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Infancia e novos arranjos familiares

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Universidade Estadual do Ceará
Centro de Humanidades
Curso de Psicologia
Infância e novas configurações de família
João Batista dos Santos Alves
Jullyana Meury Alves de Sousa
Mariana de Sousa Aragão
Yanna Sayonara Duarte Farias
Prof. Ms. Juliana Vieira Sampaio
Fortaleza
2015
Sumário
Introdução.................................................................................................................................. 3
1. O conceito de família tradicional e suas transformações ao longo do tempo........................ 4
1.1 A queda do patriarcado............................................................................................ 4
1.2 Famílias monoparentais........................................................................................... 5
1.2.1 Monoparentalidade Feminina ................................................................... 6
1.2.2 Monoparentalidade Masculina.................................................................. 7
1.3 Famílias Pluriparentais............................................................................................ 7
1.4 Famílias Recompostas............................................................................................. 8
2. Família e Homossexualidade em questões legislativas e judiciárias..................................... 8
3. Questões relativas a adoção e homossexualidade.................................................................. 9
	3.1 O processo de adoção no Brasil............................................................................... 9
		3.1.1 Etapas relativas ao processo de adoção.................................................... 9
3.2 Questões referentes à atuação do psicólogo na equipe multiprofissional de habilitação para adoção........................................................................................................... 10
3.2.1 Quanto à técnica...................................................................................... 10
3.2.2 Quanto ao compromisso ético................................................................. 10
	3.3 Adoção por casais homossexuais. O que a ciência tem a dizer?........................... 11
Conclusão................................................................................................................................ 12
Referências.............................................................................................................................. 13
Introdução
	Neste trabalho acadêmico procuraremos introduzir algumas questões referentes ao conceito de família e as estruturas familiares modernas. Nossa pretensão é introdutória tendo em vista a abrangência e extensão do tema, e justifica-se em sua pertinência não apenas para os tempos hodiernos, mas visando a família como matriz da formação de indivíduos no âmbito psicológico e assistencial, caracterizando-se como instituição de imprescindível importância atemporal.
 Objetivamos abordar desde o conceito de família tradicional, passando pelo movimento feminista, até algumas diferenciadas configurações de família (Mono, pluriparentais e recompostas), bem como a homossexualidade no Direito de Família e questões pertinentes à adoção e ao seu fazer em lares homoparentais. 
O conceito de família tradicional e suas transformações ao longo dos anos
A queda do Patriarcado
Existem registros, que em civilizações mais antigas, a sociedade era matriarcal. Possuindo um sistema organizado e dirigido por mulheres, na qual, a maternidade era considerada um dom da natureza, exercendo o papel de algo divino, em que só necessitavam das mulheres para acontecer. No entanto, com o passar dos tempos, foi descoberto o “papel” do homem na geração dos descendentes e sente-se a necessidade de que as relações tornem-se monogâmicas (embora esta condição seja mais atribuída as mulheres do que aos homens), para que o homem pudesse saber quem seria o seu herdeiro. A partir desse momento, a sociedade passa a se denominar como patriarcado, restringindo à mulher as atividades domésticas e ao homem o poder absoluto perante a família.
Na cultura ocidental, registra-se na Grécia, na descrição da República feita por Aristóteles, descreve a família como: “O senhor e o escravo, o marido e a mulher, o pai e os filhos (ARISTÓTELES, 1991, p. 11). Na descrição destas partes afirma: “Em todas as espécies, o macho é evidentemente superior à fêmea: a espécie humana não é exceção” (ARISTÓTELES, 1991, p. 13).
A luta da mulher por direitos iguais é longa. Um movimento de bastante destaque , que pode representar uma parte dessa luta é o feminismo, que começou primeiro nos Estados Unidos, no final dos anos 60 e em seguida na Europa, no início da década de 70 e difundiu-se pelo mundo inteiro, nas décadas de 80 e 90. Uma das grandes vitórias do movimento feminista foi a instauração do conceito de gênero. Diferentemente da visão que era predominante no período anterior, de que os órgãos sexuais determinam as funções sociais, reforçando uma identidade social, que é construída através de funções que são atribuídas aos homens e as mulheres; o gênero, é como o indivíduo se reconhece, como se identifica. A partir do momento em que o conceito de gênero passa a ser disseminado, é possível identificar, com maior clareza, as discriminações relativas a ele, que até o momento, eram vistas com naturalidade para a maior parte das sociedades, em que a mulher deve apresentar características como a sensibilidade, protetora dos filhos e do lar, revelando um sexo frágil e delicado. Ao contrário, os homens devem ter comportamentos viris, ser protetor do lar e insensível, não podendo demonstrar, em nenhum momento, as suas emoções.
Outro grande aspecto da lutas das mulheres foi a “emancipação do lar”, em que, inicialmente, em 1943, segundo a legislação brasileira, a mulher casada passou a ter a possibilidade de trabalhar fora do lar, caso o marido não pudesse prover da sua subsistência ou a dos filhos. Frente a necessidade econômica, a mulher passa a trabalhar fora com a finalidade de aumentar a renda da família. No decorrer do tempo, sentem a necessidade de ampliar seu campo de trabalho e passa a participar de atividades educativas, culturais, políticas e profissionais. A mulher passa a ingressar em maior número nas universidades, no trabalho, ampliando o tempo em que passa fora de casa. Com o seu desenvolvimento nessas novas áreas, adquirindo autonomia, ocorre uma nova posição dentro do contexto familiar, a de se tornarem as “chefes” de família. Essa mudança na concepção feminina também gera mudanças nas funções masculinas.
O conceito de família tem passado por mudanças significativas, devido as mudanças no espaço histórico e cultural, tentando adaptar-se as diversas formas e influências, caracterizando a cultura pós-moderna. Hoje, encontramos mulheres como líderes da família, casais homossexuais, casais que decidem não ter filhos, aqueles que decidem adotar crianças, sendo um tema bastante abrangente. No entanto, a mudança mais significativa deste conceito na modernidade é o caminho para relações horizontais, não repressoras e mais diversificadas.
Famílias Monoparentais
Pode-se afirmar que o termo “monoparental” surgiu no início dos anos 1970 e é resignado para pessoas que cuidam sozinhas de uma criança. As sociólogas feministas também teriam introduzido esse termo para fazer referência aos lares chefiados por mulheres.No Brasil, a família monoparental é prevista pelo artigo 226 da Constituição Federal: a família é "a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes". Essas famílias podem ser constituídas tanto por vontade própria de um dos pais de cuidar de uma criança sozinho, quanto por circunstâncias que o (a) levaram a essa situação, como nos casos de viuvez ou abandono. No entanto, amonoparentalidade se dá, na maioria das vezes, em consequência das seguintes situações: separação dos pais, onde na maior parte doscasos a guarda fica com a mãe; abandono da mãe durante a gravidez; decisão da mulher de ter um filho sozinha,onde é cada vez maior a quantidade de mulheres que vivem só por opção, mas sem abrir mão da maternidade, inclusive como forma de realização pessoal; e também nos casos de adoção. Nesse tipo de família, há uma dissimetria entre as funções paternas e maternas, pois quando um homem sozinho planeja ser pai, ou adquire a guarda de uma criança, há uma fuga dos padrões heterossexuais/patriarcais impostos pela sociedade e, infelizmente, passa a ser vista pela mesma como algo anormal. Para René Clément, a relação monoparental seria complicada, visto que as decisões, expectativas, sentimentos, aspirações e exigências estariam centradas em apenas uma pessoa, o que a tornaria totalitária, perseguidor, e talvez até superprotetor. 
Monoparentalidade feminina:
Geralmente, a mãe desse tipo de constituição familiar tem de conciliar sua vida pessoal juntamente com os cuidados destinados à casa e aos filhos e a árdua jornada de trabalho a qual muitas são submetidas, além de encontrar um espaço para dedicarem-se ao “ser mulher”. A maior parte desse tipo de situação é causada pelo abandono de seu parceiro aos cuidados do descendente.Muitas dessas mães se veem em uma situação de desamparo, principalmente na questão financeira, principalmente nos casos em que essas figuras femininas se encontram em situações de baixa renda e de marginalização por parte da sociedade. Não se deve deixar de ressaltar o caso de meninas que engravidam na adolescência, que na maioria dos casos também se encontram nessa situação de abandono por parte do pai do bebê, além de sofrerem uma pressão muito grande por parte da sociedade, por exercer a maternidade tão cedo. Essas mulheres estão a par da vulnerabilidade social, e geralmentetambém apresentam alto grau de vulnerabilidade emocional, seja pelo sentimento de abandono, seja pela exploração e/ou violência a qual foram submetidas, seja pelo esforço a que estão encarregadasna busca de estratégias para a sobrevivência de família. No entanto, existem mulheres as quais optam por cuidarem de seus filhos sozinhas. Com a ascensão da mulher, o conceito de “mãe solteira” perdeu o caráter geralde “situação indesejável”.Por isso, não é raro encontrarmos mulheres bem-sucedidas nas suas profissões que também são boas mães, mesmo sem a presença de um companheiro. O avanço da medicina contribuiu para que muitas figuras femininas realizassem procedimentos como inseminação artificial ou fertilização in vitro, tornando essa escolha de ser mãe solteira algo mais independente para elas. As relações afetivas na família monoparental feminina, na maioria dos casos, promovem uma relação de troca contínua, respeitosa e afetuosa dos filhos com suas mães e destas para com aqueles. As mulheres conseguem dedicar-se aos filhos, fortalecendo o ambiente familiar. Da mesma forma, elas incentivam a auto superação dos entraves financeiros, principalmente, causados pela não partilha das despesas familiares. 
1.2.2 Monoparentalidade masculina: 
Grande parte da população ainda está aprisionada nos estereótipos tradicionais, e nos preconceitos de que o homem deve ser o provedor da casa, destinando a tarefa de cuidar à mulher. Entretanto, no decorrer das últimas décadas, houve um crescimento no interesse dos homens em manter contato cotidiano com os filhos. O número de pais que solicitam a guarda de suas crianças tem aumentado bastante, fazendo com que os homens assumam total responsabilidade sobre elas, levando-os também a assumir dupla jornada de trabalho. Pode-se ressaltar, que para cuidar de uma criança sozinho, isso muitas vezes implica em abrir mão de projetos que priorizavam a si próprio. Geralmente o “eu” é deixado em segundo plano, principalmente quando seus descendentes ainda são crianças. Entretanto, isso não quer dizer que esse pai não possa procurar ajuda de terceiros. Quando um pai é encarregado de criar um filho sozinho (seja por questões opcionais, como aquisição da guarda da criança ou adoção, seja por questões alheias como a viuvez ou abandono), ele pode não encontrar referências anteriores de genitores masculinos que são efetivamente participativos na vida dos filhos, levando-os, recorrerem à figuras femininas, exercendo dessa forma, um certo tipo de “maternidade”. As relações desses pais com seus filhos geralmente são de companheirismo, comprometendo-se com tudo que diz respeito a eles. A maioria desses homens demonstram saber que não basta apenas assegurar o bem-estar físico, mas também o bem-estar emocional de seus descendentes. Dessa forma, os sentimentos são bem expressos e a relação pai/filho é, na maioria dos casos saudável, de modo que não há uma diferença significativa entre as relações de afeto entre a monoparentalidade masculina e a feminina. O homem, dessa forma, pode se sair tão bem quanto a mulher na criação de sua prole.
1.3 Famílias pluriparentais 
A pluriparentalidade pode ser definida como as relações que se estabelecem com mais de duas pessoas desempenhando as funções parentais. Nestas conformações é indispensável reconhecer que o filho tem mais de dois pais.A pluriparentalidade se tornou inevitável devido aos novos arranjos familiares causados pela separação dos pais e novos casamentos destes.
1.4 Famílias recompostas
Os termos “madrasta” e “padrasto” passaram a ser menos utilizados. No caso das famílias recompostas, estas se encontram em um desafio de não ocupar um papel, mas sim de inventá-lo. Com o convívio diário, muitas madrastas e muitos padrastos exercem, juntamente com a os genitores da criança, a educação e a criação dos seus enteados, de modo a constituir laços afetivos, visto que, a paternidade ou maternidade não advém apenas de fatores consanguíneos, mas também de relações de afeto. Em alguns casos, há uma relação desarmoniosa entre padrastos/madrastas e seus enteados, por questões emocionais, como ciúmes e a não superação do divórcio de seus pais.A filiação afetiva dessa forma, é consequência do vínculo de carinho e respeito advindo do novo arranjo familiar. Com o convívio diário, torna-se praticamente inevitável uma relação próxima entre os filhos e o novo parceiro de um dos genitores. É possível então reconhecer, assim, a importância da afetividade no direito de família contemporâneo, podendo ser considerada um componente norteador de todas as espécies de entidades familiares. É comum também que outras figuras (como tios, avós, amigos) assumam essa maternidade ou paternidade com uma criança, mesmo que ela ainda possua também outras figuras de pai e/ou mãe, estabelecendo assim também relações pluriparentais. Em alguns casos de adoção, é comum o indivíduo reconhecer como funções maternas e/ou paternas tantos os pais biológicos quanto os pais adotivos.
Família e Homossexualidade em discussões legislativas e judiciárias
Os novos arranjos familiares são uma realidade social. O desenvolvimento de métodos contraceptivos mais eficazes, as novas tecnologias de reprodução, a entrada da mulher no mercado de trabalho e os direitos de igualdade conquistados determinaram mudanças significativas no formato da Família. "A nossa sociedade é contratual utilizando-se de regras e leis para organiza-la"(p.67). Sendo assim, a legislação é fruto das demandas da sociedade, ao mesmo tempo que serve para disciplinar tais demandas. Diante disso, o Estado é convocado e o legislativo e judiciário esboçam respostas, cada um com seu formato e eficácia. O marco inicial da matéria sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo no Brasil foi proposta pela deputada Marta Suplicy havendo, posteriormente, alterações, sendo apresentado, porém não chegou a ser votado. Lembrando que a nova redação da proposta focava na concessão de um direito jurídico, já que o foco tornou-se  as questões patrimoniais, dessa forma, negligenciando temas como, o casamento e constituição familiar. Na perspectiva de Roberto Jefferson (relator do projeto), o objetivo era solucionar problemas práticos, legais e financeiros.Diante disso, o projeto se distanciou, ainda mais, do seu objetivo inicial que visava permitir uma maior expressão dessas questões e a consolidação desses vínculos. Em 5 de maio de 2011, no julgamento de uma ação direta de inconstitucionalidade foi declarado o reconhecimento do casamento entre pessoas do mesmo sexo no Brasil como entidade familiar pelo Supremo Tribunal Federal. Dessa forma, essa equiparação abriu um leque de direitos e dispositivos constitucionais que, até então, só era de usufruto de casais heterossexuais.
Questões relativas a Adoção e Homossexualidade
3.1) O processo de adoção no Brasil
No Brasil, a possibilidade de adoção não faz distinção de sexo, cor, estado civil ou orientação sexual. Qualquer pessoa maior de 18 anos pode adotar uma criança que se encontre disponível para adoção no cadastro nacional, desde que o adotante seja pelo menos 16 anos mais velho que o adotado. No caso da adoção conjunta , ou seja, com dois adotantes , estes precisam ser casados ou constituir união estável, conforme legisla o Código Civil Brasileiro, mediante a lei nº 12.010, de 3 de agosto de 2009. 
Tendo em vista que a constituição assegura a igualdade de direitos, e visando também que as pessoas com opção homossexual possuem os direitos referentes a adoção conjunta (casamento ou união estável), nada os impede de adotar, e este é um bom avanço de nossa legislação. Todavia, o impasse no ato de adotar, por pessoas homossexuais, pode se dar em outras etapas do processo de adoção, conforme veremos mais a frente. Por hora, faz-se importante tornar conhecidas estas etapas.
3.1.1) Etapas do Processo de Adoção
1. O(as) interessado(as) levam sua documentação ao fórum e esta é analisada.
2. Os interessados são entrevistados por uma equipe multiprofissional, com psicólogos e assistentes sociais.
3. Interessados passam por um curso preparatório de 10hs de duração.
4. Ingresso no cadastro de habilitados para adoção
5. Mapeamento de crianças e cadastros 
6. Apreciação da criança
7. O encontro entre o pretendente e a criança
8. A adoção
	
Todas as etapas são cruciais e indispensáveis, pautadas em uma reflexão sobre o bem estar da criança e do adotante. Duas destas etapas levam a atuação do profissional da psicologia: A entrevista e o curso preparatório, visando o ingresso no cadastro de habilitados. É sobre esta etapa, bem como suas influências e possíveis repercussões de que falaremos a seguir. 
3.2 Questões referentes a atuação do psicólogo na equipe multiprofissional de habilitação para adoção.
3.2.1 Quanto à técnica
Cada psicólogo jurídico tem a sua forma de atuar e seus critérios de avaliação dos candidatos à adoção, tendo em vista, ao final do processo, fornecer ao juiz um laudo, que, conjunto com as conclusões do assistente social, tornem apto ou não o candidato. Sobre as técnicas usadas, não há um consenso sobre o procedimento, realidade sobre a qual Hamad (2002) afirma: Não é fácil fixar critérios que se constituam referências objetivas. Oliveira (2006), por sua vez, cita em seu estudo a técnica projetiva do HTP e principalmente a escuta, por vezes partindo de um referencial teórico, a exemplo, o psicanalítico. No que se refere à escuta, não são poucos os critérios utilizados pelos profissionais, ainda citado no referido estudo. São alguns deles: Os motivos que levam à adoção, o desejo de cada membro do par conjugal, como se lida com a infertilidade, a vergonha de adotar, a quanto tempo se pensa/conversa sobre adoção, dentre outros (Ver também Morales, 2004). 
3.2.2 Quanto ao compromisso ético
Não é interessante que o psicólogo considere novas configurações de família como sendo um motivo suficiente para um parecer desfavorável a um candidato. Tendo em vista a elasticidade do conceito de família, como largamente explora Uziel (2002), o foco da analise deve situar-se nas possibilidades de cuidados, educação, vínculo afetivo e no ambiente familiar que espera a criança para além das portas do abrigo. Portanto, não é interessante que a monoparentalidade, a homoparentalidade ou a opção homossexual do adotante seja determinante. Essa postura pode derivar de uma construção social embasada no conservadorismo e no preconceito. A lei não impede que pessoas homossexuais adotem crianças, e o ministério público tem a última palavra nas decisões, mas o parecer negativo de um técnico que não compreenda a abrangência do conceito de família pode revelar-se um impasse no processo de adoção por pessoas homossexuais.
3.2.3 Adoção por casais homossexuais. O que a ciência diz?
Segundo Papalia, Feld e Olds (2006), nenhum estudo indica preocupação psicológica com crianças criadas por casais do mesmo sexo (Patterson, 1992, 1995a, 1995b, 1997). As crianças tem a mesma possibilidade que outras, criadas por casais heterossexuais, de desenvolver problemas de ordem psíquica e social, os pais abertamente homossexuais se relacionam bem com seus filhos e os casos de abuso sexual sofrido por filhos de casais gays é semelhante ou menor que em heteroafetivos.
Uma idéia bastante semeada é a de que casais do mesmo sexo influenciarão seus filhos a sentimentos homoafetivos. A afirmação leva um preconceito velado e não tem embasamento científico, já que os estudos apontam que crianças em famílias homoafetivas não tem maior possibilidade de estarem confusos com sua orientação de gênero que filhos de heterossexuais (King 1996, apud Papalia 2006). 
“A paternidade adotiva não é paternidade de 2ª classe, 
ao contrario, suplanta em origem a de procedência biológica
 pela sua maior força de auto determinação.”
J.B. Vilela e Moacir Guimarães
Juízes de Menores em Curitiba - PA
Conclusão
	Concluímos que mediante uma construção histórica, novas configurações de família têm sido constituídas e, mais recentemente, tem avançado em direção ao romper de estereótipos e discriminação. O ideal de que o divórcio, o falecimento, o rompimento e a reconfiguração de laços afetivos é “o fim da família”, embasado em uma perspectiva religiosa e provençal, tem sido repensada. Não obstante, a importância da família como instituição fundamental, “organizadora da sociedade ocidental contemporânea” como nas palavras de Uziel, tem sido reafirmada, e a ciência pode contribuir com desmistificações e novas proposições a respeito desta realidade que são as diversas configurações de família. 
Referências
OLIVEIRA, Rosilene Ribeiro de. Os critérios e estratégias usadas por assistentes técnicos jurídicos psicólogos na avaliação de pretendentes a adoção. 2014. 1 v. Tese (Doutorado) - Curso de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.
PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally Wendios; FELDMAM, Ruth Duskin. Desenvolvimento Humano. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
RIBEIRO, Danielly; MARIANO, Nívea; LOPES, Sandra. FAMÍLIA MONOPARENTAL FEMININA: UM OLHAR SOBRE AS MULHERES CHEFE DE FAMÍLIA REFERENCIADAS NO CRAS DE UM MUNICÍPIO DE PEQUENO PORTE. Uniesp, São Paulo - Br, p.38-47, ago. 2012. Disponível em: <http://www.uniesp.edu.br/revista/revista14/pdf/artigos/04.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2015.
SCARPELLINI, Marister; CARLOS, Viviani Yoshinaga. Monoparentalidade Feminina e Vulnerabilidade Social:: a realidade de mulheres chefes de família no município de Apucarana.. Anais Ii Simpósio Gênero e Políticas Públicas. Londrina, p. 128-135. 18 set. 2011. Disponível em: <http://www.uel.br/eventos/gpp/pages/arquivos/Marister.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2015.
SOUSA, Ana Paula de. ESTUDO COMPARATIVO DAS FAMÍLIAS MONOPARENTAIS MASCULINAS X MONOPARENTAIS FEMININAS: A INFLUÊNCIA DO GENITOR NO DESENVOLVIMENTO FAMILIAR. 2008. 1 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Serviço Social, Faculdade de História, Direito e Serviço Social, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho, Franca - Sp, 2008. Disponível em: <http://www.franca.unesp.br/Home/Pos-graduacao/ServicoSocial/Dissertacoes/AnaPaula.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2015.
 UZIEL, Anna Paula. Familia e Homossexualidade: Velhas questões, novos problemas. 2002. 262 f. Tese(Doutorado) - Curso de Antropologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas - Sp, 2002.

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