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Prof. Anderson Pinho www.filosofiaesociologia.com.br 1 ESCOLA DE FRANKFURT A Escola de Frankfurt surgiu do Instituto de Pesquisa Social, fundado em Frankfurt no início da década de 1920 e tem como seus principais representantes Theodor Adorno, Max Horkheimer, Herbert Marcuse, Walter Benjamin, Erich Fromm e Jügen Habermas, este último considerado como pertencente à segunda geração dessa escola. Para entendermos o que eles produziram e porque decidiram escrever sobre o que escreveram, nós temos que ter em mente o que eles viram e viveram no seu tempo. A escola começa na década de 20, mas obviamente eles nasceram um pouco antes e puderam presenciar a consolidação de uma nova sociedade e com isso várias mudanças de comportamentos. Os caras estavam alí, no início do século XX. Tínhamos, em decorrência da Revolução Industrial, a produção de bens de consumo em larga escala, consequência disso, a guerra por mercados e depois a guerra de verdade, a Primeira Guerra Mundial que durou de 1914 a 1918. Imediatamente após esses acontecimentos temos a consolidação dos Estados Unidos da América com sua sociedade de consumo como uma potência econômica e a crise de 1929 que quase acaba com toda economia globalizada. Há a ascensão dos regimes totalitários do nazismo e do fascismo culminando na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) que deixou a humanidade perplexa com o holocausto. Prof. Anderson Pinho www.filosofiaesociologia.com.br 2 Então pessoal, é em meio a tudo isso que a escola emerge com a pretensão de tentar explicar o que levou uma civilização dita racional a cometer tanta barbaridade, e com isso, apresentavam um modo novo de pensar sobre a sociedade. Dessa maneira, eles passaram a analisar que tipo de racionalidade é essa que direcionou a humanidade à autodestruição e ajudou a criar meios de dominação social, semelhante à dominação proporcionada sobre a natureza através do método científico. Nesse sentido, se opuseram ao pensamento tradicional produzido pelos filósofos desde Descartes até o iluminismo, e se destacaram por sua teoria crítica que atacava principalmente essa razão iluminista que estava no cerne da fundação da sociedade (mundo) moderna. Diferentemente do caráter especializado da ciência, que disseca a realidade para estudar suas partes de maneira separada, os pensadores dessa escola discutiram sobre vários temas de caráter tanto filosófico quanto sociológico, tais como autoridade, autoritarismo, totalitarismo, família, cultura de massa, liberdade, o papel da ciência e da técnica. Isso porque entendiam que a pesquisa social não pode se dissolver em várias pesquisas especializadas e setoriais. Para eles, a sociedade deve ser pesquisada “como um todo” nas relações que se ligam através dos âmbitos econômicos, culturais e psicológicos. É aqui que se instaura a ligação entre hegelianismo (totalidade e dialética), marxismo (crítica social) e freudismo (estudo do inconsciente que domina esse ser racional que se diz consciente de si mesmo), que influenciará a obra dos pensadores da Escola de Frankfurt. A teoria crítica desenvolvida por eles pretende fazer emergir as contradições fundamentais da sociedade capitalista e apontar para “um desenvolvimento que leve a uma sociedade sem exploração”. 1. THEODOR ADORNO A Filosofia de Theodor Adorno (1903- 1969), considerada uma das mais complexas do século XX, fundamenta- se na perspectiva da dialética. Dialética do esclarecimento Uma das suas importantes obras, a Dialética do Esclarecimento (1947), escrita em colaboração com Max Horkheimer durante a segunda guerra mundial, é uma crítica da razão instrumental, conceito fundamental deste último filósofo, ou, o que seria o mesmo, uma crítica, fundada em uma interpretação negativa do Iluminismo, de uma civilização técnica e da lógica cultural do sistema capitalista (que Adorno chama de “indústria cultural”). Também uma crítica à sociedade de mercado que não persegue outro fim que não o do progresso técnico e o lucro. A atual civilização técnica, surgida do espírito do Iluminismo e do seu conceito de razão, não representa mais que um domínio racional sobre a natureza, que implica paralelamente um domínio (irracional) sobre o homem; os diferentes fenômenos de barbárie moderna (fascismo e nazismo) não seriam outra coisa que não mostras, e talvez as piores manifestações, desta atitude autoritária de domínio sobre o outro. Em sua Dialética Negativa, Adorno intenta mostrar o caminho de uma reforma da razão mesma, com o fim de libertá-la deste lastro de domínio autoritário sobre as coisas e os homens, lastro que ela carrega desde a razão iluminista. Seu pensamento opõe-se à filosofia dialética inspirada em Hegel, que reduz a sistema todas as coisas através do pensamento, superando suas contradições (crítica também do Positivismo, que deseja assenhorar- se da natureza por intermédio do conhecimento científico). A razão só deixa de ser dominadora se aceita a dualidade de sujeito e objeto, interrogando e interrogando-se sempre o sujeito diante do objeto, sem saber sequer se pode chegar a compreendê-lo por inteiro. Da Crítica da Razão, Adorno chega também à crítica da linguagem. Para Adorno, toda linguagem conceitual realiza alguma forma de violência cognitiva, pois nunca é possível conformar totalmente às palavras aos objetos e sentimentos tais como eles são (contradição do "não-idêntico"). Como alternativa e complemento à linguagem conceitual, Adorno valoriza a linguagem artística, a qual consegue expressar as irracionalidades, contradições e Prof. Anderson Pinho www.filosofiaesociologia.com.br 3 estranhamentos dos sujeitos, sem violentá-las por meio de conceitos. Ao erigir os seus próprios significados, cada obra de arte cria o seu mundo interno (ser-para- si), sem necessidade de se espelhar em objetos externos e incorrer em violência cognitiva. Para ele, o conceito de técnica não deve ser pensado de maneira absoluta: ele possui uma origem histórica e pode desaparecer. Ao visarem à produção em série e à homogeneização, as técnicas de reprodução sacrificam a distinção entre o caráter da própria obra de arte e do sistema social. Desse modo, se a técnica passa a exercer imenso poder sobre a sociedade, tal ocorre, segundo Adorno, graças, em grande parte, ao fato de que as circunstâncias que favorecem tal poder são arquitetadas pelo poder dos economicamente mais fortes sobre a própria sociedade. Em decorrência, a racionalidade da técnica identifica-se com a racionalidade do próprio domínio. Essas considerações evidenciariam que, não só o cinema, como também o rádio, não devem ser tomados como arte. “O fato de não serem mais que negócios – escreve Adorno – basta-lhes como ideologia”. Enquanto negócios, seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e programada exploração de bens considerados culturais. Tal exploração Adorno chama de “indústria cultural”. Indústria cultural O termo foi empregado pela primeira vez em 1947, quando ele publicou a Dialética do Esclarecimento, juntamente com Max Horkheimer. A expressão “indústria cultural” visa a substituir “cultura de massa”, pois esta induz ao engodo que satisfaz os interesses dos detentores dos veículos de comunicação de massa. Os defensores da expressão “cultura de massa” querem dar a entender que se trata de algo como uma cultura surgindo espontaneamente das próprias massas. Adorno diverge frontalmente dessa interpretação e explica que a indústria cultural é um sistema político e econômico que tem por finalidade produzir bens de cultura como filmes, livros, música popular, programasde TV, entre outros, como mercadoria e como estratégia de dominação social. Ao aspirar à integração vertical de seus consumidores, não apenas adapta seus produtos ao consumo das massas, mas, em larga medida, determina o próprio consumo. Quer dizer, as pessoas pensam estar consumindo o que querem quando na verdade estão consumindo o que o sistema quer que eles consumam. Interessada nos homens apenas enquanto consumidores ou empregados, a indústria cultural reduz a humanidade, em seu conjunto, assim como cada um de seus elementos, às condições que representam seus interesses. A indústria cultural traz em seu bojo todos os elementos característicos do mundo industrial moderno e nele exerce um papel específico, qual seja, o de portadora da ideologia dominante, a qual outorga sentido a todo o sistema. Adorno fala como a ideologia capitalista, e sua cúmplice, a indústria cultural contribuíram eficazmente para falsificar as relações entre os homens, bem como dos homens com a natureza, de tal forma que o resultado final constitui uma espécie de anti- iluminismo. Considerando-se que o iluminismo tem como finalidade libertar os homens do medo, tornando-os senhores e liberando o mundo da magia e do mito, e admitindo-se que essa finalidade pode ser atingida por meio da ciência e da tecnologia, tudo levaria a crer que o iluminismo instauraria o poder do homem sobre a ciência e sobre a técnica. Mas ao invés disso, liberto do medo mágico, o homem tornou-se vítima de novo engodo: o progresso da dominação técnica. Esse progresso transformou-se em poderoso instrumento utilizado pela indústria cultural para conter o desenvolvimento da consciência das massas. https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_de_massa https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_de_massa https://pt.wikipedia.org/wiki/Massas Prof. Anderson Pinho www.filosofiaesociologia.com.br 4 A indústria cultural nas palavras do próprio Adorno “impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente”. O próprio ócio do homem é utilizado pela indústria cultural com o fito de mecanizá-lo, de tal modo que, sob o capitalismo, em suas formas mais avançadas, a diversão e o lazer tornam-se um prolongamento do trabalho. Para Adorno, a diversão é buscada pelos que desejam esquivar-se ao processo de trabalho mecanizado para colocar-se, novamente, em condições de se submeterem a ele. Criando “necessidades” ao consumidor (que deve contentar-se com o que lhe é oferecido), a indústria cultural organiza-se para que ele compreenda sua condição de mero consumidor, ou seja, ele é apenas e tão-somente um objeto daquela indústria. Desse modo, instaura-se a dominação natural e ideológica. Tal dominação tem sua mola motora no desejo de posse constantemente renovado pelo progresso técnico e científico, e sabiamente controlado pela indústria cultural. Nesse sentido, o universo social, além de configurar-se como um universo de “coisas”, constituiria um espaço hermeticamente fechado. Nele, todas as tentativas de liberação estão condenadas ao fracasso. Contudo, Adorno não desemboca numa visão inteiramente pessimista, e procura mostrar que é possível encontrar-se uma via de salvação. Esse tema aparece desenvolvido em sua última obra, intitulada Teoria Estética. A arte como saída No livro Teoria Estética, Adorno oscila entre negar a possibilidade de produzir arte depois de Auschwitz e buscar nela refúgio ante um mundo que o chocava, mas que ele não podia deixar de olhar e denominar. Essa postura foi extremamente criticada pelos movimentos de contestação radical, que o acusavam de buscar refúgio na pura teoria ou na criação artística, esquivando-se assim da práxis política. A seus críticos, Adorno responde que, embora plausível para muitos, o argumento de que contra a totalidade bárbara não surtem efeito senão os meios bárbaros, na verdade não releva que, apesar disso, atinge-se um valor limite. A violência que há cinquenta anos podia parecer legítima àqueles que nutrissem a esperança abstrata e a ilusão de uma transformação total está, após a experiência do nazismo e do horror stalinista, inextricavelmente imbricada naquilo que deveria ser modificado: “ou a humanidade renuncia à violência da lei de talião, ou a pretendida práxis política radical renova o terror do passado”. Criticando a práxis brutal da sobrevivência, a obra de arte, para Adorno, apresenta-se, socialmente, como antítese da sociedade, cujas antinomias e antagonismos nela reaparecem como problemas internos de sua forma. QUESTÕES 1. (UEL 2009) Sobre a crítica frankfurtiana à concepção positivista de ciência e técnica, é correto afirmar que a racionalidade técnica I. dissocia meios e fins e redunda na adoração fetichista de seus próprios meios. II. constitui um saber instrumental cujo critério de verdade é o seu valor operativo na dominação do homem e da natureza. III. aprimora a ação do ser humano sobre a natureza e resgata o sentido da destinação humana. IV. incorpora a reflexão sobre o significado e sobre os fins da ciência no contexto social. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 2. (UEL 2010) Se as duas esferas da música se movem na unidade da sua contradição recíproca, a linha de demarcação que as separa é variável. A produção musical avançada se independentizou do consumo. O resto da música séria é submetido à lei do consumo, pelo preço de seu conteúdo. Ouve-se tal música séria como se consome uma mercadoria adquirida no mercado. Carecem totalmente de significado real as distinções entre a audição da música “clássica” oficial e da música ligeira. https://pt.wikipedia.org/wiki/Consumidor Prof. Anderson Pinho www.filosofiaesociologia.com.br 5 ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão da audição. In: BENJAMIN, W. et all. Textos escolhidos. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1987. p. 84. Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Adorno, é correto afirmar: a) A música séria e a música ligeira são essencialmente críticas à sociedade de consumo e à indústria cultural. b) Ao se tornarem autônomas e independentes do consumo, a música séria e a música ligeira passam a realçar o seu valor de uso em detrimento do valor de troca. c) A indústria cultural acabou preparando a sua própria autoreflexividade ao transformar a música ligeira e a séria em mercadorias. d) Tanto a música séria quanto a ligeira foram transformadas em mercadoria com o avanço da produção industrial. e) As esferas da música séria e da ligeira são separadas e nada possuem em comum. 3. (UEL 2010) O esclarecimento, porém, reconheceu as antigas potências no legado platônico e aristotélico da metafísica e instaurou um processo contra a pretensão de verdade dos universais, acusando-a de superstição. Na autoridade dos conceitos universais ele crê enxergar ainda o medo pelos demônios, cujas imagens eram o meio, de que se serviam os homens, no ritual mágico, para tentar influenciar a natureza. Doravante, a matéria deve ser dominada sem o recurso ilusório a forças soberanas ou imanentes, sem a ilusão de qualidades ocultas. O que não se submete ao critério da calculabilidade e da utilidade torna-se suspeito para o esclarecimento. ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento. Fragmentos filosóficos. Tradução de Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985, p. 21. Com base no texto e no conceito de esclarecimento de Adorno e Horkheimer, é corretoafirmar: a) O esclarecimento representa, em oposição ao modelo matemático, a base do conhecimento técnico-científico que sustenta o modo de produção capitalista na viabilização da emancipação social. b) O esclarecimento demonstra o domínio substancial da razão sobre a natureza interna e externa e a realização da emancipação social levada adiante pelo capitalismo. c) O esclarecimento compreende a realização romântica da racionalidade que acentuou, de forma intensa, a interação harmônica entre homem e natureza. d) O esclarecimento abrange a racionalização das diversas formas e condições da vida humana com o objetivo de tornar o ser humano mais feliz, quando da realização de práticas rituais e religiosas. e) O esclarecimento concebe o abandono gradual dos pressupostos metafísicos e a operacionalização do conhecimento por meio da calculabilidade e da utilidade, redundando num modelo próprio de razão instrumental. 4. (UEL 2010) Se as duas esferas da música se movem na unidade da sua contradição recíproca, a linha de demarcação que as separa é variável. A produção musical avançada se independentizou do consumo. O resto da música séria é submetido à lei do consumo, pelo preço de seu conteúdo. Ouve-se tal música séria como se consome uma mercadoria adquirida no mercado. Carecem totalmente de significado real as distinções entre a audição da música “clássica” oficial e da música ligeira. (ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão da audição. In: BENJAMIN, W. et all. Textos escolhidos. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1987. p. 84.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Adorno, é correto afirmar: a) A música séria e a música ligeira são essencialmente críticas à sociedade de consumo e à indústria cultural. b) Ao se tornarem autônomas e independentes do consumo, a música séria e a música ligeira passam a realçar o seu valor de uso em detrimento do valor de troca. c) A indústria cultural acabou preparando a sua própria autorreflexividade ao transformar a música ligeira e a séria em mercadorias. d) Tanto a música séria quanto a ligeira foram transformadas em mercadoria com o avanço da produção industrial. e) As esferas da música séria e da ligeira são separadas e nada possuem em comum. 5. (UEL 2007) “O homem político poderia ser ele mesmo. Autenticamente. Ele prefere parecer. Ainda que lhe seja preciso simular ou dissimular. Compondo um personagem que atraia atenção e impressione a imaginação. Interpretando um papel que é por vezes um papel composto. De modo que, recorrendo a um vocabulário colhido no teatro, fala-se em ‘vedetes’, outrora em ‘tenores’, sempre em ‘representação política’”. SCHWARTZENBERG, R. O Estado Espetáculo. Tradução de Heloysa de Lima Dantas, Rio de Janeiro-São Paulo: Difel, 1978, p. 7. Com base no texto e nos conhecimentos sobre os temas Indústria Cultural e Política, é correto afirmar: a) Na atualidade, a arte de dissimular dos políticos está cada vez menos evidente e, com base nela, os eleitores escolhem seus candidatos. b) Através da imagem construída pelo candidato se pode distinguir claramente sua ideologia. c) Na era das comunicações, o indivíduo torna-se cada vez mais informado, portanto, mais imune à propaganda, inclusive à propaganda política. Prof. Anderson Pinho www.filosofiaesociologia.com.br 6 d) No Brasil, a indústria cultural torna manifestações como o teatro, a literatura, a música popular e as artes plásticas, livres de qualquer traço de mediocridade por ter conotação ideológica. e) A indústria cultural repousa sobre a produção de desejos, imagens, valores e expectativas, por isso somos cada vez mais suscetíveis à propaganda política. 6. (UEL 2006) “O que os homens querem aprender da natureza é como aplicá-la para dominar completamente sobre ela e sobre os homens. Fora isso, nada conta. [...] O que importa não é aquela satisfação que os homens chamam de verdade, o que importa é a operation, o procedimento eficaz. [...] A partir de agora, a matéria deverá finalmente ser dominada, sem apelo a forças ilusórias que a governem ou que nela habitem, sem apelo a propriedades ocultas. O que não se ajusta às medidas da calculabilidade e da utilidade é suspeito para o iluminismo [...] O iluminismo se relaciona com as coisas assim como o ditador se relaciona com os homens. Ele os conhece, na medida em que os pode manipular. O homem de ciência conhece as coisas, na medida em que as pode produzir.” ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Conceito de Iluminismo. Trad. Zeljko Loparic e Andréa M. A . C. Loparic. 2. ed. São Paulo: Victor Civita, 1983. p. 90-93. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a racionalidade instrumental em Adorno e Horkheimer, é correto afirmar: a) A razão iluminista proporcionou ao homem a saída da menoridade da qual ele era culpado e permitiu o pleno uso da razão, dispensando a necessidade de tutores para guiar as suas ações. b) O procedimento eficaz, aplicado segundo as regras da calculabilidade e da utilidade, está desvinculado da esfera das relações humanas, pois sua lógica se restringe aos objetos da natureza. c) A racionalidade instrumental gera de forma equânime conforto e bem estar para as pessoas na esfera privada e confere um maior grau de liberdade na esfera social. d) A visão dos autores sobre a racionalidade instrumental guarda um reconhecimento positivo para setores específicos da alta tecnologia, sobretudo aqueles vinculados à informática. e) Contrariando a tese do projeto iluminista que opõe mito e iluminismo, os autores entendem que há uma dialética entre essas duas dimensões que resulta no domínio perpetrado pela razão instrumental. 7. (UEM 2012) Sobre o conceito de indústria cultural, assinale o que for correto. 01) O termo indústria cultural foi proposto por Theodor Adorno para explicar a produção seriada e tecnológica de bens simbólicos na sociedade capitalista. 02) A indústria cultural, segundo pesquisadores da Escola de Frankfurt, conduz ao enriquecimento de um grupo específico de empresários capitalistas e também satisfaz o desejo de controle e poder da elite dominante. 04) Para Theodor Adorno, a produção simbólica da indústria cultural não possibilitaria a reflexão do público, definido como impotente e passivo. 08) Walter Benjamin, apesar de crítico da indústria cultural, reconhecia que a tecnologia aplicada aos bens simbólicos tem um efeito democratizador da informação. 16) Walter Benjamin afirma que a arte erudita não foi afetada pelo desenvolvimento tecnológico da indústria cultural, pois continuou sendo irreprodutível. 8. (UEM 2014) “Tanto técnica quanto economicamente, a publicidade e a indústria cultural se confundem. Tanto lá como cá, a mesma coisa aparece em inúmeros lugares, e a repetição mecânica do mesmo produto cultural já é a repetição do mesmo slogan propagandístico.” ADORNO, T. e HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985, p. 153. Considerando a citação e a perspectiva de Adorno e Horkheimer sobre o processo de industrialização da cultura, assinale o que for correto: 01) O conceito de indústria cultural, formulado por Adorno e Horkheimer, se refere ao processo de expansão das relações mercantis sobre as mais diversas formas de produção dos bens culturais. 02) Como observam Adorno e Horkheimer, o progresso da publicidade ajuda as pessoas a se informarem sobre os melhores produtos culturais e a escolherem livremente o que querem comprar. 04) Para Adorno e Horkheimer, o desenvolvimento da indústria cultural fez com que os valores culturais passassem a ser gerados pelo mercado e pelas técnicas publicitárias. 08) Segundo Adorno e Horkheimer, o único ramo da indústria cultural que não se corrompeu com a lógica capitalista de produçãofoi o jornalismo, pois não há como manipular uma notícia. 16) O conceito de indústria cultural define, para Adorno e Horkheimer, o conjunto de práticas capitalistas de produção e consumo que se expressam no modo como as pessoas se relacionam com a cultura. 9. (UEM 2008) “A imprensa, o rádio, a televisão, o cinema são indústrias ultra-ligeiras. Ligeiras pelo aparelhamento produtor, são ultra-ligeiras pela mercadoria produzida: esta fica gravada sobre a folha do jornal, sobre a película cinematográfica, voa sobre as ondas e, no momento do consumo, torna-se impalpável, uma vez que esse consumo é psíquico. Entretanto, essa indústria ultraligeira está organizada Prof. Anderson Pinho www.filosofiaesociologia.com.br 7 segundo o modelo da indústria de maior concentração técnica e econômica. No quadro privado, alguns grandes grupos de imprensa, algumas grandes cadeias de rádio e televisão, algumas sociedades cinematográficas concentram em seu poder o aparelhamento (rotativas, estúdios) e dominam as comunicações de massa. No quadro público, é o Estado que assegura a concentração.” MORIN, Edgard. “A indústria cultural” In: FORACCHI, Marialice Mencarini & MARTINS, José de Souza (org.). Sociologia e Sociedade: leituras de introdução à sociologia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1977, p.300. Tendo como referência o texto e seus conhecimentos sobre a temática da “indústria cultural”, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01) A indústria cultural consegue conjugar organização burocrática, que visa à produção padronizada e em larga escala de seus produtos, com individualização e novidade desejadas pelos consumidores. 02) A produção cultural de massa procura transformar a cultura em mercadoria, nivelando os valores e os padrões estéticos de boa parte dos consumidores. 04) Na indústria cultural, há um equilíbrio entre interesses econômicos, domínio da técnica, organização burocrática e exercício da criatividade. 08) A indústria cultural, diferentemente de outros ramos da produção industrial, não visa ao lucro. Seus produtos são comercializados a preço de custo e seu consumidor não é tratado como “cliente” e sim como fã ou colecionador. 16) O ritmo ligeiro da indústria cultural tem como resultado a produção em série, de baixo custo e possível de ser acessada por boa parte da população. 10. (UEM 2010) “Enquanto autores críticos da mídia denunciam-na como manipuladora no sentido ideológico, pela tendência em conformar os indivíduos, o professor italiano Umberto Eco (1986) afirma que o seu efeito, apesar de muito forte, não foi tão devastador quanto se imaginava”. ARAÚJO, Silvia Maria de; BRIDI, Maria Aparecida; MOTIM, Benilde Lenzi. Sociologia: um olhar crítico. São Paulo: Contexto, 2009, p. 121. Considerando o texto acima e o tema cultura midiática e relações sociais, assinale o que for correto. 01) As pessoas interagem com as notícias divulgadas pela mídia, elaboram, interpretam e dão significados diversos às mensagens emitidas pelos meios de comunicação. 02) Por permitir interação e interpretação, meios como a internet se estruturam de forma neutra e imparcial, completamente destituídos de interesses ideológicos. 04) O avanço tecnológico contemporâneo praticamente eliminou os meios tradicionais de comunicação, como as relações de vizinhança e a educação familiar. 08) A cibercultura é uma forma de interação restrita às realidades virtuais e tem se mostrado pouco significativa no conjunto das práticas culturais contemporâneas. 16) A comunicação é uma capacidade humana que não depende integralmente do contato corporal e presencial, podendo ser materializada em sistemas de códigos ou símbolos. 11. (UEM 2010) Considerando o tema indústria cultural e cultura de massas, assinale o que for correto. 01) A criação da imprensa, em meados do século XV, pode ser considerada um estágio inicial daquilo que posteriormente se denominou comunicação de massa, por proporcionar a produção editorial em larga escala. 02) No Brasil, o rádio foi utilizado na década de 1930 pelo governo Vargas, como um meio de divulgação política e educação moral e cívica. 04) Max Horkheimer e Theodor Adorno foram dois teóricos da chamada Escola de Frankfurt e definiram o conceito de indústria cultural. 08) A repetição e a seriação são algumas das características mais marcantes da produção audiovisual contemporânea. 16) Por serem objetos de consumo padronizados e estandartizados, os produtos da cultura midiática não se mostram capazes de afetar emocionalmente seus espectadores. 12. (UEM 2011) Considerando o trecho citado a seguir e os temas cultura midiática e relações sociais, assinale o que for correto sobre as características marcantes da publicidade. “[...] Com a sociedade pós-industrial, de fato, o caráter racional da publicidade revelou-se não só do ponto de vista econômico das mercadorias à venda, mas também daquelas tendências culturais e comportamentais mais sutis que ela consegue representar, sintetizar e, também, antecipar. Por isso, os estilos de vida atuais, hierarquias de valores e modelos de comportamento possuem na publicidade um dos mais lúcidos espaços de divulgação didática, com um alto índice de aprendizagem ‘espontânea’, graças à difusão de um duplo elo com o qual envolve o espectador através de um sistema de mensagens cruzadas, feitas de ameaças e de promessas e fundadas em paradoxos anteriormente analisados” (CANEVACCI, Massimo. Antropologia da comunicação visual. Rio de Janeiro: DP&A, 2001, p. 154). 01) A publicidade objetiva contribuir para divulgação de estilos de vida vigentes na sociedade pós-industrial. 02) A publicidade vende a ideia de que a posse de objetos permite a inserção em grupos que vivem um estilo de vida socialmente desejável. 04) A publicidade cria justificativas racionais para o consumo de determinados bens, por meio de recompensas materiais e subjetivas. Prof. Anderson Pinho www.filosofiaesociologia.com.br 8 08) A publicidade cativa o consumidor por meio de mensagens esclarecedoras sobre o produto a ser vendido, estimulando um consumo consciente. 16) A publicidade promove um questionamento sobre a comercialização de um estilo de vida ideal, que poucos podem acessar. 13. (UEM 2012) “A cada minuto que passa, novas pessoas passam a acessar a Internet, novos computadores são interconectados, novas informações são injetadas na rede. Quanto mais o ciberespaço se amplia, mais ele se torna ‘universal’, e menos o mundo informacional se torna totalizável. O universo da cibercultura não possui nem centro nem linha diretriz. É vazio, sem conteúdo particular. Ou antes, ele os aceita todos, pois se concentra em colocar em contato um ponto qualquer com qualquer outro, seja qual for a carga semântica das entidades relacionadas.” (LEVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999, p. 113) Considerando as recentes contribuições da sociologia da comunicação sobre o tema da cultura midiática e o trecho citado, assinale o que for correto. 01) O ciberespaço suprime as particularidades culturais e as desigualdades sociais, ao organizar de modo imparcial as informações que são distribuídas em um nível planetário. 02) A internet é responsável pelos atuais problemas educacionais, pois aliena os estudantes ao torná-los receptores passivos de informações fragmentadas e imprecisas sobre a vida social. 04) O conceito de cibercultura pode ser utilizado para descrever o aparecimento de novos modos de ser e de pensar que produzem mudanças cognitivas e sociais por meio da interação virtual. 08) Ainda que inserida na indústria cultural, a internet tem o potencial de democratizar o acesso ao conhecimento por meio da criação de novos espaços de produção, trocae difusão de informações. 16) O ciberespaço representa uma mudança tecnológica e não cultural, pois altera os modos de organizar e distribuir a informação e não os modos de produção do conhecimento. 14. (UEM 2012) Leia o texto a seguir e assinale o que for correto sobre o tema da cultura midiática. “O universo das comunicações de massa é – reconheçamo-lo ou não – o nosso universo; e, se quisermos falar de valores, as condições objetivas das comunicações são aquelas fornecidas pela existência dos jornais, do rádio, da televisão, da música reproduzida e reproduzível, das novas formas de comunicação visual e auditiva. ” ECO, U. Apocalípticos e Integrados. São Paulo: Perspectiva, 1993, p.11 01) São excluídos do universo das comunicações de massa os grupos que não podem pagar para ter acesso aos bens por ele produzidos. 02) As ações de protesto contra as informações produzidas pelo universo das comunicações de massa são feitas dentro dos canais disponibilizados por esse mesmo universo. 04) As informações produzidas e divulgadas pelo rádio e pela televisão são consumidas pelas massas, sem que seja possível identificar critérios de seleção nesse padrão de consumo. 08) A comunicação de massa tem um caráter coercitivo que tende a padronizar as diferentes manifestações culturais e a reduzir as diferentes possibilidades de abordagem de uma informação. 16) O universo das comunicações de massa é próprio da sociedade contemporânea, e seus produtos indicam um processo de industrialização da cultura, o qual é feito pelos proprietários dos meios de comunicação. 15. (UEM 2013) “Estou, estou na moda. É duro andar na moda, ainda que a moda Seja negar minha identidade, Trocá-la por mil, açambarcando Todas as marcas registradas, Todos os logotipos do mercado (...) Por me ostentar assim, tão orgulhoso De ser não eu, mas artigo industrial, Peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de homem. Meu nome novo é Coisa. Eu sou a Coisa, coisamente.” ANDRADE, C. D. de. “Eu, etiqueta”. In: Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984, p. 85-87. Considerando os trechos do poema e as abordagens sociológicas sobre consumo e indústria cultural, assinale o que for correto. 01) Como sugerem os trechos do poema de Carlos Drummond de Andrade, o desejo de “andar na moda” expressa uma forma de ideologia que tende a valorizar mais os objetos de consumo do que as próprias pessoas que os consomem. 02) Conforme afirma Carlos Drummond de Andrade, ao comprar as próprias roupas, os jovens manifestam sua autonomia e liberdade de expressão, não sendo mais influenciados pelos pais. 04) A crise de identidade sugerida pelos trechos do poema de Carlos Drummond de Andrade é uma crise psicológica que deve ser tratada por um especialista em doenças ligadas ao consumismo, pois sua origem é individual e não social. 08) Do ponto de vista sociológico, as sociedades industriais não apenas ampliaram os processos de produção e circulação das mercadorias, mas também Prof. Anderson Pinho www.filosofiaesociologia.com.br 9 transformaram o consumo em uma dimensão constitutiva da vida social. 16) Ao criticar o processo de massificação dos gostos e dos estilos de vida inseridos no consumo de bens industrializados, o poeta suscita a reflexão sobre os hábitos de consumo e sobre o modo como nos produzimos enquanto sujeitos sociais. 16. (UEM 2013) “O império da moda está crescendo. Ele exerce seu domínio nos aspectos mais inesperados de nossa existência. Nossas roupas não são mais os únicos objetos submetidos às suas regras: a alimentação, o turismo e o automóvel são alguns dos diversos setores atualmente submetidos à sua vontade. Em cada um deles, novas tendências nascem, se divulgam e morrem. No âmbito estatístico, esses fenômenos são bastante conhecidos. Tomam o aspecto costumeiro de uma curva de Gauss. Contudo, os mecanismos nos quais a moda se apoia permanecem amplamente misteriosos. Questionar as vítimas da moda sobre suas escolhas não é a melhor maneira de entender esses processos. De fato, um importante aspecto arbitrário entra na criação das tendências. A maior parte das inovações se baseia em motivos claros, fáceis de identificar. A substituição da máquina de escrever pelo tratamento de texto não está relacionada à subjetividade dos indivíduos nem à evolução de seus gostos. Por outro lado, trata-se de explicar o sucesso atual da cor roxa ou o ressurgimento do papel de parede [...]” ERNER, G. Vida e morte das tendências. In: BUENO, M. L. & CAMARGO, L. O. L. (orgs.). Cultura e Consumo. Estilos de vida na contemporaneidade. São Paulo: Ed. Senac, 2008, p. 215- 216. Considerando o trecho acima e as análises sobre indústria cultural e consumo em massa, assinale o que for correto. 01) A adoção de inovações tecnológicas está exclusivamente associada à subjetividade dos indivíduos. Trata-se de escolhas puramente pessoais. 02) Roupas, alimentação, decoração, automobilismo e turismo são dimensões da vida social que não são explicáveis exclusivamente a partir de suas funções utilitárias. 04) Meios de comunicação, mídias e publicidade estão profundamente relacionados à divulgação em massa dos padrões de consumo dominantes em nossa sociedade. 08) Enquanto as tendências da moda parecem orientar- se por fatores arbitrários, a inovação tecnológica parece estar relacionada a fatores facilmente identificáveis. 16) É possível a uma pessoa viver em sociedade e manter-se completamente alheia à sua tecnologia e à sua estética, bem como ao modo como os outros membros de sua sociedade ou de seu próprio grupo se vestem e se comportam. 17. (UEL 2009) “Se você é o que você come, e consome comida industrializada, você é milho”, escreveu Michael Pollan no livro O Dilema do Onívoro, lançado este ano no Brasil. Ele estima que 25% da comida industrializada nos EUA contenha milho de alguma forma: do refrigerante, passando pelo Ketchup, até as batatas fritas de uma importante cadeia de fast food – isso se não contarmos vacas e galinhas que são alimentadas quase exclusivamente com o grão. O milho foi escolhido como bola da vez ao seu baixo preço no mercado e também porque os EUA produzem mais da metade do milho distribuído no mundo. (Adaptado: BURGOS, P. Show do milhão: milho na comida agora vira combustível. Super Interessante. Edição 247, 15 dez. 2007, p.33.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre o desenvolvimento do capitalismo e a indústria cultural, considere as afirmativas. I. O capitalismo contemporâneo tornou a globalização um fenômeno que intensificou a padronização e a homogeneização como formas de reprodução técnica criadas a partir da revolução industrial. II. A abertura comercial dos portos das colônias americanas resultou no cercamento dos campos, facilitando o comércio pelo acúmulo de capitais e, em consequência, a revolução industrial. III. A crítica filosófica à instrumentalização cultural constata que o predomínio da racionalidade técnica permitiu o resgate do potencial emancipatório da razão sonhado pelo projeto iluminista. IV. Com o avanço tecnológico, a racionalidade técnica penetra todos os aspectos da vida cotidiana, subjugando o homem a um processo de instrumentalização cultural e homogenização de comportamentos. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 18. (UEL 2009) Sobre a crítica frankfurtiana à concepção positivista de ciência e técnica, é correto afirmar que a racionalidade técnica I. dissocia meios e fins e redunda na adoração fetichista de seus próprios meios. II. constitui um saber instrumental cujo critério deverdade é o seu valor operativo na dominação do homem e da natureza. III. aprimora a ação do ser humano sobre a natureza e resgata o sentido da destinação humana. IV. incorpora a reflexão sobre o significado e sobre os fins da ciência no contexto social. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. Prof. Anderson Pinho www.filosofiaesociologia.com.br 10 b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 19. (UFPA 2008) Desde Platão se discute a função sociocultural da arte, o que confere à sua autonomia uma certa relatividade. Recentemente, com a Escola de Frankfurt, cunhou-se para a determinação social da arte termos como “indústria cultural” e “cultura de massa”, porque, como diz Theodor Adorno, no regime econômico capitalista sacrifica-se “o que fazia a diferença entre a lógica da obra [de arte] e a do sistema social.” Com relação à interpretação de Adorno sobre a função social da arte no regime capitalista, considere as afirmativas abaixo: I. Na sociedade capitalista, o desenvolvimento técnico- industrial conduziu à padronização do gosto em benefício do mercado. II. Não há gozo da arte, na sociedade liberal, se a criação for massificada. III. Ao sacrificar a lógica da obra às determinações do sistema, o artista está garantindo não só seu lucro como a própria sobrevivência da arte, já que a nossa economia é capitalista. IV. Com a indústria cultural, ocorre a perda completa da ideia de autonomia da arte. V. Adorno não concorda com Platão quanto à ideia de que a experiência estética, como acontece hoje em dia, necessita de um nexo funcional para cumprir seu papel na vida social e política do homem. Estão corretas as afirmativas: a) I e II b) II e V c) I e IV d) II, III, V e) I, III, IV e V 20. (ENEM 2015) TEXTO I A melhor banda de todos os tempos da última semana O melhor disco brasileiro de música americana O melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores fracassos Não importa contradição O que importa é televisão Dizem que não há nada que você não se acostume Cala a boca e aumenta o volume então. MELLO, B.; BRITTO, S. A melhor banda de todos os tempos da última semana. São Paulo: Abril Music, 2001 (fragmento). TEXTO II O fetichismo na música e a regressão da audição Aldous Huxley levantou em um de seus ensaios a seguinte pergunta: quem ainda se diverte realmente hoje num lugar de diversão? Com o mesmo direito poder-se-ia perguntar: para quem a música de entretenimento serve ainda como entretenimento? Ao invés de entreter, parece que tal música contribui ainda mais para o emudecimento dos homens, para a morte da linguagem como expressão, para a incapacidade de comunicação. ADORNO, T. Textos escolhidos. São Paulo: Nova Cultural, 1999. A aproximação entre a letra da canção e a crítica de Adorno indica o(a) A) lado efêmero e restritivo da indústria cultural. B) baixa renovação da indústria de entretenimento. C) influência da música americana na cultura brasileira. D) fusão entre elementos da indústria cultural e da cultura popular. E) declínio da forma musical em prol de outros meios de entretenimento. 21. (ENEM 2016) Hoje, a indústria cultural assumiu a herança civilizatória da democracia de pioneiros e empresários, que tampouco desenvolvera uma fineza de sentido para os desvios espirituais. Todos são livres para dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a neutralização histórica da religião, são livres para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da ideologia, que reflete sempre a coerção econômica, revela-se em todos os setores como a liberdade de escolher o que é sempre a mesma coisa. ADORNO, T; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. A liberdade de escolha na civilização ocidental, de acordo com a análise do texto, é um(a) a) legado social. b) patrimônio político. c) produto da moralidade. d) conquista da humanidade. e) ilusão da contemporaneidade. Prof. Anderson Pinho www.filosofiaesociologia.com.br 11 2. MAX HORKHEIMER Em 1939, Horkheimer (1895-1973) afirma que “o fascismo é a verdade da sociedade moderna”. Mas acrescenta logo que quem não quer falar do capitalismo deve calar também sobre o fascismo. E isso porque, em sua opinião, o fascismo está dentro das leis do capitalismo: por trás da “pura lei econômica” - que é a lei do mercado e do lucro -, está a “pura lei do poder”. E o comunismo, que é capitalismo de Estado, constitui uma variante do Estado totalitário. As organizações proletárias de massa também constituíram estruturas burocráticas e, na opinião de Horkheimer, nunca foram além do horizonte do capitalismo de Estado. Aqui, o princípio do plano substituiu o do lucro, mas os homens continuam como objetos de administração, de administração centralizada e burocratizada. O lucro por um lado e o controle do plano por outro geraram repressão sempre maior. Portanto, o que estrutura a sociedade industrial é uma lógica pérfida. E a intenção do trabalho de Horkheimer intitulado Eclipse da razão. Crítica da razão instrumental (1947) é a de examinar o conceito de racionalidade que está na base da cultura industrial moderna, e procurar estabelecer se esse conceito não contém defeitos que o viciam de modo essencial. A razão instrumental Digamos logo que, segundo Horkheimer, o conceito de racionalidade que está na base da civilização industrial é podre na raiz. A doença da razão está no fato de que ela nasceu da necessidade humana de dominar a natureza. Essa vontade de dominar a natureza, de compreender suas “leis” para submetê-la, exigiu a instauração de uma organização burocrática e impessoal, que, em nome do triunfo da razão sobre a natureza, chegou a reduzir o homem a simples instrumento. Ao progresso dos recursos técnicos, que poderiam servir para “iluminar” a mente do homem, acompanha um processo de desumanização, de tal modo que o progresso ameaça destruir precisamente o objetivo que deveria realizar: a indica do homem. E a ideia do homem, isto é, sua humanidade, sua emancipação, seu poder de crítica e de criatividade acham-se ameaçados porque o desenvolvimento do “sistema” da civilização industrial substituiu os fins pelos meios e transformou a razão em instrumento para atingir fins, dos quais a razão não sabe mais nada. Em outros termos, o pensamento pode servir para qualquer objetivo, bom ou mau. E instrumento de todas as ações da sociedade, mas não deve procurar estabelecer as normas da vida social ou individual, que se supõe serem estabelecidas por outras forças. A razão, portanto, não nos dá mais verdades objetivas e universais as quais possamos nos agarrar, mas somente instrumentos para objetivos já estabelecidos. Não é ela que fundamenta e estabelece o que sejam o bem e o mal, como base para orientarmos nossa vida; quem decide sobre o bem e o mal é agora o “sistema”, ou seja, o poder. A razão, tendo renunciado à sua autonomia, tornou-se um instrumento. A filosofia como denúncia da razão instrumental Diante desse vazio terrível, procurasse remediá- lo voltando a sistemas como a astrologia, a ioga ou o budismo; ou então são propostas adaptações populares de filosofias clássicas objetivistas ou, ainda, recomendam-se para o uso moderno as ontologias medievais. As panaceias, porém, não deixam de ser panaceias. A realidade, no entanto, é que: 1) A natureza é concebida hoje,mais do que nunca, como simples instrumento do homem; é o objeto de exploração total, a qual a razio não atribui nenhum objetivo e que, portanto, não conhece limites. 2) O pensamento que não serve aos interesses de um grupo constituído ou aos objetivos da produção industrial considera-se inútil e supérfluo. 3) Essa decadência do pensamento favorece a obediência aos poderes constituídos, sejam eles representados pelos grupos que controlam o capital, ou pelos grupos que controlam o trabalho. 4) A cultura de massa procura “vender” aos homens o modo de vida que já levam e que odeiam inconscientemente, ainda que o louvem com palavras. 5) Não só a capacidade de produção do operário é hoje comprada pela fábrica e subordinada às exigências da técnica, mas também os chefes dos sindicatos estabelecem sua medida e a administram. 6) A deificação da atividade industrial não conhece limites. O ócio é considerado uma espécie de vício, quando vai além da medida do que é necessário Prof. Anderson Pinho www.filosofiaesociologia.com.br 12 para restaurar as forças e permitir retomar o trabalho com maior eficiência. 7) O significado da produtividade é medido com critérios de utilidade em relação a estrutura de poder, não mais em relação as necessidades de todos. Nessa situação desesperada, o maior serviço que a razão poderia prestar a humanidade seria o da denúncia do que é comumente chamado de razão. Escreve ainda Horkheimer: “Os verdadeiros indivíduos de nosso tempo são os mártires que passaram por infernos de sofrimento e degradação em sua luta contra a conquista e a opressão, não mais as personagens da cultura popular, infladas pela publicidade. Aqueles heróis, que ninguém cantou, expuseram conscientemente sua existência individual a destruição sofrida por outros sem ter consciência disso, como vítimas dos processos sociais. Os mártires anônimos dos campos de concentração são o símbolo de uma humanidade que luta para vir à luz. A função da filosofia é a de traduzir o que eles fizeram em palavras que os homens possam ouvir, ainda que suas vozes mortais tenham sido reduzidas ao silêncio pela tirania”. A nostalgia do “totalmente outro” Marxista e revolucionário quando jovem, Horkheimer foi se afastando pouco a pouco de suas posiq6es juvenis. Não podemos absolutizar nada (deve-se recordar que Horkheimer é de origem judaica) e, portanto, também não podemos absolutizar o marxismo. Todo ser finito - e a humanidade é finita - que se pavoneia como o valor último, supremo e único, torna-se ídolo, que tem sede de sacrifícios de sangue. Marxista por ser contrário ao nacional- socialismo, Horkheimer desde o início nutriu dúvidas sobre o fato de se a solidariedade do proletariado pregada por Marx era verdadeiramente o caminho para chegar a urna sociedade justa. Na realidade - observa Horkheimer em A nostalgia do totalmente Outro (1970) - as ilusões de Marx logo vieram à tona: “A situação social do proletariado melhorou sem a revolução, e o interesse comum não é mais a transformação radical da sociedade, e sim a melhor estruturação material da vida”. E, na opinião de Horkheimer, existe uma solidariedade que vai além da solidariedade de determinada classe: é a solidariedade entre todos os homens, a solidariedade que deriva do fato de que todos os homens devem sofrer, devem morrer e são finitos. Se assim é, então “todos nós temos em comum um interesse originariamente humano, qual seja, o de criar um mundo no qual a vida de todos os homens seja mais bela, mais longa, mais livre da dor e, gostaria de acrescentar, mas não posso acreditar nisso, um mundo que seja mais favorável ao desenvolvimento do espirito”. Diante da dor do mundo e diante da injustiça, não podemos ficar inertes. Mas nós, homens, somos finitos. Por isso, embora não devamos nos conformar, também não podemos pensar que algo histórico – uma política, uma teoria, um Estado - seja algo absoluto. Nossa finitude, ou seja, nossa precariedade, não demonstra a existência de Deus. Entretanto, existe a necessidade de uma teologia, não entendida como ciência do divino ou de Deus, e sim como “a consciência de que o mundo é fenômeno e, portanto, não a verdade absoluta que só a realidade última pode ser. A teologia – e aqui devo me expressar com muita cautela - é a esperança de que, apesar dessa injustiça que caracteriza o mundo, possa acontecer que essa injustiça não seja a última palavra”. Assim para Horkheimer, portanto, a teologia é expressão de uma nostalgia segundo a qual o assassino não possa triunfar sobre sua vítima inocente. Portanto, nostalgia de justiça perfeita e consumada. Esta jamais poderá ser realizada na história, diz Horkheimer. Com efeito, ainda que a melhor sociedade viesse a substituir a atual desordem social, não será reparada a injustiça passada e não se anulará a miséria da natureza circunstante. Entretanto, isso não significa que devamos nos render aos fatos, como, por exemplo, ao fato de que nossa sociedade se torna sempre mais sufocante. Segundo Horkheimer, nós ainda não vivemos em uma sociedade automatizada. Ainda podemos fazer muitas coisas, mesmo que mais tarde essa possibilidade venha a ser-nos tirada. E o que o filósofo deve fazer é criticar a ordem constituída para impedir que os homens se percam naquelas ideias e naqueles modos de comportamento que a sociedade lhes propicia em sua organização. QUESTÕES 1. (UEL 2010) Quando se concebeu a idéia de razão, o que se pretendia alcançar era mais que a simples regulação da relação entre meios e fins: pensava-se nela como o instrumento para compreender os fins, para determina-los. Segundo a filosofia do intelectual médio moderno, só existe uma autoridade, a saber, a ciência, concebida como classificação de fatos e cálculo de probabilidades. HORKHEIMER, M. Eclipse da Razão. São Paulo: Labor, 1973, pp.18 e 31-32. Com base na tira, no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Horkheimer a respeito da relação entre ciência e razão na modernidade, é correto afirmar: I. Se a razão não reflete sobre os fins, torna-se impossível afirmar se um sistema político ou econômico, mesmo não sendo democrático, é mais ou menos racional do que outro. Prof. Anderson Pinho www.filosofiaesociologia.com.br 13 II. O processo que resulta na transformação de todos os produtos da ação humana em mercadorias se origina nos primórdios da sociedade organizada à medida que os instrumentos passam a ser utilizados tecnicamente. III. A razão subjetivada e formalizada transforma as obras de arte em mercadorias, das quais resultam emoções eventuais, desvinculadas das reais expectativas dos indivíduos. IV. As atividades em geral, independentes da utilidade, constituem formas de construção da existência humana desvinculadas de questões como produtividade e rentabilidade. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e III são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 2. (UEL 2008) O saber que é poder não conhece nenhuma barreira, nem na escravização da criatura, nem na complacência em face dos senhores do mundo. Do mesmo modo que está a serviço de todos os fins da economia burguesa na fábrica e no campo de batalha, assim também está à disposição dos empresários, não importa sua origem. (ADORNO, T. W. & HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Tradução de Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Zahar, 1991. p. 20.) Com base no texto e no conhecimento dos conceitos de esclarecimento e racionalidade instrumental em Adorno e Horkheimer sobre o referidosaber, é correto afirmar: a) Seu conteúdo é racional por si mesmo e de natureza crítico-reflexiva. b) É principalmente técnico e carente de conteúdo racional por si mesmo. c) Tem uma dimensão reflexiva e seus objetivos são racionais por si mesmos. d) É caracterizado por forças sobrenaturais indomáveis que animam tudo. e) Estabelece limites para o domínio nas relações sócio- econômicas. 3. (UEL 2008) Sobre a “indústria cultural”, segundo Adorno e Horkheimer, é correto afirmar: a) Desenvolve o senso crítico e a autonomia de seus consumidores. b) Reproduz bens culturais que brotam espontaneamente das massas. c) O valor de troca é substituído pelo valor de uso na recepção da arte. d) Padroniza e nivela a subjetividade e o gosto de seus consumidores. e) Promove a imaginação e a espontaneidade de seus consumidores. 4. (UEL 2012) Leia o texto a seguir. Os homens sempre tiveram de escolher entre submeter-se à natureza ou submeter a natureza ao eu. (ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985. p.43.) Com base no texto, é correto afirmar que a análise de Adorno e Horkheimer estabeleceu a ideia de que o homem I. interage com a natureza de maneira pacífica, assimilando a de forma idílica. II. age com astúcia diante dos fenômenos naturais, ao forjar uma relação de instrumentalidade com a natureza. III. esclarecido e com pleno domínio da natureza promove a sua autoconsciência. IV. apreende a natureza visando controlá-la, o que resulta na submissão dela. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas II e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. 5. (UEL 2010) “A ideia de progresso manifesta-se inicialmente, à época do Renascimento, como consciência de ruptura. [...] No século XVIII tal ideia associa-se à consciência do caráter progressivo da civilização, e é assim que a encontramos em Voltaire. Tal como para Bacon, no início do século XVII, o progresso também é uma espécie de objeto de fé para os iluministas. [...] A certeza do progresso permite encarar o futuro com otimismo”. (Adaptado de: FALCON, F. J. C. Iluminismo. 2. ed. São Paulo: Ática, 1989, p. 61-62.) Na primeira metade do século XX, a ideia de progresso também se transformou em objeto de análise do grupo de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Social vinculado à Universidade de Frankfurt. Tendo como referência a obra de Adorno e Horkheimer, é correto afirmar: a) Por serem herdeiros do pensamento hegeliano, os autores entendem que a superação do modelo de racionalidade inerente aos conflitos do século XX depende do justo equilíbrio entre uso público e uso privado da razão. b) A despeito da Segunda Guerra, a finalidade do iluminismo de libertar os homens do medo, da magia e do mito e torná-los senhores autônomos e livres mediante o uso da ciência e da técnica, foi atingido. c) Os autores propõem como alternativa às catástrofes da primeira metade do século XX um novo Prof. Anderson Pinho www.filosofiaesociologia.com.br 14 entendimento da noção de progresso tendo como referência o conceito de racionalidade comunicativa. d) Como demonstra a análise feita pelos autores no texto “O autor como produtor”, o ideal de progresso consolidado ao longo da modernidade foi rompido com as guerras do século XX. e) Em obras como a Dialética do esclarecimento, os autores questionam a compreensão da noção de progresso consolidada ao longo da trajetória da razão por ela estar vinculada a um modelo de racionalidade de cunho instrumental. 6. A indústria cultural, expressão que ficou conhecida por intermédio dos escritos de Adorno e Horkheimer, põe fim à distinção entre cultura erudita e cultura popular. No entanto, de acordo com a análise desses autores, a ausência de distinção entre essas culturas deve ser interpretada como: a) um processo de democratização da cultura promovido pela indústria cultural. b) forma de alçar as massas a um processo de definitivo refinamento artístico. c) expressão de uma efetiva negação da cultura, na qual os bens culturais são esvaziados em sua substância, reduzidos a valor de troca. d) realização plena da capacidade do homem de interpretar e transformar a natureza por via estética. e) negação do valor da razão e de sua capacidade de explicar a realidade em sua totalidade. 7. (UEL 2011) Francis Bacon, em sua obra Nova Atlântida, imagina uma utopia tecnocrática na qual o sofrimento humano poderia ser removido pelo desenvolvimento e pelo aperfeiçoamento do conhecimento científico, o qual permitiria uma crescente dominação da natureza e um suposto afastamento do mito. Na obra Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer defendem que o projeto iluminista de afastamento do mito foi convertido, ele próprio, em mito, caindo no dogmatismo e em numa forma de mitologia. O progresso técnico-científico consiste, para Adorno e Horkeheimer, no avanço crescente da racionalidade instrumental, a qual é incapaz de frear iniciativas que afrontam a moral, como foram, por exemplo, os campos de concentração nazistas. Com base no texto e nos conhecimentos sobre o desenvolvimento técnico-científico, é correto afirmar: a) Bacon pensava que o incremento da racionalidade instrumental aliviaria as causas do sofrimento humano, apesar de a razão, a longo prazo, sucumbir novamente ao mito. b) Adorno e Horkheimer concordavam que o progresso científico não consegue superar o mito, mas se torna um tipo de concepção mítica incapaz de discriminar o que é certo do que é errado moralmente. c) Adorno e Horkheimer sustentavam que o crescente avanço da racionalidade instrumental consistia num incremento da capacidade humana de avaliar moralmente. d) Bacon apontava que o aumento da capacidade de domínio do homem sobre a natureza conduziria os seres humanos a uma forma de dogmatismo. e) Tanto Adorno e Horkheimer quanto Bacon viam o progresso técnico e científico como a solução para os sofrimentos humanos e para as incertezas morais humanas. 8. Sobre a “indústria cultural”, segundo Adorno e Horkheimer, é correto afirmar: a) Desenvolve o senso crítico e a autonomia de seus consumidores. b) Reproduz bens culturais que brotam espontaneamente das massas. c) O valor de troca é substituído pelo valor de uso na recepção da arte. d) Padroniza e nivela a subjetividade e o gosto de seus consumidores. e) Promove a imaginação e a espontaneidade de seus consumidores. 9. Os pensadores da Escola de Frankfurt, especialmente Theodor Adorno e Max Horkheimer, são críticos da mentalidade que identifica o progresso técnico- científico com o progresso da humanidade. Para eles, a ideologia da ‘indústria cultural’ submete as artes à servidão das regras do mercado capitalista. Com base nos conhecimentos sobre as críticas de Adorno e Horkheimer à ‘Indústria Cultural’, assinale a afirmativa correta: a) A ‘indústria cultural’ proporcionou a democratização das artes eruditas, tornando as obras raras e caras acessíveis à maioria das pessoas. b) Sob os efeitos da massificação pela indústria e consumo culturais, as artes tendem a ganhar força simbólica e expressividade. c) A ‘indústria cultural’ fomentou os aspectos críticos, inovadores e polêmicos das artes. d) O progresso técnico-científico pode ser entendido como um meio que a ‘indústria cultural’ usa para formar indivíduos críticos. e) A expressão ‘indústria cultural’ indica uma cultura baseada na idéia e na prática do consumo de produtos culturais fabricados em série. 10. “Tudo indica que o termo ‘indústria cultural’foi empregado pela primeira vez no livro Dialética do Prof. Anderson Pinho www.filosofiaesociologia.com.br 15 esclarecimento, que Horkheimer [1895-1973] e eu [Adorno, 1903-1969] publicamos em 1947, em Amsterdã. (...) Em todos os seus ramos fazemse, mais ou menos segundo um plano, produtos adaptados ao consumo das massas e que em grande medida determinam esse consumo.” ADORNO, Theodor W. A indústria cultural. In: COHN, Gabriel (Org.). Theodor W. Adorno. São Paulo: Ática, 1986. p. 92. Com base no texto acima e na concepção de indústria cultural expressa por Adorno e Horkheimer, é correto afirmar: a) Os produtos da indústria cultural caracterizam-se por ser a expressão espontânea das massas. b) Os produtos da indústria cultural afastam o indivíduo da rotina do trabalho alienante realizado em seu cotidiano. c) A quantidade, a diversidade e a facilidade de acesso aos produtos da indústria cultural contribuem para a formação de indivíduos críticos, capazes de julgar com autonomia. d) A indústria cultural visa à promoção das mais diferentes manifestações culturais, preservando as características originais de cada uma delas. e) A indústria cultural banaliza a arte ao transformar as obras artísticas em produtos voltados para o consumo das massas. 11. (UEM 2008) A expressão indústria cultural foi empregada pela primeira vez no livro Dialética do Esclarecimento, escrito por Horkheimer e Adorno, filósofos de tendência marxista pertencentes à Escola de Frankfurt. Designa-se com essa expressão uma cultura produzida em série, para o mercado de consumo em massa, na qual a realização cultural deixa de ser um instrumento de crítica do conhecimento para transformar-se em uma mercadoria qualquer cujo valor é, antes de tudo, monetário. Assinale o que for correto. 01) A origem da indústria cultural pode ser encontrada na prática dos mecenas, particularmente italianos, que financiavam, durante o Renascimento, a produção das grandes obras de arte. 02) Na indústria cultural, o consumidor não é rei, como ela gostaria de o fazer crer, o consumidor não é o sujeito da produção cultural, mas seu objeto. 04) A indústria cultural eleva o nível cultural da maioria da população e aprimora a apreciação da qualidade estética do universo das artes. 08) A indústria cultural é expressão da ideologia capitalista; sob seu poderio, as obras de arte foram esvaziadas de seu caráter criador e crítico, alienaram-se para tornarem-se puro entretenimento, isto é, objetos de consumo para um espectador cuja ausência de reflexão o torna passivo. 16) A partir da segunda revolução industrial no século XIX, as artes usufruem uma fase de produção autônoma; com o advento da indústria cultural, tornam- se dependentes das necessidades mercadológicas do capital. 12. (UEM 2011) “A atrofia da imaginação e da espontaneidade do consumidor cultural de hoje não tem necessidade de ser explicada em termos psicológicos. Os próprios produtos paralisam aquelas faculdades pela sua própria constituição objetiva. Eles são feitos de modo que a sua apreensão adequada exige, por um lado, rapidez de percepção, capacidade de observação e competência específica; por outro lado, é feita de modo a vetar, de fato, a atividade mental do espectador, se ele não quiser perder os fatos que se desenrolam rapidamente à sua frente. A violência da sociedade industrial opera nos homens de uma vez por todas. Os produtos da indústria cultural podem estar certos de serem alegremente consumidos em estado de distração. Mas cada um destes é um modelo do gigantesco mecanismo econômico que desde o início mantém tudo sob pressão tanto no trabalho quanto no lazer que lhe é semelhante” ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. In: CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2011. p.364. A partir dessas considerações, assinale o que for correto. 01) A afirmação de Theodor Adorno e Max Horkheimer segue a leitura dos fenômenos estéticos segundo a perspectiva marxista, que estabelece uma relação de determinação da infraestrutura sobre a superestrutura. 02) Pode-se afirmar que o volume a velocidade das informações das tecnologias modernas obrigam o homem a adaptar-se às exigências dos ritmos produtivos da sociedade industrial, impondo-lhe novas formas de percepção. 04) Os recursos audiovisuais beneficiam o aprendizado por meio do apelo a todos os sentidos (som, imagem e movimento), mas, também, colaboram para tornar a percepção infantil, desatenta e acrítica. 08) Com a cultura de massas, uma das práticas mais recorrentes recai sobre o uso da propaganda: propaganda comercial, propaganda religiosa e até mesmo propaganda científica. O consumidor moderno confunde a imagem e o objeto. 16) Com o advento da televisão, da Internet e do cinema, antigos meios de divulgação de ideias desaparecem, como o rádio amador, a caixa postal e os livros de poesia e de romance. 13. (UEM 2008) A Escola de Frankfurt definiu a racionalidade ocidental como instrumentalização da razão. Para Adorno, Marcuse e Horkheimer, a razão Prof. Anderson Pinho www.filosofiaesociologia.com.br 16 instrumental caracteriza-se pela produção de um conhecimento cujo objetivo é dominar e controlar a natureza e os seres humanos. Assinale o que for correto. 01) A razão instrumental expressa uma ideologia cientificista, pois acredita que é neutra, e identifica as ciências apenas com os resultados de suas aplicações. 02) Na medida em que a razão se torna instrumental, a ciência deixa de ser uma forma de acesso aos conhecimentos verdadeiros para tornar-se um instrumento de dominação, de poder e de exploração. 04) A ideologia do progresso no modo de produção capitalista fundamenta-se na razão instrumental por acreditar que essa promove o avanço tecnológico que permite a racionalização da produção. 08) Para Marx, o socialismo, ao transformar o trabalho em mercadoria, torna o homem um mero instrumento e aliena-o social e culturalmente. 16) Marx defendeu a razão instrumental por ser mais eficiente que a práxis para realizar a revolução socialista. 14. Observe a figura e leia o texto a seguir. Retrato de George Dyer, Em um espelho. 1968. Óleo sobre tela. Museo Thyssen-Bornemisza, Madrid. A crise da razão se manifesta na crise do indivíduo, por meio da qual se desenvolveu. A ilusão acalentada pela filosofia tradicional sobre o indivíduo e sobre a razão – a ilusão da sua eternidade – está se dissipando. O indivíduo outrora concebia a razão como um instrumento do eu, exclusivamente. Hoje, ele experimenta o reverso dessa autodeificação. HORKHEIMER, M. Eclipse da razão. São Paulo: Centauro, 2000, p.131. Com base na figura e nos conhecimentos sobre a crise da razão e do indivíduo na contemporaneidade, em Horkheimer, considere as afirmativas a seguir. I. A crise do indivíduo implica na sua fragmentação: embora ele ainda se represente, a imagem que possui de si é incompleta, parcial. II. A crise do indivíduo resulta de uma incompreensão: ignorar que ele é uma particularidade ordenada (microcosmo) inserida numa totalidade ordenada (macrocosmo). III. O indivíduo, que é unitário, apreende a si mesmo e ao mundo plenamente, faltando-lhe, porém, os meios adequados para comunicar tal conhecimento. IV. O desenvolvimento das ciências humanas levou a uma recusa da ideia universal de homem: nega-se à razão o poder de fundamentar absolutamente o conhecimento sobre o indivíduo. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.15. (UNICENTRO 2014) O pensamento crítico é motivado pela tentativa de superar realmente a tensão, de eliminar a oposição entre a consciência dos objetivos, espontaneidade e racionalidade, inerentes ao indivíduo, de um lado, e as relações do processo de trabalho, básicas para a sociedade, de outro. O pensamento crítico contém um conceito de homem que contraria a si enquanto não ocorrer esta identidade. HORKHEIMER, M. Teoria tradicional e teoria crítica. São Paulo: Abril Cultural, 1975. p.140. Coleção: Os Pensadores. Com base no texto e nos conhecimentos acerca de Max Horkheimer, assinale a alternativa correta. a) A racionalidade crítica se assenta em um tipo de conhecimento denominado puro que se apresenta desvinculado da ação, o que prova a autonomia dos seres humanos e da ciência. b) A razão crítica, representada principalmente pelo pragmatismo americano, postula a necessidade de predominância da lógica da verdade sobre a lógica da probabilidade. c) A teoria crítica permite a compreensão de que o conhecimento tem materialidade, envolvimento concreto e relação direta com a sociedade, o que faz aparecer a articulação da teoria e da prática. Prof. Anderson Pinho www.filosofiaesociologia.com.br 17 d) A teoria crítica afirma que a razão é incapaz de determinar se um fim é desejável ou não, por isso a razão suspende a possibilidade de um juízo. e) Para a teoria crítica, há uma relação necessária entre os avanços da ciência e da técnica com os progressos conquistados pela civilização humana ao longo da história. 16. (UNIOESTE 2013) Em seu artigo Max Horkheimer: teoria crítica e materialismo interdisciplinar (2011), o filósofo Luís Sérgio Repa afirma que a teoria crítica procurou reintegrar a razão pelas promessas não cumpridas pelo Iluminismo. Entre os pensadores ligados a Escola de Frankfurt, Max Horkheimer se destacou por ter sistematizado e teorizado a teoria crítica, além de ter formulado um programa de pesquisa. Entre os principais fundamentos teóricos da teoria crítica frankfurtiana, assinale a alternativa correta. A) O grande mérito da teoria crítica foi separar teoria e prática e de considerar a realidade social distante do seu devir histórico. B) A teoria crítica faz uma crítica das noções de teoria e práxis, suprimindo a separação entre o ser e o dever, tão caras ao marxismo e ao ativismo político. C) Segundo a teoria crítica de Horkheimer, o pesquisador é neutro em relação à sociedade que estuda e critica, ou seja, a teoria critica separa o sujeito do objeto do conhecimento. D) A teoria crítica tem como principal característica não se preocupar com os problemas sociais do tempo presente e por demonstrar desinteresse pela emancipação humana diante das estruturas econômicas, políticas e culturais de seu tempo. E) A ideia de emancipação humana e de um comportamento crítico em relação à sociedade e à cultura contemporânea não é uma preocupação da teoria crítica, pois ela não anseia uma sociedade emancipada por um interesse universalista. 3. HERBERT MARCUSE É impossível uma civilização não-repressiva? Eros e civilização (1955) desenvolve um dos temas mais importantes do pensamento de Freud, ou seja, a teoria freudiana de que a civilização se baseia na repressão permanente dos instintos humanos. Como escrevia Freud, “a felicidade não é um valor cultural”. E, comenta Marcuse (1898-1979), isso no sentido de que “a felicidade está subordinada a um trabalho que ocupa toda a jornada, a disciplina da reprodução monogâmica, ao sistema constituído das leis e da ordem. O sacrifício metódico da libido e seu desvio imposto inexoravelmente, para atividades e expressões socialmente úteis, são a cultura”. Na opinião de Freud, a história do homem é a história de sua repressão. A cultura ou civilização impõe constrições sociais e biológicas ao indivíduo, mas essas constrições são a condição preliminar do progresso. Deixados livres para seguir seus objetivos naturais, os instintos fundamentais do homem seriam incompatíveis com toda forma duradoura de associação: “Os instintos, portanto, devem ser desviados de sua meta, e inibidos em seu objetivo. A civilização começa quando se renuncia eficazmente ao objetivo primário: a satisfação integral das necessidades”. Essa renúncia ocorre na forma de deslocamento: DE PARA Satisfação Satisfação Imediata Adiada Prazer Limitação do prazer Alegria (jogo) Fadiga (trabalho) Receptividade Produtividade Ausência de repressão Segurança Prof. Anderson Pinho www.filosofiaesociologia.com.br 18 Marcuse diz que Freud descreveu essa mudança como a transformação do princípio do prazer em princípio de realidade, e as vicissitudes dos instintos são as vicissitudes da estrutura psíquica na civilização. E com a instituição do princípio de realidade, o ser humano - que, sob o princípio do prazer, fora pouco mais do que mistura de tendências animais, tornou-se Eu organizado. Para Freud, a modificação repressiva dos instintos é consequência “da eterna luta primordial pela existência que continua até nossos dias. Sem a modificação, ou melhor, o desvio dos instintos, não se vence a luta pela existência e não seria possível nenhuma sociedade humana duradoura. Entretanto, diz Marcuse, Freud considera eterna a luta primordial pela existência, acreditando, com isso, num antagonismo eterno entre o princípio do prazer e o princípio de realidade. A convicção de que é impossível uma civilização não repressiva representa uma pedra angular da construção teórica freudiana. Precisamente contra essa eternização e absolutização do contraste entre o princípio do prazer e o princípio de realidade é que se voltam os golpes críticos de Marcuse, no sentido de que, em sua opinião, esse contraste não é metafísico ou eterno, devido a certa misteriosa natureza humana considerada em termos essencialistas. Esse contraste é muito mais produto de uma organização histórico-social especifica. Freud mostrou que a falta de liberdade e a constrição foram o preço pago por aquilo que se fez, pela "civilização" que se construiu. Mas disso não deriva necessariamente que o preço a ser pago seja eterno. “Eros” libertado O progresso tecnológico gerou as premissas para a libertação da sociedade em relação à obrigação do trabalho, pela ampliação do tempo livre, pela mudança da relação entre tempo livre e tempo absorvido pelo trabalho socialmente necessário (de modo que este se torne apenas meio para a libertação de potencialidades hoje reprimidas): “Expandindo-se sempre mais, o reino da liberdade torna-se verdadeiramente o reino do jogo, do livre jogo das faculdades individuais. Assim libertadas, elas geram formas novas de realização e de descoberta do mundo, que, por seu turno, darão nova forma ao reino da necessidade e à luta pela existência”. O reino da necessidade (centrado no princípio do desempenho e da eficiência, que suga toda a energia humana) será então substituído por uma sociedade não repressiva, que reconcilia natureza e civilização, na qual se afirma a felicidade do Eros libertado. No progresso tecnológico, portanto, estão as condições objetivas para a transformação radical da sociedade. No entanto, o progresso tecnológico não fica abandonado a si mesmo: é controlado e guiado; consciente das possibilidades da derrocada do sistema, o poder sufoca as potencialidades libertadoras e perpetua um estado de necessidade doravante não mais necessário. E assim, já tecnicamente possível, a utopia permanece inalcançável. Daí a importância da filosofia, que, embora sem dizer como será o reino da utopia, no entanto o anuncia, ao mesmo tempo em que denuncia os obstáculos em seu caminho. O homem de uma dimensão
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