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1 Júlia Morbeck – @med.morbeck Anamnese • Identificação: nome social, ocupação anterior, acompanhante, naturalidade, residência, procedência. • Queixa principal: queixa principal e duração. • História da Doença Atual: quando começou o sintoma; como evoluiu; localização; irradiação; características; intensidade; relação com outras queixas; fatores de melhora e piora; exames e medicação; como o sintoma está agora. • Interrogatório Sintomatológico: dos diversos aparelhos. Sintomas gerais, pele e fâneros, cabeça e pescoço, tórax, abdome, geniturinário, neuromuscular e psíquico. Importante negar alguns sintomas de cada aparelho, em especial, os que poderiam estar relacionados com o sintoma-guia. • Antecedentes pessoais: fisiológicos (gestação e nascimento, desenvolvimento psicomotor e neural – mais importante na pediatria, desenvolvimento sexual – mais importante na ginecologia) e patológicos (patologias, alergia, cirurgias, medicamentos em uso, vacinas). • Antecedentes familiares: doenças de caráter genético, estado de saúde (pais, irmão, filhos, cônjuge). • Hábitos de vida: alimentação, exercícios físicos, uso de tabaco (carga tabágica: anos-maço -> multiplicar a quantidade de maço que o paciente fuma por dia – um maço tem em média 20 cigarros – pela quantidade de anos que o paciente é fumante), álcool (qual bebida e quantidade), outras drogas. • Condições socioeconômicas e culturais: domicílio, situação econômica, escolaridade, vida religiosa. Anamnese e Exame Físico no Idoso • Senescência: processo de envelhecimento FISIOLÓGICO. • Senilidade: patologias que podem acometer os idosos. MODIFICAÇÕES SISTÊMICAS • Alterações da constituição corporal: diminuição da massa óssea, taxa de metabolismo basal diminui, alteração da composição corporal (aumenta gordura e diminui água – relação com os medicamentos hidrossolúveis e lipossolúveis) • Pele e fâneros: pele seca, aumento dos pelos nas regiões da orelha (homens) e rosto (mulheres), manchas (melanose senil) e rugas na pele, canície (embranquecimento dos cabelos). • Sistema osteoarticular e muscular: atrofia muscular (desuso), sarcopenia (diminuição da massa e da força muscular), acatisia (impossibilidade de permanecer sentado – associado a deambulação compulsiva comum nas demências). • Sistema nervoso: demência, diminuição do sono, alterações da marcha e do equilíbrio, síncope, sonolência, limiar de dor aumenta. • Sentidos especiais: presbiacusia (diminuição da acuidade para sons agudos)., ptose palpebral (visão lateral), surdez. • Sistema cardiovascular: aumento da pressão sistólica isolada, degeneração do sistema de condução (bloqueio do nó AV). • Sistema respiratório: dispneia, tosse. • Sistema digestório: perda de dentes, glossodinia (queimor na língua), diminuição do nº de hepatócitos + discinesia da vesícula (metabolização medicamentosa alterada), incontinência fecal. • Sistema urinário: aumento do volume residual da bexiga (ITU), incontinência urinária. • Sistema genital: mulheres: mucosa vaginal ressecada – risco de lesão -, ptose de órgãos. Homens: aumento do volume prostático. ANTECEDENTES PESSOAIS E FAMILIARES: condições da menopausa, número de filhos e a história de morte de algum deles. CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS: tipo de habitação, existência de escadas (riscos de quedas), condições financeiras e quem administra as finanças. EXAME FÍSICO • Marcha senil; • Diminuição do turgor e elasticidade da pele; • Mucosa oral menos umedecida; • Diminuição da secreção lacrimal; • Xerostomia (boca seca); • Equimoses (pode indicar maus tratos); • Úlceras por pressão; • Hipotensão postural; • Edema; Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) Também denominada Avaliação Geriátrica Global (AGG), é uma expressão utilizada para denominar um procedimento de avaliação multidimensional, frequentemente interdisciplinar, que tem como objetivo determinar as deficiências, incapacidades e desvantagens apresentadas pelo paciente idoso, visando ao planejamento do cuidado e ao seguimento. ↠ Os métodos utilizados na AGA são realizados de uma maneira sistematizada por observação direta, questionários autoaplicados ou por meio de entrevistas do próprio indivíduo ou de seu acompanhante (familiar ou cuidador), e estes são os denominados instrumentos de avaliação. ↠ Os parâmetros especialmente avaliados na AGA são os seguintes: 2 Júlia Morbeck – @med.morbeck • Equilíbrio, mobilidade e risco de quedas: O equilíbrio pode ser dividido em equilíbrio estático, que é avaliado em posição ereta, e equilíbrio dinâmico, avaliado durante a marcha. • Função cognitiva e condições emocionais: Os testes para avaliação do estado mental devem ser simples, rápidos e reaplicáveis; não devem necessitar de material complementar e conhecimento especializado para que possam ser aplicados também por membros da equipe multiprofissional. • Capacidade funcional: É a capacidade de manter habilidades físicas e mentais para uma vida com autonomia e independência, ou seja, ser capaz de realizar atividades de vida diária (AVDs), tanto as básicas quanto as instrumentais, sendo mensuradas por instrumentos de avaliação específicos (escalas e testes). • Deficiências sensoriais: As deficiências visual e auditiva têm importância fundamental na funcionalidade do idoso e, por serem muito específicas, necessitam de avaliação especializada, porém, é importante que seja feito rastreio quando o idoso é avaliado globalmente. Além de perguntas sobre déficit visual, a avaliação da visão pode ser feita solicitando que o paciente leia palavras impressas de diversos tamanhos, em uma revista ou jornal. A melhor opção, no entanto, é a utilização do Cartão de Jaeger, que é colocado a 35 cm do indivíduo, testando um olho de cada vez. • Condições socioambientais: Redes de suporte social são definidas como conjuntos hierarquizados de pessoas que mantêm entre si laços típicos das relações de dar e receber, existindo ao longo da vida e atendendo à motivação do ser humano de viver em grupo. As necessidades de cada indivíduo determinarão a estrutura e as funções da rede de suporte social adequadas a cada situação. • Estado e risco nutricionais: O processo do envelhecimento normal é acompanhado de várias modificações morfológicas e funcionais que interferem na alimentação e na nutrição do idoso. A avaliação nutricional é realizada pela história clínica, por exame físico, medidas antropométricas, exames laboratoriais, escalas e, em alguns casos, exames que medem a composição corporal, como a bioimpedância e a densitometria corporal total. • Polifarmácia e medicamentos inapropriados: Polifarmácia é definida como uso de múltiplos medicamentos, sendo a utilização de cinco ou mais medicamentos o número mais aceito para essa definição. • Multimorbidades: presença de duas ou mais doenças crônicas no mesmo indivíduo. • Autoavaliação de saúde. • Outros parâmetros. Aspectos éticos da consulta do adolescente • OMS: 10 e 20 anos incompletos. • ECA: 12 a 18 anos. QUEBRA DO SIGILO MANUTENÇÃO DO SIGILO Presença de qualquer tipo de violência: emocional, maus tratos, sexual, bullying, interpessoal no namoro etc. Ficar, namoro: iniciação sexual (excluída violência por sedução ou imposição explícita). Uso escalonado (cada vez maior) de álcool e outras drogas; sinais de dependência química. Experimentação de psicoativos (sem sinais de dependência). Autoagressão, ideações suicidas ou de fuga de casa; tendência homicida. Orientação sexual, conflitos com identidade de gênero. Gravidez, abortamento. Prescrição de contraceptivos (para adolescente com maturidade para adesão). Sorologia positiva de HIV (comunicar aos familiares e à parceria sexual). IST (afastada violência sexual e desde que adolescentetenha maturidade para adesão ao tratamento). Não adesão a tratamentos, deixando o adolescente ou terceiros em risco. Diagnóstico de doenças graves, quadros depressivos e outros transtornos do campo mental. ANAMNESE: entrevista com paciente e familiares juntos, entrevista com o paciente a sós e retorno para cliente e pais/responsáveis. • Motivo da consulta; • Percepção corporal e autoestima; • Hábitos alimentares; • Situações de risco e vulnerabilidade (álcool, drogas); Abordagem HEEADSSS NA ANAMNESE É um sistema de avaliação contemplando diferentes aspectos de vida dos adolescentes. Método indireto para avaliar comportamentos e complementar a anamnese do adolescente ↠ A SBP definiu que a área de atuação do pediatra é desde o último trimestre da gravidez até 20 anos de idade incompletos. Home - Lar Education - Educação Eating disoders - Distúrbios alimentares Activities - Atividade com pares Drugs - Drogas Sexuality + Safe - Sexualidade + Segurança Suicide/depression - Suicídio e depressão H E E A D S+S S 3 Júlia Morbeck – @med.morbeck ↠ O Código Civil Brasileiro no artigo 5º discorre que as pessoas maiores de 16 anos poderão optar pelo atendimento por médico não pediatra. ↠ O SUS estipula para a consulta pediátrica o limite de 12 anos de idade. Declaração de Nascido Vivo (DNV) Fornecer informações sobre as características dos nascidos vivos, fundamentais para o estabelecimento de indicadores de saúde específicos. Todo nascimento que ocorrer no território nacional deverá ser dado a registro no cartório do lugar em que tiver ocorrido o parto, dentro de quinze dias, ampliando-se até três meses para os ligares distantes mais de trinta quilômetros da sede do cartório. ↠ Formulários de 3 vias autocopiativas com diferentes cores (branca, amarela e rosa). • O que fazer no caso de extravio de formulário de Declaração de Nascido Vivo (DNV) nas unidades notificadoras ou nas Secretarias Estaduais de Saúde (SES) e Secretarias Municipais de Saúde (SMS)? Deve-se fazer um boletim de ocorrência (BO) informando a numeração extraviada, e comunicar aos Cartórios de Registro Civil e às SMS, às SES e ao Ministério da Saúde (MS). • É possível emitir uma segunda via da DNV em caso de perda por parte dos responsáveis pelo recém-nascido? Se sim, como é feito esse procedimento? Quem será o responsável pela emissão da segunda via? Não é possível emitir uma segunda via da DNV. Em casos de perda ou extravio da DNV pela família, a Secretaria Municipal de Saúde poderá providenciar uma fotocópia da via arquivada (branca ou rosa), autenticá-la e datá-la, para fins de registro em cartório. Outra possibilidade é a SMS imprimir o formulário já digitado no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) (espelho do formulário), autenticar e datar. Dessa forma, não se trata de segunda via e sim uma cópia autenticada por um servidor público. APGAR ↠ O Índice de Apgar objetiva avaliar considerações fisiológicas e de resposta do neonato (vitalidade do bebê). Feita da sala de parto. • Coloração da pele; • Frequência cardíaca: o normal é 120-160 bpm. • Irritabilidade reflexa; • Tônus; • Frequência respiratória: o normal é 40 a 60 irpm. Avaliação no 1º e 5º minuto de vida. Para bebês com somatório menor que 7 no quinto minuto, o MS recomenda reavaliações a cada 5 minutos, até os 20 minutos de vida. O Apgar não deve ser utilizado para determinar o início da reanimação nem as manobras a serem instituídas no decorrer do procedimento. Sistema Digestório ↠ Principais sintomas: • Halitose: mau hálito. • Xerostomia: boca seca. • Sialorreia: salivação excessiva. • Disfagia: dificuldade em deglutir. • Odinofagia: dor ao deglutir. • Pirose: queimação retroesternal. • Regurgitação: retorno do conteúdo do estômago ou esôfago para a boca. • Globus: sensação de algo presente na garganta em repouso que melhora ou desaparece na deglutição. • Dor: importante localizar a dor. • Eructação: arroto. • Soluço: espasmos involuntários do diafragma. • Hematêmese: vômito com sangue. 4 Júlia Morbeck – @med.morbeck • Melena: fezes escurecidas e com odor, devido à digestão do sangue. • Enterorragia: sangramento mais volumoso (sangue vivo) que pode ocorrer com ou sem a presença de fezes. • Hematoquezia: sangramento menos volumoso (sangue vivo) associado à presença de fezes. • Dispepsia: grupo heterogêneo de sintomas localizados no andar superior do abdome. Pode ser definida pela presença de um ou mais dos seguintes sintomas: plenitude pós- prandial, saciedade precoce, epigastralgia. • Esteatorreia: fezes gordurosas. Doença do Refluxo Gastroesofágico • Pirose (queimação retroesternal); • Regurgitação (percepção do conteúdo gástrico refluído para boca ou hipofaringe); • Dor torácica; • Globus faringeus; • Tosse crônica; • Rouquidão; • Desgaste do esmalte dentário. MANIFESTAÇÕES DE ALARME: • Disfagia; • Odinofagia; • Perda de peso; • Hemorragia digestiva; • Náuseas e vômitos; • História familiar de câncer. Normalmente o exame físico desse paciente não apresentará nenhuma alteração, a não ser que existam sinais de alarme associados. QUANDO DEVO INDICAR ENDOSCOPIA? Acima de 40 anos, sinais de alarme e refratariedade ao tratamento com IBP em dose plena. QUAIS PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DA DRGE? Esofagite, estenose, Esôfago de Barrett. DIAGNÓSTICO: quase sempre clínico, pode ser confirmado por meio de exames complementares, destacando-se endoscopia, manometria e phmetria (padrão-ouro: impedâncio-pHmetria) O diagnóstico presuntivo de DRGE pode ser estabelecido quando sintomas típicos estiverem presentes mais do que duas vezes por semana, por período de quatro a oito semanas. Tratamento empírico (teste terapêutico): inibidor de bomba de prótons (IBP) na dose de 40mg/dia de esomeprazol, por 8 semanas. A resposta clínica confirma o diagnóstico de DRGE. MEDIDAS COMPORTAMENTAIS: evitar refeições copiosas, redução do peso, suspensão do fumo, elevação de 15 cm de cabeceira, evitar deitar 2 horas após as refeições. CLASSIFICAÇÃO DE LOS ANGELES ↠ O uso de uma classificação para a graduação da esofagite erosiva é importante pois muda o prognóstico e o tratamento do paciente e guia o médico na investigação da fisiopatologia da doença do refluxo gastroesofágico. CLASSIFICAÇÃO DE LOS ANGELES PARA ESOFAGITE PÉPTICA GRAU A Erosões menores do que 5mm, em pregas isoladas. GRAU B Erosões maiores do que 5mm, em pregas isoladas. GRAU C Erosões confluentes entre mais de uma prega no esôfago distal, porém, ocupando menos de 75% da circunferência. GRAU D Erosões confluentes, ocupando mais de 75% da circunferência. Importante • Pacientes abaixo de 40 anos, com sintomas típicos e sem sinais de alarme, iniciar tratamento com IBP, 1x ao dia por 8 semanas. Caso ocorra melhora parcial dos sintomas, pode- se administrar dose dobrada do IBP 80mg (40mg manhã e 40mg antes do jantar). Se persistir sintoma, investigar com EDA. • Paciente com mais de 40 anos ou sinal de alarme, realizar EDA • Paciente com sintomas atípicos recomenda-se fazer impedâncio-phmetria Úlcera gástrica e duodenal Toda úlcera gástrica deve ser biopsiada. Já a úlcera duodenal deve ser biopsiada em caso de irregularidades. ↠ Pacientes portadores de úlceras gástricas ou duodenais podem ser assintomáticos ou referir: • .Desconforto epigástrico; • Náuseas; • Vômitos; • Empachamento pós-prandial; • Perda de peso; • Sangramentos (formas mais graves); 5 Júlia Morbeck – @med.morbeck ÚLCERA GÁSTRICA • Dor abdominal forte, que piora ao comer ou ao beber – devido a produção do ácido gástrico. • Queimação epigástrica. • Dor em região epigástrica. • Náusea, vômito; • Sangramentos: melena. ÚLCERA DUODENAL• Dor que desperte a pessoa durante a noite; • Beber leite ou comer (para neutralizar o ácido gástrico) ou o uso de antiácidos são medidas que costumam aliviar a dor, porém, esta costuma retornar após duas a três horas. A periodicidade da dor é outra importante característica das úlceras pépticas; após um período de dor, surgem períodos de acalmia que pode durar semanas ou anos. Gastrite ↠ O termo gastrite indica a presença de lesão epitelial gástrica associada à regeneração da mucosa, obrigatoriamente na presença de inflamação. Por sua vez, o termo gastropatia é atribuído ao achado de lesão e regeneração epitelial gástricas na ausência de inflamação. ↠ A principal causa de gastrite é infecção pelo Helicobacter pylori. ↠ A maior parte dos pacientes com gastrite são assintomáticos. Nos pacientes que apresentam sintomas, os mais frequentes são: • Epigastralgia, muitas vezes com piora pós alimentar, com ingestão de bebidas alcoólicas, uso de AINEs ou estresse emocional; • Plenitude pós-prandial; • Saciedade precoce; • Náuseas e vômitos; • Hematêmese e melena, em casos complicados com sangramento. NO EXAME FÍSICO: à palpação pode apresentar dor superficial ou profunda na região epigástrica. ↠ O exame histológico da mucosa gástrica é obrigatório para o diagnóstico das gastrites. BIÓPSIA: Coletar uma amostra do antro e do corpo. TESTE DE UREASE: pesquisa Helicobacter pylori. Também recomenda-se coletar uma amostra do antro e do corpo. O fragmento da mucosa gástrica é colocado em frasco contendo ureia e vermelho fenol como indicador de pH. Graças à grande produção da enzima urease pelo H. pylori, a ureia é desdobrada em CO2 e amônia, aumentando o pH e mudando a cor da solução, de amarela para avermelhada. O teste é considerado positivo quando a mudança de cor aparece em até 24 horas. Câncer de esôfago ↠ Os fatores de risco podem incluir: • Idade; • Tabagismo e bebidas alcoólicas; • Esôfago de Barret; Câncer gástrico ↠ A incidência aumenta gradativamente com a idade, alcançando pico máximo na sétima década da vida. ↠ São considerados fatores de risco para câncer gástrico: • Idade acima de 60 anos; • Infecção pelo H. pylori; • História familiar positiva;. • Tabagismo e etilismo. ↠ Pode apresentar-se assintomático. No entanto, os sintomas mais frequentes são: • Saciedade precoce; • Dor epigástrica; 6 Júlia Morbeck – @med.morbeck • Vômitos; • Perda de peso; • Astenia; • Anemia. EXAME FÍSICO: Na palpação pode ter presença de massa palpável no epigástrico (importante descrever tamanho, consistência e localização da massa). Ademais, pode ocorrer linfonodomegalia supraclavicular (sinal de Troisier/Virchow) e periumbilical (sinal da Irmã Maria José) em casos mais avançados. PROTOCOLO SPIKES Ingestão de Corpo Estranho na Infância • Menores de 5 anos, sexo masculino. • Mais comuns: moedas, baterias, objetos perfurocortantes e ímãs. • 70-80% eliminação espontânea. ↠ Os CE localizados no esôfago geralmente estão associados a quadros clínicos mais exuberante. Os locais mais comuns de obstrução são áreas de estreitamento fisiológico – área cricofaríngea, terço médico do esôfago, esfíncter esofágico inferior, piloro e válvula ileocecal. • Saliva com sangue; • Sialorreia; • Disfagia, odinofagia; • Recusa alimentar; • Engasgo; • Estridor, desconforto respiratório. ATENÇÃO: De um modo geral, o tempo para intervenção pode ser dividido em 3 categorias: • emergência (até 2 horas da ingestão, independentemente do status de jejum), • urgência (até 24 horas da ingestão, seguindo as diretrizes usuais de jejum); • eletivo (após 24 horas da ingestão, seguindo as diretrizes usuais de jejum). MOEDAS ↠ Objetos mais comumente ingeridos pelas crianças. Moedas maiores apresentam maior chance de ficarem impactadas. BATERIAS ↠ O mecanismo de lesão da mucosa esofágica ocorre através de necrose por liquefação, devido ao conteúdo cáustico da bateria, e através de lesão termoelétrica, com risco rápido de perfuração quando a bateria se aloja nesse órgão Risco de complicação em 2 horas: fístula traqueoesofágica, perfuração esofágica. Na avaliação radiológica a bateria vai apresentar sinal do duplo halo e sinal do degrau. 7 Júlia Morbeck – @med.morbeck Se ingestão de bateria e indisponibilidade de EDA imediata: mel para maiores de 1 ano (10 ml a cada 10 minutos, máx. 6 doses) ou sucralfato (1g – 10 ml a cada 10 minutos, máx. 3 doses). ÍMAS ↠ A principal complicação que pode ocorrer é a formação de uma fístula enteroentérica que se forma entre 2 ou mais ímãs (ou um ímã e um objeto metálico no intestino) nas alças intestinais adjacentes. ↠ É importante a realização de radiografia de tórax e abdome, em duas incidências, que ajudam a definir o número de ímãs ingeridos e a localização no trato gastrointestinal. Cabe ressaltar que múltiplos ímãs podem ficar firmemente aderidos simulando um objeto único na radiografia. Paciente que ingeriu ímã orientar a não ficar perto de materiais metálicos. OBJETOS PONTIAGUDOS ↠ Exemplos desses objetos são: parafuso, prego, alfinete, agulhas, palitos de dentes, clipes de papel, osso de frango e espinha de peixe, entre outros. Caso a radiografia não identifique o CE, mas a suspeita de ingestão permaneça alta (criança sintomática), pode-se proceder à avaliação endoscópica pela chance de o CE ingerido não ser radiopaco (p. ex., palito de dente de madeira). Perfurocortante abaixo do duodeno sintomático faz cirurgia. OBJETOS ROMBOS Abordagem ANAMNESE: Ingestão foi presenciada? Tipo, tamanho, formato do objeto; tempo decorrido desde a ingestão e sobre os sintomas. EXAMES DE IMAGEM • Radiografia (incidência anteroposterior e perfil da região cervical, torácica e abdominal). Pode-se avaliar também a presença de complicações – pneumomediastino e penumoperitônio). • Tomografia computadorizada: CE radiotransparentes, suspeita de complicações e auxílio no diagnóstico diferencial. • Endoscopia Digestiva Alta (EDA): diagnóstico e terapêutico. Complicações como perfuração de esôfago ou intestino contraindicam o exame. Antes da EDA é importante fazer radiografia novamente, pois o objeto pode ter mudado de local. 8 Júlia Morbeck – @med.morbeck Parasitoses Intestinais ESQUISTOSSOMOSE ↠ Schistosoma mansoni, que possui como hospedeiro intermediário o caramujo do gênero Biomphalaria. ↠ Popularmente conhecida como “mal do caramujo” ou “barriga d ́água”. ANAMNESE MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: dermatite cercariana (prurido transitório, exantema papular), febre, cefaleia, anorexia, dor abdominal, ascite, hepatomegalia. FATORES DE RISCO: sexo masculino, contato com água contaminada (pescadores, crianças que tomam banho em coleções hídricas naturais). EXAME FÍSICO Geral: astenia, escleróticas ictéricas (++/++++), pele ictérica, prurido intenso, hiperemia em MMII (dermatite cercaria – casos recentes). ADBOME: Inspeção estática: abdome ascitico, presença de circulação colateral. Ausculta: ruídos hidroaéreos reduzidos e abafados. Percussão: Sinal de piparote positivo, aumento da loja hepática. Palpação: indolor à palpação superficial e profunda. EXAMES COMPLEMENTARES HEMOGRAMA: leucocitose (eosinofilia intensa), plaquetopenia (devido a problemas hepáticos). PARASITOLÓGICO DE FEZES: técnica de Kato-katz – ovos de Schistosoma mansoni, ENZIMAS HEPÁTICAS: aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT). FUNÇÃO HEPÁTICA: bilirrubinas, a albumina e a protrombina (TP, RNI). Um exame de tempo de protrombina (TP) mede quanto tempo um coágulo leva para se formar em uma amostra de sangue. Uma RNI (razão normalizada internacional) é um tipo de cálculo baseado nos resultados do exame de TP. ASCARIDÍASE ↠ Ascaris lumbricoides.Popularmente, o helminto também é conhecido como “lombriga”. ANAMNESE MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: hepatomegalia, febre, astenia, tosse – Síndrome de Loffler -, dor abdominal, desnutrição, anemia, diarreia, distensão abdominal. FATORES DE RISCO: saneamento básico ineficiente, inadequada higienização dos alimentos, inadequada higienização das mãos. EXAME FÍSICO Geral: astenia, febre. O sistema respiratório pode estar alterado devido ao quadro de pneumonia que pode ser desencadeada pela Síndrome de Loffler. ADBOME: Inspeção estática: abdome atípico, sem cicatrizes, sem abaulamentos. Ausculta: ruídos hidroaéreos aumentados. Percussão: aumento da loja hepática. Palpação: indolor à palpação superficial e profunda. EXAMES COMPLEMENTARES HEMOGRAMA: leucocitose (eosinofilia intensa) e anemia (diminuição da hemoglobina e do hematócrito). PARASITOLÓGICO DE FEZES: técnica de Kato-katz – ovos de Ascaris lumbricoides. TENÍASE (NEUROCISTICERCOSE) ↠ Espécies de Taenia, sendo os bovinos os hospedeiros intermediários da forma saginata, enquanto o porco o é da espécie solium. O ser humano também pode ser um hospedeiro intermediário acidental de T. solium, mas não de T. saginata, condição conhecida como cisticercose. ANAMNESE MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: náusea, vômito, anorexia, diarreia, convulsão (neurocisticercose), déficit motor e visual (neurocisticercose). FATORES DE RISCO: inadequada higienização dos alimentos, inadequada higienização das mãos, consumir água contaminada. EXAME FÍSICO Geral: astenia, anorexia. 9 Júlia Morbeck – @med.morbeck O sistema neurológico pode estar alterado devido ao quadro de neurocisticercose – desenvolvimento no SNC. ADBOME: Inspeção estática: abdome atípico, sem cicatrizes, sem abaulamentos. Ausculta: ruídos hidroaéreos aumentados. Percussão: sem alterações. Palpação: indolor à palpação superficial e profunda. EXAMES COMPLEMENTARES HEMOGRAMA: leucocitose (eosinofilia intensa). PARASITOLÓGICO DE FEZES: técnica de sedimentação espontânea (Hoffman) e de centrífugo-flutuação (Faust) – ovos de Taenia Os métodos diagnósticos de imagem mais úteis são a tomografia computadorizada e a ressonância nuclear magnética; esta última pode detectar cistos próximos aos ventrículos com maior sensibilidade. ANCILOSTOMÍASE OU NECATORÍASE ↠ Amarelão ou doença do Jeca Tatu, é uma parasitose intestinal muito comum. Ancylostoma duodenale ou Necator americanus. Após penetrar a pele, a larva alcança os vasos sanguíneos e viaja até os pulmões, onde permanecerá por alguns dias. Quando o paciente tosse, o parasito pode ser lançado em direção à cavidade oral, sendo, então, inadvertidamente deglutido. Se a contaminação inicial não tiver sido pela pele, mas sim por ingestão acidental da larva, essa primeira parte do ciclo não existe, indo o parasito diretamente para o trato gastrointestinal. ANAMNESE MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: prurido no local da penetração, vômito, diarreia, síndrome de Löffler, com tosse, eosinofilia, sibilos e, às vezes, hemoptise. Anemia por deficiência de ferro, causando palidez, dispneia, fraqueza, taquicardia, cansaço. FATORES DE RISCO: andar descalço (penetra na pele). EXAME FÍSICO Geral: astenia, mucosas oftálmicas hipocoradas (++/++++). O sistema respiratório pode estar alterado devido ao quadro de pneumonia que pode ser desencadeada pela Síndrome de Loffler. ADBOME: Inspeção estática: abdome atípico, sem cicatrizes, sem abaulamentos. Ausculta: ruídos hidroaéreos aumentados. Percussão: sem alterações. Palpação: indolor à palpação superficial e profunda. EXAMES COMPLEMENTARES HEMOGRAMA: leucocitose (eosinofilia intensa) e anemia (diminuição da hemoglobina e do hematócrito). PARASITOLÓGICO DE FEZES: ovos de Ancylostoma duodenale ou Necator americanus. Diarreia na infância ↠ Divide-se em: infecciosas e não infecciosas. • Infecciosas: vírus (rotavírus) – mais comum; bactérias e parasitas. • Não infecciosas: medicamentos, intoxicação exógena, alimentos, intolerância, alergia alimentar, doenças inflamatórias intestinais. Desidratação e desnutrição são as principais complicações da diarreia aguda. DIAGNÓSTICO ↠ O diagnóstico é eminentemente clínico. ANAMNESE • Duração da diarreia; • Número diário de evacuações; • Presença de sangue nas fezes; • Fator de melhora ou piora; • Sintomas associados (febre, vômito); • Práticas alimentares prévias e vigentes; • Outros casos de diarreia em casa ou na escola. • Uso de medicamentos; • Vacinação – rotavírus; • Oferta e consumo de líquidos. EXAME FÍSICO • Avaliar o estado de hidratação; • Avaliar o estado nutricional (vitamina B12, ferritina, vitamina D); • Estado de alerta (ativo, irritável, letárgico); • Capacidade de beber; • Diurese. IMPORTANTE: O percentual de perda de peso é considerado o melhor indicador da desidratação. • Gráfico do peso, da estatura e do IMC (IMC - maior que 5 anos) https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-pulmonares-intersticiais/s%C3%ADndrome-de-l%C3%B6ffler https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/hematologia-e-oncologia/dist%C3%BArbios-eosinof%C3%ADlicos/eosinofilia 10 Júlia Morbeck – @med.morbeck 1 – Para avaliar o enchimento capilar, a mão da criança deve ser mantida fechada e comprimida por 15 segundos. Abrir a mão da criança e observar o tempo no qual a coloração da palma da mão volta ao normal. A avaliação da perfusão periférica é muito importante, principalmente em desnutridos nos quais a avaliação dos outros sinais de desidratação é muito difícil. EXAMES COMPLEMENTARES • Hemograma; • Eletrólitos; • EPF; • Coprocultura; • Sangue oculto nas fezes; • Leucócitos totais; • pH fecal; • Gordura fecal /SUDAM; • ANCA e ASLA – Retocolite ulcerativa e Doença de Crohn; • Anti-glutaminase e anti-endomísio – Doença celíaca. TRATAMENTO ↠ Se o paciente está com diarreia e está hidratado deverá ser tratado com o Plano A. Se está com diarreia e tem algum grau de desidratação, deve ser tratado com o Plano B. Se tem diarreia e está com desidratação grave, deve ser tratado com o Plano C. É fundamental para o tratamento adequado a reavaliação pediátrica contínua. ORIENTAÇÕES: Manter aleitamento materno; Leite ou fórmula sem lactose – pois a diarreia pode desencadear a perda da enzima, causando uma intolerância transitória -; ATB em casos de desenteria. Diarreia Aguda no Adulto 11 Júlia Morbeck – @med.morbeck TRATAMENTO 12 Júlia Morbeck – @med.morbeck SORO CASEIRO: 1 litro de água + 1 colher de sopa de açúcar + 1 colher de chá de sal. Constipação na Infância ↠ Pode ser definida como a eliminação de fezes endurecidas com dor, dificuldade ou esforço acompanhada ou não por comportamento de retenção para evitar a evacuação, aumento no intervalo entre as evacuações (menos que três evacuações por semana) e incontinência fecal involuntária secundária à retenção de fezes (fecaloma). CRITÉRIOS DE ROMA IV PARA O DIAGNÓSTICO DE CONSTIPAÇÃO INTESTINAL FUNCIONAL LACTENTES E CRIANÇAS COM MENOS DE 4 ANOS DEVEM APRESENTAR DUAS OU MAIS DAS SEGUINTES MANIFESTAÇÕES POR MAIS DE UM MÊS: Duas ou menos evacuações por semana; Histórico de retenção excessiva de fezes; Histórico de evacuações com dor e dificuldade; Histórico de fezes de grande calibre; Presença de grande massa fecal no reto. NAS CRIANÇAS QUE JÁ COMPLETARAM O TREINAMENTO ESFINCTERIANO CONSIDERAR TAMBÉM: Pelo menos um episódio de incontinência fecal por semana após aquisição do controle esfincteriano; Histórico de eliminação de fezes de grande calibre que pode entupir o vaso sanitário. CRIANÇAS COM MAIS DE 4 ANOS E ADOLESCENTES DEVEM APRESENTAR DUAS OU MAIS DAS SEGUINTES CARACTERÍSTICAS (PELO MENOS 1 VEZ/SEMANA) DURANTE O PERÍODO MÍNIMO DE 1 MÊS, DESDE QUENÃO PREENCHAM O CRITÉRIO DIAGNÓSTICO DE SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL: Duas ou menos evacuações no vaso sanitário por semana, quando o desenvolvimento for compatível com a idade de 4 anos; Pelo menos um episódio de incontinência fecal por semana; Histórico de evacuações dolorosas ou difíceis; Presença de grande massa fecal no reto; Histórico de eliminação de fezes de grande calibre que podem entupir o vaso sanitário. CRITÉRIOS DE ROMA IV PARA O DIAGNÓSTICO DA SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL: DEVE INCLUIR TODOS OS SEGUINTES DURANTE 2 MESES: Dor abdominal em pelo menos 4 dias do mês associada a mudança nas evacuações (frequência ou formato das fezes); Se o tratamento da constipação intestinal proporcionar normalização do hábito intestinal e desaparecimento da dor abdominal, deve prevalecer o diagnóstico de constipação intestinal funcional; Após avaliação médica apropriada, as manifestações clínicas não podem ser plenamente explicadas por outra condição médica. Intestino irritável: a dor abdominal permanece após a defecação. Acompanhado de diarreia ou constipação. INCONTINÊNCIA FECAL: Escape/soiling (parte líquida escapa) x encoprese (saída das fezes em local ou hora inoportuna). CONSTIPAÇÃO ORGÂNICA X CONSTIPAÇÃO FUNCIONAL (constipação na ausência de doença orgânica subjacente) QUADRO CLÍNICO • Comportamento de retenção: é caracterizado por contrações da musculatura glútea para cessar a vontade de evacuar, a criança pode adotar uma posição específica. Crianças menores podem parecer inquietas ou esconder- se atrás de móveis, agachar-se, deitar-se em posição fetal, pedir colo ou chorar. • Dificuldade ou dor durante a evacuação; • Fissura anal; • Laivos de sangue nas fezes; • Fezes ressecadas, em cíbalos ou fezes calibrosas; • Irritação. 13 Júlia Morbeck – @med.morbeck • DISQUESIA DO LACTENTE: é um distúrbio funcional do trato gastrointestinal do lactente em que ele pode sentir vontade de fazer cocô sem evacuar de fato, ou precisar de muito esforço e tempo para tal. Pode ser causada por uma falta de coordenação entre a vontade de evacuar e a musculatura intestinal e do assoalho pélvico, devido à imaturidade neuromuscular do bebê. Na disquesia há alívio imediato com a saída das fezes, o que nem sempre acontece na cólica. • CÓLICA DO LACTENTE • SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL • DOENÇA DE HIRSCHSPRUNG: também chamada de aganglinose colônica ou megacólon agangliônico. Nela, há ausência de plexos nervosos em uma das partes do intestino, principalmente no cólon e no reto, com isso, há pouca ou nenhuma motilidade naquele local. Deve-se solicitar biópsia retal para avaliar a presença de gânglios. • APLV: pode apresentar sintomas cutâneos e gastrointestinais. Paciente com 2-4 anos regride. Dieta de exclusão para a mãe (2-4 semanas), depois realiza-se o Teste de Provocação Oral (TPO). DIAGNÓSTICO Anamnese • Início do quadro, o padrão das fezes, sua consistência, se elas entopem o vaso sanitário, se há comportamento de retenção e se há escape de fezes. • Sobre a história neonatal, é importante tomar conhecimento do tempo de eliminação de mecônio e da presença de malformações congênitas. • Conhecer os hábitos alimentares do paciente, bem como os aspectos sociais e psicológicos da criança e da família. EXAME FÍSICO • Foco deve ser o abdome, mas sem esquecer a procura por sinais sistêmicos. • Devemos avaliar o crescimento pôndero-estatural, fazer a palpação abdominal em busca de fecalomas, inspecionar a região perianal e a área sacral e fazer o toque retal (pode revelar o preenchimento da ampola retal com fezes endurecidas). O toque retal deve ser feito com consentimento da criança (se possível) e familiar; na presença do responsável e outro profissional de saúde; examinador experiente. INDICAÇÃO DO TOQUE RETAL: falha no tratamento; suspeita de anormalidades congênitas; suspeita de Hirschsprung; dúvida diagnóstica. CONSTIPAÇÃO FUNCIONAL HIRSCHSPRUNG INÍCIO DOS SINTOMAS Comum após o desmame Ao nascimento DISTÚRBIOS EMOCIONAIS Sim Sim/Não ESCAPE FECAL Sim Raro CALIBRE DAS FEZES Muito calibrosas Finas ou em fita ENTEROCOLITE Não Comum DOR ABDOMINAL Comum Comum Estado nutricional Preservado Alterado DISTENSÃO ABDOMINAL Comum Muito comum Massa ABDOMINAL PALPÁVEL Comum Comum FEZES NO RETO Muito comum Raro ReFLEXO RETO ANAL (MANOMETRIA) Presente Ausente ENEMA OPACO Megacólon funcional Megacólon com zona de transição BIÓPSIA RETAL Normal Segmento agangliônico Na Hirschsprung ocorre saída explosiva de fezes e gases após o toque retal. SINAIS DE ALARME Os sinais de alarme podem ser indícios de que a natureza da constipação intestinal não é funcional. • Constipação com início no primeiro mês de vida; • Eliminação de mecônio após 48 h de vida; • Fezes com formato de fita; • Sangue nas fezes na ausência de fissura anal; • Déficit de crescimento; • Febre; • Fístula perianal. Deve-se solicitar exames complementares na presença de sinais de alarme. EXAMES COMPLEMENTARES • Raio-x de abdome; • Enema opaco; • Sorologia Doença Celíaca; • Alergia à proteína do leite da vaca. TRATAMENTO • Prolongado; • Comportamental: posição para evacuar (apoiar os pés); recondicionamento do hábito intestinal – sentar ao vaso depois das refeições devido ao estímulo gastrocólico. • Fibras, água e atividade física. • Desimpactação: oral (polietilenoglicol) ou retal (enema fosfatado – risco de trauma). • Causas orgânicas devem ser voltadas para a doença de base, como correção de distúrbios hidroeletrolíticos, controle de glicemia e reposição de hormônios da tireoide. • A doença de Hirschsprung necessita de tratamento cirúrgico, com a ressecção do intestino afetado. Exame Físico do Abdome ↠ Começando pela direita do paciente, prossiga de forma ordenada: inspeção, ausculta, percussão e palpação do abdome, além de avaliação do fígado, do baço e da aorta. 14 Júlia Morbeck – @med.morbeck INSPEÇÃO ESTÁTICA ↠ Observe a pele (coloração), inclusive a presença de cicatrizes (descrevendo-as e identificando suas localizações), abaulamentos ou retrações, estrias esbranquiçadas antigas ou marcas de estiramento, circulação colateral, erupções e lesões. ↠ Avalie o tipo de abdome, cujas formas de apresentação mais frequentes são: normal ou atípico; globoso; escavado; em ventre de batráquio; em avental; pendular. INSPEÇÃO DINÂMICA ↠ Três tipos de movimentos podem ser encontrados no abdome: movimentos respiratórios, pulsações e movimentos peristálticos visíveis. ↠ Durante a realização do exame algumas manobras podem ser realizadas para facilitar a visualização de herniações e a localização de massas. AUSCULTA ↠ A ausculta do abdome tem utilidade para se avaliar a motilidade intestinal e a presença de sopros arteriais. • hiperperistaltismo: acima de 34 ruídos por minuto; • hipoperistaltismo: menor do que cinco ruídos por minuto; • aperistáltico ou ausente: não se ausculta nenhum ruído . PERCUSSÃO ↠ A percussão ajuda a avaliar a intensidade e a distribuição dos gases no abdome, além de identificar possíveis massas sólidas ou preenchidas por líquido, pontos dolorosos, pesquisa de ascite, determinar as dimensões hepáticas (hepatimetria) e se há aumento do baço. ↠ Pode-se observar os seguintes tipos de sons no abdome: timpanismo (espaço de Traube), hipertimpanismo, submacicez e macicez. PALPAÇÃO ↠ A palpação sistemática do abdome compreende quatro etapas que devem ser cumpridas, uma após a outra: palpação superficial, palpação profunda, palpação do fígado, palpação do baço e de outros órgãos, além de manobras especiais. Sinais no Abdome agudo SINAIS DE IRRITAÇÃO PERITONEAL SINAL DE LAPINSKI ↠ Dor à compressão do ceco contra a parede posterior do abdome, enquanto odoente eleva o membro inferior direito. Pode ser indicativo de apendicite. SINAL DE DUNPHY ↠ Dor à percussão do ponto de McBurney ou dor ao tossir. Pode ser indicativo de apendicite. Sinal de Rovsing ↠ Quando se suspeita de apendicite aguda este ponto deve ser comprimido, fazendo-se uma pressão progressiva, lenta e contínua, procurando-se averiguar se isso provoca sensação dolorosa (PORTO, 2017). Assim, ao palpar o quadrante inferior esquerdo do abdômen do paciente e o mesmo referir dor no quadrante inferior direito, o sinal de Rovsing é dado como positivo. Logo, ao fazer a palpação, ocorre a compressão retrógada dos gases, causando dor na fossa ilíaca direita. Desse modo, ao impulsionar os gases do cólon esquerdo no sentido antiperistáltico até o ceco, ocorre 15 Júlia Morbeck – @med.morbeck a distensão do mesmo e do apêndice, ocasionando desconforto, o que auxiliará a diagnosticar a inflamação do apêndice (SANAR). Sinal de Blumberg ↠ Dor que ocorre à descompressão brusca da parede abdominal. Essa manobra – descompressão rápida – pode ser aplicada em qualquer região da parede abdominal, e seu significado é sempre o mesmo, ou seja, peritonite. Nos casos de peritonite generalizada, o sinal de Blumberg é observado em qualquer área do abdome em que for pesquisado (PORTO, 2017). Sinal de Murphy ↠ Ao se comprimir o ponto cístico, pede-se ao paciente que inspire profundamente. Neste momento, o diafragma fará o fígado descer, o que faz com que a vesícula biliar alcance a extremidade do dedo que está comprimindo a área (PORTO, 2017). ↠ Nos casos de colecistite aguda, tal manobra desperta uma dor inesperada que obriga o paciente a interromper subitamente a inspiração; este fato denomina-se sinal de Murphy (PORTO, 2017). Ponto cístico - cístico situa-se no ângulo formado pela reborda costal direita e a borda externa do músculo reto abdominal Teste do psoas ↠ Posiciona-se o paciente em decúbito lateral esquerdo, e o examinador deve realizar a hiperextensão passiva de membro inferior direito (ou flexão ativa contra resistência). Em caso de dor a hiperextensão passiva ou a flexão ativa, o sinal é positivo. ↠ O sinal do psoas é indicativo de irritação do músculo psoas, sendo um dos sinais de apendicite aguda. Teste do obturador ↠ Dor no quadrante inferior direito ao se fazer flexão passiva da perna sobre a coxa e da coxa sobre a pelve com rotação interna da coxa (PORTO, 2017). É um dos sinais da apendicite. Tem maior sensibilidade nas apendicites com posição retrocecal, aderido ao músculo obturador. Dá-se positivo quando refere-se dor no hipogastro. SINAL DE MARTORELLI ↠ Dor referida no abdome ao realizar a punho percussão do calcâneo. SINAIS DE HEMORRAGIA PERITONEAL Sinal de Cullen ↠ Equimose periumbilical, resultante de hemorragia retroperitoneal. Pode surgir na pancreatite aguda e na ruptura de gravidez ectópica (PORTO, 2017). https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=M%C3%BAsculo_psoas&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Apendicite_aguda 16 Júlia Morbeck – @med.morbeck Sinal de Gray-Turner ↠ Equimose dos flancos. Pode ocorrer na pancreatite necro- hemorrágica e indica grave comprometimento da víscera (PORTO, 2017). SINAL DE KEHR ↠ Dor referida na região infra escapular. O sinal de Kehr no ombro esquerdo é um sinal clássico de ruptura de baço. Sinal de Fox ↠ Equimose em região inguinal e base do pênis. Indicativo de hemorragia retroperitoneal. Pode ser encontrado em pancreatite necro-hemorrágica. Sinal de Laffont ↠ Dor referida no ombro direito. É indicativo de hemorragia retroperitoneal, pois o sangue na cavidade peritoneal irrita o nervo frênico. SINAIS DE PERFURAÇÃO Sinal de Jobert ↠ Consiste no desaparecimento da macicez hepática, dando lugar a timpanismo. Tem como causa frequente a perfuração do tubo gastrintestinal (PORTO, 2017). OUTROS SINAIS Regra de Courvoisier ↠ A existência de uma vesícula biliar palpável em paciente ictérico é, portanto, sugestiva de neoplasia pancreática maligna, que, na maioria das vezes, localiza-se na cabeça do pâncreas. Esta associação, classicamente denominada regra de Courvoisier, deve ser lembrada, dada a sua utilidade no raciocínio diagnóstico (PORTO, 2017). SINAL DE PIPAROTE ↠ O Sinal de Piparote é um sinal médico indicativo de ascite. Piparote positivo ocorre quando fazemos uma percussão no abdome do paciente e notamos a propagação de uma onda do líquido ali acumulado. A percussão deve ser feita em região de flanco para observar a propagação da coluna de líquido para o lado oposto. SINAL DE MACICEZ MÓVEL ↠ A primeira etapa consiste em percutir todo o abdome com o paciente em decúbito dorsal. Este procedimento possibilita a determinação de macicez nos flancos e som timpânico na parte média do abdome, o que levanta a suspeita de haver uma determinada quantidade de líquido na cavidade peritoneal. Posiciona-se o paciente em decúbito lateral direito e percute- se todo o abdome; havendo ascite, encontra-se timpanismo no flanco esquerdo e macicez no flanco direito. Em seguida, o paciente adota o outro decúbito lateral, percutindo-se de novo todo o abdome; se, de fato, houver ascite, o resultado desta percussão será o contrário do obtido na etapa anterior da manobra, ou seja, haverá timpanismo no hemiabdome direito e macicez no esquerdo. A explicação da macicez móvel é a mobilização do líquido existente na cavidade abdominal em consequência da mudança de posição. Na posição ortostática, há sinal do piparote no baixo ventre (PORTO, 2017). 17 Júlia Morbeck – @med.morbeck ↠ Pesquisa ascite de médio volume (PORTO, 2017). SEMICÍRCULO DE SKODA ↠ Na pesquisa dos semicírculos de Skoda, percute-se o abdome a partir do epigástrio, radialmente em direção aos limites do abdome. Observa-se uma transição entre o som timpânico para o submaciço, e, posteriormente, para maciço, no sentido craniocaudal. A junção dos pontos de transição forma semicírculos com concavidade voltada para cima (PORTO, 2017). ↠ Pesquisa ascite de médio volume (PORTO, 2017). SINAL DE TORRES-HOMEM ↠ Realizado quando na história clínica há a suspeita de abscesso hepático, com dor em HD, febre. Manobra: vai percutir toda a loja hepática da linha mediana até a linha axilar anterior indo em busca de dor. ↠ Dor circunscrita e localizada = Sinal de Torres Homem Positivo. Se dói ao percutir toda a loja hepática = Sinal de Torres Homem Negativo. Hemorragia Digestiva Alta ↠ A hemorragia digestiva alta (HDA) é definida por sangramento originado do esôfago ao ângulo de Treitz (região anatômica que determina o fim do duodeno e início do jejuno) e é causada frequentemente por lesões do estômago e duodeno. Síndrome de Mallory-Weiss: É a laceração da mucosa na junção gastroesofágica associada ao grande esforço para vomitar e por repetidas vezes, ocorrendo sangramento quando envolve o plexo venoso ou arterial esofágico. Ocorre mais em etilista e grávidas. A HDA varicosa é uma situação grave que possui alta mortalidade associada. DICAS PARA SUSPEITAS DA ETIOLOGIA DE HEMORRAGIA DIGESTIVA • Estigmas de cirrose avançada ou hipertensão portal? SANGRAMENTO VARICOSO. • A questão não deu qualquer informação sobre a etiologia? DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA. • Usou recentemente AAS / AINES? DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA. • Dor epigástrica recorrente? DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA. • Hematêmese após vômitos sucessivos? SÍNDROME DE MALLORY-WEISS. QUADRO CLÍNICO • Hematêmese; • Melena; • Sinais de hipovolemia. MANEJO ↠ Na minha avaliação inicial devo me preocupar com três parâmetros básicos: nível de consciência, hipotensão e taquicardia. 18 Júlia Morbeck – @med.morbeck Atentarpara as vias aéreas do paciente, se necessário realizar aspiração. Pois, paciente pode broncoaspirar o sangue. QUANDO DEVO INDICAR ENDOSCOPIA? O melhor método para investigar a HDA é a endoscopia digestiva alta (EDA), pois é capaz de examinar todo o trato digestivo superior. É possível encontrar a lesão sangrante em até 90% das vezes e definir a necessidade de tratamento endoscópico. ESSE EXAME SÓ DEVE SER FEITO APÓS AS MEDIDAS DE RESTAURAÇÃO VOLÊMICA INICIAIS (REPOSIÇÃO VOLÊMICA, TERAPIA FARMACOLÓGICA E HEMOTRANSFUSÃO, SE NECESSÁRIA) EXAMES COMPLEMENTARES • Hemograma • Coagulograma • Função Renal • Eletrólitos • Tipagem Sanguínea • Se hepatopata – Função Hepática Hemorragia Digestiva Baixa ↠ A hemorragia digestiva aguda baixa (HDAB) é causada por lesões situadas distalmente ao ligamento de Treitz e identificada, mais frequentemente, através de hematoquezia. ↠ As principais causas de sangramento digestivo baixo são: • Anatômicas: doença diverticular (responsável por 30- 50% das HDB em adultos) e doenças anorretais (doença hemorroidária e fissura) • Vasculares: isquemia, angiodisplasias, telangectasias. • Neoplásicas: carcinoma e pólipos. • Inflamatórias: DII e infecções. • Iatrogênicas: pôs polipectomia e biópsia. QUADRO CLÍNICO • Hematoquezia; • Enterorragia. Se a hemorragia for importante o paciente apresentará sintomas de alterações hemodinâmicas; Se a hemorragia for pequena, o exame físico pode apresenta-se sem alterações, apenas com toque retal demonstrando sangue em dedo de luva. QUANDO DEVO iNDICAR A COLONOSCOPIA? • A colonoscopia é o exame mais importante para a investigação das principais causas de sangramento baixo. • A colonoscopia não está recomendada em pacientes com sangramento ativo maciço e instabilidade hemodinâmica. • Se o paciente tem sangramento intermitente e está estável, ele deve ser feito antes da EDA. A hemorragia digestiva baixa costuma cursar com sangramentos autolimitados, não sendo tão comum a presença de sinais de hipovolemia grave. Hepatites Virais ↠ As hepatites agudas virais podem ser causadas por cinco diferentes tipos de vírus: A, B, C, Delta e E, denominados vírus hepatotrópicos. Janela imunológica (período de infecção até a positividade dos sorológicos) X Período de incubação (período de infecção até o aparecimento dos sintomas). HEPATITE A • Vírus de RNA; • Comum quadros de surtos; • Transmissão: fecal-oral; • Raro ocorrer a cronificação; • Prevenção: melhoria nas condições de vida, saneamento básico, medidas educacionais e de higiene; • Crianças: o quadro é mais brando. Adultos e idosos: 70% causam icterícia. • Colúria, acolia fecal e icterícia. • Vacina – crianças: 15 meses de idade; adultos: indicado para transplantados, esplenectomia e doenças hepáticas crônicas. • Sorologia: Anti-HAV total e Anti-HAV IgM. HEPATITE B • Vírus de DNA; • 90% de cura; 10% forma crônica; 1% fulminante; • Grupo de risco: profissionais do sexo, povos indígenas, pessoas em situação de rua, usuários de drogas, pessoas privadas de liberdade. • Infecção no RN tem muita chance de cronificação (90%); • Fases demarcadas (aguda): prodrômica ou pré-ictérica, ictérica e convalescença. • Crônica: somente 20-40% tem história prévia de hepatite aguda sintomática. • Vacinação: 0, 1 e 6 meses. • Imunoglobulina humana anti-vírus da hepatite B. O filho da mãe com hepatite B irá fazer a vacina da hepatite B e a imunoglobulina, após isso pode fornecer o aleitamento materno. 19 Júlia Morbeck – @med.morbeck HEPATITE C • Sua fase aguda é rara; • Transmissão: parenteral (drogas injetáveis), objetos perfurocortantes com fluidos contaminados, sexo. • FORMA CRÔNICA: sintomas inespecíficos, icterícia, edema, ascite, varizes esofágicas e alterações hematológicas. • Hepatocarcinoma. • Cirrose pode apresentar fígado de dimensões diminuídas. • Sorológico: anti-HCV. • HCV RNA: positivo, indica infecção ativa no momento. • Chance de cura varia de 50-80% a depender do genótipo viral. HEPATITE D • Coinfecção: após a exposição a soro contendo tanto HDV quanto HBV. A coinfecção pode resultar em hepatite aguda, que é indistinguível da hepatite B aguda. Ela é autolimitada e geralmente é seguida de eliminação de ambos os vírus. Entretanto, existe uma maior taxa de insuficiência hepática aguda em usuários de substâncias intravenosas. • Superinfecção: Ocorre quando um portador crônico de HBV é exposto a um novo inóculo de HDV. Isso resulta em doença dentro de 30 a 50 dias, que se manifesta como hepatite aguda grave em um portador de HBV assintomático ou como exacerbação de infecção crônica preexistente pelo vírus da hepatite B. A infecção crônica pelo HDV ocorre em mais de 80% das superinfecções e pode apresentar duas fases: uma fase aguda, com replicação ativa do HDV e supressão do HBV associada a níveis elevados de transaminases; e uma fase crônica, em que a replicação do HDV diminui, a replicação do HBV aumenta e os níveis de transaminases flutuam. HEPATITE E • Transmissão fecal-oral. • Rara a cronificação; • Imunodeprimidos: tem chance de cronificação; • Gestantes: tem chance de apresentar quadros fulminantes. O teste para a pesquisa de anticorpos IgM anti-HEV pode ser usado para o diagnóstico da infecção recente pelo HEV. Anticorpos IgG anti- HEV são encontrados desde o início da infecção, com pico entre 30 e 40 dias após a fase aguda da doença, e podem persistir por até 14 anos. A detecção da viremia em amostras de fezes, por RT-PCR, auxilia no diagnóstico dos casos agudos de hepatite E. Icterícia neonatal • Comum no período neonatal; • Coloração amarelada, alaranjada, amarelo-esverdeada (pode ser causada pela colestase) da pele e mucosas; • A hemácia do RN tem meia-vida de 90 dias; • BT > 5mg/dL – consegue vê a icterícia; • Maioria dos casos: BI, evolução benigna. 20 Júlia Morbeck – @med.morbeck HIPERBILIRRUBINEMIA INDIRETA HIPERBILIRRUBINEMIA FISOLÓGICA • Benigna e autolimitada; • Causa mais comum de icterícia neonatal, acontece devido à bilirrubina indireta; • Surge após 24 horas de vida, pico do 3º ao 5º dia de vida, declina até o 7º dia de vida. • Adaptações metabólicas do RN: menor excreção hepática, atraso de maturação da UGT, menor conjugação, aumento da degradação das hemácias (70 a 90 dias meia-vida). • Valores máximos de normalidade: termos – 12-13mg/dL; pré-termos – 15mg/dL. • NÃO FAZ NADA, SÓ ORIENTA. Não indica tomar sol. HIPERBILIRRUBINA PATOLÓGICA SOBRECARGA DE BILIRRUBINA AO HEPATÓCITO • Doenças hemolíticas: incompatibilidade Rh e ABO, deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase, esferocitose, infecções bacterianas (sepse, infecção urinária) ou virais. Incompatibilidade Rh (antígeno D): eristroblastose fetal, ocorre quando uma mãe Rh negativo é sensibilizada através de uma primeira gestação, abortamento ou transfusão sanguínea e produz anticorpos específicos contra antígenos Rh. Em uma segunda gestação, de um bebê Rh positivo, ela transfere esses anticorpos via transplacentária e promove a destruição imune das hemácias fetais. Os neonatos podem apresentar icterícia precoce (menos de 24 horas de vida). A prevenção da doença é muito importante e consiste no uso de imunoglobulina anti-Rh. Esferocitose: doença genética que causa defeitos na membrana das hemácias, gerando eritrócitos esféricos que são fagocitados ao passarem pelo baço. Incompatibilidade do grupo ABO: doença hemolítica ABO do recém- nascido. Ocorre em mães que apresentam tipagem sanguínea O ao gerarem bebês A ou B. Isso ocorre, pois quem tem o sangue O apresenta anticorpos anti-A e anti-B. • Coleções sanguíneas extravasculares: hemorragia intracraniana, pulmonar ou gastrointestinal, cafalohematoma ou equimose. • Policitemia: prematuridade,RN PIG, RN de mãe diabética, transfusão feto-fetal. DEFICIÊNCIA OU INIBIÇÃO DA CONJUGAÇÃO DE BILIRRUBINA • Hipotireoidismo congênito; • Síndrome de Gilbert. ICTERÍCIA DO ALEITAMENTO MATERNO • Início no 2º - 3º dia de vida (nunca é precoce!); • Dificuldade da amamentação: pega inadequada, baixa produção de leite materno, ingesta insuficiente. • Ocorre principalmente na deficiência da ingesta, resultando em menor eliminação da bilirrubina pelas fezes e aumento na circulação entero-hepática. • A conduta é apenas corrigir técnicas de amamentação. ICTERÍCIA DO LEITE MATERNO • Inicio na segunda semana de vida ou persistência de aumento de BI (10-30mg/dL); • Causas: aumento de glicuronidase no leite materno, menor colonização bacteriana intestinal, menor excreção de fezes. • Bebê saudável, bom ganho ponderal, sem sinais/sintomas de outras patologias. • Tem pico tardio, geralmente entre o 3º e o 5º dia de vida, atingindo o pico 2 semanas após esse período, desaparecendo entre 3 e 12 semanas. 21 Júlia Morbeck – @med.morbeck EXAME FÍSICO OBS.: Essa estimativa não dispensa a dosagem sérica. EXAMES LABORATORIAIS • Dosagem de bilirrubina total e frações; • Hemograma e contagem de reticulócitos; • Tipagem sanguínea da mãe e do RN; • Prova de Coombs direta para o neonato e indireta para mãe com fator de risco. Coombs direto também pode aparecer como teste de antiglobulina direto. FATORES DE RISCO PARA HIPERBILIRRUBINEMIA GRAVE EM RN MAIOR OU IGUAL A 35 SEMANAS • Fatores maiores: bilirrubina na zona de alto risco; icterícia nas primeiras 24 horas. • Fatores menores: idade gestacional de 37-38 semanas, sexo masculino, irmão com icterícia anteriormente. IMPORTANTE: BI é lipossolúvel e pode atravessar a barreira hematoencefálica. Pode causar impregnação bilirrubínica nos núcleos da base e tronco cerebral. KERNICTERUS: encefalopatia bilirrubínica. Pode apresentar: letargia, hipotonia, paralisia cerebral. INDICAÇÃO E SUSPENSÃO DA FOTOTERAPIA NORMOGRAMA DE BUTHANI ↠ Com ele podemos definir que: • RN na zona de alto risco (percentil maior que 95): iniciar fototerapia; • RN na zona de risco intermediário alto (percentil entre 75 e 95): considerar fototerapia de acordo com a idade gestacional e repetir a dosagem de bilirrubina em 12 a 24 horas; • RN na zona de risco intermediário baixo e baixo risco (percentil menor que 75): alta hospitalar e reavaliação em 72 horas. ATRAVÉS DO RISCO NEONATAL: a fototerapia deve ser iniciada sempre que ultrapassarmos a linha relacionada a cada neonato. Tratamento • Fototerapia: lâmpadas azuis especiais. Quando a bilirrubina absorve a luz, ela é isomerizada e transformada em produtos que são excretados pela bile e pela urina. O RN deve ser exposto despido, com proteção ocular. • Exsanguíneotransfusão. HIPERBILIRRUBINEMIA DIRETA • BD > 1mg/dL (se BT< 5mg/dL) ou BD > 20% da BT (se BT> 5mg/dL); • Se BD > 1mg/dL: investigar; • Menos frequente, porém potencialmente grave; • SEMPRE PATOLÓGICA; • Redução da excreção hepática ou doenças do trato biliar. • Icterícia esverdeada, colúria, acolia fecal, hepatomegalia, xantomas, prurido; • Principais causas: atresia de vias biliares (mais comum), TORCHS (toxoplasmose, citomegalovírus, rubéola, hepatites Be C, sífilis), metabólicas e sepse. ANAMENESE • Dados pré-natais: acompanhamento PN, exames realizados, comorbidades maternas, uso de medicções, vacinas. • Neonatais: IG, peso de nascimento, Apgar, malformações aparentes, necessidade de internação e uso de medicações. • Histórico familiar. EXAME FÍSICO • Estado geral: tônus, icterícia, febre, hipotonia. • Procurar outros sinais de outras doenças: catarata, microcefalia. • Erro inato do metabolismo: vômito, irritabilidade, letargia. 22 Júlia Morbeck – @med.morbeck EXAMES COMPLEMENTARES • Hemograma completo. • Bilirrubina total e frações, ALT, AST, fosfatase alcalina e gama GT. • Tempo de protrombina, albumina. • Glicemia, eletrólitos, TSH/T4 livre. • Sorologia TORCHS. • US. Atresia de vias biliares • Causa mais comum de icterícia colestática nos 3 primeiros meses de vida; • 85% dos casos não sindrômicos; • Obliteração da árvore biliar extra-hepática; • Bebê com aparência saudável; • Reconhecimento precoce: intervenção cirúrgica necessária. • Aumento desproporcional do GGT; • USG: poliesplenia, vesícula biliar pequena ou não identificada, sinal de cordão triangular. • Biópsia hepática. • Tratamento cirúrgico: idealmente até 8 semanas de vida. • Portoenterostomia (KASAI). QUADRO CLÍNICO • Hiperbilirrubinemia indireta: icterícia; • Hiperbilirrubinemia direta: icterícia, acolia fecal e colúria. ALERTA AMERELO Gravidez na adolescência ↠ A gravidez na adolescência tem sido considerada um problema de saúde pública pelas repercussões clínicas, emocionais e sociais que acarreta para essa faixa etária, particularmente quando ocorre abaixo de 15 anos. CAUSAS ↠ A gestação na adolescência possui múltiplas causas: • diminuição da idade da menarca; • iniciação sexual cada vez mais precoce; • falta ou inadequação das informações quanto à sexualidade e aos métodos contraceptivos; • baixo acesso aos serviços de saúde; • não utilização de métodos por receio que seus pais descubram que está tendo relações sexuais; • pensamento mágico (isto nunca vai acontecer comigo); • ocorrência de gestação na adolescência em familiares e pessoas próximas como modelos sociais; • história e presença de conflitos familiares; • abuso de drogas; • faltas regulares às aulas e reprovações escolares, expectativas e perspectivas educacionais e profissionais ausentes ou baixas; • falta de uma comunicação aberta entre pais e filhos. FATORES QUE AUMENTAM OS RISCOS DA GESTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA • Idade menor que 16 anos ou ocorrência da primeira menstruação há menos de 2 anos (fenômeno do duplo anabolismo: competição biológica entre mãe e feto pelos mesmos nutrientes); • Altura da adolescente inferior a 150 cm ou peso menor que 45kg; • Adolescente usuária de álcool ou de outras drogas lícitas ou ilícitas; • Gestação decorrente de abuso/estupro; • Não realização do pré-natal ou menos do que seis visitas de rotina; • Doenças crônicas: diabetes, HIV, hepatite B e C, hipertensão arterial; 23 Júlia Morbeck – @med.morbeck • Ocorrência de pré-eclâmpsia ou desproporção pélvica- fetal, gravidez de gêmeos; • Falta de apoio familiar à adolescente. FATORES QUE AUMENTAM OS RISCOS PARA O RECÉM-NASCIDO OU LACTENTE ATÉ O PRIMEIRO ANO DE VIDA, QUANDO NASCIDO DE MÃE ADOLESCENTE • RN prematuro, pequeno para idade gestacional ou com baixo peso (retardo intrauterino); • Nota inferior a 5 no Apgar; • RN com dificuldades na sucção e na amamentação; • Óbito; • Risco social (abandono). CONSEQUÊNCIAS DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA • Anemia; • Hipertensão; • Ganho de peso insuficiente; • Estudo interrompido; • Ocorrência de abortos provocados; • Falta de apoio e/ou isolamento social e familiar; • Dificuldade de retorno à escola; • Risco de depressão e suicídio. DIAGNÓSTICO • Quando foi a data da última menstruação (DUM)? • O aspecto da menstruação e/ou o fluxo menstrual foi semelhante ao de outros ciclos? • Há relato de atividade sexual? • Houve utilização de algum método? • Qual(is) e com que frequência? • Apresenta algum sintoma associado? • Há possibilidade de estar grávida? Esclarecer o direito à confidencialidade das informações e as implicações dos possíveis resultados, salientando que, caso confirmada a gravidez, caracteriza-se a necessidade de quebra do sigilo. ↠ É importante questionar a respeito dos sentimentos e intenções da adolescente, caso o exame seja positivo, e identificar quais os apoios ou referências disponíveis A prescriçãode métodos anticoncepcionais a adolescentes menores de 14 anos, desde que respeitados os critérios anteriores, não constitui ato ilícito por parte do médico. Na atenção à menor de 14 anos sexualmente ativa, a presunção de estupro deixa de existir, caso o profissional seja notificado de sua não ocorrência, a partir da informação da adolescente e da avaliação criteriosa do caso, devendo esse dado ser registrado no prontuário médico. CONDIÇÕES PARA ABORTO: risco materno (45kg, cardiopatias, 1,5m, anemia, lúpus); estupro; anencefalia.
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