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Aula 09
Português p/ PM-SP (Soldado e Oficial) - Com videoaulas
Professores: Décio Terror, Equipe Décio Terror
Português para PM SP 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Décio Terror ʹ Aula 9 
 
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Aula 9: Literatura Brasileira: desde as origens até a atualidade. 
 
SUMÁRIO Página 
1. Quinhentismo 1 
2. Barroco 4 
3. Arcadismo 9 
4. Romantismo 11 
5. Realismo 18 
6. Naturalismo 21 
7. Parnasianismo 23 
8. Simbolismo 25 
9. Pré-modernismo 27 
10. Modernismo 29 
11. Lista de questões 40 
12. Gabarito 51 
 
Olá, meus amigos! 
Esta aula abordará a literatura brasileira, desde as origens até a 
atualidade, de forma simples e prática. 
Diferente do que fizemos com a disciplina de Língua Portuguesa, tivemos 
que lançar mão de questões de vestibulares e ENEM, a fim de buscar formas 
de praticar os conhecimentos de cada assunto. 
Vamos lá? 
Introdução 
 A chegada das grandes caravelas à costa da Bahia, em 1500, colocou em 
embate dois povos muito diferentes. Então, o Brasil passa a fazer parte da 
história ocidental no século XVI, quando os portugueses aportam no país. 
Estudaremos, aqui, as principais características que compuseram a Literatura 
Brasileira a partir deste marco. 
 
QUINHENTISMO 
 
 O Quinhentismo foi o período das manifestações literárias do século 
XVI. O Brasil era recém-descoberto e tudo o que tínhamos eram textos sobre o 
Brasil no ponto de vista dos europeus. 
 
Português para PM SP 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Décio Terror ʹ Aula 9 
 
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http://www.vortexmag.net/ 
 Tudo o que tínhamos em termos de produção literária se resumia a dois 
tipos de escrita: Literatura de Informação e Literatura de catequese. 
 Vamos conhecer um pouco cada uma delas! 
 
Literatura de Informação: os textos narram e descrevem as viagens e os 
primeiros contatos com a nossa Terra. A linguagem era bem simples e cheia de 
descrições e de informações a respeito das viagens e das terras descobertas. 
Grande destaque: A Carta de Caminha, escrita por Pero Vaz de Caminha, 
primeiro a descrever o novo mundo, para o rei de Portugal (D. Manoel), 
documento considerado o marco inicial da Literatura Brasileira. 
Observe um fragmento desta carta: 
 
(…) a terra por cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a 
ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. 
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, 
não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. 
Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa 
alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito 
bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre-Douro e Minho, porque 
neste tempo de agora os achávamos como os de lá. 
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a 
aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. 
Porém o melhor fruto, que dela se pode tirar me parece que será salvar esta 
gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve 
lançar. (…) 
 
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Literatura de Catequese: os Jesuítas foram enviados para catequizarem os 
índios no Brasil e o grande destaque desse período foi o padre José de 
Anchieta. Seus textos eram escritos para serem representados (teatro e 
encenações) já que o público era muito diversificado (índios, marujos, colonos, 
etc). Seu alvo, porém, era o índio. Assim, o padre Anchieta escreveu em mais 
de uma língua (inclusive a Tupi, língua indígena). 
 Abaixo, um exemplo das criações que demarcaram as habilidades 
artísticas desse representante da arte jesuítica: 
 
Oh que pão, oh que comida, 
Oh que divino manjar 
Se nos dá no santo altar 
Cada dia. 
Filho da Virgem Maria 
Que Deus Padre cá mandou 
E por nós na cruz passou 
Crua morte. 
E para que nos conforte 
Se deixou no Sacramento 
Para dar-nos com aumento 
Sua graça. 
[...] 
 Por meio de inferências, é possível notar uma preocupação por parte do 
autor com a religiosidade propriamente dita, fazendo valer de forma 
significativa o espírito devoto de que ele dispunha. 
Resumo: 
 O Quinhentismo representa a fase inicial da literatura brasileira, pois 
ocorreu no começo da colonização. Representante da Literatura Jesuíta, 
destaca-se Padre José de Anchieta com seus poemas, sermões e hinos. O 
objetivo principal deste padre jesuíta, com sua produção literária, era 
catequizar os índios brasileiros. Nesta época, destaca-se ainda Pero Vaz de 
Caminha, o escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral. Através de suas cartas e 
seu diário, elaborou uma literatura de Informação (de viagem) sobre o Brasil. 
Questão 1: UFSM 
Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é 
correto afirmar que: 
a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que 
visavam à catequese. 
b) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira. 
c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e 
pela literatura jesuítica. 
d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e 
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pedagógica. 
e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar 
as condições encontradas no Novo Mundo. 
Comentário: O principal objetivo dessa literatura é a informação sobre as 
terras descobertas. A literatura jesuítica e os relatos de viagem dominaram o 
primeiro século da vida colonial brasileira, visto que o Brasil ainda não possuía 
uma identidade cultural formada. Portanto, não tínhamos ainda uma literatura 
que pudesse ser chamada de brasileira. 
 Assim, a alternativa correta é a (C). 
Gabarito: C 
 
BARROCO 
 O Barroco foi uma tendência artística que se desenvolveu 
primeiramente nas artes plásticas e depois se manifestou na literatura, no 
teatro e depois na música. O berço do barroco é a Itália do século XVII, porém 
se espalhou por outros países europeus como, por exemplo, a França e a 
Espanha. O barroco permaneceu vivo no mundo das artes até o século XVIII. 
 As características principais O barroco se desenvolve após o processo de 
Reformas Religiosas, ocorrido no século XVI, a Igreja Católica havia perdido 
muito espaço e poder. Mesmo assim, os católicos continuavam influenciando 
muito o cenário político, econômico e religioso na Europa. 
 As obras de pintura e escultura deste período são rebuscadas, detalhistas 
e expressam as emoções da vida e do ser humano. Na escrita, além do 
rebuscamento, há o culto ao contraste e a presença do pessimismo. A 
religiosidade acentuada pela disputa entre católicos e protestantes conferiu um 
caráter mais dramático a esta época. Entre a razão e religião, o ser humano 
preferia a religião na esperança de ter a glória divina. Nesse contexto, um 
olhar mais pessimista sobre o mundo sobressai em muitos textos e obras 
artísticas. 
 
BARROCO NO BRASIL 
 
 O barroco, no Brasil, foi diretamente influenciado pelo barroco português, 
porém, com o tempo, foi assumindo características próprias. A grande 
produção artística barroca, aqui, ocorreu nas cidades auríferas de Minas 
Gerais, no chamado século do ouro (século XVIII). Estas cidades eram ricas e 
possuíam uma intensa vida cultura e artística em pleno desenvolvimento. 
 O principal representante do barroco mineiro foi o escultor Antônio 
Francisco de Lisboa, também conhecido como Aleijadinho. Esse escultor 
nasceu em Ouro Preto por volta de 1738. Filho do arquiteto português Manoel 
Francisco Lisboa e de umade suas escravas negras, foi criado junto ao pai. 
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Sua arte desenvolve temas religiosos e é inspirada no Rococó alemão. Ele a 
adaptou magistralmente para as condições locais. 
Aleijadinho é um apelido decorrente de uma doença nunca 
identificada(supostamente a lepra)que, aos poucos, foi-lhe roubando os dedos 
da mão. 
 
 Anjo – Aleijadinho 
 No campo pintura, um importante artista do barroco brasileiro foi o 
mineiro Manuel da Costa Ataíde. Seu primeiro trabalho conhecido é a 
encarnação de duas imagens de Cristo para o santuário do Senhor Bom Jesus 
de Matosinhos, em Congonhas do Campo (1781). 
Dos painéis e telas que deixou em 18 igrejas de Minas Gerais, sua obra 
mais famosa é a pintura do teto da igreja de São Francisco de Assis, em Ouro 
Preto - para a qual Aleijadinho fez estuques e esculturas -, representando a 
ascensão da Virgem. 
 No campo da Literatura, podemos destacar o poeta Gregório de Matos 
Guerra, que teve uma sólida formação cultural. Estudante de Direito, entrou 
em contato com a perspectiva humanista, tornou-se conhecido por sua poesia 
lírica, sacra e satírica. Observe um de seus poemas, intitulado Pintura 
admirável de uma beleza. 
 
Vês esse Sol de luzes coroado? 
Em pérolas a Aurora convertida? 
Vês a Lua de estrelas guarnecida? 
Vês o Céu de Planetas adorado? 
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O Céu deixemos; vês naquele prado 
A Rosa com razão desvanecida? 
A Açucena por alva presumida? 
O Cravo por galã lisonjeado? 
 
Deixa o prado; vem cá, minha adorada, 
Vês de esse mar a esfera cristalina 
Em sucessivo aljôfar desatada? 
 
Parece aos olhos ser de prata fina? 
Vês tudo isto bem? Pois tudo é nada 
À vista do teu rosto, Caterina. 
 
 A lírica amorosa de Gregório retoma temas clássicos, como a oposição 
entre espírito e matéria. A beleza da jovem Caterina é afirmada por meio de 
uma estrutura regular que identifica os aspectos do Sol, da Lua e do Céu. 
Importante destacar que é característica da época o uso de metáforas para a 
construção do poema. 
 Outro importante representante da Literatura Barroca foi o padre Antônio 
Vieira, que ganhou destaque com seus sermões. Os poemas escritos por ele 
ficaram conhecidos pela argumentação engenhosa e pela retórica perfeita. 
Entre os sermões mais conhecidos, destacam-se: Sermão pelo bom 
sucesso das armas de Portugal contra a Holanda e Sermão da primeira 
dominga da Quaresma. 
 
O Barroco foi marcado pelas oposições e pelos conflitos espirituais. As 
obras são marcadas pela angústia e pela oposição entre o mundo material e o 
espiritual. Metáforas, antíteses e hipérboles são as figuras de linguagem muito 
usadas. Podemos citar como principais representantes: Bento Teixeira, autor 
de Prosopopéia; Gregório de Matos Guerra, autor de várias poesias críticas e 
satíricas; e padre Antônio Vieira, autor de Sermão de Santo Antônio ou dos 
Peixes. 
 
Questão 2: ENEM - 2014 
Quando Deus redimiu da tirania 
Da mão do Faraó endurecido 
O Povo Hebreu amado, e esclarecido, 
Páscoa ficou da redenção o dia. 
Páscoa de flores, dia de alegria 
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Àquele povo foi tão afligido 
O dia, em que por Deus foi redimido; 
Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia. 
Pois mandado pela Alta Majestade 
Nos remiu de tão triste cativeiro, 
Nos livrou de tão vil calamidade. 
Quem pode ser senão um verdadeiro 
Deus, que veio estirpar desta cidade 
o Faraó do povo brasileiro. 
(DAMASCENO, D. Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: 2006) 
Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam 
princípios barrocos, o soneto de Gregório de Matos apresenta temática 
expressa por 
(A) visão cética sobre as relações sociais. 
(B) preocupação com a identidade brasileira. 
(C) crítica velada à forma de governo vigente. 
(D) reflexão sobre dogmas do Cristianismo. 
(E) questionamento das práticas pagãs na Bahia. 
Comentário: O texto de Gregório de Matos apresenta uma intertextualidade 
clara com as Sagradas Escrituras “O Povo Hebreu amado, e esclarecido, 
Páscoa ficou da redenção o dia”. O poeta barroco utilizava sua literatura como 
meio de criticar a sociedade de sua época, ainda que o fizesse por meio de 
metáforas, como ocorre no texto acima. 
Gabarito: C 
 
 
Questão 3: FEI 
“Em tristes sombras morre a formosura, 
em contínuas tristezas a alegria” 
Nos versos citados acima, Gregório de Matos empregou uma figura de 
linguagem que consiste em aproximar termos de significados opostos, como 
“tristezas” e “alegria”. O nome desta figura de linguagem é: 
a) metáfora 
b) aliteração 
c) eufemismo 
d) antítese 
e) sinédoque 
Comentário: A antítese consiste na utilização de dois termos que contrastam 
entre si. Assim, o gabarito é a letra D. 
Gabarito: D 
 
Questão 4: SEAP-DF 2013 Professor (banca IBFC) 
O cultismo e o conceptismo são tendências literárias originariamente 
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espanholas características do: 
a) Parnasianismo. 
b) Simbolismo. 
c) Arcadismo. 
d) Barroco. 
Comentário: São características do barroco o cultismo e o conceptismo. O 
cultismo caracteriza-se pelo uso de linguagem rebuscada, culta, extravagante, 
repleta de jogos de palavras e do emprego abusivo de figuras de estilo, como 
a metáfora e a hipérbole. Já o conceptismo, que ocorre principalmente na 
prosa, é marcado pelo jogo de ideias, de conceitos, seguindo um raciocínio 
lógico, nacionalista, que utiliza uma retórica aprimorada. 
Gabarito: D 
ARCADISMO 
 O Arcadismo, ou Neoclassicismo, é o movimento que compreende a 
produção literária brasileira na segunda metade do século XVIII. O nome faz 
referência à Arcádia, região do sul da Grécia que foi nomeada em referência ao 
semideus Arcas. 
 Intensas mudanças no contexto histórico mundial caracterizam o 
período, tais como a ascensão do Iluminismo, que pressupunha o racionalismo, 
o progresso e as ciências. Na América do Norte, ocorre a Independência dos 
Estados Unidos, em 1776, abrindo caminho para vários movimentos de 
independência ao longo de toda a América, como foi o caso do Brasil, que 
presenciou inúmeras revoluções e inconfidências até a chegada da Família Real 
em 1808. 
 Seus principais autores são Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio 
Gonzaga, Basílio da Gama e Santa Rita Durão. No Brasil, o ano convencionado 
para o início do Arcadismo é 1768, quando houve a publicação de Obras, do 
poeta Claudio Manoel da Costa. 
 As principais características deste movimento são: inspiração nos 
modelos clássicos greco-latinos e renascentistas; mitologia pagã como 
elemento estético; pastoralismo; bucolismo, ou seja, busca pelos valores da 
natureza; locus ameoenus ou lugar ameno: referências à terra e ao mundo 
natural; estado de espírito de espontaneidade dos sentimentos; exaltação da 
pureza, da ingenuidade e da beleza. 
 Observe o poema de Tomás Antônio Gonzaga: 
Enquanto pasta alegre o manso gado, 
Minha bela Marília, nos sentemos 
À sombra deste cedro levantado. 
Um pouco meditemos 
Na regular beleza, 
Que em tudo quanto vive, nos descobre 
A sábia natureza. 
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 No poema árcade acima e em todos os textos da época, o uso de 
adjetivoscontribui para caracterizar a natureza, o espaço ou a “bela Marília”. 
Além disso, observe claramente o tema pastoralismo, lugar ameno e a 
simplicidade da linguagem. 
 Os versos de Tomás Antônio Gonzaga ilustram bem o desejo árcade de 
escrever de modo direto, simples e claro. 
 Cabe, aqui, destacar dois épicos árcades: O Uruguai, de José Basílio da 
Gama, e Caramuru, do frei José de Santa Rita Durão. Nas duas obras, 
podemos notar a natureza como exuberante e os índios valorosos. Observe um 
fragmento de O Uruguai, canto IV: 
Este lugar delicioso e triste, 
Cansada de viver, tinha escolhido 
Para morrer a mísera Lindóia. 
Lá reclinada, como que dormia, 
Na branda relva e nas mimosas flores, 
Tinha a face na mão e a mão no tronco 
Dum fúnebre cipreste, 
que espalhava Melancólica sombra. 
 Mais de perto Descobrem que se enrola 
no seu corpo Verde serpente, 
e lhe passeia e cinge Pescoço e braços, 
e lhe lambe o seio. 
 
 Enquanto as preocupações e conflitos do barroco são deixados de lado, 
entra em cena o objetivismo e a razão. A linguagem complexa é trocada por 
uma linguagem mais fácil. Os ideais de vida no campo são retomados (fugere 
urbem= fuga das cidades) e a vida bucólica passa a ser valorizada, assim 
como a idealização da natureza e da mulher amada. 
 As principais obras desta época são: Obra Poética de Cláudio Manoel da 
Costa, O Uruguai de Basílio da Gama, Cartas Chilenas e Marília de Dirceu de 
Tomás Antonio Gonzaga, Caramuru de Frei José de Santa Rita Durão. 
 
Questão 5: UFPR 
“Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, 
Que vive de guardar alheio gado; 
De tosco trato, de expressões grosseiro, 
Dos frios gelado e dos sóis queimado. 
Tenho próprio casal e nele assisto 
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; 
Das brancas ovelhinhas tiro o leite, 
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E mais as finas lãs, de que me visto. 
Graças, Marília bela, 
Graças à minha Estrela!” 
O texto tem traços que caracterizam o período literário ao qual pertence. Uma 
qualidade patente nesta estrofe é: 
a) o bucolismo; 
b) o misticismo; 
c) o nacionalismo; 
d) o regionalismo; 
e) o indianismo. 
Comentário: As alternativas B, C, D e E não fazem relação com a estética 
árcade. A letra A aborda sobre a qualidade do bucolismo, que consiste na 
referência à simplicidade da vida no campo. 
Gabarito: A 
 
Questão 6: UFSC 
Considere as afirmativas sobre Barroco e o Arcadismo: 
1. Simplificação da língua literária – ordem direta – imitação dos antigos 
gregos e romanos. 
2. Valorização dos sentidos – imaginação exaltada – emprego dos vocábulos 
raros. 
3. Vida campestre idealizada como verdadeiro estado de poesia-clareza-
harmonia. 
4. Emprego frequente de trocadilhos e de perífrases – malabarismos verbais – 
oratória. 
5. Sugestões de luz, cor e som – antítese entre a vida e a morte – espírito 
cristão antiterreno. 
Assinale a opção que só contém afirmativas sobre o Arcadismo: 
a) 1, 4 e 5 
b) 2, 3 e 5 
c) 2, 4 e 5 
d) 1 e 3 
e) 1, 2 e 5 
Comentário: Os itens 1 e 3 abordam as características árcades. Em 1, há 
uma valorização sobre as influências renascentistas e a predominância da 
harmonização de ideias, como também a presença de um vocabulário mais 
simples. Em 3, a valorização do bucólico, da vida campestre, características 
exclusivas do Arcadismo. 
Gabarito: D 
 
Questão 7: SEAP-DF 2013 Professor (banca IBFC) 
Leia a estrofe abaixo: 
Um dia que o gado 
No prado guardava, 
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Amor me aparece 
Com arco e aljava. 
Os versos acima apresentam algumas características próprias da escola 
literária a que pertencem. Não é característica dessa escola: 
a) a linguagem rebuscada 
b) o resgate da mitologia clássica. 
c) o bucolismo. 
d) a simplicidade. 
Comentário: A linguagem rebuscada é característica do Barroco. O arcadismo 
combate justamente esta característica. 
Gabarito: A 
ROMANTISMO 
 O romantismo é todo um período cultural, artístico e literário que se 
inicia na Europa, no final do século XVIII, espalhando-se pelo mundo até 
meados do século XIX. 
 O berço do romantismo pode ser considerado três países: Itália, 
Alemanha e Inglaterra. Porém, na França, o romantismo ganha força como em 
nenhum outro país e, por meio dos artistas franceses, os ideais românticos 
espalham-se por toda a Europa deste período são: valorização das emoções, 
liberdade de criação, amor platônico, temas religiosos, individualismo, 
nacionalismo e história. Este período foi fortemente influenciado pelos ideais 
do iluminismo e pela liberdade conquistada na Revolução Francesa. 
 No ano de 1836 foi publicado, no Brasil, Suspiros Poéticos e Saudades, 
de Gonçalves de Magalhães. Esse é considerado o ponto de largada deste 
período na literatura. 
 Essa fase literária foi composta de três gerações: 
1ª Geração – Esta geração é conhecida como nacionalista ou indianista, pois 
os escritores, desta fase, valorizaram muito os temas nacionais, fatos 
históricos e a vida do índio, que era apresentado como "bom selvagem" e, 
portanto, o símbolo cultural do Brasil. 
 Destacam-se, nesta fase, os seguintes escritores: Gonçalves de 
Magalhães e Gonçalves Dias. 
 Observe um dos mais famosos poemas de Gonçalves Dias, O canto do 
guerreiro. 
 
Aqui na floresta 
Dos ventos batida, 
Façanhas de bravos 
Não geram escravos, 
Que estimem a vida Sem guerra e lidar. 
— Ouvi-me, Guerreiros, 
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— Ouvi meu cantar. 
Valente na guerra, 
Quem há, como eu sou? 
Quem vibra o tacape 
Com mais valentia? 
Quem golpes daria 
 Fatais, como eu dou? 
— Guerreiros, ouvi-me; 
— Quem há, como eu sou? 
 
 Na pergunta feita pelo guerreiro, encontramos outra implícita: Quem há 
como os brasileiros, descendentes de seres nobres? 
 Observe que, na construção do poema, há a imagem de nacionalidade. O 
cenário é a selva, composta por uma natureza “intocada” pelos colonizadores. 
As características dos indígenas são sempre positivas e enaltecedoras: 
bravura, honra e lealdade. 
 Cabe ressaltar, aqui, que Gonçalves Dias foi influenciado pela literatura 
romântica portuguesa, principalmente de Almeida Garret e Alexandre 
Herculano, no período em que estudou Direito na Universidade de Coimbra 
(Portugal). 
 
2ª Geração – Esta geração é conhecida como Mal do século ou fase 
ultrarromântica. Os escritores desta época retratavam os temas amorosos 
levados ao extremo e as poesias são marcadas por um profundo pessimismo, 
valorização da morte, tristeza e uma visão decadente da vida e da sociedade. 
Muitos escritores deste período morreram ainda jovens. 
 Podemos destacar os seguintes escritores desta fase: Álvares de 
Azevedo, Casimiro de Abreu e Junqueira Freire. 
 Observe um dos mais famosos poemas de Álvares de Azevedo, Pálida 
imagem. 
 
No delírio da ardente mocidade 
Por tua imagem pálida vivi! 
A flor do coração no amor dos anjos 
Orvalhei-a por ti! 
 
O expirar de teu canto lamentoso 
Sobre teus lábios que o palor cobria, 
Minhas noites de lágrimas ardentes 
E de sonhos enchia! 
 
Foi por ti que eu pensei que a vida inteira 
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Não valia uma lágrima... sequer, 
Senão num beijo trêmulo de noite... 
Num olhar de mulher! 
 
Mesmo nas horas de um amor insano, 
Quando em meus braços outro seio ardia, 
A tua imagem pálida passando 
A minh’alma perdia. 
 
Sempre e sempre teu rosto! as negras tranças, 
Tua almanos teus olhos se expandindo! 
E o colo de cetim que pulsa e geme 
E teus lábios sorrindo! 
 
Nas longas horas do sonhar da noite 
No teu peito eu sonhava que dormia; 
Pousa em meu coração a mão de neve...... 
Treme... como tremia. 
 
Como palpita agora se afogando 
Na morna languidez do teu olhar... 
Assim viveu e morrerá sonhando 
Em teus seios amar! 
 
Se a vida é lírio que a paixão desflora, 
Meu lírio virginal eu conservei... 
Somente no passado tive sonhos 
E outrora nunca amei! 
 
Foi por ti que na ardente mocidade 
Por uma imagem pálida vivi! 
E a flor do coração no amor dos anjos 
Orvalhei... só por ti! 
 
 O eu lírico do poema acima suspira e chora por uma mulher de lábios 
pálidos. O ultrarromântico desenvolve o tema do amor sexualizado de modo 
negativo, sempre associado à condenação de sua realização. 
 Por causa desta postura assumida, idealiza totalmente o relacionamento 
amoroso. Somente em sonhos os amantes podem se tocar (observe a 
parte grifada no texto). 
 Importante ressaltar, aqui, que Álvares de Azevedo, em todos os 
textos, sempre explorou os desesperos passionais, tratados a partir de duas 
linhas: a séria e a irônica. Inspirado pela literatura de Lord Byron e Musset, 
Azevedo impregnou suas poesias com ares sarcásticos e irônicos e com ideias 
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de autodestruição, morte, dor e de uma visão de amor irreal e idealizado por 
donzelas virgens. 
 
3ª Geração – Esta geração é conhecida como condoreira ou poesia social. Os 
textos são marcados por crítica social. Castro Alves, o maior representante 
desta fase, criticou de forma direta e concisa a escravidão. Observe o poema 
Vozes d’África: 
 
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? 
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes 
Embuçado nos céus? 
Há dois mil anos te mandei meu grito, 
Que embalde desde então corre o infinito... 
Onde estás, Senhor Deus?... 
 
Qual Prometeu tu me amarraste um dia 
Do deserto na rubra penedia 
— Infinito: galé! ... 
Por abutre — me deste o sol candente, 
E a terra de Suez — foi a corrente 
Que me ligaste ao pé... 
 
 No poema, o continente africano dirige um apelo a Deus para acabar com 
o sofrimento dos seus filhos. A sequência de perguntas, lembra uma acusação: 
Como Deus pode testemunhar tanta tristeza e não fazer nada? 
 O uso de hipérboles ajuda aumentar a gravidade do apelo “Há dois mil 
anos te mandei meu grito...”. 
 Importante ressaltar algumas características deste autor: além da 
temática social, também compôs belos poemas líricos. Sua lírica trará uma 
importante diferença em relação aos exageros ultrarromânticos, pois é 
marcada por uma sensualidade explícita. Observe o fragmento do poema O 
“adeus” de Teresa: 
 
(…) 
Era eu… Era a pálida Teresa! 
“Adeus”lhe disse conservando-a presa… 
E ela entre beijos murmurou-me: adeus! 
Passaram-me tempos...sec’los delírios 
Prazeres divinais… 
 
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 Antes de finalizarmos o romantismo, cabe destacar José de Alencar. 
Podemos considerar Alencar como o precursor do romantismo no Brasil dentro 
das três características: indianista, regional e histórico. 
 Deste estilo literário, também conhecido como romance de costumes, 
destacam-se os livros: Diva, Lucíola e A Viuvinha. Foram também de sua 
autoria os romances regionalistas: O Sertanejo, O Tronco do Ipê, O Gaúcho e 
Til. Dos romances históricos fazem parte: As Minas de Prata e A Guerra dos 
Mascates. 
 O crítico Roberto Schwartz aponta um mérito a mais na obra de Alencar 
que não deve ser desprezado: ao transpor os modelos europeus para a 
realidade brasileira tão distante da realidade europeia, a obra de Alencar tem 
involuntariamente um quê de paródia, que prenuncia a maneira satírica com 
que os modernistas e os tropicalistas vão olhar para os valores estrangeiros e 
tentar criar valores genuinamente nacionais. 
 
 
 A modernização ocorrida no Brasil, com a chegada da família real 
portuguesa, em 1808, e a Independência do Brasil, em 1822, são dois fatos 
históricos que influenciaram na literatura do período. Como características 
principais do romantismo, podemos citar: individualismo, nacionalismo, 
retomada dos fatos históricos importantes, idealização da mulher, espírito 
sonhador, valorização da liberdade e o uso de metáforas. 
 As principais obras românticas que podemos citar: O Guarani de José de 
Alencar, Suspiros Poéticos e Saudades de Gonçalves de Magalhães, Espumas 
Flutuantes de Castro Alves, Primeiros Cantos de Gonçalves Dias. Outros 
importantes escritores e poetas do período: Casimiro de Abreu, Álvares de 
Azevedo, Junqueira Freire e Teixeira e Souza. 
 
 
Questão 8: FUVEST 
“Teu romantismo bebo, ó minha lua, 
A teus raios divinos me abandono, 
Torno-me vaporoso… e só de ver-te 
Eu sinto os lábios meus se abrir de sono.” 
(Álvares de Azevedo, “Luar de verão”, Lira dos vinte anos) 
Neste excerto, o eu-lírico parece aderir com intensidade aos temas de que 
fala, mas revela, de imediato, desinteresse e tédio. Essa atitude do eu-lírico 
manifesta a: 
a) ironia romântica. 
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b) tendência romântica ao misticismo. 
c) melancolia romântica. 
d) aversão dos românticos à natureza. 
e) fuga romântica para o sonho. 
Comentário: Ao longo do poema, percebemos que o autor ironiza a 
idealização amorosa, uma das principais características do Romantismo “e só 
dever-te/Eu sinto os lábios meus se abrir de sono.” 
Gabarito: A 
 
Questão 9: FUVEST 
“O indianismo dos românticos […] denota tendência para particularizar os 
grandes temas, as grandes atitudes de que se nutria a literatura ocidental, 
inserindo-as na realidade local, tratando-as como próprias de uma tradição 
brasileira.” 
(Antonio Candido, Formação da Literatura Brasileira) 
Considerando-se o texto acima, pode-se dizer que o indianismo, na literatura 
romântica brasileira: 
a) procurou ser uma cópia dos modelos europeus. 
b) adaptou a realidade brasileira aos modelos europeus. 
c) ignorou a literatura ocidental para valorizar a tradição brasileira. 
d) deformou a tradição brasileira para adaptá-la à literatura ocidental. 
e) procurou adaptar os modelos europeus à realidade local. 
Comentário: Como já foi mencionado, nesta apostila, o romantismo teve 
origem no continente europeu. Era necessário adaptar-se à realidade 
brasileira, visto que se vivia um período de constantes transformações 
políticas e sociais, como a instalação da corte portuguesa e, posteriormente, a 
Independência do Brasil. Assim, o gabarito é letra E. 
Gabarito: E 
 
Questão 10: FUVEST 
Oh! eu quero viver, beber perfumes 
Na flor silvestre, que embalsama os ares; 
Ver minh’alma adejar pelo infinito, 
Qual branca vela n’amplidão dos mares. 
No seio da mulher há tanto aroma… 
Nos seus beijos de fogo há tanta vida… 
– Árabe errante, vou dormir à tarde 
À sombra fresca da palmeira erguida. 
No trecho acima, de Castro Alves, reúnem-se vários dos temas e aspectos 
mais característicos de sua poesia. São eles: 
a) identificação com a natureza, condoreirismo, erotismo. 
b) aspiração de amor e morte, sensualismo, exotismo. 
c) sensualismo, aspiração de absoluto, nacionalismo, orientalismo. 
d) personificação da natureza, hipérboles, sensualismo velado, exotismo. 
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e) aspiração de amor e morte, condoreirismo, hipérboles. 
Comentário: O poeta Castro Alvesé o autor mais importante da 3ª Geração 
Romântica, também conhecida como geração do Condor ou Condoreira. Sua 
poesia possuía uma denúncia social sobre a época, como também aprofundou 
sua lírica amorosa por meio de uma sensualização feminina, como exemplo o 
poema O “adeus” de Teresa, poema comentado acima. Além disso, 
importante lembrar que também possuía um sentimento nacionalista. 
Gabarito: A 
 
Questão 11: SEAP-DF 2013 Professor (banca IBFC) 
O Romantismo foi um movimento que apresentou uma série de 
características. Assinale abaixo a alternativa que apresenta uma característica 
que não é própria do movimento romântico. 
a) Subjetivismo. 
b) Antinacionalismo. 
c) Retomo à cultura medieval. 
d) Idealização da mulher. 
Comentário: Uma das características principais do romantismo é o caráter 
nacionalista. 
Gabarito: B 
 
Questão 12: Pref Rio Novo Sul-ES 2015 Auxiliar (banca IDECAN) 
“TrataͲse de um clássico da literatura brasileira. A obra Iracema narra o trágico 
romance entre Iracema, a virgem dos lábios de mel, e Martim, o primeiro 
colonizador português do Ceará. Na trama, Iracema e Martim se apaixonam e 
fogem para viverem o amor proibido." 
Esse clássico da literatura brasileira foi escrito por 
a) Ziraldo. 
b) José de Alencar. 
c) Monteiro Lobato. 
d) Machado de Assis. 
Comentário: Iracema foi escrito por José de Alencar. 
Gabarito: B 
 
REALISMO 
 A segunda metade do século XIX foi marcada por um período de 
profundas mudanças no modo de pensar e de agir das pessoas. As 
contradições sociais começaram a aparecer em decorrência da Revolução 
Industrial, e todos esses fatores influenciaram as artes de um modo geral, 
sobretudo a literatura. O egocentrismo romântico deu lugar às correntes 
cientificistas que buscavam explicar fenômenos sociais, naturais e psicológicos. 
A subjetividade, comum ao Romantismo e ao Simbolismo, foi substituída pela 
objetividade das ideias do Realismo. 
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 O Realismo, o Naturalismo e o Parnasianismo apresentam aspectos 
comuns: o resgate do objetivismo na literatura, o gosto pelas descrições e o 
combate ao Romantismo. Entre os três movimentos, o Realismo foi o que 
buscou uma maior aproximação com a realidade ao descrever os costumes, os 
conflitos interiores do ser humano, as relações sociais, a crise das instituições 
etc. Todas essas questões eram tratadas à luz das correntes filosóficas em 
voga na época, sobretudo o positivismo, o determinismo e o darwinismo. 
 O marco do Realismo na Europa foi registrado em 1857 com a publicação 
do romance Madame Bovary, do escritor francês Gustave Flaubert. No Brasil, a 
obra Memórias póstumas de Brás Cubas(1881), de Machado de Assis, é 
apontada como o primeiro romance realista brasileiro, muito embora essa 
tendência literária tenha dado seus primeiros sinais em nossa literatura na 
metade do século XIX, época em que o Romantismo ainda figurava como 
principal estética. 
 Entre as principais características da linguagem realista, podemos 
destacar: objetivismo; linguagem culta e direta; narrativa lenta, que 
acompanha o tempo psicológico; descrições e adjetivações objetivas, com a 
finalidade de captar a realidade de maneira fidedigna; sentimentos, sobretudo 
o amor, subordinados aos interesses sociais; herói problemático, cheio de 
fraquezas; e não idealização da mulher. 
 Todas essas características opunham-se fortemente às características da 
linguagem romântica, marcada pela subjetividade e pelo individualismo. O 
Realismo propôs a investigação do comportamento humano e denunciou, por 
meio da literatura, os problemas sociais. 
 No Brasil, o principal representante da prosa realista foi Machado de 
Assis, embora outros escritores também tenham produzido obras de grande 
relevância para o período, como Eça de Queiroz. Foi na obra daquele que o 
Realismo realizou-se com perfeição nos planos técnico e temático. 
 Observe o fragmento do livro Memórias póstumas de Brás Cubas, de 
Machado de Assis. 
 (...) Um poeta dizia que o menino é o pai do homem. Se isto é verdade, 
vejamos alguns lineamentos do menino. 
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e 
verdadeiramente não era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, 
arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a 
cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que 
estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza 
ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava 
é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, 
um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no 
chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, 
com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele 
obedecia, – algumas vezes gemendo – mas obedecia sem dizer palavra, ou, 
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quando muito, um – “ai, nhonhô!” – ao que eu retorquia: “Cala a boca, besta!” 
– Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas graves, 
puxar pelo rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e 
outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas 
devo crer que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu 
pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de 
gente, fazia-o por simples formalidade: em particular dava-me beijos. Não se 
conclua daqui que eu levasse todo o resto da minha vida a quebrar a cabeça 
dos outros nem a esconder-lhes os chapéus; mas opiniático, egoísta e algo ... 
isso fui; se não passei o tempo a esconder-lhes os chapéus, alguma vez lhes 
puxei pelo rabicho das cabeleiras. 
(...) 
 Note a arrogância que constitui os traços fundamentais do caráter de 
Brás Cubas. Ao apresentar tal característica, o que se percebe é que esse 
comportamento fazia parte dos que ocupavam as altas posições em sociedade 
– o retrato da miséria humana. 
 Importante ressaltar, aqui, que Machado de Assis, ao analisar 
psicologicamente as personagens, entra na alma de cada um deles, trazendo 
todos os defeitos da conduta humana (egoísmo, luxúria, vaidade, hipocrisia, 
etc). 
 
 Na segunda metade do século XIX, a literatura romântica entrou em 
declínio. Os escritores e poetas realistas começam a falar da realidade social e 
dos principais problemas e conflitos do ser humano. Como características desta 
fase, podemos citar: objetivismo, trama psicológica, valorização de 
personagens inspirados na realidade, crítica social, visão irônica da realidade. 
 O principal representante desta fase foi Machado de Assis com as obras: 
Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro e O 
Alienista. Podemos citar ainda como escritores realistas Aluisio de Azedo, autor 
de O Mulato e O Cortiço, e Raul Pompéia, autor de O Ateneu. 
Questão 13: FGV 
Leia o texto abaixo. 
“Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. 
Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; 
achou que o caso excedia as raias de um capricho juvenil. 
– Desta vez, disse ele, vais para a Europa; vais cursar uma universidade, 
provavelmente Coimbra; quero-te para homem sério e não para arruador e 
gatuno. E como eu fizesse um gesto de espanto: 
– Gatuno, sim senhor. Não é outra coisa um filho que me faz isto… 
Sacou da algibeira os meus títulos de dívida, já resgatados por ele, e sacudiu-
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mos na cara.– Vês, peralta? É assim que um moço deve zelar o nome dos seus? Pensas 
que eu e meus avós ganhamos o dinheiro em casas de jogo ou a vadiar pelas 
ruas? Pelintra! Desta vez ou tomas juízo, ou ficas sem coisa nenhuma.” 
(Machado de Assis) 
Principalmente a partir da publicação dessa obra, duas características passam 
a ser reconhecidas no estilo de seu autor. Assinale a alternativa que as 
contém. 
a) Ambiguidade e delicadeza na descrição dos caracteres. 
b) Humor escancarado e crítica à família tradicional brasileira. 
c) Ironia e análise da condição humana. 
d) Crítica ao comportamento do indivíduo como sujeito e não como objeto da 
sociedade. 
e) Análise da alma do indivíduo, desconsiderando a sociedade. 
Comentário: Machado de Assis faz uso da ironia para retratar como ocorrem 
as relações amorosas baseadas em interesses financeiros e introduz, 
também, uma crítica à hipocrisia da sociedade, regida por certos valores 
morais. 
Gabarito: C 
 
Questão 14: ENEM 
No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente 
um outro estilo de época: o Romantismo. 
“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a 
mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. 
Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do 
tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e 
fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe 
maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía 
das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o 
indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.” 
(ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: 
Jackson,1957.) 
A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está 
transcrita na alternativa: 
a) … o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas … 
b) … era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça … 
c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, 
precário e eterno, … 
d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos … 
e) … o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação. 
Comentário: O Realismo desvincula-se da idealização amorosa e da relação 
de vassalagem do eu lírico aos sentimentos da amada. No trecho acima, o 
autor visa aproximar o elemento feminino da realidade, apontando suas 
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qualidades “às sardas”, como também, os seus defeitos “espinhas”. Assim, o 
gabarito é a letra A. 
Gabarito: A 
 
Questão 15: (UEM-PR) 
Assinale a alternativa incorreta sobre Machado de Assis. 
a) Estilo sóbrio, com descrições moderadas. 
b) Linguagem vibrante, cheia de metáforas. 
c) Senso de humor sutil e velado. 
d) Personalidade um tanto melancólica, pessimista. 
e) Enfatiza os aspectos psicológicos das personagens. 
Comentário: A linguagem machadiana era culta e direta, seu estilo era 
caracterizado por seu tom irônico e crítico sobre a sociedade, carregando, 
assim, um caráter pessimista sobre a sociedade. Assim, o gabarito é letra B. 
Gabarito: B 
 
NATURALISMO 
 O naturalismo é um movimento literário que teve início na Europa com a 
publicação do livro Germinal, de Émile Zola. O naturalismo chegou ao Brasil no 
final do século XIX. Foi nessa época que, influenciados por escritores europeus, 
nossos escritores passaram a enxergar na literatura um instrumento de 
denúncia social, e não apenas um entretenimento para a classe média e para a 
elite brasileira. 
 O principal representante do Naturalismo, no Brasil, foi Aluísio Azevedo. 
Em sua obra máxima, O Cortiço, Aluísio condensou todos os ideais naturalistas 
ao mostrar como a influência do meio e a força dos instintos determinam o 
comportamento das personagens. 
 Influenciada pelas leis científicas, a literatura naturalista construiu sua 
ficção ao tratar o homem como um objeto a ser cientificamente estudado, 
abandonando, assim, qualquer resquício da literatura romântica. Não há 
espaço para metáforas ou subjetividade: a realidade é retratada tal qual é, e a 
linguagem aproxima-se da simplicidade do coloquialismo para que o leitor 
tente captar com exatidão as descrições feitas pelo narrador. 
 Observe um fragmento do livro Cortiço: 
 
"— É esta! disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a desgraçada a 
segui-los. — Prendam-na! É escrava minha! 
A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos 
espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada 
para eles, sem pestanejar. 
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Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. 
Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto 
e, antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e 
fundo rasgara o ventre de lado a lado. 
(…) depois embarcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa 
lameira de sangue (...)”. 
 
 Observa-se, acima, uma característica clara do naturalismo – o 
determinismo, ou seja, as escolhas e ações humanas acontecem por relações 
de causalidade, e não em virtude do livre-arbítrio. 
 Como representante do naturalismo, o autor Aluísio Azevedo utiliza 
expressões animalescas para descrever os personagens e suas atitudes. Aluísio 
fazia uma análise da sociedade sem moralismos. Era comum encontrar em 
suas obras críticas à sociedade brasileira e ao preconceito racial. 
As casas de pensão, onde moravam muitas pessoas humildes, foram 
retratadas por Aluísio em uma de suas obras mais aclamadas, “O Cortiço”. 
 
 
 A principal característica da época é a adoção de certas teorias científicas 
para explicar os males da sociedade– sempre vista com forte pessimismo – e 
as desgraças dos indivíduos. 
 
 
Questão 16: FUVEST 
“E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e 
lodosa, começou a minhocar, e esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa 
viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele 
lameiro, a multiplicar-se como larvas no esterco.” 
O fragmento de “O cortiço”, romance de Aluísio Azevedo, apresenta uma 
característica fundamental do Naturalismo. Qual? 
a) Uma compreensão psicológica do Homem. 
b) Uma compreensão biológica do Mundo. 
c) Uma concepção idealista do Universo. 
d) Uma concepção religiosa da Vida. 
e) Uma visão sentimental da Natureza. 
Comentário: Como o naturalismo pretende explicar as coisas do mundo por 
uma visão mais científica, o fragmento apresenta uma compreensão 
biológica do mundo. 
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Gabarito: B 
 
Questão 17: SEAP-DF 2013 Professor (banca IBFC) 
O hiperacúmulo de detalhes, a observação e análise social e o espírito 
científico são características próprias da escola literária denominada: 
a) Simbolismo 
b) Realismo naturalista. 
c) Arcadismo. 
d) Parnasianismo 
Comentário: O citado no enunciado faz parte das características do realismo 
naturalista. 
Gabarito: B 
PARNASIANISMO 
 O Parnasianismo foi um movimento literário que surgiu na França, na 
metade do século XIX e se desenvolveu na literatura europeia, chegando ao 
Brasil. Esta escola literária foi uma oposição ao romantismo, pois representou 
a valorização da ciência e do positivismo. 
 O nome parnasianismo surgiu na França e deriva do termo "Parnaso", 
que na mitologia grega era o monte do deus Apolo e das musas da poesia. No 
Brasil, os poetas que mais se destacaram foram: Olavo Bilac, Raimundo Correae Alberto de Oliveira- a tríade parnasiana. 
Olavo Bilac é o autor mais popular do Parnasianismo e tem como 
princípios: a busca por perfeição na forma de escrever (versos alexandrinos); a 
exaltação pelos poemas épicos da Antiguidade Clássica (Ilíada), o forte lirismo; 
a inovação nos temas filosóficos de meditação, etc. 
 As principais características são: objetividade no tratamento dos temas 
abordados; impessoalidade; valorização da estética e busca da perfeição; o 
poeta evita a utilização de palavras da mesma classe gramatical em suas 
poesias, buscando tornar as rimas esteticamente ricas; uso de linguagem 
rebuscada e vocabulário culto; temas da mitologia grega e da cultura clássica 
são muito frequentes nas poesias parnasianas; preferência pelos sonetos; e 
valorização da metrificação. 
 Observe o poema de Olavo Bilac, fragmento de Via Láctea. 
 
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo 
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, 
Que, para ouvi-las, muita vez desperto 
E abro as janelas, pálido de espanto… 
 
E conversamos toda a noite, enquanto 
A Via Láctea, como um pálio aberto, 
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Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, 
Inda as procuro pelo céu deserto. 
 
Direis agora! “Tresloucado amigo! 
Que conversas com elas? Que sentido 
Tem o que dizem, quando estão contigo?” 
 
E eu vos direi: “Amai para entendê-las! 
Pois só quem ama pode ter ouvido 
Capaz de ouvir e de entender estrelas.” 
 
 No soneto acima, Olavo Bilac defende a importância de expressar os 
sentimentos. Por meio de uma composição perfeita, ele mostra a possibilidade 
de conciliar a linguagem perfeita a manifestação de sentimento. 
 
 O parnasianismo buscou os temas clássicos, valorizando o rigor formal e 
a poesia descritiva. Os autores parnasianos usavam uma linguagem rebuscada, 
vocabulário culto, temas mitológicos e descrições detalhadas. Arte pela arte. 
Os principais autores parnasianos são: Olavo Bilac, Raimundo Correa e Alberto 
de Oliveira. 
 
Questão 18: UFRS 
Com relação ao Parnasianismo, são feitas as seguintes afirmações. 
I – Pode ser considerado um movimento anti-romântico pelo fato de 
retomar muitos aspectos do racionalismo clássico. 
II – Apresenta características que contrastam com o esteticismo e o culto da 
forma. 
III – Definiu-se, no Brasil, com o livro “Poesias”, de Olavo Bilac, publicado em 
1888. 
Quais estão corretas? 
a) Apenas I. 
b) Apenas II. 
c) Apenas I e III. 
d) Apenas II e III. 
e) I, II e III. 
Comentário: A assertiva II está errada, levando em consideração as 
características do esteticismo e do culto da forma. 
Gabarito: C 
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SIMBOLISMO 
 O simbolismo foi um movimento que se desenvolveu nas artes plásticas, 
teatro e literatura. Surgiu na França, no final do século XIX, em oposição ao 
Naturalismo e ao Realismo. 
 As características principais são: ênfase em temas místicos, imaginários 
e subjetivos; caráter individualista; desconsideração das questões sociais 
abordadas pelo Realismo e Naturalismo; estética marcada pela musicalidade (a 
poesia aproxima-se da música); produção de obras de arte baseadas na 
intuição, descartando a lógica e a razão; e utilização de recursos literários 
como, por exemplo, a aliteração (repetição de um fonema consonantal) e a 
assonância (repetição de fonemas vocálicos). 
 No Brasil, o simbolismo teve início no ano de 1893, com a publicação de 
duas obras de Cruz e Souza: Missal (prosa) e Broquéis (poesia). O movimento 
simbolista na literatura brasileira teve força até o movimento modernista do 
começo da década de 1920. 
 Observe o poema de Cruz e Sousa, Alucinação. 
 
Ó solidão do Mar, ó amargor das vagas, 
Ondas em convulsões, ondas em rebeldia, 
Desespero do Mar, furiosa ventania, 
Boca em fel dos tritões engasgada de pragas. 
 
Velhas chagas do sol, ensanguentadas chagas 
De ocasos purpurais de atroz melancolia, 
Luas tristes, fatais, da atra mudez sombria 
Da trágica ruína em vastidões pressagas. 
 
Para onde tudo vai, para onde tudo voa, 
Sumido, confundido, esboroado, à-toa, 
No caos tremendo e nu dos tempo a rolar? 
 
Que Nirvana genial há de engolir tudo isto - 
- Mundos de Inferno e Céu, de Judas e de cristo, 
Luas, chagas do sol e turbilhões do Mar?! 
 Nas duas primeiras estrofes do poema, as imagens do mar agitado e do 
pôr-do-sol desencadeiam a alucinação referida no título do poema. A terceira 
estrofe concentra o desejo de compreender o sentido da existência. Por fim, a 
proposta final sugere a incapacidade humana de compreender a finalidade do 
estar no mundo. 
 
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 Os poetas simbolistas usavam uma linguagem abstrata e sugestiva, 
enchendo suas obras de misticismo e religiosidade. Valorizavam muito os 
mistérios da morte e dos sonhos, carregando os textos de subjetivismo. Os 
principais representantes do simbolismo foram: Cruz e Souza e Alphonsus de 
Guimaraens. 
Questão 19: ENEM – 2014 
Vida obscura 
Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro 
ó ser humilde entre os humildes seres, 
embriagado, tonto de prazeres, 
o mundo para ti foi negro e duro. 
Atravessaste no silêncio escuro 
a vida presa a trágicos deveres 
e chegaste ao saber de altos saberes 
tornando-te mais simples e mais puro. 
Ninguém te viu o sofrimento inquieto, 
magoado, oculto e aterrador, secreto, 
que o coração te apunhalou no mundo, 
Mas eu que sempre te segui os passos 
sei que a cruz infernal prendeu-te os braços 
e o teu suspiro como foi profundo! 
(SOUSA, C.Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961) 
Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e Souza 
transpôs para seu lirismo uma sensibilidade em conflito com a realidade 
vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em 
(A) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação. 
(B) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social. 
(C) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes. 
(D) frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais. 
(E) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã. 
Comentário:A questão exige que o leitor faça uma série de inferências, 
vamos a elas! O poeta Cruz e Souza era negro e reconhecer no texto as 
referências à sua cor: “mundo foi negro”, “silêncio escuro”, “vida obscura”. 
Além disso, não se esqueça da principal característica do Simbolismo- a 
subjetividade. 
Gabarito: A 
 
Questão 20: SEAP-DF 2013 Professor (banca IBFC) 
A musicalidade, o misticismo e o onirismo são características próprias da 
escola literária denominada: 
a) Parnasianismo 
b) Barroco. 
c) Simbolismo 
d) Arcadismo 
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Comentário: O citado no enunciado faz parte das características do 
simbolismo. 
Gabarito: C 
 
PRÉ- MODERNISMO 
 O Pré-Modernismo é o período de transição entre as tendências do final 
do Simbolismo ou Parnasianismo, século XIX, e o Modernismo. 
 A urbanização de São Paulo faz surgir uma nova classe social: a operária, 
ao mesmo tempo em que os ex-escravos são marginalizados nos centros 
urbanos. 
 Os estados brasileiros passam por transformações na economia: a 
ascensão do café no Sul e Sudeste, e o declínio da cana-de-açúcar no 
Nordeste. 
 O governo republicano não garantia esperanças e não promovia as tão 
esperadas mudanças sociais, pelo contrário, a sociedade se encontrava divididaentre a elite detentora de dinheiro, respeito e poder das oligarquias rurais e a 
classe trabalhadora rural, bem como dos marginalizados nos centros urbanos. 
 É em meio a este quadro na sociedade brasileira que começa no Brasil 
uma nova produção literária, intitulada de Pré-Modernismo. Trata-se das obras 
literárias de um grupo de escritores que propunham as mesmas temáticas e 
formas, as que seriam enquadradas no futuro movimento literário: o 
Modernismo. Destaca-se neste período a obra Os sertões, de Euclides da 
Cunha e Canaã de Graça Aranha. Contudo, o Pré-Modernismo não é tido como 
uma “escola literária”, pois apresenta características individuais muito 
marcantes. 
 No entanto, há características comuns às obras desse período: a ruptura 
com a linguagem pomposa parnasiana; a exposição da realidade social 
brasileira; o regionalismo; a marginalidade exposta nas personagens e 
associação aos fatos políticos, econômicos e sociais. 
 Os principais autores pré-modernistas são: Euclides da Cunha, Augusto 
dos Anjos, Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato. 
 
 Este período é marcado pela transição, pois o modernismo só começou 
em 1922, com a Semana de Arte Moderna. Está época é marcada pelo 
regionalismo, positivismo, busca dos valores tradicionais, linguagem coloquial 
e valorização dos problemas sociais. 
 Os principais autores deste período são: Euclides da Cunha (autor de Os 
Sertões), Monteiro Lobato e Lima Barreto, autor de Triste Fim de Policarpo 
Quaresma. 
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Questão 21: (UFRRJ) 
Fragmento de Triste fim de Policarpo Quaresma 
“Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte anos, o amor da Pátria 
tomou-o todo inteiro. Não fora o amor comum, palrador e vazio; fora um 
sentimento sério, grave e absorvente. ( … ) o que o patriotismo o fez pensar, 
foi num conhecimento inteiro de Brasil. ( … ) Não se sabia bem onde nascera, 
mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. 
Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo: Quaresma era 
antes de tudo brasileiro.” 
(BARRETO, Lima. “Triste fim de Policarpo Quaresma”. São Paulo: Scipione, 1997.) 
Este fragmento de “Triste Fim de Policarpo Quaresma” ilustra uma das 
características mais marcantes do Pré-Modernismo que é o: 
a) Desejo de compreender a complexa realidade nacional. 
b) nacionalismo ufanista e exagerado, herdado do Romantismo. 
c) resgate de padrões estéticos e metafísicos do Simbolismo. 
d) nacionalismo utópico e exagerado, herdado do Parnasianismo. 
e) subjetivismo poético, tão bem representado pelo protagonista. 
Comentário: As alternativas B, C, D e E estão incorretas, pois, embora o 
pré-modernismo seja um período de transição entre movimentos ao final do 
século XIX e o modernismo, não apresenta traços românticos. No trecho da 
obra de Lima Barreto, devemos inferir o caráter nacionalista de seu 
personagem. Neste sentido, o autor visa avaliar o que é ser brasileiro, o que 
confirma a letra A. 
Gabarito: A 
MODERNISMO 
 O Modernismo tem como característica o desejo de liberdade de criação e 
expressão, aliados aos ideais nacionalistas, visando, acima de tudo, 
emancipar-se da dependência europeia. 
 O mais importante é a atualidade, por isso centram o fazer literário na 
expressão da vida cotidiana, descrita com palavras do dia-a-dia, afastando-se 
da literatura tradicional, consagrada ao padrão culto. 
 Os modernistas revelam o nacionalismo, através da etnografia e do 
folclore. O índio e o mestiço passam a ser considerados por sua "força 
criadora", capaz de provocar "a transformação da nossa sensibilidade, 
desvirtuada em literatura pela obsessão da moda europeia". Ao comporem o 
perfil psicológico do homem moderno, expõem angústias e infantilidades como 
forma de demonstrar o caráter e a complexidade do ser humano, apoiando-se, 
para tanto, na psicanálise, no surrealismo e na antropologia. 
 
A Primeira Fase (1922-1930) 
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 O primeiro momento corresponde à Semana de Arte Moderna em 1922, 
em São Paulo. Essa semana serviu como elemento de divulgação e 
dinamização das discordâncias, acelerando o processo de modernização. 
 Além disso, visava estabelecer uma teoria estética, nem sempre 
claramente explicitada por seus criadores e que acaba por renovar o conceito 
de literatura e de leitor. A Semana incluiu uma série de eventos (l3, l5 e 17 de 
fevereiro de 1922) no Teatro Municipal de São Paulo, reunindo artistas e 
intelectuais que, sob o aplauso e vaias da plateia, apresentaram uma espécie 
de sarau, declamando poemas, lendo trechos de romances, fazendo discursos, 
expondo quadros e tocando música. 
 Alguns acontecimentos, anteriores a 1922, preparam a trajetória do 
Modernismo; fatos, especificamente, ligados à estética renovadora, se 
multiplicam. 
 Na literatura, a transformação e o rompimento com o velho estão 
presentes, sobretudo, na obra de Oswald de Andrade, Memórias Sentimentais 
de João Miramar, publicada em 1916, cuja característica experimental notável 
se aprofunda em edições posteriores. 
 Ao final de 1921, os jovens de São Paulo preparam a Semana da Arte 
Moderna. Vários escritores do Rio e de São Paulo participam desse evento, em 
1922: Manuel Bandeira, Ronald de Carvalho, Ribeiro Couto, Mário de Andrade e 
Oswald de Andrade. Ainda, em 1922, é lançada a renovadora revista Klaxon, 
em São Paulo, cuja publicação se estende até o número nove. 
 O movimento pela nova estética se radicaliza em São Paulo, revelando o 
aspecto agressivo e polêmico da empreitada. Aos poucos, escritores de norte a 
sul se ligam ao grupo na batalha de oposição aos conservadores. O espírito 
nacionalista, inspirado pelo desejo de libertação da tradição europeia, toma 
conta das manifestações e estimula a luta dos renovadores. 
 Nessa primeira fase, o rompimento com o velho, a necessidade de chocar 
o público e de divulgar novas ideias estão marcados pelo radicalismo. 
Enquanto várias revistas são criadas por escritores renomados e por iniciantes, 
o movimento vai se estruturando de forma mais vibrante no Rio e em São 
Paulo, estendendo-se a Minas e ao polêmico regionalismo nordestino. As 
publicações variadas são fundamentais para o movimento que, extremamente 
ativo, se estende até 1930, quando menos agressivo, muda de rumos, 
principalmente, com referência à prosa, dominada, tradicionalmente, pela 
literatura oficial, ligada à Academia Brasileira de Letras. 
 A poesia, produzida na primeira fase, apropria-se do ritmo, do 
vocabulário e dos temas da prosa, constituindo-se no principal veículo de 
divulgação do movimento. Abandona os modelos tradicionais do 
Parnasianismo, adota o verso livre, sem número determinado de sílabas e sem 
metrificação, respeitando a inspiração poética. 
 O presente é incorporado aos versos por meio do progresso, da máquina, 
do ritmo da vida moderna. O humor, igualmente empregado, manifesta-se sob 
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a forma de ironia ou paradoxo, surgindo o poema-piada, condensação 
irreverente que busca provocar polêmica. Observe o poema Amor, de Mário de 
Andrade. 
 
Amor 
humor 
 
 A prosa do período não apresenta o mesmo etusiasmo da poesia, mas 
revela conquistas importantes. Os recursos são variados como: a aproximação 
com a poesia, o apoio na fala coloquial e na utilização de períodos curtos. Um 
dos modernistas, Oswald de Andrade, aplica essas experiências não só em 
seus artigos e manifestos, mas também na obra Memórias Sentimentais de 
João Miramar. 
A Segunda Fase(1930-1945) 
 É o período de maturação e de regionalismo, revelando-se, após as 
conquistas da geração de 1922, uma fase muito rica na produção de prosa e 
poesia. Reflete o momento histórico conturbado, afinal, o cenário é o exposto 
ao horror de duas grandes guerras. 
 Os novos poetas dão continuidade à pesquisa estética anterior, mantendo 
o verso livre e a poesia sintética. A nova técnica está marcada pelo 
questionamento mais vigoroso da realidade, acompanhada da indagação do 
poeta sobre seu fazer literário e sua interpretação sobre o estar no mundo, 
tema muito comum nas obras de Carlos Drummond de Andrade. 
Consequentemente, surge uma poesia mais madura, comprometida com as 
profundas transformações sociais enfrentadas pelo país. Ampliando os temas 
da fase anterior, volta-se para o espiritualismo e o intimismo, presentes em 
certas obras de Murilo Mendes, Cecília Meireles e Vinicius de Moraes. 
 Observe o poema de Carlos Drummond de Andrade, Poema de Sete 
faces: 
 
Quando nasci, um anjo torto 
desses que vivem na sombra 
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. 
As casas espiam os homens 
que correm atrás de mulheres. 
A tarde talvez fosse azul, 
não houvesse tantos desejos. 
O bonde passa cheio de pernas: 
pernas brancas pretas amarelas. 
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. 
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Porém meus olhos 
não perguntam nada. 
O homem atrás do bigode 
é sério, simples e forte. 
Quase não conversa. 
Tem poucos, raros amigos 
o homem atrás dos óculos e do -bigode, 
Meu Deus, por que me abandonaste 
se sabias que eu não era Deus 
se sabias que eu era fraco. 
Mundo mundo vasto mundo, 
se eu me chamasse Raimundo 
seria uma rima, não seria uma solução. 
Mundo mundo vasto mundo, 
mais vasto é meu coração. 
Eu não devia te dizer 
mas essa lua 
mas esse conhaque 
botam a gente comovido como o diabo. 
 O desencontro entre o ser e o mundo dará a tônica da poesia desse 
autor. A incapacidade do eu lírico de compreender as coisas dá um tom 
pessimista ao poema. Além desse tema, há, em outros poemas, assuntos 
como: o questionamento da função social do poeta, a dificuldade de 
compreender os sentimentos e a importância da infância. 
 A prosa reflete o mesmo momento histórico da poesia, cobrindo-se 
igualmente das preocupações dos poetas da década de 30. São autores mais 
representativos: José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e 
Jorge Amado. 
 Nessa fase, a prosa se reveste de caráter mais maduro e construtivo, 
refletindo e aproveitando as conquistas da geração de 1922. A linguagem 
atinge certo equilíbrio e adota uma postura mais documental ao expor a 
realidade brasileira e focalizar o aspecto social. Os escritores focalizam, ainda, 
a realidade regional do país, originando a prosa regionalista que destaca a seca 
e os flagelos dela decorrentes. 
 Observe um fragmento do livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos: 
 
“Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta. 
Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se 
ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não era um homem: era apenas um 
cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Olhou em torno, com receio de 
que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, 
murmurando: 
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–Você é um bicho, Fabiano. 
Isso para ele era motivo de orgulho. 
– Sim senhor, um bicho capaz de vencer dificuldades.” 
 
 Há não só no fragmento acima, como também em todo o livro, o retrato 
brutal da dura existência no sertão nordestino, em que bichos e homens são 
igualados na tentativa de sobreviver às armadilhas da seca. 
 A preocupação mais marcante da prosa é o homem do Nordeste, 
incluindo sua vida precária e as condições adversas impostas pela geografia do 
lugar, pela submissão dos trabalhadores aos proprietários de terras, advinda de 
sua grave falta de instrução. O encontro com o povo brasileiro propicia, pois, o 
nascimento do regionalismo, reforçado pelos temas dedicados à decadência 
dos engenhos; às regiões de cana-de-açúcar; às terras do cacau no sul da 
Bahia; à vida agreste; às constantes secas, aprofundando as desigualdades 
sociais; ao movimento migratório; à mão-de-obra barata, à miséria e à fome. 
 Em 1945, encerra-se o período dinâmico do Modernismo, abrindo espaço 
para a fase de reflexão, devotada aos questionamentos sobre a linguagem, ao 
retorno a certos modelos estilísticos tradicionais, sobretudo, no início dos anos 
50, visando inovações. 
A Terceira Fase (Pós-1945) 
 Nesta fase, presencia-se a rejeição da geração de 22 na poesia, os 
poetas desta fase querem marcar sua identidade poética, distanciando-se da 
imagem irreverente que nasceu com a Semana de 1922. Surge o Concretismo, 
a Poesia-Práxis, o Poema-Processo, o Poema-Social, a Poesia Marginal e os 
músicos-poeta. Na prosa, a exploração do psicológico e dos conflitos entre o 
homem e a modernidade, a busca da universalização e de uma literatura 
engajada e o mergulho no realismo fantástico e no romance de reportagem 
passam a ser o foco. A crônica, o conto, a prosa autobiográfica e o teatro 
ganham força. 
 A poesia da segunda metade da década de 40 é marcada pela presença 
da Geração de 45, onde se destacariam grandes nomes dentro de nossa 
literatura, entre eles João Cabral de Melo Neto. A mais importante obra desse 
autor foi Morte e vida severina. Observe um fragmento do livro: 
 
Somos muitos Severinos 
iguais em tudo na vida: 
na mesma cabeça grande 
que a custo é que se equilibra, 
no mesmo ventre crescido 
sobre as mesmas pernas finas 
e iguais também porque o sangue, 
que usamos tem pouca tinta. 
 
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E se somos Severinos 
iguais em tudo na vida, 
morremos de morte igual, 
mesma morte severina: 
que é a morte de que se morre 
de velhice antes dos trinta, 
de emboscada antes dos vinte 
de fome um pouco por dia 
(de fraqueza e de doença 
é que a morte severina 
ataca em qualquer idade, 
e até gente não nascida). 
 
Somos muitos Severinos 
iguais em tudo e na sina: 
a de abrandar estas pedras 
suando-se muito em cima, 
a de tentar despertar 
terra sempre mais extinta, 
 
a de querer arrancar 
alguns roçado da cinza. 
Mas, para que me conheçam 
melhor Vossas Senhorias 
e melhor possam seguir 
a história de minha vida, 
passo a ser o Severino 
que em vossa presença emigra. 
 
 Convidado a acompanhar Severino em sua trajetória até Recife, o leitor é 
testemunha da miséria e a morte a cada parada. 
 Importante ressaltar, aqui, que, na escrita deste autor, não tinha 
romantismo, o poeta buscava descrever as percepções do real, colocando de 
forma concreta as sensações. 
 Quanto aos demais estilos da poesia, uma outra característica é a busca 
cada vez maior de uma intertextualidade com outros meios de expressão, 
exigindo uma linguagem cada vez mais fragmentada e rápida que muitas vezes 
contrasta com uma necessidade de reencontro com os padrões clássicos, onde 
se evidenciam poemas mais longos e lineares. Surgiu, então, o Concretismo, 
movimento que determinava uma ruptura radical com o lirismo. Destacavam-
se Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos. Observe o 
poema a seguir, de Augusto de Campos: 
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 Quanto à prosa, a publicação do livro Perto do CoraçãoSelvagem, de 
Clarice Lispector, em 1944, já indiciava um novo caminho: a prosa da década 
de 40 e 50 seria marcada pela exploração do campo psicológico das 
personagens, o urbanismo que revela a relação conflituosa entre o homem e a 
modernidade, e o regionalismo que renova a linguagem literária, numa 
profunda busca pela universalização. Além de Clarisse Lispector, outro nome se 
destacaria dentro dessa nova concepção literária é o escritor Guimarães Rosa. 
 A prosa urbana vai ser cada vez mais explorada a partir dos anos 60, 
mostrando os problemas acarretados pelo progresso, e um ser humano cada 
vez mais solitário, marginalizado e vítima de um mundo violento, que se fecha 
e enfrenta também a si mesmo. Destaca-se, neste contexto, o autor Rubem 
Fonseca. 
 A crônica ganhou um espaço muito grande dentro dos principais veículos 
de comunicação devido à sua ligação mais íntima com o cotidiano, sua 
irreverência e ironia, e sua mais fácil assimilação por parte dos leitores, 
destacando escritores consagrados e novos como, por exemplo, Carlos 
Drummond de Andrade, Fernando Sabino e Rubem Braga. 
 
 
 O modernismo começa com a Semana de Arte Moderna de 1922. As 
principais características da literatura modernista são: nacionalismo, temas do 
cotidiano (urbanos), linguagem com humor, liberdade no uso de palavras e 
textos diretos. 
 Principais escritores modernistas: Mario de Andrade, Oswald de Andrade, 
Cassiano Ricardo, Alcântara Machado e Manuel Bandeira. 
 
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Questão 22: UFRRJ 
Fragmento de Triste fim de Policarpo Quaresma 
“Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte anos, o amor da Pátria 
tomou-o todo inteiro. Não fora o amor comum, palrador e vazio; fora um 
sentimento sério, grave e absorvente. ( … ) o que o patriotismo o fez pensar, 
foi num conhecimento inteiro de Brasil. ( … ) Não se sabia bem onde nascera, 
mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. 
Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo: Quaresma era 
antes de tudo brasileiro.” 
(BARRETO, Lima. “Triste fim de Policarpo Quaresma”. São Paulo: Scipione, 1997.) 
Este fragmento de “Triste Fim de Policarpo Quaresma” ilustra uma das 
características mais marcantes do Pré-Modernismo que é o: 
a) Desejo de compreender a complexa realidade nacional. 
b) nacionalismo ufanista e exagerado, herdado do Romantismo. 
c) resgate de padrões estéticos e metafísicos do Simbolismo. 
d) nacionalismo utópico e exagerado, herdado do Parnasianismo. 
e) subjetivismo poético, tão bem representado pelo protagonista. 
Comentário: No trecho da obra de Lima Barreto, devemos depreender o 
caráter nacionalista de seu personagem e observar a dificuldade de 
“enquadrá-lo” em uma categoria a partir de aspectos regionais. O o autor visa 
avaliar o que é ser brasileiro. Assim, o correto é letra A. 
Gabarito: A 
 
Questão 23: PUC RS 
Para responder à questão, leia o fragmento do conto “Negrinha”, de Monteiro 
Lobato. 
“Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha 
escura, de cabelos ruços e olhos assustados. Nascera na senzala, de mãe 
escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, 
sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não 
gostava de crianças. 
……………………………………………………………………………………………………. 
E tudo se esvaiu em trevas. 
Depois, vala comum. A terra papou com indiferença aquela carnezinha de 
terceira – uma miséria, trinta quilos mal pesados… 
E de Negrinha ficaram no mundo apenas duas impressões. Uma cômica, na 
memória das meninas ricas. 
– “Lembras-te daquela bobinha da titia, que nunca vira boneca?” 
Outra de saudade, no nó dos dedos de dona Inácia. 
– “Como era boa para um cocre!…” 
………………………………………………………………………………………………………..” 
Considerando o fragmento anterior, é correto afirmar: 
a) Em “Negrinha”, conto-título de livro de Monteiro Lobato, editado em 1920, 
o autor apresenta, de forma crítica e mordaz, o tratamento cruel a que é 
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submetida a pequena escrava, maltratada até a morte. 
b) Para o pré-modernista Monteiro Lobato, a infância é um período a ser 
celebrado pela alegria e vontade de viver, tema que anima o conto 
“Negrinha”. 
c) Como escritor romântico, Monteiro Lobato cria a personagem Negrinha 
como aquela que dá alegrias a Dona Inácia, sua patroa, por estar sempre 
a seu lado. 
d) Negrinha é uma das personagens mais marcantes da literatura infantil de 
Monteiro Lobato, o autor que inaugurou o gênero no Brasil. 
e) No conto “Negrinha”, Monteiro Lobato relembra uma pequena companheira 
de infância, vizinha das terras de seu avô. 
Comentário: Em “Negrinha”, o autor Monteiro Lobato relata a dolorosa 
relação da menina com sua patroa. 
Gabarito: A 
 
 
 
Questão 24: ENEM - 2014 
 “A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um 
acontecimento para a meninada… Que talento ela possuía para contar as suas 
histórias, com um jeito admirável de falar em nome de todos os personagens, 
sem nenhum dente na boca, e com uma voz que dava todos os tons às 
palavras! 
Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. E muito 
da vida, com as suas maldades e as suas grandezas, a gente encontrava 
naqueles heróis e naqueles intrigantes, que eram sempre castigados com 
mortes horríveis! O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que 
ela punha nos seus descritivos. Quando ela queria pintar um reino era como 
se estivesse falando dum engenho fabuloso. Os rios e florestas por onde 
andavam os seus personagens se pareciam muito com a Paraíba e a Mata do 
Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.” 
(José Lins do Rego. Menino de Engenho. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980, p. 49-
51 (com adaptações). 
Na construção da personagem “velha Totonha”, é possível identificar traços 
que revelam marcas do processo de colonização e de civilização do país. 
Considerando o texto acima, infere-se que a velha Totonha: 
a) tira o seu sustento da produção da literatura, apesar de suas condições de 
vida e de trabalho, que denotam que ela enfrenta situação econômica 
muito adversa. 
b) compõe, em suas histórias, narrativas épicas e realistas da história do país 
colonizado, livres da influência de temas e modelos não representativos da 
realidade nacional. 
c) retrata, na constituição do espaço dos contos, a civilização urbana 
européia em concomitância com a representação literária de engenhos, 
rios e florestas do Brasil. 
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d) aproxima-se, ao incluir elementos fabulosos nos contos, do próprio 
romancista, o qual pretende retratar a realidade brasileira de forma tão 
grandiosa quanto a européia. 
e) imprime marcas da realidade local a suas narrativas, que têm como 
modelo e origem as fontes da literatura e da cultura européia 
universalizada. 
Comentário: A partir dos contos criados pela velha Totonha, o autor 
aproxima suas histórias da realidade, fazendo associações, o que confirma a 
alternativa E. 
Gabarito: E 
 
Questão 25: ENEM 
 “No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese de que no Brasil havia 
duas literaturas independentes dentro da mesma língua: uma do Norte e 
outra do Sul, regiões segundo ele muito diferentes por formação histórica, 
composição étnica, costumes, modismos linguísticos etc. Por isso, deu aos 
romances regionais que publicou o título geral de Literatura do Norte. Em 
nossos dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, procurou mostrar com bastante 
engenho que no Brasil

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