@import url(https://fonts.googleapis.com/css?family=Source+Sans+Pro:300,400,600,700&display=swap); RESENHA CRÍTICA DO TEXTO \u201cA AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS\u201d, DE FÁBIO KONDER COMPARATO- Aluno A obra "A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos" de Fabio Konder Comparato apresenta uma análise profunda sobre a evolução histórica dos direitos humanos, desde sua concepção até os dias atuais. A introdução do livro, por sua vez, apresenta uma breve contextualização do tema, discutindo as diferentes concepções de direitos humanos ao longo do tempo e sua importância na garantia da dignidade humana.Trata-se de um convite à reflexão sobre a origem, evolução e importância dos direitos humanos na história da humanidade. O autor apresenta uma análise crítica e profunda sobre o tema, abordando conceitos e definições importantes para a compreensão do assunto.Comparato inicia a introdução ressaltando que os direitos humanos são um tema central na atualidade, uma vez que a sua proteção é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. O autor destaca que os direitos humanos são universais e inalienáveis, ou seja, são direitos que pertencem a todos os seres humanos e que não podem ser retirados ou negados por qualquer motivo.Hoje, entende-se que os direitos humanos são essenciais à dignidade da pessoa humana. Comparato defende que os direitos humanos são universais e inalienáveis, independentemente de raça, gênero, religião ou nacionalidade, e que sua proteção é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. O autor ainda destaca a importância da atuação do Estado na promoção e proteção dos direitos humanos, bem como a necessidade de uma participação ativa da sociedade civil na defesa desses direitos.No entanto, nem sempre o ordenamento jurídico entendeu dessa forma, o que contribuiu para a ocorrência de diversos desastres humanitários ao longo da história da humanidade. Já de início, o autor aborda a importância dos direitos humanos enquanto conquista da humanidade, resultado de um processo histórico e cultural que tem como base a luta por dignidade, liberdade e igualdade. Comparato ressalta que os direitos humanos foram resultado das lutas dos povos e das classes oprimidas, que reivindicaram esses direitos como forma de garantir a sua dignidade e liberdade.Ou seja, os direitos humanos passaram por grandes etapas históricas até chegaram a ser o que é hoje, as quais demandaram lutas e reinvindicações sociais importantes. O autor, brilhantemente, destaca:Pois bem, a compreensão da dignidade suprema da pessoa humana e de seus direitos, no curso da História, tem sido, em grande parte, o fruto da dor física e do sofrimento moral. A cada grande surto de violência, os homens recuam, horrorizados, à vista da ignomínia que afinal se abre claramente diante de seus olhos; e o remorso pelas torturas, pelas mutilações em massa, pelos massacres coletivos e pelas explorações aviltantes faz nascer nas consciências, agora purificadas, a exigência de novas regras de uma vida mais digna para todos. Apesar de ter demorado séculos para que fossem reconhecidos, os direitos humanos fazem parte de uma corrente de juristas que, há muito, já defendiam a ideia de igualdade entre os homens, pelo simples fato de serem seres humanos. Comparato argumenta que, apesar dos direitos humanos serem considerados universais, sua concepção é influenciada por questões culturais, políticas e econômicas, o que torna difícil uma definição precisa do termo. Nesse sentido, ele destaca a importância da reflexão crítica sobre o tema, a fim de compreendermos melhor suas complexidades e limitações. Indica, ainda, que a razão de ser dos direitos humanos se relaciona intrinsicamente com o próprio sentido da dignidade da pessoa humana e com a importância do processo de evolução dos seres vivos. O autor também aborda a relação entre os direitos humanos e o Estado, argumentando que, apesar do papel fundamental do Estado na garantia desses direitos, muitas vezes é ele mesmo quem os viola. Para ilustrar sua tese, Comparato cita diversos exemplos históricos, como a escravidão, o genocídio e as ditaduras militares, todos impostos a partir da própria ação estatal. Este trecho em especial demonstrou a relação existente entre os direitos humanos e a própria democracia. Para o autor, os direitos humanos não uma condição necessária para a efetivação do regime democrático. O autor ressalta que a garantia dos direitos humanos é uma responsabilidade tanto do Estado quanto da sociedade, e que a luta pela promoção e proteção desses direitos é um processo contínuo e dinâmico.Um ponto importante a respeito do papel do Estado, destacado pelo autor, é a questão da lei escrita e a forma como ela vincula os seres humanos e seus direitos. Comparato destaca que a lei escrita, como regra geral e uniforme, uma vez aplicável uniformemente a todos os indivíduos, faria parte da consolidação da igualdade, desde que o legislador a usasse de forma a garantir a dignidade das pessoas.Tal igualdade apenas foi possível a partir do reconhecimento de que as pessoas deveriam ser conhecidas como um fim em si mesmas, segundo manda a filosofia kantiana. Chegar a essa conclusão, no entanto, foi um processo. Conforme destaca Comparato, A justificativa científica da dignidade humana sobreveio com a descoberta do processo de evolução dos seres vivos, embora a primeira explicação do fenômeno, na obra de Charles Darwin, rejeitasse todo finalismo, como se a natureza houvesse feito várias tentativas frustradas, antes de encontrar, por mero acaso, a boa via de solução para a origem da espécie humana. Ultrapassam-se as concepções religiosas, depois as concepções filosóficas para, enfim, reconhecer-se a essência dos seres humanos enquanto elemento componente da própria dignidade do homem, enquanto ser racional. Inicialmente, a fé monoteísta trazia a ideia de que o mundo havia sido criado por um Deus único e transcendente, que era anterior e superior a tudo. Posteriormente, com a sabedoria grega, uma nova justificativa para a posição do homem no mundo é afirmada, baseada na ideia de uma natureza essencialmente racional do ser humano, que é capaz de refletir sobre si mesmo.Numa concepção moderna de filosofia, há uma justificativa científica para a ideia da dignidade humana, graças à descoberta do processo de seleção natural dos seres vivos por Charles Darwin. Isso levou à convicção de que não é por acaso que o ser humano representa o ápice da cadeia evolutiva das espécies vivas. Consequentemente, o autor argumenta que o curso do processo de evolução foi substancialmente influenciado pela aparição da espécie humana.Pra Kant, há duas espécies de imperativo, os hipotéticos e o imperativo categórico. O imperativo hipotético representa a necessidade prática de uma ação possível, considerada como meio de se conseguir algo desejado. O outro, por sua vez, é uma ação coo sendo necessária por si mesma, sem relação com finalidade alguma, exterior a ela. Neste sentido, consolida-se que a dignidade da pessoa não consiste apenas do fato de ser ela uma coisa, mas sim ser ela um fim em si mesmo, nunca devendo ser utilizado como um meio para a consecução de determinado resultado. A partir da vontade racional da pessoa, ela pode viver em condições de autonomia, como ser capaz de guiar-se pelas leis que ele próprio edita. Por isso, as pessoas seriam detentoras de dignidade, pela sua vontade racional. Existe, portanto, uma dicotomia entre as pessoas e as coisas, sendo que as coisas não possuem dignidade, mas tão somente são utilizadas para um fim. E é nesse sentido que Comparato passa a criticar o evento da escravidão e a forma como ela dizimou a dignidade de diversos povos, à medida em que as pessoas passaram a usar outras como coisas, independentemente de sua individualidade. Da mesma forma, esse preceito não foi respeitado pelos nazistas. Paralelamente, a transformação das pessoas em coisas ocorreu de forma menos espetacular, mas não menos trágica, com o desenvolvimento do sistema capitalista de produção. Marx denunciou que isso implica em reificação - uma inversão completa da relação entre pessoa e coisa - resultando na pauperização das massas proletárias e no surgimento dos trabalhadores assalariados que viviam em condições insalubres e impróprias para uma vida digna.Ao final da introdução, o autor destaca a importância de uma abordagem crítica e reflexiva sobre os direitos humanos, que leve em consideração as questões culturais, políticas e econômicas que permeiam sua concepção e efetivação.O autor também realiza uma análise crítica dos discursos que tentam relativizar ou negar a importância dos direitos humanos. Comparato destaca que os direitos humanos são uma conquista da humanidade, e que a sua proteção é fundamental para a construção de uma sociedade justa e igualitária.Hoje, os direitos humanos se encontram em posição privilegiada nos ordenamentos jurídicos que os adotam. Comparato destaca que o reconhecimento oficial dos direitos humanos da mais segurança às relações sociais, à medida em que também exerce uma função pedagógica no seio da comunidade, no sentido de faze prevalecer os grandes valores éticos. Destaca \u201cse a ordem jurídica forma um sistema dinâmico, isto é, um conjunto solidário de elementos criados para determinada finalidade e adaptável às mutações do meio onde atua, os direitos humanos constituem o mais importante subsistema desse conjunto. E, como todo sistema, eles se regem por princípios ou leis gerais, que dão coesão ao todo e permitem sempre a correção de rumos, em caso de conflitos internos ou transformações externas.\u201dA partir de 1948, com a edição da Declaração dos Direitos Humanos, uma série de modificações ocorreram. Vale ressaltar que a edição da norma apenas ocorreu após a eclosão da Segunda Guerra Mundial e da exposição do ocorrido pelas mãos da Alemanha Nazista. Uma das modificações mais importantes foi o reconhecimento dos direitos humanos enquanto direitos intrínsecos, que independem de positivação. Antigamente, era comum a positivação dos direitos humanos em Constituições, leis e tratados internacionais como forma de determinar o seu caráter de obrigatoriedade. Atualmente, felizmente, há um reconhecimento da validade dos direitos humanos independentemente de uma previsão expressa na legislação, em virtude dos valores que estão ligados ao respeito à dignidade da pessoa humana, que são impostos a todos os poderes constituídos, sejam eles oficiais ou não.Em síntese, o texto estudado apresenta uma visão crítica e reflexiva sobre os direitos humanos e sua formação e aplicação no ordenamento jurídico internacional, enfatizando a importância de compreendermos a evolução histórica dos direitos humanos e as complexidades que permeiam sua concepção e efetivação. Trata-se de uma obra fundamental para todos aqueles que se interessam pela temática e buscam uma reflexão crítica sobre o tema. Além disso, trata-se de um texto que demonstra a sensibilidade do autor ao tratar do tema, à medida em que reflete a profunda pesquisa realizada ao longo do livro e o respeito do autor no que tange aos princípios regentes dos direitos humanos.
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