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RESUMO - A inter-relação leitura e escrita o papel do conhecimento prévio e das estratégias leitoras

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RESUMO - A inter-relação leitura e 
escrita: o papel do conhecimento 
prévio e das estratégias leitoras. 
Resumido por: Abraão George Halcsik 
(CEU Agua Azul) 
Leitura e Produção de Texto 
SEMANA 3 
 
INTRODUÇÃO 
 
Apesar de a leitura e escrita serem 
ensinadas na escola, isto não significa 
que as crianças e jovens, de fato, 
aprendam a ler e a escrever, de 
maneira autônoma. Conforme a 
tradição escolar brasileira, o professor 
pode optar por: 
 
 Ensinar gramática através de 
conceitos e exercícios de 
aplicação, ou 
 Basear o ensino em 
leitura/escrita. 
 
Em geral, o professor recém-formado 
escolhe a segunda alternativa. Sua 
atuação vai depender muito do 
ambiente escolar (comunidade escolar, 
professores já atuantes). 
 
A fala é uma atividade muito mais 
central do que a escrita no dia a dia, 
porém, as escolas dão pouca atenção à 
fala em seus programas de ensino, 
privilegiando muito mais a escrita. Se a 
experiência de leitura/escrita do aluno 
for pequena, sua fala e sua escrita vão 
refletir seu desconhecimento. O texto 
oral e o texto escrito possuem 
diferenças entre si, havendo estruturas 
da escrita não usadas na fala e vice-
versa. 
 
LEITURA E CONTEXTOS DE USO DA 
ESCRITA 
 
No cotidiano das pessoas, a fala e a 
escrita não são dissociadas. A inter-
relação entre contextos e gêneros 
facilita a identificação de como 
escrever, em cada circunstância. 
 
Ao colocar lado a lado a situação social 
e a atividade leitora, o professor 
favorece o entendimento da função 
social de um dado gênero textual. Isto é 
chamado de aprendizagem situada. A 
ideia é o aluno observar como a língua 
funciona num determinado contexto 
social, identificar o gênero e a partir 
daí, poder ajustar sua produção escrita 
para atender a tal contexto. 
 
Os professores priorizam regras e 
definições sem contexto, recorrendo de 
modo sistemático à norma escrita, 
como se ela fosse totalmente uniforme 
e homogênea (Ou seja, como se ela 
refletisse a única forma de se escrever). 
A ideia deste ensino é admitir que 
existe o modo “certo” de escrever, ou 
seja, trata-se de um modelo de ensino 
conservador. 
 
É preciso que o ensino valorize a leitura 
para que o aluno consiga ampliar os 
horizontes de entendimento a fim de 
pouco a pouco se tornar mais 
independente do professor. Através da 
leitura, a pessoa consegue: 
 
 Identificar os signos que 
compõem a escrita 
(correspondência 
grafema/fonema). 
 Compreender o significado da 
linguagem textual. 
 
O ponto mais importante é a segunda 
alternativa, pois no Brasil o número de 
analfabetos funcionais tem aumentado 
bastante nos últimos anos, o que indica 
que os leitores brasileiros conseguem 
decifrar, mas não entender o que leem. 
Isto inclui alunos do ensino médio e 
superior. 
 
Analfabeto funcional é aquele que não 
entende o que lê 
 
Para ler bem, é preciso decifrar bem. 
Porém, decifrar não significa 
compreender. A compreensão não faz 
parte do ato de leitura propriamente 
dito, assim, não se pode reduzir o ato 
de ler a simplesmente decodificar. 
 
O professor precisa entender que não 
basta ensinar a ler, é preciso que o 
aluno entenda a leitura feita e aprenda 
com o que lê. Isto faz com que a leitura 
enquanto atividade cognitiva somente 
atinja seu papel. 
 
A interpretação não é um ato mecânico 
de juntar letras, estruturar sílabas, 
palavras e frases, mas um diálogo do 
leitor com o autor. Num ambiente em 
que as pessoas cultivam a leitura, a 
criança poderá mais facilmente 
interessar-se por ler. Este interesse é 
construído a partir das relações do 
indivíduo com outras pessoas 
(Vygotski). 
 
ENSINO DE LEITURA/ESCRITA: O PAPEL 
DO CONHECIMENTO PRÉVIO 
 
Na prova PISA (2012), os estudantes de 
ensino médio apresentaram o pior 
desempenho já registrado pelo Brasil 
até o momento. A lentidão para ler foi 
a dificuldade mais apontada. Ou seja, 
ler muito devagar atrapalhava a 
compreensão. 
 
A falta de exposição à leitura e escrita 
retarda o desenvolvimento da 
autonomia e da velocidade no nível do 
reconhecimento da palavra (Stanovich). 
As dificuldades iniciais de leitura 
podem ser tornar permanentes, 
acompanhando as pessoas ao longo da 
vida. Frequentar uma faculdade não faz 
com que os alunos superem essas 
limitações, pois para ler melhor, a 
pessoa precisa ler mais e mais. E 
geralmente quem já tem dificuldade de 
leitura procura evitá-la. Por esta razão, 
é preciso destacar a importância de 
desenvolver esta habilidade ainda no 
período da alfabetização. 
 
Aos estudantes universitários, os 
professores costumam propor leitura 
intensiva a fim de sanar as dificuldades 
de leitura. Porém, não basta ler, é 
preciso compreender. Existem dois 
fatores determinantes para explicar a 
diferenças entre bons e maus leitores: 
o conhecimento prévio e as estratégias 
de compreensão leitora. Bons leitores 
(Gonçalves): 
 
 Classificam e organizam os 
problemas encontrados no 
texto e percebem se são 
problemas diferentes em 
termos de abstração. 
 Optam por critérios estáveis e 
coerentes de seleção dos 
detalhes a serem considerados. 
 Atingem nível de compreensão 
mais aprofundado e específico, 
relativamente ao domínio 
conceitual de que trata o texto. 
 Dominam com maior qualidade 
e em maior quantidade os 
conceitos específicos de uma 
dada área de conhecimento. 
 Estabelecem relações 
adequadas (de ordem, 
dependência, causalidade...) 
entre conceitos específicos de 
um dado domínio. 
 
Enquanto os maus leitores: 
 
 Mobilizam quadros de 
representação do texto 
demasiado gerais, o que lhes 
dificulta a percepção da 
especificidade dos detalhes do 
texto. 
 Selecionam traços de superfície 
do texto, atendo-se aos que são 
explicitamente apresentados. 
 Consideram relevantes e 
pertinentes aspectos que, de 
fato, não o são, confundindo-se. 
 Dominam de forma inexata, e 
em menor quantidade, 
conceitos específicos de uma 
dada área de conhecimento. 
 Mostram dificuldade em 
estabelecer relações entre 
conceitos, confundindo as suas 
ligações de ordem, 
dependência, causalidade. 
 
Quanto mais numerosos e pertinentes 
forem os conhecimentos prévios do 
leitor, melhor será o seu desempenho 
em leitura e interpretação e sua 
aprendizagem dos conteúdos. Porém, é 
possível também que este 
conhecimento prévio seja incompatível 
com a informação presente no texto, 
levando o indivíduo a não considerar o 
que lê. Assim, o conhecimento prévio 
pode ser considerado uma faca de dois 
gumes, pois pode facilitar ou impedir a 
compreensão. Por exemplo, se um 
dado leitor tiver crenças muito 
arraigadas sobre determinado assunto, 
e o texto que estiver lendo aborde esse 
assunto de forma diferente daquela em 
que acredita, esse leitor não entenderá 
o texto, interpretando-o sem 
considerar o que diz. 
 
O conhecimento prévio pode afetar 
positivamente ou negativamente a 
compreensão do texto. 
 
ENSINO DE LEITURA/ESCRITA: A 
IMPORTÂNCIA DO USO DE 
ESTRATÉGIAS PARA A LEITURA 
COMPREENSIVA 
 
Estratégias de compreensão são rotinas 
leitoras que propiciam que o leitor 
entenda melhor o que está lendo. São 
relevantes as estratégias seguintes 
(Gonçalves): 
 
Determinar as ideias principais do 
texto: Separar ideias principais de 
secundárias. Na escola, o professor 
pode não apenas propor aos alunos 
fazerem isso, mas também deve 
estimular a discussão de ideias em 
grupo, o que estimula o interesse. A 
ideia desta estratégia é fazer o aluno 
adquirir clareza do conteúdo textual. A 
dificuldade em selecionar as ideias 
principais do texto tem vínculo com a 
dificuldade mencionada antes, de ler 
devagar. Ao ler muito devagar, o aluno 
perde o fio da meada e não consegue 
sintetizar o conteúdo que está lendo. 
Ler devagar prejudica o entendimento 
porque dificulta identificar as ideias 
principais do texto: “Eu leio, leio, e 
quando chego ao parágrafo seguinte, 
já esqueci o que li no começo”. 
 
Leitores mais habilidosos não fazem 
uma leitura mecânica e meramente 
sequencial do texto, mas retrocedem,releem partes anteriores, fazem 
comparações entre trechos, etc... 
enfim, seu cérebro está ativo no 
processo de assimilar o conteúdo. 
Estão de fato lendo e aprendendo. 
 
Sumarizar a informação contida no 
texto: No Brasil significa resumir ou 
parafrasear um texto. Porém, tais 
termos são diferentes: Resumir 
abrange reduzir o texto copiando 
algumas linhas dele. Porém, 
parafrasear significa reescrever um 
novo texto, reformulado a partir do 
original, porém, com as ideias mais 
claras. 
 
Efetuar inferências sobre o texto: Esta 
estratégia admite que não existe texto 
que contenha tudo o que se deseja 
transmitir. Por isso, o leitor deve 
incorporar informações para preencher 
lacunas textuais, a fim de entender o 
texto em profundidade. 
 
Monitoramento da leitura: Envolve ter 
ciência do próprio conhecimento e 
avalia-lo durante a assimilação. Diz 
respeito a e questionar: estou 
entendendo este texto? O que estou de 
fato compreendendo deste texto? 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Na vida diária das pessoas, leitura e 
escrita são atividades sociais que se 
organizam uma em função da outra, 
complementando-se. A leitura tem uma 
função social determinada. A escrita, 
pois, integra as atividades de sujeitos 
de uma dada comunidade que têm uma 
história comum e que compartilham 
um contexto situacional (espacial e 
cultural), materializando-se (em razão 
das variadas atividades sociais desse 
grupo) em gêneros textuais diversos. 
 
O que se propõe é que o professor 
associe didaticamente as práticas de 
leitura/escrita, para torna-las mais 
dinâmicas. O passo inicial é familiarizar 
os alunos com uma ampla gama de 
situações sociais que mobilizem 
determinados gêneros textuais. Em 
seguida, selecionar (indicar) situações 
(gêneros/textos) a serem trabalhadas 
de modo sistemático, delimitando as 
possibilidades existentes, de modo a 
inter-relacionar leitura à produção 
escrita dos gêneros textuais mais úteis 
ao nível de desenvolvimento e ao curso 
frequentado pelos alunos.

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