertrofia de células musculares e papilas da mucosa • ↑ Secreção vaginal • pH vaginal mais ácido DIAGNÓSTICO CLÍNICO Os sintomas da gravidez são classificados em de presunção, de probabilidade e de certeza. SINAIS DE PRESUNÇÃO QUATRO SEMANAS • Amenorreia - É o sinal mais precoce. Em mulheres jovens, com ciclos menstruais regulares e vida sexual ativa, a ausência da menstruação pressupõe gravidez. CINCO SEMANAS • Náuseas - Durante o primeiro trimestre da gestação, mais de 50% das mulheres sofrem de náuseas, geralmente matutinas, tendo como consequência imediata vômitos e anorexia. Outras, ao contrário, apresentam maior apetite, não sendo rara sua perversão (pica ou malacia) ou extravagância alimentar. • Congestão mamária - Com 5 semanas, as pacientes relatamque as mamas estão congestas e doloridas. Na 8ª semana, a aréola primária torna-se mais pigmentada e surgem os tubérculos de Montgomery; em torno de 16 semanas, é produzida secreção amarela (colostro), e pode ser obtida por expressão mamária correta. Além disso, o aumento da circulação venosa é comum – rede de Haller. Em torno da 20ª semana, surge a aréola secundária, que aumenta a pigmentação em volta do mamilo. SEIS SEMANAS • Polaciúria - No segundo e no terceiro mês de gestação, o útero, com maior volume e em anteflexão acentuada, comprime a bexiga, levando à micção frequente, com emissão de quantidade reduzida de urina. No segundo trimestre, tal sintomatologia cessa, retornando nas duas últimas semanas, ao insinuar a apresentação fetal. Highlight tampão mucoso sinal precoce de gravidez sintomas mãe/mama/pele SINAIS DE PROBABILIDADE SEIS SEMANAS • Amenorreia- Após 10 a 14 dias de atraso menstrual, considera-se provável sinal de amenorreia, o que nem sempre indica gravidez, pois esse sintoma também ocorre em diversas circunstâncias fisiológicas e patológicas. O aleitamento e a menopausa determinam amenorreia; contudo, muitas mulheres concebem durante o aleitamento ao se intercalar o ciclo ovulatório. Dentre as amenorreias patológicas, destacam-se as de origem emocional e as vigentes durante o uso dos anovulatórios.Embora seja mais escassa, a perda sanguínea cíclica semelhante à menstruação não exclui gravidez, pois isso pode ocorrer nos primeiros meses (hemorragia de implantação ovular). • Aumento do volume uterino - O toque combinado infere as alterações que a gravidez imprime ao útero. Fora da gestação, o órgão é intrapélvico, localizado abaixo do estreito superior; na gravidez, expande-se; com 6 semanas, apresenta volume de tangerina; com 10 semanas, de uma laranja; e com 12 semanas, o tamanho da cabeça fetal a termo, sendo palpável logo acima da sínfise púbica. OITO SEMANAS • Alteração da consistência uterina - O útero vazio é firme; na gravidez, com 8 semanas, adquire consistência cística, elástico-pastosa, principalmente no istmo (sinal de Hegar). Por vezes, o amolecimento intenso dessa região faz parecer que o corpo está separado do colo. • Alteração do formato uterino - Inicialmente, o útero cresce de modo assimétrico, desenvolvendo-se mais acentuadamente na zona de implantação. A sensação tátil é de abaulamento e amolecimento no local, sendo possível notar, eventualmente, sulco separando as duas regiões (sinal de Piskacek). Na ausência de gravidez, em geral, os fundos de saco estão vazios; a partir de 8 semanas, quando a matriz de piriforme assume o formato globoso, o dedo que examina encontra-os ocupados pelo corpo uterino (sinal de Nobile-Budin). Há percepção dos batimentos do pulso vaginal nos fundos de saco (sinal de Osiander) devido à hipertrofia do sistema vascular. Ao entreabrir a vulva, destaca- se a coloração violácea da sua mucosa (vestíbulo e meato uretral), denominada sinal de Jacquemier ou de Chadwick; a mesma tonalidade da mucosa vaginal constitui o sinal de Kluge. DEZESSEIS SEMANAS • Aumento do volume abdominal - Conforme já mencionado, o útero torna-se palpável com 12 semanas e nota-se o aumento do volume abdominal progressivo em torno de 16 semanas. SINAIS DE CERTEZA São dados pela existência do concepto, anunciada pelos batimentos cardiofetais e pela sua movimentação ativa; a ultrassonografia é capaz de rastreá-los com 7 a 8 semanas. QUATORZE SEMANAS • Sinal de Puzos - Trata-se do rechaço fetal intrauterino, que se obtém ao impulsionar o feto com os dedos dispostos no fundo de saco anterior. Dessa maneira, ocorre impressão de rechaço quando o concepto se afasta e quando ele retorna. DEZOITO SEMANAS • Percepção e palpação dos movimentos ativos do feto - Inicialmente discretos, tornam-se vigorosos com o evoluir da gestação. • Palpação dos segmentos fetais- Nesse período, o volume do feto é maior e começa-se a palpar cabeça e membros. VINTE SEMANAS • Auscultação - Trata-se da identificação dos batimentos cardíacos fetais (BCF), o mais fidedigno dos sinais de gravidez. Sua comprovação, com o estetoscópio de Pinard, atualmente é obtida com sonar Doppler. DIAGNÓSTICO HORMONAL Constitui, atualmente, o melhor parâmetro para o diagnóstico de gravidez incipiente, de acordo com sua precocidade e exatidão. Apoia-se na produção de gonadotrofina coriônica humana (hCG) pelo ovo. Uma semana após a fertilização, o trofoblasto, implantado no endométrio, começa a útero/vagina/vulva utero assimetrico fundo de saco preenchidos produzir a hCG em quantidades crescentes, que podem ser encontradas no plasma ou na urina maternos. Há basicamente três tipos de testes para a identificação de hCG: imunológico, radioimunológico (RIA) e enzima- imunoensaio (ELISA). Imunológico: • primeiro trimestre: até 150.000 UI/L; • segundo trimestre: 3.500 a 20.000 UI/L; • terceiro trimestre: 5.000 a 50.000 UI/L. DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO Com 4 a 5 semanas, na parte superior do útero, começa a aparecer formação arredondada, anelar, de contornos nítidos, que corresponde à estrutura ovular, denominada, em ultrassonografia, saco gestacional (SG). A partir de 5 semanas, é possível visualizar a vesícula vitelina (VV) e, com 6 semanas, o eco embrionário e a sua pulsação cardíaca (BCF). Em torno de 10 a 12 semanas, nota-se espessamento no SG, que representa a placenta em desenvolvimento e seu local de implantação no útero. Com 12 semanas, a placenta pode ser facilmente identificada e apresenta estrutura definida com 16 semanas. TEMPORÁRIOS/REVERSÍVEIS HORMONAIS: • Orais: Combinados Monofásicos Bifásicos Trifásicos Minipílulas • Injetáveis: Mensais Trimestrais • Implantes subcutâneos • Percutâneos Adesivos • Vaginais: Comprimidos, Anel • Sistema liberador de levonorgestrel (SIU) Os contraceptivos orais, também chamados de pílulas de controle da natalidade, baseiam-se em várias combinações de estrogênio e progesterona, que inibem a secreção de gonadotrofinas pela hipófise. Sem níveis adequados de FSH e de LH, a ovulação é suprimida. Além disso, a progesterona presente nas pílulas contraceptivas torna o muco cervical espesso e ajuda a impedir a penetração dos espermatozoides. Estes métodos hormonais de contracepção são muito eficazes quando usados corretamente, mas também trazem alguns riscos, como o aumento na incidência de formação de coágulos sanguíneos (trombos) e de acidente vascular encefálico (principalmente em mulheres fumantes) Contraceptivos orais combinados: 1 comprimido ativo por via oral uma vez ao dia por 21 dias consecutivos, seguido de intervalo de 7 dias sem pílula (ou pílula de placebo), embora esquemas alternativos com períodos prolongados de hormônio ativo pareçam seguros e eficazes. Os efeitos adversos podem incluir padrões de sangramento alterados e alterações de humor. Os anticoncepcionais hormonais combinados também podem ser administrados na forma de adesivo ou anel vaginal. Pílulas só de progestógeno: 1 pílula ativa por via oral uma vez ao dia (sem placebo ou intervalo sem pílula). Também podem ser administrados como injeções de longa duração , implantes ou dispositivo intrauterino (DIU) .Um padrão de sangramento alterado é o efeito adverso mais comum. BARREIRA: • Diafragma, Espermaticida, Esponjas, Capuz cervical, Preservativo feminino e masculino Os métodos de barreira são menos eficazes do que os métodos hormonais ou DIU INTRAUTERINOS: • DIU de cobre, Diu com levonorgestrel Alguns métodos contraceptivos não impedem a fertilização, mas impedem que o ovócito fertilizado se implante no endométrio. Eles incluem tanto os dispositivos intrauterinos (DIUs) quanto o uso de compostos químicos que mudam as propriedades do endométrio COMPORTAMENTAIS OU NATURAIS: • Tabelaou calendário (Ogino-Knaus): estima o momento da ovulação documentando as durações mais longas e mais curtas do ciclo em um período de 6 a 12 meses • Curva térmica basal ou de temperatura: estima os tempos de ovulação medindo o BBT diariamente até que leituras elevadas por ≥ 3 dias indiquem que a ovulação ocorreu • Sintotérmico: combinação do billings, temperaura e calendário • Billings (mucocervical): estima o momento da ovulação avaliando as secreções de muco cervical ao longo do ciclo • Coito interrompido DEFINITIVOS (ESTERILIZAÇÃO) • Feminino (ligadura tubária) • Masculino (vasectomia) CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA é usada para evitar a gravidez após uma relação sexual desprotegida ou uma possível falha contraceptiva. Deve ser iniciada o mais rápido possível após a relação sexual desprotegida, pois a eficácia diminui com o aumento do atraso entre a relação sexual e o tratamento. As opções incluem DIU de cobre, levonorgestrel (Plano B), acetato de ulipristal (UPA) e contraceptivos orais combinados. Todos os contraceptivos de emergência podem ser usados até 5 dias após a relação sexual desprotegida. Pílulas anticoncepcionais de emergência previnem a gravidez atrasando a ovulação; portanto, a abstinência ou controle de natalidade adequado após o uso das pílulas é importante para garantir a eficácia. Sem dúvida, existem evidências a indicar que há uma série de riscos para a saúde relacionados com a gravidez na adolescência, tanto para a mãe quanto para o bebê. Sabe-se, também, que as demandas da gestação e da maternidade implicam diversas transformações no modo de vida das adolescentes, o que acaba limitando ou prejudicando o seu envolvimento em atividades importantes para o seu desenvolvimento durante esse período da vida, como escola e lazer. Em camadas sociais mais abastadas, por exemplo, a gravidez na adolescência tende a não prejudicar tanto o percurso de escolarização e profissionalização das jovens quanto nas camadas menos favorecidas, em virtude da maior disponibilidade de recursos e apoios para lidar com essa situação e suas demandas. Dessa forma, a perspectiva de futuro das adolescentes grávidas de classe média não é afetada tão intensamente quanto a perspectiva das adolescentes de classe baixa, considerando-se os aspectos de escolarização e profissionalização. As pesquisas mostram que, muitas vezes, a gravidez pode ser desejada pelas jovens, pois é tida como uma via de acesso a um novo estatuto de identidade e de reconhecimento através do papel materno. A maternidade, nesses casos, pode ser vista como uma ocupação, um papel que dá um sentido à vida da jovem. Na falta de outros projetos de vida, ou frente à dificuldade em vislumbrar a possibilidade de efetivar planos alternativos, a gravidez pode ser percebida pela adolescente como uma forma de reconhecer a si mesma, de marcar seu próprio espaço na família e de ser reconhecida nos seus ambientes de convívio. Portanto, é preciso cuidado ao se emitir juízos de valor a respeito da gravidez na adolescência. Ainda que, do ponto de vista da saúde pública, esse seja um fenômeno com repercussões negativas, na medida em que implica riscos de saúde para mães e bebês, riscos de cuidados inadequados aos bebês e riscos de empobrecimento nas perspectivas de escolarização, trabalho e renda das adolescentes e suas famílias, ele também pode ter consequências consideradas positivas pelas adolescentes. . Assim, pensar a gravidez na adolescência como algo não desejado ou fora do esperado corresponde a uma perspectiva normativa da adolescência que exclui a maternidade precoce como uma alternativa de vida. As evidências sugerem, contudo, que podem existir - e certamente existem - outros modos de ser adolescente e viver a adolescência, sendo que a maternidade pode fazer parte desses diferentes modos de ser adolescente, ainda que isso possa trazer consequências negativas, dependendo do ângulo sob o qual se analisa a questão. MONTENEGRO, Carlos Antonio B.; FILHO, Jorge de R. Rezende Obstetrícia Fundamental, 14ª edição . [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2017. E-book. ISBN 9788527732802. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978852 7732802/. Acesso em: 12 abr. 2023. ZUGAIB, Marcelo; FRANCISCO, Rossana Pulcineli V. Zugaib obstetrícia 4a ed. . [Digite o Local da Editora]: Editora Manole, [Inserir ano de publicação]. E-livro. ISBN 9788520458105. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978852 0458105/. Acesso em: 12 abr. 2023. DynaMed. Contraception Overview. EBSCO Information Services. Accessed April 12, 2023. https://www.dynamed.com/management/contraception- overview
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