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Esporotricose

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA
PATOLOGIA GERAL E TÉCNICA DE NECRÓPSIA
Esporotricose (Sporothrix spp) 
Recife, 2021.
Trabalho  apresentado  à  disciplina  de 
Patologia  Geral  e  Técnicas  de 
Necrópsia para compor parte da nota da 
2a  VA  do  curso  de  graduação 
Bacharelado em Medicina Veterinária.
Discentes:  Antônio  Junior,  Gabriela 
Pompeo,  Juliana  Albuquerque,  Marcos 
Felipe, Raquel Queiroz, Susan Freire.
Docente:  Prof.  Fernando  Leandro  dos 
Santos
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 ETIOLOGIA
A esporotricose é causada por espécies do complexo  Sporothrix  compreendendo
ao menos seis espécies. S. schenckii, S. brasiliensis, S. globosa, S. mexicana, S. luriei e
S. pallida. As quatro primeiras já foram isoladas no Brasil. Este fungo já foi descrito em
diversas   espécies   animais,   sendo   diagnosticada   com   frequência   em   gatos   tendo   as
mesmas, potencial zoonótico (RODRIGUES et al. 2012).
O Sporothrix schenckii é a principal espécie fúngica associado a doença. Trata­se
de um fungo dimórfico, ou seja, podem existir na forma de bolor, hifal,  filamentosa ou
como   levedura   além   de   geofílico   e   sapróbio.   O   mesmo   se   encontra   amplamente
distribuído na natureza em solos ricos em matéria orgânica em decomposição, espinhos
de plantas, em especial roseiras e em musgos sendo a principal forma de contaminação a
inoculação do fungo por meio de perfurações acidentais por espinhos. A contaminação
zoonótica se dá por meio de mordidas ou arranhões, sendo os gatos a espécie animal
mais associada com essa forma de contágio, devido principalmente à grande quantidade
de leveduras nas lesões, mas também por carrearem o agente nas unhas e na cavidade
oral (SOUZA et al. 2006, ANTUNES et al. 2009, SCHUBACH et al. 2012). É uma doença
é   mais   comum   em   zonas   temperadas   a   tropicais,   pois   se   sugere   que   o   clima,   a
temperatura atmosférica e a umidade relativa do ar influenciem no crescimento do fungo
no seu estado saprofítico (DÍAZ 1989, GINN et al. 2007).
A infecção inicia com a inoculação do fungo, que penetra no tecido até as camadas
mais profundas, onde ocorre a transição micélio­levedura; esse período dura em torno de
13 dias.  A  levedura  pode  permanecer  na  derme e  subcutâneo  (local  da   inoculação),
espalhar­se através de drenagem linfática ou disseminar­se sistemicamente pelos vasos
sanguíneos.
2.2 PATOGÊNESE
A esporotricose é  uma doença micótica  sistêmica de  seres  humanos  e  muitas
espécies animais, causada pelo fungo Sporothrix schenckii, endêmico em todo mundo. A
infecção   é   considerada   de   fácil   transmissão,   qualquer   animal   ou   pessoa   pode   ser
contaminada a partir de contato com animais ou objetos infectados, sendo considerada
uma   zoonose   emergente.   Devido   sua   habilidade   dimórfica   (filamentos   ou   levedura)
tornam­se   patogênicos   após   penetrar   na   pele.   O   fungo   sobrevive   no   ambiente,   em
vegetação morta, caída, infectando pessoas e animais por contaminação de feridas ou
corpos estranhos penetrantes (MEGID, RIBEIRO & PAES; 2016).
A   interação  microbiana  no  habitat   natural  proporciona  ao   fungo  estratégias  de
sobrevivência,   o   que   permite   maior   virulência   quando   entram   em   contato   com
hospedeiros   acidentais,   como   a   habilidade   de   sobreviver   no   interior   de   macrófagos.
Outros  fatores de virulência estão associados a capacidade de se multiplicar a 35º C
(produzindo lesões cutâneas); síntese de melanina (fase micelial e leveduriforme – fase
cutânea), necessária para sobrevivência do fungo a condições adversas no ambiente; e
produção de proteínas de adesão e de virulência. A adesão primária as células endoteliais
e epiteliais, como em componentes da matriz extracelular, é  um dos primeiros passos
para invasão aos tecidos do hospedeiro (MEGID, RIBEIRO & PAES; 2016).
Segundo Meneses  (2012)  a   transmissão ocorre  através  de  traumas na  derme,
causadas   por   ferimentos   puntiformes,   ou   contaminação   de   feridas   por   exsudato   de
animais infectados. As lesões são situadas, preferencialmente, nos membros, cauda e a
região cefálica. Os felinos representam a principal  forma de disseminação da doença,
podendo ser   infectado  através do solo   (pelo  ato  de enterrar   fezes  e  urina),  além de
objetos infectados com o fungo. Quando inoculado, a infecção irá se desenvolver quando
o animal estiver com a resposta imune deficiente, seja por uso de corticoides, antibióticos
ou   por   doenças   imunossuprimidas,   ou   ainda   pela   grande   quantidade   de   unidades
infectantes.
Após a inoculação com o  S. schenckii  no tecido, o agente se transforma de sua
forma micelar a leveduriforme. No entanto, se a transmissão ocorrer entre animais, um
grande número de células  leveduriforme será   transferido para o tecido  lesionado, que
começarão a se multiplicar, pois não necessitarão de um período de incubação (SANTOS,
2019). Segundo Santos et al. (2018) a lesão pode se desenvolver inicialmente entre 3 a
84 dias após a inoculação do microrganismo, ou ainda pode variar de 3 dias a 6 meses 
De acordo com Meneses (2012) existem três manifestações clínicas da doença:
cutânea   localizada,  onde  são  apresentados  nódulos  encontradas  na   face  e  no  plano
nasal, na base da cauda e nas pernas, o agente pode permanecer na derme e no tecido
subcutâneo, no  local  onde ocorreu a  inoculação, podendo se proliferar  e  desenvolver
lesões nodulares,  que se ulceram e drenam exsudato;  a  cutâneo­linfática, os nódulos
cutâneos   podem   progredir   para   ulceras   com   secreção   na   pele,   na   subcutânea   e
linfonodos; e a multifocal disseminada quando o patógeno se dissemina pela via linfática e
hematógena podendo causar lesões em vários órgãos. 
Quando a infecção ocorre pela via inalatória, ocorre comprometimento respiratório
como coriza e dispneia, além de lesões pulmonares e na mucosa nasal (SANTOS, 2019).
Ainda   de   acordo   com   Meneses   (2012),   a   infecção   se   desenvolve   por   difusão
hematogênica ou tecidual do local inicial na inoculação para ossos, pulmão, fígado, baço,
testículos, trato gastrointestinal ou sistema nervoso central. 
A doença pode se manifestar de forma subclínica até alterações sistêmicas fatais
(SANTOS et al., 2018). As formas mais frequentes são as lesões cutâneas múltiplas e nas
mucosas conjuntival, nasal, bucal ou genital (SANTOS, 2019).
2.3 ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS
Segundo achados na literatura consultada vamos iniciar listando todos os tipos de
lesões que se apresentam nos animais que desenvolvem a esporotricose,  segundo a
patologia básica estudada. O edema corresponde a alterações na distribuição de fluido
entre   o   plasma   e   o   interstício,   que   consiste   em   um   acúmulo   do   excesso   de   fluido
intersticial. Nos animais acometidos pela esporotricose observamos a drenagem linfática
diminuída devido a linfangite. Os nódulos estão presentes em grande parte das lesões,
sendo assim, eles podem resultar de micro­organismos causadores de lesões multifocais,
podem ser focais ou estar presentes na hiperplasia da polpa branca, em baço. Nos  gatos,
as lesões de pele podem se apresentar como nódulos   ulcerados   e   úlceras que se
desenvolvem   principalmente   nas   regiões   cefálica e cervical,   nos membros,   patas,
cauda  e  períneo. As úlceras se apresentam como as  formas clínicas  mais  frequentes,
se caracterizam por múltiplas   lesões   cutâneas   e   das   mucosas   (conjuntival,   nasal,
bucal  ou genital). Além dos nódulos e úlceras da pele e das mucosas, pode­se observar
a ocorrência de linfangite, linfadenite regional. As áreas de necrose apresentam­se como
zonas extensas de necrose que expõem o músculo e o osso. As lesões macroscópicas
caracterizaram­se como nódulos cutâneos (ulcerados ou não) e como massas e placas
ulceradas. Os sinais clínicos e as lesões macroscópicas foram observadoscomo nódulos
(ulcerados   ou   não),   e   como   massas   e   placas   ulceradas.   Frequentemente,   as   áreas
ulceradas   eram   recobertas   por   crostas,   muitas   vezes   espessas   (BAZZI  et   al,   2016;
SANTOS & ALESSI, 2016; ZACHARY& MC GAVIN, 2013).
FIGURA 1. Esporotricose  felina.  Lesão  ulcerada,  com  restos  celulares  necróticos  e  margens
bem  definidas,  localizada  na região cervical dorsal (SANTOS & ALESSI, 2016).
Quanto as alterações morfológicas presentes na esporotricose, podemos observar
que as principais lesões macroscópicas em   gatos   consistem   em   pequenos   pontos
esbranquiçados,   que   medem   aproximadamente   1   mm   de diâmetro, na superfície
pleural e no parênquima dos pulmões, bem como em aumento dos linfonodos (GREENE,
2015). 
Nos cães, as principais  formas da doença são a cutânea e a cutânea  linfática.
Vários nódulos, ulcerados ou não, ocorrem  na  região  cefálica  e  no  tronco.  A linfangite
é  observada na  forma cutânea   linfática  e  ocorre  nos  membros  (SANTOS & ALESSI,
2016).
Nos   equinos,   a   esporotricose   é   vista  com  maior   frequência   nos  membros
após   um   acidente   traumático   perfurante.   A infecção   ascende   por   via    linfática,
produzindo   vários   nódulos,   que   podem   ulcerar   e   drenar   conteúdo   purulento.   O
linfonodo proximal pode estar aumentado e fistular e drenar secreção piossanguinolenta.
Pode haver a presença de nódulos solitários ou múltiplos, e estes podem ocorrer em
outras     localizações.   Equinos   apresentam,   como   principal   achado   histopatológico   na
esporortricose, a dermatite   nodular   a   difusa   piogranulomatosa  (SANTOS & ALESSI,
2016).
Figura 2: Achados anatomopatológicos dos órgãos linfoides de gatos com esporotricose. A:
linfonodo cervical superficial com linfadenomegalia acentuada e difusamente esbranquiçado, com
perda da distinção córtico­medular. B: cavidade abdominal quase toda ocupada pelo baço, que está
intensamente aumentado e vermelho­escuro. C: linfonodo mandibular aumentado de tamanho,
esbranquiçado e com áreas multifocais elevadas nodulares na cortical (hiperplasia). D: superfície de
corte do baço com evidenciação da polpa branca (hiperplasia) e bordas levemente abauladas
(SANTOS, 2020).
Santos (2020) avaliou em exame de necropsia 110 gatos, nos quais ele relata que
o principal achado foi a linfadenomegalia generalizada, que variou de discreta a moderada
e acentuada, que acometeu a maioria dos animais. Em seis gatos não foram encontradas
alterações  nos   linfonodos.  Trinta  e  dois   gatos  apresentavam aumento  de  volume  na
região de plano nasal, associado ou não a lesão ulcerativa. Nos pulmões havia congestão
e edema, e outros achados mais raros como  área  focal  ou multifocal  de hemorragia,
pleura parietal  espessada, área focal bem delimitada, elevada, esbranquiçada e firme,
sendo   o   restante   macroscopicamente   normais.   No   baço   havia   principalmente
esplenomegalia por expansão e/ou hiperplasia da polpa branca, e congestão (Figura 2). A
única alteração macroscópica encontrada no fígado era evidenciação do padrão lobular,
A
B
C
variando de leve a acentuado, e congestão. Em relação ao sistema gastrointestinal, foram
encontradas lesões ulcerativas na região ventro­lateral ou dorso­lateral da língua de três
gatos.   Ao   corte,   as   lesões   eram   esbranquiçadas,   firmes,   bem   delimitadas   e   se
aprofundavam até a camada muscular (Figura 3).
Figura 3: Achados anatomopatológicos dos órgãos de gatos com esporotricose. A: corneto nasal
unilateralmente espessado por material amarelado, homogêneo e firme. B: superfície dorsal da
língua com lesão ulcerativa circular, única, com perda do epitélio e com bordas brancas e elevadas.
C: Ápice da língua com ulcerações multifocais bem delimitadas acentuadas (SANTOS, 2020).
Em relação às características macroscópicas relacionadas ao aspecto e tamanho,
as lesões cutâneas variavam intensamente. As ulcerações eram pequenas e discretas ou
focalmente extensas e intensamente ulcerativas ou multifocais e intensas, podendo ser
elevadas   ou   nodulares   (Figura   4).   Ao   corte,   as   lesões   se   estendiam   para   a   derme
profunda,  com proliferação de  tecido  firme, esbranquiçado e homogêneo. Com menor
frequência  constataram­se  lesões nodulares   focais  não ulceradas.  Contudo,  ao  corte,
assemelha­se ao descrito anteriormente. O exsudato variava de purulento, sanguinolento
ou ambos ou as lesões eram secas ou crostosas (Figura 5). Lesões cutâneas múltiplas
ocorreram na grande maioria dos animais necropsiados (SANTOS, 2020).
Figura 4: Distribuição e tipos de lesões cutâneas em gatos com esporotricose. A: ulceração
levemente elevada. B: úlceras crostosas múltiplas em quantidade moderada. C: lesão ulcerativa
focalmente extensa e acentuada; D: membros torácicos com lesões ulcerativas focalmente extensas
acentuadas. E: lesões multifocais acentuadas de diversos tamanhos no dorso; F: lesões ulcerativas
extensas e elevadas no membro torácico; G e H: plano nasal intensamente aumentado de volume na
ausência de ulcerações na superfície cutânea (SANTOS, 2020).
Figura 5: Tipos de exsudatos na esporotricose cutânea em gatos. A: lesões multifocais secas e
crostosas.; B: lesão intensamente sanguinolenta; C: lesão ulcerativa com quantidade discreta de
exsudato purulento (SANTOS, 2020).
Na   histopatologia   observou­se   uma   relação   entre   a   quantidade   de   leveduras
observada e dois padrões de resposta inflamatória. O primeiro padrão caracterizou­se por
numerosas  leveduras que se encontravam, na sua maioria,  no  interior  de numerosos
macrófagos com citoplasma abundante e  muitas  vezes vacuolizado.  Nesse padrão,  a
quantidade de neutrófilos variava de leve a moderada. O segundo padrão caracterizava­
se   por   numerosas   células   epitelioides,   infiltrado   predominantemente   acentuado   de
neutrófilos e a quantidade de leveduras era leve e estas eram observadas geralmente
livres no espaço extracelular. As leveduras eram redondas, ovais ou alongadas (em forma
de charuto) (BAZZI et al, 2016).
Histologicamente,   observa­se   uma   resposta   inflamatória   predominantemente
granulomatosa, com variações principalmente quanto ao predomínio de macrófagos ou de
células epitelioides e nos demais componentes da resposta inflamatória. Na histopatologia
havia infiltrado inflamatório que se estendia da derme superficial até a profunda, por vezes
atingindo o tecido subcutâneo. O infiltrado inflamatório caracterizava­se pela presença de
diferentes   proporções   de   macrófagos,   células   (macrófagos)   epitelioides,   neutrófilos,
linfócitos e plasmócitos. Este infiltrado era distribuído de forma multifocal (algumas vezes
nodular), coalescente ou difuso (BAZZI et al, 2016).
Figura 6. Infiltrado inflamatório composto de macrófagos com cito plasma abundante e preenchido
por numerosas leveduras. Há leve quantidade de neutrófilos esparsos, na esporotricose felina. HE,
obj.40x. (BAZZI et al, 2016).
Figura 7. Macrófagos preenchidos por leveduras redondas, ovais e alongadas (em forma de charuto).
Há exemplares de leveduras extracelulares, na esporotricose felina. HE, obj.100x. (BAZZI et al, 2016)
Figura 8. Infiltrado inflamatório composto de numerosas células epitelioides e poucos neutrófilos e
linfócitos, na esporotricose felina. HE, obj.40x (BAZZI et al, 2016).
Figura 9. Escassa quantidade de leveduras (seta) em meio às células epiteloides, na esporotricose
felina. HE, obj.100x. (BAZZI et al, 2016).
2.4 CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS
O mecanismo da doença se inicia na inoculação, o fungo irá penetrar no tecido e
se transforma em leveduriforme, ele pode tanto permanecer na derme quanto ir parar nos
linfonodos regionais, ou ainda pior, chegar na corrente sanguínea. Caso o fungo chegue
aos   linfonodos   pode   causar   linfangite   ou   linfadenite   que   são   infecções   dos   vasos
linfáticos.   O   que   é   muito   notado   na   necropsia   de   gatosacometidos   são   as   lesões
pulmonares e da mucosa nasal, podendo indicar que o animal se contaminou através da
inalação ou devido ao costume dos gatos lamberem­se, inclusive suas feridas (GREENE,
2015).
Pode  apresentar   várias   formas  como:   linfocutânea,   cutânea   fixa,  mucocutânea,
extracutânea  e  disseminada.  Aparecendo   isoladas  ou  em conjunto.  São  classificadas
quanto a distribuição, podendo ser cutâneas ou extracutâneas. A cutânea pode ser lesão
cutânea fixa, linfocutânea ou cutânea disseminada, já a extracutânea pode ser pulmonar
primária ou sistêmica,  chegando a afetar  tecido ósseo,  globo ocular,  sistema nervoso
central e periférico, baço, miocárdio, tireóide, rins e seios da face. As lesões mais comuns
em cães e gatos são nódulos e úlceras cutâneas na mucosa, já em humanos apresentam
com maior frequência a forma linfocutânea (imagem 10). Estas lesões subcutâneas têm
consistência firme que irão amolecer com o tempo, seu conteúdo na maioria dos casos é
purulento ou soropurulento, margens bem definidas e ligeiramente elevadas. Outros sinais
clínicos  são:  espirro,   secreção  nasal,  dispneia,   linfadenomegalinete,  anorexia,   vômito,
perda de peso, tosse, febre e desidratação (GREENE, 2015; MEGID,2016).
Figura 10: Esporotricose humana, forma linfática cutânea no braço direito (GREENE, 2015)
Em cães a doença é benigna e suas lesões são mais frequentes na cabeça, mais
especificamente no nariz (imagem 11), podendo aparecer também nos membros e tórax.
A  duração dermatológica  das  lesões varia  de  2  a  48 semanas,   vale   ressaltar  que o
desaparecimento  da  lesão não quer  dizer  que o animal  está  curado.  Já  nos  gatos  o
quadro  clínico  costuma  ser  grave,  acomete  mais  macho  adultos   inteiros,   seus  sinais
variam de lesões cutâneas solitárias a disseminação sistêmica fatal. Entretanto sua forma
mais comum é a de lesões cutâneas e mucosas, como a conjuntiva, nasal, bucal, genital.
As partes mais acometidas são orelhas, nariz, cauda e membros posteriores (GREENE,
2015).
Figura 11: Esporotricose canina com úlceras no focinho e plano nasal, com destruição das narinas e
comprometimento da mucosa (GREENE, 2015).
Nos  felinos  as   lesões são ulceradas,  podendo ser  solitárias  ou múltiplas,  suas
bordas   elevadas,   exsudativas,   comumente   recobertas   por   uma   crosta   sanguinolenta
purulenta (imagem 12).  Em lesões  tegumentares observa­se também celulite e  lesões
papulares,   placo­papulosas,   nodulares   ou   de   aspecto   tumoral,   podendo   evoluir   para
necrose de liquefação ou úlceras necróticas, essas lesões na maioria das vezes drenam
exsudato seropurulento. Acredita­se que seja mais grave a esporotricose em gatos devido
a imunidade, relacionando a FIV e FELV, porém são apenas suspeitas para entender a
diferença  da  gravidade  quando  comparamos  a  outras  espécies,  mas  não  é   concreto
(MEGID,2016).
Figura 12: esporotricose felina com múltiplos nódulos, ulceração e tratos de drenagem na cabeça
(GREENE, 2015).
Para o diagnóstico o mais comum é o cultivo micológico, citologia e histopatologia
mas pode­se usar também métodos moleculares, swabs de pele, cavidade nasal e oral,
lavados transtraqueais,  biópsia de pele e linfonodos. Já  o tratamento deve ser  feito a
administração de iodetos e derivados imidazóis e triazóis. Na maioria dos casos a em
conjunto estafilocócica secundária e quando presente fazer a associação com antibióticos
sistêmicos de 4 a 8 semanas. Opções menos usadas na terapia de esporotricose são com
terbinafina, anfotericina B, termoterapia local e remoção cirúrgica das lesões cutâneas
(MEGID,2016).
  Para o controle é fundamental que o animal não tenha acesso livre à rua, ou seja,
telar  a  residência para o animal  não conseguir  sair,   isso vale principalmente para os
gatos,   mas   devemos   tomar   as   precauções   necessárias   para   os   cães   também   não
conseguirem sair. Outro ponto é o ambiente em que ele habita, deve se atentar para não
expor ele a traumatismos cutâneas fazendo assim carrear o fungo. Por fim a castração
dos felinos machos, pois eles são os mais acometidos devido a disputa por território, e
nesses conflitos acabam se lesionando e consequentemente facilitando a disseminação
do fungo (MEGID,2016).
Por ser uma zoonose os donos dos animais devem tomar cuidado na manipulação
do animal contaminado, usar sempre luvas e máscara na manipulação do tratamento do
animal,   isolar  o animal  dos demais para não haver  a contaminação. O tutor  deve  ter
cautela   na   manipulação   para   não   ocorrer   mordidas   ou   arranhões   fazendo   assim   a
transmissão. Além de toda a higienização correta nos  instrumentos usados no animal
enfermo. Além do tutor do animal, toda a população tem que ter cuidado e ficar em alerta
quando se trata de fazer carinho em animais de rua, pois podem estar acometidos com a
esporotricose (MEGID,2016).
3. CONCLUSÃO
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BAZZI, Talissa; MELO, Stella Maris P.; FIGHERA, Rafael A.; KOMMERS, Glaucia
D.  Características   clínico­epidemiológicas,   histomorfológicas  e  histoquímicas  da
esporotricose felina. Pesq. Vet. Bras. 36(4):303­311, abril 2016. 
2. GREENE, Craig E. Doenças  infecciosas  em  cães  e  gatos. 4 ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2015.
3. LITTLE, Susan E. O gato: medicina interna; tradução Roxane Gomes dos Santos
Jacobson, Idilia Vanzellotti. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Roca, 2015.
4. MEGID,   Jane;   RIBEIRO,   Márcio   Garcia;   PAES,   Antonio   Carlos.   Doenças
infecciosas em animais de produção e de companhia. 1 ed. Rio de Janeiro: Roca,
2016.
5. MENESES,   Marina   da   Silva.  Esporotricose   felina­relato   de   casos.   Monografia.
Universidade Federal Rural do Semí­Árido, Porto Alegre, 2012.
6. SANTOS,   Ágna   Ferreira.   Esporotricose   felina:   distribuição   das   lesões   e
caracterização   anatomopatológica   em   gatos   utilizando   diversos   métodos   de
diagnóstico. Dissertação. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,
2020.
7. SANTOS, Renato de Lima; ALESSI, Antonio Carlos. Patologia veterinária. 2. ed.
Rio de Janeiro : Roca, 2016.
8. SANTOS, A.F.; ROCHA, BD; BASTOS, C.V.; OLIVEIRA, C.S.F.; SOARES, D.F.M.;
PAIS,  G.C.T.;  XAULIM,  G.M.D.;  KELLER,  K.M.;  SALVATO,  L.A.;  LECCA,  L.O.;
FERREIRA, L.; SARAIVA, L.H.G.; ANDRADE, M.B.; PAIVA, M.T.; ALVES, M.R.S.;
MORAIS, M.H.F.; AZEVEDO, M.I.; TEXEIRA, M.K.I.; ECCO, R.; BRANDÃO, S.T.
Guia Prático para enfrentamento da Esporotricose Felina em Minas Gerais. Revista
Veterinária & Zootecnia em Minas, 137(38): 16­27, 2018.
9. SANTOS,  Karlla  Keyla  Ferreira  dos. Esporotricose   felina:   relato  de  caso.  2019.
Trabalho de Conclusão de Curso.  Universidade Federal  Rural  de  Pernambuco,
Garanhuns, 2019.
10.ZACHARY; MCGAVIN, M. Donald et al. Bases da Patologia Veterinária. 5 ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2013.

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