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AULA 3 CAPTAÇÃO DE RECURSOS E PARCERIAS PARA PROJETOS SOCIAIS Prof. Rafael Araújo Bonatto 2 CONVERSA INICIAL Os desafios apresentados pelo cenário de crise e recessão econômica local e global têm demandado às empresas públicas e privadas maior eficiência e eficácia na execução das ações pertinentes ao cumprimento de suas missões institucionais. Nessa perspectiva, se apresenta como ferramenta a gestão de projetos, instrumento primordial ao planejamento, execução e avaliação de projetos, com papel relevante na materialização de iniciativas públicas e privadas. Nesta aula, compartilhamos com os estudantes conceitos pertinentes ao planejamento, gestão e avaliação de projetos. TEMA 1 – INTRODUÇÃO À GESTÃO DE PROJETOS A gestão de projetos assume papel central nas organizações públicas e privadas. Destaque para a competência, imprescindível ao andamento de iniciativas de cunho social. As organizações sociais, tais como ONGs, fundações, institutos e negócios sociais, dos mais diversos portes e objetivos, administram recursos públicos e privados para implantar e gerir projetos e programas sociais de interesse público, em áreas como saúde, saneamento básico, educação, esportes e cultura, com vistas a sanar os problemas da sociedade e promover mudanças estruturais (Gerenciamento..., 2018). É essencial frisar, aqui, que os projetos devem ser idealizados segundo as demandas e necessidades sociais, considerando-se a diversidade cultural, distintos patamares de desenvolvimento econômico e demais cenários locais. No que concerne à temporalidade de um projeto, toda iniciativa desenvolve-se segundo um ciclo definido pelo desenho (elaboração) inicial, seguido por planejamento, execução, monitoramento e controle (ciclo PDCA), e desaguando finalmente na conclusão. O sucesso do projeto social se inicia pelos seguintes passos: definição clara do problema que se deseja solucionar, quais recursos serão necessários ao seu cumprimento, e determinação dos passos a serem tomados e das prioridades. A partir do diagnóstico, o projeto deve explicitar o cenário real a ser atacado. Consequentemente, elabora-se a justificativa que subsidiará a implantação do projeto social. As parcerias que são estabelecidas, a partir de interesses comuns e fins específicos, viabilizam a obtenção de recursos, tanto financeiros quanto 3 humanos e logísticos, necessários para gerir os projetos sociais (Entenda..., 2017). TEMA 2 – ESTRUTURA DE PROJETOS PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL Como premissa prevista na Constituição Federal Brasileira de 1988, governos locais devem desempenhar o papel de articulador e facilitador das ações de desenvolvimento na sociedade. Dessa forma, sua efetividade e sucesso serão múltiplos quando agentes sociais forem incorporadas nos processos de desenho e tomadas de decisão. Dowbor (2006) atenta que, para pensar a atuação do poder público e privado no desenvolvimento local e social, é necessário conceituá-lo sem se entregar à lógica economicista. A centralidade dos aspectos econômicos não pode ser abandonada, mas do ponto de vista da promoção da cidadania, só é aceitável uma visão de desenvolvimento que coloque o ser humano e os interesses coletivos e das maiorias como ponto central, convergindo para a possibilidade de potencialização das capacidades de todos os indivíduos. Para a materialização da mencionada participação social exposta anteriormente, a elaboração participativa de projetos de desenvolvimento se apresenta como ferramenta extremamente útil. Nessa perspectiva, compartilhamos com os discentes conceitos sobre a estrutura de projetos de desenvolvimento municipal, apresentando, neste tema, documento basilar sobre o tema desenhado por Schenkel (2005): 1. Estrutura básica. Folha de apresentação – Deverá conter: Nome do projeto; Instituição responsável e sua logomarca; Instituições envolvidas e suas logomarcas; Equipe responsável; Local e data. 2. Título: Ter presente que o título será muito importante para vender o projeto e deve provocar aquele primeiro interesse por ele; Ter uma sigla – sonora, concisa, objetiva e que reflita a ideia geral do projeto; 4 Não deve ser extenso em demasia; deve ser claro, coerente e consistente. 3. Introdução: Deverá dar uma ideia sucinta do conjunto do projeto (de onde surgiu a ideia, quais as intenções do trabalho, como foi organizado etc.); Evitar textos maiores que uma ou duas páginas; Assegurar que seja uma espécie de “cartão de apresentação”; Deverá suscitar interesse para que o leitor (consultor) analise o restante do projeto. 4. Proponente: Descrever a instituição, empresa ou organização responsável pelo projeto; Fornecer os dados técnicos da mesma, tais como: nome, endereço completo, dados jurídicos (CNPJ, Inscrição Estadual, Municipal); Inserir a logo, se existir; Indicar as parcerias envolvidas com o projeto (reais e não as prováveis); se existirem, colocar os dados e logomarcas das respectivas organizações parceiras. 5. Equipe do projeto: Descrever, objetivamente, a equipe que elaborou o projeto e a equipe que deverá acompanhar o processo: equipe técnica, operacional e de apoio disponível; Inserir um currículo resumido de cada profissional envolvido (será importante para dar fundamentação técnica e segurança aos financiadores). Pode-se utilizar o currículo da base Lattes na forma resumida - modelo exigido em instituições como Capes e CNPq; Indicar o coordenador ou responsável pelo projeto, sendo importante ter um “regra dois” para a coordenação – indicar quem assume se o coordenador/responsável sair; Ter uma coordenação “de peso” é importante (profissional reconhecido); Descrever a estrutura disponível e a capacidade institucional para abrigar o projeto; 5 Descrever a capacidade técnica, física e operacional (instalada) do proponente, sua organização, planejamento, logística e recursos a serem utilizados; Prever todos os recursos técnicos, materiais e físicos necessários à execução, porém, não comprometer recursos indisponíveis. 6. Contexto do projeto: Elaborar um diagnóstico da situação envolvida, de forma focada e sucinta; Assegurar que o projeto parta de uma realidade e necessidade comprovada; Ter dados reais da situação, com um retrato histórico e atual; Descrever a contribuição dos beneficiários na elaboração do projeto. 7. Objetivos: Objetivo Geral: O objetivo deve ser claro, coerente e sucinto para dizer o que o projeto quer; Deve refletir a razão de ser do projeto, podendo ser abrangente; Deve estar ajustado às normas dos financiadores – muitas instituições buscam palavras-chaves no texto do projeto (sustentabilidade, desenvolvimento social, impacto ambiental / social, geração de emprego, taxa de retorno financeiro etc.). Objetivos Específicos: Os objetivos específicos devem estar bem relacionados com o título, com o contexto do projeto e com o objetivo geral, mantendo o foco; Utilizar verbos de acordo com a linguagem do financiador – infinitivo, particípio passado, gerúndio; Redigir de forma clara o que se quer atingir, indicando os benefícios desejados para o público e área envolvida. 8. Resultados desejados: Indicar quais resultados se quer alcançar, concretamente, ao final do projeto; Descrever os possíveis efeitos e impactos que o projeto pretende produzir; 6 Quantificar os objetivos tentando dar uma dimensão a eles – apresentar os indicadores que podem ser uma boa medida para considerar que os objetivos foram alcançados; Ser realista e coerente com os objetivos propostos. 9. Justificativas: O projeto deve estar baseado em uma justificativa absolutamente coerente, que fundamente a sua razão de ser; Não deverá haver dúvida da razão do projeto, o fim a quese destina, devendo convencer da necessidade e relevância dos objetivos propostos; Deixar clara a sua contribuição social, ambiental, cultural etc.; Projetos sem uma boa justificativa geralmente são rejeitados – uma análise objetiva do contexto geral e específico poderá ser útil nesta fundamentação. 10. Revisão Bibliográfica: Procurar fundamentar teórica e tecnicamente o projeto; Atenção às normas técnicas para as citações e referências, organização de quadros e tabelas, inserção de notas; O número de páginas depende das possíveis regras da instituição financiadora, da amplitude do tema e da objetividade; Cuidado para não ser longa demais e conter informações que pouco interessam aos objetivos do projeto; Eventualmente, de acordo com as orientações do agente financiador, a revisão de literatura poderá ter outro título (fundamentação teórica, marco teórico, marco técnico ou outro) ou fazer parte de outra seção do trabalho. 11. Público-alvo: Delimitar o público envolvido e descrever os beneficiários diretos e indiretos, indicando-os também quantitativamente, se possível (comunidades, grupos, pessoas etc.); Essa descrição deve ser realista e coerente com a proposta e estratégia do projeto. 12. Estratégia do projeto (atividades): Descrever os meios e as ações que serão utilizados para assegurar o êxito do projeto; 7 Relacionar uma ou mais ações (o que fazer?) para cada objetivo específico com suas respectivas metodologias (como será realizado?); Podem ser descritas a partir de um plano operacional (marco operacional) do projeto; Estabelecer parcerias e políticas de atuação, com as possíveis alianças para a viabilização do processo; Adequar a estratégia do projeto às linhas do financiador; Não queimar etapas – as ações devem ser necessárias e suficientes para assegurar os objetivos pretendidos, mostrando coerência no texto; Prever ações para minimizar possíveis resistências ao projeto. 13. Metodologia: Definir uma proposta metodológica a ser utilizada pelo projeto, descrevendo: Como o projeto será desenvolvido; Qual a dinâmica de implementação; Como ele será operacionalizado; Quais os instrumentos de execução; Qual a forma de condução; Utilizar uma metodologia adequada ao público beneficiário, à instituição proponente e às instituições apoiadoras; Descrever, sequencialmente, o passo a passo do desenvolvimento do projeto. 14. Premissas e análise de risco: Analisar os riscos para o desenvolvimento do projeto, fazendo a sua previsão e observando as ameaças internas e externas. 15. Análise de viabilidade – fatores de controle interno: Descrever os elementos que asseguram a viabilidade do projeto; Realizar uma análise dos fatores de risco internos do projeto. 16. Viabilidade política: Assegurar que o projeto esteja inserido nas políticas e programas governamentais e institucionais; Assegurar que o mesmo obedeça aos aspectos legais vigentes. 17. Viabilidade financeira: Descrever: Quanto vai custar; 8 Quem vai financiar; Como será o financiamento. 18. Viabilidade técnica: Descrever: Quem vai dar o suporte técnico; Quanto vai custar tal suporte. 19. Viabilidade econômica: Analisar se o projeto garante o retorno dos investimentos; Verificar se pode ser garantida a sua sustentabilidade. 20. Viabilidade social: Verificar se os beneficiários e envolvidos aceitam o projeto; Analisar se há sustentabilidade social. 21. Viabilidade ambiental: Assegurar o respeito aos princípios de sustentabilidade ambiental. 22. Cronograma de execução: Descrever o período de execução, por fases e ações, especificando o responsável; Ajustar o cronograma observando características regionais, para não ter imprevistos – colheita, chuva, festas etc.; Definir o calendário sempre com uma margem de segurança, respeitando a capacidade física, organizacional e financeira da organização; Desenvolver um quadro sintético e de fácil visualização para facilitar a compreensão das etapas do projeto. 23. Orçamento físico e financeiro: Detalhar os custos e gastos do projeto, mantendo coerência com todas as etapas, com maior ou menor detalhamento, segundo as exigências do agente financiador; Fazer o orçamento com valores realistas, segundo sua realidade operacional, sem superestimar nem subestimar, segundo pesquisa de mercado; Definir com clareza a contrapartida da instituição proponente (geralmente salário não é aceito como contrapartida); 9 Elaborar o cronograma de desembolso (bimestral ou trimestral, para projetos curtos de 1 ou 2 anos; semestral ou anual, para projetos de 2 anos ou mais); Especificar as necessidades materiais e de recursos humanos; Organizar as planilhas de custos e apresentar a memória de cálculo, se solicitado pelo agente financiador; Conhecer os itens financiáveis por instituição. 24. Controle e avaliação: Descrever o sistema de monitoria e avaliação do projeto, demonstrando a forma de controle e ações corretivas; Definir pontos de observação, fontes de verificação, indicadores e a periodicidade da avaliação. 25. Documentação: Prever um sistema de documentação para o projeto; Definir formas de socializar as informações do projeto com as instituições cooperantes e envolvidos em geral. 26. Referências Bibliográficas: Relacionar apenas as citadas no projeto, seguindo as normas da ABNT; Evitar referências não disponíveis (xerox, textos etc.). 27. Resumo do projeto: Elaborar uma síntese do projeto buscando dar uma ideia geral ao leitor, antes de uma leitura mais detalhada. TEMA 3 – FONTES ALTERNATIVAS DE FOMENTO A PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL O conhecimento sobre as fontes de financiamento existentes (iniciativa privada e governamental) é essencial aos gestores de projetos. Embora as instituições financeiras, como os bancos, se apresentarem como opção mais popular, há alternativas segundo as demandas da instituição proponente do projeto e a natureza da ação proposta. A modalidade de financiamento Participação Acionária é uma forma praticada há muitos anos em países como Estados Unidos e Inglaterra. A participação acionária é um modelo intricado de remuneração, mas que, se bem 10 projetado, pode gerar, para empresas e seus funcionários, grandes benefícios a médio e longo prazo. O objetivo basilar de um programa de participação acionária é criar entre os funcionários um senso de identidade, comprometimento e orientação para resultados. Algumas expectativas e condicionantes desse tipo de plano são (Carvalho, 2015): maior alinhamento entre interesses do colaborador participante, dos acionistas majoritários e da organização; fortalecimento do senso de identidade dos colaboradores; sendo proprietário de ações, o funcionário tende a ter mais interesse pelos resultados da empresa, de sua gestão e de seu futuro; aumento do comprometimento do funcionário com os objetivos da empresa. No tocante às empresas privadas, existe modalidade associada ao investimento-anjo, que é realizado por pessoas físicas interessadas em cooperar com o desenvolvimento de empresas em estágio inicial. É um tipo de fundo de investimento, concretizado por pessoas jurídicas, para empresas com claro potencial lucrativo (O que é..., 2018). Segundo Martins (2018) para determinados modelos de negócio, agências de fomento também disponibilizam linhas de crédito para pesquisa e inovação, por vezes até mesmo a fundo perdido. Subvenções desse tipo podem ser uma das alternativas mais acertadas para a obtenção de capital. No caso dos investimentos financiados em longo prazo, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é outra importante opção, assim como os Fundos Constitucionais, disponíveis nasregiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte. No que concerne aos negócios que promovem a inovação ou lidam com a pesquisa básica ou aplicada, editais de entidades, tais como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), além das agências de fomento estaduais, devem ser levadas em consideração (Conheça..., 2018). Para além disso, segundo o Ministério do Trabalho (Brasil, 2016), atividades produtivas de pequeno porte podem contar também com o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO). Negócios em busca da modernização ou do crescimento contam, por sua vez, com o Programa de Geração de Emprego e Renda (Proger). 11 TEMA 4 – FONTES DE RECURSOS PARA A PROMOÇÃO DE PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL A disponibilidade de recursos financeiros é o maior desafio à proposição, execução e gestão de projetos de desenvolvimento local. A primeira dificuldade na captação de recursos públicos está relacionada à identificação dos editais de financiamento. O apoio via recursos públicos pode ocorrer de forma direta ou indireta. Na forma direta, o governo aporta recursos diretamente nas empresas, órgãos públicos ou em institutos de pesquisa para desenvolvimento de projetos em parceria. Dentre os entes públicos responsáveis pela disponibilização de recursos à promoção de iniciativas que visam o desenvolvimento local, destacamos (Financiamento, 2018): Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) e CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Fontes locais como: FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) e o BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais); Fundo de Desenvolvimento Econômico – FDE, que tem como objetivo proporcionar o desenvolvimento do Estado do Paraná; ainda no estado do Paraná, o Fundo Estadual do Meio Ambiente (Fema) tem a finalidade de concentrar recursos destinados a financiar planos, programas ou projetos que objetivem o controle, a preservação, a conservação e/ou a recuperação do meio ambiente. Fontes da iniciativa privada, como o Sesi (Serviço Social da Indústria) e o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) é um banco de desenvolvimento criado de forma conjunta pelos estados da Região Sul. Seu objetivo é apoiar e acompanhar o desenvolvimento de projetos para aumentar a competitividade de empreendimentos de todos os portes nos três estados-membros. A Lei n. 11.196/05, que passou a ser conhecida como “Lei do Bem”, cria a concessão de incentivos fiscais às pessoas jurídicas que realizam Pesquisa e Desenvolvimento de Inovação Tecnológica (PD&I). Com isso, busca aproximar as empresas das universidades e institutos de pesquisa, 12 potencializando os resultados em PD&I, segundo uma série de requisitos (A lei..., 2018). A fim de explorar o tema em profundidade, apresentamos aos discentes maiores informações sobre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O BNDES é um banco estatal cujo objetivo é promover o desenvolvimento sustentável e competitivo da economia brasileira, incentivando a geração de empregos, ao mesmo tempo em que contribui para a redução das desigualdades sociais e regionais no país (Financiamento, 2018). Segundo a instituição, O BNDES é o principal agente de financiamento para desenvolvimento no Brasil, incentivando exportações, inovação tecnológica, desenvolvimento socioambiental sustentável e modernização da administração pública. O banco oferece diversos mecanismos de apoio financeiro a empresas privadas de todos os portes, que tenham sede e administração no Brasil, bem como a empreendedores individuais, possibilitando investimentos em todos os setores econômicos. Ao analisar se fornecerá apoio financeiro a uma empresa ou projeto, o BNDES destaca três fatores que considera estratégicos: inovação, desenvolvimento local e desenvolvimento socioambiental (Financiamento, 2018). Segundo a instituição, o banco oferece três modalidades de apoio financeiro a empresas estabelecidas no Brasil por meio de três mecanismos (Financiamento, 2018): Financiamento – destinado a projetos de investimento, compras pontuais de maquinário e equipamentos novos, exportações de maquinário, equipamentos brasileiros e serviços no Brasil, além de aquisição de bens e insumos de produção. As modalidades de financiamento são divididas em produtos, de acordo com a finalidade do empreendimento. Esses produtos definem as regras gerais de condições financeiras aplicáveis e os procedimentos operacionais para o financiamento. Entre os produtos do Banco, há o BNDES Project Finance, destinado à estruturação financeira de projetos de investimento, fundamentado contratualmente pelo fluxo de caixa do projeto. Fundos Não reembolsáveis – investimentos de natureza social, cultural (educacional e pesquisa), ambiental, científica ou tecnológica, que não precisam ser restituídos ao BNDES. Subscrição de Valores Mobiliários – o BNDES pode participar como subscritor de valores mobiliários, tais como ações, debêntures simples, 13 debêntures conversíveis, bônus de subscrição, opções e outros produtos derivativos, além de participação em fundos de investimento em direitos creditórios recebíveis (FIDC). Objetivando apresentar aos discentes um exemplo concreto de elaboração e financiamento de iniciativa de desenvolvimento local, disponibilizamos informação sobre o tópico aqui abordado (PDL, 2018): SEBRAE e BNDES assinam acordo de cooperação técnica para operar fintechs especializadas em orientar crédito aos microempreendedores individuais As comunidades de Heliópolis e Paraisópolis receberão, em 30 dias, o projeto piloto que vai oferecer microcrédito às favelas brasileiras. Foi assinado nesta quarta-feira (17), em Brasília, o Acordo de Cooperação entre o Sebrae e o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) que amplia acesso a crédito aos microempreendedores individuais (MEI). “O entendimento do BNDES em relação aos pequenos negócios era outro, agora estamos falando a mesma língua. Os recursos estavam concentrados e o Sebrae e o Banco estão aqui para enfrentar os desafios”, enfatizou o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos. “Com este Acordo, o Sebrae volta às suas origens”. As fintechs serão o instrumento utilizado para facilitar e orientar o acesso ao crédito. O BNDES vem desenvolvendo ações para simplificar, agilizar e ampliar o acesso ao crédito das micro e pequenas empresas. O Canal do Desenvolvedor MPME (www.bndes.gov.br/canal-mpme) começou a operar em junho do ano passado e por meio dele já foram realizadas mais de 25 mil solicitações de financiamento. A maior parte do público que acessa a ferramenta (95%) é formada por micro e pequenas empresários, majoritariamente do setor de comércio e serviços. Até agora, mais de 250 operações foram originadas no Canal e representaram R$ 100 milhões em novos negócios com MPEs. “Essa ferramenta dá mais poder ao empreendedor na negociação de melhores condições de financiamento para desenvolver o seu negócio. Além disso, responde à necessidade de modernização do modelo de negócios do BNDES no atendimento às MPEs, com maior rapidez, simplicidade, proximidade e transparência”, afirma o diretor do BNDES, Ricardo Luiz de Souza Ramos. Até 280 mil pequenos negócios serão beneficiados pelo acordo de cooperação técnica, que será executado pelos próximos dois anos, com foco em quatro eixos principais. O eixo sobre concessão de crédito orientado e garantias é o que abarca o maior número de ações: orientação e capacitação para acesso a financiamentos; concessão de crédito para as MPE; oficinas, cursos e seminários; e sistemas garantidores de crédito. O segundoeixo, canais de distribuição de crédito e financiamento, traz como desafio a utilização das fintechs para melhorar o acesso a crédito para esses empresários. A capitalização das micro e pequenas empresas e o relacionamento institucional constituem os dois últimos eixos. Com isso, espera-se que os financiamentos com MPEs cheguem a R$ 6 bilhões nos próximos dois anos. TEMA 5 – FONTES INTERNACIONAIS DE RECURSOS FINANCEIROS PARA PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL Em tempos de conscientização crescente a respeito da importância do bem-estar social e da participação da sociedade na tomada de decisões, a 14 promoção do desenvolvimento local passa a ser uma meta firmemente atrelada a outros componentes pertinentes à qualidade de vida e sua promoção – objetivo mor dos processos de desenvolvimento local. O Fundo Mundial para o Desenvolvimento das Cidades (FMDV) é uma rede internacional de governos locais especializada em questões de financiamento do desenvolvimento urbano e desenvolvimento econômico local (Eneas, 2015). Dito suporte ocorre por meio de assessorias técnicas em todas as etapas de projetos de desenvolvimento (viabilidade, concepção, implementação e avaliação); engenharia financeira para captar recursos nas melhores condições; e divulgação de informação e intercâmbio de experiências através de publicações, seminários, treinamentos e fomento à cooperação descentralizada. Um acordo de cooperação foi assinado com a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) em novembro de 2013 (Eneas, 2015). A colaboração formaliza a vontade política dessas entidades de cooperar para melhor atender às demandas dos municípios e estados brasileiros em matéria de financiamento do desenvolvimento urbano e promoção do desenvolvimento econômico local. Entre os objetivos da parceria, estão os serviços de assessoria aos governos locais brasileiros nos temas do convênio; o fomento ao diálogo e à cooperação técnica e política entre municípios brasileiros e internacionais; a promoção de soluções em resposta aos poderes federais e, quando necessário, a articulação de diálogo com as entidades federais para criar um conjunto de políticas e marco regulatório que permita reforçar a autonomia dos governos locais sobre o tema; e a articulação entre os municípios e as agências de fomento e organizações multilaterais (Eneas, 2015). No que concerne à esfera internacional e à inserção dos municípios brasileiros na temática da sustentabilidade rumo ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030 da Organização das Nações Unidas (ODS), a Frente Nacional de Prefeitos e a FMDV vêm atuando nos temas relacionados à: adaptação às mudanças climáticas; a conferência do financiamento do desenvolvimento; a preparação à Habitat III. Debates vinculados ao tema do financiamento do desenvolvimento urbano vêm sendo realizados desde o ano de 2015. E em abril daquele ano, durante o III EMDS, o FMDV, em parceria com a FNP, organizou o debate “Cidades e Clima – Desafios e Soluções de Financiamento de Infraestruturas Sustentáveis”. 15 O debate reuniu a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o embaixador da França no Brasil, Denis Pietton, além de representantes de autoridades locais brasileiras e francesas (Guarulhos, Curitiba, Région Nord-Pas de Calais), de redes internacionais temáticas (ICLEI e FMDV) e agências de financiamento e bancos de desenvolvimento (Banco Mundial, Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais e Agência Francesa de Desenvolvimento). Atualmente, estão sendo elaboradas fichas técnicas sobre mecanismos de financiamento disponíveis aos municípios brasileiros. A organização de encontros para fomentar a cooperação descentralizada sobre economia solidária com a França tem sido levada a cabo pela FMDV em parceria com a FNP, a Embaixada da França no Brasil, a Rede Brasileira de Gestores de Políticas Públicas de Economia Solidária, a Cités Unies France e a Rede francesa de Territórios por uma Economia Solidária. 16 REFERÊNCIAS A LEI do bem. Lei do bem, 2018. Disponível em: <https://www.leidobem.com/lei- do-bem-inovacao/>. Acesso em: 5 jan. 2019. BRASIL. Ministério do Trabalho. Portal do Fundo de Amparo ao Tabalhador, 26 fev. 2016. Disponível em: <http://portalfat.mte.gov.br/programas-e-acoes- 2/programa-nacional-do-microcredito-produtivo-orientado-pnmpo/>. Acesso em: 5 jan. 2019. CARVALHO, G. RH Portal, 2 set. 2015. Disponível em: <https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/remunerao-estrategica/>. Acesso em: 5 jan. 2019. CONHEÇA as fontes de financiamento e as principais linhas de crédito. Sebrae, 2018. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/conheca-as-fontes-de- financiamento-e-as-principais-linhas-de- credito,7475a8ce76801510VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 5 jan. 2019. DOWBOR, L. Governo e sociedade: requisitos para um projeto de desenvolvimento local. Boletim DICAS, São Paulo, n. 53, 2006. Disponível em: <https://fpabramo.org.br/2006/05/16/requisitos-para-um-projeto-de- desenvolvimento-local/>. Acesso em: 5 jan. 2019. ENEAS, R. Fundo Mundial para o Desenvolvimento das Cidades (FMDV). FNP, 2015. Disponível em: <http://www.fnp.org.br/internacional/instituicoes-e-redes- internacionais/item/419-fundo-mundial-para-o-desenvolvimento-das-cidades>. Acesso em: 5 jan. 2019. ENTENDA a Importância do Gestor de Projetos durante a Crise. Project Builder, 31 ago. 2017. Disponível em: <https://www.projectbuilder.com.br/blog/entenda-a- importancia-do-gestor-de-projetos-durante-a-crise/>. Acesso em: 5 jan. 2019. FINANCIAMENTO. Apex Brasil, 2018. Disponível em: <http://www.apexbrasil.com.br/financiamento>. Acesso em: 5 jan. 2019. GERENCIAMENTO de projetos sociais. Inkinspira, 2018. Disponível em: <https://inkinspira.com.br/gerenciamento-projetos-sociais/>. Acesso em: 5 jan. 2019. 17 MARTINS, M. Sebrae destaca as principais formas de financiamento para pequenos negócios. ASN, 7 jul. 2018. Disponível em: <http://www.pi.agenciasebrae.com.br/sites/asn/uf/PI/sebrae-destaca-as- principais-formas-de-financiamento-para-pequenos- negocios,06b8a8c04cf64610VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 5 jan. 2019. O QUE é um investidor-anjo. Anjos do Brasil, 2018. Disponível em: <http://www.anjosdobrasil.net/o-que-eacute-um-investidor-anjo.html>. Acesso em: 5 jan. 2019. PROJETO-PILOTO levará microcrédito às favelas brasileiras. Agência Sebrae, 24 jan. 2018. Disponível em: <http://www.portaldodesenvolvimento.org.br/projeto- piloto-levara-microcredito-as-favelas-brasileiras/>. Acesso em: 5 jan. 2019. SCHENKEL, C. A. Técnicas e instrumentos de planejamento, monitoria e avaliação de projetos em agências de desenvolvimento regional do Alto Uruguai. UnC Concórdia, jun. 2005.
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