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Práticas em Química Geral Aplicado à Biomedicina Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Fernando Perna Revisão Textual: Prof. Me. Luciano Vieira Francisco Funções Inorgânicas; Potencial Hidrogeniônico (pH) • Funções Inorgânicas; • pH. • Reconhecer as funções inorgânicas e as suas características; • Conhecer as características das reações de neutralização e de precipitação; • Conhecer o conceito de potencial Hidrogeniônico (pH); • Classifi car soluções segundo a sua acidez; • Compreender a natureza de indicadores de pH e a sua utilidade na determinação do caráter ácido-base de soluções. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Funções Inorgânicas; Potencial Hidrogeniônico (pH) Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Funções Inorgânicas; Potencial Hidrogeniônico (pH) Funções Inorgânicas Introdução Compostos inorgânicos que apresentam características semelhantes são reuni- dos nas funções inorgânicas. Tais funções são: ácidos, bases, sais e óxidos. As propriedades de uma substância se devem às suas estruturas. Para perten- cerem a uma mesma função, as substâncias devem exibir estruturas semelhantes. Ácidos Segundo Arrhenius, ácido é toda substância que em solução aquosa sofre ioniza- ção, produzindo como cátion exclusivamente o íon H+. Exemplos: 2 (g) (aq) (aq) 22 2 4(l) (aq) 4 (aq) 2 3 2 (l) (aq) 3 2 (aq) H OHCl H Cl OH SO 2H SO H OCH CO H H CH CO + − + − + − → + Η→ + → + Svante August Arrhenius (1859-1927) foi um químico sueco. Recebeu o Nobel de Química de 1903 pelos seus estudos sobre dissociação eletrolítica, que levaram ao desenvolvimento de uma teoria ácido-base. Ex pl or Propriedades As principais características dos ácidos são: • Têm sabor azedo; • As suas soluções aquosas conduzem correntes elétricas; • Reagem com metais, liberando H2; • Reagem com bases, formando sal e água; • Atuam sobre a coloração de indicadores ácido-base. Indicador ácido-base é uma substância cuja solução apresenta colorações diferentes, depen- dendo da sua acidez.Ex pl or 8 9 Formulação e Nomenclatura Para escrever a fórmula de um ácido, usa-se o cátion H+ combinado com o ânion adequado. Para se obter o nome do ácido a partir do ânion, utiliza-se o seguinte conjunto de terminações (Tabela 1): Tabela 1 – Nomenclatura de ácidos Nome do ânion Nome do ácido . . . ito . . . oso . . . ato . . . ico . . . eto . . . ídrico Exemplos: Ácido clorídrico: (eto) H+ Cl–: HCl Ácido sulfuroso: (ito) H+ SO3 2–: H2SO3 Ácido sulfídrico: (eto) H+ S2–: H2S Ácido carbônico: (ato) H+ CO3 2–: H2CO3 Ácido nitroso: (ito) H+ NO2 –: HNO2 Ácido sulfúrico: (ato) H+ SO4 2–: H2SO4 Classificação • Quanto ao número de hidrogênios ionizáveis: » Monoácidos ou monopróticos: 1 H ionizável. Exemplos: HBr, HClO; » Diácidos ou dipróticos: 2 H ionizáveis. Exemplos: H2Te, H2SO3; » Triácidos ou tripróticos: 3 H ionizáveis. Exemplos: H3BO3, H3PO4; » Tetrácidos ou tetrapróticos: 4 H ionizáveis; exemplos: H4P2O7, H4SiO4. • Exceções: » Ácido hipofosforoso (H3PO2): monoácido; » Ácido fosforoso (H3PO3): diácido. • Quanto à presença de oxigênio: » Hidrácidos ou não oxigenados. Exemplos: HCN, H2S; » Oxiácidos ou oxigenados. Exemplos: HNO3, HClO4. • Quanto à presença de carbono: » Orgânicos: possuem pelo menos um grupo (carboxila). Exemplos: CH3CO2H, HO2CCO2H; » Inorgânicos: não apresentam carbono na sua estrutura ou o carbono não forma nenhuma carboxila. Exemplos: HSCN, HN3. 9 UNIDADE Funções Inorgânicas; Potencial Hidrogeniônico (pH) Existem outros compostos orgânicos que são ácidos, como os ácidos sulfônicos (RSO3H), mas os ácidos carboxílicos são mais importantes. Ex pl or • Quanto ao grau de ionização – força: A ionização de um ácido é um processo reversível, isto é, trata-se de uma rea- ção química que ocorre nos dois sentidos: HA ⇌ H+ + A– Para expressar a extensão do processo de ionização usa-se o grau de ioniza- ção (α): � � n de mols ionizados n de mols dissolvidos º º Sendo que α pode variar entre os seguintes valores: 0 < α < 1 ou, percentualmente 0 < % de ionização < 100 Por esse critério, os ácidos são classificados em: • Fracos: α < 0,05. Exemplo: HCN (α = 0,00035 ou α = 0,035%); • Moderados: 0,05 ≤ α < 0,5. Exemplo: HF (α = 0,31 ou α = 31%); • Fortes: α ≥ 0,5. Exemplo: H2SO4 (α = 0,61 ou α = 61%). O grau de ionização varia com a temperatura e com a concentração da solução: o aumento da temperatura e a diminuição da concentração provocam o aumento do grau de ionização.Ex pl or Caso o grau de ionização seja desconhecido, pode-se estimar a força de um ácido com base na sua estrutura: • Hidrácidos: » Fortes: HCl, HBr e HI; » Moderado ou semiforte: HF; » Fracos: os demais. Exemplos: HCN, H2S. • Oxiácidos: n – m = x: número de H ionizáveis HmEOn x = 0 ⇒ ácido fraco x = 2 ⇒ ácido forte x = 1 ⇒ ácido semiforte x = 3 ⇒ ácido muito forte 10 11 Exemplos: H2SO4 ⇒ x = 2 ⇒ ácido forte H3PO4 ⇒ x = 1 ⇒ ácido moderado Exceções: H2CO3 H2SO3 H2S2O3 ⇒ x = 1 ⇒ porém, são ácidos fracos (sofrem decomposição) Ionização de Ácidos Polipróticos No caso de ácidos com mais de um H ionizável na molécula, a ionização ocorre em etapas. Por exemplo, para a ionização do ácido sulfídrico, tem-se: H2S ⇌ H+ + HS– (1a etapa) HS– ⇌ H+ + S2– (2a etapa) Para ácidos polipróticos fracos, a primeira ionização ocorre mais facilmente que a segunda que, por sua vez, ocorre mais facilmente que a terceira.Ex pl or É comercializado, impuro, como ácido muriático e utilizado na limpeza. Utilizado no vinagre em uma procentagem de 3% a 7%. Utilizado em água gasei�cada e refrigerantes. Utilizado na fabricação de explosivos e fertilizantes. Utilizado na indústria de tintas, re�no de açúcar e produção de fertilizantes. H Cl H3C OH O OHHO S OO Ácido clorídrico Ácido sulfúrico Ácido acético Ácido carbônico Ácido nítrico C HH O O O N+ OH O O Figura 1 – Aplicações dos principais ácidos Bases Segundo Arrhenius, base é toda substância que, em solução aquosa, dissocia-se, produzindo como ânion exclusivamente o íon OH–. Exemplos: 2 (s) (aq) (aq) 22 2(s) (aq) (aq) H ONaOH Na OH H OCa (OH) Ca 2 OH + − + − → + → + As basessão formadas por cátions metálicos e pelo ânion hidroxila (OH−). A única base importante formada por um cátion não metálico é o hidróxido de amônio (NH4OH). 11 UNIDADE Funções Inorgânicas; Potencial Hidrogeniônico (pH) Propriedades As principais características das bases são: • Têm sabor adstringente; • Suas soluções aquosas conduzem corrente elétrica; • Atuam sobre a coloração de indicadores ácido-base; • Reagem com ácidos, formando sal e água. Formulação e Nomenclatura A fórmula de uma base é escrita combinando o ânion OH− com um cátion: M(OH)x ⇒ hidróxido de . . . . . . . . . . . nome de M Exemplos em hidróxido de: • Potássio: K+ OH–: KOH; • Zinco: Zn2+ OH–: Zn(OH)2; • Aluminio: Al3+ OH–: Al(OH)3. Caso o metal apresente diferentes estados de oxidação, este é indicado com algarismos romanos no respectivo nome: CuOH: hidróxido de cobre (I) Fe(OH)2: hidróxido de ferro (II) Cu(OH)2: hidróxido de cobre (II) Fe(OH)3: hidróxido de ferro (III) Classificação • Quanto ao número de íons hidroxila: » Monobases: possuem 1 hidroxila. Exemplos: LiOH, KOH; » Dibases: possuem 2 hidroxilas. Exemplos: Ba(OH)2, Mn(OH)2; » Tribases: possuem 3 hidroxilas. Exemplos: Al(OH)3, Fe(OH)3; » Tetrabases: possuem 4 hidroxilas. Exemplos: Sn(OH)4, Ti(OH)4. • Quanto à solubilidade em água: » Muito solúveis: de metais alcalinos e de amônio. Exemplos: NaOH, NH4OH; » Pouco solúveis: de metais alcalino-terrosos, exceto Mg(OH)2. Exemplos: Ca(OH)2, Sr(OH)2; » Insolúveis: as demais, incluindo Mg(OH)2. Exemplos: Mg(OH)2, Al(OH)3, Pb(OH)4. • Quanto ao grau de dissociação – força: os compostos iônicos solúveis em água apresentam sempre elevado grau de dissociação e são eletrólitos fortes. 12 13 Os compostos iônicos insolúveis em água apresentam baixo grau de dissocia- ção pois, não se dissolvendo, não se dissociam, sendo, portanto, eletrólitos fracos. Assim, pode-se classificar as bases em: » Fortes: apresentam α ≥ 0,5. Exemplos: hidróxidos de metais alcalinos e alcalino-terrosos, exceto Mg(OH)2. Principais bases fortes: NaOH, KOH, Ca(OH)2, Ba(OH)2; » Fracas: apresentam α < 0,5. Exemplos: as demais bases, incluindo Mg(OH)2. Principal base fraca: NH4OH; é a única base inorgânica solúvel em água e é fraca. O NH4OH resulta da reação entre NH3 e H2O, e tem baixo grau de ionização, embora seja muito solúvel em água. Ex pl or É utilizado na fabricação de sabão e indústria de corantes. É utilizado na fabricação de fertilizantes e como gás de refrigeração. É utilizado em produtos farmacêuticos como antiácido. É utilizado na preparação de argamassa. É utilizado em produtos farmacêuticos como antiácidos e laxantes. NaOH NH4(OH) Al(OH)3 Ca(OH)2 Mg(OH)2 Hidróxido de sódio Hidróxido de magnésio Hidróxido de amônia Hidróxido de alumínio Hidróxido de cálcio Figura 2 – Aplicações das principais bases Sais Sais são compostos iônicos cujas soluções aquosas contêm cátions diferentes de H+ e ânions diferentes de OH–. Exemplos: 22 3(s) (aq) (aq) 3 (aq) 2 22 4(s) (aq) 4 (aq) H ONaHCO Na H CO H OMgSO Mg SO + + − + − → + + → + Propriedades As principais características dos sais são as seguintes: • Têm elevados pontos de fusão; • As suas soluções aquosas conduzem corrente elétrica; • Dependendo dos íons presentes, podem alterar o potencial Hidrogeniônico (pH) da água. 13 UNIDADE Funções Inorgânicas; Potencial Hidrogeniônico (pH) Formulação e Nomenclatura A fórmula de um sal é escrita combinando um ânion e um cátion: CxAy ⇒ . . . . . . . . . . . de . . . . . . . . . . . Nome de A Nome de C Exemplos: Na2SO4:Sulfato de sódio Ca(OH)Cl:Hidroxi cloreto de cálcio Cloreto básico de cálcio FeCO3:Carbonato de ferro(II) Carbonato ferroso NaKSO4:Sulfato de sódio e potássio KH2PO4:Diidrogenofosfato de potássio Fosfato diácido de potássio CaBrClO:Brometo hipoclorito de cálcio Classificação • Quanto à presença de carbono: » Orgânicos: apresentam carbono e na estrutura existe pelo menos um ânion carboxilato ou um cátion proveniente de um composto orgânico, usualmente uma amina (NR4 +). Exemplos: CH3CO2NH4, NaO2CCH2CO2Na, (CH3)3NHCl, C6H5NH3HSO4; » Inorgânicos: não apresentam carbono na sua estrutura ou o carbono não forma nenhum íon carboxilato. Exemplos: CdF2, NaNO2, BiCl3. • Quanto à natureza ou tipo dos íons: » Neutros ou normais: possuem apenas um cátion e um ânion. Exemplos: (NH4)3PO4, Na2CrO4; » Ácidos ou hidrogenossais: apresentam dois cátions, sendo um deles o H+. Exemplos: LiHCO3, Zn(HSO4)2; » Básicos ou hidroxissais: apresentam dois ânions, sendo um deles o OH–. Exemplos: Mg(OH)Cl, Al(OH)2Br; » Duplos ou mistos: apresentam dois cátions diferentes de H+ ou dois ânions diferentes de OH–. Exemplos: KFe(SO4)2, Cd(ClO)CN. • Quanto à presença de água: sais podem apresentar moléculas de água em uma proporção bem definida nos seus retículos cristalinos, fazendo parte da sua composição. A água combinada dessa maneira chama-se água de cristalização: As moléculas de água de cristali- zação não estão ligadas quimica- mente aos íons do sal. 14 15 » Hidratados ou hidratos: apresentam moléculas de água de cristalização na sua estrutura cristalina. Exemplos: CaCl2.2H2O, Cr(NO3)2.9H2O; » Anidros: não possuem moléculas de água de cristalização na sua estrutura cristalina. Exemplos: MgSO4, PbI2. A água de cristalização é facilmente removida por aquecimento: CuSO4.5H2O(s) �� �� CuSO4(s) + 5 H2O(g) Ex pl or • Quanto à solubilidade em água: » Solúveis: dissolvem-se facilmente em água; exemplos: NaCl, KNO3; » Insolúveis: exibem uma capacidade muito pequena de se dissolverem em água. Exemplos: PbI2, CaSO4. O comportamento de solubilidade dos sais está resumido na Tabela 2: Tabela 2 – Solubilidade de sais Íons Comportamento geral Principais exceções 1Aa, NH4 + Solúveis Li3PO4, KClO4, NH4ClO4 NO3 –, ClO3 – Solúveis —— ClO4 – Solúveis K+, NH4 + NO2 –, CH3CO2 – Solúveis Ag+, Hg2 2+ F– Solúveis 2Ab, Cu+, Pb2+, Hg2 2+ Cl–, Br– Solúveis Ag+, Cu+, Pb2+, Hg2 2+ I– Solúveis Ag+, Cu+, Pb2+, Hg2 2+, Hg2+ SO4 2– Solúveis 2A (exceto Mg2+), Ag+, Pb2+, Hg2 2+ S2– Insolúveis 1A, 2A, NH4 + CO3 2–, PO4 3– Insolúveis 1A (exceto Li+), NH4 + demais Insolúveis 1A, NH4 + a 1A: metais alcalinos; b 2A: metais alcalino-terrosos. É utilizado como conservante na fabricação de alimentos embutidos. É utilizado na fabricação de enxaguante bucal, pois inibe a perda de minerais dos dentes. É utilizado na fabricação de detergentes. É utilizado na fabricação de giz escolar. É utilizado no branqueamento de produtos têxteis e na industria de papel. KNO3 NaF Na2CO3 CaSO4 NaCIO Nitrato de potássio Hipoclorito de sódio Floureto de sódio Carbonato de cálcio Sulfato de cálcio Figura 3 – Aplicações dos principais sais 15 UNIDADE Funções Inorgânicas; Potencial Hidrogeniônico (pH) Óxidos Óxido é um composto binário em que o oxigênio é o elemento mais eletronega- tivo. Exemplos: Fe2O3 CaO SiO2 NO2 Composto binário: é a substância formada por dois elementos químicos diferentes. Ex pl or Pelo fato de o átomo de flúor ser mais eletronegativo que o oxigênio, compos- tos binários de oxigênio e flúor não são classificados como óxidos, mas sim como fluoretos (Figura 4). OF2 O2F2 Figura 4 – Fluoretos de oxigênio Fontes: Adaptado de Wikimedia Commons Propriedades As principais características dos óxidos são: • Apresentam-se normalmente como sólidos ou gases. O estado líquido é me- nos comum; • Em sua maioria, reagem com ácidos e/ou bases e água; • Apresentam características elétricas variadas, podendo ser isolantes ou condutores. Formulação e Nomenclatura Dependem do elemento ligado ao oxigênio: • Óxidos de não metais: ExOy ⇒ . . . . . . . . . . . óxido de . . . . . . . . . . . Prefixo multiplicador Prefixo multiplicador + nome de E Exemplos: CO2: dióxido de carbono – o prefixo mono pode ser omitido. 16 17 N2O5: pentóxido de dinitrogênio. • Óxidos de metais: MxOy ⇒ óxido de . . . . . . . . .. . nome de M Exemplos: Óxido de lítio: Li+ O2−: Li2O. Óxido de alumínio: Al3+ O2−: Al2O3. Óxido de ferro(II): Fe2+ O2−: FeO. Classificação • Quanto ao tipo de ligação: » Iônicos: possuem o íon O2–, que está ligado a um cátion metálico por uma ligação iônica. Existe grande diferença de eletronegatividade entre os ele- mentos: CuO, Ag2O, Al2O3; » Covalentes: o átomo de oxigênio está ligado covalentemente a um não me- tal. A diferença de eletronegatividade entre os átomos envolvidos não é gran- de: H2O, CO2, N2O3. • Quanto ao comportamento químico: » Ácidos ou anidridos: formados por ametais, reagem com água, formando ácidos, e com bases, formando sal e água. Exemplos: P2O5, SO2 Reações: SO3 + H2O → H2SO4 SO3 + 2 NaOH → Na2SO4 + H2O » Básicos: formados por metais, reagem com água, formando bases, e com ácidos, formando sal e água. Exemplos: K2O, CaO. Reações: Na2O + H2O → 2 NaOH 2 Na2O + 2 HCl → 2 NaCl + H2O » Anfóteros: comportam-se como óxidos básicos ou como óxidos ácidos, de- pendendo de com quem reagem. Exemplos: ZnO, Al2O3 – principais. Reações: ZnO + 2 HCl → ZnCl2 + H2O ZnO + 2 NaOH → Na2ZnO2 + H2O » Mistos: comportam-se como se fossem a combinação de dois óxidos de um mesmo elemento químico. Exemplos: Fe3O4 (FeO + Fe2O3), Pb3O4 (2 PbO + PbO2), N2O4 (N2O3 + N2O5); » Neutros: não reagem com água, ácidos, bases ou outros óxidos: CO, NO, N2O. 17 UNIDADE Funções Inorgânicas; Potencial Hidrogeniônico (pH) Importante! CO, NO e N2O não são quimicamente inertes, podendo reagir com outras substâncias. Importante! » Peróxidos: formados pelo íon peróxido (O2 2−). Reagem com água ou com ácidos diluídos, produzindo água oxigenada (H2O2). Exemplos: Na2O2, K2O2, MgO2, CaO2 e BaO2. Nota: H2O2 é o único peróxido inorgânico covalente. Reações: CaO2 + 2 H2O → Ca(OH)2 + H2O2 CaO2 + 2 HCl → CaCl2 + H2O2 É utilizado na correção de pH do solo. É utilizado na fabricação de latas. É utilizado na fabricação de pigmentos. É utilizado na fabricação de aço. CaO SnO2 Fe2O3 É utilizado na fabricação do alumínio. Al2O3 MnO2 Óxido de cálcio Óxido de manganês Óxido de estanho Óxido de ferro III Óxido de alumínio Figura 5 – Aplicações dos principais óxidos Reações Neutralização Os ácidos e as bases reagem entre si, neutralizando-se mutuamente com a for- mação de sais. Nessa reação, os íons H+ do ácido reagem com os íons OH– da base produzindo água, os íons restantes – cátion da base e ânion do ácido – formam um sal. Exemplos: Ácido + base → sal + H2O HCl + NaOH → NaCl + H2O H2SO4 + 2 KOH → K2SO4 + H2O Quando ácido e base reagem em proporções estequiométricas – toda a base e todo o ácido são consumidos –, diz-se que houve neutralização total. Se a quantida- de de um dos reagentes for maior que a do outro, tem-se uma neutralização parcial: H2CO3 + NaOH → NaHCO3 + H2O ⇒ excesso de ácido HCl + Mg(OH)2 → Mg(OH)Cl + H2O ⇒ excesso de base 18 19 Ácidos também podem ser neutralizados pela reação com carbonatos e bicarbo- natos, pois essa reação produz o ácido carbônico (H2CO3), que se decompõe em CO2 e H2O: H2SO4 + K2CO3 → K2SO4 + CO2 + H2O HCl + NaHCO3 → NaCl + CO2 + H2O Reações de carbonatos e bicarbonatos com ácidos levam à formação de ácido carbônico que, por ser instável, decompõe-se em CO2 e H2O; por isso também permitem a neutralização de meios ácidos: H2SO4 + K2CO3 → K2SO4 + 〈H2CO3〉 ↓ CO2 + H2O HCl + NaHCO3 → NaCl + 〈H2CO3〉 ↓ CO2 + H2O Precipitação Na reação de precipitação é formada uma substância insolúvel no meio reacio- nal, chamada de precipitado. Exemplo: NaCl + AgNO3 → NaNO3 + AgCl↓ O símbolo ↓ colocado ao lado de uma substância em uma reação química indica que essa é insolúvel no meio reacional. Na precipitação, a reação entre duas substâncias leva à formação de novas subs- tâncias, uma das quais é pouco solúvel no meio reacional (Tabela 2) e precipita. Formação de precipitados, disponível em: http://bit.ly/2KZ8J30 Ex pl or Que na maior parte das vezes, o surgimento de pedras nos rins corresponde à formação de sais insolúveis em água, como o oxalato de cálcio (CaC2O4) e o fosfato de cálcio [Ca3(PO4)2]?E xp lo r 19 UNIDADE Funções Inorgânicas; Potencial Hidrogeniônico (pH) Figura 6 – Cálculo renal de oxalato de cálcio Fonte: Getty Images pH Introdução Segundo a definição de Arrhenius, substâncias que, em água, liberam o íon H+ são classificadas como ácidos, e aquelas que liberam o íon OH–, como bases. A presença desses íons é a responsável pela acidez ou pela basicidade de soluções aquosas. Importante! Que a palavra ácido deriva do latim acidus = azedo, em referência ao seu sabor? A palavra base, no sentido que tem hoje, foi usada pela primeira vez em 1754, em refe- rência a sais que formam uma base não volátil para a fixação de ácidos voláteis. Você Sabia? Autoionização da Água Mesmo pura, a água apresenta alguns poucos íons, derivados da sua autoionização: H2O ⇌ H+ + OH– Keq Essa reação é reversível, ou seja, a todo momento existem moléculas de água se ionizando e íons H+ e OH– se combinando. Como todo equilíbrio, a autoionização da água é descrita por um valor numérico denominado constante de equilíbrio. Quanto maior for o seu valor, mais favorável será a ocorrência da reação. Para a água pura, a 25° C, tem-se: H2O ⇌ H+ + OH– Kw = 1,01 × 10–14 (arredondado para 1,0 × 10–14) 20 21 Como todo equilíbrio, a reação é sensível a variações de temperatura, e isso afeta o grau da ionização da água. Tabela 3 – Valores da constante de autoionização da água (Kw) a diferentes temperaturas T (°C) Kw (× 10 –14) T (°C) Kw (× 10 –14) 0 0,115 50 5,31 10 0,296 60 9,25 20 0,687 70 15,3 25 1,01 80 24,4 30 1,46 90 37,3 40 2,87 100 54,3 Fonte: Adaptada de Handbook CRC of Chemistry and Physics, 2002 Matematicamente, a constante de equilíbrio é definida como: [ ] 14 W 2 H OH K 10 H O + − − = = O valor da constante é baixo, indicando que a ionização é desfavorável, disso resulta que a quantidade de água que se ioniza é desprezível e, portanto, pode-se desconsiderar [H2O] da equação: Kw = [H +][OH–] = 10–14 Importante! Que a ionização da água é desfavorável – ocorrendo em apenas 1 em cada 556 milhões de moléculas? Você Sabia? Pela estequiometria da reação, as concentrações de H+ e de OH– em água pura são iguais e, portanto, [H+] = [OH–] = 10–7 mol/L. Escala de pH O pH é uma escala numérica e adimensional usada para especificar o quanto uma solução aquosa é ácida ou básica. O conceito foi introduzido em 1909 pelo químico dinamarquês Søren Peter Lauritz Sørensen em um artigo sobre a influên- cia da acidez sobre a atividade de enzimas, com a finalidade de facilitar a forma de exprimir os valores numéricos muito baixos das concentrações de ácidos usadas. É definido como: pH = – log [H+] 21 UNIDADE Funções Inorgânicas; Potencial Hidrogeniônico (pH) Importante! A forma certa de simbolizar o pH é com p minúsculo e H maiúsculo; qualquer variação dessa representação, muito comum em textos não especializados, é um erro grave. Importante! Inversamente: [H+] = 10–pH Pela definição, verifica-se que, quanto menor for o valor de pH, mais ácida será a solução. Existem muitas substâncias que, em água, alteram a concentração dos íons H+ ou OH–. Como o produto [H+][OH–] = 10–14 deve ser constante, o aumento na con- centração de um dos quais implica na diminuição proporcional do outro: • Soluções ácidas: [H+] > 10–7 mol/L [OH–] < 10–7 mol/L pH < 7 • Soluções básicas ou alcalinas: [H+] < 10–7 mol/L [OH–] > 10–7 mol/L pH > 7 • Soluções neutras: [H+] = 10–7 mol/L [OH–] = 10–7 mol/L pH = 7 O valor normal do pH do sangue é 7,35-7,45. Pequenas alterações – da ordem de 0,2 unida- de – já são suficientes para causar problemas de saúde: entre outros efeitos, o aumento da acidez do sangue – acidose –, a diminuição da capacidade da hemoglobina de se ligar ao oxigênio e o aumento dabasicidade – alcalose –, que causa tontura, náuseas cãibras e for- migamento nos dedos. Em ambos os casos, variações extremas de pH podem levar à morte. A pele humana é levemente ácida – pH = 5,5, esse valor serve de proteção contra patógenos. O esmalte dos dentes começa a se dissolver quando o pH da saliva cai abaixo de 5,0, sendo esse o início do processo que leva à formação de cáries. Ex pl or Valores aproximados de pH de substâncias do dia a dia, disponível em: http://bit.ly/2L327R9 Ex pl or Aplicando o logaritmo à definição matemática de Kw, tem-se: pKw = pH + pOH = 14 O que explica o limite máximo de 14 na escala. Essa relação se justifica porque as concentrações de H+ e de OH– são interde- pendentes. Às vezes, pOH é usado para medir a basicidade de uma solução, mas isso é pouco usual e o emprego de pH predomina amplamente. 22 23 Figura 7 – Relação entre pH e pOH; vermelho: região ácida, azul: região básica Fonte: Wikimedia Commons É comum aplicar a notação de Sørensen a constantes de equilíbrio, o que transforma K em pK. Por exemplo, a constante de acidez do ácido acético é K = 1,75 × 10–5, o que corresponde a pK = 4,76. Quanto mais forte for o ácido, maior será o valor de K e menor será o valor de pK. Ex pl or Figura 8 – pHmetro: aparelho de laboratório usado para medir o pH de soluções aquosas Fonte: Divulgação Indicadores Ácido-Base Indicador ácido-base é uma substância que muda de cor dependendo da acidez da solução. Essa mudança ocorre em um pequeno intervalo de pH, denominado intervalo de viragem. Existe grande variedade de substâncias que funcionam como indicadores ácido- -base, cada uma com as suas cores e o seu intervalo de viragem característicos. 23 UNIDADE Funções Inorgânicas; Potencial Hidrogeniônico (pH) Figura 9 – Soluções de indicadores ácido-base: tornassol (esquerda), alaranjado de metila (centro) e azul de timol (direita) Figura 10 – As cores das pétalas da hortênsia são influenciadas pelo pH do solo: são azuis em pH = 4,0-4,5 (esquerda) e vermelhas em pH mais alto (direita) Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons Os indicadores de pH mais usados em laboratório são: • Pαpel de tornαssol: vermelho em pH < 4,5 e azul em pH > 8,3; usado na forma de tiras de papel embebidas em solução ácida – tornassol vermelho – e em solução básica – tornassol azul; Figura 11 – O papel de tornassol fica vermelho em meio ácido (esquerda) e azul em meio básico (direita) Fonte: socratic.org 24 25 • Fenolftaleína: incolor em pH < 8,3 e rósea em pH > 10,0; usada na forma de solução 1% em etanol; Figura 12 – A fenolftaleína é incolor em meio ácido (esquerda) e rosa em meio básico (direita) Fonte: socratic.org • Indicador universal: é uma mistura de diferentes indicadores, em solução ou em tiras de papel, que apresentam colorações diferentes para cada pH de 1 a 14, isso permite uma determinação quantitativa da acidez da solução. Escala de fita de indicador universal, disponível em: http://bit.ly/2MxDeAe As antocianinas, pigmentos presentes no repolho roxo, podem assumir diversas cores, de acordo com o pH, disponível em: http://bit.ly/2Myq9H8 Ex pl or Importante! Que o tornassol é extraído de certos tipos de líquens? Você Sabia? Substâncias que atuam como indicadores apresentam mudanças nas suas es- truturas em função do pH da solução, sendo que cada estrutura tem uma colora- ção diferente. N OHO H O N OO O OH� H+ Figura 13 – Formas ácida (vermelha; esquerda) e básica (azul; direita) do tornassol; pKa = 6,5 25 UNIDADE Funções Inorgânicas; Potencial Hidrogeniônico (pH) O HO OH O H+ OH� O O CO2 Figura 14 – Formas ácida (incolor; esquerda) e básica (rosa; direita) da fenolftaleína; pKa = 9,3 Importante! Que diversos extratos vegetais podem ser usados como indicadores de pH, derivados de diferentes partes da planta, como folhas – chá preto –, flores – gerânio, hibisco, papoula –, frutos – pera, frutas de polpa roxa, como uva, jabuticaba, mirtilo –, caules – ruibarbo – e raízes – beterraba, rabanete? Você Sabia? 26 27 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Degree of Dissociation & pKa of Weak Acid O site calcula o grau de ionização de um ácido fraco a partir de sua constante de ionização e concentração em mol/L; é possível verificar o efeito da variação de sua concentração sobre o seu o grau de ionização. http://bit.ly/2L5Siln Home and Garden pH Indicators Site – em inglês, enumera diversas substâncias do dia a dia que podem se comportar como indicadores ácido-base. http://bit.ly/2Mz2ohT The acid-base properties of water O simulador online e interativo em inglês, mostra o valor da constante de ionização da água e o pH da neutralidade em diferentes temperaturas (de 1 a 99° C). http://bit.ly/2L2IVmx Escala de pH O simulador online e interativo em inglês permite determinar o caráter ácido-base de diferentes sistemas – inclusive criar uma solução personalizada –, verificando o efeito da diluição sobre o pH e pOH ou nas concentrações de H+ e OH–. http://bit.ly/2Laek6S Vídeos Basicidade e acidez, da Pré-História aos dias atuais Leia o artigo, que apresenta alguns aspectos históricos sobre os conceitos de acidez e basicidade. http://bit.ly/2L0AND8 Teorias ácido-base no século XX Artigo discorre sobre as diferentes teorias de ácido-base propostas durante o século XX, mostrando como evoluem e como estão relacionadas entre si. http://bit.ly/2L3uGhw Ácidos orgânicos: dos primórdios da Química experimental à sua presença em nosso cotidiano O artigo mostra a importância dos ácidos orgânicos. http://bit.ly/2L85N4f Os conceitos ácido-base e a escala de pH Artigo ressalta os principais aspectos do conceito de quantidade de substância. http://bit.ly/2L28G6r 27 UNIDADE Funções Inorgânicas; Potencial Hidrogeniônico (pH) Leitura Aqueous acids in action As animações, comparam, de forma simplificada, os comportamentos de alguns ácidos de Arrhenius em água – embora em inglês, é possível acionar legendas com tradução automática para o português. https://youtu.be/kcPjY9cQpWs Base in water As animações, comparam, de forma simplificada, os comportamentos de alguns ácidos de Arrhenius em água – embora em inglês, é possível acionar legendas com tradução automática para o português. https://youtu.be/jq1xrJCXH-k Animation neutralization reaction Animação mostra, em nível microscópico, a ocorrência de uma reação de neutralização – embora em inglês, é possível acionar legendas com tradução automática para o português. https://youtu.be/uXJ-DfJkJhA Health and wellness videos – Lewis acid-base theory A animação em inglês, mostra, em nível microscópico e de forma didática, reações ácido-base sob o ponto de vista das teorias de Brönsted-Lowry e de Lewis. http://bit.ly/2L2stmw Fenolftaleína experimentos O vídeo mostra o comportamento da fenolftaleína em diferentes valores de pH, inclusive em extremos de acidez e basicidade – embora em espanhol, é possível acionar legendas com tradução automática para o português. https://youtu.be/izsJiGfXhZg Indicador ácido-base O vídeo mostra o comportamento do ácido-base de extratos de frutas roxas. https://youtu.be/6oKdkvLom0c Indicador ácido-base com hibisco O vídeo mostra a produção de um indicador de pH com extrato de hibisco. https://youtu.be/7tBeaYeEjck 28 29 Referências ATKINS, P. W.; JONES, L. Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. Trad. Ricardo Bicca de Alencastro. 5. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2013. 925 p. BROWN, T. L. et al. Química: a Ciência central. Trad. Robson Mendes Matos. 9. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. FRANCO, D. S. Química – cotidiano e transformações 1. São Paulo: FTD, 2016. JENSEN, W. B. The origin of the “term base”. Journal of Chemical Education, v. 83, n. 8, p. 1.130-1.131, 2006. KOTZ, J. C.; TREICHEL JR., P. M. Química Geral e reações químicas. Trad. Noveritis do Brasil. 2 v. 9. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016. OXIDE – chemicalcompound. Encyclopædia Britannica. [20--]. Disponível em: <https://www.britannica.com/science/oxide>. Acesso em: 12 jul. 2019. RUSSELL, J. B. Química geral. Trad. Márcia Guekezian. 2 v. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1994. SÖRENSON, S. P. L. Enzyme studies II. The measurement and meaning of hydrogen ion concentration in enzymatic processes. 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