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Modelagem Plana Professora Me. Natani Aparecida do Bem Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Geovane Vinícius da Broi Maciel Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt 2021 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2021 Os autores Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi- tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP B455m Bem, Natani Aparecido do Modelagem plana / Natani Aparecida do Bem. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 149 p.: il. Color. 1. Desenho de moda. 2. Trajes. 3. Moda - Estilo. 4. Vestuário. 5. Roupas – Confecção – Moldes. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD: 23 ed. 746.92 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Pexels. AUTORA Professora Me. Natani Aparecida do Bem ● Mestre em Tecnologias Limpas e Sustentabilidade Ambiental pela UniCesumar (Universidade Cesumar). ● Bacharel em Moda (UniCesumar) ● Especialista em Moda, produto e comunicação (Unifamma). ● Especialista em Design Thinking e Criatividade nas Organizações (Universo EAD Unicesumar). ● Professora do curso de Moda da Universidade Estadual de Maringá - UEM, Campus Regional Cianorte. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/2806759904471569 Ampla experiência em produção de moda, consultoria e desenvolvimento de produtos. Desenvolvimento de pesquisas na área de tecnologia, sustentabilidade e moda. Atuação docente na modalidade EAD e presencial. APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo(a)! Prezado (a) aluno (a), se você está se questionando a respeito desta disciplina, proponho, junto com você, construir um novo conceito acerca da modelagem. Além de conhecer os principais conceitos e definições das mais diversas aplicações da modelagem no universo da moda, transformando o desenho em produtos. Na unidade I vamos iniciar pela introdução aos conceitos da modelagem, quais são os materiais essenciais, os moldes básicos, e as normas técnicas utilizadas na construção dos moldes. Este conhecimento é necessário para que possamos trabalhar a interpretação e o desenvolvimento de novos modelos, que será abordado na próxima unidade. Já na unidade II você irá saber mais sobre o desenvolvimento de moldes femininos. Para isso, vamos realizar diferentes modelos construídos a partir de um molde base e, por fim, utilizar a transposição de pences para o desenvolvimento de uma modelagem criativa. Na sequência, na unidade III vamos tratar especificamente da modelagem masculi- na, com a concepção de moldes básicos dos produtos mais utilizados neste segmento. Ao longo da unidade IV, vamos finalizar o conteúdo da disciplina com a construção de moldes infantis, que partem do princípio da modelagem adulta com adequação às diferenças do corpo e tamanho. Aproveito para reforçar o convite a você, para aprofundar o aprendizado da aplicação da modelagem no desenvolvimento de um produto de moda, por meio da vestibilidade da peça. Esperamos contribuir com conhecimento para o seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigada e bom estudo! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 3 Introdução à Modelagem Plana UNIDADE II ................................................................................................... 47 Desenvolvimento de Moldes Femininos UNIDADE III .................................................................................................. 93 Desenvolvimento de Moldes Masculinos UNIDADE IV ................................................................................................ 124 Desenvolvimentos de Moldes Infantis 3 Plano de Estudo: ● Instrumentos e Materiais; ● Tabela de Medidas; ● Construção de Moldes Básicos Femininos; ● Construção da Base da Blusa e Manga. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar os princípios básicos da modelagem plana; ● Compreender os tipos de segmento moldes básicos; ● Estabelecer a importância da tabela de medidas e normas técnicas. UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana Professora Me. Natani Aparecida do Bem 4UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a), a partir de agora iniciaremos nossa jornada nos estudos de modelagem! Você irá vivenciar o quão gratificante é ver o produto que está no papel sendo transformado em uma forma, ou seja, a roupa. A modelagem é considerada um dos estágios mais importantes do processo produtivo, devido englobar toda a concepção e viabilização do projeto do estilista para transformá-lo em molde. Faz parte do trabalho do modelista conhecer aspectos da moda, assim como o esti- lista, pois isso irá contribuir para o desenvolvimento de um trabalho de excelência, além de conhecer os maquinários e também o processo produtivo. Portanto, se faz necessário estar sempre atento(a) às novidades do setor, além claro, de ter senso estético e ser dinâmico para estar sempre em sintonia com a equipe de estilo. Ao longo dos estudos, você verá que existem várias técnicas para execução da mo- delagem, estas, que surgiram ao longo dos anos para suprir as necessidades das indústrias. Podendo variar desde algo mais elaborado e demorado, até às execuções mais rápidas. Mas, cabe ressaltar que não existe uma técnica que atenda a todas as formas, portanto, não há certa ou errada, e sim aquela que irá contribuir para o desenvolvimento de peças de fácil identificação e produção. Aqui, você verá como desenvolver uma peça de forma simples e objetiva, de modo que uma boa modelagem venha a atender ao público com produtos que valorize o corpo, vista bem e, possa ser produzida de forma eficiente e com o mínimo de desperdício. Boa leitura! 5UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 1. INSTRUMENTOS E MATERIAIS 1.1 Materiais básicos Para executar a modelagem plana de forma manual, são necessários alguns instru- mentos e materiais que irão facilitar e dar precisão ao trabalho do(a) modelista. O quadro a seguir, aborda os principais materiais utilizados no desenvolvimento de moldes em papel, na técnica de modelagem plana (bidimensional). QUADRO 1 – MATERIAIS BÁSICOS PARA MODELAGEM PLANA Lápis HB ou lapiseira (0.7mm ou 0.9mm) Utilize o lápis sempre bem apontado, ou então adquira uma lapiseira, para que o traço estejasempre muito preciso e limpo. Borracha Utilize borrachas macias que evitem borrões e manchas no papel. Papel 40g/m2 e 180g/m2 Utilize papel de baixa gramatura (maleáveis) para o desenvolvimento de moldes ainda em fase de teste. Após aprovados, recomenda-se transpor o molde em um papel mais rígido, para evitar rasgos, princi- palmente nos moldes básicos. Régua 60cm Utilize réguas com graduação em cm, independente do material que escolher. Recomenda-se o uso das réguas em acrílico ou metal devido à precisão e ao fato de não rachar ou entortar, no caso da madeira. Jogo de esquadro (45º e 90º) Recomenda-se o uso de esquadros grandes e com graduação em cm. São essenciais na modelagem, pois todo molde se inicia com um ân- gulo de 90º. Régua de Alfaiate Também conhecida como curva de alfaiate, ou curva de quadril, auxilia nas curvas longas como: traçado de entrepernas, quadril, cinturas, bar- ras, entre outros. 6UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana Carretilha Ferramenta utilizada para fazer a transferência dos moldes, entre ou- tras marcações, como as pences. Curva Francesa (Modelo 1118) Assim como os esquadros, essa régua é essencial para o traçado de um molde. Com ela são traçadas as curvas não pronunciadas como: decotes, cavas, cabeça de manga, entre outros. Recomenda-se o Mo- delo 1118 em tamanho grande, por atender a diversos tamanhos de curvas. Tesoura Utilize uma tesoura de bom corte e tamanho médio para cortar os mol- des. Recomenda-se que o uso da tesoura seja exclusivo para o papel. Picotador Também conhecido como alicate de “picote”, é uma ferramenta opcio- nal para adquirir. Ela realiza os piques e limites de costura no molde, que também podem ser feitos com o auxílio da tesoura. Fita adesiva Dê preferência para a fita crepe, pois não danifica o papel caso seja necessária a remoção. Também é usada para fixar o papel na mesa durante o traçado do molde. Fita métrica Utilize fitas de boa qualidade, com graduação em cm. Ela é utilizada para aferir as medidas em caso de molde sob medida, e também na conferência do traçado da modelagem, atuando em conjunto com a régua e os esquadros. Calculadora Ferramenta utilizada para agilizar e dar precisão aos cálculos, uma vez que, na modelagem, a matemática está sempre presente. Fonte: A autora (2021). Agora que você já conhece os materiais utilizados na modelagem plana, convido você a adquiri-los para que possa desenvolver os moldes propostos ao longo das unidades, e assim obter o conhecimento acerca do traçado da modelagem plana. 1.2 Estrutura de tecidos Um dos materiais mais importantes do trabalho de um(a) modelista é o tecido, pois é a partir dele que o produto chegará ao resultado final, a peça do vestuário. Na modelagem, além do domínio das técnicas de execução dos moldes, ter conhe- cimento acerca dos tecidos fará com que você atenda as especificidades de cada modelo, e com isso o resultado final da modelagem será satisfatório. O desempenho e característica de cada tecido está relacionado às propriedades das fibras têxteis - matéria-prima do tecido. Essas fibras, são classificadas em três grandes grupos: as fibras naturais, artificiais e sintéticas (Figura 1), que resultam em diferentes tipos de tecidos, para aplicações no vestuário ou em outro setor da indústria (KUASNE, 2008). 7UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana FIGURA 1 – CLASSIFICAÇÃO DAS FIBRAS TÊXTEIS Fonte: Adaptado de Kuasne (2008). Entre as fibras naturais, segundo Kuasne (2008), o algodão é a mais utilizada na indústria do vestuário, devido ao fato de ser usado há mais de 7.000 anos, está ligado à origem mais remota do vestuário e à evolução da produção de artigos têxteis. Ao contrário das fibras naturais, as fibras sintéticas, segundo Pezzolo (2013), são originárias do petróleo e do carvão mineral, foram desenvolvidas no final do século XIX, e tiveram seu uso intensificado no setor têxtil ao longo do século XX. Dentre as fibras sintéticas, destaca-se o poliéster, considerado a fibra mais barata encontrada no mercado, e a que possui maior capacidade de transformação e uso na cadeia têxtil e em outros segmentos da indústria. Os tecidos são classificados a partir de sua configuração estrutural, que se com- preende no tipo de fibra e fios utilizados e a forma na qual são entrelaçadas que resultaram no tecido. Os resultados obtidos a partir das estruturas têxteis devem levar em consideração as propriedades mecânicas, a aparência, o caimento e o efeito desejado em relação a sua estabilidade, elasticidade e dimensão (AMORIM e DIAS, 2017). A configuração estrutural das tipologias têxteis é classificada em três principais estruturas: o tecido plano, a malha e o não tecido, apresentadas no Quadro 2: 8UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana QUADRO 2 - DEFINIÇÃO DAS ESTRUTURAS TÊXTEIS Estrutura Ordenação de sentido P L A N O Entrelaçados em um ângulo de 90º, um na vertical (urdume) e um na horizontal (trama). Constituído a partir do entrelaçamento perpendicular de dois conjuntos de fios têxteis, trama e urdume. Os fios de urdume no sentido do comprimento do tecido e os fios de trama posicionados na largura do tecido. Um terceiro elemento faz parte de sua com- posição, a ourela, uma pequena faixa localizada nas bordas do tecido ao longo do seu comprimento, com cerca de 0,5 a 1 cm de largura, para proporcionar estabilidade ao tecido, evitando que ele se desmanche. Estrutura Ordenação de sentido M A L H A Possui dimensões instáveis e pouco rígidas, deformando-se facilmente quando submetida a tensões. Constituída a partir do entrelaçamento dos fios em séries contínuas de laçadas. Nela, os fios se interpenetram e se apoiam no sentido lateral e vertical, e devido a sua estru- tura, elas são mais elásticas e flexíveis, pois os pontos de ligação dos fios são móveis, devido as laçadas deslizarem uma sobre as outras quando tensionadas. N Ã O T E C I D O Não possuem uma ordenação de sentido e direção. Construído por estruturas planas, flexíveis e porosas, a partir do acúmulo direto de camadas de fibras ou filamentos têxteis, em forma de véu ou manta. Sua formação é feita em camadas aglutinadas do material, formando uma combinação das fibras, por meio de processos mecânicos, químicos e térmicos. Fonte: Adaptado de: Pezzolo (2013); Amorim; Dias (2017). 9UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana Considerando as tipologias têxteis apresentadas, observa-se que a definição do tipo de tecido a ser fabricado depende do seu processo de construção, que deve levar em consideração o efeito desejado do produto, em relação a sua estabilidade, elasticidade e dimensão (UDALE, 2015). Além disso, é importante que você saiba sobre a composição de um tecido que acontece por meio do entrelaçamento dos fios de trama e urdume. A trama é o fio que vai definir a largura do tecido, passando entre os fios de urdume, no movimento de zigue-zague, sendo inserido diversas vezes ao longo da extensão do tecido, até que ele esteja formado. Já o fio de urdume vai definir o comprimento do tecido, na modelagem é conhecido como fio reto. Por fim, a ourela é o acabamento existente nos dois lados do tecido, que ficam paralelos aos fios de urdume como uma espécie de costura de reforço, para que o tecido não desfie. A Figura 2 a seguir, ilustra essas informações, vendo o posicionamento da compo- sição do tecido sendo visto de cima (A - sobre a mesa) e em pé (B - em exposição). FIGURA 2 – COMPOSIÇÃO DO TECIDO Fonte: Duarte, 2019, p. 18. Para Souza e Menezes (2014), os tecidos são a principal superfície vestível utili- zada na construção de produtos do vestuário, resultado da junção do material têxtil com a modelagem. 10UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana Para que haja essa integração entre modelagem, material e forma, são necessários cinco pontos essenciais que envolvem o peso, espessura, distorção, drapeabilidade – refe- re-se ao cair do tecido -, elasticidade. Característicasque influenciarão no produto, podendo alterar seu aspecto visual e sua estrutura em relação ao corpo vestido (ALDRICH, 2013). O caimento é uma característica natural de um tecido, pois sempre tende a cair em direção ao solo, porém, pode variar de acordo com as características de peso, gramatura, elasticidade e composição do tecido (FISCHER, 2010). Além disso, o caimento pode ser proporcional ao grau de flexibilidade, maleabili- dade e consistência do tecido, influenciando diretamente na silhueta do produto. Já que o movimento produzido no caimento se dá pelo peso do tecido, de acordo com o contato com a superfície, sem a interferência de forças externas além da gravidade (SOUZA; ROBERTO e ANTUNES, 2016). Agora que você já conhece sobre a estrutura dos tecidos, as fibras têxteis mais utili- zadas na indústria do vestuário, e como ele pode influenciar no caimento de uma peça, vamos conhecer os tipos de caimentos diferentes que uma mesma matéria-prima pode apresentar. Vamos começar com a disposição do molde sobre o tecido e a leitura que deve ser feita a partir do fio. Mas, você deve estar se questionando, o que é o fio? E porque devo saber essas informações? Pois bem, o fio é a linha central contida nas partes de um molde que compõem um modelo. Essa linha, indica a posição que o molde deve ser cortado em relação à ourela do tecido. O fio do molde é sempre paralelo à ourela. FIGURA 3 - PROJEÇÃO DO MOLDE SOBRE O TECIDO 11UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana LEGENDA: 1 - Projeção em fio reto: proporciona caimento firme, mas não rígido. É a projeção mais utilizada em diferentes segmentos. Aqui, o fio de urdume está perpendicular ao solo. 2 - Projeção em fio atravessado: proporciona caimento mais armado. É pouco uti- lizado, pois pode apresentar defeitos após lavagem da peça. Neste caso, o fio da trama é perpendicular ao solo. 3 - Projeção em viés: proporciona caimento com leveza. É a projeção indispensável para contornar a peça no corpo, mesmo quando ela não é justa. Aqui, o fio está em um ângulo de 45º da trama e urdume, perpendicular ao solo. Fonte: JENCK et al., 2019. Perceba, que nos três casos apresentados na imagem há apenas a rotação do molde, o fio, sempre é traçado reto (ângulo de 90º) conforme a projeção pensada para a peça. Lem- bre-se de que o fio é essencial para o caimento da peça, portanto, ele deve chamar atenção e ser traçado em toda extensão do molde. Agora que você já sabe sobre como é feita a projeção dos moldes sobre o tecido, e a importância do fio do molde, convido você a relembrar um conteúdo essencial para o bom desenvolvimento da modelagem, a matemática e a geometria básica. 1.3 Matemática e geometria básica Estamos a poucos passos de iniciar o traçado dos moldes, para isso, é necessário relembrar alguns conceitos básicos, antes de iniciar a modelagem. Para desenvolver a modelagem plana esteja atento(a) aos princípios da geometria bá- sica. Dentre princípios da geometria, você irá se deparar com o uso de linhas, pontos e ângulos. A palavra enquadramento será muito utilizada, este termo se refere a combinação de duas retas (horizontal e vertical) perpendiculares, que irão formar o ângulo de 90º (FIGURA 4). FIGURA 4 - ELEMENTOS DA GEOMETRIA BÁSICA PRESENTES NOS MOLDES Fonte: JENCK, 2019 (adaptado). 12UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana No decorrer do material, você já estará familiarizado(a) com o uso destes elemen- tos, pois eles irão aparecer com frequência. Já em relação aos ângulos, você deverá utilizar o esquadro para traçá-los com precisão. Lembre-se que para a sua construção, podem ser utilizados os polígonos compostos por três ângulos, sendo: Triângulo isósceles (2 lados iguais e 1 diferente), para traçar ângulos de 45º e 90º. Triângulo escaleno (3 lados diferentes), para traçar ângulos de 30º, 60º e 90º. Mas, você deve estar se perguntando, e se eu não tiver acesso a um esquadro, é possível encontrar os ângulos mais usados na modelagem, que são 45º e 90º? Sim, é possível! Para isso, estabeleça uma medida em centímetros para a construção de um quadrado, conforme ilustrado na figura a seguir. FIGURA 5 - ENCONTRANDO O ÂNGULO DE 90º E 45º COM A RÉGUA Fonte: A autora (2021). 13UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana Além dos elementos de geometria básica iremos utilizar outras informações matemá- ticas, para execução da modelagem como é o caso do perímetro de um círculo utilizado na construção das saias godês por meio da medida da cintura, dividida pelo número de π (3,14). Além disso, as frações estão presentes na confecção de grande parte dos modelos, vamos recordar? 1/4 de 98cm é: 1/2 de 86cm é: 2/3 de 39cm é: 1/6 de 47cm é: 3/4 de 98cm é: Lembre-se que para realizar o cálculo, é feita a multiplicação do número pelo nume- rador, e a divisão pelo denominador, exemplo: ¼ de 98cm = 98x1=98 / 984= 24,5cm ⅔ de 39cm= 39x2=78 / 783=26cm ¼ 1 - numerador ⅔ 2 - numerador 4 - denominador 3 - denominador 1.4 Informações essenciais dos moldes Antes de iniciarmos a confecção dos moldes, é necessário compreender quais são as informações essenciais que devem estar presentes nas modelagens executadas e também quais são os tipos de moldes existentes. Iniciaremos falando dos tipos de moldes existentes na modelagem plana, segundo Duarte (2020), temos 3 tipos: ● Diagrama - estrutura em que o molde é construído, seu desenvolvimento é repleto de linhas e marcações que orientam as medidas e locais do corpo planificado para o(a) modelista. 14UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana FIGURA 6 - DIAGRAMA DA BLUSA FEMININA (FRENTE) Fonte: Duarte (2020, p. 44). ● Molde base - a partir desse molde é feito o desenvolvimento de modelo, eles são construídos com medidas padronizadas, de acordo com o público alvo. FIGURA 7 - BASE DA BLUSA FEMININA (FRENTE) Fonte: Duarte (2020, p. 40). Molde de trabalho - neles são realizadas as interpretações de modelo, ou seja, a partir da cópia da base, são realizadas modificações conforme o modelo que será trabalhado. 15UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana FIGURA 8 - MOLDE DE TRABALHO (INTERPRETAÇÃO DE MODELO) - BLUSA FEMININA (FRENTE) Fonte: Duarte (2020, p. 105). Ao desenvolver estes moldes, é importante que os mesmos obedeçam às especifi- cações técnicas da modelagem, sem alterações. Essas especificações são: ► Parte do molde (frente, costas, bolso, forro, revel, gola, etc); ► Modelo (calça, camiseta, regata, sala, bermuda, vestido, etc); ► Tamanho; ► Sentido do fio (indicação feita através de uma linha reta); ► Número de vezes que a peça deverá ser cortada; ► Piques de margens de costura; ► Código do produto (código dado pela indústria para identificação do produto); ► Coleção (verão, alto verão, inverno); ► Gênero (masculino, feminino, infantil); ► Modelista (nome do responsável pela execução deste conjunto de moldes); ► Data (data da confecção do conjunto de moldes); ► Gabarito (normalmente utilizado em bolsos); ► Marcações (pences, etc). Essas especificações podem variar conforme cada empresa, mas independente- mente de onde atuar enquanto profissional da área, estabeleça informações principais e relevantes para comunicação e identificação do produto dentro do setor produtivo. 16UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana Além das especificações, após a aprovação das peças piloto, é dada às informações acerca da margem de costura. Segundo Duarte (2020), a margem de costura pode sofrer va- riações conforme o tecido, o maquinário e o tipo de acabamento que será utilizado no produto. Além de haver variações no tamanho da bainha, com as costuras laterais de fechamento. No quadro a seguir, estão apresentadas as especificações de margem de costura conforme o tipo de maquinário. QUADRO 3 - MARGENS DE COSTURA Malha 0,5 cm para overloque 1,0 cm para interloque 0,0 cm para aplicação de viés Tecido plano 1,0 cm para máquina reta e quase todas outrasmáquinas Camisaria plana 1,5 cm para máquinas de cavas e laterais Jeans 1,0 cm para máquina interloque Jeans 1,5 cm para máquina de braço Alta costura 1,5 a 2,5 cm para máquina reta e costura a mão Alta costura 1,0 a 1,5 cm para cavas, decotes e partes curvas Peças esportivas (calças e bermudas) Variam de 0 a 1,5 cm Fonte: Duarte (2013, p. 62). Até aqui, você aprendeu sobre alguns aspectos técnicos da modelagem plana e como ela pode ser executada, além de conhecer um pouco sobre a matéria prima principal do modelista, o tecido. No próximo tópico, você verá a importância da tabela de medidas, e como traba- lhar com elas, seja com tabelas desenvolvidas pela indústria, ou com produtos feitos sob medida, a partir do processo de obtenção das mesmas no corpo do indivíduo no qual será confeccionado o produto. 17UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 2. TABELA DE MEDIDAS A tabela de medidas é essencial para construção de bases de modelagem, pois por meio delas é possível confeccionar o produto com perfeição, atendendo as especificações do público alvo. Ao longo desta unidade, você irá perceber que é praticamente impossível encontrar uma pessoa que tenha todas as medidas da tabela. Portanto, as mesmas, são inseridas em escala industrial para que haja uma padronização das medidas. Durante sua trajetória na moda, você encontrará diferentes tamanhos e tabelas, pois cada marca trabalha com as características corporais específicas de um público, para que os produtos desenvolvimentos sejam direcionados. No Brasil, há uma padronização dessas medidas, mesmo havendo algumas diferen- ciações para cada marca, todas seguem as normativas do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) anexo ao Comitê Brasileiro de Têxteis e Vestuário, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Duarte (2019) aponta que existem dois tipos de medidas, as medidas fundamen- tais, que são aquelas tiradas rentem ao corpo utilizadas traçado das bases, sem folgas ou ajustes. Já as medidas complementares, são as medidas utilizadas para a execução de um modelo, como: os comprimentos, altura de cintura, nível do gancho, entre outras. Vejamos a seguir, como são realizadas as aferições das medidas no corpo huma- no, essas informações serão úteis para quando você for realizar o desenvolvimento de um produto para um indivíduo em específico, ou seja, uma modelagem sob medida. Devido a isso é importante que você saiba executar cada etapa. 18UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 2.1 Como tirar as medidas Para realizar esta etapa, é necessário que você tenha em mãos uma fita métrica e um manequim, ou modelo para que você possa executar cada etapa da obtenção de medidas. Antes de iniciarmos, gostaria de chamar a sua atenção para um ponto importante, as medidas masculinas e femininas são tiradas nos mesmos pontos do corpo. Observe que há algumas denominações e pontos que são inexistentes, como o tórax masculino que substitui o busto feminino, e a separação e altura do busto/mamilo são desnecessárias nas bases masculinas (DUARTE, 2019). Com a fita métrica em mãos, e uma fita auxiliar (pode ser uma fita de cetim ou um barbante) vamos iniciar pela tomada de medidas superiores, conforme apresentado no quadro a seguir. QUADRO 4 - COMO TIRAR MEDIDAS Busto Contorne o corpo na altura do busto na sua parte de maior cir- cunferência. Deve-se prestar atenção para não deixar que a fita métrica escorregue nas costas em direção à cintura, e nem que amasse o busto. Cintura Amarre uma fita estreita exatamente na cintura e passe a fita métrica sobre essa fita. Não confunda a cintura deslocada em alguns modelos com o local da cintura no corpo. Quadril Contorne o corpo na altura dos glúteos, na sua parte de maior circunferência. Altura ou posição do bus- to Posicione a fita métrica no ponto de encontro do ombro com o pescoço. Tire a medida deste ponto até o mamilo. Separação do busto Meça a distância entre os mamilos. Ombro Posicione a fita no ponto de encontro do ombro com o pescoço e meça até o final do ombro sobre o osso. Cava a cava das costas Meça a distância da cava esquerda até a cava direita das cos- tas. Centro costas Posicione a fita métrica na altura da 7ª vértebra cervical (geral- mente é o osso mais saliente na base do pescoço). Tire a medi- da deste ponto até a fita amarrada na cintura. Altura das costas Posicione a fita métrica no ponto de encontro entre o ombro e o pescoço e meça até a fita amarrada na cintura. Transversal das costas Meça do final do ombro sobre o osso até o centro das costas na altura da fita amarrada na cintura. Esta medida define a inclina- ção do ombro. Cava a cava da frente Meça a distância da cava esquerda até a cava direita da frente. Centro frente Posicione a fita métrica na base do pescoço na frente. Tire a medida deste ponto até a fita amarrada na cintura. Altura da frente Posicione a fita métrica no ponto de encontro entre o ombro e o pescoço e meça a até a fita amarrada na cintura. Transversal da frente Meça do final do ombro até o centro da frente na altura da fita amarrada na cintura. Esta medida define a inclinação do ombro. 19UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana Comprimento de manga Posicione a mão logo abaixo do umbigo, sobre o ventre. Meça do final do ombro até o osso mais saliente do punho. Altura de gancho Sentado(a) em uma cadeira ou banco com o assento plano e firme, meça da fita amarrada na cintura até o assento do banco. Comprimento Meça da fita amarrada na cintura até o calcanhar apoiado no chão. Pescoço Meça em linha reta logo abaixo do queixo. Fonte: (DUARTE, 2019, p. 104) (adaptado). A figura a seguir exemplifica o posicionamento de cada medida apresentada no quadro. FIGURA 9 - COMO TIRAR MEDIDAS (FRENTE) Fonte: (DUARTE, 2019, p. 105). Obs.: A figura 9 apresenta três tipos de circunferência do quadril, a respeito delas, considere as seguintes informações: 20UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana O quadril alto deve ser usado quando a maior circunferência for próxima a linha da cintura. O quadril médio deve ser usado na construção de calças, nos cortes enviesa- dos, nas saias em panos, nos quadris muito largos… O quadril baixo, por ser a maior medida horizontal (culote) na mulher brasilei- ra, é o ponto mais adequado para formar a curva lateral do quadril. (DUARTE, 2019, p. 105). A seguir, nas Figuras 10, 11 e 12, apresenta os demais processos descritos no Quadro 3, sobre como tirar as medidas. FIGURA 10 - COMO TIRAR MEDIDAS (COSTAS) Fonte: (DUARTE, 2019, p. 106). 21UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana FIGURA 11 - COMO TIRAR MEDIDAS (LATERAL/FRENTE) Fonte: (DUARTE, 2019, p. 107). 22UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana FIGURA 12 - COMO TIRAR MEDIDAS (GANCHO) Fonte: (DUARTE, 2019, p. 108). 2.2 Tabela de medidas Masculina QUADRO 5 - TABELA DE MEDIDAS MASCULINA TAMANHO CAMISA SOCIAL 37 38 39 40 41 42 43 44 45 CALÇA 36 38 40 42 44 46 48 50 52 Pescoço 37 38 39 40 41 42 43 44 45 Tórax 80 84 88 92 96 100 104 108 112 Cintura 72 76 80 84 88 92 96 100 104 Quadril 82 86 90 94 98 102 106 110 114 Comprimento da Cintura 44 45 45,7 46,4 47,4 48,4 48,9 49,5 50 Ombro 12 13 13,5 14 14,5 15 15 15,5 16 23UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana Costas 42 43 44 45 46 47 48 49 50 Comprimento Cotovelo 33,7 34,1 34,8 35,5 36,2 36,9 37,6 39,3 39 Comprimento Manga Curta 16 16,8 17,6 18,4 19,2 20 20,8 21,6 22,4 Comprimento Manga Longa 60 60,5 61,5 62,6 63,7 64,8 65,9 66,9 67,9 Punho Justo 17 17,5 18 18,5 19 19,5 20 20,5 21 Altura da Cabeça 36 36 36 37 37 37 38 38 38 Contorno da Cabeça 62,5 62,5 63 63 63,5 63,5 64 64,5 64,5 Comprimento da Calça 105 105 106 108 110 110 112 112 114 Altura do Quadril 15,5 16,5 17,5 18,5 19,5 20,5 21,5 22,5 23,5 Altura do Gancho1 21,5 22,5 23,5 24,5 25,5 26,5 27,5 28,5 29,5 Comprimento do Joelho 56 56 58 60 62 62 64 64 66 1 Altura do Gancho (Quadril/4 + 1cm) Fonte: JENCK et al., 2019, p. 19. 2.3 Tabela de medidas FemininaQUADRO 6 - TABELA DE MEDIDAS FEMININA TAMANHO PP P M G 34 36 38 40 42 44 46 48 50 Comprimento da cintura Frente 39 40 41 42 43 44 45 46 47 Comprimento da cintura Cos- tas 35 36 37 38 39 40 40 41 41 Cintura 58 62 66 70 74 78 82 86 90 Busto 76 80 84 88 92 96 100 104 108 Quadril 84 88 92 96 100 104 108 112 116 Costas 35 36 37 38 39 40 41 42 43 Ombro 11 11,5 12 12,5 13 13,5 14 14,5 15 Altura do Seio 23 24 25 26 27 28 28 29 30 Seio a Seio 16 17 18 19 20 21 21 22 22 Pescoço/Colarinho 33 34 35 36 37 38 39 40 41 Comprimento Manga Longa 56 57 58 59 60 61 62 63 64 Comprimento do Joelho 52 54 56 58 58 60 60 62 62 Comprimento da Calça 102 102 102 104 106 108 110 112 112 24UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana Largura do Joelho1 42 44 46 48 50 52 54 56 58 Largura da Boca 42 44 46 48 50 52 54 56 58 Altura do Gancho2 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Punho (justo) 14 14,5 15 15,5 16 16,5 17 17,5 18 Altura do Quadril 16 16 16 18 18 20 20 20 22 1 Largura do joelho = ½ do quadril 2 Altura do gancho = ¼ do quadril + 1 cm Fonte: JENCK et al., 2019, p. 19. 2.4 Tabela de medidas Infantil QUADRO 7 - TABELA DE MEDIDAS INFANTIL TAMANHO P M G 02 04 06 08 10 12 Tórax/ Busto 54 58 62 66 70 74 Cintura 52 54 56 59 62 65 Quadril 60 64 68 72 78 82 Costas 23 25 27 29 31 33 Pescoço 28 29 30 31 32 33 Comprimento da Cintura 24 27 30 32 34 37 Comprimento do Cotovelo 15 16,8 18,6 20,4 22,4 24 Comprimento da Manga Longa 32 36 40 44 48 53 Largura do Braço 17 18,6 20,2 21,8 23,4 25 Punho Justo 12 12,7 13,4 14,1 14,8 15,5 Punho com Folga 16 16 18 18 18 20 Altura do Quadril 11 12 13 14 15 16 Altura do Gancho 19 20 20,5 21,5 22,5 22,5 Comprimento do Joelho 30 36 38 41 44 47 Circunferência Joelho Justo 25 26,2 27,4 28,6 29,8 31 Comprimento da Calça Comprida 52 58 66 74 81 88 Base pescoço ao meio da Coxa 44 53 58 63 68 74 Circunferência da Cabeça 51 52 53 54 55 56 Altura da Cabeça 40 41,2 42,4 43,6 44,8 46 Fonte: JENCK et al., 2019, p. 24. Agora, com as tabelas de medidas em mãos, convido você a preparar um espaço de trabalho, e com os materiais em mãos, iniciaremos a construção dos moldes básicos. 25UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 3. CONSTRUÇÃO DE MOLDES BÁSICOS FEMININOS Caro(a) aluno(a), durante este tópico do material, vamos realizar juntos o desenvol- vimento de algumas bases que são essenciais para o desenvolvimento de uma modelagem. As bases, são o início de qualquer modelagem e representam o corpo do público ou indivíduo no qual será desenvolvido a modelagem. Portanto, não há nenhuma alteração de modelo na base, são feitas peças sem detalhes, apenas com recursos construtivos da modelagem, como a pence. A pence, segundo Emídio (2021), é um recurso construtivo, um elemento estético e criativo, que parte da função específica de ajustamento, podendo ser movimentada, dividi- da, ocultada, eliminada ou combinada com outros recursos, como: pregas, franzidos, entre outros. Veremos mais sobre este assunto na Unidade II, nas transposições de pence. 3.1 Base da saia Agora, com as réguas e o papel em mãos, iniciaremos o traçado da nossa base da saia feminina, no tamanho 40. Para isso, utilizaremos as medidas apresentadas no Quadro 7. Lembre-se que, essas medidas podem variar conforme o seu público-alvo, portanto, deixo como sugestão consultar a tabela apresentada no tópico anterior, que aborda outros tamanhos existentes na indústria. 26UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana QUADRO 8 - MEDIDAS PARA CONSTRUÇÃO DA BASE DA SAIA Tamanho 40 Circunf. Cintura 68 Circunf. Quadril 96 Nível do Quadril 25 Comprimento da saia 51 Fonte: Adaptado de: (DUARTE, 2019, p. 112) QUADRO 9 - LARGURA E COMPRIMENTO DAS PENCES Tamanhos 34 36 38 40 ao 54 Pence das cos- tas Largura 2,5 3,0 3,0 3,0 Comprimento 10,0 11,0 12,0 13,0 Pence da frente Largura 1,5 2,0 2,0 2,0 Comprimento 9,0 10,0 11,0 12,0 Fonte: Adaptado de: (DUARTE, 2019, p. 112). A construção do molde inicia na construção do diagrama, onde com um ângulo de 90º, traçamos as medidas iniciais da caixa do molde. No caso da saia se inicia com as medidas de quadril e de comprimento da saia. Observe a Figura 13, e execute o passo a passo a seguir. FIGURA 13 - TRAÇADO INICIAL DA SAIA Fonte: (DUARTE, 2019, p. 113). 27UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana O retângulo será construído com metade da medida do quadril + 1 cm de folga, com o seguinte cálculo: . ● AB / CD = Metade do quadril + 1 cm de folga (49 cm) ● AC / BD = Comprimento da saia (51 cm) ● AE / CF = Metade de AB e CD ● AG / BH = Nível do quadril 25 cm ● I = Nível do quadril na lateral Agora com a estrutura inicial do diagrama da saia construído, daremos início a execução dos pontos de localização das pences, e do traçado da cintura. Observe a figura 14 e execute os passos a seguir conforme as orientações: FIGURA 14 - TRAÇADO INICIAL DA SAIA Fonte: (DUARTE, 2019, p. 114). Antes de iniciarmos os pontos, realize os cálculos para ¼ da cintura, é importante realizá-los, pois existe uma diferença de 2cm entre a frente e as costas devido ao ponto de entrada da espinha dorsal. Para isso, transfira 0,5cm da medida das costas para a frente, assim, a costura da lateral da peça ficará alinhada à lateral do corpo (DUARTE, 2019). 28UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana Cintura costas = medida da cintura 4 - 0,5 cm. Cintura frente = medida da cintura 4 + 0,5 cm. ● De A à J utilize a medida da Cintura costas + largura da pence (3,0 - vide Quadro 8); ● De B à K utilize a medida da Cintura frente + largura da pence (2,0 - vide Quadro 8); ● Una com a régua de alfaiate os pontos: I à J e de I à K; ● Para marcar o ponto L, encontre o meio de A à J, aqui será o meio da pence das costas; ● Para marcar o ponto M, encontre o meio de B à K, aqui será o meio da pence da frente; Agora, faremos a marcação da largura das pences (frente e costas). ● Para a pence das costas marque 1,5 cm para cada lado de L (vide Quadro 8), e com o esquadro apoiado em L, desça 13 cm (comprimento da pence, vide Quadro 8); ● Para a pence da frente marque 1 cm para cada lado de L (vide Quadro 8), e com o esquadro apoiado em M, desça 12 cm (comprimento da pence, vide Quadro 8); Note que há uma diferença de 1 cm no comprimento da pence da frente para a das costas, e 0,5 cm na largura, isso ocorre devido a curvatura que temos na região lombar. ● No traseiro da saia, de A à N desça 1 cm; ● Repita o mesmo processo na frente B/O; Com o auxílio da régua de alfaiate, faremos a curva da cintura ligando os pontos NJ / OK, mas, antes de traçar a curva, dobre a pence. Feito isso, com o auxílio da carretilha, marque o papel, no local da dobra da pence para obter a sua profundidade, conforme ilustrado na Figura 15. FIGURA 15 - MARCAÇÃO DA PROFUNDIDADE DA PENCE Fonte: A autora (2021). 29UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana Após realizar a marcação da pence, trace com o auxílio do lápis e da régua curva a linha da cintura, e feche a lateral da saia, unindo os pontos J/I e K/I. Com o molde finalizado, copie ele para outro papel. Para isso, utilize o tecido, a carretilha e um papel kraft em branco. Posicione o material na seguinte ordem sobre a mesa: Papel em branco + tecido + Diagrama da saia. Passe a carretilha sobre todas as linhas do molde, exceto as linhas de construção do retângulo. Lembre-se de copiar a linha do nível do quadril. Com as marcações da carretilha no papel, passe o lápis com o auxílio do esquadro e régua curva, para realçar as linhas no papel. Esse processo é extremamente importante e implica na qualidade do seu trabalho e apresentação do molde. Ao final, o contorno do seu molde ficará com a apresentação igual a Figura 16. FIGURA 16 - BASE DA SAIA Fonte: (DUARTE, 2019, p. 114) Faça as marcações no seu molde, com o auxílio de um esquadro próximo da linha do centro frente e do centro costas do molde, trace uma linha que ocupe grande parte da extensão do molde, este será o Fio do molde, orientação para o corte do moldeno tecido. Depois, em um lado do molde, escreva as seguintes informações: 30UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana ► Parte: Base ► Modelo: Saia básica ► Tamanho: 40 ► Código: SB1 ► Modelista: aqui você é o(a) protagonista; ► Data: dia da realização do molde; Com as informações aparentes, agora, você irá fazer as marcações para costura, furando com o auxílio de um alfinete ou furador, o ápice da pence, e marcando os piques, na linha do nível do quadril e nas extremidades da pence. Lembre-se, se você for cortar esse molde em um tecido, você deverá acrescentar a informação sobre a quantidade de vezes que ele será cortado, sendo: 1 vez para frente (cortada na dobra do tecido) e 2 vezes para as costas, pois será necessário o uso de um sistema de fechamento, neste caso o zíper. Além disso, lembre-se de acrescentar as margens de costura, conforme apresen- tado no Quadro 2. 31UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 4. CONSTRUÇÃO DA BASE DA BLUSA E MANGA 4.1 Base da Blusa Nosso próximo passo, será a construção da base da blusa feminina, também será utilizado o tamanho 40 para construção da peça. Lembre-se que, essas medidas podem variar conforme o seu público-alvo, portanto, sugiro consultar a tabela apresentada no tópico anterior, que aborda outros tamanhos existentes na indústria. 4.1.2 Costas Iniciaremos com o traçado da base das costas, para isso, separe um pouco de papel, pegue sua fita métrica, as réguas e o lápis. Utilize o quadro 10, como apoio para o desenvolvimento do molde. 32UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana QUADRO 10 - MEDIDAS PARA CONSTRUÇÃO DA BASE DA BLUSA (COSTAS) Medidas (tamanho 40) Costas AB = Altura das costas 44,5 AC = Largura dos ombros 19,5 BD = Centro Costas 41,0 AE = Pescoço Costas 7,8 BF = Transversal 43,6 BI = Lateral menos 0,5cm 20,5 IJ = Largura das costas/busto 21,0 DG = ¼ de BD 10,3 GH = Cava a cava costas 18,5 JK = BI 20,5 BK = IJ 21,0 BM = Metade da cintura costas 8,3 KQ = Ponto da lateral 1,5 JQL = Lateral 21,0 LN = Cintura costas menos BM 8,2 Fonte: Adaptado Duarte (2019, p. 144). Assim como no molde da saia básica, a base da blusa se inicia com um ângulo de 90º, construído com a medida da altura das costas, e a distância do ombro. Observe a Figura 17, e execute o passo a passo a seguir. FIGURA 17 - LINHAS INICIAIS DA BLUSA (COSTAS) Fonte: (DUARTE, 2019, p. 144). 33UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana ● De A a B, trace uma linha com a medida da altura das costas; ● De A a C, trace uma linha perpendicular a AB, com medida de distância entre os ombros costas; ● De B a D, marque a medida do centro das costas; ● De A a E, marque a medida do pescoço costas; ● De D a E, una os pontos com a curva francesa, criando a linha do decote, conforme a imagem; ● De C a X, trace uma linha perpendicular ao ponto C, essa linha não tem uma medida exata, será apenas um apoio para a linha transversal BF; ● De B a F, posicione a régua no ponto B até encostar na linha de C a X, o ponto F é o encontro da medida transversal das costas com a linha. ● Com a régua, ligue os pontos E e F. FIGURA 18 - MARCAÇÕES PARA CONSTRUÇÃO DA BASE COSTAS DA BLUSA Fonte: (DUARTE, 2019, p. 145). 34UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana Agora, daremos início às marcações das linhas que nos guiará para o traçado da cava, da pence das costas, e da linha do busto. Tenha atenção em cada ponto, e lembre-se de utilizar o esquadro nos locais indicados na imagem. Observe a Figura 19, e execute o passo a passo a seguir: ● De D a G, utilize a medida de B a D dividida por 4; ● De G a H, com o esquadro, trace uma linha com a medida de cava a cava das costas; ● De B a I, marque um ponto com a medida da lateral menos 0,5cm; ● De I a J, com o esquadro, trace uma linha com a medida do busto costas; ● Com a régua de cava, ou a curva francesa, una os pontos F, H e J, formando a cava costas conforme a figura; ● De B a K, com o esquadro, trace uma linha com a mesma medida de I a J; ● De B a M, marque um ponto com a medida de metade da cintura costas; ● De K a Q, recue 1,5cm no molde; ● Com a régua, ligue os pontos J, Q e L fechando a lateral da blusa; ● Una os pontos L e M com uma reta; ● Marque o ponto N, na linha de B a L, este ponto tem a medida da cintura costas menos a medida de B a M; ● Ache o meio de M a N, e marque o ponto O; ● Agora, vamos marcar o ápice da pence, o ponto P, que é a mesma medida de B a O; ● Trace as linhas da pence, unindo os pontos P e M, P e N, P e O; Após finalizar, dobre o papel fechando a pence, do ponto N ao M, e com a pence fechada retrace a linha BL com uma régua curva (curva francesa). Ainda com o papel dobrado, passe a carretilha marcando a profundidade da pence. FIGURA 19 - BASE COSTAS PRONTA (BLUSA FEMININA 40) Fonte: (DUARTE, 2019, p. 148). 35UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana Ao final do traçado, com o auxílio da carretilha, copie a base para um papel em branco, marque apenas as linhas de contorno do molde, a pence e as linhas do busto, estas são fundamentais durante o desenvolvimento de uma interpretação de modelo. O resultado final deverá ser semelhante à figura 21. E para dar resistência e firmeza ao molde, quando for copiar a base, utilize um papel mais rígido, podendo ser o kraft em uma gramatura superior, ou então utilize um papel cartão, para facilitar o traçado de outros modelos. 4.1.3 Frente O traçado da base da frente da blusa assemelha-se ao traçado das costas, havendo a diferenciação apenas das medidas, e acrescentando informações referente ao traçado do busto. Utilize o Quadro 11, como apoio para o desenvolvimento do molde. QUADRO 11 - MEDIDAS PARA CONSTRUÇÃO DA BASE DA BLUSA (FRENTE) Medidas (tamanho 40) Frente AB = Altura da frente 45,0 AC = Largura dos ombros 19,0 BD = Centro Frente 38,0 AE = Pescoço Frente 6,8 BF = Transversal 44,9 BI = Lateral mais 4 cm 25,0 IJ = Largura das frente/busto 23,0 DG = 1/5 de DB 7,6 GH = Cava a cava frente 17,5 AK = Altura do busto 25,0 KP = Separação do busto 10,0 KPQ = Larg. total da frente 23,5 JQL = Lateral 21,0 BM = Metade da cintura frente 8,8 LN = Cintura frente menos BM 8,7 PR/PS = Raio do busto 7,5 Fonte: Adaptado de: Duarte (2019, p. 146). Assim como no molde da saia básica, a base da blusa se inicia com um ângulo de 90º, construído com a medida da altura da frente, e a distância do ombro. Observe a Figura 20, e execute o passo a passo a seguir utilizando as medidas do Quadro 11. 36UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana FIGURA 20 - TRAÇADO INICIAL DA BASE DA BLUSA (FRENTE) Fonte: (DUARTE, 2019, p. 146). ● De A a B, trace uma linha com a medida da altura da frente; ● De A a C, com o esquadro, trace uma linha perpendicular a AB, com a distância dos ombros frente; ● De B a D, marque um ponto com a medida do centro frente; ● De A a E, marque um ponto com a medida do pescoço frente; ● Una os pontos D a E com a curva francesa; ● De C a X, com o esquadro, trace uma linha perpendicular de A a C com 10 cm, para apoio da linha transversal; ● De B a F, posicione a régua no ponto B, em direção a linha CX e marque o ponto F com a medida da transversal; Com a régua, ligue os pontos E e F. 37UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana FIGURA 21 - MARCAÇÕES PARA CONSTRUÇÃO DA BASE FRENTE DA BLUSA Fonte: (DUARTE, 2019, p. 147). Agora, daremos sequência nas marcações internas do molde, que servirão para a construção da pence, da linha de cava, e delimitação do busto. Leia atentamente, e execute conforme o passo a passo a seguir. ● De D a G, utilize a mesma medida de B a D e dividida por 5, o resultado será o ponto G; ● De G a H, com o esquadro, marque a medida de cava a cava da frente; ● Do ponto B em direção ao A, marque o ponto I, que corresponde a medida da lateral mais 4 cm; ● De I a J, com o esquadro, marque a medida do busto frente; ● Com a régua de cava, ou a curva francesa, trace a cava unindo os pontos F, H e J, observe na figura 23 (a) que a cava da frente é mais curva na direçãode H e J; ● De A a K, marque a altura do busto; ● De K a P, com o auxílio do esquadro, marque um ponto com a medida de separação do busto; 38UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana ● Una os pontos K, P, Q com esquadro, utilizando a mesma medida de I a J + 0,5 cm; ● Una os pontos J, Q, L para formar a lateral (veja a medida no quadro 11); ● De B a M, com o esquadro, marque a medida da cintura frente; ● De L a M, com o auxílio da régua, faça uma linha pontilhada; ● De L a N, marque um ponto com a medida da cintura frente menos a medida de B a M; ● O ponto O é o meio da pence, marque o ponto na metade de M a N; ● Feche a pence unindo os pontos: P a M, P a N, e P a O; ● De P a R / P a S, marque a medida do raio do busto, será marcado abaixo do ápice da pence. Essa medida é utilizada na construção de bojos e recortes abaixo do busto. FIGURA 22 - BASE FRENTE PRONTA (BLUSA FEMININA 40) Fonte: (DUARTE, 2019, p. 148). Assim como no molde costas, ao final do traçado, com o auxílio da carretilha, copie a base para um papel em branco, marque apenas as linhas de contorno do molde, a pence e as linhas do busto, estas são fundamentais durante o desenvolvimento de uma interpre- tação de modelo. O resultado final deverá ser semelhante à Figura 23. Para dar resistência e firmeza ao molde, quando for copiar a base, utilize um papel mais rígido, podendo ser o kraft em uma gramatura superior, ou então utilize um papel cartão, para facilitar o traçado de outros modelos. 39UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 4.2 Base da Manga Agora, com a base da blusa pronta, será possível realizar o desenvolvimento da base da manga, pois a manga é construída com a soma das medidas das cavas da frente e das costas. Assim como nas outras bases já desenvolvidas, vamos trabalhar com as medidas do tamanho 40. Cabe ressaltar, essas medidas podem variar conforme o seu público-alvo, e para obter as medidas de cava será necessário que você faça a conferência e verificação da mesma. Para isso, utilize sua fita métrica “em pé” conforme ilustrado na Figura 24 e contor- ne toda a cava até obter a medida. As informações do Quadro 12 também irão lhe auxiliar no desenvolvimento da base. Caso venha a realizar o molde em outro tamanho, consulte as medidas na tabela de medidas disponível no material. FIGURA 23 - AFERINDO MEDIDA DA CAVA COM A FITA MÉTRICA Fonte: A autora (2021). QUADRO 12 - MEDIDAS PARA CONSTRUÇÃO DA BASE DA MANGA Tamanho 40 Comp. Manga 60 Circunf. punho 22 Altura da Cabeça da Manga ⅓ da circunferencia total Largura da Manga (bíceps) ¾ da circunferência total Fonte: Adaptado de: (DUARTE, 2019, p. 166) 40UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana Diferente dos moldes que já trabalhamos até o momento, o diagrama da manga se inicia com o traçado de retas perpendiculares, sendo a reta na vertical, construída no meio do papel, com a medida do comprimento da manga. Já a outra reta na horizontal, que cria um ângulo de 90º, é construída com a largura da manga. Observe a Figura 24, e execute o passo a passo a seguir: FIGURA 24 - PROCESSO INICIAL DE CONSTRUÇÃO DA BASE DA MANGA Fonte: (DUARTE, 2019, p. 167 e 168). ● De A a B = trace a linha com o comprimento da manga; ● De A a C = marque um ponto com a altura da cabeça da manga; ● De D a E = divida a medida da largura da manga para metade de cada lado de C. Utilize o esquadro para criar um ângulo de 90º; ● De E a X = marque um ponto com a medida de ¼ de C a E; ● De D a Y = marque um ponto com ½ da medida de E a X; ● De A a Z = utilize a mesma medida de E à X e some, metade da medida de D a Y; ● Z a X e Z a Y = Unir com uma linha pontilhada; 41UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana ● X’ = marque um ponto com a mesma medida de E a X; ● Y’ = marque um ponto com a mesma medida de D a Y; ● Z’ = marque um ponto com a mesma medida de A a Z; ● F a G = marque a medida do punho (metade para cada lado de B); ● Una os pontos D a F e E a G. FIGURA 25 - PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA BASE DA MANGA Fonte: (DUARTE, 2019, p. 168). ● ● Com a curva francesa, faça o contorno da cabeça da manga, unindo os pontos Z’ com A, X’ com E e Y’ com D; ● Agora, encontre o ponto H que corresponde à medida de B a C, delimitando o nível do cotovelo; ● Agora, com a base pronta, faremos a marcação do ponto de costura, e as mar- cações que irão diferenciar a parte frente da parte costas da manga. 42UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana FIGURA 26 - BASE DA MANGA FEMININA (PRONTA) Fonte: (Duarte, 2019, p. 168) ● De D a I = marque um ponto com a medida da cava das costas da blusa; ● De E a J = marque um ponto com a medida da cava da frente da blusa; ● Agora, com o auxílio da fita métrica, meça o espaço entre o ponto I e J, encontre e marque o meio dessa medida, ele servirá como ponto de costura/encaixe com a blusa. Cabe destacar, que o ponto de costura poderá ficar em um posicionamento diferen- te do que está apresentado na figura. 43UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana SAIBA MAIS Ao iniciar a construção do molde com o passo a passo, observe primeiro o modelo que será construído, leia cada item e faça a interpretação dessas informações antes de ini- ciar o traçado no papel. Sempre utilize as imagens de apoio, elas te auxiliaram no pro- cesso. E perceba que a direção das letras ocorre sempre a direita, esquerda, acima ou abaixo do ponto inicial. Isso irá lhe auxiliar na definição do tamanho do papel. Fonte: Duarte, 2019. REFLITA Ao longo da sua trajetória na moda, você verá que há variações no desenvolvimento da técnica de modelagem planificada. Conforme cada autor, país, os traçados dos diagra- mas podem ser diferentes, mas o resultado final sempre será a peça de roupa, a base a ser construída no corpo. Portanto, é importante que você adquira o conhecimento acerca da construção da modelagem e aos poucos você irá identificar qual metodologia apresenta o melhor resultado para determinado modelo. Fonte: A autora (2021). 44UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana CONSIDERAÇÕES FINAIS Olá, caro(a) aluno(a), chegamos ao término da nossa primeira unidade, aqui foi possível iniciarmos nossa trajetória nos estudos da modelagem. Você aprendeu sobre as medidas utilizadas na construção do molde, e também pode aprender como é feito o processo de tomada de medidas do corpo humano, estas, que por sua vez são essenciais na construção de um produto de qualidade. A partir de agora, você verá as possibilidades que a modelagem irá te proporcionar quando for iniciar as próximas unidades do material. Aqui, é apenas o começo, com as bases construídas, você passa a ter conhecimento acerca do traçado de diagramas, e a próxima etapa será o desenvolvimento dos modelos. Nos moldes femininos, com a junção da saia e da blusa você verá que é possível obter o vestido, e a partir da base da manga, podemos realizar diferentes modelos. Cabe ressaltar, que existem outras possibilidades de interpretação e também de modelos a serem executados, portanto, com o conhecimento adquirido aqui, nesta e nas demais unidades você terá facilidade em trabalhar a modelagem de peças do vestuário com excelência. Até logo! 45UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana LEITURA COMPLEMENTAR Ao considerar que a modelagem promove a materialização do objeto vestível e dos sentidos que derivam desta interação entre corpo e artefato, as autoras Bárbara Pavei de Souza, Adriana Cardoso Pereira e Mônica Karina de Souza evidenciam que tal prática pode ser vista a partir da potencialidade inerente de se constituir campo expressivo, criador de sentidos e de experimentações estéticas. O uso cotidiano de conteúdos matemáticos pelos profissionais da área é fato, tendo em vista a necessidade da construção de roupas com corte preciso e medidas padroni- zadas. O desenvolvimento da modelagem, fundamentado no estudo anatômico, requer conhecimento acerca de tabelas de medidas e domínio sobre os princípios geométricos, de modo a lidarcom pontos, linhas, retas e curvas e proporções para viabilizar o traçado de diagramas que resultarão em formas para vestir o corpo. A partir de então, pode-se perceber que na modelagem existem diferentes propos- tas metodológicas que contempla etapas flexíveis para a aplicação do design colaborativo no contexto do ensino de modelagem plana do vestuário, no qual a colaboração está in- trínseca ao nível e intensidade de envolvimento de cada colaborador instigando, portanto, novos modelos relacionais e de trabalho no âmbito educacional. Fonte: SOUZA, P. de M.; ITALIANO, I. C. A modelagem integrada ao projeto de moda no âmbito do ensino. Revista de Ensino em Artes, Moda e Design. Florianópolis, v. 04, n. 02, p. 06 -09, 2020. DOI: 10.5965/25944630422020006. Disponível em: https://www.periodicos.udesc.br/index.php/ensinarmode/arti- cle/view/17765. Acesso em: 05 out. 2021. 46UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Modelagem 2D para Vestuário Autor: Laura Carolina Oliveira Nóbrega. Editora: Érica - Grupo Saraiva, 2014 Sinopse: O livro aborda as técnicas da modelagem bidimensional manual e automatizada, proporcionando ao aluno o conhecimento de conceitos básicos da modelagem 2D. Além de abordar noções de costura, antropometria e o desenvolvimento de moldes ergonô- micos, auxiliando o leitor a identificar os principais tipos de tecido. FILME / VÍDEO Título: Corte de Saia l Modelista Ela Orsini Ano: 2021. Sinopse: O vídeo mostra a transformação do modelo, onde a partir da base da saia com pence, é feita a interpretação e transformação do molde. Embora seja uma etapa mais avançada na modelagem, fica o desejo e a vontade de evoluir a técnica e chegar nessa etapa. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=YwLZ3M2sSFY 47 Plano de Estudo: ● Modelagem da saia; ● Variações de golas e mangas; ● Interpretação de modelo; ● Transposição de pences. Objetivos da Aprendizagem: ● Manipular o molde base da saia para construção de outros modelos; ● Compreender os tipos de mangas e golas a partir da modelagem bidimensional; ● Aplicar a técnica da modelagem bidimensional para a junção de moldes e construção de novos modelos; ● Estudar as técnicas de manipulação de pences. UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos Professora Me. Natani Aparecida do Bem 48UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 48UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos INTRODUÇÃO Olá, caro aluno (a), seja bem-vindo a Unidade II do material, nesta unidade vamos estudar a transformação dos moldes bases em modelos, ou seja, veremos o processo de interpretação de moldes. Esse processo de produção da modelagem é muito utilizado no setor da indústria e também nos ateliês, pois a partir de uma base aprovada o trabalho do modelista torna-se mais prático, eliminando a etapa de construção de um diagrama base toda a vez que for desenvolver um modelo. Esta unidade propõe o desenvolvimento das saias mais utilizadas no vestuário, sen- do a saia godê e suas variações de roda, na qual é desenvolvida sem o uso da base, e duas interpretações de modelo a partir da saia base, sendo a saia evasê e a saia rabo de peixe. Em um segundo momento a base da saia também aparecerá na composição da interpretação do molde do vestido, podendo ser utilizada em um vestido básico e também em um modelo mais elaborado. Assim como o uso do molde base da blusa, presente em diversas composições de vestido, pois é a base do desenho do corpo que possibilitará o desenvolvimento do modelo. Veremos também algumas opções de golas e mangas, estas, construídas com a medida do decote e também com o auxílio da base da blusa, proporcionando maior precisão no traçado do modelo. Nas mangas, você verá o processo de transformação da base e o acréscimo de tecido, para deixar a manga ampla e a transformação do molde em formas geométricas conferindo um charme e criatividade na execução de um modelo de manga. E por fim, você terá que compreender a questão da transposição de pences, re- curso construtivo da modelagem que possibilita o desenvolvimento de diferentes modelos de blusas e vestidos, em que o (a) modelista pode deixar a criatividade fluir ao construir o molde transpondo a pence para outro local. 49UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 49UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos 1. MODELAGEM DA SAIA 1.1 Godê (4/4 - total e 2/4 - meio) Na história da moda, a saia godê surgiu como uma proposta de renovação da feminili- dade no período pós Segunda Guerra Mundial (1939-1945), onde Dior busca retomar a imagem do sonho que havia se perdido após grandes restrições em relação à produção do vestuário. A ideia do estilista era de retomar a silhueta muito utilizada no século XIX, criando uma saia elevada para uma cintura mínima, imitando a corola das flores que intitulou sua coleção, lançada na França em 1947 - Ligne Corolle -, embora tenha enfrentado grandes polêmicas, a silhueta e o New Look de Dior (Figura 1) vestiu mulheres mundo afora durante anos, e aparece em releituras nos dias atuais. “No Brasil, perpassou a década de 1950, contribuindo para a construção de um perfil associando a figura feminina à mãe e esposa, coroada como Rainha do Lar” (MEDEIROS FILHO, 2016, p. 11). 50UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 50UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos FIGURA 1 - NEW LOOK, COLEÇÃO LIGNE COROLLE POR CHRISTIAN DIOR - PARIS, 1947 Fonte: WIKIWAND. A casa de moda Dior. Disponível em: https://www.wikiwand.com/en/Christian_Dior. Acesso em: 05 out. 2021. Neste tópico, veremos que nem sempre a modelagem é desenvolvida a partir de uma base, mas sempre será desenvolvida com as medidas do corpo, como é o caso da saia godê, construída a partir de uma circunferência, que é obtida a partir da medida da cintura. Para a construção do godê são necessárias as medidas da cintura e comprimento da saia, este que pode variar conforme o modelo que será executado, sendo, na linha do joelho, acima ou abaixo dela. A Figura 2 apresenta os tipos de comprimento que podem ser trabalhados em uma interpretação de modelo de saia, independente do modelo, podendo ser aplicado ao godê ou outros tipos de saia considerando a altura de uma mulher com 1.60 m de altura. https://www.wikiwand.com/en/Christian_Dior 51UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 51UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos FIGURA 2 – COMPRIMENTOS DE SAIA BASEADOS NA MULHER BRASILEIRA COM ALTURA MÉDIA DE 1.60 M Fonte: Adaptado de: Duarte (2019, p. 122) Iniciaremos a saia godê total, ou godê 4/4 realizando o seguinte cálculo: Medida da cintura por 2x o número (3,14 x 2= 6,28) 68 cm 6,28= 10,8 Raio da cintura *com este cálculo, encontraremos a medida do godê total (4/4). Comprimento da saia: 50 cm Considere a medida da cintura do tamanho 40, sendo 68 cm de cintura (vide tabela Unidade I), e realize o cálculo, será obtida a medida de raio da cintura (10,8 cm). Utiliza- remos essa, e a medida de comprimento (50 cm) para desenvolver o molde ilustrado na Figura 3 a seguir. 52UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 52UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos FIGURA 3 - SAIA GODÊ TOTAL 4/4 - (A) REPRESENTAÇÃO DAS PARTES DO GODÊ; (B) REPRESENTAÇÃO DO CAIMENTO (A) (B) Fonte: Adaptado de: Duarte (2013, p. 135 e 164) Inicie seu molde no centro do papel, dobrado em duas ou quatro partes. Importante que o seu papel esteja esquadrado, para que não comprometa a qualidade do traçado da saia, conforme apresentado na Figura 4 a seguir. FIGURA 4 - DOBRA DO PAPEL PARA CONSTRUÇÃO DO GODÊ 4/4 E REFERÊNCIA DO TAMANHO DO PAPEL - (A) PAPEL ABERTO (COMPRIMENTO + RAIO DA CINTURA); (B) DOBRADO AO MEIO; (C) DOBRADO EM 4 PARTES Fonte: A autora (2021). 53UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 53UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos SAIBA MAIS Para descobrir a quantidade de papel que será necessária para a modelagem da saia, tenha o seguinte raciocínio:Medida do comprimento + medida do raio da cintura 50cm + 10,8cm = 60,8 cm A partir do centro do papel dobrado ao meio, você seguirá utilizando essa medida em quatro direções para construção do molde (para cima + para baixo + para esquerda + para direita). Portanto, multiplique 60,8 cm por dois, e adicione 1 cm a essa medida (122,6 cm), para ter uma folga de segurança de 1 cm às margens do papel. Ao final, seu papel deverá ter 1.23 m2 considerando arredondar a medida obtida. Observe a medida na Figura 4 (A). Fonte: A autora (2021). Após cortar, e dobrar o papel inicie o traçado da modelagem da saia: ● De A a B, trace uma linha saindo o centro do papel com a medida do raio do godê (10,8 cm); ● De B a C, marque o comprimento desejado (50 cm); ● Para traçar a circunferência utilize um compasso, apoiando a ponta seca em A. SAIBA MAIS Caso seu compasso não atenda ao tamanho da circunferência presente no molde, pro- duza o seu compasso a partir de um papel com gramatura alta, ou seja, um papel rígido e com uma espessura mais grossa. Como no vídeo a seguir: https://youtu.be/4H6wJK1NIqQ Fonte: A autora (2021). No final, seu diagrama deverá ficar igual ao desenho apresentado na Figura 5: https://youtu.be/4H6wJK1NIqQ 54UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 54UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos FIGURA 5 - DIAGRAMA DA SAIA GODÊ 4/4 Fonte: Adaptado de: Duarte (2020, p. 178) Lembre-se que para cortar o molde no tecido, é necessário preparar o molde para corte. Para tal, lembre-se de utilizar um tecido abaixo da folha em branco, e com o auxílio da carretilha copie as linhas do molde (sinalizadas na figura em negrito), acrescente as margens de costura conforme o tipo de acabamento que será trabalhado na saia. Sugestão para o acabamento: Zíper de 20 cm localizado no meio das costas, na cintura utilize o cós reto ou anatômico (tópico 1.2.1), e para a bainha deixe 1 cm para fazer uma bainha de lenço. Finalize o molde adicionando as informações do modelo, lembre-se de marcar o pique sinalizando o meio das costas e o meio da frente, o comprimento do zíper e também deixe o fio do molde em evidência. SAIBA MAIS Para cortar a saia godê no tecido, dobre-o ao meio, juntamente com o molde, ou então deixe-o aberto sob o tecido. Esse posicionamento poderá sofrer variações de acordo com o comprimento da saia, pois, se for maior que a largura do tecido, será necessário realizar uma adaptação no modelo, fazendo a redução do godê ou então a emenda do tecido. Fonte: A autora (2021). 55UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 55UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos Agora, faremos o traçado da saia meio godê, ou godê 2/4, realizando o seguinte cálculo: Medida da cintura pelo número π (3,14) 68 cm 3,14 = 21,6 Raio da cintura *com este cálculo, encontraremos a medida de 2/4 de godê. Comprimento da saia: 50 cm Assim como na saia godê total, considere a medida da cintura do tamanho 40, sendo 68 cm de cintura (vide tabela Unidade I), e realize o cálculo, será obtida a medida de raio da cintura (21,6 cm). Utilizaremos essa medida, e a medida de comprimento (50 cm) para desenvolver o molde ilustrado na Figura 6 a seguir. FIGURA 6 - SAIA MEIO GODÊ 2/4 - (A) REPRESENTAÇÃO DAS PARTES DO GODÊ; (B) REPRESENTAÇÃO DO CAIMENTO (A) (B) Fonte: Adaptado de: Duarte (2013, p. 135). Inicie seu molde no centro do papel, dobrado em duas partes, a dobra é feita no sentido da largura do papel. Importante que o seu papel esteja esquadrado, para que não comprometa a qualidade do traçado da saia, visualize o processo da dobra na Figura 4 apresentada anteriormente. Após cortar, e dobrar o papel inicie o traçado da modelagem da saia: 56UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 56UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos ● De A a B, trace uma linha saindo o centro do papel com a medida do raio do godê (21,6 cm); ● De B a C, marque o comprimento desejado (50 cm); ● Para traçar a circunferência utilize um compasso, apoiando a ponta seca em A. No final, seu diagrama deverá ficar igual ao desenho apresentado na Figura 7. FIGURA 7 - DIAGRAMA DA SAIA GODÊ 2/4 Fonte: Adaptado de: Duarte (2013, p. 137). Assim como na saia godê 4/4, ao cortar o molde no tecido, é necessário preparar o molde para corte. Para tal, com o auxílio da carretilha copie as linhas do molde (sinalizadas na Figura 7 em negrito), acrescente as margens de costura conforme o tipo de acabamento que será trabalhado na saia. Sugestão para o acabamento: Zíper de 20 cm localizado no meio das costas, na cintura utilize o cós reto ou anatômico (tópico 1.2.1), e para a bainha deixe 1 cm para fazer uma bainha de lenço. Finalize o molde adicionando as informações do modelo (conteúdo da Unidade I), lembre-se de marcar o pique sinalizando o meio das costas e o meio da frente, o comprimento do zíper e também deixe o fio do molde em evidência. 57UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 57UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos SAIBA MAIS Como vimos na Unidade I, existem diversas informações que podem ser colocadas no molde, mas devemos lembrar de colocar as essenciais, desta forma seu molde não fi- cará poluído com muitas palavras, que podem acabar confundindo ao invés de informar o(a) cortador(a), ou você mesmo(a) durante o corte do molde sob o tecido. Veja o exem- plo das especificações essenciais pensando no molde da saia godê 2/4: Modelo: Saia godê 2/4 Referência: S02* Tamanho: 40 Parte: Diagrama, molde para corte, molde de trabalho *Irá variar conforme a parte que você estiver colocando as especificações. Nº de partes: 02 (aqui são contados os diagramas/molde de trabalho e molde para cor- te). Também haverá variação nas quantidades Tecido: Plano Cortar: 1x na dobra do tecido Modelista: nome de quem executou o molde Dica: utilize uma letra para definir o tipo de modelo, no caso do “S” para representar a saia, e o número, para representar qual é a ordem desse modelo em uma coleção por exemplo, aqui, o 02 por ser o segundo modelo de saia desenvolvido. Fonte: A autora (2021). 1.2 Evasê FIGURA 8 - SAIA EVASÊ Fonte: Adaptado de: Duarte (2020, p. 164). 58UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 58UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos Para desenvolver o molde da saia evasê, faremos uma interpretação de modelos a partir da base da saia. Para tal, utilize a base da saia tamanho 40 desenvolvidas na Unidade I, copie para outro papel (em branco) marcando a linha do quadril e o ápice da pence, assim como a sua largura. Após copiar, recorte o molde deixando-o fora do papel, mas lembre-se, antes de cortá-lo, você deverá dobrar a pence, e marcar com a carretilha ou então corte o papel com a pence dobrada, para tal, utilize a fita adesiva (fita crepe) para segurar a dobra da pence. Após cortar, com o auxílio do esquadro, marque uma linha do ápice da pence até a barra da saia, feito isso, corte o molde de trabalho até chegar no ápice da pence. A pence deverá ser dobrada e colada com cola, conforme ilustrado na Figura 9. FIGURA 9 - INTERPRETAÇÃO DA SAIA EVASÊ A PARTIR DA BASE DA SAIA Fonte: Adaptado de: Duarte (2020, p. 164). Após cortar o molde e fechar as pences, você irá precisar de um papel em branco que caiba essa cópia que você acabou de criar. Além disso, deve-se pensar na largura deste papel e o acréscimo da abertura no ponto B. Conforme ilustrado na Figura 10. 59UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 59UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos FIGURA 10 - FINALIZAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO DA SAIA EVASÊ A PARTIR DA BASE DA SAIA Fonte: Adaptado de: Duarte (2020, p. 165). ● Ao colar no outro papel, cole primeiro a parte do centro/dobra do molde; Após colar com a régua ou a fita métrica, você deverá marcar de B até B 5 à 6 cm, essa medida pode variar conforme o tipo de abertura que você queira na saia, quanto mais aberta, maior deverá ser essa medida entre as partes. Observe também, que ao executar essa etapa,a parte superior onde se encontra a pence, não deverá amassar ou rasgar, respeite o limite do papel. ● De C até D esquadre uma linha que ultrapasse 5 cm da lateral da saia; ● Com a régua de quadril/curva de alfaiate, retrace a lateral da saia, unindo a linha da cintura até a barra. ● Com a mesma régua, trace a linha da barra, unindo o centro/dobra até o ponto D. ● Faça esse processo na parte dianteira e traseira da saia. Ao cortar o molde no tecido, é necessário preparar o molde para corte. Para tal, com o auxílio da carretilha copie as linhas do molde (sinalizadas na Figura 10 em negrito), acrescente as margens de costura conforme o tipo de acabamento que será trabalhado na saia. 60UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 60UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos Sugestão para o acabamento: Zíper de 20 cm localizado na lateral, na cintura utilize o revel (tópico 1.2.1), e para a bainha deixe 3 cm para fazer a bainha, sendo 1 cm para dobra de acabamento e 2 cm para virar e finalizar. Lembre-se que ao finalizar o molde para corte, nele e nas outras etapas desenvolvidas na interpretação de modelo devem ser adicionadas as informações do modelo (conteúdo da Unidade I). 1.2.1 Tipos de cós (reto e anatômico) e revel Durante o desenvolvimento da modelagem, cabe ao modelista pensar no tipo de acabamento que será utilizado na costura da peça, pois é uma etapa importante para ob- tenção de um bom produto, e que faz parte do processo de modelagem. Para tal, utiliza-se alguns recursos, dentre eles os mais utilizados são o cós na versão reta e anatômica, e também o revel ou limpeza interna. O cós é um tipo de acabamento que contorna a cintura da saia, sua modelagem é extremamente simples, é um retângulo construído com as medidas da cintura frente acres- cida da medida da cintura costas, ou seja, a circunferência total da cintura, sem as pences, mais o transpasse (DUARTE, 2020). O cós reto é indicado para quando o modelo, ou seja, a peça tem a cintura no lugar, então é desenvolvido um retângulo com a medida da cintura (frente e costas), mais a medida de transpasse, que pode variar de 2 a 4 cm dependendo do tipo de acabamento da saia, que pode ser botão, zíper e colchete; pela largura desejada, podendo ser dobrado - para tal dobra-se a medida de largura no diagrama - ou então cortado duas vezes para receber entretela e uma costura de pesponto na parte superior, que não será costurada a saia. FIGURA 11 - CÓS RETO Fonte: Adaptado de: Duarte (2020, p. 167). 61UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 61UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos SAIBA MAIS A entretela é um tecido feito de algodão engomado, geralmente confeccionado na cor branca, podendo aparecer também na cor preta, utilizado na confecção de colarinhos para camisas masculinas e femininas, além de punhos, bolsos e cós de algumas peças, como saias e calças, dentre outras aplicações. Fonte: A autora (2021). O cós anatômico é indicado para as peças que são construídas com a cintura abai- xo ou acima da linha de cintura da base. Como o nome já diz, o formato do cós anatômico é curvo, para se adaptar às curvas do corpo em que o produto será vestido. Devido a isso, ele é cortado duas vezes no tecido, e também pode receber a entretela como acabamento. O processo de construção deste cós anatômico é diferente do cós reto. Observe a Figura 12, e siga o passo a passo. FIGURA 12 - DIAGRAMA DO CÓS ANATÔMICO Fonte: JENCK et al., 2019, p. 34. 62UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 62UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos ● Com o esquadro, trace uma linha de A a B com a medida da cintura da peça (total); ● Do ponto B ao D, entrando na linha, marque a altura do cós, ou seja, o tamanho que você deseja que ele fique após costurado, pode ser 4 ou 5 cm, a medida varia conforme o resultado desejado. ● Una os pontos A, D e E com um semicírculo (utilize o compasso de papel); ● Trace um semicírculo unindo os pontos A, B e C; ● De B a C, com a fita métrica “em pé” marque a medida da cintura; ● De E a C, marque a mesma medida de B a D. Com o diagrama finalizado, você irá copiar o cós para outro papel, e acrescentar 1 cm de margem de costura em toda a volta do cós. Marque o fio no molde, e anote as especificações, se ficar poluído visualmente, anote em destaque o fio, o modelo, a parte e quantidade de vezes que deverá ser cortado na frente, e atrás do molde anote as demais especificações. Ao final, o formato do seu cós deverá ficar como o da Figura 13. FIGURA 13 - MOLDE FINALIZADO CÓS ANATÔMICO SEM MARGEM DE COSTURA Fonte: JENCK et al., 2019, p. 35. Por fim, outro tipo de acabamento muito utilizado em saias e também em blusas (decotes e cavas) é o revel, também chamado de limpeza interna ou externa. Este tipo de acabamento é feito com a mesma técnica de construção do cós anatômico. E pode ainda, ser construído sobre o molde, marcando uma linha na medida que deseja ter de acabamento, e copiando essa linha juntamente com o contorno lateral e linha da cintura em outro papel com o auxílio da carretilha, e acrescentar margem de costura. 63UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 63UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos FIGURA 14 - LIMPEZA INTERNA Fonte: Adaptado de: Duarte (2013, p. 45). FIGURA 15 - LIMPEZA EXTERNA Fonte: Adaptado de: Duarte (2013, p. 45). 64UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 64UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos 1.3 Rabo de peixe FIGURA 16 - SAIA RABO DE PEIXE Fonte: Adaptado de: Duarte (2013, p. 76). Para o desenvolvimento da saia rabo de peixe, utiliza-se também a base da saia, para que não se tenha o trabalho de desenvolver o diagrama base e depois transformá-lo neste modelo. Com uma folha de papel kraft em branco, iniciaremos nosso molde copiando a base do dianteiro e do traseiro da saia, desenhando a pence. Marque um ponto de A até C, com 35 cm; Com o esquadro, marque uma linha reta de C até D, verifique a medida da linha e a dividida em cinco partes iguais, depois as enumere de 1 a 5. Observe a Figura 17, e corte o molde de trabalho onde há a indicação com as tesou- ras, lembre-se de separar a parte de baixo (de B a C) da parte de cima da saia, de C até A. 65UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 65UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos FIGURA 17 - INTERPRETAÇÃO DA SAIA RABO DE PEIXE A PARTIR DA BASE DA SAIA Fonte: Adaptado de: Duarte (2013, p. 76). Agora, o próximo passo será dividir as partes de 1 a 5 que estão na linha de C a D, deixando um ponto de ligação entre elas, ou seja, cortá-las, mas sem separá-las. Após finalizar essa etapa, trace um ângulo de 90º em um papel em branco. Cole o centro frente da barra da saia, parte 1, na perpendicular que forma o ângulo. Depois, com a régua ou a fita métrica, a partir de 1, marque 5 cm, então cole a parte 2, depois repita o processo e marque da extremidade de 2 em direção à parte 3, 5 cm, repita o processo até colar a 5 partes. Com a régua curva francesa retrace as linhas do barrado da saia, unindo as cinco partes em uma linha contínua e curva (FIGURA 18). FIGURA 18 - INTERPRETAÇÃO DA SAIA RABO DE PEIXE A PARTIR DA BASE DA SAIA Fonte: Adaptado de: Duarte (2013, p. 76). 66UNIDADE I Introdução à Modelagem Plana 66UNIDADE II Desenvolvimento de Moldes Femininos Após finalizar, repita todo o processo na parte das costas da saia. Ao final, você terá quatro partes do molde compondo o modelo da saia rabo de peixe, sendo duas partes superiores (frente e costas), e duas partes inferiores, barrado da frente e barrado das cos- tas. A Figura a seguir apresenta os moldes finalizados da parte frente da saia. Lembre-se de colocar as especificações no modelo e também o tipo de acabamento, que poderá ser uma limpeza interna ou externa, ou até mesmo um cós reto; importante acrescentar zíper na lateral ou no centro costas como sistema de abertura da peça. FIGURA 19 - SAIA RABO DE PEIXE FINALIZADA SEM MARGEM DE COSTURA
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