Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Civil - Responsabilidade Civil - Responsabilidade Civil - Teorias, Espécies e Pressupostos. Teoria da Responsabilidade Civil A teoria da responsabilidade civil integra o direito das obrigações, uma vez que a consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação de reparar o dano. A responsabilidade surge do não cumprimento de uma obrigação ou da prática de um ilícito. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Assim, um dos pressupostos da responsabilidade civil é a violação do dever jurídico e o dano. E estabelece, no art. 927 do CC que: aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, é obrigado a repará-lo”, E parágrafo único: “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”. Imputabilidade e responsabilidade O art. 186 do CC determina a existência da vontade livre, a imputabilidade, pois, para que alguém pratique um ato ilícito e seja obrigado a reparar o dano é necessária a capacidade de discernimento. O CC, no art. 928, traz o princípio da responsabilidade mitigada e subsidiária, para os incapazes: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem” Espécies de responsabilidade • Responsabilidade civil e responsabilidade penal Na responsabilidade penal o autor infringe uma norma de direito público. O interesse da sociedade é lesado. Na responsabilidade civil o interesse lesado é privado e o prejudicado pode pedir ou não a reparação. Se ao causar um dano o agente transgride lei penal e civil, está obrigado a reparar nas duas esferas. A responsabilidade penal é pessoal, intransferível, respondendo o agente (réu) com a privação de, já na responsabilidade civil é o patrimônio do devedor que responde por suas obrigações. Responsabilidade contratual e extracontratual Se a responsabilidade não deriva de contrato é chamada de responsabilidade extracontratual. O agente infringe um dever legal e pratica um ilícito. Aplica-se, então, o artigo 186 do CC. Ou seja, é a responsabilidade derivada de um ilícito, por culpa ou dolo, é chamada, também, de responsabilidade aquiliana. Na responsabilidade contratual, o agente descumpre uma cláusula contratual e se torna inadimplente. Há um vínculo prévio entre o autor causador do dano e a vítima. O Código Civil disciplina a responsabilidade extracontratual nos arts. 186 a 188 e 927 a 954; e a responsabilidade contratual nos arts. 389 e seguintes e 395 e seguintes. Diferenças entre a Responsabilidade Contratual e Extracontratual Ônus da prova Se a responsabilidade for contratual, o credor está obrigado a demonstrar que a prestação foi descumprida. Incumbe-lhe o ônus da prova. Não precisa demonstra culpa, apenas o descumprimento e o dano. Se a responsabilidade for extracontratual, (art. 186 do CC), o autor da ação é que fica com o ônus de provar que o fato se deu por culpa do agente. Necessária a comprovação de culpa. Capacidade do Agente Na responsabilidade contratual, é necessária a capacidade plena dos agentes, sob pena de nulidade. Já na responsabilidade extracontratual o ato do incapaz pode dar origem a reparação por aqueles que legalmente são encarregados de sua guarda. (artigo 928 do CC). Gradação de Culpa Na responsabilidade contratual (art. 389 e 392), a culpa é verificada em cada caso, advindo do descumprimento do contrato. Na responsabilidade extracontratual (art. 186), a culpa é mais ampla e rigorosa além de ter variações – imperícia, imprudência, negligência e dolo. Responsabilidade subjetiva e responsabilidade objetiva De acordo com o fundamento da responsabilidade, a culpa é considerada ou não elemento da obrigação de reparação. Responsabilidade Subjetiva quando a o dano causado se configura se o agente agiu com dolo ou culpa. Responsabilidade Objetiva quando imposto por lei, a reparação de um dano independentemente de culpa. O dano é indenizável mesmo sem culpa. Sendo, porém, indispensável o nexo de causalidade entre a ação e o dano. A culpa presumida se encontra na responsabilidade subjetiva. Teoria do risco – quem exerce atividade e cria risco de dano para terceiros, mesmo que sua conduta seja isenta de culpa, é obrigado a repará-lo. A responsabilidade subjetiva é a regra. A objetiva está prevista em lei. (artigos 936 – responsabilidade do dono do animal; 937 dono do prédio em ruína; 938 dono da casa que caírem coisas; 939 e 940, responsabilidade do credor; 933 pais, tutores, curadores, entre outros artigos). Pressupostos da responsabilidade civil O art. 186 do Código Civil traz a regra: quem causa dano a outrem é obrigado a repará- lo. Dispõe: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Assim, são quatro elementos essenciais da responsabilidade civil. a) Ação ou omissão; b) Culpa ou dolo; c) Relação de causalidade; d) Dano; Ação ou omissão Refere-se a qualquer pessoa, que por ação ou omissão cause dano a outrem. Pode ser ato próprio ou de terceiro que esteja sob guarda, também pode ser dano causado por animais e coisas que lhe pertencem. Culpa ou dolo A culpa está em “negligência ou imprudência”. É a falta de diligência. O dolo é a vontade de cometer o ilícito, de forma consciente e intencional. Em alguns casos, se prescinde da culpa, sendo hipóteses específicas de responsabilidade objetiva. A culpa pode ser: a) in eligendo: decorre da má escolha do representante, do preposto; b) in vigilando: decorre da ausência de fiscalização; c) in committendo: decorre de uma ação, de um ato positivo; d) in ommittendo: decorre de uma omissão, quando havia o dever de não se abster; e) in custodiendo: decorre da falta de cuidados na guarda de algum animal ou de algum objeto. Relação de Causalidade É a relação entre causa e efeito. A ação ou omissão do agente e o dano verificado. A causa do dano precisa estar relacionada com o comportamento do agente. Se não houver ação de causalidade, não há obrigação de indenizar. Dano O dano é necessário para que alguém possa ser responsabilizado. Pode ser material (repercute na esfera financeira), ou moral. Direito Civil - Responsabilidade Civil - Elementos Essenciais – Conduta, Nexo Causal, Culpa e Dano CONDUTA HUMANA A responsabilidade civil subjetiva é uma obrigação que deriva do ato ilícito. Quem pratica a ilicitude é o devedor e o prejudicado é o credor. O ato ilícito vem definido no artigo 186 do CC, trazendo como elementos a ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano. A lei traz, assim, a imputação da responsabilidade ao agente que praticou o ilícito por ação ou omissão e que com essa conduta violou direito e causou dano. O primeiro elemento que constitui a responsabilidade civil subjetiva é um ato humano. A responsabilidade civil do ato poderá ser da própria pessoa que o praticou, pode ser por ato de outra pessoa (responsabilidade por ato de terceiro), pode ser pessoa jurídica ou ente despersonalizado em nome dos quais se considera praticado o ato humano. O ato ilícito pode ser comissivo (fazer) ou omissivo (não fazer). Ou seja, pode ser ação ou omissão. Tanto na ação como na omissão é necessário que esse seja voluntário.É a liberdade de escolha do agente, discernimento para ter consciência daquilo que faz. A voluntariedade da ação não significa a intenção de causar dano (essa vontade faz parte da culpa), mas sim a consciência do que se está fazendo, seja na responsabilidade subjetiva quanto na objetiva, porque em ambas o agente deve agir de acordo com sua livre capacidade de autodeterminação. Consciência dos atos, não exigindo a consciência subjetiva da ilicitude do ato (isso, novamente, faz parte da culpa). Ação A ação é um movimento físico, e com ela se desencadeia eventos que levam ao dano. Devendo ser voluntária . Ou seja, a ação (movimento físico) que iniciou a cadeia de eventos para produzir o dano deve ser regida pela vontade voluntária. Assim, para gerar responsabilidade civil subjetiva, o ato humano deve ser voluntário e regido pela vontade. Omissão É a falta de movimento físico que impede a concretização do dano, sendo essa falta considerada como causa desse, gerando responsabilidade civil. A ação omitida deve ser exigível e eficiente. A omissão só gera responsabilidade civil subjetiva se presente: a) O agente tinha o dever de praticar o ato omitido b) Razoável expectativa ou grande probabilidade que a prática do ato impediria o dano. Somente presentes esses requisitos é que a omissão é considerada causa do dano. Se um deles não estiver presente, a omissão será considerada condição do dano, mas não sua causa. A omissão também deverá ser voluntária e regida pela vontade. Pode se considerar a imperícia como ação sem completa formação, imprudência agir com ausência de cautela e negligência como falta de diligência. São às vezes consideradas como condutas positivas (ação) ou negativas (omissão). Porém não alteram as consequências jurídicas o comportamento culposo que causou o dano como ação ou omissão. Responsabilidade Civil Indireta Quando o agente não pratica o ato causador do dano, mas tem o dever jurídico de se responsabilizar por quem o praticou. Responsabilidade civil por ato de terceiro: Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I — os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II — o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III — o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV — os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V — os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. Responsabilidade civil por fato do animal: Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. Responsabilidade civil por fato da coisa: Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta. Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE Um dos pressupostos da responsabilidade civil é a existência do nexo de causalidade entre o ato ilícito e o dano. Sem essa relação entre o dano e a conduta, não há a obrigação de indenizar. Assim é preciso uma relação entre o fato e o prejuízo. Verificar se sem a ocorrência desse fato, o dano não existiria. São três as principais teorias sobre o nexo de causalidade: a) teoria da equivalência de condições; b) Teoria da causalidade adequada c) Teoria da causalidade direta ou imediata Teoria da equivalência das condições (“conditio sine qua non”) Tudo aquilo que concorra para o evento danoso é considerado causa. Ou seja, é considerado elemento causal todo antecedente que participou na cadeia de fatos que culminou com o dano. É a condição sem a qual o dano não teria ocorrido. Porém, o fato de se considerar todo antecedente que contribuiu para o dano, como sendo uma cadeia, essa se torna infinita, além de trazer um número ilimitado de agentes para o evento ilícito. Não é adotada no Direito Civil. Teoria da causalidade adequada Nem todas as condições anteriores ao evento são causa, apenas a que é adequada para que se produza o resultado. O antecedente considerado para a determinação do resultado é causa. Essa teoria traz a discricionariedade, para avaliar, no plano abstrato, se o fato ocorrido no caso concreto pode ser considerado a causa do resultado danoso. Adotada algumas vezes no Direito Civil Brasileiro. Teoria da causalidade direta ou imediata Causa é o antecedente fático ligado necessariamente ao resultado danoso, sendo esse uma consequência direta e imediata da causa. Uma causa superveniente que interrompe o nexo causal, impedindo a ligação entre a causa e o dano, exclui a responsabilidade. Diante disso, há uma nova causa para o dano. Dano reflexo – quando atinge pessoas próximas à vítima direta, sendo caracterizado pela existência certa e determinada. O dano é efeito direto e imediato do ato ilícito. dano reflexo como consequência direta do ilícito, é diferente do dano reflexo que não tem ligação direta com a conduta do agente. Teoria adotada pelo Código Civil. Dano direto e imediato: Art. 403 do CC: Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual. Ou seja, é necessária a ligação entre o evento e o dano para a configuração da responsabilidade civil. CAUSAS CONCORRENTES Quando o comportamento da vítima soma-se ao do autor, concorrendo para o dano. Assim, quando há culpa concorrente, cada um responderá pelo dano na proporção que concorreu para o dano. Devendo se verificar, no caso concreto, para que se uma das partes contribuiu mais para o evento danoso, sua participação no quantum indenizatório deverá ser maior. A culpa concorrente é critério da quantificação da proporcionalidade da indenização. Art. 945, do CC: Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. No Direito do Consumidor somente a culpa exclusiva da vítima exclui a responsabilidade, pois desaparece a relação de causalidade entre o defeito do produto ou serviço e o dano. Se houver concorrência de causas, a responsabilidade é integral do fornecedor. CONCAUSAS Concausa é uma outra causa, que também concorre para o resultado. Não inicia ou rompe o nexo causal, apenas o reforça. Pode ser um acontecimento anterior, concomitante ou superveniente ao que iniciou a cadeia causal. Se essa segunda causa for absolutamente independente da conduta do agente, o nexo causal será rompido e o agente não poderá ser responsabilizado. Porém se for apenas relativamente independente, ou seja, se for somada à conduta do agente, para a ocorrência do dano, não haverá exclusão da responsabilidade. Se a concausa for extracontratual, será solidária (art. 942, parágrafo único: São solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as pessoas designadas no art. 932). TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA Defendida principalmente no Direito Penal, essa teoria consiste na imputação do fato a um sujeito se ele criou ou potencializou um risco relevante e se o resultado decorreu desse risco. Ou seja, se alguém cria ou incrementa uma situação de risco que não é permitida, responderá pelo resultado causado. O agente será responsabilizado penalmente. Se o risco criado for permitido, tolerado ou insignificante não haverá imputaçãoobjetiva, bem como não haverá, então, a atribuição causal do resultado. CULPA Culpa lato e stricto sensu. Elementos da culpa A culpa é um dos pressupostos da responsabilidade civil. O art. 186 do CC traz expressamente que a ação ou omissão seja voluntária, ou que haja negligência ou imprudência. Para que exista a obrigação de indenizar, não basta o dano, a culpa é essencial (ação ou omissão voluntária, por negligência ou imprudência). A culpa é a atuação que merece reprovação ou censura. É quando o agente podia e devia ter agido de outro modo, porém, agiu causando dano. Culpa lato sensu -– quando há vontade deliberada de agir, o dano é voluntariamente alcançado. Chamado de dolo. Culpa stricto sensu - quando o dano ou prejuízo ocorre pelo comportamento negligente ou imprudente. Um dever de diligência e de agir de forma a evitar o dano. A negligência abrange também a imperícia. Chamada de culpa aquiliana. Observação para a responsabilidade objetiva – hipóteses específicas e tipificadas em que se prescinde da culpa. Assim, a culpa é a violação do dever jurídico, imputável a alguém e que decorre de fato intencional (dolo) ou de omissão da diligência e cautela. Se o dano não foi querido pelo agente, mas esse não agiu com cautela e diligência, ele será responsável em razão da imperícia, imprudência ou negligência. Culpa stricto senso. Se houve a violação de forma intencional, ou seja, o resultado foi querido pelo agente, há culpa lato sensu, ou dolo. Em ambos os casos, há a conduta voluntária do agente. A essência da culpa é a violação de uma norma de conduta por falta de cuidado e cautela. Porém é necessário que o comportamento humano diante do evento seja previsível. Mesmo involuntário, o resultado precisa ser previsto. Não havendo previsibilidade, está-se fora dos limites da culpa, e diante do caso fortuito ou força maior. Imprudência, negligência e imperícia A culpa stricto sensu abrange a imprudência, a negligência e a imperícia. Imprudência é agir de forma precipitada ou sem cautela. Imperícia é falta de habilidade ou incapacidade técnica para praticar certo ato. Negligência é não agir com atenção, capacidade, solicitude e discernimento. É não agir de forma precavida. Formas da Culpa Culpa contratual – decorre do descumprimento de uma relação jurídica obrigacional. Culpa extracontratual – decorre do dever violado previsto no art. 186 do CC. Culpa in eligendo - decorre da má escolha do representante ou preposto. Culpa in vigilando - decorre da ausência de fiscalização sobre pessoa que se encontra sob a responsabilidade ou guarda. Culpa in custodiendo - decorre da falta de cuidados na guarda de algum animal ou objeto. O art. 933 do CC não faz distinção se houve culpa in eligendo ou in vigilando, dispondo que todas as pessoas mencionadas no artigo 932, ainda que sem culpa, responderão pelos atos praticados pelos terceiros referidos. O art. 936 do Código Civil traz a culpa in custodiendo do dono do animal. Culpa presumida A lei estabelece presunções juris tantum de culpa presumida, para facilitar a prova da culpa e do ato ilícito. Nesses casos ocorre a inversão do ônus da prova. A vítima precisa provar apenas o dano e a relação de causalidade. Assim, quem causa o dano é que precisa provar a inexistência de culpa. Culpa exclusiva – ocorre quando o dano ou evento danoso acontece por culpa exclusiva da vítima, não havendo responsabilidade do agente. Não há relação de causa e efeito entre o ato e o prejuízo da vítima. Culpa Concorrente ou recíproca – ocorre quando a vítima e o autor contribuem, ao mesmo tempo, para o fato danoso. A culpa de um não extingue a do outro e ambas as condutas são analisadas. A responsabilidade pode ser dividida de acordo com a culpa de cada um. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. Art. 945 do CC. A teoria do risco, embora admitida em algumas hipóteses específicas pelo legislador, não se generalizou, pois na maioria dos casos ainda prevalece a teoria da culpa. CONCEITO DE DANO Para a configuração da responsabilidade civil é indispensável a existência do dano. Se não houver dano ou prejuízo, não há o que indenizar e sem dano não há responsabilidade. Em qualquer espécie de responsabilidade (contratual ou extracontratual, objetiva ou subjetiva), o dano é requisito (elemento) indispensável para a configuração da responsabilidade. Na responsabilidade contratual, quando a parte deixa de cumprir a obrigação convencionada, acarreta a presunção do dano. Se não houver dano, não há responsabilidade de reparação. Independendo da conduta. O dano é entendido como a diminuição do patrimônio de alguém, pela conduta lesiva de terceiros. O dano também pode decorrer da agressão a direitos ou interesses personalíssimos (extrapatrimoniais), configurando o dano moral. Assim, o dano pode decorrer tanto da agressão ao patrimônio aferível de forma econômica, quanto da agressão a direitos inatos à condição humana, sem expressão pecuniária. REQUISITOS DO DANO INDENIZÁVEL Todo dano deve ser ressarcido (ou compensado), porém para que seja efetivamente indenizável (reparável), são necessários alguns requisitos: a) Violação de um interesse jurídico patrimonial ou extrapatrimonial – o dano pressupõe uma agressão a um bem, de natureza material ou não, pertencente a um sujeito de direito. Pode atingir pessoa física ou jurídica. b) Certeza do dano – o dano precisa ter ocorrido, ser certo. Mesmo se tratando de dano moral. A certeza do dano se refere a sua existência. c) Exigibilidade e Subsistência do dano - para o dano ser reparado, deve subsistir quando for exigido em juízo. Se o dano foi reparado, não há interesse da responsabilidade civil, de forma que não há indenização. Entende-se, também, como requisitos para a reparação do dano o nexo de causalidade e a ausência de causas excludentes da responsabilidade. DANO PATRIMONIAL E MORAL O dano patrimonial é uma lesão a bens e direitos economicamente apreciados. O critério para indenização está no artigo 402 do CC: “Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar”. a) Dano emergente – é o efetivo prejuízo experimentado pela vítima. É o que ‘ela perdeu’. Possibilidade de estabelecer com precisão o prejuízo. Pois é a diferença entre o patrimônio que a vítima tinha antes do dano e o que passou a ter depois do dano. b) Lucros cessantes – é o que a vítima, razoavelmente, deixou de ganhar, ou deixou de lucrar em razão do dano. É a frustração da expectativa do lucro, perda do ganho esperado. O dano emergente e os lucros cessantes devem ser comprovados na ação indenizatória. Há necessidade de prova efetiva do dano, vez que não há reparação para dano abstrato ou hipotético. A indenização deverá incluir os danos emergentes e os lucros cessantes que decorram diretamente da conduta ilícita (danos diretos e imediatos), excluindo-se os danos remotos. Quando o dano atinge outros bens da vítima, de cunho personalíssimo, será o chamado dano moral. É o prejuízo ou lesão de direitos, em que o conteúdo não é pecuniário, nem redutível a dinheiro, como o direito à vida, à integridade física, integridade psíquica e integridade moral. O dano moral é qualificado em razão da subjetividade, do valor da pessoa na sociedade que atinge a intimidade e consideração pessoal e também a reputação ou consideração social. O artigo 186 do CC, expressamente diz que quem violar direito ou causar dano, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral, sendo legitimara para pleitear sua reparação.O dano sofrido será objetivo, em razão de atributos sujeitos a valoração extrapatrimonial, como conceito e bom nome, crédito, boa reputação. DANO REFLEXO OU EM RICOCHETE O dano reflexo consiste no prejuízo que atinge de forma reflexa, pessoa próxima, que está ligada à vítima direta que sofreu o dano decorrente do ato ilícito. Sendo a existência do dano reflexo comprovada e esse seja certo, e demonstrado o prejuízo à vítima reflexa, caracterizada está a responsabilidade civil. Não confundir dano reflexo com dano indireto. O dano direto ou indireto está relacionado ao interesse jurídico tutelado que foi violado. Um ato pode gerar um dano moral e indiretamente gerar dano patrimonial. O dano reflexo ou por ricochete se refere aos sujeitos, por ser titular do interesse violado (dano direto, vítima direta) ou por ter uma relação de dependência com o titular do direito (dano indireto, vítima indireta). Dano reflexo não exclui o dano indireto. DANOS COLETIVOS, DIFUSOS E INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS Conforme a natureza dos interesses ou dos direitos violados, três são as espécies de danos coletivos podem ocorrer: a) Danos difusos b) Danos coletivos (stricto sensu) c) Individuais homogêneos. A definição está no Código de Defesa do Consumidor: Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I — interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste Código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; II — interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste Código, os transindividuais de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; III — interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum. Os direitos difusos e coletivos tem caráter transindividual, de natureza indivisível, ou seja, transcendem a esfera de um único sujeito individualizado. Os direitos difusos têm a titularidade de pessoas indeterminadas e ligadas por circunstancias de fato. Os direitos coletivos tem a titularidade de grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si e que tem com a parte contrária uma relação jurídica base. Os direitos individuais homogêneos são ligados por uma origem comum. Embora determinados e divisíveis, a situação de fato é uniforme em relação a todos os lesados, e esses são os titulares para promover sua defesa. REPARAÇÃO DO DANO No dano patrimonial, o bem atingido é físico e mensurável monetariamente. Sua reparação pode ser de forma a restituir o bem ao estado anterior ao fato danoso ou uma prestação pecuniária compensatória. Precisa ser provado e demonstrado. Há o ressarcimento do prejuízo. O dano moral, os interesses e direitos atingidos são subjetivos, de forma que a reparação (indenização) é arbitrada judicialmente, de forma a compensar o dano sofrido, atenuando suas consequências. Ocorre a compensação. Direito Civil - Responsabilidade Civil - Modalidades da Responsabilidade Civil Modalidades de Responsabilidade civil Responsabilidade extracontratual: é a responsabilidade civil que surge sem que haja alguma espécie de negócio jurídico preexistente entre as partes envolvidas, tal como ocorre nos acidentes de trânsito, nos danos causados por animais, etc. Responsabilidade civil por ato próprio: trata-se da responsabilidade civil que insurge sobre o próprio cometedor do ato lesivo, isto é, aquele que diretamente causa o dano passa a ser obrigado a repará-lo ou compensá-lo, conforme o caso. a) Responsabilidade decorrente do abuso do direito: nas palavras de Silvio Rodrigues “o abuso de direito ocorre quando o agente, atuando dentro das prerrogativas que o ordenamento jurídico lhe concede, deixa de considerar a finalidade social do direito subjetivo e, ao utilizá-lo desconsideradamente, causa dano a outrem. Aquele que exorbita no exercício de seu direito, causando prejuízo a outrem, pratica ato ilícito, ficando obrigado a reparar.” b) Responsabilidade decorrente do rompimento de noivado: o rompimento de noivada sob o prisma da responsabilidade civil não está positivado no ordenamento jurídico brasileiro. Entretanto, a jurisprudência pátria tem autorizado a reparação por dano material e moral relativamente ao rompimento de noivado às vésperas do casamento sem que haja motivo justificado para tal, pois, além de ter-se despendido diversos gastos materialmente mensuráveis, com esta atitude, o outro que teve a expectativa quebrada sofre sérios abalos em seu íntimo. c) Responsabilidade decorrente da ruptura de concubinato e de união estável: enunciado da Súmula 380 do Supremo Tribunal Federal “Comprovada a existência da sociedade de fato entre os concubinos, é cabível sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum.” Esta norma adveio de uma longa construção jurisprudencial no sentido de não favorecer com que um concubinato de longa data acabasse causando prejuízos desproporcionais a uma das partes em favor da outra, ocasionando, por vezes, o enriquecimento sem causa de um em desfavor do outro. d) Responsabilidade civil por dano ecológico ou ambiental: este tipo de responsabilidade pode ser civil ou penal. Iremos trabalhar apenas a primeira hipótese. A norma base de aplicação nesse campo do direito é a Lei 6.938/81 que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente. Segundo Carlos Roberto Gonçalves: “A responsabilidade civil independe, pois, da existência de culpa e se funda na ideia de que a pessoa que cria o risco deve reparar os danos advindos de seu empreendimento. Basta, portanto, a prova da ação ou omissão do réu, do dano e da relação de causalidade. Também se mostra irrelevante, in casu, a demonstração da legalidade do ato.” Trata-se, portanto, de responsabilidade objetiva. e) Responsabilidade civil na internet: é a modalidade de responsabilidade civil que se verifica danos causados por atos relacionados e oriundos da internet, tais como, transmissão de vírus de computador, violação aos direitos da personalidade, invasão de conta bancária, concorrência desleal, violação à propriedade intelectual, violação aos direitos do consumidor, o indevido desrespeito à intimidade, o envio de mensagens não desejadas e ofensas à honra, a divulgação de boatos infamantes, invasão de caixa postal/conta de e-mail, etc.. Identificado o autor, responde o mesmo por todos os prejuízos suportados pela vítima e por terceiros. f) Responsabilidade civil por dano atômico: a Lei que tutela esta questão no Brasil é a de número 6.453/77 que restringe o conceito de dano nuclear ao que envolva materiais nucleares existentes em “instalação nuclear”, restringindo, assim a abrangência do tema, pois, não abarca as instalações radioativas. Certo é que no Brasil atualmente conta-se com a necessária demonstração de liquidez e certeza dos danos causados para fins de responsabilização, não levando-se em conta o potencial danoso desse tipo de atividade. Há uma ideia doutrinária muito louvável para que se amplie o conceito de dano nuclear para todo e qualquer local em que se verifique a ocorrência de prejuízo dessa estirpe, tal como, no transporte de substâncias nucleares, etc., porque hoje a Lei acima referida somente abrange instalações nucleares. Responsabilidade por ato ou fato de terceiro: é o modo de responsabilidade civil no qual uma pessoa (física ou jurídica) é responsabilizada pela reparação ou compensação de dano causado por outrem que não ela própria. a) Responsabilidade dos pais: nos termos do artigo 932, inciso I do Código Civilos pais respondem pelos danos causados pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia, independentemente de culpa, conforme dispõe o artigo 933 do mesmo diploma legal. b) Responsabilidade dos empregadores ou comitentes pelos atos dos empregados, serviçais ou prepostos: o empregador ou comitente responde pelos danos causados por seus empregados, serviçais ou prepostos, desde que praticados no exercício do trabalho que lhes seja designado, ou mesmo em razão do mesmo (artigo 932, inciso III do CC). Observe-se que somente há que se falar em responsabilização do hierarquicamente superior se estiver presente uma relação de emprego ou preposição, não havendo que se falar nesta espécie de responsabilização em toda e qualquer relação de prestação de serviços. A Súmula 341 do STF anota que: “É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto.” c) Responsabilidade dos hoteleiros e estalajadeiros: neste caso será o hospedeiro responsabilizado pelos danos causados por seus hóspedes, sejam a terceiros, sejam a um outro hóspede (art. 932, inciso IV do CC). Trata-se de responsabilidade objetiva na qual se aplica do Código de Defesa do Consumidor, caso se possa enquadrar o hospedeiro como fornecedor de serviços. d) Responsabilidade dos que participam no produto do crime: os que participam do produto do crime são solidariamente responsáveis por reparar os danos suportados pelo lesado, conforme assevera o artigo 932, inciso V do CC. e) Responsabilidade civil dos empresários individuais e das empresas pelos produtos postos em circulação: aqui prevalece a aplicabilidade da cláusula geral de responsabilidade objetiva, donde aquelas figuras respondem independentemente de culpa pelos danos causados aos consumidores relativamente aos produtos colocados em circulação, conforme previsão do artigo 931 do Código Civil. A questão tem maior abrangência e amplitude no Código de Defesa do Consumidor em seus artigos 12 e 14 e outras disposições, que determinam a responsabilização objetiva de fornecedores de produtos e serviços postos em circulação quando se verifica danos ao consumidor. Vale lembrar que para caracterizar a relação consumerista que autoriza a aplicação do CDC é preciso estar presentes de um lado o consumidor e do outro o fornecedor. f) Responsabilidade das pessoas jurídicas de Direito Público: aplica-se aqui a teoria da responsabilidade objetiva, nos termos do artigo 37, § 6° da CRFB/88, abrangendo a União, os Estados, os Municípios, o Distrito Federal e autarquias; os Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo; as empresas públicas; as sociedades de economia mista e as empresas privadas executando serviços públicos, etc.. Comprovada a culpa ou dolo do agente terá o estado contra este assegurado o direito de regresso, além das responsabilizações criminal e administrativa cabíveis. g) Responsabilidade pela guarda da coisa: segundo Gonçalves “a teoria da responsabilidade da guarda da coisa consagra inteiramente o princípio da responsabilidade objetiva, como é do magistério de WILSON MELO DA SILVA. Por ela, os elementos da conduta normal e da diligência da imputabilidade moral não são apreciados, di-lo ALVINO LIMA. Presume-se a responsabilidade do guarda ou dono da coisa pelos danos que ela venha a causar a terceiros. A presunção só é elidível pela prova, a ser por ele produzida, de que o dano adveio de culpa da vítima ou de caso fortuito.” h) Responsabilidade presumida do dono ou detentor do animal: trata-se de responsabilidade em que à vítima somente basta comprovar o dano e a relação de causalidade entre este e o ato do animal, conforme dispõe o artigo 936 do Código Civil, sendo elidível apenas pela contraprova de culpa da vítima ou força maior. i) Responsabilidade automobilística: este tipo de responsabilidade dependerá em muito do caso concreto. Em regra prevalece a responsabilização subjetiva, ou seja, a necessária comprovação do dano, da conduta culposa e da relação de causalidade. De outra banda há casos em que haver-se-á de prevalecer a responsabilidade objetiva. Deve-se perquirir quem são os agentes para, a partir de então, delimitar qual a forma de responsabilização aplica-se a cada caso concreto. Responsabilidade contratual: é modalidade de responsabilidade em que se verifica a preexistência de uma relação negocial entre as partes, antes mesmo de sua caracterização no mundo do dever de reparar o dano. a) Responsabilidade decorrente dos transportes: há extrema necessidade de verificação da natureza do caso concreto para que seja delineada a forma de responsabilização daquele que causa prejuízos a outrem. Ora teremos a responsabilidade objetiva, ora teremos a responsabilidade subjetiva. Em caso de aplicação do Código de Defesa do Consumidor a regra geral é a responsabilidade objetiva (arts. 12, 14, 22 e seguintes do CDC). A responsabilidade pode ser elidida mediante comprovação de culpa exclusiva da vítima, em alguns casos fato exclusivo de terceiro, e caso fortuito e força maior que possam ensejar o rompimento do nexo de causalidade entre a conduta comissiva ou omissão e o dano suportado. b) Responsabilidade civil dos estabelecimentos bancários: a responsabilidade dos estabelecimentos bancários tem seu escopo construído pela jurisprudência e doutrina ante a ausência de legislação específica a respeito. Em face do CDC a responsabilidade dos estabelecimentos bancários é objetiva e assim tem sido aplicada. No caso da aplicação de outros diplomas normativos tem a jurisprudência assentado entendimento de que deve-se aplicar também a responsabilidade objetiva, principalmente quando parte-se para a falha na prestação dos serviços bancários. c) Responsabilidade dos médicos, cirurgiões plásticos e cirurgiões dentistas: a) a responsabilidade dos médicos é subjetiva, ou seja, é necessário que se perquira e comprove a culpa do profissional, porquanto o mesmo ao exercer suas funções assume obrigação de meio e não de resultado, conforme previsto inclusive no artigo 14, §4° do Código de Defesa do Consumidor; b) no caso dos cirurgiões plásticos a situação é diferente, pois, segundo a jurisprudência assente do Superior Tribunal de Justiça a obrigação assumida por este profissional é de resultado e, por esta razão, caso não alcance o que prometeu ao paciente, responderá por meio da presunção de culpa, cabendo-lhe, para elidir sua responsabilização, comprovar culpa do paciente ou a intervenção de fator imprevisível; c) quanto aos cirurgiões dentistas aplica-se a mesma regra dos cirurgiões plásticos. d) Responsabilidade civil dos advogados: o contrato de prestação de serviços advocatícios firmado com os advogados pressupõe uma obrigação legal de meio, conforme previsão da própria Lei 8.906/94. Por essa razão a responsabilização deste profissional assemelha-se a dos médicos, porquanto é necessário se comprovar que o mesmo agiu com culpa. e) Responsabilidade civil do fornecedor no Código de Defesa do Consumidor: o conceito de fornecedor encontra-se positivado no artigo 3° do Código de Defesa do Consumidor: “Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.” A responsabilidade dessa categoria de agentes é em regra objetiva, conforme expressa previsão dos artigos 12 e 14 do Códex Consumerista. Responderão os fornecedores, portanto, objetivamente pelos danos causados aos consumidores em virtude de serviços ou produtos que ofertem no mercado. (Podem os fornecedores elidir suas responsabilidades mediante comprovação da ocorrência dos itens previstos no artigo 12, §3° do CDC). f) Responsabilidade dos construtores: a responsabilidade dos construtores pode ser contratual ou extracontratual,nos atentando neste caso apenas para a primeira. A inexecução completa e culposa (responsabilidade subjetiva) do contrato firmado nos moldes preestabelecidos entre os contraentes implicará na responsabilização do construtor como contratante inadimplente, podendo se eximir de suas responsabilidades somente se comprovar caso fortuito ou força maior (artigos, 389, 393 e 402 do Código Civil). No caso de contratos firmados com base no CDC a responsabilidade passa a ser objetiva. g) Responsabilidade dos depositários e encarregados da guarda e vigilância dos veículos (estacionamentos, supermercados, restaurantes, shopping centers, etc.): é uma responsabilidade oriunda de contrato de depósito regularmente firmado entre as partes que se completa mediante a entrega da coisa pelo depositante ao depositário para que este possa guarda-la sob seus cuidados. Trata-se de sub modalidade de responsabilidade em que presume- se a culpa do depositário caso ocorra danos à coisa depositada, porquanto o contrato tem escopo em uma obrigação de resultado. h) Acidente de trabalho e responsabilidade civil: é uma forma de responsabilização objetiva contra o Órgão Previdenciário que detém o monopólio do seguro de acidentes de trabalho. Neste caso basta comprovar-se a existência do acidente de trabalho para que o trabalhador possa ser indenizado em decorrência do mesmo. i) Responsabilidade dos tabeliães: a responsabilidades destes profissionais é subjetiva em face do Estado (Poder Público) que lhes delega as funções inerentes aos “serviços notariais e de registro”, ou seja, como é o Estado quem delega aos tabeliães o exercício de tais serviços, cabe ao mesmo a responsabilização objetiva por prejuízos causados a terceiros, cabendo-lhe o direito de regresso previsto no artigo 37, §6° da CRFB/88. Direito Civil - Responsabilidade Civil - Excludentes da Responsabilidade Civil • EXCLUDENTES DA ILICITUDE NA RESPONSABILIDADE CIVIL As causas que excluem a responsabilidade civil são entendidas como as circunstâncias que atingem um dos elementos ou pressupostos da responsabilidade civil, rompendo o nexo causal. Estado de necessidade Deterioração ou destruição da coisa alheia Lesão a pessoa Finalidade – remover perigo iminente. O estado de necessidade está nos artigos 188, II, 929 e 930 do Código Civil. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: (...) II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Assim, ocorre uma situação de agressão a um direito alheio, para remover um perigo iminente e diante das circunstâncias não houver outra forma de atuação. Precisa atuar nos limites indispensáveis para a remoção do perigo, se ultrapassá-lo, terá a obrigação de indenizar. Porém, mesmo que o ato praticado em estado de necessidade não seja ato ilícito, não significa que quem o praticou não tem o dever de reparar o prejuízo. Como dispõe o artigo 929 do CC: Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram”. E art. 930 do CC: No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. Legítima Defesa Na legítima defesa a vítima está diante de uma situação atual ou iminente de agressão, que não é obrigada a suportar, devendo utilizar, com moderação os meios de defesa, sob pena de configurar excesso. Art. 188, I, do CC: “Não constituem atos ilícitos: I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido”. Assim, se o ato foi praticado contra o agressor, em legítima defesa, quem o praticou não pode ser responsabilizado de forma civil, pelos danos provocados, salvo se por engano, um terceiro foi atingido (caso que deverá reparar o dano), tendo, porém, ação regressiva contra o agressor. Parágrafo único do art. 930: “A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I)”. Se houver extrapolação da legítima defesa, por imprudência ou negligência, aplica-se o artigo 186 do CC. Legítima defesa putativa – ocorre diante de suposta agressão, não isentando o autor de indenizar. A conduta é ilícita. Exercício Regular de um Direito e Estrito Cumprimento do Dever Legal Se o agente atua exercendo regularmente um direito, não haverá responsabilidade civil. Porém, se ultrapassar os limites do exercício regular, configura-se o abuso de direito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Assim, verifica-se que o abuso de direito é o oposto do exercício regular de um direito. Também está ligado ao abuso de direito a excludente do estrito cumprimento do dever legal. Pois, quem cumpre exatamente sua obrigação imposta pela lei, não pode ser responsabilizado por isso. O excesso configura-se como abuso de direito e cabe indenização. Importante – nos casos do estrito cumprimento do dever legal, o agente é exonerado da sua responsabilidade pelos danos causados a vítima, porém, cabe ação contra o Estado, com fundamento no art. 37, § 6º, da CF: “as pessoas jurídicas de direito público responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros”. O Estado só terá ação regressiva contra o agente responsável em casos dolo ou culpa, pois ele está amparado pela excludente do estrito cumprimento do dever legal. Culpa Exclusiva da Vítima Se o dano ocorre por culpa exclusiva da vítima, a responsabilidade do agente desaparece, pois não há a existência de causa entre o ato e o efeito (prejuízo). Não há causalidade entre o ato do agente e o prejuízo da vítima. Quando autor e vítima contribuem, ao mesmo tempo para o evento danoso, a culpa é concorrente, havendo repartição de responsabilidade. Art. 945 do Código Civil: “Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano”. O fato de terceiro Na responsabilidade civil, o princípio predominante é da obrigatoriedade de quem causou diretamente o dano, repará-lo. A culpa de terceiro, não exonera o autor direito do dano, do dever de indenizar, porém, o artigo 930 do CC traz ação regressiva contra o terceiro que criou a situação de perigo e que deu causa ao dano. Porém, se o ato do terceiro foi a causa exclusiva do dano, exclui-se a relação de causalidade entre ação ou omissão do agente e o dano. Isso ocorre porque o fato de terceiro tem características semelhantes ao caso fortuito, considerando imprevisível e inevitável. Assim, se o fato de terceiro for imprevisível e inevitável, a responsabilidade do causador direito do dano é excluída. Em relação ao transportador, qualquer acidente ocorrido com o passageiro, obriga o transportador a indenizar os prejuízos ocorridos, podendo mover ação regressiva contra o terceiro. (responsabilidade contratual). Art. 735 do CC:A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. Assim, o fato de terceiro só elide a responsabilidade quando constitui causa estranha ao evento, eliminando totalmente a relação de causalidade entre o dano e o fato. O mecanismo processual utilizado na ação contra o terceiro é a denunciação da lide, fundamentado no art. 70, III, do CPC. A denunciação da lide é obrigatória ... III — àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva,o prejuízo do que perder a demanda. Caso fortuito e força maior O art. 393, parágrafo único, do Código Civil, define: O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar, ou impedir. A doutrina entende que há diferença entre os dois. Caso fortuito – quando decorre de fato ou ato alheio à vontade das partes. Força Maior - quando decorre de acontecimentos naturais. A inevitabilidade é a característica principal e excluem a responsabilidade pois rompe a relação de causalidade entre o ato do agente e o dano sofrido pela vítima. Assim, também, não há culpa, pois resulta de vontade alheia às partes. Se houver culpa, não há caso fortuito ou força maior. Para que se configure, então, caso fortuito ou força maior é preciso: a) Fato necessário, não determinado por culpa; b) Fato inevitável e imprevisível; c) Fato fora do alcance do poder humano. A doutrina algumas vezes faz a distinção em fortuito externo – causas ligadas exclusivamente à natureza, e fortuito interno – está relacionado a elaboração do produto ou execução do serviço, sendo que nesse caso, a responsabilidade nem sempre será afastada. (aplicado principalmente pelo Código de Defesa do Consumidor). Cláusula de irresponsabilidade ou de não indenizar Por acordo das partes, pode se convencionar a cláusula de não indenizar, para afastar as conseqüências da inexecução ou da execução inadequada do contrato. Altera a responsabilidade, transferindo para a vítima a sua titularidade, ficando afastada a obrigação de indenizar. São requisitos: a) Consentimento Bilateral — as duas partes precisam estar de acordo. b) Não pode contrariar preceito de ordem pública — Não pode afastar responsabilidade imposta em razão de interesse de ordem pública, podendo tutelar, apenas, interesse individual. c) Igualdade das partes — as partes precisam de ter igualdade no contrato, sendo assim, vedado em contratos de adesão. d) Não pode ter objetivo de eximir dolo ou culpa – Tal cláusula se restringeà responsabilidade contratual, porém, ainda assim, não pode exonerar a responsabilidade decorrente de dolo ou culpa. e) Não pode afastar obrigação inerente à função – Essa cláusula não pode ser estipulada de forma que afaste ou transfira obrigações essenciais do contratante. Assim, tal cláusula só é válida se cumprir os requisitos acima, bem como somente em matéria contratual. Dispositivos legais que afastam a cláusula de não indenização: Art. 734, do CC: O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade. O Código de Defesa do Consumidor não admite a estipulação da cláusula de não indenização nas relações de consumo. O art. 24 do CDC diz que “é vedada a exoneração contratual do fornecedor”. E art. 25, também do CDC: “É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas Seções anteriores”. Bem como no art. 51, quando trata das cláusulas abusivas, diz que “são nulas de pleno direito as cláusulas que impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos”. (inclui os acidentes de consumos e vícios redibitórios). A prescrição Se ocorrer a prescrição a pretensão da reparação de danos, não há nenhuma possibilidade do recebimento da indenização. A responsabilidade de quem causou o dano se extingue. A obrigação de reparar o dano tem natureza pessoal. O artigo 206 traz os prazo: “Art. 206. Prescreve: § 3º Em três anos: V – a pretensão de reparação civil”. Contra a Fazenda Pública, também o prazo é de três anos. E quando se tratar de sentença penal condenatória, como título executivo judicial, o artigo 200, do CC, dispõe: “Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva”. Importante: O Código de Defesa do Consumidor, CDC, diferencia os prazos decadenciais dos prescricionais. 30 dias se for de fornecimento de serviços e de produto não duráveis (Art. 26, I) 90 dias tratando-se de fornecimento de serviços e produtos duráveis (art. 26, II). A contagem começa a partir da entrega do produto ou do término da execução do serviço (§ 1º, art. 26, do CDC). Já o prazo prescricional é único e de cinco anos. (no CDC). “Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria” (Art. 27 do CDC). E no capítulo “Das Disposições Finais e Transitórias”, dispõe que se já houvesse (em 2002) transcorrido tempo prescricional superior a dez anos, o prazo a ser contado seria o de vinte anos (previsto no CC de 1916). “Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada”.
Compartilhar