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Quando uma barra, submetida a forças externas, sofre uma redução no seu comprimento, e essa redução ocorre de forma uniforme, ou seja, todas as suas fibras sofrem uma mesma deformação, pode-se concluir que a barra está sujeita a uma força atuando de fora para dentro, normal ao plano da sua seção e aplicada no centro de gravidade dessa seção. A esta força dá-se o nome de compressão simples ou axial. Introdução Introdução Peças comprimidas axialmente são encontradas em: componentes de vigas e pilares treliçados; alguns tipos de contraventamentos; escoras; pilares. Quando a força axial de compressão em uma barra de eixo perfeitamente reto atinge um determinado valor, a barra se torna encurvada, em um fenômeno conhecido como flambagem por flexão. A partir dessa configuração, a barra não consegue suportar mais acréscimos de força. Esta perda de estabilidade da peça pode ocorrer, bem antes que seja atingida a tensão de escoamento do material. Flambagem por Flexão de Barras Retas Se uma barra reta, bi-rotulada, constituída de material homogêneo e elástico, isento de tensões residuais, estiver submetida a uma força de compressão centrada, o valor da força que causa flambagem será: P P x y y (1) Os primeiros estudos sobre instabilidade foram realizados pelo matemático Leonhard Euler (1707-1783) 2 2 L EINe Carga crítica de flambagem elástica ou Carga de Euler (1) onde: E é o módulo de elasticidade do material, I é o momento de inércia da seção em relação ao eixo de flexão e L é comprimento da coluna. Flambagem por Flexão de Barras Retas 2 2 2 2 KL EI L EIN e e Le é o comprimento de flambagem da barra igual a distância entre os pontos de momento nulo da barra comprimida, deformada lateralmente. A equação da força de flambagem elástica deduzida para uma barra bi- rotulada pode ser utilizada para outras condições de contorno de extremidades de barra, conforme Tabela E.1 da NBR 8800. Para isso, é necessário definirmos um comprimento equivalente para a barra sujeita a flambagem, chamado de comprimento de flambagem, Le. Flambagem por Flexão de Barras Retas Le é dado pelo produto KL, onde K, denominado coeficiente de flambagem, tem os valores dados na Tabela E.1 da NBR 8800 para diferentes condições de contorno e L é o comprimento real da barra . Observações: É importante observar que os valores do coeficiente de flambagem K apresentados na Tabela E.1 da NBR 8800 são para elementos isolados. Nas barras comprimidas pertencentes a subestruturas de contraventamento e nos elementos contraventados, com a análise estrutural realizada segundo as prescrições desta norma, pode-se tomar K igual a 1,0. Flambagem por Flexão de Barras Retas Observações: As condições de contorno da tabela são teóricas, ou seja, rótula e engastamento perfeitos dificilmente podem ser reproduzidas na prática. Assim, um engastamento real permite uma pequena rotação junto a ele, na barra, o que faz com que a carga de flambagem da barra se reduza. Por isso, devem ser utilizados os valores recomendados de kx ou ky. Ao contrário, a imperfeição da rótula aumenta o valor da carga de flambagem da barra, o que reduz o valor de K, mas esta redução, é desprezada por questões de segurança. Flambagem por Flexão de Barras Retas Na prática, as barras geralmente apresentam uma curvatura inicial e, o comportamento de barras comprimidas com curvatura inicial difere substancialmente do comportamento das barras de eixo reto. Enquanto estas últimas permanecem com eixo indeformável até a força de compressão atingir a força de flambagem, as barras com curvatura inicial têm o deslocamento lateral continuamente aumentado com o acréscimo de força, até não conseguirem mais resistir às solicitações. Flambagem de Barras com Curvatura inicial A figura abaixo mostra o comportamento de uma barra bi-rotulada comprimida com curvatura inicial até o colapso. As seguintes etapas precedem o colapso: 1. A tensão em qualquer ponto da seção transversal (provocada pelos esforços de compressão e momento fletor, sendo este último o produto do esforço de compressão versus a curvatura da barra em um determinado instante) é menor que a tensão de proporcionalidade. (1) Flambagem de Barras com Curvatura inicial 2. O esforço de compressão atinge um valor, representado por Nr, onde tem início o escoamento da seção da barra mais comprimida, no caso, a seção central (atua o maior momento fletor), na região onde a soma tensão atuante mais tensão residual de compressão é maior. (2) Flambagem de Barras com Curvatura inicial 3. O escoamento vai se propagando pelas fibras internas da seção transversal central e para seções vizinhas, o que faz com que a rigidez à flexão da barra se reduza cada vez mais, uma vez que as regiões plastificadas não suportam acréscimo de tensão. 4. A barra atinge o valor da força axial resistente, representada por NRk, quando se forma uma rótula plástica na seção central e, consequentemente, a barra não consegue mais resistir aos esforços, entrado em colapso. (3) (4) Flambagem de Barras com Curvatura inicial O valor da força axial resistente de uma barra, NRk, depende fundamentalmente das tensões residuais existentes nos perfis estruturais. Assim, considerando perfis diferentes, porém com o mesmos valores de índice de esbeltez e de área da seção transversal, a força resistente é tanto menor quanto maior for a intensidade das tensões residuais de compressão, uma vez que o escoamento se inicializará antes assim como a redução da rigidez da barra. Flambagem de Barras com Curvatura inicial Até em um mesmo perfil, as tensões residuais podem alterar o valor da força resistente quando a flexão ocorre em eixos diferentes. Esse é o caso dos perfis I laminados com a mesma esbeltez em relação aos eixos x e y, nos quais as tensões residuais de compressão são máximas nas extremidades das mesas. Essas extremidades, que se plastificam primeiro, têm uma contribuição mais significativa para a rigidez à flexão em relação ao eixo y que em relação ao eixo x, e, portanto, a queda de resistência em relação ao eixo y é mais pronunciada. Flambagem de Barras com Curvatura inicial O valor da força de compressão resistente de projeto em barras de aço depende da esbeltez, da área da seção transversal, da resistência ao escoamento, da curvatura inicial e da distribuição e intensidade das tensões residuais e do fator de ponderação da resistência. Sua determinação é complexa, envolvendo análises numéricas sofisticadas e ensaios laboratoriais. Uma vez que as tensões residuais variam praticamente de perfil para perfil, a rigor são obtidas dezenas de curvas de resistência. Força de compressão resistente de projeto A NBR 8800:2008 adota uma única curva para determinação da força de compressão resistente de projeto. Em termos de formatação, esta curva, fornece o valor do fator adimensional , chamado de fator de redução associado à resistência à compressão para barras comprimidas com curvatura inicial, em função do índice de esbeltez reduzido, 0. 2 0658,0 2 0 877,0 Se 0 > 1,5 Se 0 ≤ 1,5 e yg N fQA 0 Onde: Força de compressão resistente de projeto Flambagem elástica Flambagem inelástica )/(0133,0 )/(0113,0 0 0 iKL iKL MR250 AR350 Força de compressão resistente de projeto 0,49 A força axial de compressão resistente de cálculo, Nc,Rd, de uma barra, associada aos estados-limites últimos de flambagem global por flexão, por torção ou flexo-torção e de flambagem local, deve ser determinada pela expressão: onde: é o fator de redução associado à resistência à compressão, dado pela curva; Q é o fator de redução total associado à flambagem local; Ag é a área bruta da seção transversal da barra; a1 é o coeficiente de ponderação da resisitência, igual a 1,1. Força de compressão resistente de projeto O índice de esbeltez reduzido depende do valor da força axial de flambagem elástica Ne. Deve-se então procurar o menor valor deNe, que permitirá chegar ao maior valor de esbeltez reduzida 0, e consequentemente aos menores valores de e portanto, da força de compressão resistente de projeto. O menor valor de Ne deve ser pesquisado a partir dos possíveis modos de flambagem global de uma barra. A flambagem global pode ocorrer por flexão, por torção ou por flexo-torção. Valor da força de flambagem elástica, Ne 2 0 877,0 Se 0 > 1,5 e yg N fQA 0 • Flambagem por Flexão – ocorre alteração da forma do eixo da barra, inicialmente retilineo; • Flambagem por Torção – quando, sem alteração da forma do eixo da barra, ocorre a rotação de uma das suas extremidades em relação à outra; Valor da força de flambagem elástica, Ne • Flambagem por Flexo-torção: quando ocorre simultameamente, alteração na forma do eixo da barra e torção de uma seção em relação à outra; Como no Brasil geralmente são usadas seções transversais duplamente simétricas, somente serão estudadas nesse curso, seções duplamente simétricas I ou H. Valor da força de flambagem elástica, Ne Seções duplamente simétricas A flambagem pode ocorrer por flexão em relação aos eixos x e y ou por torção pura, deve-se adotar o menor dos valores: 2 2 xx x ex LK EIN 2 2 yy y ey LK EI N GJ LK EC r N zz w ez 2 2 2 0 1 Para perfis I ou H, a flambagem por torção só ocorre se a barra possuir comprimento de flambagem por torção KzLz superior aos comprimentos de flambagem por flexão KxLx e KyLy. Situação prática incomum. Portanto, nesse curso, não será necessário o cálculo de Nez. Valor da força de flambagem elástica, Ne Instabilidade caracterizada pelo aparecimento de deslocamentos transversais às chapas componentes de um perfil, na forma de ondulações. A ocorrência de flambagem local depende da esbeltez da chapa, ou seja da razão largura sobre espessura, b/t . Flambagem Local O estado limite de flambagem local é considerado na determinação da resistência à compressão de barras de aço por meio do coeficiente de redução Q. Assim perfis que não sejam compactos possuem um coeficiente de redução menor que 1,0, reduzindo-se assim a resistência à compressão de barras em decorrência da flambagem local. Para perfis compactos, ou seja, perfis nos quais todos os elementos planos da seção apresentem uma esbeltez b/t inferior ao limite p dado pela NBR 8800:2008, não há a possibilidade de flambagem local. Este curso irá tratar apenas de perfis compactos. Flambagem Local Flambagem Local Valores limites de b/t em chapas componentes de perfis em compressão axial para impedir que a flambagem local ocorra antes do escoamento do material (NBR8800) MR 250 39,6 AR 350 33,4 42,1 35,6 Flambagem Local MR 250 12,7 AR 350 10,7 15,8 13,4 21,2 17,9 2. Flambagem Global 3. Flambagem Local 1. Escoamento por compressão 4. Interação entre dois ou mais estados limites acima citados A não ocorrência de nenhum dos estados limites últimos citados é assegurada quando: 𝑁 , 𝑁 , 𝜒𝑄𝐴 𝑓 𝛾 Estados limites últimos O índice de esbeltez das barras comprimidas, tomado como a maior relação entre o comprimento de flambagem e o raio de giração correspondente (KL/r), não deve ser superior a 200. Essa exigência se justifica pelo fato de barras comprimidas muito esbeltas serem muito sensíveis a variações nas imperfeições iniciais, flexíveis e sujeitas a vibrações. limitação da esbeltez Estados limites de serviço Determinar a resistência de cálculo à compressão do perfil W150 x 37,1 kg/m de aço ASTM A36 com comprimento de 3m, sabendo-se que suas extremidades são rotuladas e que há contenção lateral impedindo a flambagem em torno do eixo y. Comparar com o resultado obtido para uma peça sem contenção lateral, podendo flambar em torno do eixo y-y. 139 11,6 11,6 162 0,81 154 Dados: Ag=47,8cm² Eixo x-x: Ix=2244cm^4 ix=6,85cm Eixo y-y: Iy=707cm^4 iy=3,84cm E=200 000 MPa NBR 8800 item 4.5.2.9 ASTM A36 MR250 - fy = 250 MPa (Unidade 1 e 2 slide 19) Exercício 4 – Barra comprimida Determinar a resistência de cálculo à compressão do perfil W150 x 37,1 kg/m de aço ASTM A36 com comprimento de 3m, sabendo-se que suas extremidades são rotuladas e que há contenção lateral impedindo a flambagem em torno do eixo y. Comparar com o resultado obtido para uma peça sem contenção lateral, podendo flambar em torno do eixo y-y. 139 11,6 11,6 162 8,1 154 Verificar se o perfil é compacto, para adotar Q=1 • Tabela de Flambagem local - (b/t)lim – NBR8800 Tabela F.1 • MESA: 6,6<15,8 – OK • ALMA: 14,7<42,1 - OK a) Peça com contenção lateral Flambagem somente em torno do eixo x (usar raio de giração ix) • Calcular comprimento de flambagem 𝐿 = K.L= 1,0.300cm=300cm • Calcular índice de esbeltez reduzido 𝜆 =0,0113.300/6,85= 0,49 • Correlacionar o 𝜆 para obter o valor de 𝜒= 0,904 • Calcular o valor da resistência de cálculo à compressão do perfil 𝑁 , Exercício 4 – Barra comprimida )/(0113,00 iKL 𝑁 , 𝜒𝑄𝐴 𝑓 𝛾 𝑁 , 0,904 . 1 . 47,8cm² . 25𝑘𝑁/𝑐𝑚² 1,1 982𝑘𝑁 Determinar a resistência de cálculo à compressão do perfil W150 x 37,1 kg/m de aço ASTM A36 com comprimento de 3m, sabendo-se que suas extremidades são rotuladas e que há contenção lateral impedindo a flambagem em torno do eixo y. Comparar com o resultado obtido para uma peça sem contenção lateral, podendo flambar em torno do eixo y-y. Exercício 4 – Barra comprimida 139 11,6 11,6 162 0,81 154 b) Peça sem contenção lateral Flambagem somente em torno do eixo y (usar raio de giração iy) • Mesmo comprimento de flambagem 𝐿 • Calcular índice de esbeltez reduzido 𝜆 • Correlacionar o 𝜆 para obter o valor de 𝜒 • Calcular o valor da resistência de cálculo à compressão do perfil 𝑁 , c) Comparar os resultados obtidos d) A peça resiste a uma solicitação de projeto com valor de 800kN?
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