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1 - Envelhecimento bem-sucedido: ¯ morbidade e expectativa de vida ativa são os pontos centrais. Conceito: condição complexa de desajustamento biológico, na qual as respostas aos estímulos do meio são pouco adaptadas ou negativas. Condição resultante da dificuldade de reestabelecimento das funções após agressões de varias naturezas, diminuição da eficiência de medidas terapêuticas e de reabilitação, baixa resposta dos sistemas de defesa, ¯ independência e qualidade de vida. Progressão leva a declínio constante das funções fisiológicas e até a morte. Fragilidade viria de uma alteração multissistemica, envolvendo um declínio complexo em que prejuízos iniciais e limitações em diversas esferas precipitam novos declínios até que se alcance um limiar onde as alterações se tornam autossustentadas Para Fried: Síndrome de declínio espiral de energia, embasado por um tripé de alterações relacionadas com o envelhecimento, composto por sarcopenia, desregulação neuroendócrina e disfunção imunológica. A redução de massa muscular, alterações de eixos hormonais (Gh, tireoideanos, sexuais, cortisol) e alterações imunológicas com tendencia a estado inflamatório crônico se associado a fatores extrínsecos provocariam um ciclo vicioso de redução de energia e aumento da dependência e susceptibilidade a agressores. São exemplos de fatores extrínsecos: doenças agudas e crônicas, imobilidade, ¯ da ingestão alimentar etc. Principais desfechos da progressão da síndrome: - Declínio funcional - ¯ atividade física - Prejuízos de balanço e marcha - Quedas - Imobilização - Dependência - Incapacidades - Institucionalização - mortalidade - hospitalizações - tempo de hospitalização - acúmulo de morbidades - Má resposta aos estressores • Epidemiologia Variam de acordo com a definição adotada para a síndrome 65-70 anos: prevalência de 2,5% + 90 anos: > 30% Os classificados como frágeis tem maior taxa de hospitalização, quedas, piora na AVD, morte. • Fisiopatologia e Fatores Predisponentes A patologia é de difícil definição devido a complexidade dos sistemas envolvidos e a frequente coexistência de doenças e incapacidades. Os declínios fisiológicos associados ao envelhecimento têm velocidades individuais diferentes 2 Desregulação dos sistemas (principalmente muscular, neuroendócrino e imune) pelo envelhecimento e influenciada de forma variável por intercorrências no processo vital são a contribuinte mais critica para o desenvolvimento da fragilidade, levando a um declínio funcional espiral autossustentado. Marca da fragilidade: vulnerabilidade aos estressores e comprometimento da capacidade de manter a homeostase, sendo o estado de repouso mais frequentemente preservado. (Fried) Podem estar incluso: - Fatores extrínsecos: carga genética, estilo de vida, doenças e lesões, envelhecimento, nível educacional prévio. - Fatores intrínsecos: sarcopenia, aterosclerose, prejuízo cognitivo e desnutrição. - Precursores tratáveis: anorexia, inatividade, ausência de exercícios, medo de cair, dor, diabetes melito, depressão e delirium. Esses 3 pontos variam conforme o autor, a fisiopatologia não está consensual, mas tem concordâncias em pontos fundamentais. Para Fried (referência) contribui para a fragilidade: acumulo de lesões oxidativas no DNA, declínio na capacidade de reparo, anormalidades na transcrição, deleções e mutações no DNA mitocondrial, encurtamento telomérico e alterações proteicas (glicacao e oxidação) que prejudicam a capacidade de recuperação dos tecidos e manutenção da homeostase. Síndrome Consumptiva (wasting syndrome): não é completamente explicada pelo declínio fisiológico. Tem fraqueza progressiva, perda de peso, declínio da atividade e anormalidades da marcha e balanço. Seria um segundo estádio da fragilidade, na qual a persistência dos fatores desencadeantes associados às consequências geradas pelos componentes do ciclo afetariam os passos seguintes da cadeia e seriam retroalimentados em uma sequencia que, ao atingir um limiar individual, provocaria de forma constante, o declínio de todos os componentes e da perda energética, definindo então uma síndrome consumptiva. Esses componentes da síndrome poderiam ser justificados por diferentes “entradas” dos sistemas, como ativação crônica do processo inflamatório, componentes nutricionais, prejuízos adicionais por agressões ou imobilidade, ausência de suporte psicossocial, baixa resiliência. 3 Idade: prevalência da fragilidade diretamente proporcional ao envelhecimento. ¯ reservas energéticas e empobrecimento das respostas adaptativas dos sistemas com declínio fisiológico, nutricional, alterações da estrutura muscular e neural, desregulação hormonal, metabólica e imunológica. incidência de comorbidades, sequelas de incidentes mórbidos (AVC, fraturas, síndrome pós-queda). Sarcopenia: um dos principais responsáveis pela fragilidade. Declinio da massa muscular e função do sistema musculoesquelético por alterações da qualidade das fibras, na efetividade do comando neural, do controle fino do equilíbrio associado a déficits de proprioceptores e mecanorreceptores. Alteracao da homeostase proteica com balanço nitrogenado negativo, processos catabólicos crônicos e alterações de eixos hormonais. Desnutrição: paladar e olfato diminuídos, dentição pobre, depressão, demência, doenças agudas e crônicas. Dificuldades mecânicas e social. Dieta do idoso tende a ser monótona, simplificada, improvisada e refeições sem prazer. Esse déficit energético causa desnutrição proteico-calórica (DPC) crônica, perda de proteínas corporais e balanço nitrogenado negativo, levando a perda de massa magra e influenciando na sarcopenia. Desregulação hormonal: o sistema neuroendócrino é um dos responsáveis por manter o balanço homeostático, que é critico na manutenção do funcionamento basal e na capacidade de responder adequadamente às exigências do meio. Envelhecimento causa perda dos mecanismos de coordenação e de controle regulatório fino (alteração no padrão pulsátil ou atraso na ativação/desativação hormonal) prejudicando a qualidade da resposta do idoso. A resposta neuroendócrina ao estresse é um dos elementos0chave do ajuste do organismo às agressões externas. Fazem parte dessa resposta a ativação do simpático e elevação dos níveis de glicocorticoides. Essas ativações a longo prazo, se prolongadas, leva a efeitos deletérios. Atividade basal do sistema de estresse se eleva com o envelhecimento (níveis de cortisol e atividade simpática) que leva a supressão da função imune, aumento da resistência a insulina e do tecido adiposo e perda de massa magra e óssea. Níveis de IGF-1 (fator de crescimento semelhante a insulina tipo 1) e GH (hormônio do crescimento) reduzidos. Alterações nos esteróides. Alterações que influenciam no controle do catabolismo/anabolismo, sede, apetite e termorregulação: leptina, colecistocinina, neuropeptídeo Y. Alterações na imunidade: O sistema imunológico é extremamente complexo e finamente regulado. Papel importante dos mediadores inflamatórios e do processo inflamatório como precursores da fragilidade desencadeados por processo crônico e discreto de inflamação na regulação inapropriada da sua resposta pelo processo de envelhecimento, resultando em nível discreto mas contínuo de atividade. Producao exagerada e desregulada de citocinas catabólicas, principalmente: IL-6, IL-1, TNF-alfa e PCR. Essa disfunção leva a vulnerabilidade a infecções e estado inflamatório generalizado crônico que contribui para declínio fisiológico com sarcopenia e desregulação neuroendócrina. Fatores psicossociais: alguns são colaboradores para o declínio como: nutrição, forca muscular, perda de peso, inatividade, prejuízos cognitivos e também para a piora das condições de resposta ao declínio. Falta de suporte social e familiar, depressão, falta de adaptação da moradia às necessidades e condições do cuidador. Comorbidade:As doenças tem impacto negativo em qualquer ponto do ciclo de desenvolvimento da fragilidade. Influenciam em processos como a nutrição, sarcopenia, diminuição da atividade, sistema imunológico e perda de suporte social, podendo ser, eventualmente, o inicio do processo. Grau de atividade diária: imobilidade e falta de atividade física são fatores principais na patogenia da fragilidade por sua influencia direta na sarcopenia, osteopenia, efetividade de controle neuromuscular, flexibilidade, reducao da taxa metabolica basal. Relacionam com o aumento do risco de quedas, depressao, demencia, elevacao da dependencia e interacao social diminuida. 4 Quedas: queda e medo de cair sao contribuintes do desenvolvimento da fragilidade e marcadores potenciais deste. Acarretam declínio da AVD, perda de força e mobilidade, perda de independência. Disfunção cognitiva: várias capacidades funcionais aso influenciadas de forma negativa pelos deficitis apresentados na cognição como planejamento de atividades, volição, execução de tarefas diárias etc. Se relacionam com a desnutrição crônica, imobilidade e falta de exercício, prejudicando o desempenho motor e demais sintomas. Aterosclerose: por provocar um déficit de fluxo sanguíneo e suprimentos perifericamente (agravando a sarcopenia e piorando a capacidade funcional), pode estar associada a pequenos ou grandes AVCs e ao declínio cognitivo e incapacidade. Por estar associada a obstrução coronariana, se relaciona com a perda de debito cardíaco e ao declínio no consumo máximo de oxigênio. • Características clínicas Em estágios avançados é de fácil identificação, mostrando restrição ao letio, infecções de repetição, ulceras de pressão e desnutrição grave. As manifestações clinicas são resultados do seu processo fisiopatológico, sendo assim, múltiplos sistemas são afetados para que tenha a síndrome. - Perda de peso não intencional (redução da massa magra) - Fraqueza muscular - Fadiga - Percepção de exaustão - Inatividade - Aceitação alimentar reduzida - Sarcopenia - Anormalidades na marcha e balanço - Descondicionamento - Alteração do metabolismo energético e distribuição corporal - Redução massa óssea - Dependência
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