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IMUNONUTRIÇÃO (2)

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1 
 
 
IMUNONUTRIÇÃO 
1 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 3 
2. Imunonutrição e o tratamento do câncer............................................................. 5 
2.1 Imunonutrição no Tratamento ao Câncer ....................................................... 6 
2.1.1 Conceito e características........................................................................ 6 
2.1.2 Tempo de Administração de Dietas Imunomoduladoras e Seus Impactos 
nos Pacientes Oncológicos ................................................................................. 7 
2.1.3 Neoplasias nas Quais Imunonutrição Está Mais Envolvida .................... 9 
3. imunonutrição em dieta enteral na cirurgia do trato gastrintestinal ................... 11 
3.1 Desnutrição no Câncer e Síndrome da Anorexia-Caquexia ......................... 12 
3.2 Alterações Metabólicas e Imunológicas em Pacientes Oncológicos ............ 14 
3.3 Imunonutrição Versus Principais Imunonutrientes na Prática Clínica .......... 16 
3.3.1 Arginina................................................................................................. 16 
3.3.2 Glutamina .............................................................................................. 17 
3.3.3 Ácidos Graxos Ômega-3........................................................................ 18 
3.3.4 Nucleotídeos .......................................................................................... 19 
3.4 Efeitos da Imunonutrição Enteral em Pacientes com Câncer Gastrintestinal
 20 
4. O PAPEL DAS PROTEÍNAS E DAS VITAMINAS ............................................. 25 
5. O PAPEL DOS MINERAIS................................................................................ 27 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 28 
 
 
2 
 
 
 
 
 
FACULESTE 
 
 A história do Instituto FACULESTE, inicia com a realização do sonho de um 
grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACULESTE, como entidade 
oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
 A FACULESTE tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos 
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, 
de publicação ou outras normas de comunicação. 
 A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável 
e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e 
ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país 
na oferta de cursos, primando sempre 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Os avanços na pesquisa em nutrição têm mostrado que os nutrientes exercem 
funções além do seu papel fisiológico, mas podem também modular o funcionamento 
do sistema imune. Surge assim, um novo termo: a imunonutrição. 
A imunonutrição consiste no efeito farmacológico e benéfico dos nutrientes no 
tratamento de pacientes críticos (cirúrgicos, oncológicos, traumatizados ou com 
infecções) modulando processos imunológicos, metabólicos e inflamatórios, situações 
em que ocorre a depleção do estado nutricional e complicações clínicas. 
Dentre os nutrientes imunomoduladores mais estudados, destacam-se: os 
aminoácidos não essenciais, ou seja, que são produzidos pelo organismo humano, 
como a arginina e a glutamina, que podem se tornar essenciais em situações de 
estresse; as vitaminas E e C, importantes antioxidantes que previnem os efeitos 
agressivos do estresse oxidativo e ajudam a preservar o funcionamento adequado 
da imunidade; os ácidos graxos ômega-3 que participam na síntese de mediadores 
inflamatórios, como leucotrienos, prostaglandinas e tromboxanos, intercedendo na 
resposta do sistema imunológico. Entre outros, como as fibras, a cisteína, os 
nucleotídios e o zinco. 
Os estudos na área indicam o efeito dos imunonutrientes na recuperação do 
estado nutricional, melhora do prognóstico, diminuição de infecções e do tempo de 
internação. 
Estudos revisam o papel da imunonutrição no tratamento do câncer. Um convite 
dos autores na busca pela constante revisão crítica e aprofundamento do tema. 
O binômio dieta e nutrição tem relação com causas e consequências do câncer. 
O estado nutricional é afetado diretamente tanto pelo tumor, quanto pelo tratamento 
administrado, exigindo manejo especial. Quando há depleção do estado nutricional, 
associa-se diminuição da função imune, o que favorece o avanço da doença. Para 
isso a imunonutrição poderia colaborar com a diminuição da taxa de infecções e do 
tempo de hospitalização no tratamento de pacientes com câncer. 
4 
 
 
Pacientes com câncer gastrintestinal frequentemente apresentam desnutrição 
no pré-operatório, que é agravada durante a internação. As consequências são o 
elevado índice de morbidade pós-operatória e longo tempo de permanência 
hospitalar. Fórmulas enterais contendo nutrientes imunomoduladores poderiam 
auxiliar nos resultados da terapia cirúrgica contra o câncer. 
O consumo exagerado de produtos alimentícios processados, é considerado 
como um fator de risco para o câncer, pois estes alimentos contêm nitratos e nitritos, 
substâncias estas utilizadas com a finalidade de manter e melhorar o sabor de alguns 
alimentos enlatados como por exemplo salsichas, presunto, bacon, picles, etc. 
Uma alimentação baseada no consumo exagerado de açucares e gorduras e 
diminuição do consumo de vegetais está relacionado ao desenvolvimento do câncer 
de colón. Uma dieta com alto consumo de sal e alimentos com conservantes como 
nitritos e nitratos está ligada ao risco de câncer gástrico. 
Durante o tratamento muitos dos pacientes com câncer apresentam 
alteraçãocomo a ausência de apetite, tendo uma má ingestão alimentar devido ao 
desconforto no trato gastrointestinal, e isto pode ocasionar a caquexia afetando assim 
o bem-estar do indivíduo.A imunonutrição é definida como a utilização de fórmulas 
enterais contendo em sua composição imunonutrientes que tem a capacidade de 
recuperar a integridade do sistema imunológico, melhorar a função da barreira 
intestinal e ainda diminuir a intensidade dos processos inflamatórios. 
A eficácia da imunonutrição é devido á sua ação farmacológica e benéfica dos 
nutrientes no tratamento de pacientes críticos como cirúrgicos, oncológicos, 
traumatizados ou com infecções combatendo processo inflamatórios e metabólicos, 
que causam mudanças no estado nutricional e outras complicações. 
A imunonutrição permite que o paciente que com câncer tenha a capacidade 
de rejeitar o tumor através do sistema imunológico. Os principais imunomoduladores 
que exercem efeitos positivos no sistema imunológico e resposta inflamatória são a 
arginina, glutamina, ácidos graxos ômega 3 e nucleotídeos 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
2. IMUNONUTRIÇÃO E O TRATAMENTO DO CÂNCER 
 
O câncer pode ser definido como uma enfermidade multicausal crônica, 
caracterizada pelo crescimento descontrolado de células. Sua prevenção tem tomado 
uma dimensão importante no campo da ciência em virtude da redução da qualidade 
de vida dos pacientes. Seu desenvolvimento envolve alterações do DNA celular, que 
se acumulam com o tempo. Quando essas células lesadas escapam dos mecanismos 
envolvidos na proteção do organismo contra o crescimento e a disseminação de tais 
células, é estabelecida uma neoplasia. A neoplasia pode ser definida como uma 
doença multicausal crônica, tendo tomadouma proporção importante na comunidade 
científica, pois se destaca como uma das principais causas de morte do mundo. 
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada ano o câncer 
atinge pelo menos nove milhões de pessoas, sendo hoje a segunda causa de morte 
por doença na maioria dos países. No Brasil, o câncer é a segunda causa de morte 
por doença, apenas superada pelas doenças cardiovasculares. Por isso ele precisa 
ser visto diferentemente da maioria dos outros desafios encontrados na nutrição 
clínica, em virtude da magnitude das alterações físicas e psíquicas que provoca no 
paciente. O manejo dessa condição patológica é determinado por muitas variáveis, 
como idade do paciente, localização e tipo de tumor. 
O sistema imune é a defesa primária do corpo contra patógenos invasores, 
componentes não-seguros e células cancerosas. Processo inflamatório, liberação de 
citocinas pró-inflamatórias e a formação de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio, 
são as características envolvidas neste processo. A imunomodulação, portanto, é uma 
abordagem terapêutica na qual tentamos intervir nos processos de autorregulação do 
sistema de defesa, já a imunossupressão é o ato de reduzir a atividade ou eficiência 
do sistema imunológico. 
O estado nutricional também é afetado diretamente tanto pelo tumor, quanto 
pelo tratamento administrado, exigindo cuidados especiais do estado nutricional. As 
drogas quimioterápicas diminuem a ingestão alimentar e promovem perdas 
nutricionais por toxicidade renal e gastrointestinal, principalmente por vômitos 
persistentes e incoercíveis. Quando acontece a depleção do estado nutricional, ocorre 
também a diminuição da função imune, constatada por alterações de testes da função 
6 
 
 
imunológica. No entanto outros fatores não nutricionais também podem estar 
implicados causando a imunossupressão5. 
Um diagnóstico secundário comum em pacientes com doença neoplásica 
avançada é a desnutrição energético-protéica. A perda de peso e a alteração no 
estado nutricional são evidentes em 50% dos pacientes com câncer no momento do 
diagnóstico. Estudo prévio demonstrou que até as pequenas quantidades de perda de 
peso (inferiores a 5% do peso corpóreo) ocorridas antes da terapia foram associadas 
a um mau prognóstico, reforçando a importância da avaliação nutricional precoce e 
da intervenção como uma medida preventiva. Os objetivos da terapia nutricional em 
pacientes com câncer são a prevenção ou correção das deficiências nutricionais e a 
minimização da perda de peso. A intervenção precoce é essencial e deve ser feita a 
avaliação do risco nutricional no momento do diagnóstico, devendo continuar a 
monitoração do estado nutricional durante o tratamento. 
Pressupostos teóricos e resultados de estudos com animais dão base à 
hipótese de que o uso de dietas enterais contendo nutrientes imunomoduladores com 
ácidos graxos ômega-3, arginina, glutamina e os nucleotídeos, seriam benéficos aos 
pacientes desnutridos, especialmente àqueles acometidos por doenças críticas. 
Muitos estudos clínicos têm resultados encorajadores, em termos de redução do 
tempo de hospitalização e da taxa de infecções, em especial para pacientes 
oncológicos cirúrgicos que recebem dieta enteral precoce. 
Em virtude dos efeitos que as neoplasias podem provocar nos pacientes, da 
necessidade de uma nutrição adequada para diminuir os efeitos adversos e melhorar 
a qualidade de vida, foi delineado o presente estudo com o objetivo de revisar as 
evidências disponíveis sobre o papel da imunonutrição no tratamento do paciente 
oncológico. 
 
a. Imunonutrição no Tratamento ao Câncer 
 
2.1.1 Conceito e características 
 
A imunonutrição foi definida por Hallay et al. como uma forma de alimentação 
artificial que objetiva a renovação das células para resposta imune. Isso envolve 
aminoácidos específicos como a glutamina, arginina e fibras. Apesar de já existirem 
7 
 
 
artigos versando sobre os benefícios da glutamina, ainda não há um consenso no 
mundo científico sobre os reais benefícios na terapia nutricional enteral. 
A maior parte dos pacientes que apresentam neoplasias de cabeça, pescoço, 
esôfago e laringe pode ser caracterizada como desnutrida e incapaz de manter 
adequada ingestão oral no período pré-operatório. A imunonutrição administrada via 
enteral, no período que antecede a cirurgia, pode ser aconselhável para esses 
pacientes, que, no passado, a recebiam na forma de nutrição parenteral total. A via 
enteral preserva a estrutura e função intestinal, além de reduzir o tempo de internação 
hospitalar. 
A glutamina é um aminoácido não-essencial, sendo também o aminoácido livre 
mais abundante no corpo. É um precursor de nucleotídeos e proteínas, sendo fonte 
de energia para enterócitos e linfócitos e participa na regulação do equilíbrio ácido-
básico. Existem hipóteses de que, em circunstâncias como depleção nutricional grave 
ou estresse, a produção de glutamina se torna insuficiente tornando-a um aminoácido 
condicionalmente essencial. Os sistemas orgânicos que necessitam de glutamina, 
como o sistema imunológico ou intestino, podem receber aportes insuficientes de 
glutamina, o que aumenta as complicações nesses pacientes com depleção grave. 
Estudos apontam que dietas enriquecidas com glutamina aumentam a permeabilidade 
intestinal e melhoram o balanço nitrogenado. 
Quanto maior a cirurgia e o tipo de trauma, mais severas são as alterações dos 
mecanismos de defesa, tornando os pacientes altamente susceptíveis à sepse e a 
complicações inflamatórias. Por isso dietas enterais suplementadas com glutamina, 
arginina e ácido graxo ômega-3 têm demonstrado melhora na resposta no período 
que sucede operações de grande porte por reduzirem o risco de sepse e trauma. 
Para autores, o uso do ácido eicosapentaenóico (EPA), ácido contendo 
proteínas e densa energia, suplementado via oral, mostra redução da perda de peso 
e aumento da massa magra melhorando a capacidade funcional, o estado nutricional 
e a qualidade de vida. 
 
2.1.2 Tempo de Administração de Dietas Imunomoduladoras e Seus Impactos nos 
Pacientes Oncológicos 
 
O que se tem demonstrado é que, para a maioria dos pacientes com tumores 
malignos de pâncreas, estômago e esôfago, o reforço com dieta imunomoduladora 
8 
 
 
reduz a incidência de complicações por infecção e permanência hospitalar. Uma 
metaanálise confirmou o efeito protetor da imunonutrição no combate ao 
desenvolvimento de infecções, mas não há estudos que demonstrem a eficácia no 
combate à mortalidade. 
Segundo autores, o uso da imunonutrição pode melhorar, mas não reverte o 
catabolismo e a resposta imunológica ao trauma. Iniciar com imunonutrição no pré-
operatório mantém o estado nutricional e reduz complicações no pós-operatório. O 
tempo de início mínimo adotado para administração das dietas suplementadas com 
imunomoduladores varia desde 4 horas após o término da cirurgia, sendo 
administrados 25mL/h durante 20 horas por dia, com aumentos sucessivos de 25mL 
a cada dia, até 75mL/h, por período de 10 a 15 dias. 
Outro estudo foi iniciado com a administração de dieta via jejunostomia a 
20mL/h, sendo cuidadosamente aumentado para dose máxima 80ml/h da dieta 
suplementada contra 100mL/h da dieta-padrão, administradas durante 10 dias de pós-
operatório. Nesse estudo, a dieta-padrão foi mais bem tolerada, o que reforça a 
importância do monitoramento constante no momento da administração de dieta 
suplementada. Além disso, os pesquisadores não conseguiram demonstrar 
estatisticamente melhora clínica da dieta enriquecida com glutamina. 
Em estudo suplementaram com dieta enteral 25 pacientes, iniciando com 
50mL/h, atingindo as necessidades calóricas dos pacientes em 72 horas, por um 
período mínimo de uma semana. Este estudo observou melhora significativa da 
resposta imunológica em pacientes oncológicos submetidosa procedimentos 
cirúrgicos, uma vez que houve aumento da maturidade de linfócitos totais. Entretanto 
não encontrou significância estatística em relação à melhora do estado nutricional, 
embora ambas as dietas tivessem sido bem toleradas. 
Em outro já se suplementou com arginina e ácidos graxos ômega-3 por via 
oral os pacientes com neoplasias de trato gastrointestinal alto durante os 5 dias 
que antecederam a cirurgia de ressecção dos tumores com 100mL/dia de suplemento, 
misturados a diferentes sabores. Após 12 horas de pós-operatório, os pacientes 
receberam nutrição enteral suplementada por 5 dias, quando, então, era iniciada a 
dieta via oral com líquidos claros. Tanto a suplementação via oral, quanto a nutrição 
enteral foram bem toleradas pelos pacientes. O número de pacientes que 
apresentaram complicações após o quinto dia de pós-operatório foi sugestivamente 
9 
 
 
mais baixo nos pacientes suplementados do que nos do grupo controle. Apesar dessa 
redução, os resultados não foram significativos. 
 
2.1.3 Neoplasias nas Quais Imunonutrição Está Mais Envolvida 
 
Dos estudos pesquisados, observou-se a suplementação com imunonutrientes 
(figura 1) nos pacientes portadores de câncer de esôfago, pâncreas e estômago, com 
a justificativa de que esses estão predispostos a complicações sépticas no período 
pós-operatório. Além disso, o efeito deletério do processo cirúrgico na imunidade é 
combinado com a desnutrição calórico-protéica que é característica desse tipo de 
paciente, combinada com anorexia, variável conforme o grau e local da doença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1: Imunonutrientes 
10 
 
 
 
Fonte: Nutrir, 2020. 
 
A lesão provocada pelo procedimento cirúrgico no paciente acometido pela 
neoplasia gástrica causa depleção do estoque de gordura corporal e massa magra. 
Quanto maior a cirurgia e o tipo de trauma, mais severas são as alterações dos 
mecanismos de defesa tornando os pacientes altamente suscetíveis a sepse e às 
complicações inflamatórias. 
Além disso, a suplementação nos pacientes submetidos à esofagectomia total 
é de suma importância no período pós-operatório imediato, visando cessar o 
catabolismo induzido pelo procedimento cirúrgico. Os pacientes com neoplasia do 
trato gastrointestinal alto podem ser sujeitos de suplementação, uma vez que alguns 
trabalhos apontam para a hipótese de que apenas alguns dias de alimentação com 
11 
 
 
imunonutrição no pré-operatório já sejam benéficos por reduzirem infecções no pós 
operatório, embora ainda não esteja totalmente documentado. 
Assim, recentemente, várias abordagens foram exploradas para suprir de modo 
mais satisfatório as necessidades dos pacientes sem estimular de forma excessiva o 
crescimento do tumor. Já está bem estabelecida, na comunidade científica, 
principalmente de países europeus e norte-americanos, a importância do uso de 
imunomoduladores caracterizados pela glutamina, arginina e fibras em algumas 
condições patológicas. 
Em virtude do alto nível de variáveis envolvidas nos pacientes oncológicos que 
envolvem desde o tempo de descoberta da doença, localização, tipo de tumor, idade, 
medicação e tipo de tratamento, é extremamente difícil conduzir estudos os quais os 
desfechos não sejam confundidos pela ampla variedade desses fatores. 
Através da análise dos dados encontrados, não há um consenso nas pesquisas 
sobre tempo de administração de fórmulas enriquecidas com imunomoduladores e os 
tipos de neoplasias que mais se beneficiariam. Mas é claro o benefício do uso da dieta 
imunomoduladora em pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico, no pré- 
operatório de cirurgias de grande porte abdominal, diminuindo complicações sépticas 
e inflamatórias no período pós-operatório e consequentemente associando ao tempo 
de internação hospitalar, mas não a mortalidade. 
 
 
 
 
3. IMUNONUTRIÇÃO EM DIETA ENTERAL NA CIRURGIA DO TRATO 
GASTRINTESTINAL 
 
 SAIBA MAIS: 
Acesse ao link: https://www.youtube.com/watch?v=UIbnQUYe_24 para 
saber mais sobre imunonutrição. 
12 
 
 
O câncer, caracterizado pela perda do controle da divisão celular e pela 
capacidade de invadir outras estruturas orgânicas, constitui a segunda principal causa 
de óbitos por doença no Brasil, subsequentemente às doenças cardiovasculares. 
O processo de carcinogênese resulta da interação entre fatores endógenos e 
ambientais, destacando-se a dieta que, quando inadequada, pode representar cerca 
de 35% das causas de tumores malignos. Outros fatores incluem: idade, 
hereditariedade, inatividade física, tabagismo, etilismo, contato frequente com 
substâncias carcinógenas, sobrepeso e obesidade. 
A desnutrição protéico-energética acomete entre 30% e 90% dos pacientes 
oncológicos e está associada ao aumento da morbimortalidade pós-operatória e 
menor tolerância aos procedimentos cirúrgicos, quimioterápicos e radioterápicos. A 
desnutrição pode ocasionar efeitos imunitários adversos por meio de diversos 
mecanismos, tais como: atrofia de linfonodos, redução na contagem de linfócitos, 
diminuição na produção de imunoglobulina A, supressão da imunidade celular, o que 
resulta em alta incidência de complicações graves e complicações infecciosas durante 
o período pósoperatório precoce e durante a permanência hospitalar. 
Fórmulas enterais enriquecidas com nutrientes com atividade 
imunomoduladora, como arginina, glutamina, ácidos graxos ômega-3, nucleotídeos e 
antioxidantes, tem sido associadas a efeitos benéficos em pacientes cirúrgicos, com 
repercussões favoráveis na redução de complicações pós-operatórias e no tempo de 
permanência hospitalar. 
O objetivo da presente revisão foi investigar, na literatura, os efeitos da 
imunonutrição enteral peri-operatória em pacientes submetidos à cirurgia do trato 
gastrintestinal por neoplasias malignas. 
 
a. Desnutrição no Câncer e Síndrome da Anorexia-Caquexia 
 
Pacientes que necessitam de cirurgia eletiva para tratamento de neoplasia do 
trato digestório superior apresentam frequentemente desnutrição protéico-energética 
grave no pré-operatório. A desnutrição também constitui um dos principais fatores 
relacionados ao elevado índice de complicações pós-operatórias observadas em 
pacientes hospitalizados. 
Observa-se, atualmente, elevada prevalência de desnutrição intra-hospitalar, 
em cerca de 20% a 50% dos pacientes hospitalizados. A ocorrência de desnutrição 
13 
 
 
hospitalar, no Brasil, pode atingir 49% das internações, com impacto na 
morbimortalidade. 
Os pacientes que necessitam de cirurgia eletiva por neoplasia maligna do trato 
digestório destacam-se entre os grupos mais vulneráveis à desnutrição. Esta, por sua 
vez, associa-se à depressão da função imunehumoral e celular, alterações na 
resposta inflamatória e dificuldades no processo de cicatrização de feridas, com 
consequente aumento da incidência de complicações graves no período pós-
operatório imediato. 
O risco aumentado de desnutrição, em pacientes com câncer gastrintestinal, 
ocorre em decorrência de diversos fatores, tais como: obstrução mecânica, limitação 
da ingestão alimentar, caquexia induzida pelo tumor, obstrução pancreaticobiliar, má-
absorção, perda sanguínea, uso de drogas antibacterianas, técnica asséptica, tipo de 
cirurgia, dentre outros10. 
Autores realizaram, no Brasil, o Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional 
Hospitalar (IBRANUTRI) com a participação de 4 mil pacientes hospitalizados e 
constataram que pacientes oncológicos possuem três vezes mais chances de 
desnutrição quando comparados aos pacientes não oncológicos. 
Um estudo multicêntrico com mais de 3 mil pacientes constatou perda de peso 
significativa em mais de 50% desses pacientes. A maior frequência e gravidade foram 
observadas em indivíduos com câncer do trato gastrintestinal. Identificouse perda 
ponderal em 60% dospacientes com câncer de pulmão e 40% com câncer de mama 
feminino. 
A prevalência de desnutrição, em pacientes cirúrgicos, oscila entre 19% e 80%. 
A caquexia, desnutrição grave acompanhada de astenia e anorexia, é comum em 
pacientes oncológicos e difere da desnutrição simples pelas alterações metabólicas e 
inflamatórias. A anorexia-caquexia no câncer é uma síndrome metabólica que 
consiste de um dispêndio progressivo de energia e perda de massa magra, com ou 
sem perda de tecido adiposo, sendo a perda ponderal considerada o principal 
indicador para a caquexia em adultos. 
Atualmente, a caquexia pode ser definida por meio de três variáveis pré-
seletivas: perda de peso e/ou ingestão alimentar reduzida e/ou proteína C-reativa 
(PCR). Outros estudos ainda incluem alterações em: tecido adiposo, massa magra, 
albumina sérica, insulina, ingestão energética diária, fator 1 de crescimento tipo 
14 
 
 
insulina, gasto energético, leptina, grelina, hormônio tireoidiano, fator de necrose 
tumoral-alfa (FNT-α), interleucina (IL)-6 (IL-6), e interferon-gama (INF-γ). 
As principais manifestações ou alterações presentes nessa síndrome incluem: 
anorexia, astenia, náusea crônica, modificações na imagem corpórea, disfagia, 
saciedade precoce, fadiga, falta de energia, náuseas, vômitos, perda involuntária de 
peso, depleção progressiva de massa magra, alterações na sensibilidade do paladar, 
atrofia muscular esquelética e de órgãos viscerais, miopatia, anemia, 
hipoalbuminemia, lactacidemia, hiperlipidemia e intolerância à glicose. 
A caquexia pode resultar de causas multifatoriais decorrentes de alterações 
metabólicas, baixa ingestão e/ou má absorção de nutrientes, aumento do gasto 
energético ou ambos. Essas alterações, por sua vez, compreendem a resposta 
inflamatória sistêmica e o aumento da síntese hepática de proteínas de fase aguda, 
culminando com depleção significativa de aminoácidos indispensáveis, com 
consequente aumento do risco de infecções, deterioração física geral, letargia, perda 
ponderal, entre outros. 
Além de esses fatores, cabe ressaltar o impacto da desnutrição e suas 
repercussões sobre os custos hospitalares. 
 
b. Alterações Metabólicas e Imunológicas em Pacientes Oncológicos 
 
Em pacientes oncológicos, as alterações metabólicas induzidas pelos tumores 
nos estádios avançados incluem: intolerância à glicose, redução da secreção de 
insulina, resistência periférica à insulina, aumento na síntese e no turnover de glicose, 
maior atividade do ciclo de Cori, aumento do turnoverprotéico, aumento na síntese 
hepática de proteínas, aumento no catabolismo protéico muscular, redução 
plasmática da concentração de aminoácidos ramificados, depleção dos depósitos 
lipídicos, aumento da lipólise, aumento do turnover de glicerol e ácidos graxos livres, 
redução da lipogênese e hiperlipidemia. 
Os mecanismos relacionados ao processo de oncogênese envolvem, entre 
outros, a secreção de citocinas, como FNT-α IL-1, IL-6 e IFN-γ (Tabela 1). Além de 
provocar hiporexia, o FNT-α e as IL-1 e IL-6 instigam as respostas metabólicas de 
fase aguda, com consequente incremento de proteínas positivas, como PCR e 
diminuição de proteínas negativas, como albumina, pré-albumina e transferrina. 
15 
 
 
As citocinas produzidas pelo tumor e pelo hospedeiro são também 
responsáveis pelas alterações metabólicas em pacientes oncológicos, visto que 
estimulam a depleção progressiva de massa magra e podem causar alterações no 
metabolismo de carboidratos e ácidos graxos, o que resulta, principalmente, em perda 
de massa corporal magra. 
Pacientes oncológicos sofrem a interferência de hormônios como: glucagon, 
cortisol, catecolaminas, hormônio de crescimento, leptina, neuropeptídeo Y, grelina, 
insulina, fator de mobilização lipídica, fator indutor de proteólise (Tabela 1), dentre 
outros que, quando desregulados, contribuem para estabelecer a síndrome da 
anorexia-caquexia, resultando em progressão da doença, aumento nas taxas de 
morbidade e mortalidade, e diminuição da qualidade de vida. 
 
Tabela 1: Mecanismo de ação de algumas substâncias envolvidas na caquexia do câncer. 
 
Fonte: Fortes RC &Waitzberg DL, 2011. 
 
 
 
 
 
A utilização de nutrientes imunomoduladores tem sido sugerida para promover 
a restauração da homeostase normal pós-operatória e a redução de mediadores pró-
inflamatórios, como IL-6 e FNT-α. 
16 
 
 
 
c. Imunonutrição Versus Principais Imunonutrientes na Prática Clínica 
 
Desde 1990, a nutrição padrão tem sido modificada pela adição de 
imunonutrientes. Os imunonutrientes mais investigados e de interesse são arginina, 
glutamina, ácidos graxos ômega-3, antioxidantes e nucleotídeos, como o ácido 
ribonucléico (ARN). Entende-se por imunonutrição, as fórmulas enterais padrão 
suplementadas com imunonutrientes que possuem a habilidade para melhorar a 
defesa imunológica, a função da barreira intestinal e atenuar a resposta inflamatória. 
Diversos estudos têm demonstrado que a terapia de nutrição enteral ou 
parenteral no período pré-operatório melhora significativamente o prognóstico de 
pacientes gravemente desnutridos candidatos à cirurgia do trato gastrintestinal. A 
terapia de nutrição enteral parece ser mais efetiva que a terapia de nutrição parenteral 
em pacientes com desnutrição grave por estar associada a menor taxa de 
complicações e ser economicamente viável. 
Porém existem controvérsias, que avaliou os efeitos clínicos da terapia de 
nutrição enteral e da nutrição parenteral imunoestimulatórias em pacientes eutróficos 
submetidos à ressecção por câncer gastrintestinal. Não encontraram discrepâncias 
entre essas modalidades terapêuticas, pois ambas apresentaram eficácia, tolerância 
e efeitos na síntese protéica similares, exceto em relação ao custo inferior observado 
com o uso da terapia enteral. Fórmulas contendo nutrientes imunomoduladores 
podem melhorar a resposta imunológica pós-operatória e atenuar a reação 
inflamatória e, consequentemente, reduzir as complicações infecciosas graves em 
pacientes submetidos a diversos tipos de intervenções cirúrgicas. 
 
3.3.1 Arginina 
 
A arginina é considerada um aminoácido semi-essencial, pois, em 
determinadas condições catabólicas, deixa de ser sintetizada pelo organismo em 
quantidades suficientes para suprir as suas necessidades. Estimula a secreção de 
vários hormônios, como hormônio de crescimento, glucagon e insulina, que possuem 
efeito modulatório na resposta imunitária, além de ser precursora da síntese de 
poliaminas e ácidos nucléicos, ambos indispensáveis para a proliferação e 
diferenciação celular. 
17 
 
 
Esse aminoácido pode reduzir a produção de mediadores pró-inflamatórios, 
como IL-1, IL-6 e FNT-α, no sítio da injúria, e melhorar a imunidade celular (linfócitos 
CD4, CD8), bem como acelerar o crescimento tecidual após trauma ou infecção. 
Outros estudos comprovam a sua ação na estimulação da proliferação das células T, 
na síntese de IL-2, nos efeitos citotóxicosdas células natural killer (NK) e na geração 
de células killer ativadas por linfoquina. 
A arginina pode ser metabolizada em óxido nítrico e citrulina, pela enzima óxido 
nítrico sintase, e em ureia e ornitina, pela enzima arginase. A ornitina conduz a 
produção de hidroxiprolina, que pode melhorar a síntese de colágeno9 e o óxido nítrico 
conduz a melhoria dos efeitos de macrófagos e da atividade bactericida. 
Dietas enriquecidas com arginina são capazes de reduzir as taxas de infecções 
no pós-operatório de pacientes oncológicos, melhorar o estado nutricional e a função 
imune celular de pacientes críticos, a produção de tumores colorretais e a proliferação 
celular das criptas em ratos; promover aumento no volume do timo e na função de 
macrófagos e células NK; melhorar a cicatrização de feridas, reduzir a excreção de 
nitrogênio e a perda de peso, com melhora significativa do balanço nitrogenado. 
 
3.3.2Glutamina 
 
A glutamina, aminoácido mais abundante no corpo que exerce papel vital no 
transporte de aminoácidos e no balanço nitrogenado, é tida como não-essencial, 
porém, em situações críticas, como cirurgia, trauma e exercício extenuante, torna-se 
um aminoácido essencial, visto que a sua síntese não supre as necessidades 
orgânicas. As principais funções da glutamina incluem: proliferação e 
desenvolvimento de células imunitárias, equilíbrio ácido-básico, transporte de amônia 
entre os tecidos, doação de esqueletos carbonados para agliconeogênese, dentre 
outras. 
Esse aminoácido é sintetizado a partir do glutamato pela enzima glutamina 
sintetase e degradada a glutamato pela enzima glutaminase. Células imunes, renais 
e intestinais apresentamelevada atividade de glutaminase, ao passo que músculo 
esquelético, pulmões, fígado, cérebro e, possivelmente, tecido adiposo possuem alta 
atividade de glutamina sintetase. 
A glutamina é o principal combustível para linfócitos e macrófagos. É 
precursora da síntese de nucleotídeos e age como precursora da glutationa, 
18 
 
 
responsável pelo sistema de defesa antioxidativa. Linfócitos podem ter alta atividade 
de glutaminase e elevada utilização de glutamina, ambos aumentados após estímulo 
mitogênico, sendo assim, a função dos linfócitos pode ser afetada pela deficiência de 
glutamina. 
Experimentos in vitro mostram que a glutamina é necessária para fagocitose, 
produção de ARN e secreção de IL-1 pelos macrófagos. Células polimorfonucleares 
após injúria possuem função bactericida mais efetiva na presença de glutamina. 
Indivíduos suplementados com glutamina após cirurgia abdominal apresentam 
atenuação da depleção de glutationa muscular, com benefícios na recuperação dos 
mesmos. Em pacientes queimados ou com pancreatite aguda, a suplementação com 
glutamina é capaz de aumentar as concentrações de transferrina e 
transtiretina,associada à redução de PCR. Em pacientes críticos, estudos apontam 
que a glutamina é capaz de melhorar o balanço nitrogenado, reduzir a taxa de 
complicações infecciosas e o tempo de permanência hospitalar. 
 
3.3.3 Ácidos Graxos Ômega-3 
 
Os ácidos graxos ômega-3 possuem funções importantes na estrutura das 
membranas e nos processos vitais, visto que são capazes de melhorar a flexibilidade 
da membrana celular. Eles têm atividade no processo de fagocitose e para a 
expressão dos receptores de IL-2, e de sub-regularem a resposta imune por meio da 
modulação da síntese de eicosanoides e da regulação das membranas celulares. 
Os ácidos graxos ômega-3 competem com os ácidos graxos ômega-6 pelo 
metabolismo da ciclooxigenase na membrana celular e pela produção de 
eicosanoides; aumentam a produção de prostaglandinas da série 3 e leucotrienos da 
série 5 com potencial redução pró-inflamatória e; inibem a produção de 
prostaglandinas da série 2 e leucotrienos da série 4 que deprimem a citotoxidade de 
macrófagos, linfócitos e células NK, com consequente redução da síntese de IL-1, IL-
6 e FNT-α. 
A suplementação com ácidos graxos ômega-3 diminui a síntese de 
prostaglandinas (PG) e tromboxanos A2 (TXA2); aumenta a substância 
antiagregatóriatromboxano A3 e inibe a resposta inflamatória excessiva. Evidências 
clínicas e experimentais demonstram que a administração intravenosa de ácidos 
19 
 
 
graxos ômega-3 reduz significativamente a produção de citocinas pró-inflamatórias, 
como IL-1, IL-2, IL-6, IL-8 e FNT-α. 
Estudos demonstram efeitos favoráveis após a suplementação com ácidos 
graxos ômega-3 em pacientes submetidos a cirurgia de grande porte, por minimizar a 
magnitude da resposta inflamatória e pela modulação da resposta imune, além de 
promoverem a redução da agregação plaquetária, atividade de coagulação e 
produção de citocinas. 
Os principais mecanismos dos ácidos graxos ômega-3 no processo de 
carcinogênese propostos incluem: supressão da biossíntese dos eicosanoides 
derivados do ácido araquidônico; impacto na proliferação celular, apoptose, 
disseminação de metástases e angiogênese; influência na atividade do fator de 
transcrição nuclear, na expressão gênica e nas vias de transdução de sinais; alteração 
no metabolismo do estrogênio; aumento ou diminuição da produção de radicais livres; 
e envolvimento em mecanismos relacionados à sensibilidade à insulina e à fluidez das 
membranas. 
 
3.3.4 Nucleotídeos 
 
Os nucleotídeos, representados pelas purinas e pirimidinas, são responsáveis 
pela síntese ARN e ADN (ácido desoxirribonucléico). Efeitos potentes têm atribuídos 
aos nucleotídeos em estudos experimentais, incluindo a promoção do crescimento da 
mucosa intestinal, o aumento das células ósseas marrons e a contagem de neutrófilos 
periféricos em ratos infectados. 
Os nucleotídeos são derivados de ARN na dieta e sua restrição está associada 
com o aumento significativo na mortalidade em modelos murinos de sepse por 
Candida spp. Também possuem provável ação na melhoria da síntese protéica e no 
aumento nas funções das células T, bem como redução da incidência de infecções 
fúngicas. 
O ARN é imprescindível para a maturação normal dos linfócitos e para a 
proliferação de células imunitárias envolvidas no processo de cicatrização de feridas, 
além de promover melhora da imunossupressão em estudos experimentais 
conduzidos em animais de laboratório. 
 
20 
 
 
d. Efeitos da Imunonutrição Enteral em Pacientes com Câncer 
Gastrintestinal 
 
A disponibilidade de dietas enterais imunoenriquecidas com arginina, 
glutamina, nucleotídeos e ácidos graxos ômega-3, tem estimulado a realização de 
estudos comparativos entre as dietas padrão e as fórmulas imunomoduladoras. 
Avaliaram a influência da imunonutriçãopósoperatória nos mecanismos de 
defesa e na resposta inflamatória de pacientes com carcinoma gástrico submetidos à 
cirurgia de grande porte. Os autores concluíram que a imunonutriçãoenteral exerce 
benefícios nos mecanismos de defesa imunitária e na modulação da resposta 
inflamatória após cirurgias de grande porte por carcinoma gástrico, evidenciando a 
superioridade das dietas imunoenriquecidas em relação às fórmulas padrão. 
Resultados apontam que a administração de fórmulas enterais suplementadas 
com arginina, ácidos graxos ômega-3 e ARN, no período pós-operatório precoce, em 
pacientes gastrectomizados por câncer gástrico, pode melhorar significativamente a 
cicatrização de feridas operatórias, com consequente redução da morbidade e do 
número de infecções pós-operatórias (Tabela 2). 
Observou-se valores significativamente maiores nos níveis séricos de 
albumina, três dias após a cirurgia, em um grupo em tratamento comimunonutrição. 
Esses achados sugerem que a imunonutrição enteral pré-operatória pode ser efetiva 
para prevenir a infecção no local da cirurgia em pacientes eutróficos com câncer 
colorretal (Tabela 2). 
Pacientes internados submetidos à cirurgia eletiva de grande porte e 
suplementados via enteral e/ou oral com uma dieta imunoenriquecida com L-arginina, 
nucleotídeos (ARN) e ácidos graxos ômega-3 (Impact®, Novartis, Espanha), antes e 
após a cirurgia, entre o suporte nutricional especializado com imunonutrientes nos 
períodos pré, peri e pós-operatório, bem como a morbidade em pacientes submetidos 
à cirurgia de grande porte. Observou-se, por meio da análise combinada dos 
resultados, redução significativa das morbidades perioperatórias em cirurgia eletiva; 
diminuição da taxa de complicações infecciosas no pós-operatório; redução do tempo 
de estadia hospitalar em, pelo menos, dois dias, além de redução de infecções de 
feridas, abscessos abdominais e deiscências com a utilização dessa formulação 
enteral. Também observaram, de acordo com os resultados dessa pesquisa que, 
embora no pós-operatório a taxa de complicações infecciosas tenha se mostrado 
21 
 
 
significativamente menor do que a de pacientes pertencentes ao grupo controle 
(aquelesque receberam fórmulas padrão isentas de nutrientes imunomoduladores), o 
período ótimo para administração da dieta enriquecida com imunonutrientes é o pré-
operatório, especificamente entre cinco e sete dias antes da intervenção cirúrgica e 
na dosagem de 0,5 a 1,0 litro por dia. 
Resultados sugerem que fórmulas enriquecidas com nutrientes 
imunomoduladores no perioperatório são superiores a fórmulas enterais padrão, visto 
que são capazes de reduzir as taxas de infecções nas feridas incisionais e a síndrome 
da resposta inflamatória sistêmica no pós-operatório em pacientes submetidos a 
esofagectomia (Tabela 2). 
Observou-se, que a imunonutrição apresentou efeito positivo significativo na 
taxa de infecção pós-operatória e no período de permanência hospitalar, bem como 
na melhoria da função imune, por aumentar significativamente a contagem total de 
linfócitos, os níveis de CD4 e IgG, e reduzir os níveis de IL-6. Não foram encontrados 
efeitos adversos graves, visto que alguns estudos reportaram a vigência apenas de 
vômitos, diarreia, caimbras e edema. Dois estudos comprovaram menor custo 
hospitalar em pacientes com imunonutrição em comparação ao grupo controle. Os 
resultados evidenciam que a dieta perioperatória enriquecida com imunonutrientes é 
efetiva e segura por reduzir a infecção pós-operatória e o tempo de permanência 
hospitalar. 
Com o intuito de comparar duas fórmulas enterais imunomoduladoras com uma 
fórmula padrão na frequência de infecções pós-operatórias, tempo de estadia 
hospitalar e marcadores inflamatórios, conduziram um estudo o que sugere melhores 
resultados com o uso de fórmulas enterais contendo imunonutrientes comparadas às 
fórmulas padrão (Tabela 2). 
Autores concluíram a necessidade de estudos controlados adicionais para 
averiguar os efeitos da imunonutrição na resposta imune antitumoral, estudo 
identificou apenas incremento significativo nos níveis de pré-albumina com a 
suplementação de fórmulas enriquecidas com arginina, ácidos graxos ômega-3 e ARN 
(Tabela 2). 
 
Tabela 2 – Estudos em pacientes oncológicos submetidos à cirurgia do trato gastrintestinal em 
uso de imunonutrição enteral. 
22 
 
 
 
Fonte: Fortes RC &Waitzberg DL, 2011. 
 
Os estudos indicam que a terapia nutricional enteral suplementada com 
nutrientes imunomoduladores, como arginina, glutamina, ácidos graxos ômega-3 e 
nucleotídeos, é capaz de exercer efeitos positivos na modulação da resposta 
imunitária e inflamatória de pacientes submetidos à cirurgia por câncer gastrintestinal. 
A redução das complicações infecciosas e o tempo de permanência hospitalar pós-
operatória evidenciam a vantagem das fórmulas imunomoduladoras em relação às 
fórmulas padrão. 
 
1. 
 
 
 SAIBA MAIS: 
Acesse ao link: https://www.youtube.com/watch?v=PPOeYBx7eDI para 
saber mais sobre Imunonutrição em Cirurgias Oncológicas. O que é? Como 
fazer? Vale a pena? 
23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Existe uma relação dinâmica entre doença, nutrição e imunidade. Uma doença 
primária leva ao aumento do catabolismo e das necessidades nutricionais, estado 
denominado hipermetabolismo. Esta condição, entretanto, freqüentemente é 
acompanhada por anorexia. A associação destes fatores culmina com um acelerado 
consumo e perda das reservas nutricionais do organismo, resultando em desnutrição. 
Estudo em animais diz que, no doente, três fatores normalmente estão 
presentes favorecendo o estabelecimento da desnutrição: 
a) aumento do catabolismo com redirecionamento das reservas nutricionais 
para áreas mais importantes, como sistema imune, reparação tecidual e para atender 
ao ritmo metabólico mais acelerado (gliconeogênese); 
24 
 
 
b) aumento do anabolismo representado pela síntese de elementos do sistema 
imune e reparação tecidual, gastos energéticos extras que surgem em adição ao 
metabolismo basal; 
c) menor digestão e assimilação associada à perdas adicionais, representadas 
por diarréias, hemorragias e transudações, que carreiam nutrientes do meio interno 
para o meio externo. 
A resposta imune é dependente de replicação celular e da síntese de 
compostos protéicos ativos. Desta forma, é fortemente afetada pelo status nutricional, 
que determina a habilidade metabólica celular e a eficiência com que a célula reage 
aos estímulos, iniciando e perpetuando o sistema de proteção e autoreparação 
orgânicas. Calorias, aminoácidos, vitaminas A, D, E, piridoxina, cianocobalamina, 
ácido fólico, Fe, Zn, Cu, Mg e Se, são nutrientes para os quais já se estabeleceu a 
estreita relação existente entre seu status orgânico e o funcionamento do sistema 
imune. Diminuição de anticorpos humorais e da superfície de mucosas, da imunidade 
celular, da capacidade bactericida de fagócitos, da produção de complemento, do 
número total de linfócitos, do equilíbrio dos subtipos de linfócitos T e dos mecanismos 
inespecíficos de defesa – que incluem as barreiras anatômicas da pele e mucosas, a 
microbiota intestinal, as substâncias secretoras como linfocina, suco gástrico e muco, 
a febre, as alterações endócrinas e o seqüestro de ferro sérico e tecidual – são 
conseqüências de deficiências nutricionais. 
O sistema antimicrobiano dos neutrófilos é afetado pela desnutrição, tanto os 
sistemas oxigênio dependentes como os oxigênio independentes (lactoferrina, 
lisozimas, hidrolases e proteases). Via de regra, o sistema imune é o primeiro a sofrer 
alterações na desnutrição, respondendo antes mesmo que o sistema reprodutivo. A 
desnutrição protéico-energética é resultado de um baixo consumo de alimentos, que 
resulta na deficiência de calorias e aminoácidos. Seus efeitos tendem a ser 
específicos para cada tecido e podem se tornar generalizados quanto maior for a 
demora em sua correção. Longos períodos de privação alimentar culminam em 
grande mobilização de aminoácidos,que são utilizados na síntese de DNA e RNA, na 
produção de proteínas de fase aguda e de energia (gliconeogênese), agravando ainda 
mais o estado de desnutrição. 
 
 
 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. O PAPEL DAS PROTEÍNAS E DAS VITAMINAS 
 
A anorexia associada a mudanças endócrinas, especialmente representadas 
pelo aumento do glucagon, hormônio de crescimento e corticosteróides circulantes, 
conduz o animal doente a um balanço nitrogenado negativo. Este é decorrente do 
catabolismo de aminoácidos oriundos da degradação das proteínas de reserva do 
organismo. Várias citocinas, especialmente a interleucina-1 e o fator de necrose 
tumoral alfa também contribuem para este processo. Ocorre no organismo um 
redirecionamento dos aminoácidos, que passam a ser uma importante fonte de 
“combustível”, em um processo denominado gliconeogênese. Considerando-se que a 
expansão clonal do sistema imune depende da síntese protéica e que as citocinas são 
constituídas por aminoácidos, fica fácil compreender por que uma ingestão 
inadequada de proteínas leva à tão grande comprometimento deste sistema. 
26 
 
 
A deficiência de vitamina A está associada ao aumento da susceptibilidade à 
infecções. A metaplasia escamosa, verificada em várias mucosas na hipovitaminose 
A, representa uma quebra de barreira anatômica, favorecendo a penetração de 
agentes infecciosos. Além disso, verifica-se redução do tamanho do timo e do baço, 
menor atividade de células natural killer, redução da produção de interferon e da 
resposta de hipersensibilidade cutânea tardia, menor atividade de macrófagos e 
redução da proliferação linfocitária. A deficiência de vitamina E, resulta em redução 
do poder bactericida de leucócitos e linfócitos, menor produção de imunoglobulinas, 
redução da resposta imune mediada por células, menor produção e funcionamento de 
linfocinas e citocinas. 
Estudos têm demonstrado que a suplementação com doses suprafisiológicas 
de vitamina E aumentam o poder de fagocitosee a resposta imune humoral e celular. 
Este efeito é mais acentuado em populações de idosos. As deficiências de piridoxina 
(B6) e ácido pantotênico levam à redução da resposta antigênica, tanto humoral como 
celular. A falta conjunta destas duas vitaminas resultam em inibição quase completa 
da imunidade que é revertida com a suplementação das mesmas. Ácido fólico e 
cianocobalamina (B12) são essenciais à replicação celular. A deficiência destes 
nutrientes implica redução da formação de anticorpos e replicação de linfócitos e a de 
colina está associada à atrofia do timo. As vitaminas hidrossolúveis não são estocadas 
no organismo, sendo necessária uma ingestão constante. Além de sua interferência 
na imunidade, são fundamentais aos processos de produção e uso de energia, 
atuando como co-fatores enzimáticos em várias etapas do ciclo de Krebs. Como na 
doença associam-se anorexia, hipermetabolismo e catabolismo, a suplementação 
destas vitaminas é recomendável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
 
 
 
 
5. O PAPEL DOS MINERAIS 
 
A deficiência de Zinco resulta em extensivo dano aos linfócitos T, com atrofia 
do timo, alteração da síntese de linfócitos, resultando em marcada imunossupressão. 
Implica também em alterações epidérmicas associadas à maior penetração de 
agentes. 
A deficiência de Cobre, por sua vez, ocasiona redução do número de linfócitos 
circulantes, redução na produção de anticorpos, do poder fagocitário, atrofia do timo 
e menor produção de citocinas. 
Com relação ao ferro, a deficiência deste micro-elemento é bastante comum 
humanos. Induz redução no poder bactericida de fagócitos, menor proliferação 
linfocitária e redução da população de células. Não ocorrem prejuízos, no entanto, à 
resposta humoral. O ferro é necessário tanto ao ser humano quanto aos 
microorganismos, de modo que o organismo secreta três proteínas, a transferrina, 
conalbumina e lactoferrina, que possuem elevada capacidade de se ligar ao ferro, 
tornando este indisponível para as bactérias. Esta reduzida disponibilidade de ferro 
livre apresenta efeito protetor para o hospedeiro. A suplementação diária em 
quantidades fisiológicas em desnutrido, por outro lado, tem efeito positivo na redução 
da morbidade por doenças infecciosas. 
A deficiência de Magnésio promove alteração no funcionamento de linfócitos T 
e B, menor produção de imunoglobulinas, redução da capacidade bactericida de 
fagócitos e menor produção de citocinas. Atribuem-se estes efeitos ao fato deste 
microelemento ser um co-fator na síntese de DNA. 
O Selênio é integrante da enzima glutationaperoxidase, que é importante na 
estabilização dos peroxissomos dos fagócitos, tendo correlação com seu poder de 
inativar agentes infecciosos. Afeta a capacidade proliferativa de linfócitos, bem como 
todos os componentes do sistema imunológico. 
 
 
28 
 
 
 
 
 
 
2. REFERÊNCIAS 
 
Ana Maria PandolfoFeoli.Imunonutrição – um novo papel para os nutrientes. 
Revista Ciência & Saúde, Porto Alegre, v. 3, n. 2, p. 34, jul./dez. 2010. 
 
Helena Simões Dutra de Oliveira;Rochele da Silva Boneti e Alessandra 
CampaniPizzato. Imunonutrição e o tratamento do câncer. Revista Ciência & 
Saúde, Porto Alegre, v. 3, n. 2, p. 59-64, jul./dez. 2010. 
 
Fortes RC &Waitzberg DL. Efeitos da imunonutrição enteral em pacientes 
oncológicos submetidos à cirurgia do trato gastrintestinal. RevBrasNutrClin 
2011; 26 (4): 255-63. 
 
Francisco das Chagas Araújo Sousa et al. Imunonutrição em pacientes 
oncológicos: revisão integrativa. Research, SocietyandDevelopment, v. 9, n. 2, 
e100922004, 2020. 
 
Brunetto M.A., Gomes M.O.S., Jeremias J.T., Oliveira L.D. &Carciofi A.C. 
Imunonutrição: o papel da dieta no restabelecimento das defesas naturais.Acta 
ScientiaeVeterinariae. 35(Supl 2): s230-s232, 2007.

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