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Gestão de riscos na administração pública APRESENTAÇÃO O gerenciamento de riscos no setor público funciona da mesma forma que no setor privado: visando a agregar valor à instituição por meio da diminuição ou eliminação de fatores de risco negativo e do aproveitamento das oportunidades que surgirem (risco positivo). Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar a definição de gestão de riscos na Administração Pública e a relação entre a gestão de riscos e a governança e saber quais os benefícios da gestão de riscos na Administração Pública. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir o que é gestão de riscos na Administração Pública.• Relacionar gestão de riscos e governança.• Enumerar os benefícios da gestão de riscos na Administração Pública.• DESAFIO Muitas técnicas foram criadas com o intuito de facilitar o processo de gerenciamento de riscos, na tentativa de unificar sua utilização no setor privado e no setor público. Nesse sentido, a maioria dos processos de gerenciamento de riscos nas organizações passa por cinco etapas básicas: identificação, avaliação, tratamento, monitoramento e comunicação. Você é um consultor contratado por um banco público para auxiliar na implementação de um programa de gerenciamento de riscos. Por algum motivo, a equipe do banco está tendo problemas com a fase de tratamento e pediu a sua ajuda para explicar as seguintes atividades: eliminação, exploração e aceitação. Explique, de forma concisa, quando se deve utilizar cada uma dessas atividades. INFOGRÁFICO A governança corporativa está presente nas instituições públicas e privadas, sendo importante para ambos os setores, mas principalmente para o setor público, em razão da importância da gestão, que trabalha em prol do bem público e do bem-estar da sociedade. O Infográfico a seguir ilustra a relação entre gestão de riscos e governança. Confira. CONTEÚDO DO LIVRO O gerenciamento de riscos no setor público é utilizado com o propósito de agregar valor à instituição, na tentativa de diminuir – ou, se possível, eliminar – fatores de risco negativo e aproveitar as oportunidades que surgirem em decorrência de fatores de risco positivo. Os riscos precisam ser gerenciados, monitorados e tratados nas instituições de todas as áreas, sempre visando aquilo que é a essência do serviço público: o bem-estar da sociedade. Acompanhe um trecho da obra Gerenciamento de riscos. Leia o capítulo Gestão de riscos na Administração Pública, base teórica para esta Unidade de Aprendizagem, que explica a relação entre a gestão de riscos e governança e explicita quais são os benefícios da gestão de riscos na Administração Pública. Boa leitura. GERENCIAMENTO DE RISCOS Jeanine dos Santos Barreto Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147 F838g Fraporti, Simone. Gerenciamento de riscos / Simone Fraporti, Jeanine Barreto ; [revisão técnica: Gisele Lozada]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018. 166 p. ; 22,5 cm ISBN 978-85-9502-334-5 1. Administração. 2. Gestão de riscos. I. Barreto, Jeanine. II. Título. CDU 658.88 Revisão técnica: Gisele Lozada Graduada em Administração de Empresas Especialista em Controladoria e Finanças Gestão de riscos na administração pública Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir a gestão de riscos na administração pública. � Relacionar gestão de riscos e governança. � Identificar os benefícios da gestão de riscos na administração pública. Introdução O gerenciamento de riscos funciona, no setor público, da mesma forma como no setor privado: visando agregar valor à instituição, por meio da diminuição ou da eliminação de fatores de risco negativos e do aprovei- tamento das oportunidades que surgirem, em decorrência de fatores de risco positivo. Neste capítulo, você irá estudar a definição de gestão de riscos na administração pública, a relação entre a gestão de riscos e a governança e os benefícios da gestão de riscos na administração pública. Gestão de riscos na administração pública No setor público, a gestão precisa de ferramentas que possam auxiliar na tomada de decisões, da mesma forma que no setor privado. Aspectos como riscos ambientais, de saúde, econômicos, ergonômicos e outros tantos precisam ser gerenciados e controlados nas instituições de todas as áreas da administração pública, uma vez que o bem-estar da sociedade é a essência do serviço público. É necessário, portanto tomar decisões e usar medidas corretas com relação às políticas e programas públicos, sendo fundamental adotar estratégicas efetivas de gestão de riscos (MIRANDA, 2017). A humanidade vive, desde sempre, cercada de riscos. Os riscos são essenciais para o desenvolvimento do homem, pois, sem assumir riscos, não haveria inovação tecnológica e desenvolvimento social, por exemplo. Atualmente, o setor público se preocupa em melhorar continuamente a entrega de seus serviços para a sociedade e, também, com a forma como os bens públicos são administrados. Por conta disso, no setor público, a gestão de riscos se preocupa com a qualidade do serviço público oferecido e em oferecer políticas públicas que sirvam para atender ao bem-estar de todos. A imprevisibilidade está presente nos processos de todas as áreas das instituições, envolvendo pessoas, materiais, entregas e recursos financei- ros. Por isso, o gerenciamento de riscos é fundamental na tentativa de ser proativo em relação aos imprevistos. Nesse sentido, saber como lidar com a concretização de um risco torna-se o principal aspecto da gestão de riscos na administração pública. O setor público trabalha com os riscos iminentes por meio de deveres, que se tornam direitos para os cidadãos, como a educação, a saúde, a moradia e a segurança. A tentativa da administração pública é gerir os riscos de forma que se consiga diminuir os custos com atividades incertas, aumentando benefícios oferecidos para a sociedade (MIRANDA, 2017). Em quase todas as situações que acontecem na administração pública, uma outra dificuldade se apresenta, além dos aspectos vitais com os quais o servidor público trabalha, pois quando a equipe de gestão de riscos se depara com um risco, muitas vezes a estratégia escolhida para o caso tem muito mais conexão com fatores políticos do que com fatores técnicos. Gestão de riscos na administração pública142 Exemplos, no gerenciamento de riscos no setor público, de fatores políticos que se sobressaem a fatores técnicos: � Gestores não capacitados: quando um empregado é nomeado para uma função de chefia não tendo capacidade para tal; ou quando um gestor demonstra não ter capacidade para continuar exercendo a função de chefia e, mesmo assim, não é retirado da função. � Contratos que não podem ser encerrados: quando uma empresa vencedora de licitação demonstrou não poder ter capacidade para cumprir o contrato em diversas ocasiões, mas mesmo assim permanece como parceira, pois o relacionamento criado não possibilita seu desligamento antes do término do contrato. Um dos fundamentos para o gerenciamento de riscos é que seja um processo contínuo e sistemático, porque a adoção de uma gestão de riscos permanente tende a melhorar os processos de tomada de decisão frente aos riscos para se obter, consequentemente, melhores resultados. Outra ideia básica é que haja a participação de todos os empregados da instituição no programa de gestão de riscos, pois a participação de pessoas de diferentes áreas garante uma visão global dos fatores de risco existentes em cada lugar de trabalho. O envolvimento de todos favorece a tomada de decisões estratégicas e pode contribuir para a realização dos objetivos organizacionais. Muitas técnicas e ferramentas foram criadas para facilitar o processo de gerenciamento de riscos como um todo, inclusivena tentativa de unificar a sua utilização, tanto pelo setor privado como para o setor público. Nesse sentido, a maioria dos processos de gerenciamento de riscos organizacionais passam pelas cinco etapas seguintes (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2003): 1. Identificar: a primeira fase de todo gerenciamento de riscos é a identificação e a definição dos fatores de risco, com um mínimo de detalhamento que sirva para as etapas posteriores. Existem algumas técnicas para a coleta de informações de fatores riscos que podem ser utilizadas individualmente ou quando se reúnem várias pessoas. Entre elas, as mais conhecidas são: 143Gestão de riscos na administração pública ■ Brainstorming: consiste em uma reunião, com todas as pessoas interes- sadas, mediada por um facilitador, que vai gerar uma lista de todos os fatores de riscos elencados pelos participantes. Depois disso, os riscos anotados são reunidos em categorias e definidos com mais detalhes. ■ Técnica Delphi: consiste em uma reunião, com todas as pessoas interessadas, mediada por um facilitador, em que a meta é conseguir um consenso entre os participantes com relação à lista final de fatores de risco. O facilitador faz várias rodadas de questionários escritos entre os participantes, fala os fatores de risco elencados para todos, sem dizer quem identificou cada um deles, e todos têm a chance de rever seu pensamento até responder novamente ao questionário. ■ Entrevista: os integrantes da equipe de gestão de riscos entrevis- tam, de forma individual, todas as pessoas que podem colaborar identificando fatores de riscos. 2. Avaliar: cada fator de risco deve ser avaliado quanto à probabilidade de se concretizar e também quanto ao impacto que pode causar, caso venha a acontecer. 3. Tratar: deve ser definida uma resposta para cada fator de risco, o que exige da equipe de gestão de riscos conhecer profundamente os riscos elencados. As estratégias mais conhecidas de respostas a riscos, principalmente quando se tratam de riscos negativos ou ameaças, são: ■ Eliminar: consiste na eliminação do fator de risco. ■ Transferir: não elimina o fator de risco, mas transfere para terceiros a responsabilidade pelo gerenciamento dele. ■ Mitigar: consiste na redução da probabilidade de concretização ou no volume do impacto negativo gerado pelo risco, até que se atinja um limite aceitável pela organização. ■ Aceitar: é adotada porque raramente é possível eliminar todas as ameaças ou todos os fatores de risco, então a equipe de gestão de riscos decide não fazer nenhuma alteração nos processos e ficar aguardando a concretização do risco. A aceitação pode ser passiva, quando não requer nenhuma outra ação além de documentar o fator de risco, ou ativa, que é a mais provável e acontece quando se estabelece alguma medida de contingência que será adotada caso o risco se concretize. Já para os riscos positivos, as principais respostas são: � Explorar: procura eliminar a incerteza de a oportunidade não acontecer, garantindo que ela aconteça; Gestão de riscos na administração pública144 � Compartilhar: consiste em envolver um terceiro que tenha mais ca- pacidade de explorar a oportunidade; � Melhorar: consiste em aumentar a probabilidade de concretização e/ou os impactos positivos de uma oportunidade, identificando os principais impulsionadores dela. 4. Monitorar: é fundamental que exista um processo de monitoramento contínuo, reavaliando os fatores de risco e monitorando as respostas dadas. 5. Comunicar: essa etapa não existe sozinha, ela deve acontecer em conjunto com cada uma das etapas anteriores, pois é fundamental para o processo de tomada de decisões que resulta da gestão efetiva de riscos. Na Figura 1, você pode observar uma ilustração sobre este ciclo da gestão de riscos. Figura 1. Ciclo básico da gestão de riscos. Fonte: Escola Nacional de Administração Pública (2003, p. 19). O risco não significa necessariamente um prejuízo, um perigo ou algo ruim, mas, certamente, significa incerteza, não saber o que acontecerá ao certo. 145Gestão de riscos na administração pública Essa percepção da incerteza e a vontade de entender como agir no momento em que algo incerto se concretiza é o grande propósito do gerenciamento de riscos atualmente, principalmente no setor público. Quanto mais uma instituição souber responder à concretização dos riscos, mais madura ela pode ser considerada. Nem sempre um risco se torna uma ameaça, por vezes, ele pode ser uma oportunidade. Mesmo assim, sem saber o que fazer diante da possibilidade de algo positivo, a chance será desperdiçada e nada de bom acontecerá. Gestão de riscos x governança A governança está presente em organizações públicas e privadas, mas se mostra ainda mais necessária no setor público, devido as suas características. No setor privado, a pressão por resultados e o poder dos clientes fomentam a boa gestão das organizações, ou seja, as empresas precisam ser competitivas para lidar com concorrentes e atrair ou manter os clientes. Já no setor público, essas questões são mais indiretas e a governança se constitui como um importante mecanismo de incentivo à boa gestão. Dessa forma, como uma gestão efetiva envolve o gerenciamento de riscos, você pode considerar que a governança colabora para que a gestão de riscos seja mais eficiente e eficaz. Acesse o link ou código a seguir para saber mais sobre governança corporativa. https://goo.gl/cDwgM5 O gerenciamento de riscos é parte fundamental da governança, e faz parte das responsabilidades da alta administração das instituições. É o instrumento de apoio à tomada de decisão que tem o propósito de melhorar o desempe- nho da organização por meio da identificação de oportunidade de ganhos e também da diminuição da probabilidade de concretização e do impacto de Gestão de riscos na administração pública146 riscos negativos, ultrapassando as barreiras das atividades desempenhadas de forma regular pela administração pública (INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA, 2007). As atividades da equipe de gestão de riscos devem favorecer a longevidade da organização, que é um dos principais propósitos da governança e que pretende atender aos objetivos estratégicos e estatutários. Para isso, é muito importante que as instituições mantenham uma estrutura de governança atuante, que ultrapasse as barreiras da formalidade e seja composta de pelo menos um conselho administrativo, um conselho deliberativo e um conselho consultivo, ou outra nomenclatura para os órgãos que a organização prefira adotar. Com relação ao gerenciamento de riscos, é fundamental que o conselho administrativo tenha em mãos uma identificação prévia dos principais fa- tores de risco aos quais a sociedade está exposta, a sua probabilidade de se concretizar, o tamanho do impacto que vão gerar e, também, quais serão as medidas e as ações adotadas para sua prevenção ou mitigação. De posse da listagem de fatores de riscos que podem afetar o negócio da organização, é essencial que se adote uma atitude proativa com relação aos fatores de risco e à sua concretização iminente (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2003). As diretrizes do modelo de gerenciamento de riscos devem ser estabele- cidas pelo conselho administrativo, mas as ações devem ser tomadas pelos gestores, a fim de possibilitar, da forma mais segura possível, o atingimento das metas organizacionais. É importante lembrar que a atividade de identificação de fatores de riscos pode resultar também na identificação de oportunidades. Por esse motivo, é preciso envolver nessa atividade pessoas capacitadas e com visão global dos negócios institucionais, para que possam reconhecer, entre uma série de fatores de riscos, aquelas ameaças que terão impacto negativo e poderão acarretar prejuízos ou, também, as oportunidades, que terão impacto positivo e poderão agregar valor, melhorar a imagem e beneficiar a instituição de alguma forma. Em vistadisso, entende-se que a expressão que define o gerenciamento de riscos é a antecipação. Uma das ferramentas mais conhecidas de auxílio à gestão institucional para antever os problemas é o ciclo PDCA, palavra formada pela inicial das palavras em inglês Plan, Do, Check e Act, que significam Planejar, Fazer, Verificar e Agir, em português (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2014). 147Gestão de riscos na administração pública O ciclo PDCA, como você pode observar na Figura 2, é um método de gestão iterativo, formado por quatro passos que são executados em forma de ciclo. É utilizado para o controle e a melhoria dos processos institucionais, mas também é largamente usado para o controle de riscos. Ele é iterativo, porque se baseia na repetição que é aplicada de forma sucessiva nos processos, buscando, a cada ciclo, uma melhoria continuada que garanta o alcance das metas estipuladas e a sobrevivência da instituição. Figura 2. Etapas do ciclo PDCA. Fonte: TIME Consultoria (2017). O PDCA pode ser utilizado em qualquer ramo de atividade, para qualquer porte de instituição, desde que o desejo seja de melhorar a gestão dia após dia. Com a sua aplicação, os processos da instituição tendem a se tornar mais ágeis, mais claros e objetivos, e a entregar resultados de mais qualidade, mas ele exige planejamento, padronização de procedimentos e documentação para que funcione efetivamente. As etapas do PDCA são as apresentadas a seguir (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2014). � Planejar: é a etapa que traduz o gerenciamento de riscos. O planeja- mento deve sempre vir antes de qualquer tipo de atividade de execução para que seja possível se antecipar a erros, prevenir cenários negativos, Gestão de riscos na administração pública148 preparar-se para aproveitar oportunidades e elaborar respostas aos fatores de risco que se concretizarem. O planejamento deve ser revisto sempre que for identificada a concretização de um fator de risco, visando analisar o cenário atual para poder antever situações novas. � Fazer: tomando como referência o planejamento que foi feito e as possíveis consequências da execução de cada processo, nessa etapa as atividades são executadas. Caso algum fator de risco se concretize, é o momento de colocar em prática as respostas aos riscos, elaboradas na fase do planejamento. � Verificar: um bom planejamento e uma execução perfeita de atividades não garante o sucesso de um processo. Por isso, a ação de verificar é muito importante, pois consiste no monitoramento das atividades, com o objetivo de verificar sua conformidade com o que foi planejado e executado. É nesse momento que se verifica se o resultado estipulado conseguiu ser entregue, e se a resposta ao risco funcionou de forma efetiva depois de aplicada. � Agir: envolve postura de proatividade e prevenção com relação às neces- sidades de mudança quanto à forma de encarar os riscos concretizados, para que se possa iniciar outro ciclo pelo planejamento. Somente pela antecipação aos fatores de risco e o estabelecimento de respostas para cada um deles é que será possível ter um gerenciamento de riscos efetivo. O gerenciamento de riscos deve identificar e ter uma resposta para cada evento que possa acontecer e que venha a afetar de alguma forma os objetivos estratégicos ou a imagem da instituição. Não há um padrão para a forma de implementar o gerenciamento de riscos na administração pública, pois isso depende da área de atuação, do porte, das especificidades e das características de cada instituição, cabendo à gestão decidir a melhor maneira de efetivar a gestão de riscos. Essa liberalidade precisa existir por não ser possível, por exemplo, obrigar uma instituição de pequeno porte a gerir seus fatores de riscos da mesma forma que uma instituição de grande porte. O importante é que a instituição decida introduzir a prática de tratar seus fatores de risco de forma crítica, aberta e transparente, fazendo a identificação, o tratamento e estimando os impactos de maneira integrada entre todos os componentes da instituição. O gerenciamento de riscos configura um processo de implantação demorada, cujos resultados mais significativos demoram a parecer, sendo necessário um esforço de aperfeiçoamento contínuo. Mesmo 149Gestão de riscos na administração pública assim, certamente ele trará muitos benefícios para a instituição depois de efetivado. Benefícios da gestão de riscos na administração pública O gerenciamento de riscos é parte integrante das boas práticas administrativas, seja no setor privado, ou no setor público. Aprender a gerenciar os riscos de forma eficiente e eficaz vai permitir que a instituição melhore os resultados que apresenta, por meio da identificação, da análise e do monitoramento de uma infinidade de fatores de riscos que podem trazer impactos negativos. Para isso, os impactos negativos precisam ser evitados, controlados, ou até mesmo transformados em oportunidades, o que vai favorecer o atingimento dos objetivos e das metas institucionais. A coragem de assumir e enfrentar os riscos é o que diferencia as organi- zações, podendo levá-las ao sucesso ou, ao fracasso, dependendo do tipo de resposta dada aos riscos concretizados. Os riscos podem e devem ser geridos de forma a facilitar a tomada de decisão, com o propósito de cumprir prazos, entregar resultados e alcançar os objetivos organizacionais (ESCOLA NA- CIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2014). A aplicação do gerenciamento de riscos nas instituições necessita da adoção de um modelo de gerenciamento de riscos corporativos, possibilitando aos gestores da instituição que trabalhem com a incerteza de modo eficiente e eficaz, na tentativa de alinhar o desempenho esperado, o retorno obtido, e os riscos associados a cada processo. Executar o gerenciamento de riscos de maneira organizada e estruturada servirá para motivar e envolver as pessoas, além de fornecer estímulo para a identificação das melhores oportunidades para a melhoria contínua dos processos, por meio da inovação, conseguida muitas vezes quando se enfrenta um risco. Além disso, servirá de auxílio para esclarecer incertezas pela utilização de métodos sistêmicos para a identificação, avaliação, tratamento e moni- toramento dos fatores de risco, sempre mantendo uma comunicação efetiva entre todos os envolvidos. A implantação de um modelo de gestão de riscos bem estruturado e sistema- tizado vai trazer, como principais benefícios para a instituição, independente- mente de seu porte, estrutura ou área de atuação (INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA, 2007): Gestão de riscos na administração pública150 � preservação do valor atual e/ou aumento do valor da instituição, pela redução da probabilidade de concretização e do impacto resultante de eventos negativos, combinada com a diminuição dos custos resultantes da falta da percepção de riscos; � promoção de maior transparência nas relações, por meio da comuni- cação e da informação, a todos os interessados e, principalmente, à sociedade, sobre os riscos aos quais a instituição está sujeita, quais as medidas adotadas para a sua mitigação ou eliminação, e quais foram os resultados da aplicação delas; � melhoria nos padrões de governança, por meio da divulgação do método de gestão de riscos adotado, combinada com a cultura institucional; � uniformidade de conceitos em todos os níveis institucionais, da alta gestão, passando pelos servidores administrativos, até os servidores da operação. Além dos benefícios diretos elencados, com a implantação de um geren- ciamento de riscos institucionais é possível perceber vários outros aspectos positivos para a organização como um todo (INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA, 2007): � desenho claro e objetivo dos processos que serão utilizados para fazer a identificação, o monitoramento e a mitigação ou eliminação dos fatores de riscos mais relevantes; � aperfeiçoamento das ferramentas ou controles internos utilizadospara fazer a medição, o monitoramento e a gestão dos fatores de riscos; � economia de recursos financeiros; � redução de surpresas vindas dos acontecimentos internos e externos à instituição; � melhoria da comunicação e da relação entre todas as partes interessadas, internas ou externas; � identificação e priorização dos riscos considerados mais relevantes; � definição de uma metodologia consistente para fazer a mensuração e a priorização de todos os fatores de riscos identificados; � definição e implantação de um modelo de governança capaz de fazer a gestão da exposição aos fatores de riscos, traçando processos ou políticas internas e definindo responsáveis; � identificação das pessoas competentes para fazer a antecipação dos riscos mais relevantes, com capacidade para executar a sua mitigação depois de uma análise de custo-benefício; 151Gestão de riscos na administração pública � melhoria do entendimento da posição da instituição em comparação com as suas concorrentes do mesmo setor; � melhoria da imagem dos gestores perante os empregados; � aproveitamento das oportunidades decorrentes de riscos positivos; � melhoria em planejamento, desempenho, eficiência e eficácia dos re- sultados apresentados pela instituição; � bem-estar de todos os envolvidos, desde os empregados até as pessoas da sociedade, que vão usufruir dos bons serviços públicos prestados; � tomada de decisão baseada em informações consistentes e verdadeiras; � melhoria da imagem da instituição perante a sociedade; � promoção da transparência, para todas as partes interessadas, de todo e qualquer fator de risco que possa valorizar ou prejudicar a instituição de alguma forma. O gerenciamento de riscos aumenta de forma considerável o controle de uma instituição, o que aumenta a possibilidade de os objetivos institucionais serem atingidos, de haver uma melhoria na execução das atividades dos processos e na qualidade dos resultados oferecidos, e de existirem formas predefinidas de mitigação de imprevistos e consequente prejuízo à sociedade, principal cliente do setor público. Apesar de todos os benefícios apresentados, como toda e qualquer atividade de gestão que é adotada, pode haver aumento na carga laboral de servidores que, porventura, já estejam sobrecarregados. A partir do momento em que a instituição toma a gestão de riscos como uma obrigatoriedade, pode haver também a necessidade de novas funções, novos cargos, novos departamentos, novos níveis de hierarquia, gratificações por desempenho, divisão do trabalho existente, redesenho de processos e muitos outros aspectos. Mesmo que o gerenciamento de riscos traga alguns problemas por um lado, por outro, ele trará benefícios que certamente terão um grande potencial para superar os aspectos ruins. Portanto, o gerenciamento de riscos institucionais é o processo que pre- tende preservar e agregar valor a uma instituição. Ele contribui de maneira fundamental para a realização dos seus objetivos estratégicos e, também, para que as metas de desempenho sejam atingidas, indo além de um conjunto de atividades, procedimentos ou políticas que devem simplesmente ser executadas por obediência à legislação, prática comum das instituições do setor público. Na verdade, é um instrumento que favorece a adaptação da instituição aos preceitos legislativos e de regulação, que são fatores críticos para a sua continuidade. Gestão de riscos na administração pública152 1. Quais as principais etapas do gerenciamento de riscos organizacionais? a) Identificação, avaliação, tratamento, monitoramento, probabilidade. b) Identificação, avaliação, tratamento, monitoramento, comunicação. c) Identificação, avaliação, treinamento, monitoramento, comunicação. d) Identificação, avaliação, tratamento, nivelamento, comunicação. e) Identificação, eliminação, tratamento, monitoramento, comunicação. 2. Assinale a alternativa que contém os tipos mais conhecidos e utilizados de respostas aos riscos negativos: a) Compartilhamento, transferência, mitigação. b) Aceitação, melhoria, eliminação. c) Exploração, compartilhamento, melhoria. d) Eliminação, compartilhamento, exploração. e) Eliminação, transferência, mitigação, aceitação. 3. Quais são as etapas do ciclo PDCA, uma das ferramentas mais conhecidas no auxílio da gestão institucional no sentido de antever os problemas? a) Planejar, fazer, verificar, agir. b) Prevenir, elaborar, monitorar, reagir. c) Planejar, refazer, controlar, comunicar. d) Preparar, entender, responder, motivar. e) Identificar, planejar, tratar, comunicar. 4. Assinale a alternativa que melhor preenche a frase abaixo: Somente por meio _____ aos fatores de risco e estabelecendo _____ para cada um deles é que será possível ter _____ efetivo(a). a) da resposta; fatores; uma governança corporativa. b) do tratamento; comunicações; um recrutamento de pessoal. c) da antecipação; respostas; um gerenciamento de riscos. d) da identificação; matrizes; um ciclo PDCA. e) da proatividade; governança; um monitoramento probabilidade versus risco. 5. Assinale a alternativa que contém benefícios da gestão de riscos no setor público: a) Conceitos sobre riscos diferenciados por área; tomada de decisão mais elaborada e, por isso, mais demorada. b) Eliminação da necessidade de comunicação entre as áreas; todos sabem os conceitos de risco de maneira uniforme. c) Desaparecimento da probabilidade de riscos negativos; tomada de decisão rápida, por ter que decidir o que fazer quando o risco ocorre, sem planejamento. d) Aumento da transparência e da comunicação entre todos; tomada de decisão mais assertiva. e) Desaparecimento do impacto negativo das ameaças; diminuição da comunicação entre os níveis hierárquicos; redução do nível de comunicação. 153Gestão de riscos na administração pública ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Gerência de projetos: teoria e prática. Brasília, DF: ENAP, 2014. ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Uma base para o desenvolvimento de estratégias de aprendizagem para a gestão de riscos no serviço público. Brasília, DF: ENAP, 2003. INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Guia de orientação para gerenciamento de riscos corporativos. São Paulo: IBGC, 2007. MIRANDA, R. F. Implementando a gestão de riscos no setor público. Belo Horizonte: Fórum, 2017. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos: guia Pmbok. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. TIME CONSULTORIA. Conceito do ciclo PDCA. [S.l.], 2017. Disponível em: <http://www. timerh.com.br/blog/conceito-do-ciclo-pdca/>. Acesso em: 17 jan. 2018. Gestão de riscos na administração pública154 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Um gerenciamento efetivo de riscos permite que a instituição melhore os seus resultados e preserve o seu valor e a sua imagem, além de ter muitos outros benefícios. Assim, ela diminui os prejuízos à sociedade, que é o cliente do serviço público. No vídeo a seguir, você vai conhecer os benefícios da gestão de riscos na Administração Pública. Assista. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Quais as principais etapas do gerenciamento de riscos organizacionais? A) Identificação, avaliação, tratamento, monitoramento e probabilidade. B) Identificação, avaliação, tratamento, monitoramento e comunicação. C) Identificação, avaliação, treinamento, monitoramento e comunicação. D) Identificação, avaliação, tratamento, nivelamento e comunicação. E) Identificação, eliminação, tratamento, monitoramento e comunicação. 2) Assinale a alternativa que contém os tipos mais conhecidos e utilizados de respostas aos riscos negativos. A) Compartilhamento, transferência e mitigação. B) Aceitação, melhoria e eliminação. C) Exploração, compartilhamentoe melhoria. D) Eliminação, compartilhamento e exploração. E) Eliminação, transferência, mitigação e aceitação. 3) Quais são as etapas do ciclo PDCA, uma das ferramentas mais conhecidas no auxílio da gestão institucional no sentido de antever os problemas? A) Planejar, fazer, verificar e agir. B) Prevenir, elaborar, monitorar e reagir. C) Planejar, refazer, controlar e comunicar. D) Preparar, entender, responder e motivar. E) Identificar, planejar, tratar e comunicar. 4) Assinale a alternativa que melhor completa as lacunas: "Somente por meio _____ aos fatores de risco e estabelecendo _____ para cada um deles é que será possível ter um gerenciamento de riscos efetivo". A) da resposta; fatores. B) do tratamento; comunicações. C) da antecipação; respostas. D) da identificação; matrizes. E) da proatividade; governança. 5) Assinale a alternativa que contém um benefício da gestão de riscos no setor público. A) Tomada de decisão mais elaborada e, por isso, mais demorada. B) Eliminação da necessidade de comunicação entre as áreas. C) Desaparecimento da probabilidade de riscos negativos. D) Aumento da transparência e da comunicação entre todos. E) Desaparecimento do impacto negativo das ameaças. NA PRÁTICA Pode-se pensar, erroneamente, que um município pequeno não tem necessidade de gerenciamento de riscos. Errado. O porte do município não é motivo para não colocar a gestão de riscos em prática, pois qualquer prefeitura, grande ou pequena, pode se beneficiar dela. Veja a seguir uma situação prática dos benefícios da gestão de riscos na Administração Pública. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: CGU e Planejamento destacam avanços da Gestão de Riscos no Governo Federal Leia a notícia a seguir para saber mais sobre a gestão de riscos no governo federal brasileiro. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Ministério da Transparência institui Política de Gestão de Riscos Leia a matéria a seguir para saber mais sobre a política de gestão de riscos implementada pelo Ministério da Transparência. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Governança, Gestão de Riscos e Conformidade: PETROBRAS e ELETROBRAS, antes e depois da operação lava jato Leia a tese de mestrado a seguir para conhecer as mudanças ocorridas na gestão de riscos da Petrobras e da Eletrobras após a Operação Lava Jato. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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