Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Doença� Infecci�s�� d�� Animai� Doméstic�� Introdução Doenças infecciosas são provocadas por patógenos que são agentes infecciosos. Nas doenças infecciosas, os patógenos se multiplicam para sobreviver, gerando a infecção. Os patógenos são transmitidos de um hospedeiro infectante para um hospedeiro suscetível. Nas Doenças infecciosas, variam: 1-Espécies Animais 2-Agente etiológico 3-Transmissão 4-Sinais Clínicos 5- Diagnóstico 6-Tratamento 7- Controle e Prevenção Cl�stridi�se� As clostridioses são um grupo de infecções e intoxicações provocados por bactérias do gênero Clostridium spp., encontradas no solo, pastagem, esgotos, sedimentos marinhos, sistema digestório dos animais e humanos e tecidos em decomposição. Importante: são bacilos Gram-positivos, anaeróbios e formadores de esporos, que é a forma de resistência que possibilita que permaneçam no ambiente por anos. São responsáveis por infecções e intoxicações letais e com alta taxa de mortalidade em homens e animais. Diversas espécies produzem toxinas, que atuam no organismo de diferentes maneiras, a absorção no sistema digestório - Enterotoxemias, Clostridium perfringens. No local da infecção: Tétano, Clostridium tetani, Carbúnculo sintomático, Clostridium chavoei. Produzida em alimentos ou matéria em decomposição: Botulismo, Clostridium botulinum. Esporos: forma de resistência, desidratação do citoplasma, extrema resistência à inativação química e física. Tétano ❖ Ag. Etiológico - Etiopatogenia Clostridium tetani: Está presente no ambiente em forma de esporos. • A entrada no organismo acontece através de feridas, produz toxinas com formação de necrose, as bactérias se reproduzem e produzem neurotoxinas. • No Sistema Nervoso, ocorre diminuição na liberação de neurotransmissores inibitórios (GABA e glicina), acarretando grande excitação, provocando Paralisia Espástica. ❖ Sinais Clínicos • Animais mais sensíveis: equinos, ovinos e caprinos, ocorre em outras espécies animais. Período de incubação: 1 a 3 semanas. • Febre baixa ou ausente e hipertonia muscular - trismo mandibular, rigidez da nuca, protrusão de terceira pálpebra, disfagia, hiperextensão de membros, opistótono (espasmo, típico do tétano, em que a coluna vertebral e as extremidades se curvam para diante e o corpo, em arco) e insuficiência respiratória, cauda em bandeira e posição de cavalete. Convulsões podem ocorrer desencadeadas por estímulos ambientais. ❖ Diagnóstico • Baseado no histórico, anamnese e sinais clínicos. • Diagnósticos diferenciais importantes: Raiva e intoxicações com sinais nervosos, como por exemplo, por estricnina. ❖ Tratamento Deve ser elaborado para: 1- Combater a bactéria: produtora de toxina, por meio do uso da penicilina. 2- Atuar sobre a neurotoxina: com uso de soro antitetânico. Outras medidas: - Tratar as lesões: evitar “porta de entrada” da infecção. - Fazer o tratamento sintomático: uso de anticonvulsivantes. - Manter o animal em ambiente escuro e tranquilo. - Sedação quando necessário. ❖ Controle e prevenção • Estar atento e tratar as feridas nos animais. • Uso de vacina com toxóide em bovinos, ovinos, caprinos, equinos, suínos, cães e gatos. Em equinos: reforço vacinal antes de cirurgias e aplicação de soro antitetânico, antes ou após o procedimento também. Botulismo ❖ Agente etiológico Clostridium botulinum: • É classificado em 7 tipos, de acordo com a neurotoxina que produzem. - No homem: C. botulinum tipos A, B, E e F. - Em animais: C. botulinum tipos C e D. Agente Etiológico - Etiopatogenia em bovinos: • Clostridium botulinum é encontrado no pasto em carcaças ou ossos. • Bovinos com deficiência nutricional no pasto sujo lambem carcaça ou ossos, por onde ocorre entrada no organismo, torna-se infectante começam a produzir neurotoxinas. • No sistema nervoso, a neurotoxina impede a liberação da acetilcolina nas junções neuromusculares, fazendo com que não ocorra contração muscular, causando a paralisia flácida. Relembrando: Contração Muscular 1- Os potenciais de ação via nervo motor, atinge as terminações das fibras musculares. 2- Ocorre a secreção e liberação do neurotransmissor acetilcolina nas sinapses. 3- A acetilcolina abre os canais de Na+ na membrana. 4- Membrana é despolarizada, e depois há fechamento dos canais de Na+ e abertura dos canais de K+ gerando um potencial de ação. 5- Potencial se propaga por toda a membrana da fibra muscular, no centro da fibra muscular ocorre liberação do cálcio do sarcolema (REL). 6- Os íons cálcio ativam forças atrativas entre os filamentos de actina e miosina, com processo contrátil. 7- Os íons cálcio após fração de segundos, são bombeados para o sarcolema, cessam as forças atrativas entre filamentos de actina e miosina, cessa a contração, como relaxamento. Há gasto de ATP. ❖ Sinais Clínicos • Nos ruminantes, o curso da doença pode ser de horas a poucas semanas, a letalidade é próxima dos 100%. • Os sinais clínicos iniciais são: dificuldade de locomoção, incoordenação dos membros posteriores, progressão cranial da paralisia flácida. O animal entra em estado pré-agônico, ocorre morte por parada cardiorrespiratória. • O botulismo pode ocorrer nos animais por: - Deficiência de fósforo e osteofagia, pastagens “sujas” no caso de ruminantes; - Ingestão de água ou alimento contaminados, para as demais espécies animais, como cama de frango, fenos, grãos, rações e silagens de má qualidade ou mal armazenados. ❖ Diagnóstico • Baseado em epidemiologia, anamnese, sinais clínicos, animais acometidos e exames de laboratório - ELISA e PCR. • Teste padrão: Ensaio Biológico é a Inoculação de tecido animal contaminado (coletado em necrópsia) em camundongos, apresentam sinais clínicos de botulismo. ❖ Tratamento e Controle • Soro Botulin C-D • Vacina com toxóide C e D. •Evitar a ingestão de toxinas pré-formadas pelos animais, medidas como: não deixar o pasto sujo, suplementação adequada dos ruminantes, não fornecer cama de frango, fornecer água e alimentos de alta qualidade. Carbúnculo Sintomático ❖ Etiologia - Etiopatogenia Clostridium chauvoei. • É uma doença exclusiva de bovinos, ocorre principalmente em animais jovens. • A infecção inicia-se pela ingestão de esporos, maioria excretado pelas fezes, alguns esporos deixam o intestino e são distribuídos pelo organismo pelos macrófagos, permanecem dormentes nos tecidos, tornam-se infectantes e iniciam a produção de toxinas. • O esporo torna-se a forma infectante e produz a toxina, que causa alteração na membrana celular. Altera a permeabilidade de membrana, influxo de água causando citotoxicidade e morte celular. ❖ Sinais Clínicos • Observa-se a temperatura elevada ou normal, anorexia e depressão. • Quando há acometimento de membros, ocorre dificuldade de locomoção e aumento de volume variável, junto com crepitação subcutânea. • Crepitação de tecidos: ocorre pela grande quantidade de gás produzido, devido a multiplicação bacteriana local, gerando edema e hemorragia. • Em casos raros, ocorre a forma visceral e assintomática, onde órgãos internos, como a língua, o diafragma ou o coração são acometidos. • Ocorre morte-súbita o animal não apresenta lesões visíveis. ❖ Diagnóstico Baseado em: • Histórico, anamnese e sinais clínicos, como áreas de crepitação em tecidos. • Teste ELISA. ❖ Tratamento e Controle • Devido ao curso superagudo da doença, deve-se administrar via endovenosa altas doses de penicilina, iniciar o mais rápido possível. •Importante: manejo adequado de carcaças, não abrir os animais e incinerar, devido ao risco de contaminação do solo. Importante!! • Neurotoxinas botulínicas e tetânicas são mais potentes toxinas de origem microbiana conhecidas. • As Clostridioses são as principais enfermidades que acometem os animais domésticos no país, com altas taxas de morbidade e letalidade, que são responsáveis por grandes prejuízos econômicos ao setor produtivo. Caso Clínico 1� Durante o período de Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, realizado na Prefeitura Municipal de Salvador das Missões, foi atendidoum bovino macho da raça nelore, com cerca de 8 meses de idade, pesando aproximadamente 200 kg de peso vivo, apresentando um escore de condição corporal de 2,75 (em uma escala de 1 a 5, onde 1 é magra e 5 é obesa). Na anamnese o proprietário relatou que o animal era mantido em sistema de confinamento de auto grão. O macho havia sido encontrado em decúbito lateral na tarde do atendimento, com musculatura enrijecida e apresentando tremores musculares, na mesma manhã, não havia sido identificada nenhuma alteração no lote de animais. O confinamento estava superlotado. A alimentação dos animais era à base de grão de milho quebrado, aveia, feno de Tifton e sal mineral. O proprietário também relatou que o animal havia sido castrado cerca de 15 dias antes do atendimento e não havia sido vacinado para nenhuma doença. Ao realizar o exame clínico, verificou-se que o animal estava em decúbito lateral, apresentando estrabismo ventral com pupilas dilatadas, dificuldade de flexão dos membros que estavam estendidos e afastados do solo (paralisia espástica), apresentava tremores musculares, trismo mandibular, miotomia, acúmulo de alimento na cavidade oral, opistótono e dificuldade respiratória. Qual a sua suspeita de diagnóstico? Justifique a sua resposta e como proceder nesse caso? Resposta: Tétano - Devido ao bovino apresentar a musculatura enrijecida, apresentar espasmos, trismo mandibular, hiperextensão dos membros, opistótono e dificuldade respiratória. Proceder neutralização da toxina tetânica com o soro antitetânico, debridamento do foco infeccioso a lesão na pele, administração de penicilina como antibiótico de escolha, assim como outras medidas gerais de suporte. Manter o animal em ambiente escuro e silencioso, com temperatura estável e agradável a fim de minimizar os sinais clínicos apresentados. Caso Clínico 2� Foi atendido um bovino macho da raça jersey, com 10 meses de idade, pesando aproximadamente 250 kg de peso vivo, apresentando um escore de condição corporal de 3,25 (em uma escala de 1 a 5, onde 1 é magra e 5 é obesa). Na anamnese o proprietário relatou que havia solicitado atendimento de outro Médico Veterinário há dois dias, pelo fato do animal encontrar-se apático e não ter se alimentado corretamente, sendo que apresentava temperatura retal de 40,6ºC e foi introduzida terapia para tratamento de um suposto problema urinário, entretanto o proprietário não soube informar os medicamentos aplicados. Posteriormente o proprietário solicitou atendimento novamente, desta vez pela prefeitura municipal desconfiando de uma fratura do membro posterior esquerdo. Ao exame clínico, o animal encontrava-se em decúbito lateral, com o membro posterior esquerdo edemaciado e ao toque do mesmo apresentava crepitação e presença subcutânea de gás, lembrando um tecido esponjoso. Na auscultação foi possível verificar frequência cardíaca de 102 batimentos por minuto, frequência respiratória de 38 movimentos por minuto e temperatura retal de 38,2°C. Não foi encontrada nenhuma lesão aparente que possa ter sido a porta de entrada da doença. Qual a sua suspeita diagnóstica nesse caso e por que você chegou a essa conclusão? Como proceder ? Resposta: Carbúnculo Sintomático - devido no exame clínico o bovino apresentar crepitação nos tecidos e presença de gás, membro posterior edemaciado, são sinais clínicos dessa doença que afeta principalmente animais jovens. Proceder com administração endovenosa de altas doses de penicilina iniciar o mais rápido possível. Clostridioses que acometem animais no Brasil Esporos penetram no organismo, por: 1.1 Ingestão de alimentos: Da forma esporulada é iniciada a produção de toxinas. Alimentos contaminados com toxinas pré-formadas. 1.2 Lesões na pele Enterot�xemia� São clostridioses agente etiológico Clostridium perfringens. Ocorrem em certas condições, devido a fatores predisponentes, com grande proliferação bacteriana intestinal, depois ocorre a produção de toxinas. Tipos de toxinas: toxinas alfa, beta, épsilon e iota. Clostridium spp.: são bastonetes Gram Positivo, esporulados e anaeróbios estritos, presente na microbiota intestinal de animais e seres humanos. Toxinas produzidas pelo C. perfringens Toxina Alfa: possui origem cromossomal, os efeitos principais são hemólise intravascular, danos capilares e agregação plaquetária. Toxina beta: origem plasmidial, o efeito principal é formação de poros e alteração na permeabilidade vascular. Toxina épsilon: origem plasmidial, o efeito principal é alteração na permeabilidade vascular. Toxina iota: origem plasmidial, o efeito principal é alteração na organização do citoesqueleto celular. Toxina: Alfa - A Espécie Animal: Suínos, aves e ovinos. Sinais Clínicos • Suínos: leitões de 1 a 4 dias de vida, a infecção é por esporos do ambiente. Os sinais clínicos são diarreia mucóide e pastosa, de coloração amarelada e não hemorrágica, apatia, desidratação e baixa taxa de crescimento. • Aves: ocorre em frangos de corte e aves silvestres, fatores predisponentes são doenças concomitantes como coccidiose, o tipo de dieta, estresse e elevada densidade animal. Acomete animais jovens de duas e cinco semanas de idade. Os sinais clínicos são inespecíficos com queda no desempenho zootécnico, como redução na uma taxa de crescimento e a desuniformidade do lote. • Ovinos: há hemólise de eritrócitos com a liberação de hemoglobina. Os sinais clínicos são depressão, anemia, icterícia e hemoglobinúria. O curso clínico é de 6 a 12 horas, podendo o animal vir a óbito. Uma condição semelhante é descrita em caprinos e bezerros. Toxina: Beta - B Espécie Animal:Caprinos, ovinos, bovinos e equinos. Sinais Clínicos •Disenteria em cordeiros recém nascidos podendo afetar também caprinos, bezerros e potros. Ocorre em cordeiros com menos de duas semanas de idade. • A toxina beta é inativada por enzimas proteolíticas, como a tripsina. O excesso de colostragem (fator pré-disponente), por ser o colostro fonte de fatores antitripsínicos, favorecendo assim a ação da toxina. • Possui morbidade em torno de 30%, com letalidade podendo atingir 100% dos animais acometidos. • O curso superagudo é em poucas horas os animais com fortes dores abdominais, redução na sucção do colostro e/ou leite, fezes semifluidas e coradas de vermelho (quadro de enterite) extensa hemorragia e ulceração do intestino delgado. Toxina: tipo C Espécie Animal: Suínos. Sinais Clínicos • Enterites necróticas hemorrágicas em leitões com até sete dias de vida, que podem afetar animais com menos de 12 horas de vida. Forma superaguda: sinais clínicos aparecem entre 12 a 24 horas após o nascimento do leitão, com morte em até 24 horas com diarreia hemorrágica com consistência aquosa e severa com desidratação. Na forma aguda, apresenta diarreia hemorrágica com restos necróticos, sinais de dor abdominal, desidratação, apatia e a morte pode ocorrer por obstrução intestinal ou toxemia. A forma crônica é menos frequente, apresenta fezes amareladas a esbranquiçadas. Toxina: Épsilon Espécie: Caprinos, ovinos, bovinos. Sinais Clínicos • Agente da doença da superalimentação ou do rim pulposo. Possui distribuição mundial, ocorre primariamente em ovinos de qualquer idade com exceção dos recém nascidos, e em menor frequência caprinos e bovinos. • Alterações na microbiota ruminal: decorrência de mudanças bruscas na alimentação, fornecimento de dietas ricas em carboidratos e pobre em fibras, dentre outros fatores há multiplicação do agente em proporções logarítmicas, produzindo grandes quantidades da toxina épsilon, a toxina ativada atua sobre o epitélio intestinal, causando aumento da permeabilidade vascular, atinge a circulação sanguínea, atinge órgãos como cérebro, rins, pulmões, fígado e coração. Aumento da permeabilidade vascular, com extravasamento de líquidos e proteínas para o espaço perivascular (edema) no tecido cerebral, chamado de edema perivascular. • A maioria dos casos, a morte ocorre durante as primeiras 6 a 18 horas, a sobrevivência por mais de 36 a 48 horas, ocorre necrose do tecido cerebral,encefalomalácia focal simétrica. • A forma superaguda ocorre com morte entre quatro a oito horas, as alterações neurológicas como opistótono e movimentos de pedalagem, taquipnéia e edema pulmonar. Toxina: Iota Espécie animal: Caprinos, coelhos e bovinos. • Patogenia: produção da toxina iota, é ativada por enzimas proteolíticas para promover a sua atividade biológica, causando citólise. • Sinais Clínicos: diarréia hemorrágica com morte do animal em poucas horas. ❖ Diagnóstico e Controle • O diagnóstico é pela detecção da toxina diretamente no conteúdo intestinal, teste de soroneutralização em camundongos. Também podem ser usadas técnicas de PCR – associadas ao histórico do animal e da propriedade, sinais clínicos, achados de necropsia e histopatologia dos órgãos com lesões. • O controle é pelo manejo correto, higiene e desinfecção do ambiente. Vacinações sistemáticas de todo o rebanho podem ser feitas. Reforço após quatro e seis semanas. Para suínos e aves: ausência de vacinação, uso de antibióticos precoce. Gangren� Gas�s� Agente Etiológico Clostridium spp., principalmente o Clostridium perfringens, que ocorre em 80 a 90% dos casos. • Espécies animais: ruminantes, bovinos, ovinos e caprinos, e raramente equinos e suínos. • Clostridium perfringens: produz toxinas e gás no local da ferida, as enzimas proteolíticas determinam lise de proteínas que degradam os tecidos tornando-os escuros, tumefeitos e crepitantes. Fisiopatologia Presença de lesão - Gangrena Gasosa devido a manejo inadequado: O esporo penetra na ferida, torna-se forma infectante e multiplica-se, e inicia a produção de toxina e gás. •Enterotoxemia: causa diarréia e desidratação (altera permeabilidade dos enterócitos) nas células da mucosa intestinal. •Toxina Alfa: produz micro necroses no tecido subcutâneo e musculatura. Ocorre edema crepitante, hemorragia e necrose, pode haver morte em 24 a 48 hs. Toxina alfa Pode provocar hemólise, lise de leucócitos e plaquetas, com formação de trombos em vênulas, capilares e arteríolas. Libera histamina dos mastócitos e promove vasodilatação. Altera o funcionamento da bomba de cálcio, do retículo sarcoplasmático da musculatura cardíaca, com redução da função sistólica e da contratilidade. Sinais Clínicos • Febre alta, depressão, apatia, perda do apetite, taquicardia, manqueiras, tremores musculares, rigidez ou claudicação, um quadro toxêmico que evolui para a morte num período que varia de poucas horas ou dias, normalmente entre 24-48horas após o aparecimento dos primeiros sinais clínicos. • Ocorrem mionecroses, localizadas ou difusas acometendo o tecido muscular e subcutâneo, como áreas escura, com edema e presença de gás. • Tanto na gangrena gasosa ou no carbúnculo sintomático não há controle rápido, o animal desenvolve toxemia sistêmica e choque, levando a morte ocorre pelo efeito da Toxina Alfa na hemodinâmica do sistema vascular. Diagnóstico O diagnóstico está baseado em: - Histórico dos animais e da propriedade; - Sinais clínicos, que são pouco conclusivos; - Exame de necropsia: por meio de microscopia; - Esfregaços, PCR, e laboratorial com o isolamento C. perfringens. Controle Controle e profilaxia: realizar a vacinação sistemática do rebanho com bactérias e toxóides específicos, vacinação com toxóide alfa. Administração em intervalos de 4 a 6 semanas com reforço anual. Em rebanhos vacinados sistematicamente, os anticorpos colostrais protegem os bezerros por até 3 á 4 meses após o nascimento, a primeira vacinação desses deve ser realizada após este período. A falha vacinal pode levar a mionecroses em animais vacinados, falta de assepsia no local da vacina e com o material de vacinação, assim como manejo inadequado, excesso de matéria orgânica no local, condições de estresse animal. Salmonel�s� Salmonelas são bactérias Gram-negativas, intracelulares facultativas, não são formadoras de esporos, aeróbias ou anaeróbias facultativas, geralmente móveis, pertencentes à família Enterobacteriaceae. Sorotipos de Salmonella enterica subespécie enterica infectam animais de sangue quente. A Salmonella enterica é conhecida mundialmente como o agente causador de toxinfecções alimentares em seres humanos. Salmonelose em bovinos • Sorotipos de Salmonella enterica subespécie entérica, sorovar Dublin. •Manifestação clínica da salmonelose em bovinos: Os bezerros recém-nascidos são mais acometidos por essa forma septicêmica, em bezerros com idade superior a quatro semanas e os bovinos adultos apresentam formas aguda e crônica. • A principal porta de entrada para a infecção é a cavidade oral, pela ingestão de água e alimentos contaminados. ❖ Fisiopatologia • Infecção oral pela ingestão de água e alimentos contaminados. A bactéria se instala no íleo e ceco, ocorre a multiplicação provocando destruição dos enterócitos. Causando uma reação inflamatória (enterite fibrinopurulenta), levando a perda de água, eletrólitos e bicarbonato de sódio, desequilíbrio hídrico-eletrolítico ácido-base do organismo. • Enterite fibrinosa: A presença de material amarelado, proteináceo no lúmen intestinal é indicativo de uma exsudado fibrinoso. No ID, a observação de fibrina no lúmen, ou aderida à mucosa, é altamente sugestiva de infecção por Salmonella typhimurium. ❖ Sinais Clínicos • Diarréia com sangue e muco, desidratação, febre, perda de apetite, podendo ocorrer depressão e choque. Importante: a taxa de mortalidade é inversamente proporcional à idade dos animais atingidos. • Salmonella enteritidis podem sobreviver e multiplicarem-se dentro de macrófagos, e assim são transportadas aos linfonodos mesentéricos e a outros órgãos, podendo ocasionar: pneumonia, meningite, poliartrite, osteíte e até gangrena. • Em bezerros, de uma a seis semanas são mais suscetíveis à infecção por Salmonella Dublin, podendo apresentar febre, diarreia, sinais respiratórios e bacteremia. Com período de incubação de um a quatro dias e a morte pode ocorrer subitamente ou após um período de três a sete dias em 10 a 50% dos bezerros infectados. • Nos animais adultos, os sinais clínicos são febre, apatia, perda de apetite, diarreia, queda da produção leiteira, mastite e abortamento. Os bovinos infectados podem se tornar portadores e eliminar o microrganismo constantemente ou intermitentemente nas fezes e no leite, sendo uma importante fonte de infecção para outros animais do rebanho e também para seres humanos. ❖ Diagnóstico • Isolamento bacteriológico (cultivo em meio de cultura), demora cerca de 10 a 15 dias e antibiograma, cultura e antibiograma. • Outros métodos também são utilizados como a reação em cadeia da polimerase (PCR) e ensaio imunoenzimático (ELISA). ❖ Tratamento • Utilização criteriosa de antibióticos, como as sulfas, e também realizar a cultura e o antibiograma, fluidoterapia e antiinflamatórios não esteroidais. • Profilaxia: Boas práticas de manejo e medidas de biossegurança. Salmonelose em Aves Indústria avícola Características principais: apresenta constante agregação de tecnologias como melhoramento genético, ambiência e manejo. Nas granjas brasileiras, a excelência desses fatores possibilitou um salto evolutivo, sendo o terceiro maior produtor de carne de frango. A previsão de exportações para 2020 é de 4 milhões de toneladas. Nesse cenário, a presença de plantéis com maior densidade, e o sistema de confinamento utilizado predispõe a disseminação de patógenos de diferentes etiologias, com efeito direto sobre a produtividade e perdas econômicas. As bactérias do gênero Salmonella spp. são os patógenos mais comuns na avicultura, responsáveis por grandes perdas de produtividade nas granjas, que são ainda maiores responsáveis por toxinfecções alimentares em humanos, através da contaminação de produtos alimentícios de origem avícola. Salmoneloses aviárias Constituem doenças agudas ou crônicas causadas por bactérias do gênero Salmonella. Dentre elas a Salmonella Pullorum (Pulorose), Salmonella Gallinarum (Tifo aviário), Salmonella Typhimurium e Salmonella Enteritidis (Paratifo Aviário). A Salmonellapullorum e a Salmonella gallinarum, são responsáveis por doenças clínicas, que acarretam prejuízos à avicultura mundial. Pulorose em aves - Salmonella pullorum • Doença aguda de alta mortalidade, que acomete principalmente aves jovens de segunda e terceira semana de vida. • As aves que sobrevivem podem se tornar portadoras, à persistência da bactéria por longos períodos pode ocorrer colonização do trato reprodutor com transmissão transovariana, os sinais clínicos em aves adultas são pouco evidentes. • Os sinais clínicos em aves jovens são: depressão, asas caídas, sonolência, fraqueza, perda de apetite, retardo no crescimento, fezes de coloração branca, amontoamento e dificuldade respiratória, seguida de morte. Tifo em aves - Salmonella Gallinarum • Doença comum em granjas de postura comercial, mas pode ocorrer em matrizes de corte também. • A transmissão vertical e horizontal, por contato direto entre aves doentes e sadias, é importante em casos de presença de aves mortas na granja e canibalismo. •Os sinais clínicos observados geralmente em aves adultas são: apatia, prostração, inapetência, diarréia amarelo-esverdeada, queda de postura, dispnéia, anemia grave até à morte. • Apresenta morbidade e mortalidade altas, apresenta um curso de aproximadamente cinco a sete dias. Paratifo em aves - S. Typhimurium e S. Enteritidis • Salmonella Typhimurium e Salmonella Enteritidis são os agentes da doença e apresentam transmissão vertical e horizontal. • Estão presentes na microbiota intestinal, ocorrem quadros entéricos em aves jovens e aves adultas em situações de estresse. • Sinais Clínicos: - Aves jovens: apatia, penas arrepiadas, asas caídas, amontoamento e diarreia. - Aves adulta: inapetência, queda de postura, diarreia, cegueira e claudicação. • Sorovares paratifoides são responsáveis por graves doenças gastrointestinais em humanos, apresentando importância na saúde pública. Transmissão da Salmonelose aviária • A transmissão vertical ocorre pela contaminação do ovo no trato reprodutivo ou ao passar pela cloaca por contaminação com as fezes, na eclosão do pintinho, apresenta importante fonte de contaminação. • A transmissão horizontal, ocorre pela por via fecal-oral, através água e rações contaminadas. • Aves portadoras podem contribuir para a persistência do microrganismo no ambiente e consequente disseminação. • Outras fontes de transmissão: roedores, aves silvestres e outros animais que favorecem a introdução e permanência da bactéria em propriedades avícolas. ❖ Diagnóstico Para diagnosticar e tratar as Salmoneloses é necessário isolar e identificar a bactéria, através da cultura e antibiograma. ❖ Tratamento Controle: uso de agentes antimicrobianos para o tratamento das doenças. • O tratamento pode diminuir a mortalidade, porém as aves continuarão a ser portadoras do agente. Uso extensivo desses produtos, levam a presença de resíduos na carne e das prováveis causas de cepas de Salmonella spp. resistentes. • Desde 2006, a comunidade Europeia proíbe o uso de alguns antibióticos, restringindo o uso na produção de carnes e ovos. • O MAPA passou a realizar um monitoramento contínuo do nível de contaminação por Salmonella spp, em plantéis e abatedouros, o Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA). • Produtos alternativos: utilização de fitoterápicos, óleos essenciais de orégano, canela, eucalipto (Eucaliptus spp), artemísia (Artemisia vulgaris L.) e trevo (Trifolium spp.) – aditivos fitogênicos. Mastit� e� vaca� A mastite é uma doença complexa, é considerada uma das principais causas de perdas na indústria leiteira mundial. Um dos motivos considerando a prevalência da mastite subclínica sem alterações perceptíveis no leite: - 48,64% na espécie bovina; - 30,7% na espécie caprina; - 31,45% na espécie ovina; - 42,2% na espécie bubalina. Relembrando: Glândula Mamária Pode ser considerada uma glândula sudorípara exócrina modificada que secreta leite, com duas metades distintas, que são independentes. Composta por: 1- Unidade funcional ou de secreção: alvéolo, onde é produzido o leite. 2- Unidade coletora: cisternas da glândula e do teto. O leite é produzido nos alvéolos, depois é drenado pelo ducto maior e em seguida vai para cisterna da glândula e cisterna do teto. Desenvolvimento Crescimento mamário, sua diferenciação e lactação estão relacionados aos processos de mamogênese, lactogênese e galactopoiese. Mamogênese: as novilhas já nascem com estruturas básicas das glândulas mamárias, o maior desenvolvimento ocorre após início do ciclo estral, na puberdade. No hipotálamo, por volta de 30 a 36 meses, ocorre a ação das gonadotropinas. Na hipófise, ocorre liberação do Hormônio Luteinizante (LH) e Folículo Estimulante (FSH). E nos ovários, desenvolvimento de ovócitos e depois a ovulação. Com Estrógeno e Progesterona inicia o desenvolvimento das glândulas mamárias, a liberação da prolactina e ocitocina fazem que ocorra a ejeção do leite. A Lactogênese é a Galactogênese compreendem a aquisição da capacidade das células alveolares da glândula da glândula mamária de produzir leite e secretá-lo. A prolactina é o hormônio peptídico produzido na hipófise anterior, atua no desenvolvimento de tecido mamário (mamogênese), é o início e mantendo a lactação (lactogênese e galactopoese). Fatores que influenciam na ejeção do leite: o som da máquina de ordenha, visão do bezerro, o impulso nervoso, liberação de ocitocina, contato com a pele do úbere ou do teto. Alvéolos e ductos: células mioepiteliais que respondem à ocitocina. Mastite Patogênese - dividida em cinco etapas: 1.O microrganismo penetra no canal do teto; 2.O microrganismo multiplica-se usando como substrato o leite; 3.Microrganismo alcançam os ductos coletores e alvéolos; 4.Multiplicação do microrganismo estimula a atração de leucócitos, há formação de edema e abscesso em alguns casos; 5.Mesmo em casos de cura, o tecido secretor glandular pode ser substituído por tecido conectivo fibroso. ❖ Etiologia • Os agentes etiológicos causadores de mastites são classificados em dois grupos: contagiosos e ambientais. • Os agentes contagiosos vivem e se multiplicam sobre ou dentro da glândula mamária, sua transmissão ocorre de animal para animal ou de teto para teto durante a ordenha. Os principais agentes: Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, Mycoplasma species e Corynebacterium bovis. • Os agentes ambientais vivem no meio onde os animais são criados, a infecção das glândulas ocorre no período entre as ordenhas. Os agentes descritos com maior frequência são: Streptococcus dysgalactiae, Streptococcus uberis e Streptoccous bovis, Enterococcus faecium e Enterococcus faecalis, além de bactérias Gram-negativas - Escherichia coli. ❖ Resistência antimicrobiana Pontos a serem observados no controle da mastite: 1. Resistência aos antimicrobianos principalmente a penicilina, ampicilina, amoxicilina e neomicina são os antimicrobianos para os quais os microrganismos causadores de mastites em ruminantes apresentam maior resistência. 2. Outros fatores: - dificuldade de aplicação do medicamento (no intra-teto); - uso da dose inadequada e durante do período de tempo incorreto; - não fazer cultura e antibiograma, para determinar o patógeno e o antibiótico adequado, de acordo com a sensibilidade microbiana. ❖ Medidas de Manejo 1- Fazer uma linha de ordenha: vacas sadias, vacas que apresentaram mastite e estão curadas, vacas em tratamento, por último. 2- Uso de caneca telada, para desprezar os primeiros jatos de leite, os mais contaminados. 3- Realizar CMT (Califórnia Mastite Teste), é um teste muito empregado para identificar vacas com mastite subclínica na fazenda. 4- Usar solução após a ordenha. 5- Evitar contaminação dos animais por meio das mãos de quem ordenha e de fômites. CMT: Mistura-se o leite com o reagente, homogeneiza-se e faz-se a leitura após 10 segundos. De acordo com a quantidade de células somáticas do leite, forma-se um gel, de espessura variada. Se a quantidade de células somáticas é baixa, não forma gel, o resultadoé negativo. De acordo com a espessura do gel, o resultado é dado em escores, que variam de traços (leve formação de gel) a + (fracamente positivo), ++ (reação positiva) e +++ (reação fortemente positiva). ❖ Fatores de Riscos •Falta de conhecimento dos ordenhadores em relação a doença; •Problemas com o saneamento ambiental da área de criação; •Manejo inadequado dos animais no período durante a ordenha; •Alta resistência das bactérias aos antimicrobianos, apresenta interesse na saúde pública, os animais infectados constituem fontes de patógenos para quem trabalha diretamente no manejo desses animais e para os consumidores do leite ou derivados indevidamente processados. Listeri�s� • Listeriose é uma enfermidade infecciosa de origem alimentar ocasionada pela bactéria Listeria monocytogenes, pode afetar ruminantes, monogástricos e humanos. • Em ruminantes, ocasiona principalmente meningoencefalite, é uma inflamação do encéfalo e meninges. • Essa zoonose acomete principalmente pessoas imunocomprometidas e mulheres grávidas, a transmissão ocorre por meio do consumo de alimentos contaminados, leite e seus derivados que não receberam tratamento térmico. • Outras fontes de contaminação, como produtos de origem animal tais como leite cru, carne bovina, suína, de aves, peixes, embutidos além de produtos de origem vegetal e refeições prontas. Listeria monocytogenes: É uma bactéria, parasita intracelular facultativo, Gram +, não esporulado, que obtém seu alimento da matéria orgânica em decomposição. Extremamente resistente no ambiente, e pode sobreviver por anos no solo, em material fecal, água e alimentos contaminados. • Listeriose provoca encefalite. A contaminação ocorre pela ingestão de alimento contaminado, tanto para o homem quanto para os animais domésticos. Meningoencefalite em ruminantes Pode acometer animais de todas as idades, é conhecida também como “doença do andar em círculos”, o animal acometido se move desta forma. ❖ Transmissão • Ocorre normalmente nos meses de verão, necessidade da suplementação de matéria seca, como uso de silagem pode ocorrer também em rebanhos consumindo pastagem, feno e concentrado a base de grãos. • A Listeria monocytogenes, a bactéria precisa de um pH entre 5,5 e 9,6 para seu crescimento nas silagens. ❖ Patogenia • Primeira forma: Infecção pode ocorrer após a ingestão de alimentos contaminados, devido a lesões na cavidade oral atuam como porta de entrada para a bactéria, essa se move via fluxo intra-axonal nos nervos cranianos, atinge o sistema nervoso central, e provoca a encefalite. • Segunda forma: Após a ingestão de alimentos ou água contaminada, a bactéria penetra e multiplica-se nos enterócitos, em seguida é fagocitada pelos macrófagos, atinge vários locais do organismo, atravessa barreira hemato-encefálica e atinge o encéfalo e por via hematógena, também pode atingir o útero. ❖ Sinais Clínicos • Desorientação, incoordenação motora, torcicolo e contração da musculatura superficial. • Alguns animais também apresentaram esses sinais clínicos, e ainda outros: dificuldade de mastigação, de deglutição, salivação excessiva, estrabismo, cegueira, nistagmo, opstótomo, protusão da língua além da sua falta de tônus, tremores da cabeça, movimentos de pedalagem e abortos no terço final da gestação. •Abortos o feto se encontra freqüentemente autolisado, devido a destruição de tecidos, e ocasionalmente podem ser encontradas lesões macroscópicas no fígado e baço. • Septicemias podem ocorrer em animais neonatos em razão da infecção intra-uterina. ❖ Diagnóstico • Baseado na sintomatologia clínica e necropsia. Os parâmetros hematológicos estão dentro dos limites normais nos casos de encefalite. • Como diagnóstico diferencial deve ser feito para: otite, abscessos ou tumores cerebrais, traumas, obstrução esofágica, megaesôfago, hipocalcemia, botulismo, raiva, artrite encefalite caprina e encefalopatia espongiforme bovina, países onde a doença ocorre. ❖ Tratamento • Antibioticoterapia: Uso de Penicilina (22.00 a 44.000UI/kg/IM 4 x ao dia) ou oxitetraciclina (20 mg/kg/IV 1 x ao dia), associados a antiinflamatórios, fluidoterapia e o fornecimento de vitaminas do complexo B, por 2 a 4 semanas para completa resolução e diminuição dos casos de recidiva. • Associados a fluidoterapia: -Antibioticoterapia: Associação de ampicilina e gentamicina, em ovinos e caprinos. -Outros antibióticos: penicilina G, amoxicilina, cefalotina, eritromicina, vancomicina, rifampicina, gentamicina, canamicina, trimetoprim, sulfametoxazol, cloranfenicol e ciprofloxacina. ❖ Controle • A prevenção é feita através da redução da exposição ao agente no meio ambiente e nos alimentos, bem como a diminuição de fatores estressantes. • Um cuidado especial deve ser tomado com o armazenamento da silagem nos rebanhos confinados. Meningoencefalite em suínos e aves ❖ Sinais Clínicos • Suínos: sinais sistêmicos discretos além dos da encefalite, edema de pálpebra é normalmente encontrado nesta espécie. Pode haver paralisia em um ou mais membros progredindo até a morte em duas ou três semanas. Para essa espécie os casos de listeriose normalmente são fatais. • Aves: são do tipo septicêmico. O sistema nervoso central é afetado, podendo ocasionar paralisia e torcicolo. Caso Clínico 1� Bovino com 4 anos de idade, ficou prostrado, e sem se alimentar. Após 2 a 3 dias, começou a apresentar desorientação, incoordenação motora, torcicolo e contração da musculatura superficial. Com a evolução do quadro, o animal anda em círculo. Outros animais também apresentaram esses sinais clínicos, e ainda outros como: dificuldade de mastigação, de deglutição, salivação excessiva, estrabismo, cegueira, nistagmo, opstótomo, protusão da língua além da sua falta de tônus, tremores da cabeça, movimentos de pedalagem, mamite e abortos no terço final da gestação. Todo o rebanho havia sido alimentado com silagem com pH acima de 5,5 na época do verão. Qual a sua suspeita clínica? Resposta: Listeriose. Morm� Burkholderia mallei: é uma bactéria Gram-negativa, imóvel, intracelular facultativa. A espécie mais susceptível são os cavalos, atuando como reservatório da doença. A contaminação ocorre pela ingestão de alimentos, água e solo contaminados, aerossóis, secreções nasais e fistulação de abscessos, pode ser também por contato direto com outros animais infectados, bem como através de fômites. Patogenia • Burkholderia mallei invade, sobrevive e se replica-se no interior de diversas células do hospedeiro, apresenta habilidade de adesão às células dos pulmões e as células fagocíticas. • A bactéria apresenta lipopolissacarídeos da cápsula produzem óxido nítrico, que diminui a estimulação dos receptores, isso faz com que sistema imune demora a reconhecer a bactéria no organismo, a invasão bacteriana causa uma infecção assintomática. Quando o sistema imune reconhece a bactéria ocorre a infecção aguda. Sinais Clínicos • Forma aguda: febre, descarga nasal mucopurulenta e sinais respiratórios, ocorrendo a morte em poucas semanas. • Forma crônica: pode acontecer de três formas: -Nasal: onde se desenvolvem na mucosa do septo nasal e nas conchas nasais nódulos ulcerativos, acompanhados geralmente de descarga nasal purulenta e sanguinolenta bem como uma linfadenomegalia; -Respiratória: devido a lesões nos pulmões observa-se dificuldade respiratória; -Cutânea ou Farcinose: linfangite que apresenta ao longo dos vasos linfáticos dos membros, também se desenvolvem úlceras que descarregam pus amarelado. Diagnóstico • Baseado no histórico clínico, isolamento bacteriano, reação imunoalérgica (maleinização), inoculação em animais de laboratório, ELISA e testes sorológicos como a fixação de complemento. • Indicado pelo MAPA, o teste de triagem a Técnica de Fixação de Complemento (FC) e para teste confirmatório de resultados positivos ou inconclusivos à maleinização. • Teste de Maleína: teste cutâneo através da inoculação intradérmica palpebral de maleína. A leitura é feita após 48 h, sendo positivos os animais que apresentarem edema, blefaroespasmo(espasmo dos músculos perioculares, resultando em piscar involuntário e fechamento ocular), e conjuntivite. Maleína: extrato das culturas do bacilo do mormo, é empregado no diagnóstico dessa doença. Tratamento • A Instrução Normativa nº 24, de 5 de abril de 2004 do MAPA, proíbe o tratamento dos animais que apresentam mormo. • A propriedade de diagnóstico positivo de mormo deve ser interditada imediatamente e submetida a regime de saneamento, bem como deverá ser feito o sacrifício dos animais infectados. Controle • Por não ser permitido tratar os animais infectados, indicado usar medidas profiláticas, como: - adquirir apenas animais com laudo negativo para o mormo, isolar os animais suspeitos até o resultado dos exames; - promover a limpeza e desinfecção das instalações; - evitar bebedouros coletivos. Sinais clínicos no homem: Os sintomas no homem são febre, dores musculares, dor no peito, rigidez muscular e cefaléia. Podem ainda ocorrer lacrimejamento excessivo, sensibilidade à luz e diarreia. As manifestações clínicas podem ser classificadas, de acordo com a forma de infecção, em: -Infecção localizada: a penetração se dá a partir de um corte ou um arranhão na pele. Uma infecção localizada, com ulceração, pode se desenvolver entre 1 a 5 dias, no local de penetração da bactéria. Hipertrofia dos gânglios linfáticos também pode ocorrer. Infecções envolvendo as mucosas dos olhos, nariz e trato respiratório poderão causar aumento da produção de muco nos locais afetados. -Infecção pulmonar: quadro de pneumonia, abscessos pulmonares e derrame pleural podem ocorrer. -Infecção generalizada: pode ocorrer septicemia dentro de 7 a 10 dias, que é geralmente fatal quando não tratada. -Infecções crônicas: envolvem múltiplos abscessos, que podem ocorrer nos músculos dos membros inferiores e superiores, no baço ou no fígado. Caso Clínico 2: Equinos com 4 e 5 anos de idade, usados como animais de tração e de sela, para o trabalho de produção e beneficiamento da cana-de-açúcar. Alimentados à base de pastagem nativa, broto de cana-de-açúcar e melaço. A doença vem acometendo os equídeos há aproximadamente 5 anos, na maioria dos casos animais idosos e debilitados pelas más condições de manejo e nutrição. Os sinais clínicos ocorrem nos sistemas respiratório e linfático - enfermidade conhecida popularmente como “doença do catarro” e “catarro-bravo”. Qual sistema orgânico atingido? R= Sistema respiratório. Encefalit� Equin� • O Vírus da Encefalomielite Equina Oeste (VEEO), causado pelo gênero Alphavirus, vírus RNA de cadeia simples, é encontrado na América do Norte e Sul. • A contaminação ocorre por meio de um vetor de artrópodes que tem seu intestino infectado pelo vírus após o consumo de sangue contaminado. Depois de intensa multiplicação os vírus se proliferam nas glândulas salivares do vetor, transmitindo assim, ao hospedeiro durante a picada. Pertencente à família Culicidae, - culex. Patogenia • Omosquito faz a inoculação do vírus no animal, ocorre a intensa replicação no local de entrada e em linfonodos regionais. • Os vírus atingem a corrente sanguínea provocando viremia variável, podendo conter níveis altos ou pouco detectáveis, acompanhada de febre. • No quadro grave, a infecção viral atinge o Sistema Nervoso Central, causando necrose neuronal. Sinais Clínicos • Dois a cinco dias: os animais podem apresentar taquicardia, febre, anorexia e depressão. • Depois de cinco a dez dias: alguns animais podem desenvolver encefalite, e sintomas como ataxia, hiperexcitabilidade e andar em círculos. • Desde o início do processo o animal pode estar apático, imóvel, com a cabeça abaixada ou apoiada contra a parede e deixa o alimento sem mastigar na boca e assumir posições estranhas. Diagnóstico • Baseado nos sinais clínicos e históricos de casos na região. • Para a confirmação pode ser feito o isolamento do agente em camundongos ou cultura de células, sangue coletado durante a fase febril da doença. • Testes sorológicos como inibição da hemaglutinação, fixação do complemento e ELISA. Tratamento • Tratamentos de suporte e sintomático: uso de anti-inflamatórios, vitamina B1 e fluidoterapia. Controle • A vacinação é a melhor forma de se evitar surtos da doença. • Outras medidas: realizar o controle de vetores na propriedade, por meio do uso de inseticidas, colocação de telas, armadilhas, construção de esterqueiras e drenagem de áreas alagadas. Tubercul�s� � Brucel�s� Tuberculose Relembrando: Linfonodos são pequenos órgãos pequenos que têm a função de filtrar a linfa, o líquido que banha os tecidos corporais. Complexo Mycobacterium tuberculosis (CMT) • Micobactérias são bacilos, aeróbios não formadores de esporos e imóveis, denominada Bacilo de Koch. •A tuberculose era apontada há algum tempo atrás como a doença de países pobres, isso é justificado pela precária assistência médica e pouco direcionamento para a população na prevenção de doenças. •Na Europa há 100 anos, era responsável por um óbito a cada quatro pessoas. •Em 1940 foi descoberta a estreptomicina, um antibiótico que atua sobre o Mycobacterium, e em 1950 foi detectada resistência bacteriana ao medicamento. •Em 1993 a OMS declarou a tuberculose como sendo uma emergência global e em 1998 é decifrado o genoma do Mycobacterium tuberculosis. Tuberculose em Bovinos • Doença bacteriana crônica que acomete ocasionalmente outras espécies de mamíferos. É uma zoonose significativa, que possui transmissão normalmente ocorre pela inalação de aerossóis ou pela ingestão de leite não pasteurizado. -No Brasil, a proibição da comercialização de leite cru ocorre por meio da Lei nº 1.283 de 18/12/1950 e no Decreto nº 30.691, de 29/03/1952. -Art. 486, inciso III - “Só se permite o aproveitamento de leite de vaca, de cabra, da ovelha e de outras espécies, quando (...) não reajam à prova de tuberculose (tuberculina) nem apresentem reação positiva às provas do diagnóstico da brucelose, obedecidos aos dispositivos da legislação em vigor”. -Mas em 2011, foi publicada a Instrução Normativa (IN) número 62 MAPA, que regulamenta a conservação, coleta e transporte de leite cru refrigerado. -O leite deverá ser refrigerado e atingir a temperatura de 4ºC (tanques de expansão) ou 7ºC (tanques de imersão), nas propriedades de origem, num período não superior a três horas após o término da ordenha. Também há a permissão de tanques resfriadores coletivos, para atender a demanda dos pequenos produtores. -Desconhecimento da lei (ignorantia legis): Dispõe o art. 21, caput, 1ª parte: “O desconhecimento da lei é inescusável”. ❖ Etiologia • De uma forma geral, o Mycobacterium bovis é agente da tuberculose bovina e as vezes do homem, e o Mycobacterium tuberculosis é agente da tuberculose no homem. • O Mycobacterium bovis pode sobreviver por vários meses no ambiente, principalmente no frio em temperaturas entre 12-24ºC o tempo de sobrevivência varia de 18 a 332 dias, e dependendo também da exposição à luz solar. • São bacilos pequenos, aeróbicos, não formadores de esporos e sem movimentação. Sua parede celular apresenta uma composição especial, que é rica em ácido micólico, camada de ácidos graxos (gorduras), isso faz com que não se coram pela coloração de Gram, e também é um importante fator de virulência. ❖ Transmissão • Bovinos eliminam o Mycobacterium bovis em: - secreções respiratórias; - fezes; - leite, - urina (mais raro); - secreções vaginais ou no sêmen; - contato direto, por meio de aerossol. Todos os bovinos infectados podem transmitir a doença. • Animais que podem atuar como hospedeiros ou reservatórios da enfermidade doMycobacterium bovis: - Ovelhas, cabras, cavalos, porcos, cachorros, furões, camelos, lhamas, muitas espécies de ruminantes silvestres incluindo cervos e alces; elefantes, rinocerontes, raposas, coiotes, mustelídeos, primatas, gambás, lontras, focas, leões marinhos, lebres, guaxinins, urso, javalis, grandes felinos (incluindo leões, tigres, leopardos, guepardos e linces), e várias espécies de roedores. A maioria dos mamíferos pode ser suscetível.• A bactéria é resistente, ao calor, à dessecação e diversos desinfetantes, como os compostos de amônio quaternário e clorexidina. • Sensível a, desinfetantes fenólicos, formólicos, álcool e principalmente o hipoclorito de sódio, o cuidado com a concentração do produto, pelo tempo de exposição, pela temperatura e pela presença ou ausência de matéria orgânica. • Pode permanecer viável em estábulos, no pasto e no esterco por até dois anos, e até um ano na água, por até 10 meses em produtos de origem animal contaminados. • Pode ocorrer pela ingestão, como em bezerros que se amamentam de vacas infectadas. • A ingestão por via primária de transmissão em suínos, furões, gatos e provavelmente cervos. • Os gatos podem ser infectados pela via respiratória ou transmissão percutânea, através de mordidas ou arranhões. • Primatas não humanos, são geralmente infectados por inalação, a transmissão por aerossóis parece ser a principal via em texugos. • A principal forma de transmissão para o homem é por ingestão de produtos lácteos não pasteurizados. Pode ocorrer também por aerossóis e por lesões na pele, e ainda carne crua ou mal cozida podem ser fonte de infecção. Resumo das formas de transmissão: - Ingestão: leite, alimentos e água contaminados; - Inalação; - Via respiratória: por meio de aerossóis; - Pela pele: mordidas ou arranhões, feridas. ❖ Patogenia Os sinais clínicos da tuberculose bovina geralmente levam meses para se desenvolverem. Infecções podem permanecer dormentes por anos e serem reativadas durante períodos de estresse ou na velhice do animal. Mas por que? • No trato respiratório, os bacilos atingem alvéolos pulmonares. • Quando chegam lá são fagocitados, pelos macrófagos. Se multiplicam e aumentam o seu número no foco da infecção. • Há comprometimento do linfonodo regional. Ocorre a formação do Complexo primário, denominado de granuloma. • Com participação de neutrófilos, depois monócitos, que originam células epitelióides e se juntam e formam células gigantes, as células forma Langerhans - tecido é encapsulado. • O granuloma pode sofrer calcificação, com necrose caseosa, onde o bacilo não se multiplica muito, levando a um estado de latência. • Bacilos podem ficar em estado de latência por anos. O que leva ao bovino ser assintomático. • Quando há diminuição na imunidade, a bactéria se prolifera e a lesão ocorre, só assim a doença torna-se evidente. • Macrófagos podem disseminar a doença no organismo. • Mesmo com a cura, o bacilo pode persistir com a infecção latente e reinfecção. Granuloma é o “isolamento” do local, para conter a infecção. ❖ Sinais Clínicos: •A resposta imune dos bovinos durante a infecção, é extremamente complexa e dinâmica, envolvendo uma variedade de eventos celulares, com apresentações clínicas e patológicas que ocorrem de forma individual nos animais. •Uma resposta imune altamente específica, que resulta em um espectro de lesões variando desde infecções autolimitantes até doença sistêmica grave. •Na maioria dos rebanhos infectados a doença é inaparente, e a sua presença somente é detectada pelo teste tuberculínico. •As principais lesões que podem ser observadas nos bovinos ocorrem nos pulmões, linfonodos pulmonares e linfonodos craniais, havendo calcificação importante. •As lesões primárias variam podem ser únicas ou múltiplas, podem envolver o pulmão direito ou esquerdo e podem ser uni ou bilaterais. •A dificuldade respiratória com presença de dispneia, pode ser aparente em casos avançados, com extensas lesões pulmonares que levam ao enfraquecimento das funções respiratórias, ou pelos linfonodos bronquiais aumentados que causam obstrução das vias aéreas. •Lesões no trato gastrointestinal quando aparentes, se manifestam como nódulos ou úlceras na mucosa do trato digestório superior, abomaso, ou intestino delgado e grosso, ocorrem após uma infecção via oral ou pode ser secundários à infecção pulmonar. •O timpanismo pode ocorrer como resultado de pressão no esôfago pelo aumento dos linfonodos mediastinais. •Tuberculose generalizada: caracterizada pela presença de lesões em órgãos e linfonodos por todo o organismo, sendo lesões pequenas e transparentes nos estágios iniciais, tornam-se caseosas e calcificadas com o tempo. •Tuberculose miliar: é uma classificação médica internacional como um agravamento da tuberculose por sua ampla difusão via corrente sanguínea dentro do organismo, podem ocorrer lesões em forma de pequenos tubérculos, com “aspecto”de milho. •O envolvimento hepático também pode ser seguido da bacteremia, nos rins podem estar envolvidos de forma semelhante, no qual lesões miliares são limitadas ao córtex. •Em alguns animais jovens ocorre osteomielite nas vértebras, arcos costais e ossos chatos da pelve, esses drenam através das fístulas no córtex do osso afetado, causando miosite e artrite na região. •A endometrite provocada pela tuberculose, pode causar infertilidade ou causas resultar em aborto nos estágios finais. •Também pode ocorrer tuberculose congênita, na qual o complexo primário está presente no fígado e nos linfonodos portais, como a doença se desenvolve rapidamente e se torna disseminada, os animais jovens morrem em algumas semanas ou meses. Sinais clínicos - Homem: •Uma vez que a lesão da tuberculose se desenvolve em um determinado órgão, a aparência e o curso da doença serão os mesmos no homem (como nos animais) indiferentemente da espécie da micobactéria causadora ser Mycobacterium tuberculosis ou Mycobacterium bovis. •Em pacientes imunocompetentes, a Mycobacterium bovis causa principalmente formas crônicas da tuberculose, sinais clínicos de linfadenite, inflamação dos linfonodos, e lesões cutâneas e subcutâneas. •Já em pacientes imunodeficientes, a doença pode evoluir para um quadro grave e disseminado, como no caso de pacientes HIV positivos. ❖ Diagnóstico: •Diagnóstico da tuberculose em bovinos, é realizado pela tuberculinização intradérmica como teste a campo, o papel fundamental em programas de erradicação, como o primeiro teste diagnóstico; •No Brasil, atualmente, o protocolo recomendado pelo MAPA, por meio do Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose (PNCEBT), utilização de testes alérgicos de tuberculinização intradérmicos. •Os testes alérgicos para diagnóstico de tuberculose bovina e bubalina devem ser executados por médicos veterinários habilitados pelo MAPA, passaram por um curso cujo programa prevê a realização de aulas práticas com bovinos previamente sensibilizados, para poder observar as diversas possibilidades de resultados que ocorrem durante a aplicação dessas técnicas. •Pode revelar infecções especialmente a partir de três a oito semanas da exposição ao bacilo. •Observa-se a reação positiva à tuberculina, que caracteriza-se por infiltrado de células mononucleares no local da aplicação, com formação de edema mais ou menos pronunciado. •É uma reação de hipersensibilidade tardia mediada por linfócitos T sensibilizados, células de memória. O animal que foi infectado com tuberculose no passado, as células T sensibilizadas reagem com essas proteínas e ocorre uma reação de hipersensibilidade tardia, em cerca de 48-72 horas. Reação positiva: um endurecimento e avermelhamento da área em torno do sítio de injeção. • Métodos laboratoriais como baciloscopia e cultivo bacteriano também são rotineiramente utilizados. • Métodos moleculares como a Reação em Cadeia da Polimerase, oferecem uma alternativa interessante para a classificação e identificação dessas bactérias, sendo um método rápido e preciso. ❖ Controle: •No Brasil, o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT) foi criado em 2001. Com o objetivo de diminuir o impacto negativo dessas zoonoses na saúde de seres humanos e animais, bem como permitir uma melhora na concorrência da pecuária brasileira, de modo a atender às rigorosas exigências sanitárias dos países importadores. •Segundo o PNCEBT: o controle da doença é baseado no método teste-e-abate, após diagnóstico confirmatório de animais positivosno teste de diagnóstico, encaminhamento a matadouros-frigoríficos sanitários, e médicos veterinários treinados analisam as carcaças e determinam seu destino. •Como medida de controle da transmissão para o homem: a inspeção sanitária dos produtos de origem animal destinados ao consumo humano e a pasteurização ou esterilização do leite e derivados • Importante: cuidado e monitoramento da saúde dos trabalhadores das propriedades rurais, devido ao risco de contaminação por aerossóis. Brucelose Caso clínico: Em uma égua Quarto de Milha, usada como doadora de embriões em um haras em Feira Nova-PE. O animal, que tinha 12 anos de idade e era mantida em uma baia a maior parte do dia e algumas horas em piquete exclusivo, apresentou edema na região da cernelha com presença de abscesso, o qual apresentou cicatrização após tratamento local, seguido de recidiva dos sintomas. No histórico foram relatados abortamentos e nascimento de potros debilitados, com peso corporal abaixo da média. Introdução •Brucelose é uma doença infecto contagiosa crônica, que é causada por bactérias do gênero Brucella. Acomete diversas espécies domésticas e silvestres e o homem. • B. abortus é um bastonete curto, ocorre em arranjos individuais ou cadeias curtas. • É uma bactéria intracelular facultativa, Gram-negativa, não móvel, nem formadora de esporos. ❖ Etiologia • Há cerca de 10 espécies do gênero Brucella spp., de todas as espécies do gênero Brucella, quatro delas podem ser transmitidas dos animais para o homem, sendo raríssima a transmissão entre pessoas. • Brucella melitensis: infecta caprinos e ovinos, é a mais patogênica para o homem, mas não ocorre no Brasil. • Brucella suis: infecta primariamente suínos, está presente no Brasil, mas com uma prevalência muito baixa. • Brucella abortus: infecta primariamente bovinos e bubalinos, assim como o homem, sendo a responsável pelos maiores prejuízos na bovinocultura. • Brucella canis: infecta cadelas, é a que apresenta menor patogenicidade para o homem e está bastante difundida no Brasil, especialmente nas grandes cidades. ❖ Resistência: •A resistência fora do corpo do hospedeiro: - de cinco dias à temperatura ambiente; - 30 a 37 dias no solo e 75 dias no feto. - O tempo de sobrevivência nas fezes líquidas varia, sendo na temperatura de 45 a 50 ºC, de quatro horas, enquanto que na temperatura de 15ºC, de aproximadamente oito meses. - São inativadas pelo álcool e pasteurização, tempo de 10 a 15 minutos. ❖ Transmissão • Vacas em gestação são a categoria mais suscetível, a principal fonte de infecção é o contato direto, quando as vacas lambem membranas fetais, fetos abortados e bezerros recém-nascidos. • Outras formas de transmissão são por: contato indireto, pela ingestão de materiais como alimentos, água, pasto e forragens contaminados. Além de trato respiratório, pele, conjuntivas e trato genital. • A introdução da brucelose no rebanho, pode ocorrer pela entrada de animais portadores, em geral assintomáticos. • Transmissão venérea ocorre, sobretudo, na espécie suína. ❖ Patogenia: • A patogenicidade das bactérias do gênero Brucella é diretamente relacionada aos mecanismos que permitem sua invasão, sobrevivência e multiplicação intracelular nas células do hospedeiro, mantendo-as protegidas da ação do sistema imune. Como assim? Processo da doença: • Transmissão – Brucella abortus penetra no organismo, através da mucosas oral, nasal e conjuntival ou pela pele. • É fagocitada por macrófagos, e são levada até os linfonodos regionais, depois multiplicam-se, causando linfadenite e hiperplasia. • A partir dos linfonodos, nos macrófagos via hematógena ou linfática dissemina-se por todo o organismo. • Atinge outros linfonodos, como os supramamários, baço e fígado e pode permanecer por longo período de tempo nesses locais, como mecanismo de escape. • A Brucella abortus produz uma enzima antioxidante, que impede a destruição da bactéria fagocitada. • Na fase de multiplicação bacteriana, provocam alterações inflamatórias e anatomopatológicas, fazendo com que sejam formados granulomas difusos, com aumento dos linfonodos, esplenomegalia e hepatomegalia. ❖ Sinais Clínicos: • Os órgãos de predileção do gênero Brucella são aqueles que oferecem elementos necessários para o seu metabolismo, no caso o eritritol, presente no útero, tecidos mamários, ósteoarticulares e órgãos do sistema reprodutor. • Hormônio produzido pela placenta no terço final da gestação para sinalizar que o feto está pronto. • O homem, equinos, coelhos e roedores possuem uma baixa produção do eritritol, apresentam baixo impacto da brucelose no aparelho reprodutivo nestas espécies, não ocorrendo o aborto. • Ocorrem aborto, geralmente por volta do 5º e do 7º mês de gestação, podendo ocorrer nascimento de animais mortos ou fracos, podendo acometer a glândula mamária em casos crônicos. • Em touros a infecção localiza-se principalmente nos testículos, vesículas seminais e próstata, podendo ocorrer orquite, epididimite, diminuição de libido e infertilidade. • Podem ocorrer alterações no aparelho locomotor como artrite, principalmente nas articulações carpianas e tarsianas - espondilites e bursites, especialmente nas vértebras torácicas e lombares, podendo atingir a medula óssea e bainha dos tendões. • Um achado clínico clássico é o abscesso fistulado ou não na região da cernelha, lesão conhecida como “mal da cernelha” ou “mal das cruzes”, que acomete principalmente os equinos. • Espondilites: é um tipo de artrite, autoimune inflamatória crônica, que afeta os tecidos conjuntivos, especialmente as articulações da coluna, causando rigidez e dor nas costas. • Bursites: é a inflamação das bursas, que são pequenas bolsas que ficam entre ossos, músculos e tendões. •No homem, a brucelose não se caracteriza por um sinal clínico específico: - Pode manifestar-se da forma aguda, com um quadro de febre contínua, intermitente ou irregular, fraqueza, calafrios, dores musculares e generalizadas. - Forma crônica: pode causar sintomas neuropsíquicos como melancolia, irritabilidade e prostração, ou ainda, diminui a fertilidade. ❖ Diagnóstico: • No Brasil a legislação nacional definiu como testes oficiais o Teste do Antígeno Acidificado Tamponado (AAT), o Teste do Anel do Leite (TAL), o 2 Mercaptoetanol (2-ME), o teste de Fixação do Complemento (FC) e o Teste de Polarização Fluorescente (FPA). • O primeiro é um teste de triagem, o segundo de monitoramento e os três últimos, confirmatórios. ❖ Prevenção e Controle: • As medidas de prevenção e controle para a brucelose bovina baseiam-se na vacinação das bezerras e na eliminação dos portadores. • A vacinação é obrigatória para todas as fêmeas bovinas e bubalinas, entre três e oito meses de idade, com amostra vacinal do tipo B19. • Fêmeas acima de oito meses não vacinadas com a amostra B19, a vacina viva atenuada e devem, obrigatoriamente, ser vacinadas com a amostra RB51 – vacina viva atenuada. • A vacinação, com qualquer das amostras de vacina, só pode ser realizada sob a responsabilidade de Médicos Veterinários cadastrados no serviço veterinário oficial do estado de atuação. • A vacina B19 é uma vacina de bactéria atenuada, que induz a produção de anticorpos que podem interferir no diagnóstico sorológico da brucelose, seu principal problema desse tipo de vacina. • A vacina RB51 também é uma vacina atenuada, mas induz proteção sem induzir a formação de anticorpos que interfiram no diagnóstico sorológico da doença. - B19� A marcação deverá ser com o último algarismo do ano da vacinação. Exemplo em 2015 - será o número “5”. - RB51A marcação será somente com a letra “V”. Encefalit� Espongiform� Bovin� É uma doença degenerativa, fatal e transmissível, que acomete o Sistema Nervoso Central e é provocada por uma alteração em uma proteína normal em príon, que se torna um agente infeccioso. Transmissão A principal forma de transmissão é por ingestão de alimentos contaminados, como farinha de carne e ossos de carcaças contaminadas. Pode permanecer no ambiente por até três anos,resistente a agentes químicos e físicos. Sinais Clínicos Apresenta um longo período de incubação, de quatro a seis anos, durante o qual ocorrem ausência de reações inflamatórias ou imunológicas. Podem variar com a região afetada. As mais comuns são alterações comportamentais e hipersensibilidade ao som e toque, o animal pode também se tornar apreensivo. O príon infeccioso se acumula no SNC levando a morte dos tecidos nervosos, formando placas amiloidóiticas. Lesões bilaterais e simétricas no Tronco encefálico: controla pressão arterial, função cardíaca e respiratória Esse método possibilita visualizar alterações neurodegenerativos com caracterização de uma vacuolização espongiforme. E é esse aspecto de “esponja”, conferindo pelas vacuolizações, que deram o nome à doença (encefalopatia espongiforme). As lesões degenerativas na substância cinzenta do tronco encefálico são simétricas e bilaterais. Em casos pré-clínicos normalmente não ocorrem alterações histológicas. Vias de infecção • Forma clássica: infecção pela ingestão de alimentos contaminados. • Forma atípica: mutação espontânea da proteína normal, sem estar relacionado a ingestão de alimentos contaminados, sendo mais comum em animais mais velhos. Coronavir�s� canin� � Hepatit� Infecci�s� Caso Clínico 1� Cão, Husky Siberiano, com 4 meses, macho, 13 kg. Foi relatado que o animal estava há três dias apresentando diminuição do apetite, tristeza e uma diarreia amarelada. O animal mora em uma casa com outro cão hígido, sem acesso à rua, é alimentado com ração super premium, recebeu a primeira dose do vermífugo. Foi relatado pelo tutor que a primeira dose da vacina administrada foi importada e as restantes nacionais, porém foram administradas em agropecuária, sem garantia de origem ou armazenamento adequado. Qual a sua suspeita clínica baseada apenas nesses dados? R= Coronavirose Coronavírus Canino Introdução As gastroenterites apresentam grande casuística, refere-se a relatórios clínicos de casos particulares na clínica médica de animais de estimação, esses casos correspondem às causas mais comuns de diarréias em filhotes caninos. Os Principais agentes etiológicos são: Parvovírus Canino (CPV–2) - coronavírus canino (CCoV), rotavírus canino (CRV) e o vírus da cinomose canina (CDV); ❖ Etiologia • Os coronavírus são classificados na ordem Nidovirales, família Coronaviridae pertence ao gênero Alphacoronavirus, espécie Alphacoronavirus-1. • O coronavírus canino (CCoV) está relacionado a outros coronavírus, como o coronavírus felino (FCoV), agente da Peritonite Infecciosa Felina, PIF, e o vírus da gastroenterite transmissível suína (TGEV) esses agentes possuem mais de 96% de similaridade genética. • O coronavírus canino possuem RNA fita simples, são envelopados, e apresentam a proteína de espícula (proteína S). • O coronavírus canino (CCoV), são classificados em dois genótipos: CCoV tipo 1 (CCoV-I) e o CCoV tipo 2 (CCoV-II). • Por sua vez, o CCoV-II é classificado em dois subtipos: CCoV-IIa e CCoV-IIb. • No Brasil, o CCoV-IIa foi encontrado nas fezes de animais e em diversos órgãos em cães com até 6 meses, no cérebro, coração, pulmão, baço, fígado e rins, alguns vieram à óbito com gastroenterite hemorrágica no sul do país. ❖ Patogenia • Transmissão: ocorre através de fezes contaminadas e fômites. Eliminação do vírus nas fezes de 1 a 2 dias após a infecção e pode durar por até duas semanas. • Cães saudáveis assintomáticos, podem eliminar o vírus nas fezes por um longo período de tempo. Processo de infecção: • A infecção inicia-se por exposição oronasal às partículas virais, através de fezes, fômites e ambientes contaminados. • A infecção é restrita ao intestino delgado, a replicação ocorre na vilosidades intestinais, e o vírus é excretado pelas fezes. • Pode ocorrer associação com outras infecções (co-infecção) por exemplo: cinomose, parvovirose e rotavírus, podendo acarretar um quadro clínico mais severo. Vilosidades intestinais: Local em que ocorre a replicação do Coronavírus ❖ Sinais Clínicos • De uma forma geral, a enterite provocada pelo coronavírus é menos grave que a enterite clássica provocada pelo parvovirus, normalmente não causa diarreia hemorrágica, septicemia e morte. • A infecção por CCoV-I, apresenta sinais clínicos leves a moderados. Infecção por CCoV-II, apresenta sinais clínicos mais graves, independente de co-infecção. • Os principais são: febre, letargia, anorexia, êmese, diarreia, que pode ser hemorrágica ou não, dependendo da extensão da lesão intestinal e de co-infecções. • Podem ocorrer sinais neurológicos como ataxia e convulsões, e acentuada leucopenia, principalmente por linfopenia. • O animal pode vir à óbito em 2 a 3 dias após o início dos sinais clínicos. ❖ Diagnóstico • Por meio da detecção do vírus nas fezes ou intestino é a forma mais utilizada para o diagnóstico, diferenciando-a de outros agentes causadores de enterite pela Técnica de PCR. •Uso de técnicas sorológicas, como a soroneutralização (SN), imunoperoxidase (IPX) e o ELISA – Kit ELISA. ❖ Tratamento •Tratamento de suporte com reposição de líquidos orgânicos perdidos (pela diarréia e vômitos), para equilibrar a perda de sódio (hiponatremia), e a de potássio (hipocalemia). • Indicação de fluidoterapia com: Solução de Ringer com lactato - cloreto de sódio + cloreto de potássio + cloreto de cálcio + lactato de sódio – EV. • E ainda, utilização antieméticos (classe farmacológica destinada a promover o alívio dos sintomas relacionados às náuseas (enjoos) e êmese (vômito)), antibióticos e glicose. ❖ Controle e Prevenção • Vacinação: iniciar com seis a oito semanas, dois reforços a cada 21 a 30 dias e reforço anual com vacina atenuada importada. • Isolar os animais infectados, lavar o local e fômites com desinfetantes comuns, pois o CCoV é um vírus envelopado que é facilmente inativado por calor e solventes lipídicos. • Em temperaturas baixas pode ser viável por longos períodos. Caso Clínico 2� Uma cadela, da raça Fox Paulistinha, com quatro meses de idade, 4,4 kg de peso, domiciliada, em processo de imunização (duas doses da vacina polivalente) apresentou histórico de vômito intermitente. A cadela fazia pequenos passeios na rua e havia tido contato recente com outros cães.Durante um banho, no qual foi utilizado xampu à base de permetrina, foi observado que a cadela havia se lambido.Passadas poucas horas, a cadela começou a vomitar com frequência. Durante o primeiro exame físico, que ocorreu na manhã seguinte aos primeiros sinais clínicos, observou-se desidratação moderada, apatia, inapetência e discreto aumento da sensibilidade dolorosa à palpação abdominal. O animal permaneceu internado durante o dia, recebendo medicação de suporte (0,5 mg/kg/q8hs de metoclopramida por via endovenosa, e 1 mg/kg/q12hs de ranitidina, por viasubcutânea) e fluidoterapia endovenosa (30 ml/kg durante 12 horas de ringer com lactato de sódio alternando com solução fisiológica 0,9% adicionada de 1 ml/kg de glicose 50%). Durante todo o período de tratamento e em casa, onde passava a noite, recebeu metoclopramida via oral e sache teletrolítico para misturar em água.Logo no primeiro dia de tratamento, mesmo com a medicação, os vômitos continuaram e a cadela começou a apresentar diarréia fétida e amarelada. Foram realizados dois exames parasitológicos de fezes (1o e 2o dias), entretanto,nada foi constatado. Qual a sua suspeita clínica baseada apenas nesses dados? R= Hepatite Infecciosa canina Hepatite Infecciosa Canina Introdução • É uma doença infectocontagiosa, que pode acometer canídeos silvestres e domésticos, sendo mais frequente em cães jovens não vacinados ou com o esquema de vacinação incompleto. ❖ Agente Etiológico • Adenovírus canino tipo I - CAV I, é um DNA vírus, de fita simples, não envelopado, apresenta baixa incidência devido a eficácia de imunização, mas os animais podem apresentar infecções subclínicas. ❖ Patogenia • Transmissão: por exposição oronasal, através do contato com fezes, urina, saliva e secreções respiratórias infectadas (na faseaguda da doença); • O vírus pode ser excretado pela urina, por um período de seis a nove meses, em casos os animais se recuperem da fase aguda. Processo de infecção: • A infecção inicia-se pela exposição oronasal às partículas virais. • Os vírus atingem amígdalas, linfonodos, através dessa vias chegam a linfa e sangue. Pelo sangue atinge todas as partes do organismo. • Causam lesões em hepatócitos e endotélio vascular: principalmente córnea e glomérulos renais. ❖ Sinais Clínicos Forma aguda: 2 a 7 dias, febre, sede intensa, apatia, vômitos, diarréia que pode ser sanguinolenta. • Podem ocorrer, tonsilite-faringite, linfadenopatia (condição em que os nódulos linfáticos ficam com tamanho, consistência ou número anormais, geralmente inchaço), edemas cervicais, tosse, petéquias, equimose (extravasamento de sangue dos vasos sanguíneos) e epistaxe (hemorragia nasal), melena, e alteração na coagulação sanguínea. • Podem ainda ocorrer sinais no SNC como desorientação, depressão, estupor, coma, e ataques convulsivos pela encefalopatia hepática, hipoglicemia ou de encefalite não supurativa. Forma crônica: após casos agudos, há ocorrência de necrose centrolobular hepática com regeneração se a necrose for limitante. • Se a inflamação hepática continuar, haverá uma progressão para fibrose hepática. • Caso o animal se recupere após infecção aguda ou inaparente, podem ocorrer sinais que incluem edema corneano (nublação corneana) chamada de “olho azul da hepatite” ou “blue eye” Raças sensíveis: Afghan Hound, Basset Hound e São Bernardo, se as lesões forem graves, não ocorrerá regressão e certos casos podem ser complicados pelo glaucoma. ❖ Diagnóstico • É estabelecido pela associação de sinais clínicos, achados de necropsia e histopatologia. • Outros métodos: técnica de reação de polimerase em cadeia (PCR), isolamento viral, imunofluorescência, microscopia eletrônica e imuno-histoquímica. ❖ Tratamento • Consiste em tratamento de suporte até a recuperação do animal do estágio agudo da doença (regeneração hepatocelular). •Baseado em fluidoterapia que utilize soluções suplementadas com potássio e dextrose, se for o caso tratamento para encefalopatia hepática e antibióticos para infecções bacterianas secundárias. ❖ Controle • Vacinação: iniciar com seis a oito semanas, com dois reforços a cada 21 a 30 dias, e reforço anual com vacina atenuada importada. • Pode-se fazer o reforço anual, mas a imunidade dura para a vida toda. Estomatit� Vesicula� � Língu� Azu� Estomatite Vesicular Introdução É uma importante doença viral para as Américas, acomete principalmente ruminantes, equinos e suínos, e ainda caprinos e ovinos. Os anticorpos para o vírus foram encontrados em outras espécies animais como cães, ursos e morcegos, e ainda, pode acometer o homem, tratando-se de uma zoonose. ❖ Etiologia • Trata-se de um RNA vírus sem envelope, ordemMononegavirales abriga a família Rhabdoviridae gênero Vesiculovirus. • Pode causar doença semelhante à Febre Aftosa em bovinos e suínos. Acomete vários mamíferos como os equinos, bovinos, suínos e o homem. Os equinos são muito sensíveis, comparados aos bovinos e suínos. As ovelhas e as cabras são consideradas resistentes. ❖ Patogenia - Estomatite Vesicular • Ocorrência sazonal após a temporada de chuvas de outono, pode ocorrer por possíveis vetores. • Transmissão: contato direto ou via vetor o mosquito-palha e borrachudo, através saliva e contato com fluidos das vesículas, da cavidade oral e úbere. • De 24 a 48 hs o animal apresenta lesões vesiculares, língua e úbere, também apresenta sialorréia (produção de saliva excede a habilidade do indivíduo em transportá-la ao estômago). •Leva 21 dias para recuperação do animal. •Os animais tornam-se sensíveis a infecções secundárias, como laminites em equinos e mastites em bovinos. ❖ Patogenia - Febre Aftosa •Transmissão: aerossóis, contato direto ou indireto, o vírus está presente na saliva, leite, fezes e fluído das vesículas. •Em 120 horas há intensa viremia, produção de anticorpos e também ruptura de lesões. •Leva 15 dias para recuperação do animal. •Em 24 a 72 horas há infecção de células na cavidade nasal, faringe e esôfago, do sangue, linfonodos e glândulas, também infecção das células da cavidade oral, patas, úbere e rúmen. •Em 72 a 96 horas ocorre febre, vesículas na cavidade oral, patas, úbere e rúmen, descarga nasal e sialorréia, e claudicação. ❖ Sinais Clínicos • Estomatite vesicular caracterizada por vesículas, pápulas, erosões e úlceras, lesões dentro e ao redor da boca, patas, úberes, nos tetos e prepúcio. • Febre intermitente e sialorréia excessiva são os primeiros sinais clínicos. • Áreas pálidas e vesículas edematosas são lesões características da enfermidade, as vesículas se rompem e formam erosões os lábios, gengiva e língua são afetados. • As lesões da estomatite vesicular são dolorosas, podem causar anorexia, dificuldade em beber água e claudicação. • Em alguns animais pode haver uma descarga nasal catarral, úlceras hemorrágicas sanguinolentas ou odor fétido na boca. As lesões na banda coronária podem resultar em laminite e até mesmo na perda do casco. Lesões nos tetos podem ocasionar mastite por infecções secundárias. • Pode haver severa perda de peso e na produção de leite. Alguns bovinos infectados podem ser assintomáticos, mas com anorexia. ❖ Diagnóstico • O material usado para o exame é o fluído de vesículas, suabes de vesículas rompidas, no epitélio sobre as vesículas não rompidas e partes do epitélio de vesículas rompidas recentemente por exemplo tecido epitelial da boca, sedar o animal. •Outros métodos de diagnóstico: o isolamento viral, sorologia, radioimunoensaio, soroneutralização, ELISA e PCR. • Doença de Notificação Obrigatória. ❖ Tratamento O tratamento é sintomático, deve realizar a limpeza das lesões com uma solução antisséptica suave para ajudar a cicatrizar e reduzir infecções bacterianas secundárias. Fornecer alimentos de fácil ingestão. ❖ Prevenção e Controle • Em casos de surtos, separar animais infectados, instituir a quarentena de no mínimo de 21 dias, e as restrições de movimento de animais podem ajudar a reduzir a propagação do vírus. • Boa sanitização e desinfecção podem reduzir a disseminação do vírus por fômites, com o uso de desinfetantes fenólicos e detergentes, bem como hipoclorito de sódio. Língua Azul Introdução É uma doença viral que acomete ruminantes, provocada pelo vírus da família Reoviridae e denominado vírus da língua azul (VLA). O vírus é veiculado por um vetor do gênero Culicídeo, como a Estomatite Vesicular, ocorrendo em regiões com temperaturas entre 13 e 35°C que favorecem a multiplicação de vetores, assim como o clima úmido. ❖ Sinais Clínicos • De uma forma geral os bovinos são assintomáticos, mas podem servir como reservatório da doença, ocorre salivação excessiva, hiperemia, necrose do focinho e dermatite disseminada. Menos de 1%. • A enfermidade se manifesta em ovinos com sintomatologia clínica. • Os primeiros sinais observados são febre de 41 a 42ºC e hiperemia no focinho dias após a febre. Edema generalizado na face e mandíbula, descarga nasal serosa à mucopurulenta. A língua pode estar edemaciada e para fora da boca mas raramente se torna cianótica. • A inflamação da banda coronária imediatamente acima do casco, geralmente resultando claudicação, é achado comum, principalmente nas fases finais de infecção, e secundária muitas vezes as ulcerações de língua e mucosa. • Ovelhas gestantes podem abortar ou dar à luz a cordeiros nascidos mortos ou com lesões no SNC, lesões de retina e/ou malformações esqueléticas. Lesões do SNC podem resultar em sinais neurológicos ou cordeiros que são incapazes de mamar ou acompanhar a ovelha. As síndromes específicas variam com o estágio da gestação, e os cordeiros infectados tardiamente podem nascer saudáveis. • Mortes são muitas vezes resultado de edema pulmonar agudo, complicações bacterianas secundárias e exaustão quando o curso é mais prolongado. Em animais que sobrevivem, as sequelas podem incluir
Compartilhar