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LETRAS | 223 DIDÁTICA DO ENSINO DE LINGUA PORTUGUESA LETRAS | 224 LETRAS | 225 DIDÁTICA DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA REGINA CELI MENDES PEREIRA Caros alunos, Esta disciplina vai tratar de questões mais diretamente ligadas à prática docente. A esta altura do curso, em que vocês já entraram em contato com diferentes áreas de estudos da língua portuguesa, torna se necessário refletir e receber um direcionamento sobre como trabalhar a mobilização dos saberes teóricos visando à transposição didática desses saberes. Farei, inicialmente, uma breve retrospectiva histórica da didática no cenário pedagógico, situando o campo de alcance dessa disciplina e suas implicações no processo de ensino aprendizagem. Em seguida, focalizo os diferentes paradigmas de ensino aprendizagem e sua relação específica com o ensino de língua portuguesa, foco de nossas reflexões. Nesse momento, serão retomadas algumas noções já discutidas em outras disciplinas, só que, agora, mais direcionadas à prática docente. Tal enfoque nos conduzi rá, necessariamente, a considerar o espaço da sala de aula e as implicações do papel do professor e dos alunos nesse ambiente de aprendizagem. Serão abordados, portanto, os desafios e necessidades que estão associa dos à complexidade do agir do professor à frente de um evento tão importante como a condução de uma aula, em especial, a de língua portuguesa. Uma das grandes dificuldades da formação inicial, e também da continuada, reside no tratamento dado à transposição didática de modo a fornecer as condições para uma efetiva articulação entre teoria e prá tica. Nesse sentido, procuro fornecer aos alunos parâmetros de atuação, usando como recurso a elaboração de sequências didáticas voltadas para o ensino da leitura, da escrita e da análise linguística. Concluirei nossas reflexões, apresentando a proposta integradora dos projetos interdisciplinares co mo forma de abordar os conteúdos previstos no currículo numa perspectiva de letramento, que extrapole o caráter transmissivo e mecânico das práticas pedagógicas tradicionais. Dessa forma, espero contar com o envolvimento e contribuição de todos no sentido de construirmos caminhos e alternativas para a nossa prática docente. LETRAS | 226 UNIDADE I BREVÍSSIMO HISTÓRICO DA DIDÁTICA Ao longo de nossa existência, temos acesso a diferentes contextos formais e informais de educação. Vivemos em sociedade, e desde o início da civilização, ensinamos uns aos outros, aprendemos uns com os outros, numa troca extremamente produtiva para o desenvolvimento da coletividade e também de nossa indi vidualidade. Os processos educativos se desenvolvem em duas direções: em uma perspectiva mais ampla, temos a dimensão social que caracteriza a transmissão de saberes, conhecimentos, normas, costumes, valores repassados de geração a geração, responsáveis pela construção sócio histórica das diferentes sociedades; na perspectiva individual, o processo educativo se caracteriza pelo desenvolvimento e transformação das capaci dades cognitivas e comportamentais do ser humano. Nas duas perspectivas, porém, o fator social está presen te porque também as transformações individuais são acionadas pela troca e pela interação social. Do ponto de vista da educação formal, a escola se apresenta como o espaço legítimo que vai propor cionar a construção de conhecimentos e promover o desenvolvimento e a formação dos indivíduos. Nesse contexto educacional, as relações de ensino e aprendizagem passam a ser sistematizadas e, nessas condições, requerem uma abordagem filosófica e científica. Segundo Regina Haydt (2006, p.13), A pedagogia é o estudo sistemático da educação. É a reflexão sobre as doutrinas e os sistemas de educação. A Didática é uma seção ou ramo específico de Pedagogia e se refere aos conte údos do ensino e aos processos próprios para o conhecimento. Enquanto a Pedagogia pode ser conceituada como a ciência e a arte da educação, a Didática é definida como a ciência e a arte do ensino. Observem que essa definição apresenta uma diferença entre Pedagogia e Didática: a primeira consi derada como arte da educação e a segunda, como arte do ensino. O que diferencia, então, a educação do en sino? Em outras palavras, entende se a Pedagogia como uma área mais ampla que contempla, inclusive, con textos não institucionais de educação, relacionados às condições de formação das pessoas (cf. BRONCKART, 2008). A Didática, por outro lado, como representativa do processo formal de educação, refere se às condi ções de transmissão dos conhecimentos. Na dimensão do espaço escolar, em que o ensino formal se institucionaliza, o papel do professor ga nhou um destaque fundamental devido à função que ele exerce nesse contexto. É importante esclarecer que a prática do professor em sala de aula se respalda em concepções teóricas de ensino aprendizagem e, no nosso caso, também de língua e de linguagem. Na verdade, toda e qualquer prática docente é reveladora de uma determinada opção teórico metodológica. Ou seja, o como ensinar, o como fazer é sempre antecedido por LETRAS | 227 uma reflexão teórica mais complexa que justifica e fundamenta as tomadas de decisão do professor. Por essa razão, faz se necessário conhecer os modelos teóricos de ensino aprendizagem para que possamos identificar em nossa prática pedagógica nossas filiações teóricas. De acordo com Regina Haydt (op. cit., p.14), pode se dizer que “desde a antiguidade até o início do século XIX predominou nas práticas escolares uma aprendizagem do tipo passivo e receptivo. Nesse tipo de aprendizagem, a compreensão desempenhava um papel muito reduzido”. Em linhas gerais, essa concepção, na época defendida por Aristóteles, defendia que o ser humano podia ser modelado de acordo com as infor mações e os conhecimentos assimilados. Ainda na antiguidade clássica, outro filósofo, Sócrates, posicionou se contra o princípio de que o conhecimento é algo transmitido, defendendo que o ser humano, quando bem orientado e estimulado, descobre que traz consigo um conhecimento interior que o habilita a compreender o mundo que o cerca. Séculos mais tarde, outro grande teórico da educação João Amos Comenius (1592 1670), deixou nos como legado sua obra Didática Magna (1632), revolucionária para a época e que exerceu grande influência sobre a prática docente. Segundo Haydt (2006, p.17), os procedimentos a serem adotados pelo professor na visão de Comenius são: 1. Apresentar o objeto ou ideia diretamente, fazendo demonstração, pois o aluno aprende através dos sentidos, principalmente vendo e tocando. 2. Mostrar a utilidade específica do conhecimento transmitido e a sua aplicação na vida diária. 3. Fazer referência à natureza e origem dos fenômenos estudados, isto é, às suas causas. 4. Explicar primeiramente os princípios gerais e só depois os detalhes. 5. Passar para o assunto ou tópico seguinte do conteúdo apenas quando o aluno tiver compreendido o anterior. Mais modernamente, no cenário brasileiro, o grande educador Paulo Freire (1921 1997), reconheci do mundialmente, notabilizou se pela valiosa contribuição aos estudos em alfabetização ao lançar uma pro posta que contrariava a abordagem tradicional da cartilha, que veio a ser reconhecida como método Paulo Freire. A área de atuação/influência do educador extrapola, no entanto, os limites do processo inicial de aqui sição da escrita e passa a ter repercussão nas práticas educativas em sua dimensão filosófica, política e históri ca. Segundo Paulo Freire, todo ato de educação é um ato político, o que justifica o seu interesse na educação e conscientização de jovens e adultos operários, caracterizando um movimento conhecido como Pedagogia da Libertação. Quando fazemos uma retrospectiva dos modelos de ensino aprendizagem desenvolvidos nos séculos passados, constatamos que os paradigmas científicos e filosóficos exerceram grande influência em várias áreas de produção de conhecimento, a exemploda Psicologia, Pedagogia, Linguística e que, inevitavelmente, passa ram a interferir nas relações entre professor e aluno e a condicionar a prática docente. Podemos, então, destacar três grandes paradigmas de ensino aprendizagem, alguns dos quais se ori ginaram na antiguidade clássica, mas se desenvolveram ao longo do século passado, estendendo seus reflexos LETRAS | 228 até os dias atuais. São eles: o Behaviorismo, o Construtivismo e o Sociointeracionismo, os quais serão aborda dos de forma abreviada mais adiante. Esses paradigmas foram decorrência de reflexões desenvolvidas nos domínios comuns dos questionamentos em Filosofia e Psicologia, mas também, posteriormente, na Linguisti ca, que, em meados do século passado, acabara de se firmar como ciência. LETRAS | 229 UNIDADE II PARADIGMAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM Behaviorismo Burrhus Frederic Skinner Behavior é uma palavra inglesa que significa comportamento. Esse vocábulo foi incorporado pela língua portuguesa por meio do sufixo ismo. O Behaviorismo pode ser melhor compreendido como uma análise experimental do comportamento humano, na qual se controlam os efeitos do condicionamento nas ações e reações dos indivíduos. Os teóricos mais representativos dessa corrente da Psicologia foram os norte americanos John Broadus Watson (1878 1958) e Burrhus Frederic Skinner (1904 1990), ambos norte americanos. Uma das principais teses dos compor tamentalistas refere se ao condicionamento que o estímulo exerce no comportamento do indivíduo, projetan do uma determinada reação/resposta. Ao ser deslocada dos laboratórios de Psicologia, já no período pós guerras (1945/1960), essa perspectiva teve uma forte acolhida no contexto educacional de uma sociedade que se tornava mais e mais industrializada, na medida em que se apresentava como forte aliada na moldagem de indivíduos que fossem úteis para as demandas de uma nova forma de organização social. Segundo Silva (2005), as técnicas de ensino programado e de modificação de comportamento foram as maiores contribui ções de Skinner. Assim, essa corrente influenciou diretamente o contexto educacional e as práticas pedagógicas de senvolvidas naquele período e nos anos que o sucederam. Em determinadas realidades, inclusive, essas influ ências ainda permanecem atuais e direcionam a prática de muitos educadores. Um exemplo disso são as ativi dades mecânicas, repetitivas, que visam ao alcance de objetivos de ensino aprendizagem com base na trans missão de conteúdos pré fixados: memorização de datas, definições, terminologias, conceitos, fórmulas etc. LETRAS | 230 Alguns princípios do Behaviorismo mais diretamente relacionados ao ambiente escolar: 1. Definição rígida de papéis: o professor ensina e os alunos aprendem. 2. As aulas são essencialmente expositivas. 3. A posição dos alunos em relação à construção de conhecimentos é de passividade. O professor é quem defi ne os resultados esperados. Construtivismo Jean Piaget Contrariamente ao Behaviorismo, o Construtivismo defende que o conhecimento, como o próprio nome indica, é construído e não apenas reproduzido. Nessa perspectiva, cujo representante, por excelência, é o biólogo suíço Jean Piaget (1896 1980), a criança, em seu processo de desenvolvimento, vai construindo seus próprios esquemas de aprendizagem por meio de um processo ativo de assimilação, acomodação e adaptação da realidade. O Construtivismo apresenta se como uma teoria do desenvolvimento cognitivo do ser humano que procura explicar como evoluem os processos mentais que vão caracterizar a evolução do pensamento e do raciocínio lógico. O pensamento passa por quatro fases (sensório motor; pré operatório; operário concreto e operatório formal) até chegar ao seu estágio pleno de maturação. Em sua origem, essa teoria não foi concebi da como um método educativo, nem tampouco a epistemologia piagetiana foi originalmente identificada por construtivismo. Foi só posteriormente, que uma discípula de Piaget, a psicóloga argentina Emília Ferreiro, rela cionou esses princípios teóricos aos estudos desenvolvidos com crianças em fase inicial de apropriação da leitura e da escrita, a partir daí, a proposta construtivista de ensino aprendizagem foi se popularizando, mas também não pretendia ser identificada como um método. No entanto, contribuiu para a formulação de pro postas para a alfabetização. Alguns princípios do Construtivismo mais diretamente relacionados ao ambiente escolar: 1. aluno no centro do processo educativo; 2. A autonomia do aprendiz; 3. O conhecimento não está pronto, mas é construído na interação entre o sujeito aprendiz e o objeto do co nhecimento; 4. O professor não é transmissivo e respeita as fases de desenvolvimento do aluno. LETRAS | 231 Sociointeracionismo Lev S. Vygotsky O sociointeracionismo, assim como os dois paradigmas anteriormente apresentados, não se constitui como uma metodologia, e sim como uma teoria explicativa do desenvolvimento cognitivo do ser humano. Um de seus mais expressivos idealizadores foi o bielo russo Lev S. Vygotsky (1896 1934) que, ao longo de sua curta existência, morreu aos 38 anos de idade, desenvolveu uma carreira brilhante: professor de literatura, filólogo, advogado, psicólogo e médico. Apesar de sua extensa produção acadêmica, as suas ideias só passaram a ter ampla divulgação aqui no Brasil a partir da década de oitenta. Vygotsky foi contemporâneo de Piaget e, apesar de reconhecer a grande contribuição piagetiana aos estudos sobre o desenvolvimento cognitivo das crianças, discordava do biólogo suíço em alguns aspectos. A principal discordância residia no enfoque dado ao caráter biológico do desenvolvimento, o qual, segundo Vy gotsky, negligenciava a importância fundamental do componente sócio histórico no processo de desenvolvi mento cognitivo do indivíduo. Para Vygostsky, qualquer abordagem psicológica que considerasse aspectos mentais e biológicos, sem levar em conta o fator social que é responsável pelo processo de internalização das representações do mundo (linguagem, valores, normas), torna se reducionista uma vez que não contempla todos os aspectos constitutivos da formação humana. O desenvolvimento cognitivo do ser humano não é de corrente apenas da maturação de seus estágios de inteligência, independentemente do contexto e das rela ções partilhadas com outros indivíduos. Nesse processo, a alteridade é constitutiva do individual. Outro ponto de discordância teórica entre os dois autores, que está mais relacionado às questões de caráter pedagógico, refere se às implicações da aprendizagem no desenvolvimento da criança. Para Vygotsky, o aprendizado se antecipa ao desenvolvimento, enquanto que para Piaget, é necessário que a criança atinja os níveis previstos de desenvolvimento (estágios), a fim de que ela consiga ativar os respectivos esquemas de aprendizagem. É nesse ponto que temos acesso a uma das mais significativas contribuições de Vygotsky para a área educacional: a noção de zona de desenvolvimento proximal (ZDP). Vygotsky (1984/1930) defende a existência de dois níveis de desenvolvimento: o real e o potencial. O primeiro (NDR) é indicativo das atividades que a LETRAS | 232 criança pode realizar sozinha, sem a ajuda de um par mais experiente. Tem se, nesse caso, uma visão retrospectiva do desenvolvimento em torno de um aprendizado já adquirido. O nível de desenvolvimento potencial (NDP), por sua vez, corresponde àquele em que a criança só realiza determinada atividade com a ajuda de um par mais experiente, o que para o autor é mais indicativo do seu desenvolvimento mental do que o desenvolvimento real, já que é considerado prospectivamente, ou seja, voltado para o que ele pode vir a realizar. E finalmente, a distância que separa esses dois níveis de desenvolvimento é chamada de zona de desenvolvimento proximal. O aprendizado, portanto, é responsável por ativar a ZDP. De forma similar, em crianças normais, o aprendizado orientado para os níveis dedesenvolvimento que já foram adquiridos é ineficaz do ponto de vista do desenvolvimento global da criança. Ele não se dirige para um novo estágio do processo de desenvolvimento, mas, ao invés disso, vai a reboque desse processo. Assim, a noção de zona de desenvolvimento proximal capacita nos a propor uma nova fórmula, a de que o bom aprendizado é somente aquele que se adianta ao desenvolvimento (VYGOTSKY, 1984/1930, p. 116 117). A figura, apresentada a seguir, é uma tentativa de expor visualmente o processo de deslocamento entre o nível de desenvolvimento real e o potencial Níveis de desenvolvimento cognitivo • Resolução de problemas sem ajuda de outro NDReal • Resolução de problemas com a ajuda de outro. ZDP • Indicativo do verdadeiro potencial do aluno NDPotencial Figura 1 Essas noções ganham um destaque especial nas práticas pedagógicas por duas razões: a primeira, por enfatizar que o conhecimento é construído nas interações sociais; a segunda, por salientar o papel do professor como mediador nesse processo de construção. Tais concepções, desde que sejam efetivamente assimiladas, passam a interferir diretamente na ação docente, no modo como ele conduzirá suas atividades de ensino em sala de aula, ou seja, em sua didática. Os professores que adotam uma perspectiva LETRAS | 233 sociointeracionista de ensino aprendizagem procuram atuar sempre na ZDP do aluno, na medida em que, ao oferecer lhes atividades desafiadoras, proporcionam também as condições para que possam interagir com os outros – colegas e professores – na construção do conhecimento. Alguns trabalhos mais recentes (cf. GÓES, 2001; ROJO, 2001) têm questionado o estatuto de harmo nia atribuído à ZDP na teoria vygotskiana. Para esses críticos, o conflito está presente na sala de aula e não foi previsto nem elaborado por Vygotsky. Sabemos que as relações entre professor aluno são geralmente confli tantes, assim como o são quaisquer relações humanas. O conflito é constitutivo da natureza do ser humano, por essa razão não acreditamos que ele não tenha sido previsto por Vygotsky. A sua proposta aponta mais para a reflexão sobre a importância da mediação humana no favorecimento do aprendizado, ou seja, da ne cessidade de o professor desenvolver estratégias interativas que proporcionem condições efetivas de constru ção de conhecimento, ainda que não sejam necessariamente harmônicas. Góes (2001, p. 86 87), ao investigar a dinâmica de interações na construção do conhecimento reali zadas em uma sala de aula da pré escola, constatou que: [...] a noção de ajuda do outro tem a força de ilustração e é uma referência generalizada à mediação social, enquanto a idéia central seria a de uma necessária participação, de qualquer natureza, do outro, nas experiências de aprendizagem e no desenvolvimento do indivíduo. Desse modo, a proposição de desenvolvimento proximal pode ser vista, sobretudo, como tendo um valor heurístico para a investigação dos processos humanos, no esforço de entendermos a constituição recíproca dos processos individuais e sociais e, especificamente, de avançarmos na análise sobre os modos pelos quais os conhecimentos são construídos. Assim, o conceito será menos útil se for tomado como estritamente ligado à prescrição de uma prototípica mediação do outro ou de uma mediação harmoniosa com um caráter pedagógico homogêneo. Góes ainda acrescenta que toda a dinamicidade envolvida na ação do outro, voltada direta ou indire tamente para o desenvolvimento da criança, ainda que implique tensão, oposição, negação, contradição, não deixa de ser uma ajuda. Alguns princípios do sociointeracionismo mais diretamente relacionados ao ambiente escolar: 1. A interação professor aluno como princípio do processo educativo. 2. Importância dos trabalhos em grupo. 3. O papel do professor como mediador. 4. A rejeição ao aspecto da “prontidão” para a aprendizagem. 5. A ênfase na abordagem interdisciplinar. A breve apresentação desses paradigmas procurou evidenciar como as concepções teóricas interferem em nossa prática. Daí a importância de uma formação sólida do professor para que ele possa escolher e avaliar LETRAS | 234 bem os procedimentos a serem adotados em sala de aula. Retomaremos alguns aspectos centrais das três abordagens de ensino aprendizagem expostos na tabela1 1. TABELA 1 ASPECTOS Behaviorismo Construtivismo Sociointeracionismo Ensino É a criação de situações, nas quais a repetição é essencial para que haja maior memorização dos conteúdos. É a criação de situações, através das quais, o aluno interagindo com o ambiente desenvolve suas estruturas e constrói o seu conhecimento. É a promoção de situações que possibilitem ao aluno transformar os conhecimentos dos quais ele se apropriou através de suas interações com o meio histórico e cultural. Aprendizagem É a mudança de compor- tamento resultante de trei- nos. É o desenvolvimento da inte- ligência através da interação entre o sujeito, o ambiente e o objeto do conhecimento. É a apropriação e transforma- ção de conhecimento histori- camente construídos e organi- zados culturalmente. Papel do professor Exerce o papel de centrali- zador e detentor do conhe- cimento. Possibilitador de situações em que o aluno faça as suas descobertas e construa o seu conhecimento. Facilitador das interações entre o aluno e o objeto do conhe- cimento. Papel do aluno É o de receptor, moldado a desempenhar comporta- mento desejado pelo pro- fessor. Em contato com o ambiente, o aluno se torna um constru- tor do seu conhecimento. Transformador dos conheci- mentos que ele se apropriou através das suas interações com o meio social. Atividade didática É realizada através da sele- ção de conteúdos a serem ensinados partindo do mais simples para o mais com- plexo. Realiza-se através de planos de estudos que aperfeiçoem e desenvolvam as habilida- des cognitivas, ou seja, le- vem o aluno a resolver pro- blemas. Parte do conhecimento prévio do aluno, daí permite avançar, ampliar e reestruturar esse conhecimento. Promoção de situações que incentivem à curiosidade e à troca de in- formações e permitam acesso à fontes de conhecimento. Clima na sala de aula Aluno passivo recebendo informações do professor. É interativo, no qual o pro- fessor conduz o aluno à descoberta do conhecimen- to. É de interação, no qual o pro- fessor é mediador entre aluno e o objeto do conhecimento. Avaliação É feita através de testes, nos quais o professor vai priorizar a quantidade de conteúdos memorizados. Será feita através da obser- vação individual, ou seja, quando o aluno passa de um estado menor de conheci- mento para um maior. Será feita através da observa- ção dos grupos de alunos, como eles se relacionam com os diversos objetos de conhe- cimento; suas descobertas, dúvidas e dificuldades, a fim de ver se o aluno já interiori- zou e transformou os conhe- cimentos adquiridos. 1 Esta tabela foi adaptada de um material didático elaborado por Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante (UFPB) e distribuído com os alunos. LETRAS | 235 UNIDADE III OS PARADIGMAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM E SUA RELAÇÃO COM AS ABORDAGENS DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA Em algumas das disciplinas de nosso curso, vocês já tiveram a oportunidade de refletir sobre ques tões voltadas para o ensino de língua portuguesa. Já tiveram conhecimento sobre os documentos institucio nais, a exemplo dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e do avanço que eles representaram para a reali dade escolar. Não faremos uma releitura do texto, mas a partir de agora, buscarei relacionar essas questões didático pedagógicas com aspectos específicos do ensino aprendizagem de língua portuguesa. Depois das reflexões em torno desses paradigmas, podemos associar a eles as respectivas aborda gens de ensino de língua. O primeiro deles, o behaviorista, está bem associado ao ensino tradicional de língua,baseado essencialmente no estudo de conceitos, terminologias, memorização de regras de acentuação, conju gação verbal, ênfase em análise sintática e outros conhecimentos de estrutura da língua. Não queremos dizer que esses conhecimentos sejam desnecessários, o que se torna problemático é privilegiar só eles. Nesse con texto, as práticas de leitura e de produção de textos, que se apresentam como os usos legítimos da linguagem, perdem sua significação, uma vez que o tratamento didático dispensado a elas é, de certa forma, incompatível com o ensino transmissivo e com uma avaliação que considere capacidades como memorização, identificação e classificação de itens gramaticais. A título de exemplificação, apresento os dados de uma pesquisa realizada por Maria Helena de Mou ra Neves (1990, p. 12 14), em que ela registra as áreas do programa de Língua Portuguesa mais trabalhadas, por ordem de frequência. Vejam na tabela 2 como os maiores percentuais se concentram no ensino de classes de palavras e nos conteúdos de sintaxe e morfologia. Conforme indiquei anteriormente, as práticas de leitura e de produção de textos apresentam baixos percentuais de ocorrência. Observem que esses dados são relativos ao início da década de noventa, momento bem anterior à publicação dos PCN (1997), entre o final da década de oitenta e início da década de noventa, mas em que já estavam em pleno desenvolvimento reflexões e discussões sobre a necessidade de mudanças no ensino de língua portuguesa. Contribuíram com essas discussões ilustres linguistas, dos quais citaremos apenas alguns nomes como Carlos Franchi, Vanderlei Geraldi, Sírio Possenti, Maria Helena de Moura Neves, Ingedore Koch, Angela Kleiman, dentre muitos outros que compõem uma numerosa lista. Mais adiante, vamos enfatizar como essas discussões se materializaram com a publicação dos PCN e a repercussão disso para as práticas de ensino aprendizagem de língua portuguesa. O cipalmente ta baseado pamentos s psicogenéti desenvolvia e planejame sos mentais leitura e de mais geral, do educand usos da líng O língua/lingu alguns dos nov e Mikh autores com desenvolvim sempenhad LETRAS | 23 segundo pa quando rela nos método silábicos simp ca da escrita a na criança o ento das ativ s de aprend e escrita em entendemos do, favorece gua. terceiro par uagem porqu fundamento hail Bakhtin d mpartilham o mento e, por do pelo “out V e 36 Cont Classes Sintaxe Morfol Semân Acentu Silabaç Texto Redaçã Fonétic Ortogr Estilístic Níveis Versific aradigma, o c acionado à a os tradiciona ples seguido a. Nessa áre o processo d vidades de e dizagem nos níveis mais s que o cons eu a orientaç radigma, o s ue veio acom os cognitivist deram um n os mesmos p r outro, uma tro” ganha Vocês já est estudos ling teúdo program s de palavra e ogia tica ação ção ão ca e Fonolog rafia ca de linguage cação construtivist lfabetização ais das cartil os dos compl ea específica, de apropriaçã ensino. Essas alunos, tam avançados. strutivismo e ção de ativid sociointeraci mpanhado po tas sobre a n novo direcio pressupostos a abordagem uma dimen udaram sob guísticos. Es TABELA 2 mático as gia em ta, teve uma . Essa perspe has, cujo fun exos, o que , os professo ão da escrita s influências, mbém influe Já no que s exerceu sua i dades de lin ionismo, tev or reflexões natureza da namento ao s epistemoló m discursiva são explicat bre as influê tamos nos 2 Fr 3 3 1 3 2 2 1 1 0 0 0 0 0 a acolhida be ectiva se con ndamento e contrariava ores alfabeti a e essa com na medida e nciaram as se refere ao influência um guagem que ve uma repe teóricas e e linguagem. os estudos lin ógicos que n a da linguag tiva e constit ências do ge referindo a requência 39,71% 5,85 % 0,93 % 3,37 % 2,41 % 2,25 % 1,44 % 1,44 % 0,96 % 0,80 % 0,32 % 0,32 % 0,16 % em significat ntrapôs diret ra a silabaçã os fundamen izadores pas preensão aju em que proc abordagens ensino de lí ma vez que, e proporcion ercussão not pistemológic As contribui ngüísticos. É orteiam, po gem, em am tutiva. erativismo n esses princ tiva nas série tamente ao e ão, que inici ntos de uma ssaram a ent udou bastan curavam exp cognitivista íngua, em u por privilegi nassem a ref ável sobre a cas que puse ições de Vyg É possível diz r um lado, u mbas as qua nos cípios. es iniciais, p ensino da es ava pelos ag a abordagem tender como te na condu plicar os proc s de ensino ma perspect ar a autonom flexão sobre a concepção eram em xeq gotsky, Voloc zer que os t uma teoria is o papel rin scri gru m da o se ção ces de tiva mia e os de que chi três do de Ta entidade au clara evoluç social e elem política e n p.95) afirma No ceitos de en teoria bakh O enunciad a unidade c ais sempre Ne do construt serváveis da como objet linguagem. Es guesa o que sinaliza para Agora com você anto Volochi utônoma, cuj ção no sentid mento medi os sistemas a que: oções pouco nunciado e e tiniana. A re o (e não a fr concreta e re reais. Para B essa perspec to que é a lí as ações de to de estudo ssa mudança e, obviamen a essa neces Ago em a é m ê nov quanto jo significado do atribuído iador de tod ideológicos Na realidad ras, coisas está sempr o discutidas e enunciação e eflexão sobre rase enquant eal da própri Bakhtin (199 a verdadeir güísticas ne produção, m ou das enu ctiva, segund ngua; os tex linguagem h o passam a s a de enfoque nte, vai dema ssidade de m ora é com v m disciplinas Bakhtin reje o pudesse se ao signo, qu da relação s . Essa orient de, não são p boas ou más e carregada d e sistematiza e o estatuto e a língua pa to sequência a atividade c 99/1979, p.10 ra substância em pela enun mas pelo fen nciações. A in do Bronckart xtos e/ou dis humana. É ne se destacar c e exige que s andar um tr mudança e se você: Vocês s anteriores itavam a ten er estabeleci ue passa a se social, exerc ação fica be alavras o que , importantes de um conteúd adas até entã o dos gênero assa a ocupa a gramatical comunicativa 09) da língua nã nciação mono nômeno socia nteração verba t (1999), as f scursos torna esse context como repres seja dado um atamento di apresenta c s já estudar . Talvez sej ndência estru do independ er considerad endo um pa m evidenciad e pronunciam s ou triviais, a do ou de um s ão, como o c os do discur ar o campo d formal, abst a entre os in o é constituíd ológica e isola al da interação al constitui as rases e os m am se as ún o que as disc sentativas de m novo direc idático difere como um gra am a teoria a bom reve L uturalista de dentemente do pelos auto pel decisivo da quando V os ou escuta agradáveis ou sentido ideoló caráter dialó rso ganharam do discurso n trata e desco ndivíduos sit da por um sis ada, nem pel o verbal, real ssim a realidad morfemas são icas manifes ciplinas lingu e um novo e cionamento enciado. A p ande desafio a dos gêner r alguns con LETRAS | 23 considerar o do contexto ores como e na formaçã Volochinov (1 mos, mas ver u desagradáve ógico ou viven ógico da ling m um lugar d no contexto ontextualizad tuados em stema abstrat o ato psicofis izada através de fundamen o apenas reco stações emp uísticas que t enfoque de i ao ensino d publicação d para o profe ros textuais/ nceitos. 7 o texto como o. Houve uma ssencialmen ão sócio 1988/1977, rdades ou me eis etc. A pala ncial. guagem, os c de destaque sócio histór da) passa a contextos so o de formas siológico de s da enunciaç ntal da língua. ortes abstrat iricamente o tomam o tex nvestigação e língua por os PCN, entã essor. /discursivos o a te enti avra on e na ico. ser oci lin sua ção tos ob xto da tu ão, s No ainda existe uma grandese aptos a possível en enfatizando necessário q para os pró assim uma nos PCN. No pesquisas competênci conteúdos g conteúdos proposta su Os enfoque É epilinguistic didaticamen Agora com você Agora com você LETRAS | 23 os dias atua e uma lacun e maioria do implement contrar prof o aqueles co que os curso óprios profe eficiente tra o que se re e de publi ias. No enta gramaticais, consiste em ugerida nos P es meta e e conveniente co no ensino nte para a de Vo Es pr do Re a é m ê Con Está a é m ê 38 ais, decorrido a em relação os profissiona tar atividade fessores que onteúdos gra os de formaç ssores, faze ansposição d efere à leitu cações sobr anto, constit uma vez qu m um enfoqu PCN. epilinguistic e rever algu o de língua elimitação d ocês já tiver tágio Super odução de ocente? etomem a le nsultem a bib ágio Supervis os quase do o à apreensã ais das esco es que resp e seguem as amaticais apo ção inicial e c ndo com qu didática dos ra e produç re o tema, tui se ainda ue a maior p ue predomin co da análi uns conceito portuguesa. essas instân ram acesso rvisionado I textos e aná eitura dos P bliografia das sionado I. oze anos de ão dos fund las brasileira paldem tais mesmas prá ontados por continuada p ue haja uma princípios re ção de texto , abordando um grande parte das ativ nantemente se da língu os sobre as . A respeito cias de análi aos Parâme . Lembram álise linguís PCN! disciplinas Le sua publicaç amentos pre as, visto que orientações áticas tradic r Maria Hele proporcionem junção perf elativos ao e os, temos já o metodolo e desafio o vidades dese metalinguís ua s diferenças o do tema, se, as quais s etros Curric m de como o stica represe eitura e Prod ção, a nossa esentes ness nem todos teórico me ionais de en na de Mour m atividades feita entre t ensino de Lín á uma vasta gias de en tratamento envolvidas e stico, o que entre os e Luís Carlos T serão retom culares Naci o tratamento enta uma m ução de Text a compreens se document os professo etodológicas. nsino de líng ra Neves (rev s de aprendi teoria e prát ngua Portug a contribuiçã nsino aprend dispensado em sala de a está em de enfoques me Travaglia (19 adas a segui ionais na di o dispensad mudança na tos I e II e são é a de q to por parte res encontra . Ainda hoje gua portugue ver tabela 2 zagem volta tica, realizan guesa presen ão em nível izagem des o ao ensino ula sobre es esacordo com etalinguístico 996) contrib ir: isciplina do à leitura, prática que e de am e é esa, ). É das ndo ntes de ssas de sses m a o e buiu , po vo Es língua, nas intensidade forma a pro às situações ind pr cu Di atividades m Maria Hele eles, uma v gramaticais conteúdos q enfoque de nível de inv metalinguís amplas, e transmissiv Re Atividad or meio da lín os comunicaci ssas atividad mais diversa e, consciente oporcionar a s comunicati Atividad do então o qu riados para se ursivo da situa iferentemen metalinguísti na de Mour ez que são r s que conside que se respa e análise. Me vestigação d stica deve se não como a tem caract evejam agora es linguísticas gua e que lhe onais, ao dese des não são as situações e ou inconsc os alunos o ivas. es metalinguí ue se chama e falar sobre a ação de intera te das ativ icas têm sido a Neves (rev epresentativ erem classifi aldem na ide esmo que se da linguagem r encarada c um fim em terizado essa a o que dizem A proprieda análise da essa termin análise ling alunos com O critério d SUGESTÃO Indico, com Carlos Trav s: São aquelas e permite ir co envolvimento desenvolvid de que part cientemente conhecimen ísticas: São aq de metalingu a língua. Ness ção. idades lingu o predomina ver tabela 2) vos de uma t cação e defi entificação d eja reconhec m, não se p como um me m si mesma a perspectiva m os PCN (19 ade que a ling língua e o qu nologia caract uística (em qu m um palavrea do que deve s O DE LEITURA mo aprofund vaglia, public s que o usuári onstruindo o s o do tópico dis das necessar ticipam ao lo e. Cabe à es nto das difer quelas em que agem, isto é, e caso a língu uísticas, con antemente d ) confirmam tendência re nição de con de classes de cida a import pode priorizá eio para atin . O ensino a de análise. 997, p. 90) a guagem tem e define um terística, é pre ue inevitavelm ado sem funçã ser ou não en A: damento, a l cado pela ed io faz ao busc seu texto de m scursivo. riamente no ongo da vida scola, promo entes moda e se usa a líng um conjunto ua se torna o nsideradas a esenvolvida isso, não p gistrada em nceitos; assim e palavras e tância e a ne á lo sob pen ngir competê de gramáti esse respeit de poder refe vocabulário p eciso consider mente se fala ão, justificado nsinado é mu leitura do liv ditora Cortez L car estabelece modo adequa o espaço esc a, já as exer over a diver lidades de u gua para anal de elemento conteúdo, o aqui em seu s na escola. recisamos, n nível nacion m como as a funções sint ecessidade d na de prejud ências e capa ca em uma to: erir se a si me próprio, uma rar que, embo sobre língua), o exclusivamen ito simples: a vro Gramátic z, em 1996. LETRAS | 23 er uma interaç do à situação colar. Todos citam, em m rsidade de t so da língua lisar a própria os linguísticos assunto, o te u sentido m Os dados ap no entanto, nal. Exposiçã atividades de táticas, são e de conhecer dicar os dem acidades de l a perspectiv esma é o que metalinguage ora seja peculi , não se deve nte pela tradi apenas os term a e Interação 9 ção comunica o, aos seus obj os falantes maior ou me tais práticas e a adequa a língua, cons próprios e ap ma, o tópico mais amplo, presentados ficar restrito o de conteúd e fixação des exemplos de e estudar e mais. A aná linguagem m va normativa e torna possív em. Em relaçã iar a situações sobrecarrega ção de ensiná mos que tenh o, de Luís tiva jeti da nor de ção tru pro dis as por os a dos sses esse esse lise mais a e vel a ão a s de r os á lo. ham LETRAS | 240 utilidade para abordar os conteúdos e facilitar a comunicação nas atividades de reflexão sobre a língua excluindo se tudo o que for desnecessário e costuma confundir os alunos. Atividades Epilinguisticas: São aquelas que suspendem o desenvolvimento do tópico discursivo (ou do tema ou do assunto), para, no curso da interação comunicativa, tratar dos próprios recursos linguísticos que estão sendo utilizados, ou de aspectos da interação. Temos, nessa situação, a efetiva reflexão sobre os usos da linguagem, que pode e deve ser proporcionada pela escola e intermediada pelo professor a fim de que, gradativamente, vá desenvolvendo a autonomia de seus alunos no que tange à adequação da linguagem. Obviamente, estas atividades não vão prescindir dos conhecimentos metalinguísticos, mas tampouco vão se subjugar a eles. A título de exemplificação, tomemos uma situação de produção de textos, momento privilegiado para o aluno exercitar seus conhecimentos epilinguísticos, uma vez que é na dinâmica da textualização que os fundamentos de gramática se justificam. Assim, se no processo de elaboração, o aluno utiliza algum verbo que não está adequado ao seu contexto semântico pragmático; nesse caso, não é suficiente recorrer apenas ao conhecimento de suas categorias de tempo, modo, voz, predicação para fazê lo compreender a inadequação. Torna se necessária a intervenção do professor, que lançará mão de estratégias de ensino que proporcionem uma reflexão sobre os efeitos de sentido provocados pelo uso daquele verbo naquele contexto e quais as opções para adequá lo à situação comunicativa. O fragmento abaixo, retirado do livro Gramática Reflexiva de Cereja e Magalhães (1999,p.167), exemplifica o que acabei de comentar sobre os diferentes efeitos de sentido que os verbos assumem nas interações verbais. Uma exposição metalinguística desses enunciados levaria em conta apenas os paradigmas formais de conjugação do imperfeito do subjuntivo, tendo em vista uma orientação mais ampla de que o modo subjuntivo é empregado em situações em que “o fato é considerado incerto, duvidoso ou impossível de realizar” (BECHARA, 1999, p. 280). Leia agora, os dois textos seguintes e responda as questões propostas: 1) Num domingo de sol, à tarde, uma turma de meninos e meninas conversa animadamente na praça, sem decidir o que fazer. De repente, um deles diz: - E se fôssemos passear de bicicleta ou nadar no clube? 2) Pai e filho discutiam sobre um problema qualquer. O filho, teimoso, falava sem parar. O pai já muito bravo e cheio, diz: - E se você fechasse a boca e fosse para o seu quarto? a) Qual é a intenção do falante em cada uma das frases interrogativas nesses contextos? b) Substituindo o imperfeito do subjuntivo por outro tempo verbal, transforme as frases interrogativas dos dois textos em outras de sentido equivalente. A identificaçã perceberá q uma repree A articulaç Te ensino língu de Evanildo Di referentes a exemplos, c uma ativida Ulisses (200 O cunho beha aprendeu n ensino apre linguagem d No que solicita Agora com você A atividade o, reflexão e que no fluxo ensão/ordem ção entre pa entarei ilustr ua, em um ní o Bechara (19 igamos que a cada circun conferem a d ade solicitad 00, p. 274) paradigma d aviorista, on no exercício endizagem d descrita ness o entanto, re a a transpos Apo clas “No tint (Ru a é m ê epilinguístic e elaboração dessas troc m no texto 2. aradigmas rar a articula ível mais esp 999, p. 287): É a expres modo, inte O advérbio geralmente advérbio (c o professo nstância (mo definição na da. A ativida de ensino ap nde o aluno de avaliação do professor sa situação, t ecupero um ição da lingu onte os advérb ssifique os: o dia seguinte to; depois, nu bem Braga) ca, da form o de formas as comunica de ensino e ção entre os pecífico. Veja são modificad nsidade, cond o é constituí e ao verbo, ou como intensifi or tenha ap odo, tempo, gramática o de abaixo fo prendizagem recebe os c o solicitado. r terão sido trata se excl a atividade q uagem visua bios e locuçõe almoçamos n m bar fiquei a ma como es alternativas ativas, existe e atividade s paradigmas a se o caso d dora que por dição, etc) e d ído por palav u ainda, dent cador), ou a u presentado e lugar, inten ou no LD e, e oi retirada d m adotado pe conheciment Caso apres o atingidos. usivamente que consta n al para a ver es adverbiais num restauran a alisar ternam stá encamin s de enuncia a formulaçã s de lingua s de ensino, e de uma defin r si só denot esempenha n vra de natur ro de um gru uma declaraçã essa definiç sidade, dúvi m seguida, o da Gramática elo professor tos de form ente uma b Observe qu do enfoque no livro de C rbal, tendo presentes no nte e tomamo mente a sua m L nhada no li ados adequa ão de um con agem em sentido a ição de advé a uma circun na oração a fu reza nominal po nominal u ão inteira [...]. ão em sala da, condição o professor s a da Língua r encaixa se n a passiva e oa margem e, do ponto metalinguíst Cereja e Mag como referê trecho abaixo os três garrafa mão fina, de ve LETRAS | 24 ivro, permit ados à intera nvite/sugest amplo, e as a érbio retirad nstância (de l unção de adjun ou pronom unitário, a um . , ilustrado o etc); os alu solicita que e Portuguesa, no modelo t precisa dem de acerto, o o de vista d tico. galhães (199 ência o quad o e as de vinho eias azuis.” 41 te ao aluno ação verbal. tão no texto abordagens d a da gramáti ugar, de tem nto adverbial inal e se ref m adjetivo e a com exemp unos anotam eles respond de Pasqual ransmissivo, monstrar o q os objetivos da atividade 9, p. 171, 17 dro de Franç o a Ele 1 e de ica mpo, [...] fere um plos m os dam e e , de que de de 72), çois LETRAS | 242 Millet, proporcionando, adequadamente, uma reflexão epilinguística, uma vez que eles terão de acionar outras capacidades (não só as de identificação e classificação) no momento de responder o que lhes é solicitado. O professor pode, inclusive, a partir dessa sugestão, ampliar a atividade, solicitando a produção de um pequeno texto descritivo, onde o aluno terá a oportunidade de exercitar as condições de textualização típicas a dessa tipologia textual. Figura 2 - O Ângelus (1858-9) Transpondo a linguagem visual para a verbal, complete o texto seguinte de acordo com as indicações entre parênteses e com os elementos do quadro levantados anteriormente. Um homem e uma mulher estavam trabalhando (lugar). (tempo), eles pararam o trabalho (causa): curvaram- se compungidos e (modo) fizeram uma prece, provavelmente uma ave-maria. (lugar) se viam sinais da cidade, da civilização. Entretanto, (lugar) apenas se viam os rústicos objetos de trabalho: o cesto, o forcado e o carrinho. Tem se, nesse caso, do ponto de vista do modelo de ensino adotado, uma maior participação do aluno no processo de aprendizagem. O professor fornece as condições para o aluno construir sua representação do que assimilou sobre os usos e funções do advérbio, em contato com o objeto do conhecimento, caracterizando uma nítida aproximação com o paradigma construtivista. Pode se proporcionar ao aluno, outra forma de exploração desse conteúdo, em que o professor, lançando mão de estratégias interacionais, conduziria os alunos, coletivamente, a identificar as diferentes possibilidades dos usos do advérbio no enunciado e suas implicações pragmático discursivas. No exemplo abaixo, os alunos perceberiam que o advérbio pode se relacionar também com o nome, além do verbo e do advérbio, e que o uso do termo é enunciativamente orientado, de acordo com os sentidos que se deseja LETRAS | 243 imprimir ao texto, proporcionando, dessa forma, uma reflexão mais produtiva sobre questões gramaticais. O advérbio vai sendo deslocado, em função do que se quer enfatizar. Vê se, então que, nesse caso, os elementos que condicionam o uso e a posição do advérbio estão fora do enunciado2. Provavelmente o João doou os jornais para a biblioteca (não a Maria) O João provavelmente doou os jornais para a biblioteca (não vendeu) O João doou provavelmente os jornais para a biblioteca (não as revistas) O João doou os jornais provavelmente para a biblioteca (não para o bar) O que pretendi mostrar é que existe uma articulação entre os paradigmas de ensino aprendizagem adotados e as concepções de língua, linguagem e gramática nas quais o professor fundamenta sua prática docente. Por outro lado, sem ser contraditória, reconheço que há determinados conteúdos que requerem uma abordagem de ensino mais transmissiva. Não se pode também acreditar que tudo pode ser aprendido naturalmente, sem que seja oferecida ao aluno uma sistematização de ensino. Prova disso é a tradicional pe dagogia da temática, em que se acredita que para o aluno produzir um texto, basta lhe apresentar um tema e deixá lo exercer sua criatividade de escritor, como se o aluno já detivesse todos os conhecimentos necessários à escritura de um texto. Esse aspecto, inclusive, não restrito apenas a atividades de produção de textos, foi apontado como uma restrição ao paradigma construtivista de ensino aprendizagem, por permitir um relativo apagamento do papel do professor no processo de construção do conhecimento a ser oferecido ao aluno. A esse respeito, Paulo Coimbra Guedes (2007, p. 19) avalia que As pedagogias permissivas de base psicologizantes, que proliferaram concomitantemente à massificação, fundamentaram ideologicamente essa desalunização, transformando indiví duos em abstratosfeixes de características relativas à faixa etária, classe social, perfil psico lógico, capacidade de realizar tal ou tal operação mental etc. [...]. Não se pode perder de vista, ainda segundo Guedes, que o professor se viu envolvido muito rapida mente por sistemas de avaliação com os quais ele não estava familiarizado, nem tampouco tinha tempo de se aprofundar neles. Em minha avaliação, percebo que, de certa forma, são impostos ao professor determinados paradigmas de ensino aprendizagem desacompanhados de uma fundamentação teórico epistemológica, cujo desconhecimento tem favorecido determinados equívocos de ordem didático pedagógica. Isso pode se repe tir também em uma abordagem sociointeracionista, na medida em que não seja devidamente compreendida. Roxane Rojo, em um relato sobre sua participação em um curso de formação de professores realizado em São Paulo, no período compreendido entre 1999 e 2001, com professores de diferentes disciplinas, constatou que: 2 Esses exemplos foram retirados do livro Manual de Sintaxe de autoria de Carlos Mioto, Maria Cristina Figueiredo Silva e Ruth Elisabe th Vasconcellos Lopes (2000). LETRAS | 244 O que mais surpreende, no planejamento elaborado, é a visível ausência de ensino; a hiper valorização da alimentação temática; a crença de que a discussão oral da temática pode ser responsável por bons textos; e o “passe de mágica” existente entre estas providências e a produção de artigos de opinião, além da pobreza do material didático oferecido (ROJO, 2008, p.330). As palavras da autora ratificam o que tenho defendido nesta seção. A sistematização de atividades de ensino não deve ser entendida como perda e/ou coerção da autonomia reflexiva do aluno. É por meio da sistematização dessas atividades, as quais requerem planejamento criterioso, que o professor alcança seus objetivos de aprendizagem. LETRAS | 245 UNIDADE IV A ATUAÇÃO DOCENTE EM SALA DE AULA: O SABER TEÓRICO E A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA A sala de aula constitui se em um locus de atuação extremamente complexo. Existe nela uma tal diversidade de fatores (internos e externos, cognitivos e afetivos, humanos e materiais) a interferir em sua prática, que exigem do professor uma constante reflexão acerca de sua prática pedagógica, para que seja avaliada sua adequação aos objetivos de ensino aprendizagem por ele pretendidos. A esse respeito, retomo aqui as palavras de Magalhães e Liberali (2004, p.93). No contexto de formação de educadores, segundo Newman e Holzman (2002), podemos con siderar que cada ação dos participantes poderá ser vista como uma base para as ações futu ras. No entanto, se essas ações são rotinizadas e automatizadas (não refletidas), os educado res perdem a chance de percebê las. Passam a agir em função do fim imediato – ensinar o conteúdo determinado –, perdendo a oportunidade de rever seu querer sobre a ação de en sinar aprender. Sua ação passa a compor um quadro de alienação que tira dela o poder de transformar a prática. O agir será mais uma ação para um fim. Não mais atuará como um meio de propiciar mudanças históricas no significado de ensinar aprender. Assim, as formas de agir no contexto escolar se perpetuam sem transformação, pois os agentes estão alienados de ações, impedidos de reconstruírem se internamente e de transformarem externamente. A avaliação das autoras expõe de modo contundente a responsabilidade do professor por sua prática em sala de aula. O agir do professor não pode se basear, digamos, na didática do improviso: toda ação peda gógica demanda uma reflexão prévia no sentido de pavimentar essa mesma ação. Infelizmente, nem sempre as práticas educativas, em geral, têm se pautado nessa ordem lógica. A rotina estafante da vida do professor o tem afastado tanto de seu papel de estudioso e de pesquisador, quanto de uma ação planejadora, aqui enten dida em sua acepção didático pedagógica mais ampla. Isso leva ao sentido de rotinização e mecanização, a que as autoras se referem acima, e que é incompatível com a ação educativa. Elas sugerem que tais práticas devem ser acompanhadas de eventuais questionamentos que proporcionem ao professor manter se sempre consciente de suas ações. Nesse sentido, questões como: 1 O que faço? 2 Qual a fundamentação teórica para a minha ação? 3 Como me tornei assim? 4 Quero ser assim? 5 O que significa ser assim? 6 Como posso agir de forma diferente? Ap caráter teó caso especí deve atend pa primordi Iss gar para o i isso ocorra, car as razõe conveniente seus alunos E mudanças p O língua/lingu de embasam nhas expec minha práti ca? Ob seu lugar p personagem cena: direta Es ráter organ processo fo LETRAS | 24 pontam para rico pedagó ífico, o plane er, na maior ial que antec so não signif inesperado e , ele deve sa es que o leva e ao mome s, enfim com aí sim, diant podem propi que signific uagem funda mento para tativas como ica? Já me q bservem que privilegiado n m único no c amente com sses question izacional de ormal de elab 46 a duas direçõ gico; outra ejamento de ria das vezes cede a entra fica dizer qu em sala de a ber o que fa aram a assu nto sócio his tudo e com te das respo iciar. ca ser um pr amentam a m essa formaç o professor uestionei se e todas essa nas relações enário escol os alunos e, namentos se e uma aula. A boração de u As difer outras importa pergun ões: uma qu que se relac eve ser ente s, burocratica da do profes e todas as a ula o que, d az, conhecer mir uma det stórico em q todos que o ostas, caso s rofessor (a) d minha prática ção? O que (a) de língu os alunos es s questões s s de ensino a ar, uma vez , indiretamen ervem como A partir daq uma aula, em rentes con disciplinas ante retom tas. ue implica a ciona direta ndido não c amente. Os m ssor em sala ções são pre e certa form os princípio terminada o que se insere o cercam. eja necessár de língua po a? Como se d aprendi efet a portugues stão satisfeit só podem se aprendizage que a sua at nte, com os ponto de pa ui, quero di m particular, ncepções s estão cla má las par dimensão cr mente com omo uma co momentos d de aula. evistas e det ma, deve ser os teóricos e pção e, ao re e, com a rea rio, assumir ortuguesa na deu essa for tivamente co sa? Estou sa tos com ela? er respondida m, mas que tuação se int demais seto artida para o scutir sobre a aula de lín de língua/ aras para v ra que voc rítico reflexiv o planejam obrança inst de planejame erminadas, a previsto pel m que se ba efletir sobre lidade educa os riscos, de a sociedade mação teóri om eles? Es tisfeito (a) c ? Há condiçõ as pelo profe e por outro terrelaciona res da comu os aspectos m alguns pont ngua portugu /linguagem vocês? Ca cês possam va do agir do ento de sua itucional a q ento represe até porque h lo professor. aseiam essas e ela, analisa acional, com esafios e con atual? Que ca? Quais te sa formação com o desen ões de mudar essor, daí a e lado, não o com a de ou nidade esco mais relacion tos que são uesa. m discutid aso não es m respond ocente, em as ações. Ne que o profes entam uma e há sempre o . Mas, para q ações, ident r se ela aind m a realidade nquistas que concepções eóricos servir o atende às nvolvimento r a minha pr explicação p colocam co utros atores lar. nados com o necessários das em stejam, é der essas seu esse ssor eta o lu que tifi da é e de e as de ram mi de ráti para omo em ca s ao LETRAS | 247 O processo didático de elaboração de uma aula: entre os conhecimentos teóricos e operacionais. Vou iniciar esta seção fazendo uma analogia com outras situações de atividade humana. O enge nheiro civil, ao ser encarregado de construir uma casa, por exemplo, precisa desenvolver um plano de ação no qual possa mobilizar todos os saberes teóricos e práticos necessários à execução da obra. O mesmo ocorrecom qualquer outra atividade humana, independentemente do caráter científico com que se reveste a ativi dade. Até mesmo a preparação de um bolo requer um planejamento inicial. O quer dizer, então, da prepara ção de uma aula? Façamos uma relação dos saberes e competências necessários ao profissional da educação no exercício da docência, sim, porque somos ou devemos ser, antes de tudo, profissionais, mesmo que o senso comum advogue em favor de uma irrestrita vocação para a prática pedagógica. É certo que a inclinação voca cional tem o seu peso na escolha de qualquer profissão, a afinidade pessoal com a área de atuação e gostar do que se faz são elementos decisivos para o bom desempenho de nossas funções, mas é certo também que as sociada à vocação, impõe se a exigência de uma boa formação docente. Por essa razão, são necessários: 1. Conhecimento teórico do objeto de ensino aprendizagem. A respeito disso, é bom deixar claro que todo profes sor de língua portuguesa deve, necessariamente, ser proficiente em leitura e escrita, saber ler/interpretar dife rentes textos, identificar os sentidos implícitos nos enunciados, saber avaliar criticamente a natureza de uma da da obra, discutir sobre um texto acadêmico, enfim, exercer os seus diferentes papéis de leitor. O mesmo deve ser dito em relação às práticas de escrita. Não podemos conceber alguém que esteja à frente de orientar, desen volver e analisar a produção de textos de alunos e não domine as práticas sociais de escrita. 2. Conhecimento didático que implica o domínio de uma metodologia que o permita desenvolver eficientemente suas atividades de ensino. 3. O desenvolvimento de metodologias requer planejamento sistemático, decorrente dos conteúdos trabalhados, dos objetivos elencados e do conhecimento das capacidades de aprendizagem dos alunos. 4. Sistematização das atividades de planejamento: plano de curso, plano de aula, elaboração de projetos nas quais a pesquisa ocupa um lugar central. 5. Definição de critérios de avaliação tendo em vista os diferentes conteúdos do programa. 6. Diversificação de atividades e procedimentos, em conformidade com as diferentes competências e conteúdos explorados. 7. Conhecimento da dinâmica das relações interpessoais presentes em sala de aula. Observem que a maior parte dos requisitos citados acima está relacionada ao domínio de conheci mentos teóricos ou ao desenvolvimento de atividades cuja viabilidade é decorrente do saber teórico. Chega se à conclusão, portanto, de que teoria prática é um binômio indissociável, que se sobrepõem e que se influenci am mutuamente: uma não prescinde da outra. Do ponto de vista operacional, é aconselhável que o professor, na execução da aula, proporcione condições para que os alunos participem, façam perguntas, exponham seus conhecimentos prévios, contes LETRAS | 248 tem, enfim, de acordo com a perspectiva de que o conhecimento vai sendo construído na interação professor alunos. Outro aspecto a ser destacado diz respeito à diversidade das atividades de ensino. Sabemos da grande variedade de conteúdos em língua portuguesa a serem ensinados, portanto, há possibilidades de explorá los de diferentes maneiras, tendo em vista a especificidade de cada conteúdo: a exposição clássica, a exposição dialogada, os trabalhos em grupos, a pesquisa individual, a dramatização, os jogos etc. Em relação aos requisitos necessários a uma boa exposição, Mattos, citado por Haydt (2006, p.155) indica as seguintes condições: a) Perfeito domínio e segurança do conhecimento que é objeto da exposição; b) Exatidão e objetividade dos dados apresentados; c) Discriminação clara entre o que é essencial ou básico e o que é acidental ou secundário; d) Organicidade, ou seja, boa concatenação das partes e subordinação dos itens de cada parte; e) Correção, clareza e sobriedade do estilo empregado; f) Linguagem clara, correta e expressiva; g) Conclusões, aplicações ou arremate definido. O plano da execução de uma aula: entre os saberes teóricos e a transposição didática Os encaminhamentos apontados acima dizem respeito a questões de caráter operacional, os quais estão relacionados, obviamente, com aspectos teóricos também. O grande desafio agora é saber mobilizar esses conhecimentos de forma a promover a transposição didática dos conteúdos de língua portuguesa. A esse respeito, Rojo (2000, p. 28) retoma o texto introdutório dos PCN onde são apresentados quatro níveis de con cretização dos princípios norteadores da proposta apresentada no documento, os quais a autora renomeia como princípios de transposição didática dos parâmetros: 1. A construção dialogada dos parâmetros com outras esferas de ações de política educacional “a formação i nicial e continuada de professores, a análise de livros e outros materiais didáticos, como também a avaliação nacional” (SEF, 1998, p. 51). 2. O diálogo que o PCN pode estabelecer com outras esferas educativas (estaduais e municipais) no cotejo en tre propostas e documentos já existentes. 3. O terceiro e quarto níveis de concretização, segundo Rojo, “dizem respeito à elaboração do projeto educa tivo de cada escola e à realização do currículo em sala de aula” (p. 29) e vai envolver a análise, elaboração e uti lização adequada dos materiais didáticos. Esses níveis de concretização evidenciam, antes de qualquer coisa, a necessidade do investimento constante em formação docente, uma vez que essa é uma das condições para a promoção de transformação nas práticas educativas. A partir daí, vão sendo acionadas uma atuação mais crítica do professor na medida em que ele deve estar atento às políticas públicas e aos documentos institucionais que regulam a organização dos currículos e projeto edu A do professo quadament melhor. Ao vista e func Também pu relação ora lise de mat são abordad a serem des Co Então pergu para você d nesse conte Na ca. Apresen 3 O texto e a a la. e, consequen ucativo de ca esses quatro or de mobiliz te, no compa o longo do c cionalista) vin uderam con lidade e escr eriais didátic das nos PCN senvolvidas e om base nes untamos: de desenvolver s exto? a tentativa d ntarei um tex atividade foram V d ntemente, a ada escola. o, acrescento zar todos os artilhamento urso, vocês j nculadas às hecer os fu rita, gêneros cos, dentre , servindo co em sala de a sses conheci e que forma sua prática e de exemplific xto e as ques m retirados do li Você já ente discutir sobr sua implem o ainda mais conhecimen o desses sab já tiveram co áreas de inv ndamentos s textuais/dis outros. Além omo base teó aula. mentos, voc esses aporte em consonân car planos d stões sugerid ivroMuito além endeu, de fat re esse conce entação em s um nível qu ntos adquirid eres com os ontato com d vestigação da da linguístic scursivos, pe m disso, pud órico metod cê, professo es vão instru ncia com ess e transposiç das para expl m da gramática to, o que sign eito nos fóru sala de aula ue está relac dos e à auton alunos em s diversas abo a linguagem, ca sobre con erspectivas d deram observ ológica das p r em formaç umentalizar es princípios ão didática, lorá lo3. a, de Irandé An nifica transp ns. L a, viabilizada cionado mais nomia em po sala de aula. ordagens teó , como fono ncepções de de leitura e d var que algu práticas de e ção inicial, v a elaboração s? Como se d vamos parti ntunes, publicad osição didát LETRAS | 24 a por uma at s diretament oder lançar m . Procuremo óricas (estrut ologia, morfo e linguagem, de produção umas das teo ensino de líng vai desenvolv o de sua aul dará a transp ir para uma do em 2007, pe ica? Iremos 49 tuação ativa te à capacida mão deles, a os entender i turalista, ger ologia e sinta , de gramát de textos, a orias discuti gua portugu ver sua prát a? Já é possí posição didát atividade pr ela editora Pará no ade de isso rati axe. ica, ná das esa ica.ível tica ráti ábo Texto 1: Comunhão ( Eu quero paz Quero fartur Quero justiça Quero a casa Quero a rua Quero a chuv Quero o sol n Quero a vida Atividade sug 1. Quantos v 2. Escreva os 3. Destaque de que o sub 4. Marque X comum ( ) co 5. Responda a. Que subst b. Apresente 6. Produza d 7. Com base texto com o Não à guerra As mo encami interpretaçã aprendizage considerado dade com a LETRAS | 25 Milton Nascim z, eu não quer ra, eu não que a, eu não que a de um bom t de gente boa va na minha r na minha cabe a, não quero m gerida para os versos e estrof s substantivos todos os sub bstantivo é um na alternativa omposto ( ) pr : antivo compo e um substant uas frases que no debate tra título abaixo. a. s reflexões d nhamento d ão de texto em de língua os os níveis as orientaçõe S D l a 50 mento e Ferna ro guerra ero fome ro ódio tijolo roça eça morte não. s alunos: fe (s) tem esse s abstratos do bstantivos exis ma palavra que a correta. A p rimitivo ( ) der osto podemos tivo derivado e contenham avado sobre a Escreva à von desenvolvida de sua anális ou de reflex a portuguesa de análise m es e princípio SUGESTÃO D Depois de fa livroMuito a a 132. ando Brant, Â e poema? terceiro e do stentes no tex e dá nome ao alavra roça é: rivado s formar com o para a palavra substantivos a guerra entre ntade. s até agora j se, considere xão gramatic a mostram s metalinguísti os sugeridos DE LEITURA: zer sua próp além da gram nima, Ariola, o último verso xto e escreva os seres, ações : o substantivo a chuva. coletivos. Gri e Estados Unid já permitem e os seguinte al? Quais co e enfatizada co e epiling nos PCN? pria análise, i mática, de Ir 1982) . os ao lado d s, sentimento chuva? ife os coletivo dos e Iraque e m que vocês f es questiona oncepções de as nela? Na a guístico? Tais indico a leitu andé Antune de cada verso s, qualidade, os utilizados. e nesse texto, façam uma a amentos: Tra e linguagem, apresentação s práticas ap ura do capítu es (2007), pá . Lembre se sensações. escreva um análise dessa ata se de um , de gramáti o do conteúd presentam se ulo 11 do áginas 125 a atividade. ma atividade ca e de ensi do, estão sen e em confor Co e de no ndo rmi Em conhecimen trabalhado apresentaçã Observe ab CONTEÚD Morfologia Classificação substantivo É fessor. Tend que você ac ta e da aná atividade b organize um timos sobre atividade. P CONTEÚD Agora com você m linhas ger ntos dos alu em sala. Ca ão desse con aixo como p DO o do Ger Con tipo Esp Iden Cla Elab rent nesse ponto do em vista o crescenta a e álise linguíst em prática. ma proposta e atividades Pesquise e pr DO Le Es vo a é m ê ais, vemos q unos sobre u aso você dis nteúdo. Qual ode ser repr OBJETIVO GERAL E ESPE ral: nhecer os dife os de substant ecíficos: ntificar os sub ssificar os sub borar frases c tes tipos de su o que podem os conhecim esse plano de ica vão pavi Com base n a ser execut meta e epili rocure enriqu OBJETIVO GERAL E ESPE embrem se d stágio Superv ocês mesmos que o profes um conteúdo corde da na l seria, em su resentada, em OS: CÍFICO erentes tivo. bstantivos; bstantivos; com dife- ubstantivo. mos avaliar co mentos teóric e aula? Os co mentar as s nesse modelo tada por voc nguísticas; n uecer sua au OS: ECÍFICO e que vocês j visionado I . A s vão elabora ssor escolhe o de morfolo atureza das a ua opinião, u m termos de METODOLOGIA . Aula expos . Quadro de texto. omo se efeti cos e operac onhecimento suas opções o de plano d cê em sala de nos exercício ula. METODOLOG já analisaram Agora, tendo r as questões um texto e ogia, classific atividades, q um tratamen e exposição d A/RECURSOS sitiva e giz e va a transpo ionais discut os adquirido didático ped de aula padr e aula. Na el os sugeridos GIA/RECURSOS m algumas ativ como ponto s que servirão L que a parti cação dos su quais sugest nto didático p de plano, a a AV Identificação tipos de subs Elaboração d exemplo dos tivos osição didáti tidos anterio os sobre conc dagógicas. P rão, escolha laboração do na avaliação AV vidades do liv de partida as o como parâm LETRAS | 25 r desse text ubstantivos, ões você ap pedagógico a aula desse pr VALIAÇÃO o em um texto stantivos; de frases com s tipos de sub ca viabilizad ormente, qua cepções de le Passemos, en um conteúd o plano, reve o, recorra ao VALIAÇÃO vro didático n s discussões j metro de ava 1 o vai avaliar anteriorme presenta par alternativo? rofessor: DURA o dos m bstan- 50 m a por cada p ais as sugest eitura, de es ntão, para u do gramatica eja o que dis os dois níveis DURAÇ na disciplina já realizadas, aliação. r os nte ra a AÇÃO m pro ões scri uma al e scu s de ÇÃO LETRAS | 252 UNIDADE V O PROCESSO DE DIDATIZAÇÃO DA LEITURA, DA ESCRITA E DA ANÁLISE LINGUÍSTICA A nossa reflexão agora será conduzida pela contribuição teórica de um grupo de pesquisadores que iniciou seus estudos e pesquisas em Genebra e que foi consolidando essa tendência de investigação teórico metodológica hoje reconhecida como Interacionismo Sociodiscursivo. Seus representantes mais expressivos são Jean Paul Bronckart, Bernard Schneuwly e Joaquin Dolz, mas o grupo tem contado com a colaboração de inúmeros pesquisadores aqui no Brasil e também em outros países. Entre os pesquisadores brasileiros destacam se Anna Rachel Machado, Roxane Rojo, Maria de Lourdes Meirelles Matencio, Glaís Sales Cordeiro, por desenvolverem pesquisas mais alinhadas com essa perspectiva teórica e pela grande contribuição que têm prestado na tradução para o português das obras desses autores. O grupo tem dedicado uma atenção especial ao processo de didatização de língua materna. As pesquisas desenvolvidas para o ensino de francês como língua materna, na Suiça francófona, foram bem acolhidas aqui no Brasil e passaram a ser usadas como referência para as nossas práticas didático pedagógicas. A proposta de elaboração de sequências didáticas (SD) voltadas para o trabalho com os gêneros orais e escritos na escola teve uma grande repercussão na nossa realidade por duas razões: em primeiro lugar, por ter conseguido posicionar os gêneros textuais como elemento norteador das práticas de linguagem em sua dimensão linguística, cognitiva e sociodiscursiva; em segundo lugar, por ter firmado a natureza processual das atividades de elaboração de textos orais e escritos. É precisamente nos domínios das atividades de leitura e de produção de textos em que os alunos serão mais cobrados a corresponder aos objetivos de aprendizagem previstos para os diferentes ciclos. Retomo o esquema da SD a fim de proporcionar uma maior visualização. Lembrando a definição de sequência didática: “um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito” (SCHNEUWLY e DOLZ, p.79). Figura 3: ESQUEMA DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA (SCHNEUWLY E DOLZ, 2004, p. 98). Módulo 1 Módulo 2 Módulo n PRODUÇÃO FINAL PRODUÇÃO INICIAL Apresentação da situação Sc pedagógica 1) Escolhas pe • • • 2) Escolhas ps • • • 3) Escolhas li • • • 4) Finalidade • • • A leitura e da linguagem relativas à s das sequên identificará chneuwly e D s, psicológic edagógicas Inclui possib Insere se em Proporciona sicológicas A atividade O procedim em todos os A transform são propost ngüísticas A atividade A linguagem O objeto do es Gerais Preparar os Desenvolver Construir no proposta da a escrita, ao desenvolvid sintaxe da fr ncias, no ent os problem Agora é com você Dolz (p. 108 as e linguísti bilidade de av m um projeto a diversidade de produção ento proporc s níveis; mação no mod os aos alunos de linguagem m não é abord procediment alunospara d r no aluno um os alunos uma a SD, portan mesmo tem as pelos alu rase, à morf tanto, à me as de ordem Faça um , 109) defen cas e suas p aliação forma que motiva o de atividades de textos é tr ciona ao aluno do de falar e d s. m produz texto ada como obj to são os gêne dominar sua lí ma relação con a representaçã nto, apresen mpo em que unos no pro fologia verba dida que o m linguística ma pesquisa s ndem que a rincipais fina ativa; os alunos a esc e de exercício abalhada em o uma consci de escrever é os e discursos; jeto único, ma eros textuais. íngua nas situ nsciente e volu ão da atividad nta se como e situa o lug ocesso de e al e à ortogr professor te e gramatica sobre o que d elaboração alidades visa crever ou tom os, atendendo toda sua com ência mais am é possível por ; as algo que se ações mais di untária com s de de escrita e um eficient ar da anális elaboração t rafia não est em acesso a al, os quais m diferencia a a L do procedim das, as quais mar a palavra. o às exigência mplexidade; mpla de seu c rque diferente e adapta às sit iversas da vida seu comportam e de fala em s te recurso m e linguística textual. Para tão diretame aos textos d merecerão u valiação form LETRAS | 25 mento se gu s serão descr as de diferenci comportamen es instrument tuações de co a cotidiana; mento de ling ituações com metodológico no context a os autore ente integrad dos alunos, e m tratamen mativa da som 3 ia por escol ritas a seguir iação do ensin nto de linguag tos de linguag municação; guagem; plexas. o no ensino o das ações es, as quest das à execuç ele certame to diferencia mativa. has r: no. gem gem da de ões ção nte ado LETRAS | 254 de ensino. Como as SD foram concebidas especificamente para o trabalho de elaboração de gêneros orais e escritos, essas questões tornam se mais particularizadas, uma vez que não existem problemas de sintaxe ou de morfologia, por exemplo, que sejam exclusivos de um determinado gênero, mas que se tornam evidentes em qualquer produção de texto. Acredito, no entanto, que em algumas situações seja possível inserir atividades de ensino de gramática nos módulos previstos em uma SD. Reformulo o exemplo apresentado por Schneuwly e Dolz (p. 115), para ilustrar que uma inadequação no uso de formas verbais, a ocorrência do presente do indicativo no lugar do pretérito perfeito e imperfeito constatadas durante na elaboração de textos narrativos (lendas, fábulas, contos de fadas) possibilitaria ao professor um trabalho produtivo sobre os tempos verbais. Reconheço, contudo, que esse ainda é um desafio a ser enfrentado pelos professores: a inserção das reflexões de cunho gramatical nos módulos da SD, de forma a contribuir para o ensino produtivo e realmente contextualizado da gramática. Por outro lado, os problemas de ortografia podem ser facilmente inseridos nos módulos das SD, uma vez que seu plano de execução prevê seções de revisão e de reescrita. Trago como exemplo um modelo de SD4 que apresenta em seus módulos sugestões de como lidar com desvios ortográficos. Apresentação da situação: 1. Discussão sobre o gênero ‘Receita Culinária’, sua funcionalidade e interlocutores previstos; 2. Apresentação de dois modelos do gênero; 3. Reflexão, discussão e exposição das principais características do gênero; 4. Esclarecimento sobre a tarefa a ser realizada: elaborar uma receita culinária. Produção inicial: Chocolate que pode servi em casa Ingredientes 1 lata de leite comdençado 3 colheres de chocolate em por 1 colher de margarina Modo de fazer Primeiro leve o leite comdemçado au fogo. E depois bote 1 colher de margarina e mexa com uma colher de pal. Bote o chocolate e mexa por 4 ou 5 minutos e bote no prato e deche isfriar guado isfriar pase a mão na mantega e pegui um pouco de chocolate e faça uma bola. E bote nua tijela e siva em casa ou nua festa e mele no açucar. 4 Este modelo de SD foi elaborado por Monique César, aluna do curso de Letras da UFPB, quando ministrei a disciplina Leitura e Produ ção de Textos II, no período 2007.1. LETRAS | 255 Módulo 1: Nesse módulo foram trabalhados problemas relacionados à estrutura do gênero • Necessidade de ordenação das etapas de preparo – “E bote nua tijela e siva em casa ou nua festa e mele no açu car.” • Promover a reflexão dos alunos sobre a importância da linearidade e sequência do texto. • Nesse caso, os alunos poderão fragmentar a receita, cortando e misturando as frases de modo a perceber a ina dequação das etapas procedimentais . • Importância dos termos – “1 Colher de margarina”; “pase a mão na mantega.” Módulo II: Nesse módulo foram abordados problemas relacionados à ortografia. • Ressaltar a importância da pontuação para a construção do sentido do texto – “bote no prato e deche isfriar guado isfriar passe a mão na mantega(...)” • “Oi, mãe, tudo bom?”; “Oi, mãe, tudo bom!”. Inicialmente, o professor lerá os textos com a devida entonação. Logo depois, os alunos descreverão ou simularão as situações em que esses enunciados podem ocorrer. • Fornecer um texto sem pontuação para ser lido. • Essa medida tem o objetivo de mostrar que na escrita, os sinais de pontuação reproduzem as pausas e entona ção da fala. Módulo III: Neste módulo foram trabalhadas questões referentes à influência da oralidade na escrita. • “Primeiro leve o leite comdemçado au fogo.” • Mostrar ao aluno que na língua portuguesa existem sons que são grafados de diferentes maneiras. • Solicitar ao aluno a transcrição de palavras – até aquelas que ele tem conhecimento da grafia – da forma que ele ouve. • Em um segundo momento, será fornecido um dicionário onde os alunos procurarão as palavras transcritas. • Com a dificuldade para encontrar ‘comdemçado’, ‘au’, ‘isfriar’, ‘pal’, ficará exemplificado que nem tudo se escre ve como se ouve. Condições para Produção Final: • Diante do trabalhado em sala de aula, os alunos, em última etapa, trocariam os textos e efetuariam as altera ções necessárias com a ajuda do professor e de um dicionário, elaborando o texto final. • As receitas de todos os alunos serão publicadas em uma revista culinária criada pela turma. Não foram registrados, do ponto de vista da estrutura composicional do gênero receita, grandes problemas no texto inicial desse aluno do 6º ano do ensino fundamental. No geral, são as inadequações de ortografia que se fazem mais presentes no texto do aluno, muitas das quais serão resolvidas na elaboração do texto final. identificaçã professor s Schneuwly devem ser gêneros a voltam para progredir n razões não professores O gundo Schn to: adaptar vos (capacid linguístico d aula um tra essas comp citados é qu zes (p.74). É confundida gêneros. Na vai ser apre para o texto nova etapa encontrada As importante L LETRAS | 25 Fica eviden o e análise d aiba equacio e Dolz cham analisadas a essas capac a o desenvo as atividades é possível s. texto, porta neuwly e Dol se às caract dades discur discursivas). balho que co petências, a u ue é através importante com aquele a elaboração esentado aos o inicial; no s de planejam s ssociada à pr instrument Lembre s 56 te que a ela dos problem onar as dific mam a atenç s capacidade idades, e at olvimento de s desenvolvi pensar em anto, possibi lz (2004, p.7 terísticas do rsivas) e dom O aprendiz s ontemple os utilização de dos gêneros relembrar e e planejame o da SD, o pla s alunos na a segundo mo mento volta roposta da S to para as se De o g te aboração da as apresenta uldades enc ção para o f es e dificuld té mesmo s e um trabal das, sejam e um modelo ilita a mater 4), toda açã contexto e d minar as ope só desenvolv s usos reais d e diversos gê s que as prát e enfatizar q ento geral, a anejamento apresentação omento, depo ada para o d SD, os autore práticas pe
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