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CADERNO DE QUESTÕES – DIREITO DE FAMÍLIA DIVÓRCIO 1. Maria e Sílvia são casados no regime da comunhão universal de bens e decidiram se divorciar. Possuem 2 filhos gêmeos de 10 anos. O casal possui 4 imóveis de 2 quartos no mesmo prédio, situado em Jardim da Penha; eles pretendem que cada um dos membros da família se torne proprietário de 1 bem. Qual a melhor solução para atendê- los? Por estarem sobre o regime de comunhão universal de bens todos os bens dos cônjuges se comunicam salvo as exceções do art. 1668 do CC. A melhor maneira de realizar a pretensão de cada membro com um bem seria a doação de dois imóveis dos 4 disponíveis aos filhos em sede de homologação de sentença de divórcio o qual necessariamente deverá ser feito em juízo para preservar o interesse dos menores. Não pode a doação a um herdeiro interferir na fração do patrimônio que pertencerá a outro, salvo se houver consentimento. Assim, a transferência deverá ser limitada a 50 % do patrimônio a que cada um dos beneficiários têm direito. Como os imóveis possuem o mesmo padrão não há que se falar em invasão de patrimônio de forma que cada membro poderá receber um imóvel. O entendimento de tribunais superiores (STJ: Resp 32.895/SP) que a doação feita por ex-casal beneficiando filhos em comum em ação de divórcio, devidamente homologada em juízo, pode ser registrada independente de escritura pública ou de abertura de inventário, sendo suficiente o registro formal de partilha no cartório de imóveis. 2. Em ação de divórcio litigioso, Paula requer a dissolução da sociedade conjugal e do vínculo matrimonial e pensão alimentícia; o casal não possui filhos e o patrimônio comum já havia vendido e cada um recebeu a sua parte. O marido Réu (José) contestou a ação, alegando que Paula não apontara motivo para o divórcio e, quanto aos alimentos, provou que Paula não necessitava de alimentos, pois estava empregada e ganhava mais do que ele. Na mesma contestação, propôs Reconvenção, requerendo pensão para si. Realizada a instrução, o juiz sentenciou em 02/2020, decretando o divórcio, pois entendeu que não era necessária prova de culpa, e indeferindo os dois pedidos de pensão. Nenhuma das partes apelou, tendo ocorrido trânsito em julgado em 03/2020. Hoje José foi até o escritório de vocês porque Paula perdeu o emprego, está sem renda, e quer que ele (José) lhe pague pensão. Qual o parecer de vocês? Primeiramente, o divórcio é um direito potestativo incondicionado, de forma que Paula não precisa indicar qual o motivo pelo qual pretende se divorciar. Quanto à questão dos alimentos, José não deve à Paula alimentos. Os alimentos devidos em razão do divórcio tem como fim principal justamente evitar que ocorra uma disparidade financeira entre os ex-cônjuges, principalmente quando um deles se encontra financeiramente dependente de outro. No caso em análise, à época em que Paula perdeu o emprego, inexistia qualquer dependência financeira. Na verdade, nota-se que se passou muito tempo desde o divórcio, de forma que qualquer dever de solidariedade existente entre os cônjuges já se extinguiu há tempo. E mais: Houve a alegação de que Paula ganhava muito mais do que José. Isso demonstra ainda mais a inexistência de dependência financeira à época do casamento, não sendo possível cobrar alimentos a partir de patrimônio obtido por José após o divórcio. Melhor explicando o meu entendimento sobre esse caso: Enquanto casados, presumia-se que havia solidariedade do casal na constituição do patrimônio, o que poderia justificar o estabelecimento da obrigação de alimentar em benefício do réu dependente/mais pobre. Muitos anos após o divórcio, inexiste essa solidariedade. Tudo o que José conseguiu foi sozinho e inexiste qualquer vínculo entre ele e Paula. 3. Carlos e Sílvia pretendem se divorciar com urgência, mas não há acordo sobre a partilha de bens. Possuem 2 gêmeos de 10 anos de idade. O que você faria para satisfazer o desejo dos clientes? O divórcio pode ocorrer independentemente da separação de bens, não sendo a questão do acordo um óbice para isso. Eu recomendaria o ajuizamento de ação de divórcio consensual cumulada com partilha de bens e guarda, com pedido liminar de decretação de divórcio, com fundamento nos arts. 300 e seguintes do CPC. Deferida a liminar, seriam discutidas as questões de guarda e de partilha de bens, de maneira judicial. 4. Considerando a legislação civil em vigor, assinale a alternativa correta acerca do casamento. a) A sociedade conjugal só termina pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio. - FALSA. Rol do art. 1571, CC. b) Não podem casar os afins em linha reta, mesmo após a dissolução do casamento. - VERDADEIRA. Hipótese de impedimento previsto pelo art. 1.521, inciso II, do CC. c) Para a realização do casamento nuncupativo, é necessário que algum dos contraentes esteja em iminente risco de vida, não se obtenha a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto e haver a presença de, pelo menos, três testemunhas. - FALSA. Art. 1.539, CC. d) Pode ser anulado o casamento realizado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes erro essencial. É hipótese de erro essencial a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que caracterize deficiência. - FALSA. Art. 1557, inciso III, do CC. e) O MP não tem legitimidade para promover ação direta pretendendo a decretação da nulidade de casamento contraído por infringência de impedimento. - FALSA. Art. 1549, CC. IMPORTANTE! A sociedade conjugal é um vínculo jurídico que estabelece entre os cônjuges e companheiros deveres, direitos e obrigações, principalmente no que tange às relações patrimoniais, regime de bens e aos deveres conjugais. Se difere do vínculo matrimonial, que é obtido a partir do casamento. 5. Luis, aos vinte e cinco anos de idade, casou-se com Alexandra sob o regime de comunhão parcial de bens. Na constância do casamento adquiriram dois imóveis no litoral brasileiro. Após vários anos, em detrimento da ausência da affectio maritalis, consensualmente optaram pelo divórcio. Alexandra, objetivando realizar o desejo de ser mãe, decidiu dar uma chance para o amor e aceitou o pedido de namoro de seu amigo de infância, Eduardo. Não demorou muitos meses e foram ao Cartório de Registro Civil marcar o casamento. Foram surpreendidos com a notícia de que o casamento estaria impedido de ser realizado tendo em vista que ainda não tinha ocorrido a partilha dos bens do casamento anterior de Alexandra. A informação fornecida está correta? Justifique com o devido fundamento legal. Entendo que não é causa de impedimento, e sim condição suspensiva, nos termos do art. 1523, inciso III, do CPC. 40. Viviane, médica, casou-se com Anderson, engenheiro, sob regime de comunhão parcial de bens. Na constância do casamento não adquiriram bens imóveis. Após 9 anos de casamento, ausente a affectio maritalis, optaram pelo divórcio. Após 1 ano, Viviane apaixonou-se por seu primo Juan e, após 2 anos de relacionamento, decidiram oficializar a união com o casamento civil. Contudo, ao se dirigirem ao Cartório de Registro Civil, foram informados de que o casamento não poderia ocorrer pois ainda não havia transcorrido o lapso temporal de 5 anos desde divórcio de Viviane. Inconformados, resolveram procurar um advogado para maiores esclarecimentos. Nessa situação, quais as informações dadas pelo advogado do casal? Justifique. O divórcio só pôde ser feito depois de 1977, e nessa época realmente existia um prazo para que os divorciados pudessem casar novamente, contudo, a PEC, conhecidacom PEC DO AMOR, e que foi posteriormente convertida em emenda de número 66 de 2010, definiu que pela constituição brasileira o divórcio poderia ser pedido de maneira direta, sem que fosse preciso esperar nenhum prazo, e que assim, não seria necessário aguardar prazo para casar novamente. Logo, Viviane, para se casar, só precisa ter em mãos sua certidão de casamento averbada e na sequência, dar início ao procedimento no cartório para se casar. Ademais, como não conquistaram nenhum bem na constância do casamento, não há que se falar em partilha de bens. Desse modo, a informação recebida se deu de maneira equivocada, sem se atentar às nuances da evolução social. Outrossim, muitas pessoas acham que primos não podem se casar, todavia, importante entender que primos não são considerados colaterais, tendo em vista que colaterais são aqueles parentes que não são filhos uns dos outros, porém são descendentes de uma pessoa comum entre eles. 41. Caio comparece ao seu escritório desejando se divorciar de sua mulher Helena. Ele lhe informa que ela está de acordo com o rompimento do casamento. Eles são casados pelo regime de comunhão universal de bens, possuem um filho de 15 anos, uma casa e um carro. Estão de acordo com a partilha. Você, como advogado de Caio, como procederia? Como advogada de Caio, tendo em vista a existência de filho menor comum ao casal, já o deixaria a par da impossibilidade de divórcio extrajudicial. Todavia, como o casal está de acordo no que tange a partilha dos bens, os aconselharia a ajuizar uma ação de divórcio consensual (art. 731, CPC), onde constaria (i) as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns; (ii) as disposições relativas à pensão alimentícia entre os cônjuges; (iii) o acordo relativo à guarda do filho incapaz e ao regime de visitas; e (iv) o valor da contribuição para criar e educar o filho. 6. Lindoia e Adolfo se casaram quando este já contava 75 anos. Três anos depois, Adolfo passou a apresentar quadro de demência senil, razão pela qual foi ajuizada ação de curatela e nomeado seu filho como curador provisório. Neste ínterim, Lindoia, que não desejava cuidar mais do marido, pediu o divórcio. O marido foi citado na pessoa de seu curador provisório que, imediatamente, manifestou concordância ao pleito. Discorra sobre como se dará o divórcio no caso em comento, inclusive sobre a questão da partilha. Primeiramente, destaca-se que o divórcio é um direito potestativo e incondicionado, de forma que Lindoia possui direito a pedir o divórcio no caso em comento, independentemente do motivo. O juiz, neste caso, deverá decretar o divórcio. Quanto à partilha de bens, uma vez que Adolfo já tinha 75 anos à época do casamento, este foi submetido ao regime obrigatório de separação de bens. Neste caso, no entanto, poderá Lindoia comprovar o esforço comum na aquisição de bens havidos durante a união, hipótese na qual terá direito à meação (Súmulas 655 e 377, STF). 7. Henrique e Marcos são casados com o regime jurídico de comunhão parcial de bens. Na constância do casamento, eles adquiriram duas casas, um carro e uma fazenda. Após alguns anos, o casal optou pelo divórcio de forma consensual. Diante dessa situação, pretendem apenas o fim do matrimônio, sem a divisão de bens. Oriente o casal. O CC prevê a possibilidade de divórcio independentemente de partilha de bens (art. 1.581, CC), de forma que é possível o atendimento ao pleito do casal. No entanto, a partilha, neste caso, se trata de causa suspensiva para novo matrimônio, de maneira que nenhum dos dois poderão se casar enquanto não resolverem a questão da partilha dos bens (art. 1.523, III, CC). In casu, uma vez escolhida a comunhão parcial de bens, comunicam-se os bens obtidos na constância do casamento, de forma que deverão ser partilhados as casas, o carro e a fazenda adquiridos.
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