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Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 1 1.0 INTRODUÇÃO AO CURSO 1.1 DEFINIÇÃO E OBJETIVOS DA MECÂNICA DOS SOLOS a) Definição: A mecânica dos solos é uma ciência que estuda o comportamento dos solos, através das características físicas e as suas propriedades mecânicas (equilíbrio e deformação) quando submetido a acréscimos ou alívio de tensões. Ou seja, é a ciência que procura descobrir, entender, explicar e correlacionar às propriedades dos solos. Todas as obras de Engenharia Civil se assentam sobre o terreno e inevitavelmente requerem que o comportamento do solo seja devidamente considerado. b) Objetivo: Substituir por métodos científicos os métodos empíricos aplicados no passado. Além de ter como objetivo principal, oferecer ao profissional de construção civil ferramentas e conceitos teóricos-práticos para conhecimento do comportamento deste material (solo), indispensáveis na atuação de construção de obras de terra e aos aspectos geotécnicos de fundações. 1.2 PROBLEMA DA MECÂNICA DOS SOLOS A própria natureza do solo, que é complexa. O solo não possui uma relação linear quanto à relação tensão/deformação; O comportamento do solo depende da pressão, do tempo e do meio físico (tipo de solo); O solo apresenta qualidade muito heterogênea, variando de ponto para ponto; A análise de um solo é feita por amostragem de alguns pontos do terreno. 1.3 SOLO SOB O PONTO DE VISTA DA ENGENHARIA Solo é a denominação que se dá a todo material de construção ou mineração da crosta terrestre escavável por meio de pá, picareta, escavadeira, etc, sem necessidade de explosivos. Esta definição não tem sustentação do ponto de vista científico. Geologicamente, define-se como sendo o material resultante da decomposição das rochas pela ação de agentes de intemperismo. Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 2 1.4 EMPREGO DO SOLO NA ENGENHARIA CIVIL (aplicações) Solo como material de construção: Aterros, Barragens de Terra, Base e Sub-base de Pavimentos, etc. Solo como suporte de fundação: Valas, Sapatas, Blocos, Estacas, Tubulões, Subleito, etc. 1.5 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA MECÂNICA DOS SOLOS Os primeiros trabalhos sobre o comportamento dos solos datam do século XVII. COULOMB, 1773, RANKINE, 1856 e DARCY, 1856, publicaram importantes trabalhos sobre o comportamento dos solos. O acúmulo de insucessos em obras de Engenharia observados no início do século XX como: O escorregamento de solo (talude) durante a construção do canal do Panamá, 1913; Rompimento de grandes Barragens de Terra e Recalque em Grandes edifícios, 1913; Escorregamento de Muro de Cais na Suécia, 1914. O Levou em 1922 a publicação pelos suecos de uma nova teoria para o cálculo e Estabilidade de taludes; Movimentos das estacas e do solo que suportavam muros de contenção na construção do Canal de Kiel na Alemanha, 1915. Em 1925 o professor Karl Terzaghi publicou seu primeiro livro de Mecânica dos solos, baseado em estudos realizados em vários países, depois do início dos grandes acidentes. A mecânica dos solos nasceu em 1925 e foi batizada em 1936 durante a realização do primeiro Congresso Internacional de Mecânica dos Solos. Em meados de 1938 foi instalado o primeiro Laboratório de Mecânica dos solos em São Paulo. Em novembro de 1938 foi instalado o Laboratório de Solos e Concreto da Inspetoria Nacional de Obras Contra a Seca em Curemas Paraíba. 2. ORIGEM, FORMAÇÃO E ESTRUTURA DOS SOLOS Os solos são materiais que tem sua origem imediata ou remota na deterioração (decomposição) das rochas através do intemperismo (ação das intempéries). Ou seja, todos os solos se originam da decomposição das rochas que constituíam inicialmente a crosta terrestre. A decomposição é decorrente de agentes físicos e químicos (solo = rocha + intemperismo). Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 3 2.1 ROCHA É um agregado natural formado de um ou mais minerais. E que do ponto de vista da Engenhariam Civil, é impossível de escavar manualmente, necessita de explosivo para o seu desmonte. 2.2 INTEMPERISMO É o conjunto de processos físicos, químicos e biológicos que ocasionam a desintegração e decomposição das rochas e dos minerais, formando os solos. E normalmente esses processos atuam simultaneamente, em determinados locais e condições climáticas, um deles pode ter predominância sobre o outro. Portanto os processos de intemperismos se dividem em: a) Intemperismo Físico - Ou mecânico é o processo de decomposição da rocha sem alteração química dos seus componentes. Os principais agentes são: Variação de temperatura; Congelamento da água; Alívio de pressões e Vegetações. b) Intemperismo Químico - É o processo de decomposição da rocha onde os vários processos químicos alteram, solubilizam e depositam os minerais das rochas transformando-a em solo, ou seja, ocorre à alteração química dos seus componentes (modificação química). Neste caso há modificação na constituição mineralógica da rocha, originando solos com características próprias. Este tipo é mais freqüente em climas quentes e úmidos e, portanto muito comum no Brasil. O principal agente é a água, e os mais importantes mecanismos de ataque são: Hidrólise; Hidratação; Oxidação e Carbonatação. c) Intemperismo Biológico - É processo no qual a decomposição da rocha se dá graças a esforços mecânicos produzidos por vegetais através de raízes, escavação de roedores. Além dos efeitos químicos da vegetação. 2.2.1 Influência do Intemperismo no Tipo de Solo Os vários tipos de intemperismo e a intensidade com que atuam no processo de formação dos solos dão origem a diferentes tipos de solo. Percebe então, que o solo é assim, uma função da rocha de origem e dos diferentes agentes de alteração. Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 4 2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS QUANTO A ORIGEM (genética) Com base na origem dos seus constituintes, os solos podem ser divididos em dois grandes grupos: solo residual, se os produtos da rocha intemperizada permanecem ainda no local em que se deu a transformação; solo transportado (sedimentar), quando os produtos de alteração foram transportados por um agente qualquer, para local diferente ao da transformação. 2.3.1 Solos Residuais Os solos residuais são bastantes comuns no Brasil, principalmente na região Centro-Sul , em função do próprio clima. A ação intensa do inpemperismo químico nas áreas de climas quentes e úmidos provoca a decomposição profunda das rochas com a formação de solos residuais, cujas propriedades dependem fundamentalmente da composição do tipo de rocha existente. A rocha que mantém as características originais, ou seja, a rocha sã é a que ocorre em profundidade. Quanto mais próximo da superfície do terreno, maior é o efeito do intemperismo. Sobre a rocha sã encontra-se a rocha alterada, em geral muito fraturada e permitindo grande fluxo de água através das descontinuidades. A rocha alterada é sobreposta pelo solo residual jovem, ou saprolito. O material mais intemperizado ocorre acima do saprófito e é denominado solo residual maduro (figura 2.1). 1. Solo superficial. 2. Solo residual maduro, sem vestígios da estrutura e textura da rocha matriz. 3. Solo residual jovem (saprolito), com vestígios da estrutura e textura da rocha matriz. 4. Rocha alterada. 5. Rocha praticamente sã. Figura 2.1 – Exemplo de um perfil de solo Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 5 Figura 2.2 – Exemplo de um perfil de solo Residual 2.3.2 Solos Sedimentares (transportados) Os solos sedimentares ou transportados são aquelesque foram levados de seu local de origem por algum agente de transporte e lá depositados (figura 2.2). Os solos transportados geralmente depósitos mais inconsolidados e fofos que os residuais e com profundidade variável. Nos solos transportados, distingue-se uma variedade especial que é o solo orgânico, no qual o material transportado está misturado com quantidade variáveis de matéria orgânica decomposta. De um modo geral o solo residual é mais homogêneo que o transportado. As características dos solos transportados são em função do agente de transporte. Os agentes de transporte são: Vento (solos eólicos); Água (solos aluvionares); Geleiras (solos glaciais); Gravidade (solos coluvionares) a) Solos Eólicos - Transporte pelo vento. São de destaque, apenas os depósitos ao longo do litoral, onde formam as dunas não sendo comuns no Brasil. O problema desses depósitos existe na sua movimentação. Como exemplos têm os de estado do Ceará, e os de Cabo Frio no Rio de Janeiro. Restringe as areias e siltes. Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 6 b) Solos Aluvionares - São solos sedimentares que são transportados pela água. A sua textura depende da velocidade de transporte da água. Características: Grãos de diversos tamanhos, mais grossos que os eólicos. Existem aluviões essencialmente arenosos, bem como aluviões argilosos. Embora os solos que constituem os aluviões sejam, via de regra, fonte de materiais de construções, são, por outro lado, péssimos materiais de fundações. c) Solos Glaciais - Formados pelas geleiras. São formados de maneira análoga aos fluviais. Não ocorre no Brasil, e comuns na Europa e América do Norte. d) Solos Coluviais - Formados pela ação da gravidade. Dentre os solos podemos destacar o TALUS, que é solo formado pelo deslizamento de solo do topo das encostas, formando ocorrência ao pé das encostas e elevações (figura 2.3). Apresenta grande variedade de tamanhos, alta porosidade, e inconsolidados, sujeitos a escorregamentos. São comuns ao longo de rodovias na Serra do Mar-SP. e) Solos Orgânicos – Impregnação do solo (argila, silte e areia fina) por sedimentos orgânicos preexistentes (húmus), em geral misturados de restos de animais e vegetais. Caracterizam pela cor escura, cheiro forte peculiar e alta plasticidade (alto limite de Figura 2.3 – Depósito de tálus Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 7 liquidez). Um teor de 2 a 4% de matéria orgânica já influi danosamente no solo. São problemáticos por serem muito compressíveis. São encontrados no Brasil principalmente nos depósitos litorâneos, em espessuras variadas, e nas várzeas dos rios e córregos. Por sua característica orgânica, apresentam elevados índices de vazios, e por ser de sedimentação recente, possuem baixa capacidade de suporte e considerável compressibilidade. A norma norte americana classifica como solo orgânico aquele que apresenta LL de uma amostra seca em estufa menor do que 75% do LL de amostra natural sem secagem em estufa. TURFAS – são solos que incorporam florestas soterradas em estado avançado de decomposição, com grande porcentagem de partículas fibrosas de material carbonoso ao lado de matéria orgânica no estado coloidal. Este tipo de solo pode ser identificado por ser fofo e não plástico e ainda combustível. 2.3.3 Descrição de Termos Usuais de Solos a) Turfa – Solo sem plasticidade, com grande percentagem de partículas fibrosas de material ao lado de matéria orgânica coloidal, marron-escuro a preto, muito compressível, e combustível quando seco. Devem ser evitados sempre que possível, são péssimos tanto como suporte de estruturas quanto como material de construção. a) Cascalho – Solo com grande percentagem de pedregulho, podendo ter diferentes origens – fluvial, glacial e residual; o cascalho de origem fluvial é chamado comumente de seixo rolado; c) Solo laterítico (Solo Tropical Vermelho) – São os solos de evolução pedogênica que sofrem no seu local de formação ou deposição uma série de transformações físico- químicas. Formados por uma alternância de saturação e secagem do solo original, aumentando a concentração de óxido de ferro e alumina na parte superior. Forma solo de textura fina, pouco ou nada ativo, suas cores varia de amarelo ao vermelho mais ou menos escuro. Diversas designações locais para estes solos, tais como: piçarra, recife, tapioconga e outros. d) Saibro – Solo residual areno-argiloso, podendo conter pedregulhos, proveniente de alteração de rochas graníticas ou gnáissicas; Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 8 e) Topsoil – Solo areno-siltoso, com pouca ou nenhuma argila, encontrado nas camadas superficiais de terrenos de pequena declividade, ou nas baixas de bacias hidrográficas; f) Massapê – Solo argiloso, de plasticidade, expansibilidade e contratilidade elevadas, encontrado, principalmente, na bacia do Recôncavo Baiano. Suas Características decorrem da presença da montmorilonita. No Paraná, materiais semelhantes são designados sabão-de-caboclo. 2.4 COMPOSIÇÃO QUIMICA E MINERALÓGICA DOS SOLOS Os solos são formados por agregados de um ou mais minerais. Os minerais encontrados nos solos são os mesmos da rocha de origem (minerais primários), além de outros que se formam na decomposição (minerais secundários). a) Mineral: Substância inorgânica e natural, com composição química e estrutura definida. Os minerais encontrados nos solos podem ser primários ou secundários. Os PRIMÁRIOS são os mesmos da rocha de origem, e os SECUNDÁRIOS são formados quando ocorre a decomposição química. b) Minerais Constituintes dos Solos Grossos (areias e pedregulhos): Os solos grossos são constituídos basicamente de SILICATOS, ÓXIDOS, CARBONATOS E SULFATOS. Nos solos grossos, o comportamento mecânico depende pouco da composição mineralógica. c) Minerais Constituintes dos Solos Argilosos - As argilas são constituídas basicamente por silicatos de alumínio hidratados, podendo apresentar silicatos de magnésio, ferro ou outros metais. Os minerais que formam as frações finas pertencem a três grupos: CAULINITA, ILITA e MONTMORILONITA. Caulinita - São formadas por unidades estruturais de silício e alumínio, que se unem alternadamente, conferindo-lhes uma estrutura rígida. Portanto em face de sua estrutura de camadas duplas são relativamente mais estáveis em presença de água, com menor plasticidade além de apresentar propriedades mecânica melhores. Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 9 Montmorilonitas - São estruturalmente formadas por unidade de alumínio entre duas unidades de silício. A ligação entre essas unidades, não sendo suficientemente firme para impedir a introduzir de moléculas de água entre as camadas tornando-se as argilas montmoriloníticas muito expansivas e, portanto, instáveis em presença de água. Portanto, em função da presença torna-se esta argila com alta plasticidade, características de expansibilidade e retração além de baixo coeficiente de atrito interno e as piores propriedades mecânicas Ex: BENTONITA1. Ilitas - São estruturalmente semelhantes as Montmorilonitas, sendo, porém com um íon permutável. São menos expansivas que as montmorilonita. A presença de um determinado mineral de argila pode ser determinado por análise TERMODIFERENCIAL, RAIOS-X, MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA e ETC. 2.5 SUPERFÍCIE ESPECIFICA É a soma das superfícies de todas as partículas contidas na unidade de volume (ou peso) do solo. Quanto mais fino for o solo maior será a sua superfície especifica, o que constituí uma das razões das diferenças entre as propriedades físicas solos finos e dos solos grossos. As forças de superfíciesão muito importantes no comportamento de partículas coloidais, sendo a diferença de superfície específica uma indicação da diferença de comportamento entre os solos com distintos minerais argílicos. Imaginando–se uma partícula de forma cúbica, com 1cm de aresta e subdividindo-a decimalmente, em cubos cada vez menores, poderemos organizar a Tabela 2.1 abaixo como ilustração. Aresta Volume total N0 de cubos Área total Superfície específica 1 cm 1cm3 1 6 cm2 6 cm2 /cm3 1 mm= 10-1 cm 1cm3 103 60 cm2 6 x 10 cm2 /cm3 0,1 mm =10-2 cm 1cm3 106 600 cm2 6 x 102 cm2 /cm3 0,01mm = 10-3 cm 1cm3 109 6000 cm2 6 x 103 cm2 /cm3 Tabela 2.1 –Ilustração de superfície especifica 2.6 ESTRUTURAS DOS SOLOS Refere-se ao modo como as partículas estão dispostas formando o agregado do solo. É o arranjo das partículas e as forças entre elas. A estrutura influencia na resistência ao cisalhamento. Os tipos de estruturas mais comuns são: 1 BENTONITAS são argilas ultra-finas, formadas, em sua maioria, pela alteração química de cinzas vulcânicas. Sua composição predomina a montmorilonita, o que explica sua tendência ao inchamento. Graças a esta propriedade, as “injeções de betonitas” são muito usadas para vedação em barragens, perfurações de petróleo, cortinas, fundações profundas, e etc. Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 10 a) Estrutura granular simples (unigranular)- É característica das areias e pedregulhos, predominam as forças de gravidade na disposição das partículas, que se apóiam diretamente uma sobre as outras, em grãos isolados (figura 2.4-a). b) Estrutura alveolar ou favo de abelha - É o tipo de estrutura comum nos siltes mais finos e em algumas areias. As forças de atração molecular são predominantes face à força da gravidade. A partícula sólida ficará na posição em que se der o primeiro contato, dispondo em forma de arcos (figura 2.4-b). c) Estrutura floculenta (solos finos)- É o tipo de estrutura que só possível nos solos muito finos (argilas), onde as partículas ao se sedimentarem, dispõem em arcos, os quais, por sua vez, formam outros arcos. Trata-se, portanto de uma estrutura de ordem dupla. Na formação de tais estruturas, desempenham funções importantes as ações elétricas (forças elétricas) que se desenvolvem entre as partículas. Na sedimentação a formação de flocos (figura 2.4-c). d) Estrutura em esqueleto ou mista (granulometria variada) É o tipo de estrutura que além de possuir grãos finos há também grãos mais grossos, e estes se dispõem de maneira tal a formar um esqueleto, cujos interstícios (vazios) são parcialmente ocupados por uma estrutura de grãos mais finos. É o caso das complexas estruturas das argilas marinhas. (a) granular simples (b) alveolar (c) floculenta Figura 2.4 - Tipos de estruturas, segundo Terzaghi. Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 11 3.0 O ESTADO DOS SOLOS 3.1 INTRODUÇÃO Num solo, só parte do volume total é ocupado pelas partículas sólidas, que se encontram formando uma estrutura. O volume restante costuma ser chamado de vazios, embora esteja ocupado por água e ar. Ou seja, solo é um material constituído por um conjunto de partículas sólidas, deixando entre si vazios que poderão estar parcial ou totalmente preenchidos pela água. Deve-se reconhecer, portanto, que o solo é constituído de três fases: sólida, água e ar. O comportamento de um solo depende da quantidade relativa de cada uma das três fases (sólida, água e ar). Diversas relações são empregadas para expressar as proporções entre elas. Na figura 3.1 estão representadas, simplificadamente, as três fases que normalmente ocorrem nos solos, ainda que, em alguns casos, todos os vazios possam estar ocupados pela água. Solo = sólido + líquido + gases. Em princípio, as quantidades de água e ar podem variar. A evaporação pode fazer diminuir a quantidade de água, substituindo-a por ar, e a compressão do solo pode provocar a saída de água e ar, reduzindo o volume de vazios. O solo, no que se refere às partículas que o constituem, permanece o mesmo, mas o seu estado se altera. As diversas propriedades do solo dependem do estado em se encontra. Quando diminui o volume de vazios, por exemplo, a resistência aumenta. a) Fase Sólida - Caracteriza-se pelo seu tamanho, forma, distribuição e composição mineralógica dos grãos. b) Fase Gasosa - Ar, vapor d’água e carbono combinado. É bem mais compressível que as fases líquida e sólida. Figura 3.1 – Amostra de solos Vt = Vs + Vv = Vs + Va + Var Pt = Ps + Pa Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 12 c) Fase Líquida - Preenche os vazios dos solos. Pode estar em equilíbrio hidrostático ou fluir sob a ação da gravidade ou de outra forma. E os tipos de águas podem ser classificados em: Água de constituição - É a que faz parte da estrutura molecular da partícula sólida; Água adesiva ou adsorvida - É a película de água que envolve e adere fortemente às partículas de solos muito finos devido a ação de forças elétricas desbalanceadas na superfície dos argilos-minerais; Água livre - É a que se encontra em uma determinada zona do terreno, enchendo todos os vazios. O seu estudo rege-se pela lei da hidráulica; Água higroscópica - É a que ainda se encontra em um solo seco ao ar livre; Água capilar - É água que nos solos de grãos finos sobe pelos interstícios capilares deixados pelas partículas sólidas, além da superfície livre da água, devido a ação das tensões superficiais. As águas livre, higroscópica e capilar são as que podem ser totalmente evaporadas pelo efeito do calor, a uma temperatura de 1000 C. A sua consideração é de interesse em certos casos especiais de consolidação de aterros, quando então há necessidade de calcular as “pressões neutras” desenvolvidas em função da redução da fase gasosa. 3.2. ÍNDICES FÍSICOS ENTRE AS FASES Os índices e as relações que serão apresentados a seguir desempenham um importante papel no estudo das propriedades dos solos, uma vez que, estas dependem dos seus constituintes e das proporções relativas entre eles, assim como da interação de uma fase sobre as outras. Portanto, serão examinadas as propriedades decorrentes dos solos como eles são encontrados na natureza ou quando depositados e compactados artificialmente. São propriedades referentes à sua maior ou menor compacidade ou consistência e à sua estrutura ou arranjo dos grãos entre si. Para identificar o estado do solo, empregam-se índices que correlacionam os pesos, e os volumes das três fases. Estes índices são os seguintes: a) Teor de umidade (h) - Define-se a umidade de um solo como sendo a relação entre o peso da água e o peso da parte sólida existente neste mesmo volume, expressa em porcentagem. Para sua determinação, pesa-se o solo no estado natural, seca-se em Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 13 estufa a 1050 C até constância de peso e pesa-se novamente. Tendo-se o peso das duas fases, a umidade é calculada. É a operação mais freqüente em um laboratório de solos. Os teores de umidade dependem do tipo de solo e situam-se geralmente entre 10 e 40 %, podendo ocorrer valores muito baixos para solos com aparência de seco de 2 a 3% ou valores muito altos (150 % ou mais). h = Ps Pa . 100 (%) ou h = Ps PsPt . 100 (%) Um outro meio, muito simples e rápido, para determinar a umidade, consiste no emprego do aparelho Speedy. Ele é constituído por um reservatório metálico fechado que se comunica com um manômetro destinado a medir a pressão interna. Dentro deste reservatório são colocadas,em contato, umas certas quantidades de solo úmido e uma determinada porção de carbureto de cálcio (CaC2). A água contida no solo combinando-se com o carbureto de cálcio, gera-se um gás acetileno, e daí, pela variação depressão interna obtém-se a quantidade de água existente no solo. b) Índice de vazios (e) - Relação entre o volume de vazios e o volume das partículas sólidas. Não pode ser determinado diretamente, mas é calculado a partir de outros índices. Costuma se situar entre 0,5 a 1,5, mas nas argilas orgânica podem ocorrer índices de vazios superiores a 3. Por definição: e = Vs Vv ; No laboratório sua determinação é feita em função de γg (peso específico das partículas) e γs (peso específico do solo seco). e = Vs Vv = Vs VsVt = Vs Vt - 1 = PsVs PsVt / / -1 → e = s g -1 O índice de vazios é uma medida de densidade e, portanto, representa uma das características mais importantes para definição de um solo. Dessa propriedade dependem, por exemplo, a permeabilidade, a compressibilidade e a resistência à ruptura. c) Porosidade de um solo (n) - Relação entre o volume de vazios e o volume total. I Da mesma forma que o índice de vazios, a porosidade é uma medida de densidade do solo. Os valores se situam geralmente entre 30 e 70%. Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 14 n = Vt Vv . 100 (%) ou através da relação: n = e e 1 . 100 (%) Entretanto, o índice vazio, que se relaciona ao volume dos sólidos, representa uma medida mais adequada aos estudos de variações volumétricas de solos. d) Grau de saturação (S) - Relação entre o volume de água e o volume de vazios. Corresponde a percentagem do volume de vazios (poros) ocupados pela água. O número indica se o solo está saturado (S=100%), seco (S=0%) ou num estado intermediário (úmido). Quando o solo está saturado S=100% o Va=Vv. Não é determinado diretamente, mas calculado. S = Vv Va . 100 (%) e) Grau de aeração (A) - Relação entre o volume de ar e volume de vazios. Indica o quanto de vazios está ocupado por ar. Não é determinado diretamente em laboratório, mas sim através de outros índices. A = Vv Var . 100 (%) ou A = Vv VaVv → A = (1-S) . 100 f) Pesos específicos do solo - Distinguem-se vários pesos específicos para solos in situ. É definido como sendo a razão entre o peso de um determinado componente das três partes físicas do solo, pelo seu volume. Assim pode-se ter: Peso específico aparente (natural) (γnat) - É definido como a relação entre o peso total do solo e seu volume total. A expressão “peso específico natural” é algumas vezes, substituída só por “peso específico” do solo. Tratando-se de compactação do solo, o peso específico natural é denominado peso específico úmido. Para sua determinação, molda-se um cilindro do solo cujas dimensões conhecidas permitem calcular o volume. O peso total dividido pelo volume é o peso específico natural. O peso específico também pode ser determinado a partir de corpos irregulares, obtendo-se o volume por meio do peso imerso n’água. Para tal o corpo deve ser previamente envolto por parafina. Por definição: γnat = V P = VV PaP s s (g/cm3) Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 15 No campo, a determinação de “γ” pode ser feita, entre outros, pelo conhecido “processo do frasco de areia”, utilizando-se um frasco ao qual se adapta um funil munido de um registro (figuras 3.2 a e 3.2 b). A areia utilizada tem que ser calibrada entre as peneiras (#) 20 e 30. Peso específico aparente de um solo seco (γs) - Relação ente o peso dos sólidos e o volume total. Corresponde ao peso específico que o solo teria se viesse a ficar seco, se isto pudesse ocorrer sem que houvesse variação de volume. Não é determinada diretamente em laboratório, mas calculado a partir do peso específico natural e da umidade. Por definição: γs = V Ps (g/cm3) Peso específico dos sólidos (grãos )(γg) - Relação entre o peso das partículas sólidas e o seu volume. É uma característica dos sólidos. γg = Vs Ps (g/cm3) O peso específico dos grãos dos solos pouco varia de solo para solo e, por si, não permite identificar o solo em questão, mas é necessário para cálculos de outros índices. Os valores situam-se em torno de 2,7 g/cm3, sendo este valor adotado quando não se dispõe de valor específico para o solo em estudo. Grãos de quartzo (areia) costumam apresentar pesos específicos de 2,65 g/cm3. Figura 3.2 a – Frasco de areia Figura 3.2 b – Frasco de areia Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 16 Peso específico da água (γa) - O peso específico da água é dado pela razão entre o peso de uma quantidade de água e o volume da mesma. γa= a a V P (g/cm3). O peso específico da água varia com a temperatura e com os sais dissolvidos. Entretanto, adota-se comumente o valor de 1 g/cm3, correspondente à densidade da água destilada, à temperatura de 40 C. Densidade relativa das partículas (ou dos grãos) (δ) - É a relação entre o peso da específico dos grãos (γg) e o peso específico da água (γa). Utilizando-se a definição de densidade absoluta de igual volume de água pura a 40 C. δ = a g (adimensional), e como o peso específico da água é γa = Va Pa = 1g/cm3, implica que, o “δ” e o “γg” são expressos pelo mesmo número, sendo que δ é adimensional e γg tem dimensão. Por exemplo, a densidade relativa do quartzo é 2,65 e seu peso específico dos grãos é 2,65 g/cm3. Sua determinação, feita pelo clássico método do picnômetro, resume na aplicação da fórmula seguinte. A figura 3.3 representa o esquema de determinação da densidade real. δ = 12 PPPs Ps , onde: Peso específico aparente saturado (γsat) - Peso total da amostra de solo depois de saturada com água, ou seja, quando todos os vazios estão completamente cheios com de água. È de pouca aplicação prática.. Neste caso o grau de saturação S=1. A sua determinação é através da relação abaixo: e e ag sat 1 (g/cm3) ; Ps - peso do solo seco P1 – peso do picnômetro + solo + água P2 – peso do picnômetro com água pura Figura 3.3 – Picnômetros Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 17 Peso específico de um solo submerso (γsub.) - É peso específico efetivo do solo quando submerso, submetido ao empuxo de Arquimedes, não sendo sua medida por via direta. Serve para o cálculo de tensões efetivas. Por definição é igual ao peso específico saturado menos o peso específico da água. asat (g/cm 3 g) Grau de compacidade (ou compacidade relativa) - O estado de um solo não coesivo (areia) define-se pelo chamado grau de compacidade, que indica a maior ou menor densidade relativa. O estado que se encontra uma areia pode ser expresso pelo seu índice de vazios. Este dado isolado, entretanto, fornece pouca informação sobre o comportamento da areia, pois, com o mesmo índice de vazios, uma areia pode estar compacta e outra fofa. É necessário analisar o índice de vazio natural de uma areia em confronto com os índices de vazios máximo em que ela pode se encontrar. Portanto, tanto o “peso específico aparente seco” como o índice de vazios, poderão dar uma idéia do estado e compacidade de uma areia. Quanto mais compacta for a uma areia maior será seu peso específico seco e menor seu índice de vazios. O estado de uma areia, ou sua compacidade pode ser expresso pelo índice de vazios em que ela se encontra, em relação a estes valores extremos, pelo índice de compacidade. GC = minmax max ee ee nat (adimensional) Os índices de vazios máximoe mínimo depenem das características da areia. No laboratório emax é obtido vertendo-se simplesmente o material seco num recipiente de volume conhecido e pesando-se, no estado mais fofo possível. Analogamente obtém-se emin, compactando-se o material por vibração ou por socamento dentro do mesmo recipiente. Infelizmente esses dois ensaios não foram ainda padronizados de forma de forma que a definição de emax e emin é ainda imprecisa. e = Vs Vv = Vs VsVt = 1 Vs Vt , se dividir tudo por Ps, implica em e = 1 / / PsVs PsVt → e = 1 . Ps Vt g (formula geral), para cada estado só varia o “Vt” na fórmula geral. Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 18 Quanto maior o grau de compacidade GC, mais compacta é a areia. Terzaghi sugeriu a terminologia apresentada na tabela 3.1. CLASSIFICAÇÃO GRAU DE COMPACIDADE (GC) Areia fofa 0 < GC ≤ 0,33 Areia de compacidade média 0,33 < GC ≤ 0,66 Areia compacta 0,66 < GC ≤ 1,00 Tabela 3.1- Grau de compacidade Tem sido muito utilizada à correlação de compacidade das areias com o índice de resistência à penetração dinâmica do barrilete amostrador-padrão (SPT), utilizado em sondagens de exploração do subsolo (figura 3.4). A norma de sondagem com SPT (NBR 6484) prevê que o boletim de sondagem forneça, junto com a classificação do solo, sua compacidade (tabela 3.2) ou consistência no caso de solos argilosos. Solo N (golpes) Compacidade Areias e siltes arenosos ≤ 4 Fofa (o) 5 - 8 Pouco compacta (o) 9 - 18 Mediamente compacta (o) 19 - 40 Compacta (o) > 40 Muito compacta (o) Tabela 3.2 – Classificação GC e função do N0 de golpes do SPT* Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 19 *OBS.: SPT (Standart Penetration Test). A sondagem a percussão é um procedimento de geotécnico de campo, capaz de amostrar o subsolo. Quando associada ao ensaio de penetração dinâmica (SPT), mede a resistência do solo ao longo da profundidade perfurada. O grau de compacidade em função dos pesos específicos é expresso pela relação: GC= minmax min nat . nat max Onde γmax, γnat, γmin são os pesos específicos secos nos estados, respectivamente, mais denso possível, natural e mais solto possível Figura 3.4 – Etapas na execução de sondagem a percussão (a) avanço da sondagem por desagregação e lavagem e (b) ensaio de penetração dinâmica (SPT) Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 20 h) Correlações diversas Fórmulas gerais que podem ser utilizadas h p p x a s 100 h P P P x h s s 100 g s s p v s h 1 P V t t h p p x a s 100 100x P PP s sh ; e V V v S ; n V V x v t 100 ; 100x V V S v a ; 100x V V A v ra Pesos específicos V P nat ; V Ps s ; s s g V P ; as as sat VV PP ; sub sat a ; a a a P V Relações entre os índices físicos e Se ag nat 1 e e ag sat 1 e g s 1 h nat s 1 100 1 x e e n sat s an ))(1( agsub n assub n )1( a g e h S agnat Snn 1 agsat nn 1 gs n 1 n n e 1 g a n Sn h 1 assat n e ag sub 1 e g s 1 1001 xSA G C e e e e max nat max min . . nat nat xCG max minmax min.. V V Vt s v V V Vv a ar P P Pt s a 1 s gt P v e Ps = h Pt 1 = Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 21 LISTA DE EXERCÍCIO 01 01) O que são solos? 02) Como ocorre a desintegração mecânica? 03) Como ocorre a decomposição química? 04) O que são solos residuais? 05) O que são solos sedimentares? 06) O que são solos de formação orgânica? 07) O que é um mineral? 08) Os minerais encontrados no solo são os mesmos das rochas que o originou? 09) Quais os principais minerais que compõe os solos grossos? 10) Como são constituídas as argilas? 11) Quanto à origem e formação dos solos, aqueles que sofreram a ação de agentes transportadores são os chamados; a) residuais b) orgânicos c) colapsíveis d) sedimentares 12) Como são formadas as caolinitas? 13) Qual o comportamento das argilas caolinitas na presença de água? 14) Como são formadas as montmorilonitas? 15) Qual o comportamento das argilas montmorilonitas na presença de água? 16) O que é superfície específica? 17) O que são betonitas? E qual a sua utilidade? 18) Dos três grupos de minerais argilosos, qual deles é o mais ativo? 19) O que é água de constituição? 20) De que é constituído o solo (fases)? 21) O que é água capilar? 22) Quais as águas que podem ser totalmente evaporadas pelo efeito do calor? 23) De que é composto o volume total do solo? 24) De que é composto o peso total de um solo? 25) Como é feita a determinação do teor de umidade de solo? 26) Como é determinado o ter o de umidade do solo através do aparelho “ Speedy”. 27) O que é grau de compacidade? 28) Qual a diferença entre γ e γs? 29) O que é grau de saturação de um solo? 30) Como é feita a determinação de γ (peso específico), no campo? 31) Tálus são solos transportados, tipicamente inconsolidados e sujeitos à instabilidade. Sim ou Não. Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 22 32) A porosidade de um solo fornece uma medida proporcional de vazios na massa de solo e é definida como o volume de vazios no solo dividido pelo volume de grãos? Sim ou Não. 33) O ensaio de sedimentação visa à obtenção das dimensões dos grãos da fração fina do solo? Sim ou Não. 34) Solos colapsíveis são aqueles que apresentam significativas reduções de volume quando umedecidos ou submetidos a mudanças importantes de neveis de tensões. Verdadeiro ou falso? Sim ou Não. 35) Solos contendo altos teores do argilomineral montmorilonita são recomendáveis na construção de pavimentos urbanos. Verdadeiro ou falso? 36) Todo solo tem sua origem _________ ou _________ na decomposição das rochas pela ação das intempéries. Assinale a alternativa que melhor preenche as lacunas: a) Física, química; b) Característica, não característica; c)Imediata, remota; d) Metereológica, espacial 36) Quando o solo, produto do processo de decomposição das rochas permanece no próprio local em que se deu o fenômeno, ele se chama ________. Assinale a alternativa que melhor preenche o espaço. a) Transportado; b) Inorgânico; c) Poroso; d) Orgânico; e) Residual. 37) Seja h o teor de umidade de uma amostra de solo, convencionalmente expresso por porcentagem de se peso seco. Considerando-se o teor de umidade como sendo uma porcentagem “P” do peso total da amostra, pode-se dizer que P é igual a: a) h h 1 b) h h 1 c) h h 2 d) h h 2 Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 23 LISTA DE EXERCÍCIO 02 01) O peso específico de um solo seco é 1,8 g/cm3 e a densidade das partículas 2,70. Determine o peso específico do solo para S=25 %, S=60 % e S=100 %. Resposta:: =1,88 g/cm3 / =2,00 g/cm3 / : =2,13 g/cm3 02) Sabendo-se que o peso específico de um solo é 1,6 g/cm3, o teor de umidade é 33% e a densidade das partículas 2,65; pede-se calcular: o índice de vazios, a porosidade e o grau de saturação do solo. Qual a quantidade de água que é necessário adicionar por m3 de solo para satura-lo. Resposta: e=1,21 / n=54,75 % / S=72,27% / 151,9 l/m³ 03) Para construir um aterro, dispõe-se de uma quantidade de terra, que é chamada pelos engenheiros de “área de empréstimo”, cujo volume foi estimado em 3000 m3. Ensaios mostraram que o peso específico natural é da ordem de 1,78 t/m3 e que a umidade é de cerca de 15,8 %. O projeto prevê que no aterro o solo seja compactado com uma umidade de 18%, ficando com um peso específico seco de 1,68 t/m3. Que volume de aterro é possível construir com o material disponível e que volume de água deve ser acrescentado? Resposta: Vaterro=2.744,87 m³ / ΔV=101,45 m³ = 101.450 l =101,45 m³ = 101.450 l 04) O peso específico de um solo é 1,75 g/cm3 e seu teor de umidade 6 %. Qual a quantidade de água a adicionar, por m3 de solo, para que o teor de umidade passe a 13 %? Admitir a constância do índice de vazios. Resposta: ΔPa=0,1155 ton/m³ ou ΔVa=115,5 l/m³ 05) Uma amostra de solo pesa 200 g e seu teor de umidade é 32,5%. Calcule: a)A quantidade de água que se deve retirar da amostra para que o teor de umidade fique reduzido a 24,8%; Resposta: ΔPa=-11,62g =-11,62ml ( água a retirar) b)A quantidade de água que se deve adicionar à amostra para que o teor de umidade aumente para 41 %. Resposta: ΔPa=12,82g =12,82ml ( água a adicionar) 06) Um centímetro cúbico de areia seca pesa 1,7 g e a densidade relativa das partículas é 2,65. Determine os pesos específicos do solo para S=30 %, S = 45 % e S=100 %. Resposta: =1,77 g/cm3 / =1,83 g/cm3 / : =2,104 g/cm3 07) Uma amostra de argila saturada tem um volume de 162 cm3 e pesa 290 g. Sendo a densidade relativa das partículas é 2,79. Pede-se determinar o índice de vazios, a porosidade, o teor de umidade e o peso específico do material. Resposta: sat=1,79 / e=1,21 / n=56,0 % / h=45,16% 08) Uma amostra de areia com volume de 2,9 litros pesou 5,2 kg. Os ensaios de laboratório para determinação da umidade natural, do peso especifico das partículas e do grau de compacidade do material forneceram os seguintes resultados: Umidade: Peso úmido = 7,79 g -- 5,04 g Peso seco = 6,68 g -- 4,31 g Peso especifico das partículas: Peso do picnômetro com água = 434,12 g Peso do picnômetro com 35 g de solo e mais água ate o mesmo nível = 456,21 g Grau de compacidade: Índice de vazios no estado solto = 0,85 Índice de vazios no estado compacto = 0,50 Calcular: a)teor de umidade, b)peso especifico da s partículas, c)peso da parte sólida, d)peso da água, e)volume da parte sólida, f)volume de vazios, g)índice de vazios, h)grau de compacidade, i)porosidade, j)grau de saturação, k)peso especifico aparente. Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 24 09) Para construção de uma barragem de terra é previsto um volume de 300.000 m3 de terra, com índice de vazios de 0,8. Dispõe-se de três jazidas, designadas de A, B e C. O índice de vazios do solo de cada uma delas, bem como a estimativa do custo do movimento de terra até o local da obra são indicados no quadro abaixo: Jazida Índice de vazios Custo do movimento de terra/m3 A B C 0,9 2,0 1,6 R$ 10,20 R$ 9,00 R$ 9,40 Qual das jazidas é economicamente mais favorável? 10) Em uma amostra de solo indeformada2 são fornecidos os seguintes dados: Volume total 1200 cm 3 Peso total úmido mais recipiente 2,90 kg Peso seco mais recipiente (tara da capsula). 2,65 kg Peso do recipiente (tara da cápsula). 0,30 kg Peso específico dos grãos 2,7 g/cm3 Pede-se determinar: o grau de saturação, índice de vazios e porosidade. 11) Em uma determinada amostra de areia seca, verificou-se os seguintes dados: peso da areia seca é de 90g ocupando um volume de 50cm3. Sabendo-se que sua densidade real é de 2,60, calcule os pesos específicos para o grau de saturação igual a 40% e para o grau de saturação igual a 100%. 12) Conhecidos o peso específico úmido igual a 1,7 g/cm3, e teor de umidade e o teor de umidade igual a 9%, pede-se determinar s, S, e, sabendo-se que =2,65. 13) São conhecidos, para um determinado solo: =1,8 g/cm3, h=12 % e g=2,7 g/cm3. Pede-se determinar: s, S, A, e, n. 14) Uma argila saturada tem umidade h=39,3 % e um peso específico sat=1,84 g/cm3. Determine a densidade das partículas e o índice de vazios. 15) Uma amostra de areia no estado natural pesa 875 g e o seu volume é igual a 512 cm3. O seu peso seco é 803 g e a densidade relativa dos grãos 2,66 Determine o índice de vazios, porosidade teor de umidade e grau de saturação da areia. 16) Uma amostra de areia foi ensaiada em laboratório, obtendo-se: Solo no estado natural: V = 700 cm3 , P = 1260 g Solo no estado seco compacto: V = 644 cm3 Ps = 1095 g Solo no estado seco fofo: V = 755 cm3, Ps = 1095 g Peso específico das partículas: 2,7 g/cm3 Determinar: a) h=? no estado natural b) GC = ? 17) De uma amostra de solo saturado são conhecidos: e sat = 1,85 g/cm3 e h =38,7 %. Pede-se determinar o peso específico das partículas. 2 Amostra Indeformada – é a amostra retirada por processo que procura preservar o volume, a estrutura e a umidade do solo; as tensões são, naturalmente, aliviadas e deverão ser recompostas no laboratório. Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 25 18) Um corpo de prova cilíndrico de um solo argiloso apresenta altura H=12,5 cm, diâmetro Ǿ=5,0 cm e peso de 478,25 g o qual, após secagem, reduziu à 418,32 g. sabendo-se que o peso específico dos sólidos é 27,00 KN/m3, determinar: a) O peso específico aparente seco (γs); γs = 1,70 g/cm3 b) O índice de vazios (e); e=0,58 c) A porosidade (n); n=93,69% d) O grau de saturação (S); S=26,06% e) O teor de umidade (h). h= 14,33% 19) Calcular a porosidade (n) para um solo que apresenta S = 68 %, γs = 26,5 KN/m3; e h = 15 %. Qual é o peso específico desse solo? γ = 19,04 KN/m3 20) Um caminhão basculante com capacidade de 6,0 m3 está cheio com um solo cujo teor de umidade médio é de 13 %, γg = 26,75 KN/m3 e γ = 14,5 KN/m3. Calcular a quantidade de água que é necessário adicionar a este volume de solo para que o seu teor de umidade seja elevado para 18 %. ΔVa= 392,546 litros 21) Deseja-se construir um aterro com volume de 100.000 m3, γ = 1,8 g/cm3 e h = 15 %. A área de empréstimo apresenta um solo com γg = 2,70 g/cm3 e n = 58 %. Qual o volume a ser escavado para se construir o citado aterro. Vempr= 1,38x105 m3 22) De um corte são removidos 180.000 m3 de solo, com índice de vazios 1,22. Quantos m3 de aterro com 0,76 de índice de vazios poderão ser construídos? V` = 143.000 m3 23) De um solo saturado são conhecidos: γsat = 1,85 g/cm3 e h = 38,7 %. Pede-se determinar o peso específico das partículas. Considere a figura abaixo, representativa de uma certa porção de solo, onde se mostram separadas esquematicamente as três fases, para responder às questões 24 e 25. 24) O teor de umidade do solo apresentado é, em porcentagem (h%), igual a: a) 100 2 4 x P V b) 100 3 3 x V P c) 100 2 3 x P P d) 1 3 P P e) 1 1 P V 25) O índice físico representativo da equação 100 1 2 x V V é, em percentagem, o(a): a) Índice de vazios; b) Grau de compacidade;c) Grau de saturação do solo; d) Grau de aeração; e) Porosidade do solo. 26) Considere as afirmativas abaixo, todas referentes aos índices físicos de um solo. I – É a razão entre o volume de vazios e o volume total de uma amostra de um solo. II – É a porcentagem de água contida nos seus vazios. III – É a razão entre o volume de vazios e o volume da parte sólida de um solo. Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 26 Os índices físicos correspondentes às afirmativas I, II e III, respectivamente, são: a) Índice de Vazios, Índice de Umidade e Permeabilidade. b) Índice de vazios, Higroscopia e Porosidade. c) Índice de Secos, Grau de saturação e Porosidade. d) Porosidade, Grau de Saturação e Índice de Vazios. e) Porosidade, Umidade Absoluta e Permeabilidade. 26) julgue os itens abaixo, se verdadeiro ou falso: a) Solos contendo altos teores de argilomineral montimorilonita são recomendáveis na construção de pavimentos urbanos. b) Solos colapsíveis são aqueles que apresentam significativas reduções de volume quando umedecidos ou submetidos a mudanças importantes de níveis de tensões. c) Tálus são solos transportados, tipicamente inconsolidados e sujeito a instabilidade. d) A porosidade de um solo fornece uma medida proporcional de vazios na massa de solo e é definida como o volume de vazios no solo dividido pelo volume dos grãos. e) O ensaio de sedimentação visa a obtenção das dimensões dos grãos da fração fina do solo. 27) De uma amostra indeformada de solo são fornecidos os seguintes dados: Volume total = 1000 cm3 Peso total úmido = 2,1 Kg Peso total seco = 2,0 Kg Densidade relativa das partículas = 2,50 Kg Peso específico da água = 1,0 Kg/cm3 O grau de saturação da amostra é igual a: a) 0,45 b) 0,50 c) 0,65 d) 0,80 Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 27 4. PROPREIEDADES FÍSICAS DOS SOLOS Uma massa de solo pode ser descrita através de suas propriedades físicas, como peso específico, teor de umidade, índice de vazios, entre outras, e suas propriedades mecânicas, com ângulo de atrito interno, resistência ao cisalhamento, coesão, etc. A interação das características do esqueleto sólido do solo – os componentes, tamanhos e arranjo de seus grãos, teor de água e do ar nos seus vazios, conferem-lhe características distintas. O entendimento do comportamento do solo depende, portanto do estudo dos componentes, distribuição granulométirca e arranjo dos grãos da fase sólida, e sua interação com a água e ar que lhe ocupa os espaços inter- granulares. Essa interação sólido-água-ar é profundamente estudada pela física dos solos, cujos resultados são aproveitados pela engenharia civil. O geólogo deve ter em mente que as propriedades físicas podem ser medidas com relativa facilidade em laboratório e que pequena variação de seus valores não modifica o equilíbrio dos solos. Entretanto, podem variar muito com as condições externa, como por exemplo as chuvas. Os solos são identificados por sua textura, composição granulométrica, plasticidade, consistência ou compacidade, além de outras propriedades que auxiliam na sua identificação como: estrutura, forma dos grãos, cor, cheiro e friabilidade. 4.1 TEXTURA A TEXTURA de um solo é o tamanho relativo dos grãos, portanto refere-se ao grau de finura e uniformidade do solo. Por exemplo: pedregulho, areia, silte e argila. O estudo da textura dos solos é realizado por intermédio do ensaio de granulometria. Pela sua textura os solos podem ser classificados em solos grossos e solos finos. a) Solos Grossos - Solos com 0,074 mm e suas partículas tem forma arredondada poliédrica, e angulosa. Os solos grossos são os PEDREGULHOS e as AREIAS. b) Solos Finos - Solos com < 0,074 mm. Os solos finos são os SILTES e ARGILAS A ABNT através da norma NBR 6502 (Rochas e Solos) estabelece faixas de graduação para diferenciar as frações dos solos, conforme Tabela 4.1: Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 28 FRAÇÃO LIMITES (ABNT) Matacão de 200,0 mm a 1,0 m Pedra-de-mão de 60,0 mm a 200,0 mm Pedregulho (cascalho) de 60 mm a 2,0 mm Areia Grossa de 2,0 mm a 0,6 mm Areia média de 0,6 mm a 0,2 mm Areia fina de 0,2 mm a 0,06 mm Silte de 0,06 mm a 0,002 mm Argila Inferior a 0,002 Tabela 4.1 - Classificação dos solos em função dos diâmetros (NBR 6502/1995). Pedregulhos: solos cujas propriedades dominantes são devidas à sua parte constituída pelos grãos minerais de diâmetro máximo superior a 2,0 mm e inferior a 60,0 mm. São caracterizados pela sua textura, compacidade e forma dos grãos. Conceito da NBR 6502- Solos formados por minerais ou partículas de rocha, com diâmetro compreendido entre 2,0 mm e 60 mm. Quando arredondados ou semi-arredondados, são denominados cascalho ou seixo. Areias: solos cujas propriedades dominantes são devidas à sua parte constituída pelos minerais de diâmetro máximo superior a 0,06 mm, e inferior a 2,0 mm. São caracterizados pela sua textura, compacidade e forma dos grãos. Conceito da NBR 6502 - Solo não coesivo e não plástico formado por minerais ou partículas de rochas com diâmetros compreendidos entre 0,06 mm e 2,0 mm. Grossa: quando os grãos acima referidos têm diâmetro máximo compreendido entre 2,0 mm e 0,6 mm. Média: quando os grãos acima referidos têm diâmetro máximo compreendido entre 0,6 mm e 0,2 mm. Fina: quando os grão acima referidos têm diâmetro máximo compreendido entre 0,2 mm e 0,06mm. Silte: solo que apresenta apenas a coesão necessária para formar, quando seco, torrões facilmente desagregáveis pela presença dos dedos. Suas propriedades dominantes são devidas à parte constituída pelos grãos de diâmetro máximo superior a 0,002 mm, e inferior a 0,06mm. Caracteriza-se pela sua textura e compacidade. Conceito da NBR 6502 - Solo que apresenta baixa ou nenhuma plasticidade, e que exibe baixa resistência quando seco o ar. Suas propriedades dominantes são devidas à parte constituída pela fração silte. É formado por partículas com diâmetros compreendidos entre 0,002 mm e 0,06 mm. Argila: Solo que apresenta características marcantes de plasticidade; quando suficientemente úmido, molda-se facilmente em diferentes formas, e quando seco, apresenta coesão bastante para constituir torrões dificilmente desagregáveis por pressão dos dedos; suas propriedades dominantes são devidas á parte constituída pelos grãos de diâmetro máximo inferior a 0,002 mm. Caracteriza-se pela sua plasticidade, textura e consistência em seu estado e umidade naturais. Quanto à textura, são as argilas identificadas qualitativamente pela sua distribuição granulométrica. Conceito da NBR 6502 -Solo de granulação fina constituído por partículas com dimensões menores que 0,002 mm, apresentando coesão e plasticidade. Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 29 Areias – As partículas são visíveis a olho nu Siltes – Quando secam ficam viram pó e são facilmente removidos das mãos e dos sapatos. Argilas – Quando úmidas são pegajosas e difíceis de serem removidas das mãos e dos sapatos. 4.2 FORMA DOS GRÃOS Tem grande influência sobre o seu comportamento e outras propriedades como consistência, compacidade, etc. Principais formas encontradas: a) Partículas arredondadas (poliédrica) - Predominam nos pedregulhos, areia e siltes; b) Partículas lamelares (semelhantes a lamelas ou escamas) - Encontradas nas argilas (solos finos). Esta forma de partículas das argilas responde por algumas de suas propriedades, como, por exemplo, a compressibilidade e a plasticidade. c) Partículas fibrilares - Característica dos solos turfosos (orgânico) 4.3 COMPORTAMENTO DOS SOLOS O comportamentodos solos finos é em função da composição mineralógica, que é governado pelas forças de atração moleculares e elétricas e pela presença de água; O comportamento dos solos grossos é função da sua granulometria que é governado pelas forças gravitacionais. Os SILTES apesar de serem classificados como finos, o seu comportamento é governado pelas forças gravitacionais (mesmas dos solos grossos). 4.4 IDENTIFICAÇÃO DOS SOLOS POR MEIO DE ENSAIOS Para identificação dos solos a partir das partículas que os constituem, são empregados correntemente dois tipos de ensaio, a análise granulométrica e os índices de consistência. 4.4.1 Análise Granulométrica Análise granulométrica é a determinação das dimensões dos grãos que constituem o solo e a percentagem (proporções) da massa total dos grãos nos diversos intervalos e tamanhos. Esta análise consiste, em geral, de duas fases: peneiramento e sedimentação. O peso do material que passa em cada peneira, referido ao peso seco da amostra, é considerada como a “percentagem que passa” e é representada graficamente por uma “curva granulométrica”, como se mostra à figura 4.1. Curva esta, que é traçada por pontos em um diagrama semi-logarítmo, no qual Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 30 sobre o eixo das abscissas, são marcados os logarítmos das dimensões das partículas e sobre o eixo das ordenadas as porcentagens, em peso das partículas que têm dimensões consideradas. A abertura nominal da peneira é considerada como o “diâmetro efetivo” das partículas. Trata-se evidentemente de um “diâmetro equivalente”. A análise por peneiramento tem como limitação a abertura da malha das peneiras. A menor peneira comercialmente empregada é a de N0 200, cuja abertura é de 0,074 mm. Uma amostra de solo pode ser analisada, granulometricamente, por secagem e peneiramento ou, então submetendo-a a um ensaio de sedimentação. Ela é realizada em um laboratório de solos e é realizada em três etapas: a) Peneiramento grosso - Análise granulométrica da fração grossa da amostra de solo – grãos > que 2,0 mm; b) Peneiramento fino - Análise granulométrica da fração média da amostra de solo – grãos > que 0,074 mm e < que 2,0 mm; c) Sedimentação - Análise granulométrica da fração fina da mostra de solo – grãos < que 0,074 mm. Quando há interesse no conhecimento da distribuição granulométrica da porção mais fina dos solos, emprega-se a técnica da sedimentação contínua em meio líquido, que se baseia na lei de Stokes, a qual estabelece uma relação entre o diâmetro da partícula e sua velocidade de sedimentação em um meio líquido de viscosidade e peso específico conhecidos. Figura 4.1 – Esquema representativo da sedimentação Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 31 Para se fazer uma análise granulométrica de solos é necessário adotar uma escala granulométrica. Existem várias, tais como as escalas: Internacional, ABNT, ABCP, AASHO, ASTM, USCS e MIT. Para fim deste estudo a escala adotada é da ABNT NBR 6502. Escala da ABNT (NBR 6502/1995) Os pedregulhos e areias bem graduados e compactados são minerais estáveis. Quando não apresentam teores de partículas finas, são fáceis de compactar e pouco afetados pela umidade. Uma areia fina e uniforme aproxima-se das características de um silte com diminuição da permeabilidade e redução da estabilidade em presença de água. Areias finas são difíceis de distinguir visualmente dos siltes. Os siltes são relativamente impermeáveis difíceis de compactar e podem ser facilmente pulverizadas (converter em pó) quando secos. As argilas são os finos plásticos e têm resistência variável com a umidade. São impermeáveis e difíceis de compactar, quando úmidas, e quase impossível de drenar por métodos comuns. Grande expansibilidade e contração podem ocorrer com variações de umidade. Quando maior for o limite de liquidez, maior a sua compressibilidade. Os finos siltes e argilas influenciam consideravelmente nas propriedades dos solos. Cerca de 10% de finos presentes em areias e pedregulhos bem graduados tornam-se impermeáveis. Curva Granulométrica Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 32 A análise granulométrica dos solos permite definir coeficientes e características granulometria, são eles: b) Diâmetro efetivo (D10): É o diâmetro de uma partícula de solo que em 10% da massa total deste solo têm diâmetro menor que o valor (D10) c) Coeficiente de uniformidade (Cu) - É a razão entre os diâmetros correspondentes a 60% e 10% da massa total de um solo que tem diâmetros menores. Tomados na curva granulométrica; d) Solos bem graduados ou contínuos - A amostra apresenta diversos tamanhos dos grãos, cobrindo proporcionalmente toda a faixa granulométrica; e) Solos de graduação uniforme - A amostra de solo apresenta características de que todas as partículas têm o mesmo diâmetro, e não há grande variação de tamanho de grãos; f) Solos de graduação aberta ou descontínua - Contêm na amostra de solo grãos maiores e grãos menores, observando-se uma descontinuidade na granulometria. Consideram-se a granulometria dos solos quanto à uniformidade em: Muito uniforme quando Cu < 5; Uniformidade média quando 5 < Cu < 15; Desuniforme quando Cu >15 g) Coeficiente de curvatura (CC): CC = (D 30) 2 / (D 10 . D 60) Solos bem graduados têm 1 < CC < 3. O tamanho dos grãos de solo e a porção que eles ocorrem são importantes na seleção de material para a construção de barragens de terra, estradas e aterros e geral, onde o solo usado deve satisfazer as especificações definidas. Em fundações de d60 – corresponde ao diâmetro que possui 60% da massa total menores que ele. d10 – corresponde ao diâmetro que possui 10% da massa total menores que ele. Cu = 10 60 d d Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 33 estruturas, os dados granulométricos, em geral, são apenas ilustrativos e têm maior importância outras propriedades, como a compressibilidade e a resistência ao cisalhamento do solo. Não existe uma concordância universal quanto ao intervalo de variação dos diâmetros de cada uma das frações que compõem os solos. Vejam-se a seguir algumas escalas granulométricas: Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 34 Tipos de curvas granulométricas Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 35 E X E R C Í C I O S – sala de aula 01) Para os solos A, B e C, cujas curvas granulométricas são indicadas na figura abaixo, pede-se: a) calcular coeficiente de uniformidade de cada solo; b) qual o solo de maior diâmetro efetivo? c) classificar os solos quanto a sua uniformidade. 02)Determinar as percentagens de areia, silte e argila de um solo, de acordo com a escala granulométrica da ABNT, sabendo-se que: Peneiras (mm) % que Passa Peneiras (mm) % que passa 25,0 100 0,25 44 9,60 80 0,074 24 4,80 72 0,05 21 2,00 67 0,005 11 0,42 56 0,001 4 03) A análise granulométrica de um solo revelou o seguinte resultado: N0 da peneira Abertura em mm Porcentagem passando 10 2,00 100 40 0,42 95 60 0,25 88 140 0,105 74 200 0,074 65 - 0,05 59 - 0,005 18 - 0,001 6 Pede-se traçar a curva granulométrica e determinar o diâmetro efetivo (def) e o coeficiente de uniformidade (Cu). Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 36 4.5 PLASTICIDADE E CONSISTÊNCIA DOS SOLOS A plasticidade é uma das mais importantes propriedades dos solos, sendo essa característica pertencente aos solos finos, ou seja, as argilas. Essa propriedade é associada à umidade dos solos. A experiência mostrou que,para os solos em cuja textura haja uma certa porcentagem de fração fina, não basta a granulometria para caracterizá-los sob o ponto de vista da engenharia, pois suas propriedades plásticas dependem do teor de umidade, além da forma das partículas e da sua composição química e mineralógica. Enquanto que, os solos arenosos são perfeitamente identificáveis por meio de suas curvas granulométricas. Isto é, areias ou pedregulhos de iguais curvas granulométricas comportam-se, na prática de forma semelhante. 4.5.1 Plasticidade A plasticidade é normalmente definida como uma propriedade dos solos, que consiste na maior ou menor capacidade de serem eles moldados, sob certas condições de umidade, sem variação de volume. É essa uma propriedade das argilas, muito útil à cerâmica onde se necessita que o material seja moldado sem variações de volume. Em outras ciências da engenharia, o comportamento plástico dos materiais fundamenta-se nas características tensão-deformação. Assim é que um corpo diz-se elástico quando recupera a forma e o volume primitivo, ao cessar a ação das forças externas que o deformava; ao contrário, diz-se plástico quando não recupera seu estado original ao cessar a ação deformante. Na prática os corpos não correspondem rigorosamente a nenhum dos tipos citados, posto que todos eles apresentam uma fase elástica e outra plástica, com predominância em geral de uma sobre a outra. 4.5.2 Ìndices de consistência (limites de Atterberg) A CONSISTÊNCIA refere-se ao grau de coesão entre as partículas de solo e a resistência oferecida às forças que tendem a deformar ou romper a massa de solo. Portanto é definida como sendo a maior ou menor dureza em que os solos coesivos são encontrados na natureza. A sua obtenção em laboratório é através do ensaio de resistência a compressão simples, e a sua obtenção no campo por meio da resistência à penetração dinâmica (SPT). Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 37 Como foi visto no item anterior, o comportamento dos solos com fração fina não dependem somente da sua granulometria. Portanto, o seu comportamento depende além da granulometria de outros fatores como: superfície específica, teor de umidade, estrutura, forma das partículas e composição mineralógica, ou seja estes solos apresentam um comportamento complexo. Veja, solos que possuem a mesma porcentagem da fração argila, pode ter comportamentos muito diferentes, dependendo das características dos minerais presentes. Todos esses fatores interferem no comportamento do solo, mas o estudo dos minerais-argilas é muito complexo. À procura de uma forma mais prática de identificar a influência das partículas argilosas, a engenharia a substituiu por uma análise indireta, baseada no comportamento do solo na presença de água. Generalizou-se, para isto, o emprego de ensaios e índices proposto pelo engenheiro químico Atterberg, pesquisador do comportamento dos solos sob o aspecto agronômico, adaptado e padronizado pelo Professor de Mecânica dos Solos Arthur Casagrande. Os limites se baseiam na construção de que um solo argiloso ocorre com aspectos bem distintos conforme o seu teor de umidade. Quando o solo está muito úmido, ele se comporta como um líquido (fluido denso) e se diz no estado líquido; quando perde parte de sua água, ele endurece e perde sua capacidade de fluir, porém pode ser moldado facilmente e conservar sua forma, o solo agora se encontra no estado plástico. E quando mais seco, torna-se quebradiço (se desmancha ao ser trabalhado), encontram-se nos estados semi-sólido e sólido. Os teores de umidade correspondentes às mudanças de estado, como se mostra à figura 4.2, são definidos como: Limite de Liquidez (LL) e Limite de Plasticidade (LP) dos solos. A diferença entre estes dois limites, que indica a faixa de valores em que o solo se apresenta plástico, é definida como o Índice de Plasticidade (IP) do solo. Em condições normais, só são apresentados os valores do LL e do IP como índices de consistência dos solos. O LP só é empregado para a determinação do IP. Umidade(%) - crescendo → Figura 4.2 – Estados físicos Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 38 Limite de Liquidez - é definido como o teor de umidade do solo para a qual a ranhura se fecha com 25 golpes, no ensaio em laboratório pelo aparelho de Casagrande como ilustrado na figura 4.3. Traça-se o gráfico semilogarítmo por meio de diversas tentativas realizadas, com o solo em diferentes umidades, anotando-se o número de golpes para fechar a ranhura, obtendo-se o limite pela interpolação dos resultados correspondente a 25 golpes. O procedimento de ensaio é padronizado no Brasil pela ABNT (Método NBR 6459). Com os valores obtidos (número de golpes para fechar a ranhura feita na amostra, e as umidades correspondentes) traça-se a linha de escoamento do material, a qual no intervalo compreendido entre 6 e 35 golpes, pode considerar-se como uma reta conforme ilustra figura 4.4. Recomenda-se a determinação de, pelo menos, 5 pontos. Figura 4.4 – Linha de escoamento do material Antes do ensaio Depois do ensaio Figura 4.3 – Ensaio para determinação do limite de liquidez Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 39 De acordo com os estudos do Federal Highway Administration (órgão Americano na área de Estradas), o LL pode também ser determinado, conhecido “um só ponto”, por meio da fórmula: A resistência que o solo oferece ao fechamento do sulco, medida pelo número de golpes requerido, provém da sua “resistência ao cisalhamento” correspondente à umidade que apresenta. O limite de liquidez também pode ser determinado pelo método do cone de penetração. Este método apresenta algumas vantagens, a saber: o ensaio é fácil de executar, os resultados não são tão dependentes do julgamento do operador e é aplicável para uma maior variedade de solos. Limite de Plasticidade – É definido como o menor teor de umidade com o qual se consegue moldar um cilindro com 3 mm de diâmetro e cerca de 10 cm e comprimento, rolando-se o solo com a palma da mão (figura 4.5) sobre uma placa de vidro fosco. O procedimento é padronizado no Brasil pelo método NBR 7180. Nota-se que a passagem de um estado para outro ocorre de forma gradual, com a variação da umidade. A definição dos limites acima descrita é arbitrária (convencional). Isto não diminui seu valor, pois os resultados são índices comparativos, e que permitem, de maneira simples e rápida, dar uma idéia bastante clara do tipo de solo e suas propriedades. A padronização dos ensaios é que é importante, sendo de fato, praticamente universal e rotineiras nos laboratórios de Mecânica dos Solos. LL = n h log3,0419,1 Onde h é a umidade, em porcentagem, correspondente a n golpes Figura 4.5 – Procedimento manual para determinação do limite de plasticidade. Em b, está fora das condições requisitadas Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 40 Índice de Plasticidade - Representa a zona em que o solo se acha no estado plástico, por ser máximo para as argilas e mínimo, ou melhor, nulo para as areias, fornece um critério para se ajuizar do caráter argiloso de um solo; assim quanto maior o IP, tanto mais plástico será o solo. É definido pela diferença entre os limites de liquidez e o de plasticidade: Quando um material não tem plasticidade (areia, por exemplo), considera-se o índice de plasticidade nulo e escreve-se IP =NP (não plástico). Para uma pequena porcentagem de matéria orgânica eleva o valor o LP, sem elevar simultaneamente o do LL; tais solos apresentam, pois, baixo valor de IP. SegundoJenkins, os solos poderão ser classificados em: Fracamente plásticos: ................... 1 < IP < 7 Mediamente plásticos: ................... 7 < IP < 15 Altamente plásticos: ...................... IP > 15 4.5.3 Propriedades da fração argilosa dos solos a) Troca catiônica - As investigações sobre as propriedades das frações muito finas dos solos mostram que a superfície da partícula sólida possui uma carga elétrica negativa, cuja intensidade depende primordialmente de suas características mineralógicas; as atividades físicas e químicas decorrentes dessa carga superficial constituem a chamada atividade da superfície do mineral. Portanto, os grãos de argila, pelo menos quando dispersos em água, têm uma carga elétrica negativa. E como as partículas estão presas entre si no solo, e impedidas de migrar, movimenta-se a água intersticial (na forma polarizada H+ , OH-), ou seja, as partículas sólidas atraem seus íons positivos H+ , formando uma película de água adsorvida (Figura 4.6), além de outros cátions adsorvidos como, por exemplo, dos mais comuns: Na+, K+ e Ca++. A natureza desses cátions determina muitas propriedades das argilas. As argilas têm a propriedade de trocar os íons adsorvidos. Obs.: Nas argilas para tijolos, são indicados os seguintes valores de plasticidade: LL= 42; LP = 21; IP = 21 IP =LL-LP Figura 4.6 – Partícula de argila Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 41 b) Atividade das Argilas - Os índices de Atterberg indicam a influência dos finos argilosos no comportamento do solo. Certos solos com teores elevados de argila podem apresentar índices mais baixos do que aqueles com pequenos teores de argila. Isto pode ocorrer porque a composição mineralógica dos argilo-minerais é bastante variável. Pequenos teores de argila e altos índices de consistência indicam que a argila é muito ativa (no popular é uma argila gorda). Dos três grupos mais comuns de minerais argílicos, as caolinitas são as menos ativas e as montmorilonitas as mais ativas. Solos de mesma procedência, com o mesmo mineral-argila, mas com diferentes teores de argila, apresentarão índices diferentes, tanto maiores quanto maior o teor de argila, numa razão aproximadamente constante. Quando se quer ter uma idéia sobre a atividade da fração argila, os índices devem ser comparados com a fração argila presente. Segundo Skempton, é isto que mostra o índice de atividade de uma argila, e que pode ser definido pela relação: A argila presente num solo é considerada normal quando seu índice de atividade se situa entre 0,75 e 1,25. Quando o índice é menor que 0,75 considera-se como inativa e, quando o índice é maior que 1,25, ela é considerada ativa. Este índice pode servir, então, como indicação da maior ou menor influência das propriedades mineralógicas e químico-coloidal, da fração argila, nas propriedades geotécnicas de um solo argiloso. É um índice que tem grande valor na caracterização dos solos para fins de engenharia. d) Coesão - De uma forma intuitiva, a coesão é aquela resistência que a fração argilosa empresta ao solo, pela qual ele se torna capaz de se manter coeso, em forma de torrões ou blocos, ou pode ser cortados em forma diversas e manter essa forma. De uma forma geral, poder-se-ia definir coesão como a resistência ao cisalhamento de um solo quando, sobre ele, não atua pressão externa alguma. Índice de Atividade (IA) = )002,0(%arg mmilafração IP Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 42 4.5.4 Índice de consistência (IC) É a medida de consistência de um solo em função do seu teor de umidade natural. A consistência das argilas pode ser quantificada por meio de um ensaio de compressão simples, que consiste na ruptura por compressão de um corpo de prova de argila, geralmente cilíndrico. A carga que leva o corpo de prova à ruptura, dividida pela área deste corpo é denominada resistência à compressão simples da argila (a expressão “simples” expressa que o corpo não é confinado), conforme ilustra a figura. 4.7. Em função do índice de consistência e da resistência à compressão simples, a consistência das argilas é expressa pelos termos apresentados na tabela 4.2. Consistência Índice de consistência (IC) Resistência a compressão simples (Kg/cm2) muito mole IC < 0 R < 0,25 mole 0 a 0,50 0,25 a 0,50 média 0,50 a 0,75 0,50 a 1,00 rija 0,75 a 1,00 1 a 4,00 dura IC > 1,00 R > 4,00 Tabela 4.2– Consistência em função da resistência a compressão simples e do índice de consistência IC = IP hLL Figura 4.7– Resistência a compressão simples de uma amostra indeformada. Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 43 4.5.5 Emprego dos índices de consistência Os índices de consistência têm se mostrado muito útil para a identificação dos solos e sua classificação. Desta forma, com o seu conhecimento, pode-se prever muito do comportamento do solo, sob o ponto de vista da engenharia. Uma primeira correlação foi apresentada por Terzaghi, resultante da observação de que os solos são tanto mais compressíveis (sujeito a recalques) quanto maior for o seu LL. Tendo-se a compressibilidade expressa pelo índice de compressão (Cc), estabeleceu-se a seguinte correlação: De maneira análoga, diversas correlações empíricas vêm sendo apresentadas, muitas vezes com uso restrito para solos de uma determinada região ou de uma certa formação geológica. Portanto, a granulometria, o limite de liquidez e o índice de plasticidade são as “propriedades índices”, capazes de identificar qualquer solo quanto ao seu comportamento como material de construção. Evidentemente, suas propriedades tecnológicas irão depender, ainda, do estado em que tais materiais se encontram na natureza, isto é, em estado mais fofo ou mais compacto, ou mais mole ou mais duro. Cc – Índice de compressão LL – Limite de liquidez Cc = 0,009 (LL – 10) Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 44 E X E R C I C I O S – sala de aula 01) Na determinação do LL de um determinado solo, obteve-se os seguintes valores: Pontos A B C D E N0 de golpes Umidade (%) 49 16 31 20 23 21 19 23 8 31 Pergunta-se: se o IP desse solo é 8,5%, qual o seu LP? 02) Na determinação do LL de um determinado solo obteve-se os seguintes valores: Pontos A B C D N0 de golpes Umidade (%) 44 29 31 35 23 40 12 49 Pergunta-se: Se o LP = 22 % e h = 31 %, pede-se para classificar o solo quanto à consistência. 26 24 28 30 32 34 36 38 40 Mecânica dos Solos Prof. João Carlos de Moura Leal Página 45 5.0 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS (classificação geotécnica) 5.1 INTRODUÇÃO A diversidade e a enorme diferença de comportamento apresentada pelos diversos solos perante as solicitações de interesse da engenharia levou ao seu natural agrupamento em conjuntos distintos, aos quais podem ser atribuídas algumas propriedades. Desta tendência racional de organização da experiência acumulada, surgiram os sistemas de classificação dos solos. O objetivo da classificação dos solos, sob o ponto de vista de engenharia, é o de poder estimar o provável comportamento do solo ou, pelo menos, o de orientar o programa de investigação necessário para permitir a adequada análise de um problema. Existem diversas formas de classificar os solos, como pela sua origem geológica, pela sua evolução, pela presença ou não de matéria orgânica, pela sua granulometria. Os sistemas de classificação que se
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