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PRÁTICAS DISCURSIVAS DE LÍNGUA INGLESA: GÊNEROS DO COTIDIANO Elisa Lima Abrantes Introdução aos tempos verbais em língua inglesa Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer os tempos verbais em língua inglesa. � Identificar o uso de tempos verbais em gêneros do cotidiano e da imprensa. � Comparar os tempos verbais utilizados em gêneros do cotidiano e da imprensa, em inglês e em português. Introdução Sob uma perspectiva sintática, o sistema verbal em língua inglesa apre- senta as seguintes características: tempo (presente, passado e futuro), aspecto (simples, progressivo, perfectivo e perfectivo progressivo), modalidade (indicativo, imperativo, interrogativo, subjuntivo) e voz (ativa e passiva). Esse sistema é usado de maneiras apropriadas em cada gênero discursivo. Por exemplo, anúncios publicitários usam bastante o modo imperativo para persuadir o consumidor a comprar um produto ou serviço. Nos gêneros do cotidiano e da imprensa, fazemos uso das característi- cas listadas acima de forma flexível, tanto em português quanto em inglês, com variações que se devem a características culturais e linguísticas. Neste capítulo você vai estudar as características de tempo, aspecto e modo do sistema verbal em língua inglesa. Verá de que forma essas características são usadas nos gêneros discursivos do cotidiano e da imprensa e como seu uso em português se compara ao em inglês. Tempos verbais em língua inglesa Para que você entenda como funciona o sistema verbal em língua inglesa, vamos começar por diferenciar as características tempo, aspecto e modalidade (QUIRK et al., 1985). O tempo se refere ao momento em que a ação ocorre: se no momento presente, se no passado ou no futuro. Morfologicamente, ou seja, em relação à forma da palavra, em inglês só temos diferenciação entre o presente e o passado, enquanto o futuro será formado por combinações de palavras, que expressarão a intenção do falante em relação ao futuro — se é um futuro incerto, planejado, certo ou previsto. Sendo assim, observe: � She drives very well. A sentença “Ela dirige muito bem” está no presente simples. � She drove me home yesterday. A sentença “Ela dirigiu e me levou para casa ontem” está no passado simples. A forma do verbo foi modificada de drive para drove para indicar que a ação ocorreu em momento an- terior — nesse caso, ontem. � She will drive to São Paulo next July. A sentença “Ela dirigirá para São Paulo em julho” está no futuro simples, mas a forma do verbo drive não é modificada. É necessário um verbo auxiliar (will) para que se entenda que a ação ocorrerá no futuro. Aqui cabe chamar a atenção para o fato de que o falante poderia expressar o futuro de outras maneiras, dependendo de sua intenção, como, por exemplo, She is going to drive to São Paulo next July, que, em português, poderíamos traduzir também como “Ela viajará para São Paulo em julho”, mas o uso do going to indica que se trata de um futuro planejado. Talvez ela já tenha pedido férias no trabalho e pesquisado hotéis para se hospedar. O enunciador poderia ainda dizer She is driving to São Paulo next July. Neste caso a tradução para o português seria a mesma, “Ela dirigirá para São Paulo em julho”, mas a intenção do enunciador é de que essa viagem está certa, talvez ela tenha assinado as férias e reservado o hotel em que vai se hospedar. Em relação ao aspecto, focaliza-se aqui se a ação expressa pelo verbo está completa ou em progresso. O aspecto se refere à forma como o falante com- preende a ação ou estado. Aqui temos quatro aspectos: simples, progressivo, perfectivo e perfectivo-progressivo. Examinemos cada um desses aspectos. Introdução aos tempos verbais em língua inglesa2 O aspecto simples descreve a ação completa, permanente, habitual ou factual, como, por exemplo: � Water boils at 100ºC (ação permanente e factual). � We went to the club yesterday (ação completa, finalizada). � She takes the bus to work at 0700 every day (ação habitual). O aspecto progressivo descreve ações temporárias ou em progresso, como, por exemplo: � I’m currently living in Pernambuco (ação temporária, no momento). � I’ve been working as a teacher for 20 years (ação em progresso, continuo trabalhando como professora). � I was sleeping when the telephone rang (ação em progresso no passado). O aspecto perfectivo é usado para expressar duas temporalidades, para situar no tempo uma ação que tenha ocorrido antes de outra, ou seja, examina- -se um momento específico e fala-se de ações ocorridas até aquele momento. Por exemplo: � Na sentença She has left home, so you can’t talk to her now, olha-se a partir do presente algo que ocorreu antes. Nesse caso o momento em que ela saiu não é importante, mas sim o fato de ter saído. � Se o tempo fosse relevante na enunciação, o passado simples teria sido usado para marcar a ação completa de ela ter saído em um momento específico: She left home one hour ago, so you can’t talk to her now. � No exemplo I have always enjoyed reading in English, trata-se de uma situação que começou antes do presente e continua até agora, possivelmente sendo verdadeira também no futuro. Esse olhar para um ponto específico na linha do tempo pode acontecer também no passado e no futuro. Veja os exemplos: � She had left home, so she couldn’t talk to you. Em determinado momento em que ela não pôde falar com você (passado) essa impossibilidade se deu pelo fato de ela ter saído antes. � It was 2017 and I had loved my trip to Scotland. Nesse caso, marca-se o passado (2017) e algo que ocorreu antes daquele ano. Novamente, você pode perceber aqui a intenção do falante. 3Introdução aos tempos verbais em língua inglesa � Se o período da viagem fosse importante para a enunciação, o passado simples teria sido usado para marcar a completude da ação: I loved my trip to Scotland in 2013. O aspecto perfectivo também pode ser utilizado para falarmos de uma ação ocorrida antes de determinado momento no futuro: � By 2027 I will have retired, ou seja, o tempo futuro é 2027, e, antes daquele ano, eu terei me aposentado. � Se o momento da aposentadoria fosse importante o enunciador diria I will retire in 2026, por exemplo, marcando uma ação completa no futuro. Pode-se também combinar os aspectos perfectivo e progressivo para formar o aspecto perfectivo-progressivo. Partindo dos conceitos já apresentados, pode-se compreender que esse aspecto enfatiza a duração de uma ação, pois se trata de uma situação que estava em progresso antes de determinado momento da linha do tempo. Por exemplo: � I have been running, and I am still tired, ou seja, a corrida ocorreu antes do momento presente em que ainda estou cansada. Aqui o falante enfatiza a continuidade da corrida. As opções poderiam ter sido: ■ I’ve run and now I’m tired (ação que ocorreu antes do tempo pre- sente), ou ■ I ran this morning and I’m still tired (ação completa no passado). Pode-se ainda utilizar esse aspecto para ações em progresso em determinado momento do passado ou do futuro, como em I had been running and I was tired. O falante esteve correndo antes do momento do passado em que estava cansado. Veja o exemplo em um momento futuro: � By December 2020, I will have been running for a year, and I will be thinner. Em determinado momento no futuro, dezembro de 2020, terei corrido continuamente por um ano, e estarei mais magra. Você deve ter percebido que o aspecto depende da intenção do falante, o que ele entende que deve enfatizar na comunicação. Pensando então na relação tempo-aspecto, chegamos a 12 tempos verbais, constituídos por 3 tempos — passado, presente, futuro — e 4 aspectos — simples, progressivo, perfectivo Introdução aos tempos verbais em língua inglesa4 e perfectivo-progressivo — para expressar ideias de maneira adequada. Veja um resumo no Quadro 1 (com as formas contratas dos verbos auxiliares).Simples Progressivo Perfectivo Perfectivo- progressivo Presente I study French. I’m studying French I’ve studied French I’ve been studying French Passado I studied French I was studying French I had studied French I’d been studying French Futuro I will study I will be studying I will have studied I will have been studying Quadro 1. Tempos verbais da língua inglesa Em relação à modalidade, ela é definida como a característica que denota o tom de determinada sentença, ou seja, expressa a intenção do enunciador. Aqui temos três modos principais (COLLINS, 2005): � Modo indicativo: também nomeado declarativo, é usado em afirmativas e orações principais, expressa a realidade ou o que se acredita ser a realidade, traz o sujeito antes do verbo, I want to talk to you, por exemplo. � Modo interrogativo: usado quando se faz uma pergunta. Traz o sujeito após o verbo principal ou auxiliar: Where is your mother? Did you go to the cinema? � Modo imperativo: usado para se dizer a alguém para fazer alguma coisa. Normalmente, omite o sujeito e usa a forma base do verbo, como em Give me your hand, ou Show me your homework, por exemplo. Há outro modo, como o modo subjuntivo, que expressa desejo, sugestão, possibilidade, ou, em outras palavras, ao contrário do modo indicativo, não apresenta uma realidade, mas uma possibilidade. Normalmente integra frases subordinadas, nas quais o verbo aparecerá na forma básica, sem inflexões, como em She suggested that Ana get a job, Her teacher recommended that she study more ou She suggested that she study hard. Em relação ao uso do 5Introdução aos tempos verbais em língua inglesa subjuntivo para expressar desejos e condições, temos: I wish I were younger, If she were here she would tell all the truth. As formas nominais do verbo — infinitivo, gerúndio e particípio — não expressam por si só tempo ou modo, tendo o seu valor temporal e modal dependente do contexto em que se encontram. A modalidade difere do tempo verbal e do aspecto porque não se refere diretamente a nenhuma característica do evento, mas simplesmente ao status da proposição (PALMER, 2001). A modalidade diz respeito à atitude do enun- ciador e pode ser expressa por meio de verbos modais, que transmitem ideias particulares. Associados aos verbos principais, os verbos modais demonstram: � certeza — will, must; � vontade — will; � possibilidade — may, might, can, could; � obrigação, proibição — must, mustn’t; � recomendação — should; � permissão — can, could, may; � convite — shall; � pedido — would; � habilidade — can, could. Os verbos modais não se comportam como os outros verbos, pois não sofrem flexão de pessoa e tempo e nem se combinam com verbos auxiliares. Existem ainda os chamados semimodais, que, a exemplo dos modais, expressam ideias particulares e se associam aos verbos principais; no entanto, diferem dos anteriores por sofrerem flexão de pessoa, tempo verbal e se combinarem aos verbos auxiliares be, have e do. Temos então: � necessidade ou obrigação — need; � hábito passado — used to; � coragem — dare; Introdução aos tempos verbais em língua inglesa6 � habilidade — be able to, manage to; � aviso ou recomendação — had better; � obrigação — ought to, have to; � necessidade — have to. Tempos verbais em gêneros do cotidiano e da imprensa O sistema verbal se ajusta ao gênero, que, segundo Bakhtin, é a materialização da língua. Cada atividade humana elabora seus gêneros, formados por enuncia- dos que refletem as condições e as finalidades para as quais eles foram criados. Gêneros do discurso são formas relativamente estáveis de enunciados do ponto de vista temático [assunto], composicional [estrutura formal] e esti- lístico [forma individual de escrever ou falar] (BAKHTIN, 2003), dados os contextos e situações específicas de comunicação. As próprias atividades e o contexto em que ocorrem determinam a sua construção composicional, ou seja, o conteúdo, a forma e o estilo dos enunciados. Os gêneros estão no dia a dia dos falantes, e são tantos quantos forem as atividades humanas e as suas necessidades de comunicação. Bakhtin (2003) classifica os gêneros em primários e secundários de acordo com o nível de complexidade que apresentam. Os primários se referem a situações comunicativas cotidianas, espontâneas, não elaboradas, informais, que sugerem uma comunicação imediata. São exemplos de gêneros primários o bilhete, o diálogo cotidiano, a lista de supermercado, as receitas culinárias, entre outros. Os gêneros secundários, normalmente mediados pela escrita, aparecem em situações comunicativas mais complexas e elaboradas, como na imprensa, na área acadêmica, jurídica, literária entre outras. Aqui vamos examinar os tempos verbais utilizados em alguns gêneros do cotidiano e da imprensa. Examinemos primeiro alguns gêneros cotidianos: bilhete, conversa informal, receita culinária e postagem em rede social. O bilhete é uma comunicação breve e informal entre pessoas que tem proximidade. A linguagem é bastante coloquial e despretensiosa, com marcas da oralidade, admitindo apelidos, gírias e abreviações. Os tempos verbais variam dependendo do propósito comunicativo, como um convite, um relato, uma solicitação; e os modos podem ser indicativo, interrogativo ou imperativo; os verbos modais são bastante utilizados também. 7Introdução aos tempos verbais em língua inglesa A conversa informal é um gênero oral e espontâneo, com verbos usados no presente, passado e futuro, dependendo do propósito comunicativo. A linguagem é informal, gírias e apelidos podem ser utilizados. Os modos indicativo, interrogativo e imperativo podem ser usados. As marcas da fala estão presentes, como pausas, hesitações, mudanças de assunto, repetições, paráfrases, tom de voz, velocidade da fala. As receitas culinárias apresentam, após a lista de ingredientes e suas quan- tidades, o modo de fazer o prato desejado. Para isso usa-se o modo imperativo. As postagens em redes sociais também são bastante variadas em termos de sistema verbal, e a linguagem poderá ser formal ou informal dependendo do propósito comunicativo, se a postagem é pessoal ou profissional. Para os gêneros da imprensa, mais elaborados, temos grande variedade de opções, sejam gêneros jornalísticos em diferentes suportes, como no jornal impresso, na versão digital ou no telejornal, sejam os anúncios publicitários, também presentes em veículos impressos como jornais e revistas, na internet ou na TV e no rádio, ou ainda em outdoors e outros suportes menos conven- cionais, como na adesivagem de ônibus e trens, elevadores, prédios, pontos de ônibus, etc. Comecemos pelos gêneros jornalísticos e tomemos como exemplo a notícia e a reportagem. No jornalismo, o objetivo das normas linguísticas não é a produção de um texto original ou criativo, mas a produção de um texto padronizado, que não chame a atenção para si, mas para a informação que carrega (TAVARES, 1997). Sendo assim, você pode inferir que os verbos na linguagem jornalística são usados de modo simplificado e padronizado, buscando a objetividade. A notícia relata por escrito acontecimentos de forma estruturada (ainda que o suporte seja o rádio ou a TV, trata-se de um texto escrito que é lido) para que os leitores ou ouvintes se atualizem em relação aos eventos da sociedade. Portanto, o propósito comunicativo é o de informar o público. Nesse caso, os verbos utilizados serão, em sua maioria, no tempo pretérito, já que relata o que se passou, embora o presente e o futuro sejam usados também para estabelecer Introdução aos tempos verbais em língua inglesa8 relações necessárias com os fatos relatados. Os aspectos simples, progressivo e perfectivo devem ser usados para expor os fatos de modo adequado na relação temporal, e o modo normalmente é o indicativo. Veja o exemplo de fragmentos de uma notícia (CHISAFIS, 2019, documento on-line): French unions are staging a second round ofmass street demonstrations as the country entered its sixth day of a nationwide strike and transport standstill over proposed plans to change the pensions systems. E ainda The government will be watching Tuesday’s turnout after being caught off-guard by the scale of last week’s protests when at least 800,000 people took part in one of the biggest demonstrations of trade union strength in a decade. Aqui temos, na primeira parte, uma ação progressiva no presente (are staging) sobre fatos passados (entered e proposed) que podem afetar o futuro (to change). No segundo fragmento temos o futuro progressivo simples, ou seja, uma ação que estará em progresso no futuro (will be watching), as formas nominais de verbos, gerúndio e particípio (being caught), e o evento passado (took part). Tanto a notícia quanto a reportagem são caracterizadas por apresentar, principalmente, verbos no pretérito no modo indicativo, pois apresentam informações sobre eventos passados. Na reportagem, a variabilidade de ver- bos, aspectos e modos tende a ser mais ampla, já que, além dos fatos, estão presentes a opinião e a especulação, já que o grau de objetividade é menor do que na notícia, pois há uma interpretação dos fatos narrados. Nos trechos interpretativos, o uso do tempo presente é recorrente. O modo indicativo ainda predomina, mas os modos interrogativo, imperativo e subjuntivo podem ser utilizados. O editorial é um gênero com finalidade persuasiva, escrito normalmente pelo editor-chefe, e não é assinado, já que representa o ponto de vista do jornal ou revista. A linguagem é formal e os verbos são utilizados em diferentes tempos, aspectos e modos. 9Introdução aos tempos verbais em língua inglesa Outro gênero muito presente na imprensa são os anúncios publicitários, cuja função é convencer o consumidor a comprar um produto ou serviço, enaltecendo suas qualidades. O modo imperativo é utilizado, e os verbos no presente, passado e futuro podem fazer parte do anúncio. Tempos verbais em gêneros do cotidiano e da imprensa em português e em inglês Diferentes línguas refletem diferenças culturais, diferentes maneiras de estar no mundo, estruturar o pensamento e, consequentemente, expressá-los de maneira diversa. Por exemplo, o português brasileiro tende a usar frases mais longas que o inglês; o uso do imperativo é visto como mais autoritário em português do que em inglês, e assim por diante. Nos gêneros do cotidiano e da imprensa, embora as características dos enunciados sejam relativamente estáveis (BAKHTIN, 2003) e compartilhem características de conteúdo, composição e estilo, o que facilita o ensino de língua inglesa, elas trazem algumas diferenças em relação à própria língua por conta do filtro cultural de uma e outra língua. Por outro lado, essas diferenças culturais tornam o processo de ensino- -aprendizagem mais rico, pois permitem que se compare e contraste os mesmos gêneros discursivos construídos na língua portuguesa e na língua inglesa, trazendo para a sala de aula a dimensão sociocultural do Brasil e de países anglófonos, como universos a explorar. A área de pesquisa que estuda a va- riação de gêneros discursivos em diferentes culturas é a retórica contrastiva. Os pesquisadores dessa área dão enorme importância ao contexto de produ- ção, circulação e uso dos gêneros discursivos, pois acreditam que o contexto sociocultural em que o escritor e o leitor estão inseridos molda sua maneira de escrever e ler qualquer texto (GRABE; KAPLAN, 1996). Para ilustrar algumas diferenças, vejamos o gênero reportagem, que tem por objetivo explícito tratar um acontecimento de forma aprofundada, contendo elementos de comprovação, diferentes pontos de vista, estratégias argumen- tativas e descrição detalhada. Como objetivo não explícito, temos a formação de opinião dos interlocutores em relação a determinado assunto. Esse gênero circula em jornais e revistas impressos ou on-line, para públicos diversos, fatores que alteram o formato da reportagem. Predominam nesse gênero Introdução aos tempos verbais em língua inglesa10 os tipos textuais narração, descrição, argumentos e diálogo. A composição utiliza-se de outros gêneros, como a entrevista, o gráfico, a charge, a fotografia. Em relação ao estilo, apresentam-se as estruturas gramaticais (pronomes, verbos, modais, etc.) e de vocabulário. Comecemos com a estrutura da reportagem para atentar ao estilo: o título apresenta uma simplificação da linguagem, com o uso, muitas vezes, de formas nominais do verbo. A fonte é maior e tem função de chamar a atenção do leitor. O subtítulo vem abaixo do título e o completa, trazendo o assunto de forma resumida. O primeiro parágrafo é o chamado lead, comum também à notícia, onde se respondem as seguintes perguntas sobre o acontecimento: o quê?, quem?, quando?, onde?, com quem?, e por quê? Aqui se informa o que é mais importante e interessante sobre o assunto abordado. O corpo da reportagem traz detalhes, opiniões e possibilidades de interpretação. Normalmente, utiliza-se o recurso gráfico do box, caixa de texto diferenciada para dar destaque a um ponto específico, combinada com gráficos, tabelas, fotos. Como a reportagem é um gênero que relata acontecimentos, apresenta a predominância de verbos no presente e no pretérito, aspecto simples e modo indicativo. Segundo Koch (2008), a recorrência de determinado tempo verbal tem função coesiva, indicando ao leitor que se trata de comentário ou relato sob um ponto de vista retrospectivo. Os parágrafos são curtos e a preferência se dá por frases simples e períodos não muito complexos para que o interlocutor mantenha a atenção no conteúdo. No caso de reportagens em língua inglesa, essa tendência é ainda mais evidente. O texto é mais estruturado do que o português, sendo constituído por cinco partes: título, linha com nome do autor, lead, explicações e informa- ções adicionais. Em linhas gerais, você pode perceber que os textos escritos em língua inglesa são mais objetivos e diretos, e que os marcadores de dis- curso (primeiro, segundo, terceiro...) são amplamente utilizados. Além disso, o português brasileiro admite maior flexibilidade na formulação das frases, com frases mais longas e uso de adjetivação maior, aspectos inaceitáveis em um texto em língua inglesa. Essas diferenças são menos perceptíveis em textos jornalísticos, embora na reportagem fiquem mais visíveis por conta da maior extensão do texto, mas gêneros tanto do cotidiano quanto de outras esferas comunicativas, como jurídica, literária, entre outras, sofrerão modificações de acordo com a língua de produção do texto oral ou escrito. 11Introdução aos tempos verbais em língua inglesa Para entender melhor a área de estudos da retórica contrastiva, leia o texto “Retórica contrastiva”, disponível no link a seguir. https://qrgo.page.link/MguWv BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. CHISAFIS, A. French unions dismiss pension changes and vow to continue strikes. The Guardian, 11 dez. 2019. Disponível em: https://www.theguardian.com/world/2019/ dec/11/france-french-pm-reveals-details-of-fairer-pension-reforms. Acesso em: 30 dez. 2019. COLLINS, U.K. Cobuild English grammar. Glasgow: HarperCollins, 2005. GRABE, W.; KAPLAN, R. B. Theory and practice of writing: an applied linguistic perspective. New York: Longman, 1996. KOCH, I. G. V. A coesão textual. 21. ed. São Paulo: Contexto, 2008. PALMER, F. R, Mood and modality. 2. ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2001. QUIRK, R. et al. A comprehensive grammar of the English language. New York: Longman, 1985. TAVARES, M. A. O verbo no texto jornalístico: notícia e reportagem. Working Papers em Linguística, n. 1, p. 123–142, 1997. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ workingpapers/article/download/1490/1631. Acesso em: 30 dez. 2019. Leituras recomendadas CARTER, R.; MCCARTHY, M. Cambridge grammar of English: a comprehensive guide.New York: Cambridge University Press, 2006. LAGE, N. Ideologia e técnica da notícia. Petrópolis, RJ: Vozes, 1979. ROJO, R. A teoria dos gêneros em Bakhtin: construindo uma perspectiva enunciativa para o ensino de compreensão e produção de textos na escola. In: BRAIT, B. (org.). Estudos enunciativos no Brasil: história e perspectivas. Campinas, SP: Pontes; São Paulo, Fapesp, 2002. p. 163–185. Introdução aos tempos verbais em língua inglesa12 Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. TEWLIS, S. H. Grammar dimensions. Boston: Heinle & Heinle Publishers, 1993. YULE, G. Explaining English grammar: a guide to explaining grammar for teachers of English as a second or foreign language. Oxford: Oxford University Press, 1998. 13Introdução aos tempos verbais em língua inglesa