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DEFINIÇÃO Meningite: Inflamação das meninges. Encefalite: Inflamação do parênquima encefálico. Doença Meningocócica: Infecção de orofaringe, meningite, meningococcemia (sepse meningocócica) ou infecção em outros órgãos (excepcionalmente). Causada pelo neisseria meningitidis. Meningoencefalite: Inflamação das meninges e do parênquima encefálico. Epidemiologia: Fora dos períodos epidêmicos, apenas 1% da população urbana. Períodos de epidemia: podem chegar até 10% da população. Pode atingir até 100% dos indivíduos confinados (creches, orfanatos, prisões, escolas...). Fatores de risco para meningite: Comunicantes íntimos, viagem para áreas de alta incidência (hiperendêmicos ou epidêmicos), imunodeficiência e extremos da idade. Período de incubação: 2-5 dias (mas pode ser extremamente curto, com menos de 1 dia). No Brasil, a doença é endêmica e de notificação compulsória. Tem letalidade de 19,4%. Fisiopatologia: Colonização orofaríngea, invasão da corrente sanguínea, infecção meníngea (capilares do plexo coroide – LCR sem complemento, fagócitos ou anticorpo do soro: quebra da barreira hematoencefálica) e inflamação (edema cerebral e vasculite). Agentes etiológicos: Bactérias (em extremos de idades): Pneumococo, meingococo, H. influenzae tipo B e listeria monocytogenes. Vírus: Melhor prognóstico e mais comum. Enterovírus e herpesvírus. Fungos: Quadro insidioso (arrastado), comum em pacientes Imunossuprimidos. Criptococo, cândida e hisotplasma. O tratamento é baseado em Anfo B e Fluconazol. Tuberculosa: Quadro insidioso, comum em pacientes Imunossuprimidos. Tratamento: Meses 1 e 2: RIPE. Meses 2-9: RI Corticoide nas primeiras semanas. DOENÇA MENINGOCÓCICA Pode causar meningite em 55% dos casos e meningococemia em 15% dos casos. A meningococemia é mais grave e com pior prognóstico. A Síndrome de Waterhouse-Friderischsen caracteriza destruição hemorrágica das adrenais, que pode causar ou agravar o choque por insuficiência adrenal associada. Pode causar meningite + meningococcemia em 30% dos casos. Quadro Clínico: Apresenta três síndromes. Síndrome Infecciosa: Febre, mal estar, cefaleia, anorexia e dores musculares. Síndrome de Hipertensão Intracraniana: Cefaleia persistente e latejante, vômitos em jato, distúrbios visuais e RNC. Síndrome Meníngea: Rigidez de nuca e sinais meníngeos. Tríade Clássica: Febre (sinal de Faget – febre sem taquicardia), cefaleia, rebaixamento do nível de consciência e rigidez de nuca. Pode haver náusea, vômitos, fotofobia, crises convulsivas (fala mais favor infecções do sistema nervoso central de encefalite), paresia de NNCC (nervos cranianos - sugere infecção pelo BK – Tuberculose Meníngea) e SIADH (Síndrome da Secreção do Antidiurético - hiponatremia). Encefalite: Alterações comportamentais/personalidade, RNC, déficit focal (motor ou sensitivo) e crises convulsivas. Meningococcemia (com ou sem meningite): Evolui em poucas horas para o choque (necrose hemorrágica das suprarrenais – Sd. De Waterhouse Friderichsen – característica da meningococcemia fulminante), toxemia, febre alta, leucocitose, exantema maculopapular petequial (quando coalescem podem formar sufusões hemorrágicas), vasculite por endotoxinas, lesões atingem mucosas (conjuntiva palpebral/ocular), cefaleia, hipotensão, CIVD, sangramento, etc. Caso o paciente supere a fase inicial, o quadro costuma regredir em 5-7 dias. Mortalidade de 10-15%, apesar do tratamento com antibióticos. Agentes Etiológicos Bacterianos: Diplococo Gram -: Neisseria meningitidis (meningococo); Diplococo Gram +: Streptococcus pneumoniae (Pneumococo); Bacilo Gram -: Haemophilus influenzae tipo B; Bacilo Gram+: Listeria monocytogenes; Agentes Bacterianos por Faixa Etária: >50 anos/Gestantes/Imunossuprimidos: Meningococo/Pneumococo/Listeria; Após NCR/TCE: S. aureus/S. epidermitis/ Pseudomonas/Enterobactérias/Listeria; Período Neonatal: Gram – entérico (E. coli)/S. agalactiae (GBS)/Listeria; 4 semanas – 3 meses: Anteriores + Pneumococo/Haemophilus influenzae tipo B; 3 meses – 50 anos: Meningococo/Pneumococo; Agentes Virais: Encefalite Herpética: Febre e alterações comportamentais. Na RMN haverá Hipersinal T2 em lobos temporais. O diagnóstico padrão- ouro é o PCR para HSV no LCR. Diagnóstico: LCR. Viral: PCR HSV 1 e 2. Bactéria: Gram, látex. Fungo/TB: ADA, pesquisa direta e PCR para TB. Neuroimagem antes da punção lombar SE: HIC, convulsão, Papiledema. Sinais focais sugerindo efeito de massa ou edema. Escala de Coma de Glasgow < 10. Não puncionar SE: Uso de anticoagulantes ou discrasias sanguíneas. INR > 1,4. Plaquetas <50.000. Lesão cutânea no sítio. TRATAMENTO Meningite Bacteriana: Isolamento respiratório por até 24h de tratamento. Idade Agente Esquema de escolha Até 3 meses Streptococcus sp, Listeria, E. coli, H. influenzae Ampicilina + cefotaxima/ceftriaxone 3 meses até 50 anos Meningococos, pneumococos, H. influenzae Ceftriaxone (2g, de 12/12h) >50 anos Pneumococos, Listeria, BGN Ampicilina + Ceftriaxone Utilizar corticoide por Pneumococo ou Haemophilus influenzae, por reduzir sequelas, como alterações auditivas. Iniciar 20 minutos antes ou junto com ATB. Manter por 2-4 dias de tratamento. Meningite Viral: Suporte. Meningite Fúngica: Anfotericina B/Fluconazol. Encefalite Herpética: Aciclovir IV por 10-14 dias. Meningite Tuberculosa: Meses 1 e 2: Rifampicina + Isoniazida + Pirazinamida + Etambutol Meses 2-9: Rifampicina + Isoniazida. Associar corticoide nas primeiras semanas. QUIMIOPROFILAXIA Realizar quimioprofilaxia em: 7 dias antes do início dos sintomas até 24h de início do ATB adequado. Profissionais de saúde expostos a secreção respiratória, sem uso de máscara cirúrgica. Pessoas doentes, caso não estejam usando cefalosporina de 3ª geração como tratamento. Meningococo: Contactantes próximos: Mesmo domicílio, dormitório, creches e escolas, expostas a secreções (MS). >8h OU exposição direta a secreções orais (UpToDate). Hemófilo: ≥4h/dia por 5-7 dias. Contactantes próximos, que tenham contato com criança menor que 4 anos não vacinada ou parcialmente vacinada, ou com criança imunocomprometida independentemente da situação vacinal. Quimioprofilaxia de Contactantes: Doença Meningocócica – Rifampicina: Adultos: 600mg VO 12/12h por 2 dias. Crianças: 20mg/kg/dia VO 12/12h por 2 dias. <1 mês: 10mg/kg/dia VO 12/12h por 2 dias. H. influenzae – Rifampicina: Adultos: 600mg/dia VO 1x/dia por 4 dias. Crianças: 20mg/kg VO 1x/dia por 4 dias. <1 mês: 10mg/kg VO 1x/dia por 4 dias. Esquema alternativo (doença meningocócica ou H. influenzae) – Ceftriaxona: Adultos: 250mg IM dose única. Crianças <12 anos: 125mg IM dose única. Alternativa para adultos: Ciprofloxacino 500mg VO dose única. *Gestante pode fazer uso de Rifampicina. ABSCESSOS INTRACRANIANOS Lesões infecciosas intraparenquimatosa ou espaço subdural/epidural. Etiologia: Infecções de estruturas contíguas (otites, sinusites); pós-TCE, pós-neurocirurgia, disseminação hematogênica e pós-meningite. Comumente flora polimicrobiana (Streptococcus sp, Staphylococcus aureus, Gram negativos (Klebsiella pneumonia, Escherichia coli). Quadro Clínico: Cefaleia, déficits focais, febre e alteração do nível de consciência. Tratamento: Vancomicina + Metronidazol + Cefalosporinas de 3ª geração (Meropenem ou Cefepime, caso suspeita de Pseudomonas). Cerebrais > 2,5-3cm – Tratamento cirúrgico associado. Empiemas – Sempre associar tratamento cirúrgico.
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