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A espasticidade é o tônus muscular patológico mais frequente, e não se trata da espasticidade em si mas trata das consequências dessa espasticidade pois não tem como cuidar de uma liberação proveniente do SNC porém há várias medidas capazes de contornar os problemas trazidos pela espasticidade A espasticidade é como uma “pedra no sapato” porque quando se tem um músculo espástico, dependendo do grau da espasticidade (há meios de graduar a espasticidade principalmente pela escala de Ashworth) ela pode comprometer toda a arquitetura muscular Observa se que o músculo espástico, com o passar do tempo, suas características viscoelásticas vão se modificando, portanto, vai ter um músculo diferente. E na criança é mais prejudicial visto que, quando o osso cresce, o músculo deve acompanhar o crescimento pequeno, já o musculo espástico geralmente fica com um ventre pequeno e curto em relação aos tendões que vão estar mais compridos na tentativa de acompanhar o crescimento ósseo Muitos casos acaba tendo deformidades, o músculo se contratura, e surge deformidade articular sendo necessário cirurgia, e tudo isso somado a todas as comorbidades que o paciente já possui se torna um fator muito sério e grave para conseguir reabilitar A espasticidade é uma desordem motora caracterizada por uma falta de inibição do trato Corticoespinal. É velocidade dependente, portanto, quanto mais rápido for o movimento, mais vai desencadear resistência muscular. No paciente espástico tem se um aumento da resposta dos reflexos de estiramento, ou seja, uma hiperreflexia osteotendinosa que vai estar muito ligada com a velocidade em que é feito o movimento ETIOLOGIA DA ESPASTICIDADE Perda das influencias inibitórias descendentes (desce do encéfalo para a medula) decorrentes de lesões do trato corticoespinal que perde o controle do reflexo de estiramento. Ou seja, a porção que inibe a resposta do reflexo de estiramento vai estar alterada e sem essa inibição gerando um reflexo exacerbado. Porém não é apenas um reflexo exacerbado no músculo que se quer estimular ou movimentar, essa resposta do sistema nervoso que está lesado as vezes vai para outros músculos que não estão nem relacionados com a ação Esta lesão do motoneurônio superior (lesão encefálica) apresenta 2 formas distintas: Na medula: perda da inibição segmentar polissináptica No encéfalo: por aumento da excitabilidade das vias monossinápticas que vão para a medula “É uma desordem motora caracterizada pela hiperexcitabilidade do reflexo de estiramento velocidade independente, com exacerbação dos reflexos profundos e aumento do tônus muscular” (Lance, 1984, Teive et al, 1998) Por exemplo, o indivíduo teve um AVE e lesou o hemisfério direito e, portanto, ele vai ter espasticidade do hemicorpo esquerdo em razão do aumento da excitabilidade dessas vias monossinápticas que vão para a medula. Portanto, os músculos vão se encontrar espásticos, porém não são todos os músculos que vão estar espástico visto que sempre vai haver uma distribuição assimétrica no hemicorpo lesão, portanto, pode haver mais espasticidade nos músculos antigravitacionais do que gravitacionais, por exemplo Essa distribuição desigual ocorre pois há alguns músculos que vão estar se sobrepondo a outros, e na medula ocorre a mesma coisa. Por exemplo, um lesado medular da cervical ou torácica, por exemplo, vai ter espasticidade em uma lesão completa por perda de inibição segmentar polissináptica, então as inibições que saem da medula para os músculos não vão estar acontecendo fazendo com que os músculos fiquem mais tensos e que vai ser dependente da velocidade do movimento Essa maior resistência muscular é percebida quando se faz o movimento passivo rápido no paciente, traz a sensação que trava e fica mais difícil de realizar o movimento Quando se pensa na criança com espasticidade, a paralisia cerebral é uma condição no qual quase 90% das crianças com PC são do tipo espástico Quando eu penso nas condições terapêuticas para as afecções do SNC, eu preciso pensar no Modelo Dinâmico, assim temos o déficit primário mas, temos os déficits secundários que irão alterar as atividades motoras básicas do nosso paciente, a espasticidade é um deles. Ou seja, não se tem apenas o problema no SNC, tem se o déficit motor primário que é responsabilizado por lesão no sistema nervoso central porém vai haver déficits secundários que irão alterar todas as atividades motoras básicas, e a espasticidade está dentro desses déficits motores secundários Ou seja, o sistema nervoso central é lesão, porém o tratamento não é voltado para essa lesão que consiste no déficit primário e sim voltado para os déficits secundários que afetam a função da criança SINAIS CLÍNICOS DA ESPASTICIDADE Abaixo tem se alguns sinais clínicos da espasticidade que são clássicos e acontecem tanto na criança quanto no adulto, e são sinais universais: Resistencia muscular velocidade dependente: quanto mais rápido é feito o movimento, maior vai ser a resistência do músculo, quanto mais lento o movimento é realizado, menor resistência vai ter Aumento do reflexo de estiramento: quando é feito o teste do reflexo de estiramento mais rápido, nota se que há uma resposta maior Clônus: é uma exacerbação do reflexo miotático, como se fosse uma câimbra e as vezes é necessário realizar algum tipo de manobra para inibir esse clônus Sinal de Babinski: é quando se realiza um estimulo cutâneo na planta do pé, tem se uma extensão do hálux que vai para cima e os outros dedos se abrem em leque. Sempre quando se tem um sinal de Babinski em crianças maiores de dois anos, é possível assegurar que há uma lesão no trato Corticoespinal, ou no sistema piramidal ou motoneurônio superior. Isso porque até dois anos tem se o reflexo cutâneo plantar que é igual o sinal de Babinski e esse reflexo aparece até os 24 meses na criança e o sinal de Babinski é só depois dos 24 meses quando há lesão no trato Corticoespinal, ou no sistema piramidal ou também conhecida como lesão de motoneuronio superior Sinergismos em massa: ou seja, não consegue selecionar muito bem os músculos. Por exemplo, quando vai realizar um determinado movimento, acabo movimentando outras áreas e contraindo outros músculos que não deveriam estar sendo contraídos para o movimento em questão. Por exemplo, quando se observa uma pessoa andando de uma forma particular pode imaginar que a pessoa teve um AVE, porque ele anda com o flexo do MMSS, e faz todo o movimento com a perna como se estivesse desenhando a letra C no chão chamada de marcha ceifante, isso é um sinergismo em massa muito comum no paciente espástico Alteração muscular: ventre muscular curto e tendões compridos: essa alteração da arquitetura do músculo dificulta a geração de força muscular. Fora isso, se observa que as condições elásticas do músculo também vão estar alteradas, sendo várias alterações que levam o músculo a ficar diferente com o passar do tempo quando há espasticidade CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS NEGATIVAS DA ESPASTICIDADE Perda de seletividade muscular, destreza e equilíbrio: a espasticidade impede ou dificulta a seletividade muscular, então perde a delicadeza em fazer um movimento pois o sistema nervoso não consegue selecionar normalmente e gera uma seletividade diminuída ou, as vezes, até ausente. Portanto, vai haver essa contração em massa que vai gerar um sinergismo, resultando em um movimento mais grosseiro e bizarro, que não traz muita exatidão perdendo destreza de movimento e equilíbrio (por conta da falta se seleção correta dos músculos durante o movimento) >> perda de destreza e movimentação fina Fraqueza e hipotrofia muscular: paciente espástico vai ter uma fraqueza muscular e, ao longo do tempo, uma hipotrofia, ou seja, diminuição do trofismo, da massa muscular e isso vai de encontro com o grau da espasticidade, poisquanto maior o grau da espasticidade, maior a fraqueza e hipotrofia muscular. Portanto, um paciente espástico que não faz tratamento e fisioterapia, pode ter uma grande fraqueza e atrofia muscular Lentificação dos movimentos ativos: os pacientes espásticos não vão ter a mesma velocidade de movimento que o normal. Por exemplo, para pegar algo, para se trocar, ou fazer qualquer coisa vai ser realizado em um tempo mais devagar, e é importante orientar para que respeitem esse tempo maior do paciente para se movimentar Presença de reações associadas (sincinesias): mas crianças é mais comum utilizar o termo de presença de reações associadas e no adulto utilizar mais o termo se sincinesias mas não está errado utilizar qualquer um dos termos seja no adulto ou na criança. Quando a criança as vezes está usando a tesoura, por exemplo, cortando algo difícil e realizando ações como mordendo a língua ou fazendo careta, isso é uma reação associada, ou seja, um movimento em uma determinada região do corpo acaba levando a realizar outros movimentos em outras regiões do corpo que não tem nada a ver com aquela região utilizada para realizar a atividade. É comum, por exemplo, a criança estar andando e começa a correr e gera uma reação de fletir o cotovelo e fechar as mãos porque ela tem a presença dessas reações associadas. Ou seja, no momento em que ela muda o padrão de movimento, essa falta de inibição nos músculos acaba desencadeando essas reações associadas. Nos pacientes, principalmente nos hemiparéticos adultos que tiveram a hemiparesia por sequela de AVE, ao apertar a mão do lado não afetado percebe que a mão do lado comprometido também se fecha ao mesmo tempo, isso é uma sincinesias. Também se observa na neuroadulto que pacientes que tem paralisia facial, eles podem acabar tendo sincinesias como, por exemplo, rir fechando o olho por falta de inibição Fadigabilidade muscular: esse paciente vai ter mais dificuldade de manter uma contração em um nível alto por mais tempo, o seu músculo acaba se cansando mais. Também é visto que ele tem um gasto energético e de oxigênio maior para conseguir manter essas contrações musculares (Uma das coisas a serem pensadas no planejamento no tratamento do paciente espástico ao compor os exercícios) Alterações viscoelásticas teciduais (contração alterada); são alterações que também vão acontecendo com o passar do tempo e vão, de alguma forma, impedir o musculo de ter tanto uma contração boa como um alongamento bom CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS POSITIVAS DA ESPASTICIDADE O mecanismo de co-contração (contração de vários músculos ao redor da articulação, sem seletividade mas ajuda na função) Porém, essa função gera alto consumo de O2 e alto gasto energético O paciente espástico na verdade realiza duas coisas: usa um mecanismo fisiológico de co-contração, que seria conseguir contrair vários músculos ao redor de uma articulação sem seletividade, que na verdade não é muito bom mas ajuda na função dele Por exemplo, dentro do desenvolvimento motor as crianças quando começa a andar por volta de 12 a 18 meses e começa a andar sozinha. Quando as crianças começa a andar sozinha, apresentam uma marcha muito característica chamada de Troller, no qual a criança anda semelhante a um robô, e para ela ter força, equilíbrio e se manter, faz esse mecanismo de co-contração contraindo tudo na tentativa de se manter mais tempo em pé. Outro exemplo, é ao pegar algo muito pesado no qual geralmente realizamos uma co- contração generalizada contraindo vários músculos ao mesmo tempo As crianças espásticas as vezes para ficar em pé ou para sustentar o braço, colocar e manter o cotovelo em extensão, cruzam esse mecanismo de co-contração. Muitas vezes, elas chegam na fisioterapia com esse mecanismo de co-contração já com padrões motores específicos da criança de acordo com a sua adaptação, porém ela realiza isso com grande gasto energético. A fisioterapia, no programa de tratamento, deve oferecer uma troca para que a criança consiga fazer o movimento de uma forma mais seletiva com mais qualidade de movimento e sem tanto gasto energético, o que é difícil pois muitas vezes a criança já chega com um padrão de movimento pronto, e temos que convencer a criança a adotar nosso método, convencer de que ele vai ser melhor para ela Outro mecanismo fisiológico que as crianças usam é a inibição reciproca, quando se tem a contração de um grupo muscular e o outro grupo muscular não pode relaxar de uma vez porque caso contrário não vai haver harmonia no movimento. Por exemplo, quando estamos de pé e vamos sentar na cadeira vamos realizar uma contração dos músculos flexores e relaxamento dos extensores, se acontecer isso nos despencamos bruscamente na cadeira. Portanto, o que é feito que ao mesmo tempo em que os isquiotibiais estão se contraindo, o quadríceps está fazendo uma contração excêntrica na fase de alongamento do musculo para não deixar essa inibição reciproca acontecer e manter a harmonia do movimento Nas crianças espásticas vai ter essa inibição reciproca ainda mais exacerbado. Então a criança vai contrair muito ambos os músculos, por exemplo, ao sentar, vai contrair tanto os flexores e extensores dificultando o movimento de sentar, o movimento fica travado Essas funções acabam gerando um alto consumo de oxigênio e alto gasto energético. Om o passar do tempo, as crianças vão deixando de fazer atividade física o que é um grande problema, vão ficando mais paradas, mais espásticas, com menos elasticidade muscular, com isso, vão perdendo função TRATAMENTO DA ESPASTICIDADE Estudos de Iana Novak e colaboradores de 2013 (primeiro estudo) e 2020 (segundo estudo) apontam, após revisões de vários artigos sobre terapias, que as melhores evidências (85%) para tratamento da espasticidade são: TBA (toxina botulínica do tipo A), blacofen, diazepan, rizotomia dorsal seletiva. Desses padrões ouros, nenhum o fisioterapeuta pode realizar pois se trata de medicamentos e tratamentos com injetáveis e invasivos, mas a fisioterapia vai trabalhar em maximizar e ganhar função após a realização desses tratamentos Blacofen pode ser utilizado nos casos graves de espasticidade e com muitos músculos acometidos. O diazepan também é um depressor do SNC, muito utilizado para fazer dormir. Também há uma medida que seria a cirurgia de rizotomia dorsal seletiva na qual o paciente a realizar o procedimento deve ser muito bem eletivo para tal. O médico abre a região mais baixa onde está a cauda equina e ele vai cortar a raiz sensitiva (dorsal) através de um eletrodo que vai estimulando cada raiz nervosa dentro do saco dural e ele vai observando as respostas desses estímulos, se o músculo mexe ou não mexe, se tem expansão muscular para outros músculos ou não, e vai escolhendo quais raízes ele vai cortar. Esse procedimento gera uma melhora definitiva da espasticidade A fisioterapia atua nas consequências da espasticidade e hoje, o padrão ouro é o fortalecimento muscular. Artigos mais antigos de 5 a 10 anos atrás não se pensava em trabalhar fortalecimento muscular em pacientes com espasticidade, porém hoje em dia é o que se tem de melhor para fazer pelo paciente e é importante sempre estar se atualizando e buscando o melhor tratamento para o paciente Quando se fala dos tratamentos baseados em evidencias, é sempre importante ao propor um tratamento, ou criar um protocolo ir buscar o que tem evidencia cientifica. FORTALECIMENTO MUSCULAR NA ESPASTICIDADE A fraqueza muscular é a pior alteração musculoesquelética secundária à espasticidade, por isso é necessário o ganho de força muscular não apenas nos músculos espásticos mas em todos os músculos. Esse fortalecimento muscular deve fazer parte do programa de tratamento em qualquer criança espástica que tenha no mínimo 4 anos (antes dessa idade é difícil a criança entender inclusive o movimento que deve serrealizado, como tem que realizar, há crianças que é possivel trabalhar e há crianças que não, e antes dos 4 anos os testes musculares que são feitos antes não são muito fidedignos porque a criança não entende muito o que ela tem que fazer) O fortalecimento muscular tem que fazer parte do nosso programa em crianças espásticas com no mínimo 4 anos de idade Usamos theraband, pesinhos, bike, esteira, caneleiras (podem ser coloridas para crianças e tem se a partir de 300 gramas e 0.5 kg), etc (existem esteiras infantis) O QUE TEM EVIDENCIA EM 2021 NO TRATAMENTO DA ESPASTICIDADE 1. TBA (toxina botulínica A): atualmente é o padrão outro para o tratamento da espasticidade, aplicação máxima de 2 vezes em cada músculo com um intervalo de tempo em torno de seis meses da primeira aplicação para segunda visto que tem alguns pesquisadores demonstrando que quando é aplicado muitas vezes, pode começar a ter uma modificação na composição da arquitetura muscular e alguns elementos podem ser produzidos que não são muitos benéficos para o fortalecimento desejado para o músculo. Na pratica clínica, tem se um resultado bom com a aplicação de TBA em criança espástica nas primeiras aplicações, depois, essa criança que possui uma espasticidade importante já não consegue responder mais, tem médicos que possuem receio de aplicar uma dose máxima e começa a aplicar de pouco em pouco, a cada três meses, o que não traz efeitos 2. Uso de parapodium diário de 30 a 45 minutos: é como um caixote de madeira onde se consegue posicionar a criança em pé, conhecido no mercado como posicionador vertical, standing in table. É um aparelho em que pode ser feito ou ser comprado pronto, e a criança que possui espasticidade e não anda pode ficar nesse aparelho de 30 a 45 minutos todos os dias e isso deveria ser uma rotina em casa. O ficar em pé ajuda na espasticidade. Na clínica, também pode haver uma prancha infanto- juvenil que é utilizada para os pacientes maiores e é usado para melhorar a espasticidade, ajudam no alongamento muscular principalmente de cadeia posterior de MMII 3. Vibração: plataforma vibratória, outros vibradores locais: há vários estudos mostrando sobre a plataforma vibratória e outros tipos de vibradores usados em locais como planta do pé e da mão, podem ser usados vibradores como massageadores simples, podem ser usados em crianças espásticas. Além de melhorar a espasticidade, a vibração e exercícios sobre a plataforma vibratória, ajudam a recrutar um número maior de fibras musculares, promovendo um melhor fortalecimento dos músculos necessários para serem fortalecidos conforme o programa de tratamento 4. Combinação de Kinesio tapping + gesso seriado (principalmente em crianças que tem muito equinismo e pisam na ponta do pé) + vibração (tornozelo): há evidencias para a espasticidade dos músculos que envolvem o tríceps sural que levam ao encurtamento do tendão calcaneo. Portanto, é uma combinação utilizada nesse local e não serve para demais locais no corpo 5. Rizotomia dorsal seletiva acompanhada de fisioterapia após a cirurgia: não adianta fazer a cirurgia e depois não realizar a fisioterapia, deve haver a combinação desses dois fatores Dentro da fisioterapia, pode incluir também a estimulação da fora muscular por meio do FES, por exemplo, para um bom resultado, utiliza também alguns estímulos que podem trazer resultados legais com a crioterapia e a hidroterapia mas não estão dentro do padrão ouro. Eles podem ser utilizados e trazem resultados interessantes, só não estão dentro do padrão de evidencia acima de 85 % que a literatura mostra Importante ressaltar, que no tratamento algo que está sendo muito eficaz e bom para um paciente não necessariamente vai ser para o outro. Tem que ter cuidado nisso TRATAMENTO COM O ZICLAGUE Tratamento com um medicamento chamado ziclague, que consiste em um spray e trata de um recurso biotecnológico nacional, criado e desenvolvido por uma pesquisadora brasileira, fisioterapeuta Edna Aragão de Aracaju, SE, a partir do estudo de uma planta nativa da região nordestina. A partir dos estudos dessa planta nativa, ela observou que mostraram que essa planta conseguia alterações no músculo cardíaco, e ela começou a utilizar nos músculos estriados e começou a observar que havia uma base fundamentada de pesquisa até ela criar esse óleo essencial (ziclague) que tem ajudado no tratamento da espasticidade Ainda não tem evidência científica, é recente e tem muitas pesquisas sendo realizadas. As evidencias clinicas são positivas mas ainda é necessário mais estudos RECURSO BIOTECNOLÓGICO PARA TRATAMENTO DA ESPASTICIDADE Na espasticidade observa-se aumento do glutamato e diminuição da serotonina atuando nos canais de cálcio do músculo, deixando – os hiperestimulados. Com o passar do tempo, observa-se aumento do colágeno tipo I que leva a rigidez da fibra muscular. O ideal seria ter colágeno do tipo III para ter uma elasticidade muscular Então, é preciso pensar se o que está sendo injetado no musculo está ajudando na formação do colágeno do tipo III ou com o tempo está piorando e o musculo vai se contraturando (ainda não se sabe) ZICLAGUE Óleo doseado a partir do uso terapêutico da planta “colônia” Alpinia Zerumbet – planta do agreste nordestino (Tratamento fitoterápico, não invasivo) Alvo terapêutico do Ziclague: o óleo atua controlando os canais de cálcio, aumentando níveis de serotonina/decorina dentro do músculo e levando, com o uso mais prolongado, à mudança do colágeno, aumentando o tipo III dentro do músculo Ele é benéfico pois o fisioterapeuta pode receitar e pode aplicar. Não é um tratamento invasivo, não requer anestesia como aplicação do botox, as mães podem ter e utilizar em casa. Porém não adianta espirrar o óleo, e não realizar a fisioterapia em seguida (o ideal é aplicar o óleo e 20 minutos depois realizar exercícios promovidos pela fisioterapia) Atuação terapêutica nos canais de cálcio, favorece o relaxamento muscular e tem que estar associada à fisioterapia Patenteado pela fisioterapeuta Dra. Edna Aragão Farias Cândido, produzida pelo Laboratório Hebron, aprovado pela ANVISA (os pais podem comprar pela internet só precisam antes do número do crefito do fisioterapeuta que solicitar o uso do óleo no tratamento do paciente) o Em crianças, geralmente usa-se 2 a 3 jatos dependendo do músculo (1 frasco de 30 ml – 150 jatos) o Se usar 3 vezes por semana – 10 a 12 aplicações/mês (o ideal seria usar todos os dias, então fazer a aplicação em casa também mas vai depender da espasticidade) o Duração do frasco em torno de 6 meses (boa relação curto x benefício aproximadamente 280,00) o Borrifar nos músculos desejados, não friccionar, não precisa massagear, aguardar cerca de 20 minutos para haver relaxamento e iniciar a fisioterapia BLOQUEIOS QUÍMICOS 1. FENOL 2. Toxina Botulínica A – TBA (hoje em dia também utiliza a toxina botulínica do tipo B para quem produz anticorpos ara o tipo A) Ambos causarão uma neurólise química O fisioterapeuta pode indicar ao paciente fazer o bloqueio químico mas ele não realiza esse procedimento. É possível, dependendo do local, realizar a aplicação de TBA pelo SUS O FENOL é um álcool que cria uma quimiodenervação, hoje em dia ele é menos utilizado que a TBA mas ele é muito bom e eficaz em alguns nervos específicos. E principalmente ele pode ser uado em pacientes adultos com um padrão forte de espasticidade, adutora principalmente BLOQUEIOS – INDICAÇÕES o Tratamento das hipertonias o Elástica = espasticidade o Plástica = rigidez (o Parkinson leva à rigidez de alguns músculos) a toxina botulínica tipo A responde bem à rigidez, já o fenol nem tanto o Tratamento das distonias: movimentações indesejadas o Tratamento do estrabismo e blefaroespasmo (olho fica piscando o tempo todo): esses bloqueios surgiram principalmente no tratamento do estrabismoe do blefaroespasmo. O botox começou na oftalmologia tratando estrabismo e blefaroespasmo o Atualmente na estética: principalmente no músculo frontal da testa NEURÓLISE COM FENOL Empregado há mais de 50 anos, então ela é antiga Age como um anestésico local nas fibras gama dos músculos em concentração de até 3%, acima disso causará uma axonotmese química, ou seja, destruindo a bainha de mielina impedindo a condução nervosa e o arco reflexo, diminuindo o tônus muscular por aproximadamente 6 meses, depois disso a bainha de mielina se refaz e a espasticidade volta A aplicação do fenol doi e arde bastante INDICAÇÕES DO FENOL o Indicado somente em nervos motores. Exemplo: ramo anterior do nervo obturador ou do nervo musculocutâneo e não pode ser feito em nervos mistos porque quando isso acontece leva a um quadro de causalgia, que consiste em uma dor em queimação extremamente forte o Procedimento: feito através de agulhas. Por exemplo, um paciente possui muita espasticidade adutora de quadril, então é difícil fazer uma abdução e abrir as pernas desse paciente, então é preciso tratar isso antes que fique uma contratura e até mesmo cause luxação do quadril por conta dessa adução. Um dos nervos que o fenol agi muito bem é o ramo anterior do nervo obturador que inerva os adutores e que vai dar uma melhora relaxando os adutores do quadril, e como se trata de um nervo exclusivamente motor o paciente não vai ter dor. Outro nervo que também pode usar o fenol é no nervo musculocutâneo, e isso via ajudar muito na flexão do cotovelo o Efeitos imediatos: o efeito é imediato, o paciente já sente o relaxamento o Efeitos colaterais: se utilizar muito fenol pode ter muito relaxamento e não é isso o ideal pois tem que haver o relaxamento suficiente para a fisioterapia trabalhar o fortalecimento do músculo, pois pode haver a causalgia o Duração: aproximadamente 6 meses a espasticidade não volta da forma como ela estava o Relação custo/benefício: é mais barato do que a TBA portanto a relação custo/benefício é ótima Para achar o ramo anterior do nervo obturador: utiliza a eletroestimulação da corrente farádica daquelas bem simples, o médico sabe fazer o agulhamento no lugar certo, é feito a regulagem dessa corrente farádica diminuindo a miliamperagem e, onde com menos mA o músculo fica se contraindo é onde está o ponto em que o nervo entra dentro do músculo, então é nesse local ou no nervo mesmo em que vai ser injetado a dose programada de acordo com o peso da pessoa, tamanho do musculo TOXINA BOTULÍNICA A Nomes comerciais: BOTOXUSA; DYSPORTUK (há o botox de vários outros lugares mas os melhores são esses dos Estados Unidos e o outro inglês) OBS: há diferenças enquanto apresentação, tamanho do frasco, quantidade de proteína, tempo de validade e equivalência dentre outras. Então os médicos que utilizam precisam ter conhecimento dessas diferenças Se trata de uma toxina, portanto, ela vem de algum lugar, botulínica lembra de uma doença gravíssima, o botulismo. Essa doença se refere em ingerir uma grande quantidade de bolor principalmente o bolor não visível que é um bolor mais agressivo e está principalmente presente em alimentos enlatados, pode estar presente no palmito, em enlatados geral, e por não ser visível é ingerido. Depois disso, ele traz sintomas como perda de “É um agente biológico obtido laboratorialmente como uma substancia cristalina estável, liofilizada, associada a albumina humana e utilizada após diluição em solução salina (soro fisiológico)” força muscular e uma paralisia muscular que vai subindo e aparecendo no sentido da mão para cima e do pé para cima. Outra coisa que tem bolor é o mel brasileiro, portanto, não deve dar esse mel para crianças antes do um ano visto que ela ainda não tem defesa suficiente com anticorpos para isso E se essa quantidade de toxina botulínica for muito grande pode atingir o diafragma e a pessoa para de respirar, precisando ir para a UTI e ficar em um respirador mecânico para poder respirar e entrar em uma máquina para fazer uma plasmaferese para filtrar o plasma tirando essas quantidades de toxina botulínica presente no sangue e a pessoa vai melhorando mas o botulismo é uma condição grave E estudando sobre o botulismo, perceberam que se o bolor paralisa os músculos, imagina se utilizar um pouco de bolor e usar no músculo, será que paralisa? Será que relaxa o músculo? E diante disso, começaram a utilizar a proteína retirada do bolor e iniciando a aplicação nos animais e depois em seres humanos O estrabismo é quando se tem um músculo muito forte em relação a outro, por isso o outro puxa para um lado ou outro sendo convergente ou divergente. E começaram a aplicar a TBA nesses músculos mais tensos que levaram ao estrabismo e conseguiram corrigir essa condição com essa aplicação Após isso, começaram a pensar de fazer a aplicação em musculo espástico, a dose adequada para relaxar o músculo e poder fortalecer e alonga-lo depois. E, com isso, foram realizados pesquisas a respeito disso e no Brasil a TBA chegou mais ou menos no ano de 1995 NEURÓLISE POR TBA (toxina botulínica tipo A) Histórico: atua bloqueando a liberação de acetilcolina na terminação pré sináptica através da desativação das proteínas de fusão, impedindo que a acetilcolina seja lançada na fenda sináptica por conta da destruição da fena e como consequência a contração muscular fica bloqueada Quanto mais botox é aplicado, mais paralisia vai ter. Na espasticidade o objetivo é apenas relaxar portanto não pode ser aplicado uma dose muito grande. O médico deve conhecer bem espasticidade e saber o potencial que cada musculo tem de contração para usar uma dose suficiente para relaxar o músculo e não paralisar aquele músculo (a mesma coisa em quem trabalha com estética, é necessário uma dose suficiente para relaxar o músculo e não paralisar a ponto de não conseguir levantar a sobrancelha) INDICAÇÕES E EFEITOS o A TBA pode ser usada em qualquer tipo de nervo (misto, sensitivo e motor) o Efeitos iniciam entre o terceiro e décimo dia após a aplicação (geralmente 7 dias) com duração média de 7 meses. Respeitar sempre intervalo de 6 meses o A primeira aplicação quando bem feita é sempre a melhor e dura em torno de 7 meses, as outras que vem depois duram um pouco menos CONTRAINDICAÇÕES o Relativas: coagulopatias (problemas de coagulação), contraturas fixas, lactação (mulheres que estão em período de amamentação) o Absolutas: gravidez, infecção, alergia, febre Hoje em dia há muitos questionamentos sobre o benefício da aplicação da TBA de forma frequente ao longo de muitos anos. Será que realmente tem mais benefícios do que malefícios levando em consideração que se trata de uma toxina? Será que não seria melhor injetar duas vezes e trabalhar bastante a fisioterapia? Nesse sentido, muitas pesquisais atuais estão se voltando a entender e responder essas questões Mesmo a toxina botulínica sendo o padrão ouro, a melhor evidencia no tratamento do musculo espástico, ainda deve saber como ela deve ser usada, por quanto tempo deve ser usada, e qual a dose adequada para a aplicação. Hoje em dia se sabe que a dose adequada seria usar a dose máxima por quilo de peso da criança COMPLICAÇÕES o Relativas ao procedimento: dor (sem anestesia), hematoma, infecção local (é raro mas pode acontecer) o Relativas à toxina: alergia, formação de anticorpos (quando se aplica variadas vezes e o efeito começa a desaparecer, nesse caso a literatura mostra que pode tentar utilizar a TBB – toxina botulínica B), sensação de perda de força, e também pode pensar que pode haver alteração na formação arquitetônica do músculo INDICAÇÕES ATUAIS DA TBA o Espasticidade e rigidez parkinsoniana o Distonias: blefaroespasmo, distonia de tensão – é uma doença grave no qual o paciente se contorce principalmente o pescoço e muitas vezesnão consegue nem se alimentar direito por conta dessa movimentação involuntária, disfonia espasmódica das cordas vocais – pode ser feita a aplicação da TBA nas cordas vocais feitos geralmente por um otorrinologista o Estrabismos: geralmente aplicado pelos oftalmologistas o Disfunções fecais: geralmente aplicado pelos proctologistas em casos de um esfíncter anal muito contraído, em pacientes que tiveram tumor de reto e tem que usar uma prótese, por exemplo o Hiperidroses: suor excessivo. Geralmente pode ser aplicado na palma da mão, nas axilas o Cefaléias tensionais o Estética e estudos em obesidade mórbida: como aplicações no estomago mas por enquanto está em pesquisa REABILITAÇÃO PÓS BLOQUEIO QUIMICO (TBA OU FENOL) Objetivos: o Maximizar o efeito positivo da droga: quando as crianças fazem esses bloqueios químicos, é necessário aumentar a quantidade de fisioterapia e de TO (se faz duas sessões por semana, tentar aumentar para quatro vezes por semana) a fim de tentar maximizar os efeitos o Aumentar a elasticidade do músculo injetado (alongar os injetados e fortalece-los também- fortalecer o músculo injetado e não apenas os antagonistas) – também serve em uma pós aplicação do Ziclague o Estimular a contração dos músculos antagonistas (fortalecer os antagonistas) o Orientar família e cuidadores: orientar para realizar exercícios em casa também Sempre importante o fisioterapeuta buscar dados como a data em que foi a aplicação e a quantidade de droga aplicada e em qual músculo (divisão da dose não é muito bom para o tratamento) Cada frasco de botox tem 200 unidades (200 ml) o que estaria bom para uma criança de 7 – 8 anos no tríceps sural, podendo colocar isso em cada perna do que dividir em cada local e colocar 100 unidades em cada perna que não vai ajudar muito PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO o Exercícios de fortalecimento e alongamento mais ativo possivel (padrão ouro da fisioterapia – quanto mais ativo for o alongamento e fortalecimento é melhor) o Eletroestimulação FES: em crianças de 4 – 5 anos para cima o Órteses e posicionamentos corretos: muito importante utilizar após a aplicação do TBA, tentar usar o maior tempo possível – pode colocar na criança enquanto para dormir o Aumentar o número de sessões de fisioterapia e TO o Estimular a função global, plataforma vibratória, esteira, bicicleta, hidro, etc. AVALIAÇÃO PARA FUTURO BLOQUEIO Quando vai avaliar a criança para a aplicação do botox, em criança com paralisia cerebral, por exemplo, é preciso graduar a espasticidade usando a escala de Ashworth. E também é preciso ver qual o potencial do músculo quando a criança está mais relaxada, portanto, pode ser usado meios de inibir um pouco a espasticidade para visualizar se ela possui potencial bom para contração, porque esse é o ideal APLICAÇÃO DE TBA É feito com a criança sedada e anestesiada durante a aplicação. Limpeza de toda a pele e utiliza uma agulha eletrodo e depois troca a agulha e a droga vai pela mesma agulha. Então primeiro liga a agulha eletrodo no aparelho de corrente farádica, importante saber o mapa de pontos motores, o médico vai achar o melhor ponto onde, mesmo com mA baixa, ainda há contração muscular e é nesse local que ele vai aplicar a TBA CUIDADO!! Deve se tomar cuidado com o local em que é aplicado, como é aplicado, que médico vai aplicar. Não é o ideal e indicado aplicar apenas no consultório sem anestesia e nenhuma preparação, não é o protocolo padrão para a aplicação de TBA ou fenol O ideal é o fisioterapeuta indicar o paciente para um local aconselhável e confiável, para que a criança faça no hospital, para que ela não sinta dor