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GESTÃO DE PRODUÇÃO E OPERAÇÕES AULA 6 Prof. Paulo Friesen CONVERSA INICIAL O termo Produção 4.0 remete exatamente à chamada quarta revolução, ambos são o mesmo acontecimento, isso porque à medida que as coisas vão evoluindo com o surgimento de novos recursos tecnológicos, surgem também diferentes metodologias de gestão e um novo formato de comunicação. Mas aqui cabe uma reflexão sobre a palavra evolução: Evoluir não significa exatamente “melhorar”. Já havia pensado nisso? Vamos lá, no âmbito hospitalar é comum os médicos utilizarem essa palavrinha, mas nem sempre ela é usada para informar uma melhora, as vezes o que ocorre é que “o paciente evoluiu a óbito”, em outras palavras, significa que o paciente infelizmente faleceu. Nessa perspectiva deve estar claro que uma doença também evolui e essa evolução pode ser para pior. Cautela! A ideia aqui não é recriminar a evolução tecnológica ou recursos inovadores, pelo contrário, trataremos da importância e significância de diferentes tecnologias ao longo de nossa aula. O alerta é para que tenhamos maturidade de reconhecer que nem sempre a evolução está relacionada a algo completamente positivo e muitas vezes um passo à frente, pode sim, ser ao abismo. Esclareceremos isso mais a frente com uma reflexão sobre a pizzaria que evoluiu tanto em tecnologias, que faliu. CONTEXTUALIZANDO Entre os personagens mais marcantes na história do setor produtivo como Henry Ford com o Fordismo, Frederick Taylor com o Taylorismo e Kiichiro Toyoda com o Toyotismo, vamos partir da evolução mais notória que ocorre no Japão após a segunda guerra mundial, em que efetivamente nasce a filosofia Lean Manufacturing, que até hoje desperta o interesse de gestores industriais que anseiam sua efetiva implementação com olhos nos tantos benefícios. Já falamos sobre uma das primeiras “automatizações” da história da produção, o tear automatizado do Sr. Toyoda, então fundador da Toyota. Esse fato permitiu um ganho de produtividade de pelo menos 10 vezes mais aos teares da época e nem era uma tecnologia eletrônica, mas sim, um Poka-Yoke (dispositivos a prova de erros) desenvolvido pelo Sr. Toyoda. Nesta aula, falaremos sobre recursos tecnológicos que mudaram completamente a forma de gerenciamento da produção e operações, assim como, exigiram preparo e desenvolvimento dos gestores que atuam nos setores produtivos, isso porque a forma de se comunicar mudou, a forma de registrar mudou, a forma de controle mudou, assim como, a demanda de pessoas mudou e segue mudando a cada dia. TEMA 1 – TECNOLOGIAS CAE, CAM, FMS E CIM A globalização das coisas com o avanço dos recursos de comunicação tornou a concorrência muito mais acirrada, isso porque um concorrente hoje não precisa mais estar ao seu lado “muro com muro” para que efetivamente ocorra a concorrência, assim como, o desejo do consumidor final hoje é parâmetro fundamental para o planejamento estratégico da indústria e qualquer outra organização que pretenda um “lugar ao sol” no mundo da concorrência livre. São estes os fatores que levaram os setores de manufatura a desenvolver recursos que permitissem maior autonomia, velocidade e capacidade aos processos manufatureiros em busca de competitividade em um mercado tão exigente como é o nosso atualmente. Assim, surgem os recursos CIM (Computer Integrated Manufacturing) ou “Manufatura Integrada por Computador” e FMS (Flexible Manufacturing System), “Sistema Flexível de Manufatura”. Por meio dessa integração é que surge a necessidade de elementos do sistema como o CAE (Computer Aided Engineering) ou “Engenharia Assistida por Computador”, que serve na análise e verificação de engenharia, assim como, o CAM (Computer Aided Manufacturing), a “Manufatura Assistida por Computador”. O CIM (Manufatura Integrada por Computador) é a integração de diferentes atividades realizadas por uma organização com relação direta à produção usando de tecnologias da informação, como uma base de dados. Assim, é possível que diferentes setores de uma organização possam se comunicar entre si com um objetivo de maior assertividade relacionada à produção. Essa integração pode acontecer em formatos distintos de acordo com a necessidade de cada organização, por exemplo: Integrar apenas as atividades de engenharia e de produção; Integrar todas as atividades relacionadas à manufatura; Integrar os sistemas de informação da empresa com os dos clientes e fornecedores. De acordo com a necessidade, planejamento e estratégia de cada organização, um modelo de integração passa a ser mais interessante e fazer sentido para que o processo ocorra dentro do que é almejado pela gestão. O fato é que o sistema CIM tem a proposta de integração em que a informação ocorre em tempo real no âmbito da manufatura, colocando todos os interessados na mesma página em tempo real, proporcionando maior assertividade numa operação de produção. As vantagens do CIM, além do que já foi falado, afetam positivamente os seguintes pontos: Nível de produtividade: A eliminação da necessidade de informações repetidas resulta numa comunicação assertiva que proporciona um melhor controle e gestão dos diferentes recursos atingido melhorias de até 70%. Flexibilidade operacional: A integração de informações proporciona agilidade de resposta a eventos externos como variações do mercado, assim como as variações internas como avarias e defeitos de qualidade. Controle de qualidade: A integração dos sistemas diminui a duplicação de informações, tornando o processo mais assertivo com um aumento de 2 a 5 vezes do nível de qualidade. Diminuição de Lead Time: A integração de diferentes departamentos ligados à produção permite a redução de 15 a 30% no tempo de produção. Otimização de processos: A otimização da gestão permite que a redução de até 60% de materiais em circulação no ambiente fabril, desonerando a manufatura em diferentes aspectos. No caso do FMS (Sistema Flexível de Manufatura), consiste basicamente em um conjunto de estações de trabalho integradas por um sistema de transporte e manuseio de materiais controlados pelo CIM (Manufatura Integrada por Computador). Perceba que ambos se somam na busca de maiores níveis de eficiência de produtividade. Basicamente se tem três pilares para o seu bom funcionamento: Células: Como setores e/ou estações de trabalho cada um realiza determinada função como montagem, inspeção, controle e reparo. Manuseio e armazenamento: Entre as células e/ou setores é necessário o transporte e manuseio de materiais, que ocorrem muitas vezes de forma automatizada por esteiras e armazéns automáticos. Controle computadorizado: Sistema que permita a informação, comunicação e controle (CIM). Em linhas gerais, a utilização do FMS vai depender de um mínimo de volume de demanda a ser processado, variações inerentes ao tipo de produto e/ou negócio, assim como um número mínimo de maquinários e infraestrutura que permita a proposta de flexibilidade. Toda essa integração proposta pelo CIM e FMS vai demandando elementos que somam com ações especificas nas diferentes atividades integradas, por exemplo o CAE (Engenharia auxiliada por computador), que faz o uso de software para simulação de desempenho, o que permite o melhoramento significativo na solução de problemas ligados à engenharia. Outro elemento que soma neste sentido é o CAM (Manufatura Assistida por computador) ou seja, um auxílio computacional na preparação da manufatura, que representa as diferentes tecnologias utilizadas no chão de fábrica como a automação via auxílio de computadores na preparação da manufatura, representando as tecnologias usadas no chão de fábrica, como CNC (Comando Numérico Computadorizado) e CLP (Controle Lógico Programável), como também a tomada de decisão no plano operacional. TEMA 2 – MANUFATURA ADITIVA NA GESTÃO DA PRODUÇÃO A manufatura aditiva é mais um método de manufatura, que especificamente permite a produção a partir de um modelo digital sem que se faça necessáriomoldes físicos. Nesse momento você pode estar pensando que isso não passa de uma impressão 3D, entretanto, a manufatura aditiva refere-se à manufatura de componentes de maior complexidade e mais duráveis no âmbito industrial, enquanto a impressão 3D de forma limitada e num ambiente mais doméstico atende a uma proposta mais simples. Nesse contexto, a manufatura aditiva exige muito mais que uma pequena impressora 3D, é necessário um posto de trabalho alinhado com o setor de manufatura da organização com a função de criar, desenhar e programar novos produtos em cadeia, para isso é necessário um software de modelagem 3D para uma aplicação de desenho assistido por computador, um equipamento para a manufatura aditiva como uma impressora 3D e a capacidade de abastecimento de matéria prima para a produção em série, esse processo passa por pelo menos cinco etapas: Criação de um modelo 3D: Utilizando o software de desenho CAD é necessário a criação digital do que se deseja produzir. Conversão de arquivo: Uma vez digitalizado o que se deseja produzir, é necessário converter o arquivo para um formato que diferencie as camadas em que o produto é dividido. Impressora 3D: O arquivo é transferido para o equipamento de impressão 3D que fica encarregado de reproduzir o produto. Impressão em série: Camada por camada o equipamento de impressão imprime em série o objeto digitalizado. Manuseio e armazenagem: Após um período de esfriamento do produto impresso, ele é retirado já em condições de uso, pronto para a posterior expedição final. As organizações que fazem uso da manufatura aditiva em seus processos de produção vêm aumentando a cada dia, de acordo com a evolução que proporciona cada vez um tempo menor no clico produtivo, a técnica garante a redução de custos relacionados às operações, assim como proporciona mais eficiência na logística de produção com uma melhora significativa na qualidade do produto. Essa possibilidade de criar e construir um produto personalizado de forma digital torna esse modelo de produção atrativo para organizações, afinal, a manufatura por adição funciona tanto para a produção em série quanto para a manufatura de objetos mais personalizados. O desafio maior é o tempo de produção por unidade que ainda se apresenta longo o que não se aplica a maioria dos tipos de produtos manufaturados, entretanto, indústrias da área da saúde e aeroespacial já fazem uso da manufatura aditiva de forma mais ampla, exatamente pela particularidade dos setores que pede um maior nível de qualidade e valor agregado aos seus produtos. A manufatura aditiva apresenta um bom nível de eficácia para as indústrias e ambientes fabris, as diferentes tendências da manufatura por adição que existem atualmente apresentam potencial para de fato revolucionar os processos de manufatura. Nesse processo de evolução tecnológica, os processos intralogísticos são especialmente beneficiados exatamente pela redução de processos produtivos centralizando a produção em um equipamento e drástica redução no estoque de matéria prima, uma vez que os diferentes componentes são eliminados focando na administração de matéria prima específica para cada tipo de camada, sem falar na possibilidade de personalização sem a existência de um setor dedicado para isso. Sua implementação é relativamente simples, dependendo apenas de um computador, um software de desenho e um equipamento de manufatura aditiva. Com isso, as organizações já podem incorporar linhas de produção de baixa complexidade dentro de seus processos de manufatura. TEMA 3 – INTERNET DAS COISAS (IOT) NA GESTÃO DA PRODUÇÃO A IOT (Internet of Things), ou “internet das coisas” é a revolução tecnológica que propõe a conexão de nossos objetos do dia a dia à internet, mas não só objetos tradicionais como celular, computador e TV. A Ideia da IOT é conectar à internet objetos menos tradicionais como as lâmpadas na nossa casa, os semáforos da cidade, a nossa geladeira, entre outros objetos que equipados com sensores e atuadores possam ter autonomia para funcionar sozinhos sem a necessidade de um comando humano. Imagine que legal se sua geladeira fizesse as compras necessárias sozinha, não é mesmo? Ou então se a lâmpada de nossa casa ou o ar- condicionado preparassem o ambiente para nossa chegada de acordo com o contexto e nossas preferências previamente programadas. Já pensou que legal? Isso já acontece em muitas casas e empresas e a cada dia mais a IOT vem se tornando mais popular. É essa a ideia da internet das coisas, agilizar e facilitar a nossa vida proporcionando cada vez mais automatização aos recursos que necessitamos em todas as áreas que vivemos, seja no âmbito pessoal e/ou profissional. Percebemos que ao conectar “coisas” à internet, temos a possibilidade de visualizar seu funcionamento, assim como, criar um banco de dados acerca deste funcionamento, como quanto tempo ficou ligado, quanto consumiu de energia, em quais os horários são mais utilizados etc. O fato é que esse banco de dados é o que passa a ser um dos recursos mais valiosos se remetermos a IOT para a gestão da produção. A título de exemplo podemos citar que a IBM e a SHEFLER estão desenvolvendo turbinas eólicas que possuem o conceito de IOT empregado, nesse caso, as fabricantes possuem uma fonte de informação extremamente valiosa, isso porque a partir desse mapeamento pode-se fazer o planejamento das manutenções que serão necessárias nas turbinas, e o que antes era uma manutenção corretiva, com o levantamento do banco de dados passará a ser uma manutenção preditiva gerando valor agregado ao produto e minimizando os desperdícios ocorridos em períodos de manutenção com o equipamento. Esse caso da turbina pode ser empregado, e será em breve, em vários outros tipos de produtos. Agora dando mais um passo atrás, a internet das coisas aplicada em um ambiente fabril é capaz de oferecer diferentes ganhos que vão muito além de apenas automatizar o funcionamento da lâmpada que ilumina a fábrica. Se imaginarmos um sistema integrado que permite a relação de sistemas computadorizados sem a necessidade do acionamento humano, iremos perceber que em uma linha de montagem com a utilização de robôs, por exemplo, não falta muito tempo para que uma fábrica tenha seu processo de produção quase que integralmente automatizado, uma vez que já existem armazéns autoportantes automatizados, como vimos s no exemplo da rede de lojas Havan. Isso pode perfeitamente ser associado à linha de produção que esteja alinhada com um acionamento tecnológico e permita um bom nível de produtividade com a eliminação de recursos humanos para atividades operacionais e repetitivas, como é na maioria dos processos de manufatura. Sem contar que essa conexão da infraestrutura fabril, assim como no caso da turbina eólica, irá permitir ações preventivas a diferentes componentes ao longo do processo de manufatura, permitindo uma gestão mais centralizada e com menores esforços acerca do levantamento de informação estratégica que ofereça uma oportunidade de melhoramento da performance produtiva se antecipando a problemas hora mapeados, em um passado não muito distante dessa mesma operação. O fato é que apesar de existir a IOT, ainda não estamos muito avançados no setor produtivo, exatamente pelo tipo de conexão disponível no Brasil. A conexão 4G ainda não apresenta eficiência de comunicação necessária para a necessidade deste universo manufatureiro. Mas vale ressaltar que uma capacidade de conexão 5G, que vem se estabelecendo pouco a pouco, apresentando uma eficiência superior a 100 (cem) vezes mais que a atual 4G em se tratando de velocidade de comunicação, a realidade irá mudar e certamente teremos processo agrícolas (tratores, colheitadeiras e caminhões) operando sozinhos pela aplicação da IOT, assim como linhas de produção em galpões completamente conectados e geridos por um “clique”, à medida que nossa capacidade de conexão vai melhorando. TEMA 4 – INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA GESTÃO DA PRODUÇÃODa mesma forma que a internet das coisas, a IA (Artificial Iintelligence), traduzindo significa “Inteligência Artificial”, apresenta benefícios similares, exatamente pela possibilidade de automatização. Entretanto, no caso da IA não estamos falando necessariamente de um dispositivo conectado, mas sim, um dispositivo que “imita” o comportamento humano a ponto de substituir em grande medida a necessidade de recursos humanos em diferentes processos. Para se ter uma ideia na prática da utilização da IA no sentido de repetição de ações humanas, podemos citar o exemplo da pesquisa realizada na Universidade da Califórnia, que indica pombos como auxiliares eficientes na identificação de tumores. É isso mesmo, pombos! Pode ser estranho imaginarmos que um animal geralmente associado à praça pública, rodeado de sujeiras, seja utilizado na detecção de doenças silenciosas como o câncer de mama. A explicação para esse feito é exatamente a boa capacidade visual dessas aves, muito semelhante à capacidade humana, já que exames de diagnóstico de tumores, normalmente biópsias ou raios X, a identificação das anomalias depende totalmente da visão. A pesquisa ocorreu da seguinte forma: as aves eram expostas às imagens e bicavam o resultado em uma tela touchscreen em troca de alimentos. Após treinados, o resultado foi impressionante, com diagnósticos individuais precisos chegando a 85%. No entanto, quando analisada a resposta mais comum entre todos os pombos, o acerto chegou a 99%, valor igual ao de um patologista. Se a identificação de anomalias em imagens de raios X segue um padrão para a identificação de um câncer e pode ser feita por um pombo, imagine um algoritmo. Algoritmo é uma sequência finita de ações executáveis que visam obter uma solução para um determinado tipo de problema. Segundo especialistas, os algoritmos são procedimentos precisos, não ambíguos, padronizados, eficientes e corretos. Essa programação que visa identificar resultados e ações permite a autonomia de uma máquina executar ações em prol de um banco de dados que apontem para determinado resultado previamente identificado. Se imaginarmos isso na gestão da produção podemos citar alguns benefícios como: Manutenção preditiva: A manutenção corretiva por essência remete a custo e prejuízo, isso porque para corrigir normalmente se tem perda de tempo que por sua vez remete à falta de produtividade e, consequentemente, desperdícios em geral. A capacidade de se antecipar aos problemas a partir de um banco de dados que permita a previsão de desgastes e falhas, oferece a gestão maior assertividade na tomada de decisão na problemática Manutenção versus Produção. Aprendizado e automação: A possibilidade de programação e controle permite também a geração de banco de dados, o que retroalimenta o aprendizado contínuo e, por consequência, leva a um algoritmo mais eficaz. Produtos inteligentes: A inteligência artificial associada a produtos já existentes torna a experiência do consumidor mais agradável com um aparente melhoramento do nível de qualidade e personalização. Disponibilidade: A utilização de máquinas e dispositivos com inteligência artificial remetem à disponibilidade de operação ininterrupta, ou seja, é possível obter 100% de disponibilidade destes recursos. Neste sentido, a IA aplicada à gestão da produção pode representar um alto nível de competitividade, uma vez que se elimina a possibilidade de falha humana e passa a fazer uso de um recurso, que como pudemos ver, se retroalimenta, aprendendo e se aperfeiçoando a partir do histórico de seu funcionamento, algoritmos que podem ser cada vez mais precisos podem perfeitamente colaborar na gestão da produção exatamente pela presença de muitas atividades repetitivas que podem facilmente ser executadas por inteligência artificial que imita a ação humana a partir de padrões de repetição. TEMA 5 – SISTEMAS CIBERFÍSICOS NA GESTÃO DA PRODUÇÃO Os CPS (Cyber-Physical Systems) ou “Sistemas Ciberfísicos”, nada mais é do que a integração de computação, comunicação e controle por meio do mapeamento físico e virtual. Ou seja, por intermédio do mapeamento físico, as empresas têm a oportunidade de recriar a realidade do mundo físico em um ambiente digital, isso acontece no intuito de realizar testes e verificações quanto a desgastes e falhas de determinado produto, o que representa, em grande medida, competitividade para uma organização que consegue prever de forma virtual prejuízos que ocorreriam no mundo real, agindo de forma preditiva. Elas eliminam o foco e apresentam maior qualidade na performance final do produto. Na prática, os Sistemas Ciberfísicos, por meio de sensores, captam dados sobre o funcionamento do que se deseja reproduzir no formato digital, utilizando computadores e redes integradas. O funcionamento é monitorado e passa a fornecer dados que necessariamente precisam ser os mais próximos do real. Essas informações são replicadas no ambiente virtual, possibilitando testes que demonstram a necessidade de ajustes e ou a reação do produto e/ou máquina a determinado ambiente e condição. Na gestão da produção os setores que mais têm se beneficiado pela criação dos Sistemas Ciberfísicos são os que demandam grandes investimentos em infraestruturas e operações, por exemplo: a indústria de gás e óleo, geração de energia elétrica (usinas, barragens, solar), aviação, metal mecânica pesada, entre outras. Também na área de serviços de grande periculosidade e risco, exatamente porque quando ocorrem falhas nestes setores o resultado sempre é significativo e/ou irreparável com perda de vidas. Vale ressaltar que todas as tecnologias que tratamos ao longo desta aula são aplicadas muitas vezes nos Sistemas Ciberfísicos, exatamente de forma alinhada e ordenada, trabalhando em conjunto por redes conectadas em prol de um objetivo maior, o aumento de produtividade e competitividade de uma organização. Perceba que as tecnologias se conversam e retroalimentam, uma passa a depender da outra para o que chamamos hoje de indústria 4.0. Já existem muitas grandes organizações que fazem uso de todas e algumas outras tecnologias em seu dia a dia, mas o fato é que ainda não temos uma tecnologia acessível financeiramente para todos os tipos de negócio e organizações. Nesse sentido, a gestão da produção e operações pode gradativamente ir recebendo a implementação de recursos tecnológicos que a torne cada dia mais próxima do 4.0, em direção ao futuro, mas ainda que não se tenha todos estes recursos tecnológicos popularizados em países como o Brasil, cabe os possíveis gestores conhecer as infinitas possibilidades que existem hoje para alavancar a performance operacional de um setor produtivo em busca de maiores níveis de competitividade. TROCANDO IDEIAS Naturalmente, associamos tecnologia a evolução, como se não houvesse a possibilidade de algo estar sendo feito num formato inicial que funcione, que seja assertivo e mais que isso, competitivo. Ao longo de nossos estudos vimos diferentes tecnologias que agregam valor a manufatura, assim como, a prestação de serviços. De fato, pudemos contemplar fatores como a IOT e IA aplicadas à gestão da produção e isso nos levou aos Sistemas Ciberfísicos, que, de forma inigualável, permitem o experimento e visualização de forma virtual de produtos e estruturas no sentido de contemplar possíveis falhas e vulnerabilidades antes mesmo de se tornarem realidade, não há como negar que isso é de fato uma evolução benéfica. Mas é interessante pensarmos em todas as possibilidades quando estamos na posição de gestores de produção e operações, exatamente porque existem maneiras e formas de se realizar uma atividade que o cliente final não deseja que essa forma seja alterada, mais que isso, existem clientes e nichos de negócio que exigem e fazem questão de comprar por um serviço que seja realizado de forma milenar, sem recursos tecnológicos atuais justamente pela tradição. Cautela! Não se deve confundir tradição com ultrapassado, a tradiçãopode e deve ser considerada no mundo dos negócios. A título de exemplo, imagine uma pizzaria de forno a lenha. Se você já foi a uma pizzaria tradicional com fornos a lenha, em que a pizza leva em média pelo menos 30 minutos para ficar pronta, sabe que o gosto da pizza é diferente, entretanto, o gosto da pizza tem a ver com sinestesia, isso porque após realizar o pedido da pizza as pessoas esperam degustando um tira gosto, experimentando um vinho e conversando entre elas enquanto aguardam a pizza ficar pronta, esse cruzamento de sensações faz parte do gosto da tal pizza, que após 30 ou 40 minutos de espera chega e faz a alegria de todos. Atualmente existem recursos tecnológicos para pizzarias, um forno elétrico que é capaz de assar uma pizza em apenas 1 minuto, isso mesmo, a pizza entra de um lado do forno e sai pronta em apenas um minuto. Verifique o forno revolucionário: <https://www.youtube.com/watch?v=dbgpC6- 8LpU&t=78s>. (Acesso em 20 mar. 2022). A questão é: Em um minuto as pessoas que gostam de sentar-se, degustar um tira gosto, experimentar um vinho e conversar um pouco mal conseguem arrumar as cadeiras em volta da mesa e a pizza está pronta. Lembra da sinestesia que comentamos, pois bem, isso não ocorre e certamente “o gosto da pizza não será o mesmo”. Inovações tecnológicas são importantes e devem ser consideradas, mas a tradição de processos milenares também, exatamente porque é possível que a satisfação do seu cliente esteja diretamente ligada a esse processo e ao alterá-lo ou eliminá-lo, a empresa pode estar fadada a ser uma organização tecnologicamente falida. Vamos lá! Deixe sua opinião sobre essa curiosidade no fórum de nossa disciplina e pense em um outro exemplo em que a tradição pode ser um ponto importante de se levar em conta. NA PRÁTICA Vamos a um caso prático: faremos uma análise afim de identificar qual a melhor solução tecnológica para o problema identificado. https://www.youtube.com/watch?v=dbgpC6-8LpU&t=78s Imagine um estacionamento próximo a um bingo movimentado da cidade, onde temos atendentes realizando a cobrança dos tickets de estacionamento de acordo com o tempo de permanência, aliás, esse cálculo já é feito de forma automática, a atendente apenas posiciona o ticket no leitor de código de barras e então é informado o valor que deverá ser cobrado do cliente. O perfil de clientes nesse local é de pessoas mais idosas, que não demonstram interesse por um autoatendimento no estacionamento e até fazem questão de que tenha disponível atendentes naquele local para cobrar os valores referente ao estacionamento. A questão é que apesar da tecnologia aplicada na cobrança, tem ocorrido vários erros por parte das pessoas que a realizam, erros relacionados a troco, ou seja, as pessoas estão fazendo o troco errado e isso tem gerado tanto sobra de dinheiro em caixa, assim como, falta de dinheiro no caixa ao final do dia de trabalho. Qual seria o melhor recurso tecnológico indicado neste caso para auxiliar as pessoas que realizam a cobrança dos tickets? É possível que você tenha pensado em um sistema, software avançado ou até mesmo um recurso de alto investimento para a substituição dos atendentes, mas como dito, nesse caso, o público pede que se tenha pessoas realizando esse atendimento. Então, é possível que pensemos em um sistema ciberfísico, ou seja, em que é simulado o pagamento no formato visual e então se tem ideia do valor do troco correto que deve ser feito. E nesse caso, o sistema ciberfísico até já existe e chama-se: calculadora. O objetivo da calculadora é de realizar cálculos e oferecer resultados, ou seja, ele simula algo que é feito no mundo real por quem deseja saber, no caso do estacionamento, o valor do troco. Esse exercício prático com a simples solução, a calculadora, é exatamente para provocar o pensamento crítico na busca de soluções. Nem sempre a solução de um problema precisa custar muito dinheiro e ser a tecnologia mais avançada, é necessário conhecer o todo e ter a sensibilidade de um olhar crítico a funcionalidade das coisas em busca de soluções simples para problemas complexos, nem sempre dá, mas vale a reflexão. FINALIZANDO Iniciamos esta aula falando acerca dos recursos tecnológicos que afetam positivamente a gestão da produção. Entre os softwares, falamos dos recursos como o CIM (Computer Integrated Manufacturing) traduzindo significa “Manufatura Integrada por Computador” e FMS (Flexible Manufacturing System), o “Sistema Flexível de Manufatura”. Verificamos que por meio dessa integração é que surge a necessidade de elementos do sistema como o CAE (Computer Aided Engineering), que significa “engenharia auxiliada por computador” e serve na análise e verificação de engenharia, assim como, o CAM (Computer Aided Manufacturing), ou “manufatura auxiliada por computador”. Essas tecnologias permitem uma integração e maior controle do setor manufatureiro e afins. Vimos a manufatura aditiva explicando que se trata de algo mais complexo em relação a impressora 3D que conhecemos hoje como algo mais simples, a manufatura aditiva refere-se à manufatura de componentes de maior complexidade e mais duráveis no âmbito industrial, enquanto a impressão 3D, de forma limitada e em um ambiente mais doméstico, atende uma proposta mais simples. Falamos sobre a manufatura aditiva exigir muito mais que uma pequena impressora 3D, sendo necessário um posto de trabalho alinhado com o setor de manufatura da organização com a função de criar, desenhar e programar novos produtos em cadeia, e que para isso é necessário um software de modelagem 3D para uma aplicação de desenho assistido por computador, um equipamento para a manufatura aditiva como uma impressora 3D e a capacidade de abastecimento de matéria prima para a produção em série. Verificamos como a OIT (Internet of Things), “Internet das Coisas”, que auxilia a evolução e praticidade na automatização de recursos domésticos e até de recursos públicos como iluminação pública e semáforos da cidade. Verificamos que ao conectar “coisas” a internet temos a possibilidade de visualizar seu funcionamento e criar um banco de dados a cerca deste funcionamento, como quanto tempo ficou ligado, quanto consumiu de energia, em quais os horários são mais utilizados etc. O fato é que esse banco de dados é o que passa ser um dos recursos mais valiosos se remetermos a IOT para a gestão da produção. Falamos sobre a IA (Artificial Iintelligence), Inteligência Artificial, em que citamos a pesquisa realizada na Universidade da Califórnia, que indica pombos como auxiliares eficientes na identificação de tumores e que resultados de acerto por parte das aves chegaram a 99%, valor igual ao de um patologista, nos mostrando que atividades repetitivas que podem ser reproduzidas de forma automática são fortes candidatas a serem substituídas em breve pela IA com muita tranquilidade. Finalizamos vendo o que toda essa integração de recursos tecnológicos possibilita, como por exemplo os CPS (Cyber-Physical Systems) ou “Sistemas Ciber Físicos”, que são exatamente essa integração de computação, comunicação e controle por meio de mapeamento físico e virtual. Verificamos que por intermédio do mapeamento físico as empresas têm a oportunidade de recriar a realidade do mundo físico em um ambiente digital, permitindo a realização de testes e verificações quanto a desgastes e falhas de determinado produto, o que representa, em grande medida, competitividade para uma organização que consegue prever de forma virtual prejuízos que ocorreriam no mundo real, agindo de forma preditiva eliminam o foco e apresentam maior qualidade na performance final do produto. REFERÊNCIAS FRACARO, J. Fabricação pelo processo de usinagem e meios de controle. Curitiba: InterSaberes, 2017. NAVARRO, A. (1991) Desenvolvimento de um sistema para programação comando numérico para peças rotacionais, Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. (Disponível na biblioteca da EESC - USP).ROCHA, A. (1992) Metodologia de programação CN variante integrada ao CAPP para a programação de peças prismáticas, Dissertação (Doutorado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. (Disponível na biblioteca da EESC - USP). SCIENTIFIC AMERICAN. Usando pombos para diagnosticar câncer. Disponível em: <https://www.scientificamerican.com/article/using- pigeons-to-diagnose-cancer/>. Acesso em: 17 mar. 2022. SINCLAIR, B. IOT: como usar a internet das coisas para alavancar seus negócios. São Paulo: Autêntica Business, 2018. VALDATI, A. Inteligência Artificial – IA. Curitiba: Contentus, 2020. VOLPATO, N. Manufatura aditiva: tecnologias e aplicações da impressão 3D. São Paulo: Blucher, 2017.
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