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Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 1 Constitui para muitas mulheres o promeiro contato com um profissional de saúde, o que envolve ansiedade e nervosismi, sendo necessária uma relação médico-paciente mais cuidadosa. Objetiva a avaliação da pelve feminina, incluindo a inspeção estática e dinâmica, toque vaginal simples ou bimanual e exame especular, além do teste de Schiller e do ácido acético. O primeiro exame pode ser feito desde o nascimento, na avaliação de anomalias congênitas, como genitália ambígua, hímen e ânus imperfurados, e em qualquer fase da vida da mulher. Na criança, o exame é realizado para avaliar vulvovaginites, presença de corpos estranhos, sangramento e violência sexual. Na adolescência, o exame deve ser focado no início da atividade sexual, a partir do rastreamento e orientação sobre ISTs, contracepção e prevenção do câncer, além de avaliar as alterações mentruais. Na mulher adulta e em pós-menopausa, o exame tem como alvo a prevenção e o diagnóstico de diferentes afecções.. O exame é realizado na posição ginecológica, com a paciente deitada e com a face voltada para cima, flexão de 90 º dos quadris e joelhos, expondo o períneo. → Posição litotômica ou talha. O examinador posiciona- se entre as pernas da paciente. Além do exame ginecológico apurado e benfeito, o ginecologista dispõe de vários exames complementares, incluindo colposcopia, histeroscopia, ecografia, tomografia, ressonância, biopsias, culturas de secreções, entre outros. Deve-se lembrar, porém, que a indicação desses exames está diretamente vinculada à qualidade do exame clínico. Inicia-se com a avaliação da pilificação, principalmente do monte de vênus, da região perineal, da raiz das coxas e da região anorretal. Busca-se: Rarefação ou ausência de pelos – pacientes pós- menopausa ou com síndromes associadas à insensibilidade aos androgênios, como a síndrome de Morris. Aumento dos pelos – hirsutismo, que pode ser decorrente de distúrbios dos ovários ou das suprarrenais Observa-se a morfologia e trofismo dos grandes e pequenos lábios, bem como o seu desenvolvimento (relacionado à idade) → Escala de Tanner As glândulas de Bartholin não são palpáveis quando normais, mas podem constituir tumorações quando inflamadas. {Exame Físico Ginecológico} Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 2 Na avaliação do hímen, observam-se integridade e morfologia. Na avaliação do períneo deve-se observar a presença de rupturas advindas de partos, lesões da pele e de processos infecciosos ou inflamatórios. Solicita-se à paciente que realize movimentos que aumentem a pressão abdominal, tornando evidentes as distopias genitais. A manobra de Valsava consiste em solicitar que a paciente tussa para avaliar se ocorre procidência do útero, abaulamento das paredes vaginais ou perda de urina. As distopias são reflexo do enfraquecimento das estruturas que formam o assoalho pélvico. Quando ocorre a procidência da parede vaginal anterior denomina-se cistocele, já posterior retocele. Quando indicado, o teste de Collins, que é a embrocação da vulva com o azul de toluidina. As lesões coradas de azul são consideradas suspeitas, sendo necessária a realização de biópsia. O ácido acético também pode ser utilizado, resultando em lesões coradas de branco, chamadas de acetobrancas. Utiliza-se o espéculo de Collins, articulado e disponível em 3 tamanhos. O espéculo deve ser introduzido com uma angulação de 45° para se desviar do meato uretral. Posteriormente, é colocado de tal forma que as paredes anterior e posterior sejam deslocadas. Inicia-se com a inspeção das paredes vaginais, observando seu trofismo, que reflete a ação do estrogênio sobre este tecido. Nas pacientes na menacme, as paredes vaginais encontram-se rugosas e úmidas, e na pós-menopausa, lisas e secas. A presença de secreções vaginais e seu aspecto também devem ser relatados. Uma secreção clara, cristalina e límpida é considerada fisiológica. Representa a produção normal das glândulas da endocérvice e do vestíbulo vulvar. Se secreção anormal for identificada, deve ser avaliada quanto a volume, cor, consistência e odor. O pH da secreção normal é inferior a 4,5 e um pH elevado pode ser atribuído a infecção ou substâncias exógenas. Quando esta secreção apresenta-se com colorações diferentes, como esverdeado, amarelado, acinzentado e branco, provavelmente está presente algum patógeno. Deve-se conferir atenção à avaliação dos fundos de saco vaginais, principalmente se houver abaulamentos, que podem indicar a presença de tumoração pélvica, ou coleção intraabdominal, como sangue ou pus. Na avaliação do colo do útero é importante relatar a localização, a morfologia, o tamanho e o aspecto do orifício do colo do útero. Esses dados guiam para a realização de diagnósticos diferenciais. O colo do útero, por exemplo, pode estar desviado para um dos lados, em razão da presença de um tumor ovariano ou Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 3 mesmo de um grande mioma. Seu tamanho é um relato importante, principalmente na obstetrícia, na qual o colo passa por processos plásticos, durante um trabalho de parto, perdendo espessura e aumentando a dilatação do seu canal, para possibilitar a passagem do feto. O colo do útero também pode ser acometido pelo câncer. Com o objetivo de prevenir essa doença, no momento do exame especular, faz-se a coleta de material para o exame de Papanicolaou, conhecido como citologia oncoparasitária. Realizam-se também os testes do ácido acético e de Schiller (lugol). O exame de Papanicolaou está indicado em todas as pacientes de 25 a 60 anos, ou que já tiverem iniciado a vida sexual antes desta faixa de idade, uma vez por ano, e após dois exames anuais normais consecutivos negativos, a cada 3 anos. Cuidados antes do exame: Não deve utilizar ducha durante 48 h Evitar relações sexuais nos 2 dias anteriores à coleta, bem como não usar cremes vaginais nos 7 dias precedentes ao exame. O exame deve ser feito com coleta dupla, por meio de espátula de Ayres e escova endocervical. O acondicionamento do material para citologia pode ser feito tanto em lâminas como em meio líquido. O teste do ácido acético é realizado por meio do embrocamento do colo do útero com solução de ácido acético a 5%. A região que corar é considerada acetorreagente e representa uma área de intensa atividade nuclear com maior teor proteico. O teste de Schiller é realizado com o embrocamento do colo do útero com lugol 3 a 5%. O lugol cora o glicogênio, tornando escuras as células normais dos epitélios vaginal e cervical. As lesões não coradas são consideradas Schiller positivo e lugol negativo. As áreas rastreadas que ficaram acetobrancas ou pálidas após o teste de Schiller serão as escolhidas para a realização de biopsia. Lembrar que, quando se encontra uma tumoração visível no colo do útero, realiza-se direto a biopsia, sem a necessidade de exames de rastreamento. No exame do toque vaginal, são avaliados a vagina, o colo do útero, os anexos e o fundo de saco posterior (saco de Douglas). É realizado mediante introdução dos dedos indicador e médio da mão dominante. Deve-se lembrar de utilizar lubrificantes na luva para facilitar o exame. Com a mão abdominal, auxiliase a varredura dos órgãos pélvicos comprimindo a parede abdominal com o intuito de aproximá-los do toque vaginal. Na avaliação do colo e do corpo do útero, observar a posição (anteroversofletido, retroversofletido,Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 4 medianizado ou lateralizado), o tamanho, a forma, a simetria, a mobilidade e a consistência. Os anexos são verificados quanto a tamanho, mobilidade e dor e quando se encontra uma tumoração, deve-se acrescentar localização, consistência e textura. Os ovários são palpáveis em mulheres na menacme, magras e que auxiliam no exame. Na pós- menopausa, são palpáveis em apenas 30% das pacientes. As trompas não são palpáveis no exame normal, mas podem ser encontradas, quando acometidas por processos inflamatórios ou neoplásicos. Em geral, o exame bimanual tem uma sensibilidade inferior a 60%, na detecção de massas anexiais ou para distinguir massas benignas de malignas. Para a diferenciação de massas pélvicas uterinas e anexiais são utilizadas duas manobras: Manobra de Weibel: consiste em observar a mobilidade do colo do útero ao se movimentar o tumor através do abdome. Se o colo se mover, suspeita-se de patologia uterina Manobra de Hega: nesta manobra mobiliza-se a tumoração após a colocação de uma pinça de Pozzi no colo, cuja movimentação permite suspeitar da origem da massa pélvica. Utilizado em ginecologia para a avaliação dos paramétrios ou, quando não for possível o exame vaginal, como nos casos de crianças e pacientes virgens. Deve ser realizado na posição ginecológica, para melhor palpação dos paramétrios ou de massas pélvicas. As principais indicações são tumorações pélvicas e câncer do colo do útero. Nas tumorações pélvicas, este exame auxilia na diferenciação da origem do tumor e, no câncer do colo, ele faz parte do estadiamento da doença. Lesões ulceradas: O herpes genital se caracteriza pelo aparecimento de lesões vesiculares que, em poucos dias, transformam-se em pequenas úlceras, precedidas de ardência, prurido e dor. O diagnóstico diferencial é feito com outras lesões ulceradas como sífilis primária, cancro mole, linfogranuloma venéreo, donovanose e erosões traumáticas infectadas. Câncer de vulva: Atinge mulheres entre 65 e 75 anos de idade. O principal sintoma é o prurido que, em geral, está presente há meses ou anos antes de a paciente procurar o médico. Outras queixas: tumor vulvar, dor, ardor e sangramento. Uretrite gonocócica: Transmitida sexualmente com período de incubação de 2 a 5 dias. O sintoma mais precoce é uma sensação de prurido na fossa navicular que vai se estendendo para toda a uretra. Após 1 a 3 dias surge disúria, seguida por corrimento, inicialmente mucoide, que, com o tempo, vai se tornando, mais abundante e purulento. Em algumas pacientes, pode haver febre e outras manifestações de infecção aguda. Uretrite não gonocócica: O corrimento é geralmente mucoide e discreto, e a disúria é leve e intermitente. A uretrite subaguda é a forma de apresentação em cerca de 50% dos pacientes com uretrite causada por C. trachomatis. Em alguns casos, os corrimentos das UNG podem simular, clinicamente, os da gonorreia. A transmissão é pelo contato sexual. Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 5 Vulvovaginites (leucorreias) Toda manifestação inflamatória e/ou infecciosa da vulva, vagina e ectocérvice. Muitas vezes é assintomática. Vaginose bacteriana Caracterizada por corrimento vaginal brancoacinzentado, de aspecto fluido ou cremoso, algumas vezes bolhoso, com odor fétido, mais acentuado após o coito e durante a menstruação. Dispareunia é pouco frequente. Cerca de 50% das mulheres com vaginose bacteriana são assintomáticas. Candidíase vulvovaginal Os sinais e sintomas dependerão do grau de infecção e da localização do tecido inflamado e incluem: prurido vulvovaginal de intensidade variável (principal sintoma), ardor ou dor à micção, corrimento branco, grumoso, inodoro e com aspecto caseoso, hiperemia, edema vulvar, fissuras e maceração da vulva, dispareunia, fissuras e maceração da pele e vagina e colo recobertos por placas brancas ou brancoacinzentadas, aderidas à mucosa. Tricomoníase É uma doença sexualmente transmissível e manifesta-se clinicamente por: corrimento abundante, amarelado ou amarelo-esverdeado, bolhoso, prurido e/ou irritação vulvar, dor pélvica (ocasional), disúria e polaciúria, hiperemia da mucosa e com placas avermelhadas (colpite difusa e/ou focal). Bartholinite O diagnóstico é geralmente clínico. O quadro é típico com massa amolecida uni ou bilateral no terço inferior do introito vaginal, entre o vestíbulo e o grande lábio. A flora é geralmente mista, mas alguns patógenos específicos, como o gonococo, podem ser encontrados. Não se deve confundir com o cisto de Bartholin, que também é massa cística na mesma topografia, mas não apresenta sinais inflamatórios. HPV A maioria das infecções é assintomática ou inaparente. Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 6 As lesões exofíticas (condilomas acuminados) podem ser únicas ou múltiplas, restritas ou difusas e de tamanho variável. São altamente contagiosas. Na forma subclínica, é visível apenas com técnicas de magnificação. Tumores Nas lesões invasoras, a queixa mais frequente é o sangramento espontâneo ou provocado por atividade sexual. Toda paciente com queixa de corrimento ou sangramento anormal deve ser avaliada por exame ginecológico e biopsia de qualquer lesão visível no colo, com ou sem o auxílio da colposcopia. Pólipo cervical Proeminência hiperplásica focal da mucosa endocervical, incluindo epitélio e estroma, séssil ou pediculada que se exterioriza pelo orifício cervical externo. Entre os sintomas, pode-se observar hemorragia durante atividade sexual, corrimento de odor fétido e sangramento espontâneo. Cervicite Cervicite mucopurulenta ou endocervicite é a inflamação da mucosa endocervical. A etiologia está relacionada com Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. É assintomática em 70 a 80% dos casos. Podem ocorrer alguns sintomas genitais leves, como corrimento vaginal, dispareunia ou disúria. No exame, o colo uterino pode tornar-se edemaciado e sangrar facilmente ao toque da espátula. Pode ser verificada a presença de secreção mucosa ou purulenta no orifício externo do colo. Miomas Cerca de 80% são assintomáticos. As manifestações clínicas dependem da localização e do volume. Sangramento menstrual excessivo é o sintoma mais frequente, em geral seguido de aumento das cólicas mentruais. Os miomas mais associados a esse sintoma são os submucosos. A dor pélvica é o segundo sintoma mais frequente, ocorrendo por aumento excessivo do útero e consequente compressão de estruturas vizinhas como bexiga e reto. O aumento do útero pode causar ainda aumento da frequência urinária com menor volume ou alterações das fezes. Algumas pacientes relatam apenas aumento do volume abdominal, geralmente em miomas subserosos, que atingem maiores volumes e causam sintomas mais tardiamente. Raramente é a causa única da infertilidade. O diagnóstico é feito, em geral, pela anamnese e pelo exame ginecológico, complementado por exames de imagem. Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 7 Pólipo endometrial Neoformação da mucosa endometrial que se origina como hiperplasia focal da camada basal, revestida de epitélio e contendo quantidade variável de glândulas, estroma e vaso sanguíneo. Podem ser assintomáticos ou apresentar sintomas como irregularidade menstrual, dismenorreia e infertilidade. AdenomioseCaracteriza-se pela presença de glândulas e estroma endometrial no interior do miométrio. Pode ser assintomática ou apresentar dor pélvica crônica, dismenorreia, menorragia/metrorragia e infertilidade. Liomiossarcoma Tumor uterino maligno e raro. O quadro clínico tem semelhança com o do mioma uterino. Na menacme, os principais sintomas são hipermenorragia e metrorragia que, por vezes, associamse a dor pélvica decorrente da compressão de estruturas vizinhas. Nos casos mais avançados, observa-se eliminação de material líquido fétido e variados graus de caquexia. Crescimento rápido do volume uterino na pós- menopausa é manifestação clínica que leva à suspeita, principalmente se houver história pregressa de mioma uterino. Câncer do endométrio A principal manifestação é sangramento por via vaginal. Os sangramentos são geralmente intermitentes e de pequena a moderada quantidade. Na maioria das vezes, as perdas sanguíneas ocorrem após a menopausa, uma vez que, em cerca de 80% dos casos, o adenocarcinoma surge após a cessação das menstruações. Às vezes, as manifestações clínicas na pós- menopausa são de descargas aquosas ou corrimento purulento. As pacientes na menacme geralmente se queixam de sangramentos intermenstruais. Nos estágios avançados, com invasão da bexiga, do reto ou de órgãos distantes, os sintomas são específicos. As queixas mais frequentes das portadoras de endometriose são dismenorreia, dor pélvica crônica, infertilidade, irregularidade menstrual e dispareunia. As alterações urinárias e intestinais cíclicas podem ocorrer, tais como dor a evacuação, diarreia, disúria perimenstrual, polaciúria, urgência miccional e hematúria. No exame físico, destacam-se os nódulos e a dor em fundo de saco posterior, espessamento do ligamento uterossacro, mobilização uterina dolorosa, massas anexiais e retroversão uterina fixa. Pacientes que sofrem de dismenorreia intensa podem apresentar outros sintomas, como náuseas, vômitos, cólicas intestinais, aumento do peristaltismo, desconforto respiratório, cefaleia, vertigens e insônia. O exame físico deve ser realizado em todos os seus tempos, buscando uma causa orgânica que Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 8 justifique a dor. O completo exame do abdome é indispensável. Descenço da parede vaginal anterior e/ou posterior, assim como do ápice da vagina (útero ou cúpula vaginal após histerectomia). A maioria das pacientes com prolapso genital inicial é assintomática, e as queixas estão diretamente relacionadas com a evolução. Aproximadamente 2% das pacientes no estágio 2 têm queixa importante de “bola na vagina”, aumentando para 78% nas pacientes em estágio 3. No início, há sensação de peso que surge ou se acentua durante esforço físico. Os sintomas costumam piorar durante o dia e melhorar com o repouso. Com a piora do prolapso, pode surgir dor no hipogástrio, de intensidade variável, com irradiação para a região lombar. Quando o prolapso uterino é de longa duração, pode surgir lesão ulcerada no colo, em geral de origem traumática, que facilmente sangra e se infecta. Sintomas urinários como disúria, polaciúria, urgência, incontinência, retenção urinária, isolados ou associados dependem da idade, da duração e do grau do prolapso. Infecção urinária de repetição é também relatada. Quanto maior o prolapso, menor a frequência de perda urinária ao esforço, provavelmente pela angulação ou compressão uretral pelo prolapso acentuado. Quanto aos sintomas intestinais, verificam-se constipação intestinal crônica e dificuldade para a exoneração fecal na vigência de retocele acentuada, ruptura perineal ou enterocele. Podem coexistir graus variáveis de incompetência do esfíncter externo do ânus, que se manifesta por incontinência fecal ou de gases. As pacientes relatam ainda disfunção sexual. Na inspeção dos genitais externos, podem-se observar pela fenda vulvar entreaberta as paredes vaginais e, em alguns casos, o colo uterino. No compartimento anterior, pode-se encontrar prolapso da uretra (uretrocele), da bexiga (cistocele) ou de ambos (uretrocistocele). No compartimento médio, podem-se encontrar o prolapso uterino, da cúpula vaginal (eritrocele) ou enterocele e, no compartimento posterior, o prolapso do reto (retocele). Nos casos de enterocele, pode-se distinguir, pela palpação, o peristaltismo intestinal nos casos de prolapso completo e pelo desaparecimento das rugosidades da parede vaginal posterior principalmente no seu terço superior. Já nos casos menos evidentes, pode-se utilizar o toque bimanual. Fazendo o toque retal e vaginal concomitantemente, confirma-se a presença de alças intestinais. Síndrome clínica atribuída à ascensão de microrganismos do trato genital inferior, comprometendo desde o endométrio (endometrite) até a cavidade peritoneal (pelviperitonite). São infecções frequentemente polimicrobianas. Os agentes mais comuns são Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. No exame físico da paciente, pode ocorrer dor no abdome inferior, dor à palpação dos anexos, dor à mobilização do colo uterino, febre, conteúdo vaginal ou secreção endocervical anormal e presença de massa pélvica. Gestação ectópica Os sintomas mais frequentes são: dor abdominal em 95 a 100% dos casos, seguida de atraso menstrual em 75 a 95% e sangramento vaginal em 50 a 80% dos pacientes. Ao exame físico, além de se confirmar o sangramento vaginal, pode-se tocar massa anexial dolorosa em 30 a 50% e perceber dor à mobilização do colo uterino em 50 a 75% das mulheres acometidas. Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 9 Outras patologias anexiais que podem causar dor pélvica aguda são a ruptura ou torção de cisto de ovário, o sangramento de corpo lúteo e a dor do meio do ciclo menstrual, entre outras. Cisto ovariano Os tipos mais encontrados são: cistos foliculares, cisto de corpo lúteo, cisto dermoides ou teratomas, endometriomas e cistadenomas serosos. Na maioria das vezes, não causam qualquer sintoma, mas, quando presentes, podem surgir: dor na região inferior do abdome, dor durante a relação sexual, sensação de plenitude no abdome, irregularidade menstrual e/ou dor durante a menstruação. Pode-se perceber, ao toque vaginal, aumento de um ou ambos os ovários. Síndrome dos ovários polísticos Caracteriza-se por ovários aumentados, com múltiplos cistos ovarianos bilaterais, além de obesidade central. Pode ser encontrada em grande quantidade de pacientes. A anovulação hiperandrogênica é a causa mais comum de infertilidade de causa endócrina e caracteriza-se por ciclos anovulatórios, irregulares e graus variados de hiperandrogenismo. Cerca de 20 a 30% das mulheres podem desenvolver cistos ovarianos sem alterações hormonais, sendo assintomáticas. Câncer de ovário Constitui a neoplasia mais letal em mulheres, principalmente por se tratar do carcinoma de diagnóstico mais tardio. Em seus estágios iniciais são assintomáticos, uma vez que a leve compressão das estruturas vizinhas não ocasiona dor ou mesmo desconforto. À medida que a massa tumoral aumenta, as pacientes passam a sentir sintomas vagos de desconforto abdominal, leve dispepsia, que são confundidos com distúrbios gastrintestinais. Os sinais e sintomas de maior importância somente se manifestam nos estágios mais avançados, inclusive com propagação para outros tecidos pélvicos e abdominais. Os sintomas mais frequentes no momento do diagnóstico são: dor abdominal, aumento do abdome atribuído a ascite ou crescimento tumoral, distúrbios gastrintestinais, perda de peso, sangramentospor via vaginal e sintomas urinários. O toque combinado, seja vaginal ou retal, constitui- se no método clínico mais importante para a detecção de tumor variano. A suspeita clínica torna-se maior quando o tumor apresenta consistência com características de porções sólidas e outras císticas e quando a massa tem sua mobilidade prejudicada em razão de aderências a estruturas vizinhas. Elementos que levantam fortes suspeitas do câncer do ovário são o derrame peritoneal, observado pela palpação e pela percussão, e a associação de emagrecimento com aumento do volume abdominal. Piossalpinge e hidrossalpinge A piossalpinge, na qual uma ou ambas tubas uterinas se encontram cheias de pus, quase sempre está associada aos sintomas de inflamação. A hidrossalpinge ocorre com uma terapia tardia ou incompleta, sendo o resultado do fechamento da extremidade fimbriada da tuba uterina. Uma trompa obstruída pode se distender com líquido. Pode existir sem sintomas por anos. Como resultado de destruição da mucosa e oclusão tubária, a infertilidade é uma sequela comum.