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ETICA PROFISSIONAL DO SERVICO SOCIAL


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10/11/22, 18:58 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/18
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÉTICA PROFISSIONAL DO
SERVIÇO SOCIAL
AULA 6
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10/11/22, 18:58 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/18
Profª Carla Andréia Alves da Silva Marcelino
CONVERSA INICIAL
Nesta aula, vamos finalizar o estudo do código de ética profissional do/a assistente social,
abrindo com um assunto muito importante: o sigilo profissional. Como veremos, o sigilo está
abrangido no código como um direito do assistente social, que não poderá ser obrigado a revelá-lo
por qualquer pessoa que seja, assim como não poderá quebrar o segredo sobre qualquer coisa de
que tenha conhecimento em decorrência de seu trabalho pela sua vontade deliberada, sendo,
portanto, um dever profissional. Há condições específicas para a quebra de sigilo, as quais
abordaremos no Tema 1.  
Seguiremos para a última parte do código, a qual estabelece as formas de responsabilização do
profissional que violá-lo. Essa parte da norma é complementada por um documento que não
compõe o código, que é a Política Nacional de Fiscalização do Conjunto CRESS/CFESS, a qual
trabalharemos no Tema 3, além de outras normativas dos conselhos da categoria. O código, como já
abordado nesta disciplina, foi aprovado em 1993 e alterado apenas uma vez. É sabido que a
realidade social é dinâmica, requerendo atualizações e complementações, e tem sido uma opção do
conjunto CFESS/CRESS fazê-lo por meio de resoluções que possuem valor de norma complementar.
Nos Temas 4 e 5, refletiremos sobre alguns dilemas éticos no trabalho do assistente social,
muitos deles envolvendo a questão da relativa autonomia na profissão. Diz-se relativa autonomia
porque, apesar de sermos profissionais liberais e termos autonomia para a escolha de nossos
instrumentais de trabalho, somos massivamente trabalhadores assalariados. É comum que as regras e
normas dos ambientes de trabalho conflitem com os princípios éticos ou prerrogativas do código de
ética dos assistentes sociais. Isso muitas vezes exige posicionamentos ético-políticos do profissional
que poderão gerar represálias, assédios e mesmo demissões, no caso dos que estão na iniciativa
privada.
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Se nos pautarmos pela teoria social de Marx, compreenderemos que a sociedade está em
constante contradição, e que o conflito é inerente às relações sociais. E assim também o é o trabalho
do assistente social, permeado pelas forças políticas, relações de poder e expressões da questão
social que afetam a classe trabalhadora, tais como a precarização do mundo do trabalho. Assim,
convida-se para encerrar esta disciplina com as reflexões sobre esses temas tão fundamentais para o
cotidiano e para as relações de trabalho.
TEMA 1 – CÓDIGO DE ÉTICA PROFISISONAL DO/A ASSISTENTE
SOCIAL: A QUESTÃO DO SIGILO PROFISSIONAL   
Iniciaremos esta aula abordando os arts. 15 a 18 do código de ética, que versam especificamente
sobre as questões do sigilo profissional. O art. 15 impõe que é direito do assistente social guardar o
sigilo. Segundo Barroco e Terra (2012), o objeto jurídico deste artigo está na preservação da
intimidade das pessoas que usam os serviços prestados pelo assistente social, o que implica dizer
que o usuário tem o direito a não ter a sua intimidade revelada pelo assistente social, e, por
consequência, ao profissional precisa ser assegurado o direito de guardar tal sigilo. As autoras
explicitam que:
Nesta dimensão do direito, consequentemente, o sigilo deverá ser respeitado por todos os ouros
que se relacionam como o assistente social na sus atividade profissional, seja qualquer superior
hierárquico, empregador, patrão, enfim qualquer um que nas relações de poder possa ou pretenda
interferir na atividade profissional do assistente social, ou impor regras de conduta incompatíveis
com o sigilo profissional. (Barroco; Terra, 2012, p. 206)
Nesse sentido, o assistente social poderá usar o código de ética como argumento para não
violar sigilo, mesmo quando lhe for solicitado por seu superior que o faça. Para que o profissional
possa guardar sigilo, é necessário que seja assegurado a ele condições de trabalho que propiciem
isso, tais como salas individuais com vedação acústica, local de guarda de materiais de trabalho e de
prontuários de usuários.
O art. 16 do código traz mensagem similar ao 15, porém, enquanto no anterior o sigilo era
trazido como direito e prerrogativa profissional, agora ele aparece como dever do assistente social,
no sentido da obrigação de que, por meio do sigilo, o profissional proteja toda e qualquer
informação que tome conhecimento no decorrer do seu trabalho. Tal proteção, alertam Barroco e
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Terra (2012), deve se dar sobre qualquer informação prestada pelo usuário, seja ela falada ou escrita,
assim como aquelas obtidas por meio da observação e da interpretação da realidade.
Em grande parte dos espaços sócio-ocupacionais, o profissional trabalha atendendo pessoas a
fim de assegurar-lhes seus direitos sociais. O vínculo com o usuário atendido quase sempre será a
chave para um trabalho efetivo, uma vez que, ao estabelecer uma relação de confiança com o outro,
o assistente social terá maior possibilidade de afetá-lo, de proporcionar reflexões, assim como de
compreender as reais demandas – expressões da questão social – que trazem o usuário aos seus
serviços, permitindo uma intervenção que possa realmente assegurar direitos. Neste sentido, o
usuário precisa ter a certeza e ser conhecedor de que é direito seu não ter a sua intimidade revelada
pelo assistente social para que possa estabelecer uma relação de confiança com ele.
Ainda no art. 16, há um parágrafo único que define que, quando o assistente social estiver
inserido em equipe multiprofissional, as informações sigilosas sobre o usuário devem ser prestadas
dentro do limite do estritamente necessário. Sobre tal ponto, Barroco e Terra (2012, p. 206) afirmam
que, neste caso, “as regras deverão ser pactuadas por todos os profissionais, de acordo com as
especificidades de cada atividade”, o que implica dizer que todos os envolvidos naquela equipe
precisão acordar os limites do que será tratado e revelado, assim como firmar compromisso coletivo
de sigilo. Vale lembrar que a atuação em equipe multi ou interprofissional é estimulada, pois por
meio dela é possível compreender e intervir sobre os sujeitos em sua integralidade. Os limites para o
que poderá ser revelado são postos pela obrigação de preservar toda e qualquer informação que
possa ferir a dignidade do usuário, lesar sua imagem, causar perigo ou constrangimento (ibidem).
O art. 17 veda de forma mais clara e objetiva a revelação do sigilo profissional, vindo a reforçar
os artigos anteriores. Barroco e Terra (2012) voltam a afirmar que o objeto jurídico de tal norma é a
confiança na relação entre o profissional e o usuário. O direito à preservação da intimidade não é
apenas prerrogativa do código de ética, mas também direito fundamental constitucional, previsto no
art. 5º, inciso X, da Constituição Federal de 1988, sendo a violação ao sigilo, portanto, passível de
responsabilização pelo conjunto CFESS/CRESS e na esfera judicial, caso a pessoa lesada ingresse com
ação no Judiciário.
O art. 18, o último referente à questão do sigilo, prevê que a quebra deste só poderá acontecer
diante de situação gravosa que possa apresentar risco ao próprio usuário, a terceiros ou à
coletividade. Barroco e Terra (2012) alertam que tal quebra somente deve ocorrer quando um outro
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princípio ou valor do código de ética se sobrepuser à garantia do sigilo, como a defesa da vida e dos
direitos humanos. “Ora, a quebra de sigilo deve ser adotada somente quando puder contribuir ou
evitar a ocorrência de uma situaçãoconfigurada como de gravidade, perigosa, danosa para a
integridade física, psíquica, orgânica dos usuários ou de terceiros” (Barroco; Terra, 2012, p. 211).
Ainda assim, alerta-se para o fato de que, sempre que possível, o usuário deverá ser informado
de que aquela informação precisará ser repassada para outrem, para sua própria proteção, de
terceiros ou de um grupo. Dessa forma, tenta-se preservar a relação de confiança entre o profissional
e o sujeito. Importa também destacar que tal prerrogativa do código não se refere, por exemplo, a
atos criminosos ou contravenções cometidas pelo usuário e que este revele durante atendimentos
com o assistente social, pois não compete ao profissional “ser o acusador” ou delator dos usuários
(Barroco; Terra, 2012, p. 211).
O mesmo art. 18 se encerra com um parágrafo único que adverte que, quando necessária a
quebra do sigilo, esta deverá ser feita somente para as pessoas que realmente estiverem ligadas ao
assunto e possam tomar as devidas providências quanto a ele, não sendo autorizada a quebra a
esmo, para qualquer pessoa não envolvida nos fatos. Ademais, o grau de informações prestadas
deverá se restringir apenas e tão somente ao objeto que avaliou-se ofertar risco ou perigo ao usuário
ou a outrem, não sendo facultado revelar questões que não tenham interligação direta com estas.
Por fim, vale ressaltar que, em alguns espaços sócio-ocupacionais, especialmente naqueles em
que o assistente social atuará como perito ou realizando avaliação social para fins de acesso a
serviços, não se poderá guardar sigilo de todos os fatos trazidos pelos usuários, pois muitos terão
que compor relatórios encaminhados para subsidiar decisão de alguma autoridade, tal como o juiz,
promotor de justiça ou um gestor. Diante dessa situação, o assistente social deverá, de início, desde o
primeiro contato, informar ao usuário que tudo o que for por ele exposto poderá ser reduzido a
termo em relatório que será enviado à autoridade competente, facultando ao usuário expor ou não
situações que lhe possam ser vexatórias, constrangedoras ou que deturpem sua própria imagem.
TEMA 2 – CÓDIGO DE ÉTICA PROFISISONAL DO/A ASSISTENTE
SOCIAL: PENALIDADES E DISPOSIÇÕES FINAIS   
Chegamos à última parte do código ética, inscrita no Título IV, chamado “Da Observância,
Penalidades, Aplicação e Cumprimento deste Código”. Essa seção é aberta com o art. 21, que traz os
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três deveres do assistente social:
cumprir e fazer cumprir as normas previstas no código;
denunciar ao conjunto CFESS/CRESS o exercício irregular da profissão ou o cometimento de
infrações éticas por profissionais da categoria, desde que de forma fundamentada; e
obrigação de divulgar as regras do código aos estudantes de serviço social, seja na condição de
professor ou de supervisor de estágio.
Segundo Barroco e Terra (2012, p. 216), o objeto jurídico deste artigo é a defesa do código ética
e do projeto ético-político da profissão, não sendo facultado ao assistente social escolher segui-los
ou não, “o que significa dizer que todo assistente social, para além de cumprir as normas, deve
expressar uma conduta profissional que demonstre zelo com o cumprimento do código de ética”.
O art. 22 traz de forma mais clara as infrações disciplinares. Vale destacar que descumprir
qualquer princípio ou regramento do código se constitui em infração ética, mas neste artigo há um
regramento específico para as chamadas infrações disciplinares. Estas, apesar de não serem
necessariamente de natureza ética, são passíveis de responsabilização por desrespeitarem os
conselhos da categoria. Barroco e Terra (2012) destacam que as infrações éticas são também
disciplinares, mas ambas se diferem porque a infração ética é aquela que ocorre em decorrência do
exercício propriamente dito da profissão, enquanto existem outras infrações que não são decorrentes
deste exercício, as quais são infrações disciplinares, mas não se caracterizam como éticas.
As infrações disciplinares referem-se àquelas cometidas pelo assistente social em relação às suas
obrigações com o seu conselho de classe, a saber:
exercer a profissão quando estiver impedido de fazê-lo ou facilitar para que alguém impedido o
faça;
não atender no prazo estabelecido determinações emanadas pelas autoridades dos conselhos;
participar de instituição que tenha como objeto matéria de serviço social e que não esteja
inscrita regularmente no CRESS;
fazer ou apresentar documento falso ou adulterado perante o conjunto CFESS/CRESS.
Destaca-se que, apesar de a infração disciplinar constituída por deixar de pagar a anuidade do
CRESS ainda conste no código de ética, a Resolução n. 954/2020 definiu que tal situação não mais
poderá ser caracterizada como infração e tampouco ser o profissional penalizado por ela.
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O art. 23 inicia o bloco acerca das penalidades aplicáveis aos assistentes sociais que cometerem
infrações éticas e/ou disciplinares. Vale ressaltar que toda infração cometida e denunciada ao
conjunto CFESS/CRESS deverá ser seguida de um processo de apuração, assegurando ao profissional
o direito ao contraditório e à defesa, e somente será aplicada penalidade quando ao final deste
processo for julgada a procedência da infração cometida.  Barroco e Terra (2012) destacam que,
apesar de a penalidade ter caráter de responsabilização e sanção ao profissional, seu objetivo sempre
deverá será o de proteger a profissão e a categoria como um todo, assim como de reafirmar os
princípios do código de ética, não devendo jamais ter caráter punitivo, de vingança, retribuição do
feito ou de manchar a imagem do profissional.
Isto posto, o art. 23 apresenta as penalidades passíveis de serem aplicadas ao profissional, as
quais somente serão levadas a cabo após o final do processo de apuração e, caso o profissional entre
com recurso, após serem julgados todos os recursos possíveis. A pena deve sempre ser proporcional
à conduta praticada, portanto mais gravosa quanto maior for a gravidade da infração ética e/ou
disciplinar cometida pelo assistente social, conforme o art. 27. Outrossim, no momento de dosar a
penalidade, a comissão processante deverá levar em conta os antecedentes do profissional, fatores
atenuantes e agravantes, afetos à forma como a situação ocorreu, de acordo com o art. 26. Sobre os
antecedentes do profissional, o CFESS promulgou a Resolução n. 952/2020, que estabelece que as
penalidades cumpridas deverão ser retiradas do cadastro do profissional após cinco anos, não
podendo ser computadas para nova penalidade após decorrido esse prazo.
Barroco e Terra (2012) apontam também que, por mais que o profissional tenha, de uma só vez,
praticado mais de uma conduta antiética, será a ele aplicada apenas uma penalidade, não podendo
esta ser cumulada com outra, dentro de um mesmo processo e/ou situação. Ademais, conforme art.
32, a aplicabilidade de penalidade prescreverá em cinco anos, o que implica dizer que somente
poderão ser averiguadas por meio de processo denúncias de fatos ocorridos neste período. São
penas aplicáveis:
a) Multa: valor pago em dinheiro, revertido para o CFESS/CRESS; deverá ser quitada até
trinta dias após a publicação em Diário Oficial (art. 33), podendo ser fixada em valores entre
uma e dez vezes a anuidade vigente na data da aplicação da pena.
b) Advertência reservada: aplicada em caráter sigiloso, em sala das dependências do
CRESS, por conselheiro investido no cargo. Apesar de ser uma penalidade, a qual constará nos
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registros do profissional, tem caráter de orientação e de proporcionar reflexão ao assistente
social que tenha cometido tal violação. Esta é a única penalidade que não será publicada em
Diário Oficial, por ser sigilosa (art. 29). Segundo o art. 33, caso o assistente social penalizado
nãoseja localizado para receber a advertência, tal sigilo poderá ser quebrado e a pena,
publicizada.
c) Advertência pública: penalidade aplicada mediante divulgação dos fatos que ensejaram
a violação e pena aplicada. Em razão do constrangimento, Barroco e Terra (2012) asseveram
que somente deve ser utilizada quando houver falta ética grave comprovada, pois o nome e o
número do CRESS do profissional são divulgados abertamente. Destaca-se também o cuidado
na aplicação de tal penalidade, pois caso comprove-se ter sido feita de forma indevida, o
profissional poderá pleitear judicialmente danos morais e até materiais contra o conselho de
classe.
d) Suspensão do exercício profissional: pena gravosa, na qual o assistente social ficará
impedido temporariamente de exercer o serviço social, cerceando o profissional da
possibilidade de trabalhar na área. Somente deverá ser aplicada quando restar comprovado
que a continuidade do exercício poderá acarretar danos para a sociedade (Barroco; Terra, 2012).
O art. 25 define que a suspensão poderá ocorrer pelo período de trinta dias a dois anos, sendo
que a suspensão pelo não pagamento da anuidade deverá ser imediatamente cessada após a
quitação dos débitos.
e) Cassação do registro profissional: a mais grave de todas as penalidades, pois implica na
impossibilidade de exercício da profissão, por tempo indeterminado ou sem possibilidade de
um dia voltar a fazê-lo, sendo prevista no art. 33 a apreensão da carteira e da cédula de
identidade profissional. Barroco e Terra (2012) apontam que esta penalidade é permeada por
uma série de controvérsias, uma vez que que a Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso XLVII,
proíbe a aplicação de qualquer pena ou penalidade em caráter perpétuo; portanto, tal pena
pode ser questionada pelo profissional que a tiver recebido, o qual poderá recorrer a via
judicial, dada a sua inconstitucionalidade. Atento a isso, o conjunto CFESS/CRESS previu a
realização de processo de “reabilitação” profissional, possibilitando passar por capacitação e
processos de reflexão e, assim, requisitar a reativação, mediante solicitação, do seu registro no
CFESS/CRESS, após cinco anos. A única hipótese de irreversão desta penalidade é quando restar
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provado que o profissional fez falsa prova dos requisitos para exercício do serviço social, como
apresentar um diploma falso ou obtido por meio de fraude.  
Outrossim, o Código estabelece que o CRESS da região a qual pertence o profissional será
sempre o responsável por receber denúncia de infração e fazer a apuração por meio do devido
processo legal, sendo assegurado ao penalizado impetrar recurso ao CFESS, que é considerada a
instância superior máxima para julgamento de situações conflituosas, casos omissos ou dos quais
ainda restem dúvidas quanto à pertinência da pena aplicada.
TEMA 3 – OUTRAS NORMATIVAS DO CONJUNTO CRESS/CFESS
Conforme já explicitado, o CFESS possui a prerrogativa de orientar e normatizar o exercício da
profissão de assistente social, fazendo-o por meio de normativas, especialmente no formato de
resoluções. Vale lembrar que o próprio código de ética foi também promulgado por meio de uma
resolução do Conselho Federal. No site do CFESS é possível ter acesso a todas as resoluções que
estão em vigência, e é fundamental que os alunos façam tal pesquisa e tomem conhecimento delas,
pois neste momento abordaremos apenas aquelas que mais frequentemente são utilizadas ou que
são alvos de intensos debates dentro da categoria. A íntegra das resoluções pode ser encontrada no
link: <www.cfess.org.br/visualizar/menu/local/resolucoes-do-cfess>.
Destacamos de início a Resolução n. 845/2018, a qual traz parâmetros para atuação do assistente
social em relação ao processo transexualizador, impondo ao profissional a obrigatoriedade de prestar
apoio e, por meio de sua atuação, viabilizar acesso aos direitos de pessoas transsexuais e
transgêneros. O profissional deve agir de forma a promover a reflexão crítica sobre os padrões de
gênero vigentes na sociedade, assim como respeitar a autodesignação dos sujeitos em relação ao
seu gênero, fazer uso do nome social do usuário quando por ele indicado e emitir opinião técnica, na
perspectiva de garantia de direitos, sobre acesso a procedimentos de transformação corporal. Na
mesma esteira, a Resolução n. 785/2016 assegura ao assistente social transexual o direito de inclusão
e de uso do nome social nos registros profissionais. No mesmo bojo, a Resolução n. 489/2006 proíbe
ao assistente social agir de forma discriminatória em qualquer contexto, mas especialmente no que
se refere à orientação sexual.
A Resolução n. 572/2010 define que os profissionais que exercerem atribuições privativas de
assistente social, mas forem contratados por seus empregadores em cargos genéricos, tais como
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gestor social, analista social, analista judiciário, agente profissional, dentre tantos outros, deverão ter
registro regular no CRESS para poder exercer a função. Isto porque, para “fugir” de contratar
assistente social com a carga horária de 30 horas semanais ou do pagamento de salários adequados
para a profissão, muitos órgãos públicos e instituições privadas passaram a realizar contratações com
tais nomes, alegando não se tratar da profissão de assistente social, mesmo exigindo diploma de
graduação em serviço social no momento da contratação.
Outra importante Resolução é a de n. 569/2010, a qual veda ao assistente social realizar terapias
associadas ao título ou ao nome do serviço social. Isso se deve ao fato de, atualmente, existirem uma
infinidade de terapias que qualquer profissional, tendo realizado um curso específico, pode
desenvolver, tais como a hipnose terapêutica, constelação familiar, terapia comunitária e várias
outras. Porém, caso o profissional decida por trabalhar com alguma dessas técnicas, não poderá fazê-
lo em campo de trabalho do assistente social e tampouco na condição de profissional da área, sendo
vedada e passível de responsabilização a intervenção dessa natureza associada ao serviço social.
Já a Resolução n. 559/2009 foi fruto de grande debate e de disputas judiciais, tanto que, quando
esta aula foi produzida, encontrava-se suspensa por uma decisão judicial. Tal normativa reforça a
proibição do assistente social de atuar como testemunha em processos judiciais dos quais tenha
conhecimento dos fatos em razão de sua atividade profissional. Ainda, estabelece que o assistente
social que atuar como perito ou assistente técnico em um processo judicial somente poderá prestar
oitiva sobre assunto de natureza técnica, restrito ao conteúdo do seu relatório já colacionado ao
processo judicial.
A Resolução n. 557/2009 versa sobre relatórios emitidos em conjunto com outros profissionais
de outras categorias, criando o instrumento denominado “Relatório Multiprofissional”. Nesta
modalidade de relatório, ambos os profissionais desenvolvem seus processos de trabalho
separadamente, sendo que o assistente social realizará o seu estudo social como de hábito, enquanto
as outras profissões também realizam seus procedimentos. No momento do registro, as informações
descritivas podem ser apresentadas em conjunto (identificação, dinâmica e histórico familiar,
condições sociais, econômicas, de saúde, escolares), mas as análises interpretativas e conclusões
devem obrigatoriamente ser destacadas em separado, respeitando o que compete a cada uma das
profissões envolvidas.
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A Resolução n. 556/2009 estabelece normas para lacração de documentos e materiais sigilosos. É
sabido que toda informação obtida pelo assistente social em decorrência do exercício é sigilosa, mas
toda informaçãoque, conforme o art. 2º da referida resolução, caracterizar-se por conteúdo cuja
divulgação “comprometa a imagem, a dignidade, a segurança, a proteção de interesses econômicos,
sociais, de saúde, de trabalho, de intimidade e outros, das pessoas envolvidas” deverá ser lacrada
pelo ou na presença de um fiscal do CRESS, somente podendo ser aberta em condições específicas,
também sob a supervisão do Conselho Regional.
A Resolução n. 533/2008 regulamenta a supervisão de estágio em serviço social, devendo seu
conteúdo ser estudado por todos os alunos antes do ingresso na atividade, seja ela voluntária ou
obrigatória.
A Resolução n. 512/2007 é de fundamental importância, pois regulamenta e estabelece a Política
Nacional de Fiscalização do conjunto CFESS/CRESS, dando poderes, criando comissões e delegando
atribuições no que se refere ao trabalho de prevenção e orientação aos profissionais sobre os
princípios éticos da profissão, assim como regra a forma de fiscalização do exercício profissional,
criando as Comissões de Orientação e Fiscalização – COFIs e definindo suas competências em todo o
território nacional. Por fim, delega e impõe regras para exercício das funções de agente fiscal do
CFESS/CRESS.
A Resolução n. 493/2006 estabelece as condições éticas e técnicas que devem ser asseguradas
ao assistente social para que possa exercer seu ofício adequadamente, trazendo regras sobre as
condições do espaço físico, condições de salubridade, existência de mobília e materiais de trabalho
que assegurem a qualidade das ações, e, principalmente, que deem condições ao assistente social de
manter o sigilo de seus atendimentos e a guarda correta de materiais que devem ser mantidos em
segredo, especialmente aqueles que contenham informações dos usuários. Por fim, temos a
Resolução n. 383/1999, que define que o assistente social é um profissional de saúde, mesmo
quando atuando em outras políticas sociais ou áreas de abrangência. Tal resolução encontra respaldo
na Resolução n. 218/1997 do Conselho Nacional de Saúde, o qual listou o rol de profissões
enquadradas como sendo desta área, figurando o assistente social em tal listagem.
TEMA 4 – DILEMAS ÉTICOS CONTEMPORÂNEOS NO SERVIÇO
SOCIAL:  A RELATIVA AUTONOMIA NO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO
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Nesta primeira parte, abordaremos um dilema que não é contemporâneo, mas que atravessa a
profissão desde sempre e que, ao longo do tempo, vai tomando novas proporções e novas faces. O
serviço social, como citamos na anteriormente, está inscrito na divisão social e técnica do trabalho
como profissão liberal, possuindo liberdade e autonomia para escolher os caminhos para a
realização de seu trabalho. Todavia, essa liberdade e autonomia são relativas, porque o assistente
social não é dono dos recursos com o qual trabalha, assim como, por ser trabalhador assalariado,
está sujeito ao mando de seu empregador.
É sabido que há uma contradição posta na atuação do assistente social, pois enquanto os
princípios ético-políticos que regem a profissão assumem compromisso com a classe trabalhadora e
com a construção de um novo projeto societário, estamos também a serviço do capital, inseridos no
mundo do trabalho, vendendo nossa força e trabalhando, de forma direta ou indireta, para a
reprodução do capital, na medida em que asseguramos direitos de reprodução da vida material da
classe trabalhadora.
Essa contradição inerente à profissão produz uma autonomia relativa, no sentido de que nos
mais diversos espaços sócio-ocupacionais no qual trabalha, o assistente social possui pouca
autonomia para escolher o que fazer, cabendo-lhe somente a liberdade de decidir como fazer o seu
trabalho. Ou seja, no desenvolvimento do seu trabalho, o assistente social é autônomo para escolher
os meios (os instrumentos) para realização da sua ação (Carvalho; Marcelino, 2019). A essa autonomia
Iamamoto (2015) dá o nome de “autonomia relativa” no exercício do trabalho. Lagioto (2013, p. 37)
concorda e afirma que mesmo estando subordinado ou atrelado a um chefe ou gestor, o assistente
social goza de autonomia e liberdade técnico-profissional para desenvolver o seu trabalho:
É importante salientar que a “autonomia técnico-profissional” não se restringe ao direito do
profissional de exercer com liberdade a sua atividade profissional, apenas em sua dimensão
técnico-operativa, mas o termo “técnica” se refere ao conhecimento especializado do assistente
social, à sua expertise, que envolve as três dimensões do exercício profissional: a teórico-
metodológica, a ético-política e a técnico-operativa, e neste sentido, particulariza a sua intervenção
na divisão social e técnica do trabalho.
Fávero (2014, p. 40), corrobora com tal afirmação, asseverando que o assistente social  “é
autônomo no exercício de suas funções, o que se legitima, fundamentalmente, pela competência
teórico-metodológica e ético-política por meio da qual executa o seu trabalho”. Assegurar tal
autonomia técnica não é processo fácil, e a construção desse espaço depende também da postura do
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conjunto de profissionais. Isso só se faz mediante conhecimento da realidade social e institucional,
domínio técnico dos assuntos relacionados ao serviço social, inclusive das leis e normas que
envolvem a área, ganhando estofo e conteúdo para fazer a discussão e a problematização da questão
da autonomia no campo em que se está inserido: 
Orientar o trabalho profissional nos rumos aludidos requisita um profissional culto e atento às
possibilidades descortinadas pelo mundo contemporâneo, capaz de formular, avaliar e recriar
propostas ao nível das políticas sociais e da organização das forças da sociedade civil. [...]. Mas
também um profissional versado no instrumental técnico-operativo, capaz de realizar as ações
profissionais, aos níveis de assessoria, planejamento, negociação, pesquisa e ação direta.
(Iamamoto, 2015, p. 144)
 Iamamoto (2015, p. 99) deixa posto o desafio à categoria dos assistentes sociais: “Apropriar-se
da dimensão criadora do trabalho e da condição de sujeito que interfere na direção social do seu
trabalho é uma luta a ser travada cotidianamente”. Carvalho e Marcelino (2019) refletem que o
empoderamento e o reconhecimento da importância da profissão dependem da postura e da
competência do coletivo de profissionais e da imagem que estes construirão no e para o mundo do
trabalho. Esse empoderamento somente será factível quando toda a categoria conseguir
problematizar as contradições e tensões presentes no bojo da própria profissão e dos espaços sócio-
ocupacionais.
TEMA 5 – DILEMAS ÉTICOS CONTEMPORÂNEOS NO SERVIÇO
SOCIAL
Com base na questão da autonomia relativa, passemos a refletir sobre alguns dilemas vistos no
cotidiano dos assistentes sociais, para os quais a qualificação e o empoderamento dos profissionais
são essenciais. Como é sabido, grande parte dos assistentes sociais atuam na esfera pública, em sua
maioria atuando em municípios, na política de assistência social. É consenso que um dos maiores
trunfos do serviço social é o conhecimento da realidade do ponto de vista de onde ela ocorre, já que
atuamos diretamente no território e formamos vínculos com os usuários daquela localidade. Também
é sabido que, no Brasil, as práticas clientelistas, paternalistas e assistencialistas são históricas, pois
desde a transformação do Brasil em República muitos gestores vêm se apropriando do Estado para
benefício próprio, inclusive com fins eleitoreiros.
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E onde essas coisas se unem? Nas tentativas sucessivas de uso do trabalho do assistente social,
especialmente no território, para tais finalidades, submetendo os profissionais a trabalhos
assistencialistas, pouco efetivos, com intuito de fazer parecer que a política pública é dádiva de um
ou outro governante. Essaspráticas muitas vezes se dão na forma de distribuição de benefícios
usando o nome e até cartas de gestores, em obrigatoriedade de trabalho em campanhas eleitorais,
ações de marketing na área social, todas sem qualquer cunho técnico e garantia real de direitos da
classe trabalhadora.
Nesse sentido, o profissional precisa se empoderar individualmente, mas, principalmente,
engajar-se com a categoria e valer-se do código de ética para se negar a realizar tais ações, ou ao
menos, fazê-las de forma a assegurar direitos, e não mais opressão aos usuários. Sabe-se que tais
negativas muitas vezes trarão consequências, como perseguições políticas, remoções de local de
trabalho e animosidades no espaço sócio-ocupacional, cabendo ao profissional denunciar sempre
que se sentir coagido a fazer algo que viole os princípios ético-políticos da profissão.
Situação similar ocorre nos espaços de trabalho privados, em que o profissional não possui
estabilidade no emprego e precisa manejar situações assediosas que possam vir a surgir, sob pressão
de demissão. Vale ressaltar que, na área privada, o profissional quase sempre atuará no equilíbrio
entre o capital e a classe trabalhadora, administrando políticas internas de compensação aos
empregados ou população abrangida pela empresa ou indústria. Mais uma vez, conhecer o código
de ética a fundo e as situações em que pode ser aplicado será mister para despessoalizar as relações
e sensibilizar empregadores de que não se trata de escolha daquele profissional, mas de preceitos
que regulamentam a profissão.
Situação mais delicada envolve os assistentes sociais contratados na área pública por funções
comissionadas, as quais são de livre nomeação do gestor, comumente do prefeito, governador,
secretários municipais ou estaduais. Uma vez contratado por liberalidade de alguém, é comum que
seja cobrado e instado a “pagar favores” àquele que lhe deu o emprego, exigindo do profissional a
realização de atividades que não são de sua competência ou utilizando seus trabalhos para fins
político-partidários, o que é vedado pelo código de ética.
Por fim, uma das relações mais difíceis dentro da profissão refere-se ao assistente social com os
órgãos que compõem o sistema de justiça e os espaços ocupacionais da área sociojurídica, como
Poder Judiciário, Ministério Público, penitenciárias, centros de socioeducação, entre outros.
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Primeiramente, porque se trata de relações extremamente hierarquizadas, tais como no Poder
Judiciário, em que o assistente social contratado está subordinado ao juiz que lhe demanda o
trabalho e muitas vezes extrapola em seus pedidos, define quais instrumentos o assistente social
deverá usar e cobra que, por meio da perícia social, este apresente verdades absolutas que
subsidiarão a decisão do magistrado.   Outrossim, a perícia social na área sociojurídica tem
implicações na questão do sigilo profissional, uma vez que o assistente social precisará registrar o seu
estudo social na forma de relatório, o qual será acessado não apenas pelos usuários interessados,
mas também por advogados e funcionários administrativos, sendo essencial que nos relatórios sejam
somente colocadas informações absolutamente necessárias ao processo e que justifiquem e
fundamentem o parecer conclusivo que será apresentado ao final.
O relatório não deve ser elaborado pelo assistente social com o intuito de servir de prova
processual, mas precisa ser construído tendo em mente que ele será inevitavelmente usado para tal,
motivo pelo qual o cuidado no registro e nas informações prestadas deve ser redobrado.
Informações soltas, não colocadas de forma clara e não interpretadas à luz de referencial teórico-
metodológico, podem ser usadas por outros profissionais para prejudicar os jurisdicionados ou
cercear direitos a eles, especialmente em casos de guarda, destituição de poder familiar, acolhimento
de crianças e adolescentes e de adolescentes autores de ato infracional. Ainda dentro da seara
sociojurídica, destaca-se a realização do depoimento especial por profissional do serviço social,
conforme previsto na Lei n. 13431/2017, a qual traz que toda criança ou adolescente vítima de
violência deverá ser inquirida por “profissional qualificado”, sendo consenso na área judicial que tais
profissionais sejam psicólogos ou assistentes sociais.
A inquirição de pessoas, sejam crianças ou adultos, com fins de produção de prova processual,
que servirá exclusivamente para responsabilização do réu e não necessariamente para assegurar
direitos das vítimas, não está no escopo das atribuições e competências. Além disso, no formato em
que tais depoimentos ocorrem, com transmissão ao vivo da entrevista com a criança para uma sala
de audiência na qual estão o réu, juiz, promotor, advogados e familiares, fere brutalmente a questão
do sigilo profissional. Destaca-se que o CFESS, por meio da Resolução n. 554/2009, havia
normatizado a proibição de assistentes sociais participarem da inquirição de vítimas e testemunhas
de crimes, mas tal resolução foi revogada por força de determinação judicial, sob a alegação de que
uma lei federal (13431/2012) é maior e tem maior peso jurídico do que uma resolução de conselho
de classe, que não tem poder de legislar, deixando atualmente os profissionais suscetíveis às relações
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hierárquicas de poder, sendo que muitos são coagidos a fazer o depoimento especial, sob pena de
responder administrativamente por descumprimento de ordem judicial.
NA PRÁTICA
Uma assistente social que trabalha em uma unidade socioeducativa, na qual são atendidos
adolescentes autores de ato infracional em medida de internação, atendia a dois adolescentes
semanalmente. Após adquirir vínculo com os jovens, o primeiro acabou por revelar à profissional
durante uma entrevista que, além do ato infracional pelo qual respondia cumprindo a medida de
internação, teria sido o autor de vários outros, manifestando inclusive sentir culpa e remorso porque
em uma dessas situações teria praticado um homicídio, o qual tinha sido investigado pela polícia,
sem sucesso em encontrar o autor. Ou seja, o adolescente confessou a prática de um crime contra a
vida de uma pessoa durante o atendimento social.
O segundo adolescente vinha se apresentando mais calado e entristecido, e, durante uma
entrevista, acabou revelando que tinha intenções suicidas, pois se sentia sozinho, abandonado pela
família e amigos durante a privação de liberdade, que tinha vergonha do ato cometido e temia o seu
retorno à comunidade onde vivia. Esse conteúdo foi recorrente e, a cada atendimento, o adolescente
trazia ideias ainda mais elaboradas acerca de suicídio, chegando a verbalizar que pretendia enforcar-
se usando sua própria roupa.
Diante das duas situações: em quais delas seria justificável a quebra do sigilo? Por quê? De que
forma poderia ser feito e a quem poderia ser repassada a informação?
FINALIZANDO
Nesta aula, finalizamos o estudo do código de ética dos assistentes sociais, trabalhando uma
questão fundamental, que é a do sigilo profissional. Vimos que o sigilo aparece no código tanto
como direito e prerrogativa do assistente social, quanto como obrigação, destacando que o sigilo,
além de proteger a intimidade dos usuários, é peça-chave para assegurar uma relação de confiança
com eles, confiança esta tanto no profissional que o atende quanto no coletivo da categoria. No
último bloco de estudos sobre o código de ética, vimos acerca das penalidades, abordando que,
quando devidamente processada e verificada a procedência de uma falta ética ou disciplinar, poderá
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ser aplicada ao profissional penalidade que vai desde a multa pecuniária até a cassação de seu
registro profissional, sendo que para aplicação da pena dever-se-á levar em consideração os
antecedentesdo profissional, os atenuantes e os agravantes da situação que ensejou o processo
ético.
Na sequência, vimos que o CFESS vem ao longo do tempo atualizando as normativas e a
regulamentação do exercício profissional, acompanhando as mudanças que ocorrem na sociedade.
Ele o faz por meio de resoluções que vão inserindo ou excluindo direitos e deveres, sem, contudo,
alterar o código de ética original, aprovado em 1993. Vimos que tais resoluções acompanham
questões de gênero e orientação sexual, lacre de documentos, condições adequadas nos locais de
trabalho, entre vários outros assuntos apresentados. Vale ressaltar que mesmo não estando no
código de ética, os deveres trazidos por estas resoluções são de caráter obrigatório para a categoria.
Por fim, apresentamos algumas reflexões acerca de questões éticas do cotidiano profissional, as
quais impõem no dia a dia conflitos e confrontos constantes entre o que é exigido do profissional e
os princípios postos no projeto ético-político da profissão, apontando que a melhor forma de
manejar tais situações é qualificar o trabalho, munir-se de conhecimento teórico-metodológico e
ético-político, além de conhecer as normativas e leis que regulam e regulamentam a profissão, para
assegurar um trabalho de qualidade e livre de interferências políticas e hierárquicas, tão presentes
nas relações de poder postas nos espaços sócio-ocupacionais em que os assistentes sociais estão
inseridos.
REFERÊNCIAS
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Cortez, 2012.
CARVALHO, M. B.; MARCELINO, C. A. A. S. Trabalho e sociabilidade. Curitiba: InterSaberes,
2019. 
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Resolução CFESS n. 273, de 13 de março de 1993.
Disponível em <www.cfess.org.br/arquivos/CEP_CFESS-SITE.pdf>. Acesso em: 28 maio 2021. 
FAVERO, E. T. O estudo social: fundamentos e particularidades de sua construção na área
judiciária. In: CFESS (Org.). O estudo social em perícias, laudos e pareceres técnicos: debates atuais
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no judiciário, no penitenciário e na previdência social. São Paulo: Cortez, 2014.
IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional.
26. ed. São Paulo: Cortez, 2015.
LAGIOTO, N. Autonomia profissional x trabalho assalariado: exercício profissional do assistente
social. Revista Conexão Geraes, Belo Horizonte, n. 3, p. 37-42, 2013.